Universidade Nova de Lisboa
Ano Lectivo 2013-2014
Inês Vermelho Lourenço
Nº: 2008101
Junho 2014
MESTRADO INTEGRADO
EM MEDICINA
2008-2014
ÍNDICE
I. Introdução ... 3
II. Descrição de Actividades Desenvolvidas (estágios parcelares) ... 3
a) Saúde Mental ... 3
b) Medicina Geral e Familiar ... 4
c) Pediatria Médica ... 5
d) Ginecologia e Obstetrícia ... 5
e) Cirurgia Geral ... 6
f) Medicina Interna ... 6
g) Estágio Opcional – Hematologia Clínica... 7
III. Análise Crítica ... 7
VI. Anexos ... 11
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I. INTRODUÇÃO
O estágio profissionalizante do 6.º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM)
visa essencialmente a profissionalização do aluno, pelo que a abordagem das várias
especialidades é feita de um modo mais prático e interventivo. Com a realização de estágios
em especialidades nucleares de Medicina procura-se que o até então aluno, pouco mais
que um mero observador da prática clínica, faça o seu crescimento em termos académicos,
profissionais e pessoais, assumindo-se como médico e como uma peça importante e útil de
uma equipa de trabalho. Desta forma, os objectivos deste estágio foram essencialmente a
aplicação organizada e estruturada dos conhecimentos teóricos na prática clínica, com
progressiva autonomia, estimulando a realização de procedimentos clínicos e a integração
do aluno na dinâmica da equipa em que é inserido. Mais que isso, este estágio procura o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de competências pessoais, profissionais e sociais, que
permitem um bom desempenho no exercício da profissão médica.
O presente relatório está estruturado em três secções distintas: a secção inicial, em
que é feita uma introdução sumária ao conteúdo do relatório e são descritos os objectivos.
Na secção seguinte são descritas, de forma global e sucinta, as principais actividades que
foram desenvolvidas em cada um dos estágios parcelares, apresentados por ordem
cronológica. Por fim, é feita uma reflexão crítica em relação ao ano lectivo, incidindo,
principalmente, sobre a forma como o estágio influenciou o meu crescimento profissional e
pessoal, bem como a modulação do meu carácter humano pela relação médico-doente.
II. DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS (Estágios parcelares)
a) SAÚDE MENTAL (Regente: Prof. Dr. Miguel Xavier)
O estágio de Saúde Mental decorreu entre os dias 16/09/2013 e 11/10/2013, no
Hospital Egas Moniz (HEM). Os principais objectivos deste estágio foram a solidificação de
conhecimentos para diagnóstico de psicopatologia major, a sistematização das indicações e
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capacidades técnicas e de comunicação para realização da entrevista clinica, exame do
estado mental e estabelecimento de uma relação médico-doente de confiança. Ao integrar a
equipa da Psiquiatria Ligação, nas 2 primeiras semanas, sob orientação do Dr. António
Neves, pude assistir tanto a consultas de ambulatório, como ao acompanhamento de
doentes internados noutras especialidades. Nas 2 últimas semanas, integrei o Hospital de
Dia, tutorada pela Dr.ª Paula Duarte, onde assisti a consultas de admissão e seguimento, ao
grupo de actividades ocupacionais e grupo de psicoterapia de psicoses. Para além disso,
acompanhei o dia-a-dia do internamento de psiquiatria do HEM, onde realizei uma história
clínica, contactei com patologia psiquiátrica aguda e descompensada no serviço de urgência
e assisti a reuniões clínicas e a reuniões multidisciplinares. Estive, ainda, presente nos
seminários introdutórios que consistiram na discussão de casos sobre situações frequentes
em contexto de urgência.
b) MEDICINA GERAL E FAMILIAR (Regente: Prof.ª Dr.ª Maria Isabel Santos) O estágio de Medicina Geral e Familiar (MGF) decorreu na USF Eborae, em Évora,
desde o dia 14/10/2013 até ao dia 08/11/2013, sob orientação da Dr.ª Isabel Serpa Branco.
Os objectivos que defini para este estágio foram compreender melhor a dinâmica dos
Cuidados de Saúde Primários, adquirir autonomia nos vários passos da consulta e na
abordagem das patologias mais frequentes e, ainda, aperfeiçoar e desenvolver aptidões em
medicina preventiva e na abordagem biopsicossocial do doente. Durante o estágio,
acompanhei consultas das várias valências de MGF, tendo-me sido dada autonomia para
conduzir algumas consultas, realizar observações ginecológicas, citologias de rastreio do
cancro do colo do útero e avaliações de saúde globais a crianças de diversas faixas etárias.
Pude acompanhar a colocação de DIU e implantes subcutâneos e, ainda, alguns
procedimentos de enfermagem como pensos e injeções. Participei no curso teórico-prático
intitulado, “Formação integral em técnicas e procedimentos na HBP”, uma formação
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c) PEDIATRIA MÉDICA (Regente: Prof. Dr. Luís Varandas)
O estágio de Pediatria Médica decorreu de 11/11/2013 a 06/12/2013, no Hospital D.
Estefânia (HDE), sob orientação do Dr. Luís Ribeiro da Silva. Este estágio visou,
principalmente, a familiarização com o diagnóstico e terapêutica das patologias mais
frequentes em idade pediátrica, o treino das capacidades de comunicação com a criança e
família na colheita da anamnese e treino da realização de exame objectivo em doente
pediátrico. Acompanhei, essencialmente, as actividades da enfermaria, onde observei
crianças de várias idades, tendo treinado a elaboração de história clínica, exame objectivo,
notas de entrada e notas de alta. Acompanhei a abordagem da patologia aguda no serviço
de urgência e colaborei com o meu tutor na consulta externa. Para além disso, assisti a
consultas de Imunoalergologia, especialidade transversal a todas as idades, e contactei com
as actividades do Serviço de Cardiologia Pediátrica, no Hospital de Santa Marta. Assisti,
ainda, a reuniões de serviço, reuniões clínicas e seminários de Imunoalergologia. Em
conjunto com uma colega, preparei e apresentei um seminário sobre o tema “Cefaleias sem
febre – abordagem diagnóstica”.
d) GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (Regente: Prof.ª Dr.ª Fátima Serrano)
O estágio de Ginecologia e Obstetrícia foi realizado no Hospital CUF Descobertas,
entre os dias 09/12/2013 e 17/01/2014, sob orientação da Dr.ª Eugénia Chaveiro. Os
principais objectivos deste estágio consistiram na aquisição e sedimentação de
conhecimentos e aptidões para a abordagem das principais patologias, bem como para o
aconselhamento no âmbito da promoção da saúde da mulher, tanto na vertente
ginecológica, como obstétrica. Visou, ainda, o desenvolvimento de crescente autonomia na
realização de procedimentos. Durante o estágio pude contactar com diversas valências da
especialidade, nomeadamente, consulta de Ginecologia e Obstetrícia, ecografia,
colposcopia, histeroscopia, bloco operatório, cirurgia de ambulatório e, ainda, assistir a um
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e o bloco de partos, onde pude participar como segunda ajudante nas cesarianas
realizadas. Assisti, ainda, às reuniões de serviço, onde era feita a apresentação e discussão
de casos clínicos.
e) CIRURGIA GERAL (Regente: Prof. Dr. Rui Maio)
O estágio de Cirurgia Geral decorreu no Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX), no
período compreendido entre os dias 27/01/2014 e 21/03/2014, sob orientação do Dr. Luis
Ramos. Este estágio teve como principais objectivos reconhecer as síndromes cirúrgicas
mais frequentes, em termos diagnósticos e abordagem terapêutica, integrar o aluno na
dinâmica de um serviço de cirurgia e capacitá-lo para a realização autónoma de diversos
procedimentos técnicos simples, particularmente técnicas de pequena cirurgia. Durante o
estágio acompanhei as várias valências da especialidade, nomeadamente, a enfermaria,
com doentes internados em pré e pós-operatório, o bloco operatório, onde participei em
várias cirurgias como segunda ajudante, cirurgia de ambulatório, serviço de urgência, onde
suturei feridas simples e consultas externas de Cirurgia Geral e Senologia. No bloco, pude,
também, acompanhar a preparação do doente, os procedimentos anestésicos e entubação.
Assisti, ainda, a seminários teórico-práticos sobre a abordagem prática de diversas
situações comuns. Neste estágio, foi incluída uma rotação pelos serviços de Urologia e
Ortopedia, durante a qual contactei com as várias valências inerentes a cada especialidade.
Por último, participei no Mini-congresso de Cirurgia, tendo preparado e apresentado, em
conjunto com dois colegas, um caso clínico intitulado “Uma agulha no palheiro”.
f) MEDICINA INTERNA (Regente: Prof. Dr. Fernando Nolasco) O estágio de Medicina Interna decorreu entre os dias 24/03/2014 e 23/05/2014, no
Hospital Curry Cabral (HCC), sob orientação da Dr.ª Helena Pacheco. Este estágio visou,
essencialmente, a capacitação para a abordagem geral e sistematizada do doente com
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hospitalar. Durante o estágio, de modo cada vez mais autónomo, acompanhei os vários
doentes internados que eram atribuídos à equipa e realizei as várias actividades inerentes à
prática clínica hospitalar. Realizei, ainda, vários procedimentos, tais como punção femoral,
toracocentese e paracentese, tendo observado biópsias hepáticas e punções lombares.
Como complemento ao estágio, na enfermaria, contactei com patologia aguda no serviço de
urgência do Hospital de S. José (HSJ), onde pude avaliar e observar doentes, de modo
autónomo. Assisti, também, às reuniões clínicas e sessões formativas do serviço, numa das
quais apresentei o tema “Síndrome de má-absorção”, sobre o qual tinha previamente
elaborado um artigo de revisão.
g) ESTÁGIO OPCIONAL – HEMATOLOGIA CLÍNICA (Regente: Prof. Dr. Fernando Nolasco)
O estágio clínico opcional surge com o intuito de proporcionar um período de
formação e aquisição de experiência clínica, numa área que seja do interesse do aluno e
que este considere relevante para o seu futuro. Desta forma, realizei o estágio no Serviço
de Hematologia do IPO Francisco Gentil em Lisboa, entre 26/05/2014 e 06/06/2014, sob
orientação da Dr.ª Maria Gomes da Silva. Neste estágio acompanhei as várias valências da
especialidade, nomeadamente, enfermaria, consultas externas, mielogramas, laboratório de
hemato-oncologia e reuniões multidisciplinares.
III. ANÁLISE CRÍTICA
De uma maneira geral, considero que este ano de estágio foi fundamental na minha
formação. A aquisição de maior autonomia permitiu contactar de uma forma mais real com a
prática médica, tendo-me deixado com maior entusiasmo para exercer a profissão que
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Durante os estágios, fui-me integrando nas equipas e actividades do dia-a-dia
hospitalar, sentindo-me, cada vez mais, parte das mesmas. Considero que esta integração
é fundamental para que o aluno se sinta menos perdido e mais capaz de intervir e participar
activamente. Esta integração depende muito, não só da nossa vontade e capacidade de
sermos proactivos, mas, também, das pessoas que fazem parte da equipa que nos recebe.
De um modo geral, considero que o facto de ter sido incentivada, não só pelos meus
orientadores, mas, também, pelos restantes membros das equipas, a participar em todas as
actividades desenvolvidas, responsabilizando-me e acreditando nas minhas capacidades,
fizeram-me sentir útil, o que foi estimulante para trabalhar cada vez mais e melhorar a cada
dia. Este acompanhamento foi essencial, pois senti-me sempre apoiada, o que me fez
crescer com maior segurança.
Durante este ano, fui colocada em situações em que esperavam de mim algo
diferente do que tinha sido toda a minha formação até ao momento. Passei de um elemento
passivo dos corredores do hospital, sem nada a oferecer e muitas vezes até incómodo, para
ser um elemento participativo, cujas opiniões e acções eram não só desejadas, como
valorizadas. Ao ser incluída, assim, numa equipa, ao sentir que era tratada como igual e que
depositavam confiança nas minhas capacidades, tanto para avaliar o doente, como para
comunicar com ele e com a sua família, fez surgir o sentimento de estar a crescer e de estar
a cumprir os objectivos propostos, surgindo, assim, mais confiança para enfrentar o futuro.
Desta forma, considero que este último ano de formação pré-graduada veio
acrescentar um sentido prático e útil a todos os conhecimentos adquiridos ao longo do
percurso académico, permitindo a concretização do verdadeiro exercício da medicina, que
se espelha diariamente na relação médico-doente. Acredito que é o doente, com o seu
sofrimento e a sua dor, que incentiva o conhecimento, a experiência e a empatia do médico,
algo que ajuda a moldar e a aperfeiçoar as suas competências éticas. Considero que foi
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vê-los como um todo, com os seus medos, as suas aspirações, as suas famílias, suas
histórias, suas alegrias, suas mágoas... Ao compreendê-los, ouvindo muitas vezes para
além das queixas e das características da dor física, senti, pela primeira vez, o que era
estabelecer uma relação médico-doente saudável, o que é insubstituível por todos os livros
e todas definições teóricas que são apresentadas ao longo do curso. Senti que muitas
vezes uma palavra a mais e um sorriso eram fundamentais para ajudar ao restabelecimento
da saúde, que deve ser entendida como um “estado completo de bem estar físico, mental e
social”, e não, apenas, como uma “mera ausência de doença ou enfermidade”, uma vez que
uma pessoa é muito mais do que a sua doença.
Uma outra dimensão da relação entre o médico e o doente reside no estabelecimento
de um pacto de confiança, pois sem confiança no médico, o doente estará relutante em se
deixar conduzir e ser tratado por este. Ao consciencializar-me disto, ganhei um maior
sentido de responsabilidade e respeito pelo doente, com os quais vivenciei as relações que
fui estabelecendo. Penso que esta modulação de carácter humano e este crescimento
pessoal e social, que senti ao longo do ano lectivo, foram peças não menos importantes na
minha formação do que a sistematização e aquisição de conhecimentos teóricos e são mais
valias que levo para o futuro.
No entanto, actualmente, torna-se cada vez mais frequente o recurso ao serviço de
urgência por situações que não são de carácter emergente e que, muitas vezes,
beneficiariam de um acompanhamento e contacto duradouro entre médico e doente, o que
não é compatível com as exigências e características do contexto de urgência. Nestas
circunstâncias, ao invés de relações estáveis, deparamo-nos com o estabelecimento de
relações efémeras, que acabam por possibilitar comportamentos éticos imprevisíveis de
ambas as partes. Ao ter sido colocada nesta situação durante o estágio, tomei consciência
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Para além disto, toda a sabedoria médica reside no equilíbrio, tantas vezes difícil,
entre um saber geral, abrangente e teórico e os casos particulares que surgem na prática
clínica, o que foi mais um grande desafio que enfrentei durante este ano. A capacidade de
articular a generalidade dos conhecimentos com a especificidade dos casos é algo que só
se desenvolve com a prática clínica diária e é, na minha opinião, uma das singularidades
desta profissão.
Em relação aos estágios realizados, penso que foi importante a abrangência de
locais de ensino públicos, privados, em ambiente rural, urbano e mais periféricos. Desta
forma experienciei perspectivas diferentes e pude-me aperceber da diversidade que existe
entre os doentes, patologias e, também, formas de abordagem de cada local, que são
adequadas à população em causa.
Por todas as razões referidas acima, considero que todas as experiências deste
estágio foram muito positivas, gratificantes e enriquecedoras. Enquanto aluna do 6.º ano de
Medicina, penso que foi fundamental sentir esta confiança depositada em mim pelos meus
orientadores, pois dessa forma ganhei maior auto-confiança nas minhas capacidades e
senti maior segurança para crescer, evoluir, ser mais autónoma e participar activamente nas
actividades da prática clínica. Para além disso, ao ter experienciado o exercício da
medicina, consciencializei-me das minhas capacidades e, principalmente, das minhas
limitações e tudo o que tenho para melhorar. Como já referi, considero que, por muita teoria
que se aprenda nos livros, só se aprende a ser médico, sendo médico e contactando com
os doentes. Mais do que ter adquirido alguma prática durante este ano, tornei-me mais
consciente e sensível para estas questões e percebi que existe um longo caminho a
percorrer, o qual farei com o objectivo de aprender sempre mais e de melhorar a cada dia,
com cada obstáculo que surgir e com cada nova experiência.
Lisboa, 15 de Junho de 2014
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IV. ANEXOS
Anexo 1 – Certificado do curso teórico-prático “Formação integral em técnicas e