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Indicadores de risco ecológico na gestão dos parques urbanos do Distrito Federal

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Academic year: 2017

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Universidade

Católica de

Brasília

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

Mestrado

INDICADORES DE RISCO ECOLÓGICO NA GESTÃO DOS

PARQUES URBANOS DO DISTRITO FEDERAL

Autora: Roberta Magalhães Holmes

Orientadora: Sueli Corrêa de Faria

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ROBERTA MAGALHÃES HOLMES

INDICADORES DE RISCO ECOLÓGICO NA GESTÃO DOS PARQUES URBANOS DO DISTRITO FEDERAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e

Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientadora: Profª Dra. Sueli Corrêa de Faria

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CDU 574.7 (817.4) 1. Meio ambiente - administração. 2. Política ambiental. 3. Parques urbanos – Distrito Federal (Brasília). I. Faria, Sueli Corrêa de, orient. II. Título.

H752i Holmes, Roberta Magalhães.

Indicadores de risco ecológico na gestão dos parques urbanos do Distrito Federal / Roberta Magalhães Holmes – 2008.

60f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2008. Orientação: Sueli Corrêa de Faria

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

Dissertação de autoria de Roberta Magalhães Holmes, intitulada “Indicadores de risco ecológico na gestão dos parques urbanos do Distrito Federal”, requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, defendida e aprovada, em 13 de junho de 2008, pela banca examinadora constituída por:

_________________________________________ Profª Dra. Sueli Corrêa de Faria

Orientadora

_________________________________________ Profª Dra. Silvia Keli de Barros Alcanfor

_________________________________________ Prof. Dr. Tadeu Fabricio Malheiros

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AGRADECIMENTOS

À Professora Sueli, por todos os ensinamentos e orientação.

À banca examinadora, pela contribuição.

Aos professores e ex-professores do Programa de Mestrado, por compartilharem o conhecimento.

Ao Laboratório de apoio à pesquisa em Meio Ambiente e Recursos Hídricos, pela atenção e colaboração.

À CAPES, pelo apoio financeiro.

Aos colegas e novos amigos do Mestrado, por participarem das vitórias e momentos de angústia.

À grande amiga Rosangela Delphino, companhia indispensável durante todo o curso.

Aos familiares e amigos, por compreenderem a minha ausência e inquietação.

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RESUMO

Este trabalho apresenta indicadores de risco ecológico, construídos com base no modelo Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR) como ferramenta de apoio à gestão participativa de parques urbanos. O universo analisado é composto por quatro parques ecológicos e de uso múltiplo do Distrito Federal: Parque Areal, Parque Ecológico e Vivencial do Riacho Fundo, Parque Recreativo Sucupira e Parque Recreativo do Gama. Essas unidades de conservação, além dos objetivos relacionados à proteção dos ecossistemas, são destinadas a atividades de recreação, lazer e educação e, por permitirem variados usos, o zoneamento de suas áreas deve respeitar, ao mesmo tempo, a sensibilidade dos fatores naturais e as necessidades de visitantes, educadores, educandos, pesquisadores e administradores. Os quatro parques foram objeto de diagnóstico ambiental, no período de 2001-2005, com aplicação do método Análise de Risco Ecológico, em que o risco é dado por meio da integração de indicadores de sensibilidade a danos causados por usos antrópicos e de intensidade de danos potenciais causados pelos mesmos usos antrópicos aos fatores naturais. Os dados gerados nesses diagnósticos foram inseridos no modelo PEIR que, por possuir uma correspondência completa com os pressupostos da Análise de Risco Ecológico, mostrou-se adequado para a construção de indicadores de risco ecológico capazes de refletir as relações de causalidade entre usos do espaço e riscos no ambiente. Os indicadores de risco ecológico considerados são aqueles comuns a todos os parques analisados, a saber: área com solo impermeabilizado, área com solo erodido, área com solo contaminado e qualidade das águas superficiais. Esses indicadores podem ser úteis a conselhos gestores, em apoio a processos participativos voltados para a elaboração do zoneamento interno e de planos de manejo e gestão, por dar suporte à definição de regras de uso, conservação e recuperação dos parques. Com o auxílio da comunidade técnico-científica, os dados gerados com o apoio de indicadores poderão ser divulgados aos moradores vizinhos aos parques, assim como aos seus usuários diretos, de modo a prevenir impactos ambientais e estimular ações de recuperação ambiental.

Palavras-chave: Meio ambiente. Gestão ambiental. Risco ecológico. Indicadores de

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ABSTRACT

This paper presents ecological risk indicators, built on the basis of the Pressure-State-Impact-Response framework (PSIR) as a tool to support participatory management of protected areas in urban areas. The universe of analysis is composed by four ecological and multiple use parks of Brazil’s Federal District, namely: Park Areal, Ecological and Vivencial Park of Riacho Fundo, Recreational Park of Gama and Sucupira Recreational Park. Additionally to the purpose of protecting the ecosystems, these conservation units also aims at recreation, leisure and educational activities. Because they allow multiple uses,the zoning of their areas must consider, at the same time, the sensitivity of natural factors and the needs of visitors, educators, students, researchers and administrators. The four parks have been subjected to environmental diagnosis using the Ecological Risk Analysis’ method, in which the risk is given by the integration of indicators of the sensitivity of natural factors to damages caused by anthropic uses, and indicators of the potential damage intensity caused by anthropic uses to the same factors. The data generated by these diagnoses were entered into the PEIR framework which has a complete correspondence with the assumptions of the Ecological Risk Analysis, proving itself to be suitable for the construction of ecological risk indicators that are able to reflect causality relations between anthropic uses and environmental risks. Ecological risk indicators are those considered common to all parks analyzed: area with sealed soil, soil eroded area, area with contaminated soil, and surface water quality. These indicators may be an useful toll to managers, supporting participatory processes focused on the development of internal zoning and management plans, because of its ability to offer the necessary knowledge to define the rules of use and conservation of parks. The indicators generated with the help of the technical-scientific community are able to facilitate the sharing of knowledge between managers, direct users and parks neighboring residents, contributing to environmental impacts’ prevention and stimulating actions for environmental restoration in protected areas.

Keywords: Environment. Environmental management. Ecological Risk. Ecological

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Esquema básico da Análise do Risco Ecológico... 24

FIGURA 2 - Modelo Pressão-Estado-Resposta (PER)... 29

FIGURA 3 - Modelo Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR)... 30

FIGURA 4 - Modelo Força Motriz-Pressão-Estado-Impacto-Resposta (FPEIR)... 31

FIGURA 5 - Fotografia de área de vegetação nativa de cerrado no Parque

Sucupira... 36

FIGURA 6 - Fotografia de cascalheira abandonada no interior do Parque Areal. 36

QUADRO 1 - Indicadores de intensidade dos danos potenciais aos fatores

naturais em parques urbanos do Distrito Federal... 34

QUADRO 2 - Indicadores de sensibilidade dos fatores naturais a danos causados por usos antrópicos em parques urbanos do Distrito

Federal... 37

QUADRO 3 - Correspondência dos componentes da Análise de Risco Ecológico (ARE) com os componentes do modelo Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR)... 39

QUADRO 4 - Indicadores de pressão, estado, impacto e resposta para parques urbanos do Distrito Federal... 40

QUADRO 5 - Descrição do indicador de risco ecológico área com solo impermeabilizado... 41

QUADRO 6 - Descrição do indicador de risco ecológico área com solo erodido .. 42

QUADRO 7 - Descrição do indicador de risco ecológico área com solo contaminado... 43

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Correlação entre os componentes dos modelos de construção de indicadores ambientais e as etapas da Análise do Risco

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LISTA DE SIGLAS

APP - Área de Preservação Permanente

ARE Análise de Risco Ecológico

Comparques - Secretaria de Administração de Parques e Unidades de Conservação do Distrito Federal (extinta em 2006)

DF - Distrito Federal

FPEEEA - Força motriz-Pressão-Estado-Exposição-Efeito-Ação

FPEIR - Força motriz-Pressão-Estado-Impacto-Resposta

FPER - Força motriz-Pressão-Estado-Resposta

GDF - Governo do Distrito Federal

GEO - Global Environment Outlook

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico

ONU - Organização das Nações Unidas

PDOT - Plano Diretor de Ordenamento Territorial

PEIR - Pressão-Estado-Impacto-Resposta

PER - Pressão-Estado-Resposta

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

SEMARH - Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal

SEMATEC - Secretaria do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal

SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...11

1.1 Objetivos...13

2 REVISÃO DE LITERATURA ...15

2.1 A qualidade ambiental no meio urbano e a concepção de parques no Distrito Federal ...15

2.2 Diagnósticos ambientais e o uso do método Análise do Risco Ecológico ...22

2.3 Indicadores como ferramenta de gestão ...25

2.4 Modelos para a construção de indicadores ambientais...27

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...32

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...34

4.1 Indicadores utilizados nas análises de risco ecológico em parques do Distrito Federal ...34

4.2 Análise dos modelos de construção de indicadores ambientais...38

4.3 O modelo PEIR aplicado à construção de indicadores de risco ecológico...39

4.4 Indicadores de risco ecológico descritos com base no modelo PEIR.40 5 CONCLUSÃO...46

REFERÊNCIAS ...48

APÊNDICE...54

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1 INTRODUÇÃO

A produção e a acumulação de riqueza sempre estiveram associadas à degradação ambiental. Um país que desmata suas áreas naturais, que polui suas águas e que esgota seu solo é um país com futuro econômico incerto. O comportamento predatório, com conseqüências globais, é cada vez mais questionado pela sociedade.

A discussão atual sobre a real contribuição humana para as mudanças climáticas é um exemplo da formação de um paradigma ambientalmente mais justo e enfatiza a importância do componente ecológico nas decisões econômicas. Especialmente em função dos grandes acidentes ambientais do século XX, a humanidade começa a perceber o novo cenário de incertezas e riscos em que vive e constrói modelos matemáticos, índices, indicadores e demais ferramentas para incluir o componente ecológico na lógica do desenvolvimento e, assim, minimizar ou prevenir o impacto das atividades humanas no meio ambiente.

A produção de diagnósticos e levantamentos ambientais em áreas naturais busca orientar as decisões e diminuir o risco ecológico, termo que se refere ao impacto ambiental potencial no território. Esses estudos são valiosos para embasar a gestão de espaços protegidos por permitir a distribuição das atividades humanas de acordo com a sensibilidade dos fatores naturais em cada local. O Governo do Distrito Federal prevê a utilização de indicadores ambientais que orientem, principalmente, as políticas ambientais e de uso e ocupação do solo. Para tanto, exige-se dos órgãos distritais levantamentos e medições acerca da qualidade ambiental para consolidação de indicadores (DISTRITO FEDERAL, 2007c).

O curso de mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental, da Universidade Católica de Brasília, incentiva a investigação voltada para contribuir com o desenvolvimento sustentável do Distrito Federal e entorno. Seguindo essa orientação, muitos estudos e pesquisas sobre diversos parques do Distrito Federal têm sido realizados, desde a criação do curso, em 1999, sempre tendo por base análises de risco ecológico.

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ferramenta de apoio ao planejamento e gestão desses espaços legalmente protegidos, porém seriamente ameaçados pela ocupação urbana desordenada. O universo analisado é composto por quatro parques, que foram objeto de estudo no curso, a saber: Parque Areal, Parque Ecológico e Vivencial do Riacho Fundo, Parque Recreativo Sucupira e Parque Recreativo do Gama. Desses, apenas o último dispõe de infra-estrutura para a recepção de visitantes.

O Parque Areal, criado em 1994 pelo Decreto n° 16.142/1994 (DITRITO FEDERAL, 1994), possui uma área de 58 hectares e pertence à Região Administrativa de Taguatinga (Anexo A). Seu limite sul é a Vila Areal; oeste é o bairro de Águas Claras; leste é a Colônia Agrícola Vereda da Cruz; e norte é uma área de expansão que se alonga em direção ao Guará, ou seja, caracteriza-se como um parque tipicamente urbano, com ocupação em todo o seu entorno. De grande beleza cênica, sua criação foi incentivada pela população interessada em dispor de uma área natural que favorecesse o esporte, a cultura e o lazer, dentro da área urbana de Taguatinga. Apesar de possuir poligonal definida e estar atualmente cercado, algumas áreas do Parque Areal são utilizadas para depósito de entulho e outras foram invadidas para construção de residências e horticultura.

O Parque Ecológico e Vivencial do Riacho Fundo, criado pela Lei n° 1.705/1997 (DISTRITO FEDERAL, 1997) é o maior dos parques analisados, com 488 hectares, ainda não possui poligonal definida (Anexo B). De forma semelhante ao Parque Areal, algumas áreas são utilizadas como depósito de entulho. A vegetação nativa foi substituída por pastagem e por uma cascalheira, atualmente abandonada e em processo de sucessão ecológica. Dentro do parque estão as nascentes e parte do córrego Riacho Fundo, cujas áreas de preservação permanente (APP) estão em constante risco em decorrência do aumento de áreas invadidas por chacareiros e novos moradores.

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cascalheira no parque, aterrada com entulho e lixo vegetal, e uma outra área usada como empréstimo de cascalho.

O Parque Recreativo do Gama, criado pelo Decreto n° 6.953 (DISTRITO FEDERAL, 1982), possui 136 hectares e situa-se próximo à divisa sul do Distrito Federal, entre as cidades do Gama e Santa Maria (Anexo D). Possui áreas preservadas de cerrado e a mata de galeria do córrego Alagado que, apesar de impróprio para banho, é de grande beleza natural. Diferentemente dos parques citados anteriormente, o Parque Recreativo do Gama é um dos 11 parques urbanos com infra-estrutura para receber visitantes1, embora se encontre atualmente fechado ao público, pois os equipamentos estão depredados e sem condições de uso.

A consolidação dos riscos e obstáculos identificados nesses quatro parques, por meio de diagnósticos recentes, oferece uma base de conhecimento técnico-científico imprescindível à gestão ambiental. Além disso, a partir desses dados, é possível construir indicadores de risco ecológico adequados à realidade dos parques urbanos do Distrito Federal, com utilização de referencial metodológico mundialmente reconhecido.

1.1 Objetivos

A pesquisa tem o objetivo de construir um sistema de indicadores de risco ecológico enquanto ferramenta de apoio ao processo de tomada de decisões na gestão de parques ameaçados pela ocupação urbana, tomando como base estudos realizados no Distrito Federal. Para a sua consecução, foram definidos os seguintes objetivos específicos:

- Identificar um modelo de construção de indicadores de risco ecológico

enquanto ferramenta de apoio à gestão de parques urbanos, a partir da

1

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discussão de modelos derivados da abordagem Pressão – Estado – Resposta (PER);

- Analisar, com base no modelo anteriormente identificado, diagnósticos

ambientais realizados em parques urbanos do Distrito Federal, onde tenha sido aplicado o método Análise de Risco Ecológico; e

- Utilizar o mesmo modelo na construção de indicadores de risco ecológico

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A qualidade ambiental no meio urbano e a concepção de parques no

Distrito Federal

Ao longo das últimas décadas, a conduta humana em relação ao meio ambiente natural é influenciada pelo desenvolvimento do conhecimento técnico-científico e, principalmente, pela modificação dos valores éticos ambientais. Argumentos éticos, fundamentados nas religiões, filosofias e culturas levam à formulação do conceito de desenvolvimento sustentável, esse novo modelo de desenvolvimento tão constantemente convocado para limitar a ação predatória e solucionar os conflitos sócio-ambientais do novo milênio.

O relatório “Nosso futuro comum”, elaborado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (UNITED NATIONS, 1987), enfatiza a necessidade de conservação dos recursos naturais para a continuidade da vida e apresenta o modelo de desenvolvimento sustentável, que visa o bem estar conquistado a partir de uma base ecológica para o desenvolvimento. Os discursos ambientais trazidos pelas Conferências da Organização das Nações Unidas (ONU), realizadas em Estocolmo, em 1972, e no Rio de Janeiro, em 1992, apresentam uma evolução do conceito de meio ambiente, que passa a ser, segundo Lyra (2000), indissociável do direito à vida, incluindo o ser humano no ecossistema, em uma perspectiva ampla de interação dos elementos naturais, artificiais e culturais. Dessa forma, a partir de 1970, as discussões sobre a origem dos problemas ambientais e a idéia de limitação de uso incentivam a formulação de novas ferramentas de gestão ambiental e de instrumentos legais voltados à garantia da qualidade de vida, respeitados os valores ambientais, sociais, políticos, econômicos e culturais do espaço.

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esse documento, as decisões políticas e econômicas de um país devem ser tomadas dentro de um processo integrador do meio ambiente e do desenvolvimento. As ações desenvolvidas a partir desse processo são indutoras de um modelo de gestão ambiental permanente e global dos recursos, do espaço e da qualidade do meio ambiente, natural e artificial.

Os conflitos ambientais existentes nas grandes cidades brasileiras são um forte exemplo desta dissociação entre a tomada de decisão e o respeito ao meio ambiente. O valor de um meio ambiente ecologicamente equilibrado para a qualidade de vida está explicitado no artigo 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) e, mesmo assim, esse bem, garantido a todos, encontra-se ameaçado nas grandes cidades. A qualidade de vida no ambiente urbano está relacionada, segundo Ribas (2004), às relações de gestão e uso do solo e, portanto, a mediação dos conflitos deve partir de uma reordenação do uso do espaço e de uma descentralização administrativa, acompanhada de um processo participativo de fiscalização e alocação de recursos.

A sustentabilidade ambiental do desenvolvimento depende de que o atendimento das necessidades humanas de uso do solo se oriente pela vocação natural do espaço, ou seja, pelas funções ecológicas desempenhadas, considerando-se a capacidade dos fatores naturais de absorver impactos negativos. O desafio, nesse caso, é garantir a qualidade ambiental no desenvolvimento do sistema urbano. Haber (1972 apud FARIA, 2004a) desenvolveu a teoria do planejamento ecológico, de modo a orientar políticas e estratégias de ordenamento territorial pela conexão das características funcionais do ecossistema com o comportamento humano. O diferencial desse planejamento é a orientação ecológica, em que as demandas de uso pelo ser humano são orientadas de acordo com a capacidade dos ecossistemas em desempenhar suas funções ecológicas.

Identificar as relações existentes entre as atividades desenvolvidas e o meio ambiente oferece subsídios à organização ou redistribuição das atividades no espaço e orienta alternativas tecnológicas para controlar, reverter e /ou corrigir possíveis danos ambientais (FARIA, 2004a, 2005a).

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as diretrizes formuladas, a partir do conhecimento produzido ao longo do tempo. A atualização permanente do conhecimento e a reorientação das prioridades fomentam a tomada de decisão para o uso adequado do espaço, bem como tornam o processo mais transparente e participativo. Assim, a redistribuição adequada dos usos possibilita mitigar os impactos negativos nos recursos naturais, principalmente nas áreas de alta fragilidade ambiental.

A legislação brasileira prevê instrumentos de planejamento territorial e ações que compatibilizam a proteção dos recursos naturais e a gestão adequada do espaço urbano. No caso do Distrito Federal, é de sua competência, observados os princípios da Constituição Federal (BRASIL, 1988, art. 182, caput), elaborar uma

política de desenvolvimento urbano e rural que visa assegurar a função social da propriedade e melhorar a qualidade de vida da sua população. A Política Ambiental do Distrito Federal, Lei n° 41/1989, por exemplo, tem como um de seus objetivos a utilização do espaço de acordo com as limitações e condicionantes ecológicas e ambientais (DISTRITO FEDERAL, 1989).

Além disso, na esfera federal, a própria Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n° 6.938/1981, tem como instrumento o Zoneamento Ambiental do território e a criação de espaços especialmente protegidos (BRASIL, 1981). Portanto, a legislação ambiental juntamente com o Estatuto das Cidades, Lei n° 10.257/2001, Lei Federal que estabelece diretrizes gerais da política urbana e regulamenta o Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT), oferecem os subsídios legais necessários à elaboração de programas e normas de planejamento do território, ou seja, estimulam o uso do espaço urbano, rural e em expansão, porém, condicionado a sensibilidade ambiental de cada local (BRASIL, 2001).

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principalmente, conter a urbanização e garantir reserva de terras (MATHIEU; FERREIRA, 2005).

A origem dos espaços urbanos protegidos, no Brasil, está no primeiro Código Florestal Brasileiro, Decreto n° 23.793/1934, que define florestas remanescentes como áreas, mesmo que pequenas, destinadas ao uso público (BRASIL, 1934). Posteriormente, legislações estaduais e municipais e a própria Lei n° 9.958/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (BRASIL, 2000), regulamentaram a criação, implantação e gestão das unidades.

Os parques urbanos do Distrito Federal são, atualmente, regulamentados pela Lei Complementar n° 265/1999 (DISTRITO FEDERAL, 1999), que destina essas áreas ao desenvolvimento de atividades recreativas, culturais, esportivas, educacionais e artísticas, com o objetivo de conservar áreas verdes, proteger os recursos naturais e recuperar áreas degradadas (arts. 5°, 6° e 7°).

Os espaços protegidos criados em áreas urbanas propiciam melhores condições de vida à comunidade, pois preservam remanescentes da fauna e da flora, atenuam a poluição, protegem os recursos naturais e melhoram a estética da paisagem, proporcionando um contato harmônico com o ambiente natural (CHIESURA, 2004). De forma geral, a criação e a implantação de unidades de conservação visam, primordialmente, conservar amostras dos ecossistemas naturais sob regime especial de administração e, em alguns casos, estimular atividades de educação ambiental, recreação em contato harmônico com a natureza e turismo ecológico. Além desses objetivos, as unidades de conservação têm um importante papel na contenção do processo desordenado de urbanização e uso do solo (MATHIEU; FERREIRA, 2005).

Atualmente, o DF possui 68 parques ecológicos e de uso múltiplo distribuídos em todas as regiões administrativas e que protegem aproximadamente 8.978 hectares, ou seja, cerca de 1,5% do território (Apêndice A). A Lei complementar n° 265/1999 dispõe sobre a criação desses parques e os classifica como uma unidade de uso sustentável, “[...] aquela em que haja proteção parcial dos atributos naturais, admitida a exploração de parte dos recursos disponíveis, em regime de manejo sustentável, sujeita às limitações legais.” (Art. 1°, XII).

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Distrito Federal, sendo alguns definidos como ecológicos e de uso múltiplo e outros apenas como parques.

A instituição do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), Lei n° 9.985/2000, criou um impasse jurídico, pois em seu artigo 55 está previsto que:

As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações anteriores e que não pertençam às categorias previstas nesta Lei serão reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo de até dois anos, com o objetivo de definir sua destinação com base na categoria e função para as quais foram criadas, conforme o disposto no regulamento desta Lei. (BRASIL, 2000, art. 55)

Sendo assim, os critérios e normas para criação, implantação e gestão dos parques do Distrito Federal seriam estabelecidos pelo SNUC, havendo a necessidade urgente de se reavaliar a Lei Complementar n° 265/1999. Entretanto, até o momento não há iniciativa do Governo do Distrito Federal (GDF) em incluir os parques urbanos no SNUC. Caso haja essa iniciativa, os Parques Ecológicos do Distrito Federal poderiam, facilmente, ser enquadrados no SNUC na categoria de Parques Distritais, pois os objetivos descritos na legislação distrital estão em consonância com os previstos no SNUC. Em contrapartida, os Parques de Uso Múltiplo deveriam ser totalmente revistos, pois seus objetivos não estão em conformidade com nenhuma categoria prevista no SNUC. O GDF, neste caso, poderia sugerir a inclusão de uma nova categoria de unidade de conservação na Lei do SNUC.

Até 1990, existiam apenas três parques no Distrito Federal (Parque Recreativo do Gama, Parque Sarah Kubitscheck e Parque Ezechias Heringer), o que demonstra a ação recente de proteção de áreas. Em contrapartida, no período de 1990-1999, foram criados 41 parques, contemplando todas as Regiões Administrativas do DF (Apêndice A).

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extinção da SEMATEC, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal (SEMARH) ficou responsável pela gestão dos 58 parques existentes. Já em 2003, a competência de supervisionar os parques urbanos passou para Secretaria de Administração de Parques e Unidades de Conservação (Comparques) que acompanhou a criação de mais 10 áreas. Criada pela Lei Ordinária n° 3.280/2004, essa Secretaria ficava responsável por formular, coordenar e executar a política de uso e conservação dos parques do DF, bem como promover a fiscalização e o manejo ambiental dessas unidades de acordo com o plano de manejo aprovado pelos Conselhos Gestores (DISTRITO FEDERAL, 2004).

Com a mudança do Governo do Distrito Federal em 2007, a Comparques foi extinta e os parques administrados pelo novo Instituto Brasília Ambiental, Lei n° 3.984/2007, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Essa Secretaria, criada pelo Decreto n° 27.591/2007, acumula as competências de promover o desenvolvimento urbano sustentável, planejar e controlar o uso do solo e habitações e gerir o meio ambiente, recursos hídricos, unidades de conservação, parques e resíduos sólidos (DISTRITO FEDERAL, 2007a, 2007b).

Para gerir o uso dos recursos naturais e ordenar o espaço em uma unidade de conservação, o SNUC define dois instrumentos de planejamento: o zoneamento e o plano de manejo. O primeiro refere-se à determinação de setores de manejo com normas específicas para o cumprimento eficaz dos objetivos da unidade. O segundo é definido como um documento técnico que fundamenta e explicita o zoneamento da unidade e as normas para o uso da área e o manejo dos recursos, incluindo medidas e normas que garantem o cumprimento dos objetivos do parque.

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Apesar do amparo legal, o Distrito Federal (DF), de forma semelhante às grandes cidades, enfrenta conflitos relacionados ao uso do solo, refletidos no intenso processo de degradação ambiental. A Câmara Legislativa do Distrito Federal publicou, em 2000, um estudo sobre a situação de 44 parques ecológicos e de uso múltiplo do DF. Elaborada por Ganem e Leal (2000), essa publicação conclui que a grande maioria não está implantada, não possui plano de manejo e apresenta ocupação humana, lixo e poluição hídrica.

Uma recente tentativa de melhorar a gestão dos parques ecológicos e de uso múltiplo do Distrito Federal é a criação do Programa de Adoção de Parques por meio do Decreto n° 26.986/2006 (DISTRITO FEDERAL, 2006). Esse Programa permite a parceria de quaisquer entidades da sociedade civil, associações de moradores, clubes de serviços, organizações não governamentais e pessoas jurídicas legalmente constituídas para prestarem serviços visando à implantação, conservação e manutenção das unidades de conservação do Distrito Federal.

A formação de Conselhos Gestores, as parcerias com as instituições de pesquisa e os recursos provenientes de organizações privadas ou públicas ou de pessoas físicas são ferramentas para estimular a gestão participativa nas unidades de conservação e modificar o cenário atual de descaso (DUTRA, 2005). O Conselho Gestor regulamentado pelo Decreto n° 21.693/2000 é um órgão de assessoria dos administradores de parques, na formulação de políticas e projetos, bem como na aprovação dos recursos e na divulgação das atividades (DISTRITO FEDERAL, 2000).

O suporte à decisão, competência principal dos Conselhos Gestores, denota a necessidade de produção e divulgação de dados ecológicos e informações a respeito dos parques. De acordo com Albuquerque e Faria (2003), a capacidade de se fazer previsões, por exemplo, é fundamental no processo participativo de tomada de decisões, pois permite apresentar o resultado futuro a partir das avaliações realizadas durante a gestão. Sendo assim, a participação da academia no levantamento e processamento de informações e na construção de ferramentas torna-se uma demanda permanente dos Conselhos Gestores e demais atores envolvidos na gestão de áreas protegidas.

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2.2 Diagnósticos ambientais e o uso do método Análise do Risco Ecológico

Atividades humanas exercidas no ecossistema urbano, como produção industrial, construção e transporte, afetam a qualidade do ar, da água e do solo. A supressão de áreas verdes, por exemplo, altera a dinâmica das comunidades vegetais e animais e, com isso, o fluxo de matéria e energia existente nos diferentes habitats conectados à cidade (SUKOPP, 2004). Para manter a qualidade ambiental, faz-se necessário o uso de ferramentas de planejamento e gestão desenvolvidas por meio do tratamento de dados ecológicos, juntamente com a disponibilidade de recursos e os diagnósticos técnicos.

O método Análise do Risco Ecológico, desenvolvido por Faria (1984 apud FARIA, 2004b), possibilita a realização de diagnósticos ambientais e construção de cenários de ordenamento territorial ecologicamente orientados, com base na avaliação dos efeitos ecológicos desencadeados por atividades humanas. Para tanto, são identificados complexos de causa-efeito e gerados, a partir desses, mapas de risco ecológico focados, ou em fatores naturais da paisagem (solo, ar/microclima, águas superficiais, águas subterrâneas, vegetação), ou em uma qualidade natural básica (p. ex.: potencial natural para lazer), dependendo dos objetivos que se almejem com o planejamento territorial.

Segundo Salas (2002), na análise de risco ecológico, a área de estudo é detalhada e representada em mapas com escalas adequadas aos objetivos. Posteriormente, dados relevantes para a avaliação ambiental do território são sintetizados em um inventário, cuja estrutura de análise orienta-se pelos fatores naturais afetados por usos antrópicos.

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A sensibilidade dos fatores naturais a danos é o resultado da interação da importância ecológica dos componentes ambientais e sua vulnerabilidade ou susceptibilidade diante dos efeitos. A intensidade dos danos potenciais é composta pelas ações, usos e atividades existentes ou planejadas, que resultam em efeitos ambientalmente relevantes (SALAS, 2002).

Os cinco passos metodológicos da Análise do Risco Ecológico, na versão desenvolvida por Faria (1984 apud FARIA, 2005a), são apresentados na Figura 1 e consistem de:

a) Mapeamento dos condicionantes básicos do uso e ocupação do solo, na área de estudo (inclusive o espaço natural a preservar) e da estrutura atual do espaço regional, representado preferencialmente em termos de unidades hidrográficas.

b) Decomposição do sistema “Usos Antrópicos - Fatores Naturais” em subsistemas independentes, embora inter-relacionados. No centro desses subsistemas está, ou um fator natural (p. ex.: Água, Ar, Solo), ou uma qualidade natural básica (p. ex.: área de recarga hídrica). Esses subsistemas são considerados complexos de causa/efeito e denominados áreas de conflito.

c) Agregação de indicadores dos efeitos negativos provenientes dos usos para formar a grandeza agregada complexa Intensidade dos Danos Potenciais, dentro de cada área de conflito.

d) Agregação de indicadores da aptidão para localizar determinado uso e da interdependência entre efeito negativo e fatores naturais, com vistas a formar a grandeza agregada complexa Sensibilidade a Danos, dentro de cada área de conflito.

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Uso-Causa

Efeito ecológico desencadeado

Fatores naturais atingidos

Relações ecológicas de causa e efeito

Fatores naturais como receptores de efeitos

Uso como causa de danos aos fatores naturais

Efeitos sobre os fatores naturais

Nível de exigência dos usos aos fatores naturais

Indicadores de danos aos fatores naturais

Concretização dos danos no espaço

Intensidade dos danos aos fatores naturais

Indicadores de potencial e de interdependência

ecológica

Concretização do potencial e da interdependência no

espaço

Sensibilidade dos fatores naturais a danos

Risco Ecológico

Figura 1: Esquema básico da Análise do Risco Ecológico.

Fonte: FARIA, 2005a.

De acordo com Sankoh (1996), a grande dificuldade enfrentada nas análises de risco ecológico está na escolha apropriada dos indicadores, devido à complexidade do sistema ecológico. Dessa forma, é imprescindível que o método de agregação contemple indicadores dos mais diferentes níveis de exatidão e comprovação empírica (FARIA, 2004b).

(27)

a construção de políticas públicas descentralizadas e parcerias estimula a cidadania, suprindo demandas financeiras e técnicas, bem como formando consensos essenciais à gestão adequada dos parques urbanos (BESSA et al., 2004).

2.3 Indicadores como ferramenta de gestão

A participação da comunidade técnico-científica é fundamental na elaboração de diagnósticos sócio-ambientais e identificação das alternativas tecnológicas necessárias à construção de consensos e como embasamento de novas políticas de gestão. O Programa Cidades Sustentáveis, da agência Habitat das Nações Unidas, condiciona a habilidade dos setores público e privado de planejar e gerir o meio ambiente ao acesso a melhores informações ambientais para a tomada de decisões (UN-HABITAT/UNEP, 2000). O conhecimento técnico produzido no processo de planejamento, ao ser trabalhado e analisado, oferece aos pesquisadores elementos para a formulação de novas ferramentas de gestão. Planejar a gestão é apontado por estudo do IBAMA e WWF-Brasil (2007) como sendo o segundo fator, depois da disponibilidade de insumos, para garantir a efetividade de gestão de unidades de conservação.

A Agenda 21, em seu capítulo 8, que trata da integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões, sugere a adoção de indicadores que possam medir mudanças sociais, econômicas e ambientais, para criar sistemas de monitoramento e avaliação do desenvolvimento sustentável. E ainda reconhece, em seu capítulo 40, relativo à informação para a tomada de decisões, a necessidade de que sejam desenvolvidos indicadores de desenvolvimento sustentável para “garantir que o planejamento do desenvolvimento sustentável em todos os setores se baseie em informação fidedigna, oportuna e utilizável” (CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1992, p. 576). Essas orientações sinalizam a importância de que a gestão de espaços protegidos seja fundamentada em dados confiáveis e indicadores representativos da realidade local.

(28)

análise da complexidade dos sistemas e na escassa disponibilidade de dados para se estabelecerem as relações de causa-efeito (SANKOH, 1996; FARIA, 2004b). Os indicadores de risco ecológico são construídos a partir de informações que traduzem a realidade dos conflitos existentes, correlacionando as características ecológicas da área e os efeitos potencialmente causados pelas atividades humanas.

Os dados científicos indicam as tendências dos sistemas e são a matéria-prima do diagnóstico. Após serem processados, esses dados são convertidos em indicadores facilmente compreendidos e pertinentes à tomada de decisão, à avaliação e à divulgação, essenciais para a elaboração de políticas de gestão (PINTÉR; ZAHEDI; CRESSMAN, 2000; NIEMEIJER; GROOT, 2006).

Indicadores refletem fenômenos complexos de forma simplificada e variam de acordo com os atores e o contexto geográfico, político e social local. Por esse motivo, os indicadores não podem simplesmente ser extrapolações de modelos e parâmetros já elaborados, sendo necessária a continuidade do processo de planejamento para a atualização das informações (FEHR et al., 2004). Pintér, Zahedi e Cressman (2000) afirmam que os indicadores, para demonstrar confiabilidade no fomento de políticas de gestão e reforçar a responsabilidade ambiental, devem ser desenvolvidos dentro de um criterioso marco conceitual, definidos claramente e ser de fácil compreensão. Além disso, é importante que sejam apresentados em número reduzido e de forma objetiva, representando adequadamente as relações de causalidade e permitindo atualizações, quando necessário.

Seguidos os princípios apresentados, os indicadores podem ser usados para destacar problemas, formular políticas, programas, planos e projetos, ou avaliar a implementação de ações. Qualquer que seja o objetivo, esse deve ser definido de forma clara e precisa, pois isso será determinante durante o processo de construção. Schirnding (2002, p. 47) apresenta os seguintes passos, utilizados apenas como um guia, para a construção de indicadores:

- Identificação do público-alvo e objetivos dos indicadores;

- Definição das variáveis a serem medidas;

- Escolha de um modelo de construção;

- Definição dos critérios de escolha;

- Identificação e avaliação do potencial indicador com base nos critérios de

(29)

- Teste-piloto dos indicadores;

- Escolha da lista de indicadores e avaliação periódica.

A adequação desses passos ao processo de construção de indicadores depende da necessidade local e dos objetivos almejados. De qualquer forma, a escolha das variáveis e a obtenção dos dados não podem estar em discordância com os objetivos. Todo o processo deve ser revisto e atualizado, à medida que acontecem mudanças no espaço ou no sistema estudado (SCHIRNDING, 2002).

Algumas cidades têm desenvolvido indicadores de sustentabilidade, na tentativa de medir a qualidade de vida urbana (FEHR et al., 2004). Seattle, por exemplo, mede a sustentabilidade de seu desenvolvimento desde 1993, com o apoio de indicadores desenvolvidos por cidadãos voluntários (SEATTLE INDICATORS TASK TEAM,1998). Em muitos casos, essas iniciativas são resultado da construção de Agenda 21 locais ou uma resposta a políticas governamentais. Aspectos como áreas verdes, áreas públicas recreativas e parques urbanos são avaliados durante o processo de construção desses indicadores. Isso se deve ao fato de que espaços verdes urbanos purificam o ar e a água, filtram a poluição sonora, estabilizam o microclima e também oferecerem benefícios sociais e psicológicos aos seus visitantes (CHIESURA, 2004).

2.4 Modelos para a construção de indicadores ambientais

(30)

A escolha de uma determinada metodologia de análise depende das relações identificadas e das questões a serem respondidas pelo estudo (SANTOS; CÂMARA, 2002). Modelos que refletem as relações de causalidade ajudam a esclarecer como as informações provenientes dos indicadores estão relacionadas às atividades humanas e como políticas e ações influenciam os conflitos ambientais (NIEMEIJER; GROOT, 2006).

As interações entre as atividades humanas e os recursos naturais podem ser analisadas por meio de indicadores de pressão, estado e resposta, conforme o modelo PER. Esse modelo é utilizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), na elaboração dos relatórios Global Environment Outlook (GEO), para construir uma base de informação consensual sobre a problemática ambiental global e examinar avanços, periodicamente (SANTOS; CÂMARA, 2002). Além disso, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 30 países, também utiliza a estrutura PER na construção de indicadores ambientais para elaborar relatórios sobre o estado do meio ambiente, examinar os desempenhos ambientais e relatar progressos alcançados em desenvolvimento sustentável. Tais indicadores servem também para o planejamento, esclarecimento de objetivos políticos e definição de prioridades (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2002).

(31)

Figura 2: Modelo Pressão-Estado-Resposta (PER).

Fonte: PINTÉR; ZAHEDI; CRESSMAN, 2000.

Com base nessa lógica, foi desenvolvida uma alternativa mais detalhada do modelo PER, de modo a incluir o Impacto representado pelas novas condições ambientais geradas, em termos de modificações na saúde e bem-estar da população ou no equilíbrio do ecossistema. Surge, dessa forma, o modelo PEIR, para designar Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PINTÉR; ZAHEDI; CRESSMAN, 2000; SANTOS; CÂMARA, 2002).

De acordo com Rotmans e Vries (1997), o modelo PEIR é um ciclo dinâmico a ser analisado em um determinado tempo e local, a partir da formação de cadeias de causa-efeito entre as atividades humanas e os fatores naturais.

(32)

usos na área. A sociedade, por sua vez, Responde a essas mudanças por meio de ações corretivas e preventivas (Figura 3).

Figura 3: Modelo Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR).

Fonte: ROTMANS; VRIES, 1997.

O modelo PEIR é usado pela prefeitura de São Paulo na elaboração do relatório GEO que oferece um panorama ambiental do município de São Paulo por meio de indicadores ambientais. O relatório integra as dinâmicas urbana e ambiental para a construção de um novo modelo de gestão capaz de apontar os motivos e fatores que levam à alteração do meio ambiente, qualificar as condições atuais e identificar os impactos desse novo estado na cidade e em seus habitantes. A análise da relação entre os componentes urbanos e os ambientais visa subsidiar o processo de tomada de decisões e propiciar o acesso público aos dados e informações de relevante interesse à gestão ambiental da cidade (SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO, 2004).

(33)

A Agência Européia para o Meio Ambiente, na elaboração de seus relatórios, acrescenta o Impacto no meio ambiente na construção de indicadores, formando o modelo Força motriz-Pressão-Estado-Impacto-Resposta (FPEIR), apresentado na Figura 4. Neste caso, os indicadores refletem um maior número de relações entre as atividades humanas e as ações mitigadoras, descrevendo as origens e as conseqüências dos problemas ambientais (AGÊNCIA EUROPÉIA PARA O MEIO AMBIENTE, 1999).

Resposta

Impacto

Estado

Pressão

Força motriz

Figura 4: Modelo Força Motriz-Pressão-Estado-Impacto-Resposta (FPEIR).

Fonte: AGÊNCIA EUROPÉIA PARA O MEIO AMBIENTE, 1999.

Para estabelecer relações entre o meio ambiente e a saúde humana, Corvalán; Kjellström; Smith (1999) consideram mais adequado construir indicadores por meio do modelo Força motriz-Pressão-Estado-Exposição-Efeito-Ação (FPEEEA). Essa estrutura permite detectar riscos à saúde, ao conectar as atividades humanas à qualidade do meio ambiente. Por isso, é mais utilizada para o controle e prevenção de endemias.

(34)

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O desenvolvimento da pesquisa constituiu-se de quatro etapas metodológicas, detalhadas a seguir:

a) Levantamento de dados e informações

O levantamento inicial de dados e informações abrangeu, basicamente, os indicadores utilizados nos diagnósticos ambientais de quatro parques urbanos do Distrito Federal, no período de 2001 a 2005, nos quais foi aplicado o método Análise do Risco Ecológico. São eles: Parque Areal, Parque Ecológico e Vivencial do Riacho Fundo, Parque Sucupira e Parque Recreativo do Gama. Os indicadores considerados referem-se à sensibilidade dos fatores naturais a danos causados por usos antrópicos e à intensidade de danos potenciais causados pelos usos a esses mesmos fatores naturais. Os indicadores foram construídos em oficinas de discussão e aplicados nos parques para validação e posterior divulgação. Os dados contidos nesses estudos expressam complexos de relações de causa-efeito entre o sistema das atividades antrópicas e o sistema dos fatores naturais, ou seja, expressam como os usos causam impactos e modificações qualitativas e quantitativas no meio ambiente (FARIA, 2004b).

b) Identificação de um modelo adequado à construção de indicadores de risco ecológico

(35)

necessárias para a construção dos indicadores de risco ecológico. A análise consistiu da verificação de correspondência conceitual entre cada componente desses modelos e os passos metodológicos da Análise do Risco Ecológico, de modo a identificar o modelo que melhor definisse os indicadores de risco ecológico.

c) Aplicação do modelo na construção de indicadores de risco ecológico

A terceira etapa metodológica consistiu da construção de indicadores de risco ecológico, a partir de informações que traduzem a realidade dos conflitos existentes, correlacionando-se as características ecológicas da área e os efeitos potencialmente causados pelas atividades humanas, com aplicação do modelo anteriormente identificado. Nesse processo, os indicadores que correspondem à Intensidade de danos potenciais e à Sensibilidade dos fatores naturais a danos, na estrutura da Análise do Risco Ecológico, foram transformados em indicadores de causa e efeito, para a construção dos indicadores de risco ecológico, conforme o objetivo geral da dissertação.

d) Qualificação dos indicadores de risco ecológico voltados para a gestão de parques urbanos

(36)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Indicadores utilizados nas análises de risco ecológico em parques do

Distrito Federal

As análises realizadas, no período 2001-2005, nos Parques do Gama, Sucupira, Areal e Riacho Fundo (FARIA et al., 2002; FARIA, 2002, 2005a, 2005b), todos eles localizados em área urbana do Distrito Federal, fornecem as informações necessárias à construção dos indicadores de risco ecológico, pois compõem um diagnóstico daquelas unidades de conservação, onde são contemplados os danos potenciais causados por usos existentes e planejados e a sensibilidade de cada fator natural a esses mesmos usos.

Qualquer que seja o uso, existente ou planejado, previsto ou inadequado, a área ocupada está sujeita a riscos. Indicadores de intensidade dos danos potenciais são utilizados para representar os tipos de uso da área protegida e integrar a análise de risco ecológico. Como cada uso afeta os fatores naturais de forma diferenciada, os indicadores de intensidade de danos são hierarquizados de acordo com o impacto no solo, nas águas superficiais, nas águas subterrâneas e no ar (Quadro 1).

Solo superficiais Águas subterrâneas Águas Ar /microclima

Parque Recreativo do Gama

• Uso urbano/ vias

• Uso rural

• Estação de tratamento de esgoto

• Área de

vegetação nativa

• Estação de tratamento de esgoto e pontos de lançamento de esgoto

• Habitação urbana / rodovias

• Habitação rural

• Área de vegetação nativa

• Uso rural

• Estação de tratamento de esgoto

• Uso urbano

• Área de vegetação nativa

• Uso urbano/ vias

• Habitação rural/ uso agrícola

• Estação de tratamento de esgoto

(37)

Parque Areal

• Exploração de cascalho

• Pontos de despejo de águas pluviais

• Edificações

• Ruas e estradas

• Uso rural

• Ponto de despejo de águas pluviais

• Agricultura

• Via não pavimentada

• Edificações

• Edificações

• Uso rural

• Área de lazer

• Área de vegetação nativa

• Vias de circulação principais

• Edificações

• Agropecuária / mineração

• Lazer

Parque Recreativo Sucupira

• Cascalheira

• Drenagem / depósito de resíduos sólidos

• Uso rural / chácaras

• Área habitacional

• Vias

• Área de lazer

• Drenagem

• Chácaras

• Cascalheira

• Vias

• Habitação

• Área de lazer

• Ensino e beleza natural

• Canal de drenagem / lazer / área de contemplação

• Cascalheira / desmatamento

• Vias de circulação

• Habitação / ensino / chácaras

• Cascalheira

• Campo de futebol

• Vias

• Chácaras

Parque Ecológico e Vivencial do Riacho Fundo

• Habitação e serviço urbano

• Obras civis

• Cascalheira / pastagem

• Habitação rural / uso rural

• Pontos de lançamento de águas pluviais

• Habitação rural/ uso rural

• Habitação e serviço urbano

• Cascalheira / pastagem;

• Obras civis

• Habitação e serviço urbano

• Habitação rural / uso agrícola

• Cascalheira / pastagem

• Obras civis

• Vias de circulação

• Áreas de habitação / comércio / serviços

• Agricultura / pecuária / silvicultura

• Exploração mineral

Quadro 1: Indicadores de intensidade dos danos potenciais aos fatores naturais em parques urbanos do Distrito Federal.

Fonte: FARIA et al, 2002; FARIA, 2002, 2005a, 2005b.

(38)

Figura 5: Fotografia de área de vegetação nativa de cerrado no Parque Sucupira.

Fonte: FARIA, 2005a.

Os parques do Distrito Federal também são destinados à pesquisa e atividades recreativas, podendo o seu plano de manejo contemplar trilhas ecológicas, ciclovias, piscinas, churrasqueiras, centro de visitantes, banheiros e outros tipos de infra-estrutura, imprescindíveis ao cumprimento da função a que se destinem. Porém, os parques analisados possuem ocupações anteriores à sua criação. A presença de habitações urbanas, chácaras, comércio e infra-estrutura urbana em todos os parques, bem como de cascalheiras existentes nos parques do Riacho Fundo, Sucupira e Areal (Figura 6) e da Estação de Tratamento de Esgoto no Parque do Gama, evidencia o uso inadequado da área, que inviabiliza o cumprimento dos objetivos das unidades.

Figura 6: Fotografia de cascalheira abandonada no interior do Parque Areal.

(39)

Essa ocupação irregular indica que os futuros planos de manejo devem não somente prever as necessidades de infra-estrutura e equipamentos, como também considerar a possibilidade de reorganização dos usos existentes, em função da sensibilidade dos fatores naturais presentes na área, de forma a minimizar os impactos que causam no ecossistema.

A destinação de uso nos parques, dependendo da sensibilidade dos fatores naturais na área, acarreta maior ou menor risco ecológico. Nesse sentido, a declividade, o tipo e a permeabilidade do solo, bem como a presença de cobertura vegetal e de corpos hídricos são características determinantes para a definição dos indicadores de sensibilidade dos fatores naturais a danos causados por usos antrópicos, conforme apresentado no Quadro 2.

Solo superficiais Águas subterrâneas Águas Ar/microclima

Parque Recreativo do Gama

• Suscetibilidade à erosão

• Permeabilidade do solo

• Área de proteção permanente

• Classe de uso especial

• Classe de uso II

• Permeabilidade de solo

• Cobertura vegetal

• Declividade do terreno

• Declividade

• Vegetação

• Água

Parque Areal

• Área de preservação permanente

• Permeabilidade do solo

• Profundidade do solo

• Integridade física

• Integridade química

• Comunidade biológica

• Permeabilidade do solo

• Profundidade do solo

• Cobertura vegetal

• Vegetação

• Relevo

• Água

Parque Recreativo Sucupira

• Área com cobertura vegetal

• Suscetibilidade à erosão

• Permeabilidade do solo

• Contaminação do solo

• Área de preservação permanente

• Qualidade da água superficial

• Cobertura vegetal

• Permeabilidade do solo

• Poluição do ar

• Relevo

Parque Ecológico e Vivencial do Riacho Fundo

• Proximidade de curso d’água

• Suscetibilidade à erosão

• Suscetibilidade à compactação

• Integridade químico-sanitária

• Integridade física

• Integridade biótica

• Permeabilidade

• Cobertura do solo

• Declividade

• Relevo

• Vegetação / água

Quadro 2: Indicadores de sensibilidade dos fatores naturais a danos causados por usos antrópicos em parques urbanos do Distrito Federal.

(40)

Analisar os riscos ecológicos a que estão sujeitos os parques urbanos do Distrito Federal fornece um diagnóstico ambiental em função dos usos antrópicos existentes e planejados e da capacidade dos fatores naturais em difundir os efeitos negativos, relacionando o grau de uso com as reservas de recurso. Sendo assim, as interações formadas no sistema dos usos antrópicos e dos fatores naturais podem ser analisadas dentro de um modelo, separando-as em componentes de causa e efeito.

4.2 Análise dos modelos de construção de indicadores ambientais

Os componentes de causa e efeito, comumente utilizados em diagnósticos ambientais, são: Força Motriz, Pressão, Estado, Impacto e Resposta. O modelo Força motriz-Pressão-Estado-Exposição-Efeito-Ação (FPEEEA), por ser utilizado em estudos que envolvem os efeitos de poluentes na saúde humana, não condiz com os objetivos dos indicadores de risco ambiental e, por esse motivo, não foi considerado na análise.

A Tabela 1 apresenta a correlação entre os componentes dos modelos de construção de indicadores disponíveis na literatura revisada e as etapas da Análise do Risco Ecológico. A análise dos modelos foi realizada em função da disponibilidade de informação nos diagnósticos ambientais dos quatro parques considerados.

Tabela 1: Correlação entre os componentes dos modelos de construção de indicadores ambientais e as etapas da Análise do Risco Ecológico.

Componentes dos modelos de construção de indicadores ambientais

Etapas da Análise do Risco

Ecológico Força

Motriz Pressão Estado Impacto Resposta Intensidade dos danos potenciais

causados por usos antrópicos X

Sensibilidade dos fatores naturais a danos causados por usos

antrópicos X

Risco ecológico X

Sugestões para

prevenção/mitigação/controle do

(41)

O modelo PEIR (Pressão-Estado-Impacto-Resposta) foi o único a apresentar uma correspondência completa com os passos metodológicos da Análise de Risco Ecológico. Assim, os indicadores que medem a intensidade de danos potenciais correspondem aos indicadores de Pressão; os indicadores de sensibilidade dos fatores naturais a danos correspondem aos indicadores de Estado; e o risco ecológico corresponde aos indicadores de Impacto (Quadro 3).

ARE Definição PEIR

Indicadores de intensidade dos

danos potenciais Å

Uso antrópico Æ Indicadores de Pressão Indicadores de sensibilidade dos

fatores naturais a danos Å Alteração das características dos fatores naturais Æ

Indicadores de Estado Indicadores de risco ecológico Å Ecossistema alterado Æ Indicadores de Impacto Sugestões de prevenção/

mitigação/controle de riscos Å Intervenção humana Æ Indicadores de Resposta

Quadro 3: Correspondência dos componentes da Análise de Risco Ecológico (ARE) com os componentes do modelo Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR).

Em correspondência com o componente Resposta, do modelo PEIR, a Análise de Risco Ecológico fornece elementos para a elaboração de sugestões, no sentido de orientar o uso do território com base na prevenção, mitigação e controle dos riscos identificados. É importante destacar que todas as sugestões resultantes da Análise podem ser representadas em mapas. Assim, é possível identificar áreas propostas para proteção e outras medidas ambientais de relevância territorial. Esses mapas são de grande utilidade para gestores e planejadores, por espacializar orientações que devem ser incorporadas em políticas, programas, planos e projetos.

4.3 O modelo PEIR aplicado à construção de indicadores de risco ecológico

(42)

risco ecológico foram transformados em indicadores de Pressão, Estado e Impacto, respectivamente.

O componente Resposta representa indicadores construídos a partir das sugestões apresentadas para as áreas, com base nos resultados das Análises de Risco Ecológico nos parques do Gama, Areal, Sucupira e Riacho Fundo (Quadro 4).

Indicadores

Pressão Estado Impacto Resposta

• Exploração mineral

• Uso rural

• Uso urbano

• Área suscetível à erosão

• Área suscetível à compactação

• Área suscetível à contaminação

• Área com solo impermeabilizado

• Área com solo erodido

• Área com solo contaminado

• Qualidade das águas superficiais

• Remoção da ocupação irregular

• Planos de controle e fiscalização

• Recuperação de áreas degradadas

• Política de habitação

• Projetos de educação e sensibilização ambiental

Quadro 4: Indicadores de pressão, estado, impacto e resposta para parques urbanos do Distrito Federal.

Os indicadores de Impacto representam os níveis de risco ecológico verificados pela combinação de indicadores da sensibilidade dos fatores naturais e indicadores de uso da área.

Os possíveis efeitos do uso do território nos fatores naturais solo, vegetação e água são considerados riscos ecológicos e representados por indicadores de Impacto, dentro do modelo PEIR, e por indicadores de risco ecológico, na Análise de Risco. A diferença entre indicadores de Impacto e indicadores de risco está na incerteza da ocorrência do risco, o que confirma o caráter preventivo do uso desses indicadores, no processo de gestão.

4.4 Indicadores de risco ecológico descritos com base no modelo PEIR

(43)

A ocupação intensiva de algumas áreas dos parques impermeabiliza o solo, o que afeta, principalmente, a disponibilidade de água subterrânea e a riqueza de espécies.

O Quadro 5 qualifica o indicador área com solo impermeabilizado e apresenta a relação entre o tipo de solo e a compactação, bem como as conseqüências da impermeabilização.

Indicador área com solo impermeabilizado

Descrição: este indicador representa as áreas que foram impermeabilizadas por construções ou pela retirada da cobertura vegetal.

Importância: a impermeabilização do solo por ocupação humana impede, principalmente em áreas planas e elevadas, a drenagem das águas pluviais e a recarga dos mananciais subterrâneos. A simples retirada da cobertura vegetal ocasiona a compactação do solo e impede a drenagem da chuva. A falta de drenagem acelera o processo erosivo de outras áreas, contribuindo para o assoreamento dos córregos e nascentes atingidos pelo material carreado. Além disso, prejudica o abastecimento de água da população do entorno e diminui a riqueza de espécies.

Interpretação: a susceptibilidade à compactação depende da composição do solo, com diferentes proporções de argila e areia, bem como de partículas de material orgânico. A drenagem da água é mais acentuada em solos com maior concentração de areia, como os cambissolos e latossolos encontrados no DF. Solos hidromórficos retêm mais água e ficam sempre encharcados. Portanto, áreas com predomínio de solos permeáveis (cambissolo e latossolo) são mais susceptíveis à compactação. O risco ecológico, nesse caso, ocorre em áreas susceptíveis à compactação e que tiveram a cobertura vegetal removida.

Implicações e ações: as áreas de maior risco ecológico podem ser espacializadas em mapas. O plano de uso da área deve considerar a susceptibilidade do solo à compactação, inclusive reservando áreas para revegetação, quando for o caso.

Medidas e fonte de informação: mapa de uso e ocupação do solo, mapa hidrológico, mapa de vegetação, carta pedológica, carta topográfica, imagem de satélite e pesquisa de campo.

Quadro 5: Descrição do indicador de risco ecológico área com solo impermeabilizado.

(44)

erodido e apresenta a relação entre o tipo de solo e a declividade, no processo erosivo. As conseqüências desse risco podem ser controladas para evitar danos, principalmente aos recursos hídricos protegidos no interior dos parques.

Indicador área com solo erodido

Descrição: este indicador reflete as áreas de solo exposto em acelerado processo erosivo, provocado pela retirada da cobertura vegetal protetora e pela impermeabilização do solo.

Importância: o solo com erosão acentuada é impróprio para uso, devido ao grande risco em caso de edificação. Além disso, o material carreado pela água ou pelo vento provoca a poluição do ar e, quando depositado nos córregos e nascentes, pode contaminar água e acelerar o assoreamento. O ecossistema aquático é drasticamente modificado pelo excesso de material lixiviado, que leva à diminuição da riqueza biológica local.

Interpretação: a aceleração do processo erosivo é dada pela combinação entre o tipo de solo, a declividade e a forma de ocupação da área. Solos arenosos são mais porosos e permeáveis, permitindo uma maior drenagem da água e atenuando a erosão. Em contrapartida, solos argilosos e pouco permeáveis têm seu material facilmente lixiviado, o que acelera o processo erosivo. Portanto, áreas com declividade acentuada, áreas próximas a cursos d’água e áreas com predomínio de solo argiloso exposto representam risco ecológico não só para um parque como também para o seu entorno.

Implicações e ações: áreas com acelerado processo erosivo devem ser objeto de restrições quanto ao uso e ocupação. A cobertura vegetal deve ser mantida, principalmente nas áreas de preservação permanente, devido à proteção dada ao solo e por impedir a chegada do material lixiviado aos córregos e nascentes. O uso desse indicador torna-se uma importante ferramenta decisória para a priorização de projetos de recuperação das áreas afetadas por danos antrópicos. A reversão desse processo possibilita um maior aproveitamento da área, para que cumpra com os objetivos de criação do parque.

Medidas e fonte de informação: mapa de uso e ocupação do solo, mapa hidrológico, mapa de vegetação, carta pedológica, carta topográfica, imagem de satélite e pesquisa de campo.

Quadro 6: Descrição do indicador de risco ecológico área com solo erodido.

(45)

risco de contaminação envolve a adoção de medidas de fiscalização e controle da ocupação do território, sendo o indicador área com solo contaminado importante para o monitoramento da área e tomada de decisão.

O Quadro 7 qualifica o indicador área com solo contaminado, o que ocorre, principalmente, pela deposição de lixo e infiltração de esgoto proveniente das ocupações irregulares.

Indicador área com solo contaminado

Descrição: este indicador representa as áreas contaminadas por substâncias químicas e material orgânico.

Importância: a principal fonte de contaminação do solo é a água poluída. A contaminação das águas subterrâneas por detergentes, produtos agrícolas, material orgânico, metais pesados e esgoto modificam as propriedades do solo. Com isso, a vegetação é seriamente afetada e, conseqüentemente, todo o ecossistema a ela associado. Outra fonte de contaminação do solo é a deposição inadequada de resíduos sólidos e líquidos. Essas substâncias, quando em contato com solos permeáveis, são transportadas até as águas subterrâneas, contaminando o lençol freático e, posteriormente, atingindo os córregos e nascentes.

Interpretação: solos permeáveis e porosos facilitam o transporte dos poluentes, dissipando a contaminação. Entretanto, em solos de baixa drenagem, como os hidromórficos, as substâncias nocivas são acumuladas por grandes períodos. Dessa forma, o uso do solo associado às suas características físicas é o que determina o risco ecológico da área.

Implicações e ações: o uso deste indicador possibilita a identificação correta da fonte de contaminação na área do parque. A existência desse tipo de risco ecológico indica a necessidade de priorização de ações de sensibilização ambiental e demais medidas preventivas e corretivas em relação ao depósito de resíduos, na área do parque e seu entorno.

Medidas e fonte de informação: análises físico-químicas da água, mapa de uso e ocupação do solo, mapa hidrológico, mapa de vegetação, carta pedológica, carta topográfica, imagem de satélite e pesquisa de campo.

Quadro 7: Descrição do indicador de risco ecológico área com solo contaminado.

(46)

a importância da manutenção da qualidade das águas superficiais para a conservação da biodiversidade e uso do recurso pelo ser humano.

Indicador qualidade das águas superficiais

Descrição: o indicador reflete, por meio de análises físico-químicas, a classificação das águas superficiais conforme a qualidade requerida para o uso humano.

Importância: As áreas de preservação permanente e a cobertura do solo protegem as águas superficiais e garantem a manutenção do ecossistema aquático. A contaminação da água, além de causar impacto na fauna e flora do parque e entorno, altera o seu potencial para consumo humano. Solos contaminados e depósitos inadequados de resíduos em áreas sensíveis são as principais fontes de contaminação das águas e representam, dependendo da concentração de poluentes, risco ecológico para o parque.

Interpretação: As águas doces brasileiras são classificadas, de acordo com a Resolução n° 357 do CONAMA, de 17 de março de 2005, em Classe Especial, Classe 1, Classe 2, Classe 3 e Classe 4, conforme as condições e padrões de qualidade. Os limites individuais para cada substância são definidos para cada classe, sendo a Classe Especial caracterizada pela manutenção das condições naturais do corpo d’água e destinadas ao abastecimento para consumo humano e preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e dos ecossistemas aquáticos em unidades de conservação.

Implicações e ações: para contemplar os objetivos conservacionistas dos parques, os gestores devem buscar ações que mantenham as águas superficiais dentro da Classe Especial. Assim, os usos não devem prejudicar sua qualidade e medidas preventivas devem ser priorizadas, bem como a realização de projetos de recuperação de áreas de preservação permanente e eliminação de fontes poluidoras.

Medidas e fontes de informação: análise físico-química das águas superficiais, mapa de uso e ocupação do solo, mapa de vegetação, mapa hidrológico, imagem de satélite, pesquisa de campo.

Quadro 8: Descrição do indicador de risco ecológico qualidade das águas superficiais.

(47)

os parques urbanos não possuem conselho gestor, o que prejudica a discussão de um novo modelo de gestão para essas unidades.

Imagem

Figura 1: Esquema básico da Análise do Risco Ecológico.
Figura 2: Modelo Pressão-Estado-Resposta (PER).
Figura 3: Modelo Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR).
Figura 4: Modelo Força Motriz-Pressão-Estado-Impacto-Resposta (FPEIR).
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