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Área: Economia Regional UMA PERSPECTIVA TEÓRICA SOBRE A INTERDEPENDÊNCIA ENTRE INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL: UM PANORAMA DO CONTEXTO BRASILEIRO

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Academic year: 2023

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Área: Economia Regional

UMA PERSPECTIVA TEÓRICA SOBRE A INTERDEPENDÊNCIA ENTRE INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL: UM PANORAMA DO CONTEXTO BRASILEIRO

Resumo: Este artigo realiza uma revisão de literatura com o intuito de discutir como a urbanização e a inovação se conectam ao desenvolvimento regional. Para tal, buscou-se compreender a relação entre a estrutura urbana e a inovação através de estudos teóricos de destaque da área que contribuíram com o arcabouço sobre a economia urbana e regional, e, sequentemente, com a conceitos relacionados à geografia da inovação, discorrer sobre os spillovers tecnológicos e como estes podem influenciar o processo de urbanização e o desenvolvimento regional. E, por fim, a partir de uma observação de evidências teóricas e empíricas da literatura nacional apresentar sobre as especificidades do processo de inovação e urbanização nas regiões brasileiras.

Palavras-chave: Economia Regional; Inovação; Geografia da Inovação; Desenvolvimento Regional

Abstract: In this paper we seek to carry out a literature review in order to challenge how urbanization and innovation are connected to regional development. To this end, we seek to understand an approach between urban and innovation, through studies of prominent studies and theoretical studies related to the geography of technological innovation, discussing studies related to the geography of technological innovation, discussing concepts related to the geography of innovation and how they can influence the process of urbanization and regional development. And from an observation of theoretical and empirical evidence from the national literature to show the specificities of the innovation and urbanization process in Brazilian regions.

Palavras-chave: Regional Economics; Innovation; Geography of Innovation; Regional Development

JEL: R0; O0; O180.

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INTRODUÇÃO

O debate na literatura sobre o papel da inovação e do desenvolvimento regional é extenso e decorre de anos (JACOBS, 1969; KRUGMAN, 1992; COOKE, 1998). Compreender as especificidades regionais requer esforços significativos sobre as características locais geográficas, sociais e econômicas. Incluir nesse arcabouço o papel das inovações - atreladas ao progresso tecnológico - amplia a complexidade do tema, sobretudo para o Brasil, um país em desenvolvimento, de dimensão continental, diverso regionalmente e que possui políticas de inovação ainda incipientes.

As regiões brasileiras são caracterizadas por um processo de urbanização impulsionado pelo êxodo rural que marcou o desenvolvimento regional de maneira desigual no país, gerando disparidades substanciais entre as regiões, tanto interestaduais – em uma polarização Norte e Sul – como intraestaduais, nas estruturas urbanas nos municípios que compõem os estados.

O progresso tecnológico é um dos impulsionadores para o desenvolvimento urbano e regional, no entanto ele é indissociável do contexto econômico, político, social e geográfico em que se submete localmente, portanto, influencia diretamente nos fluxos informativos que estruturam o sistema de inovação e, por esse aspecto, as desigualdades regionais podem ser aprofundadas, sobretudo em regiões periféricas (DINIZ e GONÇALVEZ, 2005). Frente a isso há um paradoxo: as desigualdades regionais são acentuadas pela ausência de inovações e atividade tecnológica local do mesmo modo que a capacidade de fomento às inovações decorre das próprias desigualdades regionais existentes, uma vez que as regiões não possuem as mesmas condições para ampliar o processo inovativo e expansão tecnológica. Tal fato se desdobra em uma problemática a ser enfrentada através políticas públicas estratégias que consigam incentivar a inovação e, principalmente, fornecer um aparato institucional que permita fortalecer o sistema de conhecimento local, sobretudo nas regiões mais desfavorecidas.

A geografia da inovação tem sido uma área de estudo que fornece um amplo entendimento das especificidades regionais atreladas ao processo inovativo (ASHEIM e GERTLER, 2005;

GERTLER, 2003) e nos permite avaliar as melhores estratégias de políticas nacionais regionais e pode auxiliar no entendimento das disparidades regionais brasileiras e contribuir para o redesenho de políticas assertivas com fim a superar os principais problemas enfrentados.

Diante disto, este artigo tem como principal objetivo fazer um breve survey da literatura teórica e empírica internacional e nacional sobre as especificidades do desenvolvimento urbano e regional atrelado à inovação e ao progresso tecnológico e, a partir disso, entender o panorama em que se encontra o Brasil e suas regiões, a fim de identificar os principais gargalos encontrados e possíveis maneiras de tentar mitigá-los.

Para isso este trabalho foi estruturado em 5 capítulos, contando com esta introdução, a citar: o capítulo 2 que apresenta a relação o desenvolvimento urbano e a inovação em uma perspectiva teórica mais tradicional; o capítulo 3, o qual vai elucidar os principais fundamentos da geografia da inovação; o capítulo 4 expõe uma revisão empírica sobre os trabalhos que avaliaram a relação entre as regiões e a inovação nas regiões brasileiras, com ênfase a entender as desigualdades existentes e os fatores que levaram a isso; e por fim um capítulo de conclusão apresentando o panorama geral do que foi observado.

2 - RELAÇÃO ENTRE ECONOMIA REGIONAL E URBANA E INOVAÇÃO

No que pese as discussões sobre as teorias urbanas e regionais, mais especificamente sobre a organização espacial das atividades das cidades, pode-se destacar o trabalho de modelagem

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seminal desenvolvido pelo economista alemão Johann Von Thunen (1826), com seu modelo criado em princípios do século XIX, o qual buscou compreender as lógicas para a localização de diferentes atividades produtivas agrícolas ao redor de um centro econômico, bem como Alfred Weber (1909) com a teoria do ponto ótimo de localização industrial, August Losch (1939) com a teoria do equilíbrio espacial, entre outros, os quais se destinaram a conceber a relação entre a localização e as atividades econômicas desenvolvidas nas regiões.

Sendo assim, pode-se afirmar que o principal objetivo da economia urbana como ciência é explicar a estrutura interna das cidades, de modo que a relevância da questão urbana no mundo expressa a inevitabilidade da centralidade do fato urbano (CRUZ et al, 2011). Isto acontece porque quando as redes de informação e de articulação da economia capitalista ganham dimensão global, são nas cidades que estão os seus principais espaços de comando (MONTE- MÓR, 2006).

É oportuno mencionar que a “explosão” das cidades sobre o espaço circundante gerou mais que uma sociedade urbana, mas também uma revolução urbana. Esta revolução é expressa no fato de que, junto com a extensão do tecido urbano ao campo, estende-se também aquilo que é mais próprio da cidade; ou seja, o espaço construído, a infraestrutura, as redes de serviços, a legislação, a organização dos mercados de trabalho e de terras, e as relações de produção capitalistas (FELDMAN e FERNANDES, 2007). Nesse sentido, destaca-se o processo de inovação como inerente ao desenvolvimento urbano, ao passo que as cidades são o locus de onde emergem novas culturas, novos costumes, novas modas e novas tecnologias. Portanto, para o desenvolvimento urbano é necessário que haja inovação, ainda assim, ao mesmo tempo cabe a própria cidade, em suas características - população diversa e intensa atividade econômica, por exemplo - favorecer o estabelecimento de processos de inovação, o qual vem sendo acentuado pela globalização.

Uma das primeiras abordagens dentro do escopo da teoria regional e urbana que incluiu, em certa medida, o papel do progresso tecnológico foi o de Perroux (1967), o qual apresentou uma teoria de crescimento regional pautado em uma indústria motriz que, ao gerar encadeamentos para as firmas na cadeia produtiva para trás e para frente, permite beneficiar diversos agentes pertencentes a essas cadeias. Dentro desta lógica, os beneficiários destes encadeamentos tenderiam a se espalhar o mais próximo possível da indústria motriz. A partir deste contexto se origina o conceito de pólos de crescimento e, juntamente, destaca-se o fato de que quanto mais inovadora for a indústria motriz, mais crescimento regional ela gera através dos seus efeitos na cadeia produtiva (SANTOS e CALIARI, 2011).

Apesar dos esforços desenvolvidos por diversos pesquisadores, como os citados acima, foi a partir da década de 1970 que a economia urbana e o planejamento urbano progrediram enquanto ciência, posto a necessidade de planejar e organizar o crescimento das cidades. No entanto, o papel da inovação no desenvolvimento regional não foi objeto relevante neste contexto, apesar da importância que Perroux destacou em sua teoria, o que gerou uma lacuna teórica, principalmente diante das mudanças industriais estabelecidas do avanço de novas tecnologias e das alterações das relações sociais e econômicas entre as regiões propiciada pela globalização. Estas mudanças ampliam a importância do conhecimento e da inovação tecnológica como um instrumento econômico e social importante.

No levantamento realizado por Santos e Caliari (2011), foi destacado que a importância do espaço associado às mudanças tecnológicas ganha destaque diante da ascensão das regiões do Vale do Silício e dos distritos industriais italianos, os quais possuem vantagens comparativas em decorrência da aglomeração industrial combinada com um aparato inovativo e tecnológico crescente. Em consequência, ampliou-se a temática de desenvolvimento regional associado

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aos distritos industriais, parques tecnológicos, cluster etc. que tinham como foco impulsionar a inovação levando em consideração as características de proximidade. E somando-se a isso, a importância de uma estrutura regional – institucional – que sustentasse o aprendizado regional e o transformasse em inovações, uma vez que apenas a aglomeração produtiva não seria suficiente para o progresso tecnológico.

Portanto, surge a necessidade de um desenvolvimento local de ensino e qualificação de mão de obra, como instituições de pesquisa – básica e aplicada – como universidades, órgãos de pesquisa, centros de treinamento tecnológicos, entre outros. Cabe ainda destacar que essa relevância cresce concomitantemente à teoria evolucionária baseada na visão Schumpeteriana, que corrobora tais necessidades. Esse marco incorpora na teoria regional a inovação como mecanismo estratégico para o crescimento e desenvolvimento regional de forma a mitigar os entraves regionais.

A partir do início da década de 1990, dado o contexto supracitado, ganha espaço teorias regionais com base na visão neoschumpeteriana, que destaca o papel da inovação no desenvolvimento econômico com especificidades regionais e, nesse contexto, surge o conceito de Sistemas Regionais de Inovação (COOKE, 1998), incluindo além de aspectos regionais e locais, a relevância da estrutura política, geográfica e social para impulsionar o processo de inovação em uma região.

Wolfe (2015) debate, com base em uma ampla literatura consolidada, de que maneira as cidades se configuram como locais de inovação, criatividade e produção de conhecimento intensivo em bens e serviços e de que forma, paradoxalmente, as tecnologias - de transporte e comunicação - acentuam a concentração disso e do crescimento econômico em determinadas cidades e regiões.

Não há um ponto de convergência na literatura tradicional sobre urbanização e inovação que explique a razão pela qual cidades e regiões conseguem se desenvolver e suas chances de crescimento contínuo tendem a ser mais altas que outras cidades: se é por meio da especialização tecnológica ou por meio de diversificação tecnológica. A visão defendida por Krugman argumenta que a especialização em tecnologias ou técnicas de produção semelhantes – ou ainda especificação setorial – facilita na busca por mão de obra especializada, fornecedores especializados dos insumos e serviços requeridos, e a facilidade de difusão do conhecimento entre as empresas próximas (KRUGMAN, 1992). Já a visão de Jane Jacobs sugere que a diversidade na estrutura econômica de uma região, a partir da dinâmica estabelecida, amplia o potencial inovativo, o crescimento econômico e desenvolvimento local, isso parte do fato de que a fertilização cruzada entre setores estimula novas ideias inovadoras, além disso, há uma competição maior do que em uma economia urbana especializada (JACOBS, 1961).

Estudos mais recentes concordaram que o crescimento econômico urbano impulsionado pela inovação não está diretamente associado à especialização ou diversificação, mas há uma série de fatores que caracterizam o espaço da cidade e que são determinantes. Dentre esses fatores estão o tamanho da cidade, o nível de pesquisa e desenvolvimento, a resiliência da cidade na mobilização dos seus ativos econômicos, a capacidade e atuação de empresas, indústrias e instituições na região para ampliar sua base de conhecimento em busca de crescimento potencial. Além disso, destaca-se que, cidades maiores, as quais possuem diversificação na indústria e sólida base de pesquisa, são os locais, majoritariamente, onde é mais impulsionado o processo criativo e são desenvolvidos novos produtos e indústrias (AUDRETSCH, 2002;

MARTIN E SIMMIE, 2008 e CHRISTOPHERSON et al., 2010; WOLFE, 2015). Conforme ocorre o desenvolvimento dessas novas empresas, elas migram para cidades de médio porte devido à necessidade de especialização a fim de reduzir custos e na maioria das vezes, sobretudo

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para indústrias manufatureiras tradicionais (tal como ocorreu na América do Norte e Europa pós- Guerra).

A articulação entre a produção do espaço urbano e as relações de produção capitalista é uma das formas materiais mais importantes do processo de acumulação (HARVEY, 2008). Acerca disto, a geografia econômica face à economia urbana, mostra como a urbanização tornou-se essencial para o surgimento dos problemas econômicos e para a criação das soluções deste problema. Apesar dos benefícios do desenvolvimento urbano tecnológico, sobretudo para o crescimento econômico, uma questão crítica que permeia esse fato é o jeito como isso ocorre no espaço, a heterogeneidade desses desenvolvimentos entre as regiões contribui para a concentração e dispersão urbana em diferentes setores econômicos e, consequentemente, desigualdades regionais e tecnológicas (VENABLES, 2006).

Apesar desse crescimento e dos interesses capitalistas que impulsionam e norteiam o desenvolvimento de centros urbanos, as cidades devem ser percebidas não como máquinas para se viver, mas sim como organismos, tal como posto na concepção de Sandra Pesavento, em seus escritos sobre a Cidade do Possível e a Cidade do Desejo (1996), que estão em consonância com a visão de Jane Jacobs.

No que toca às teorias urbanas e o planejamento urbano no Brasil, a estrutura da organização espacial das atividades das cidades vem sendo abordada por meio de modelos que foram agrupados no campo da economia urbana e mostram que a urbanização ocorreu de maneira intensa e rápida, reestruturando todo o espaço urbano-regional e com ele, a sociedade e a própria natureza do espaço social e econômico (MONTE-MÓR, 2006).

A reestruturação urbana brasileira se iniciou nas grandes e médias cidades, e particularmente nas metrópoles (Rio de Janeiro e São Paulo), no bojo das transformações da estrutura produtiva ditada pelo tríplice aliança do Estado, com o capital estrangeiro e nacional. Segundo Ojima (2008), pode-se considerar dois fatores como essenciais para a análise do processo de crescimento urbano recente no Brasil: o fator populacional e o padrão de expansão física das ocupações urbanas. Este primeiro representa um desafio em si, mesmo quando exerce um importante peso na expansão da infra-estrutura urbana. Entretanto, quando os fluxos migratórios mudam significativamente, o padrão de ocupação das áreas urbanas muda também, o que pode e deve ser entendido como um fator essencial para que o crescimento das cidades possa se dar com maior ou menor custo social.

O crescimento urbano, ainda segundo Ojima (2008), também pode ser chamado de expansão urbana, ou mesmo de processo de produção do espaço urbano. Este processo tem conduzido a uma série de análises que, ao mesmo tempo, extrapolam as particularidades das cidades da rede urbana brasileira e permitem compreender e aquilatar o sentido e a profundidade das mudanças nos processos e agentes econômicos produtores das cidades.

Essas relações, no interior da estrutura urbana, e os efeitos das transformações produzidas nas esferas socioeconômicas e físico-espaciais se reproduzem, materializando um modelo de desenvolvimento urbano fundamentado na redefinição dos espaços públicos e no aumento da urbanização privada. Por isso, estudar o processo de crescimento urbano das cidades é considerado uma das chaves para a compreensão da configuração urbana (BOTELHO, 2008).

Embora os estudos tocantes à economia urbana possuam em torno de 50 anos de existência, esta ciência analisa as políticas públicas criadas para trazer soluções eficientes para os problemas urbanos. Muitos destes problemas, porém, são de ordem institucional, onde a inovação contribui para a melhoria ou influi para contribuir nas disparidades urbanas e regionais existentes. Outrossim, de acordo com Crocco e Diniz (2006), pode-se destacar os

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seguintes pontos a respeito da teoria da economia urbana: i) as mudanças das forças organizadoras do espaço e as novas características da centralidade urbana, à luz do processo de globalização, metropolização e reconfiguração dos espaços; ii) o papel do capital social no desenvolvimento das regiões ou localidades, com destaque para os exemplos de “novos distritos industriais” e a possibilidade de seu desenvolvimento em outras regiões; iii) o papel da inovação ou das mudanças tecnológicas e das diferentes composições institucionais de sua organização para explicar o surgimento e a expansão de novas áreas industriais baseadas em indústrias de alta tecnologia ou de novas formas de organização e aglomeração produtiva.

Acerca disto, reconhece-se que a produção do espaço urbano, de maneira geral, é orientada por diversos fatores e agentes que realizam suas práticas socioespaciais a partir de iniciativas especulativas, próprias da produção imobiliária, das decisões de interesses políticos e/ou econômicos do poder público, do potencial de expansão da área urbana e também na estruturação de aglomerados industriais inovadores. Nesse sentido, é necessário compreender como o progresso tecnológico impacta na expansão urbana, e assim, entender como as estruturas urbanas vigentes influenciam no cenário de investimentos em inovação e tecnologia nas regiões no Brasil.

No caso brasileiro, o desenvolvimento econômico local passa a ser discutido amplamente a partir dos anos 1990, fruto de um contexto de maior autonomia das gestões locais e de transformações socioeconômicas do final do século XX. Em meio aos programas e a ações públicas com essa finalidade, a economia urbana emerge como um elemento fundamental, dada a consolidação do movimento de êxodo rural, onde a partir de então a população urbana passou a ser maior que a rural. A vista disto, tem-se então elementos para que a gestão urbana e regional caminhe na busca da superação de procedimentos tradicionais, contribuindo para a consecução de novos métodos e processos para soluções locais (PANISSON, 2021). Destarte, um ponto de partida que ajudará a compreender tal arcabouço teórico é estudado pela Geografia da Inovação, a qual será mais bem apresentada na seção a seguir.

3 - A GEOGRAFIA DA INOVAÇÃO

A geografia da inovação é um tema recente e atual na literatura sobre inovação e espacialidade que está no cerne do que tem sido discutido no escopo deste artigo: a relação entre o desenvolvimento regional e a inovação. Esta abordagem considera que a aproximação dos agentes espacialmente tem influência em maiores conhecimentos interativos e, consequentemente, na inovação local. O fato das firmas e instituições estarem fisicamente próximas contribuem para a troca de informações, ao passo que a inovação se baseia cada vez mais nas interações e fluxos de conhecimento entre empresas, organizações de pesquisa e órgãos públicos (ASHEIM e GERTLER, 2005), sobretudo ao conhecimento tácito. Os conhecimentos tácitos são as experiências e ideias que não são expressas de maneira implícita, sendo a localização próxima um facilitador para as trocas de conhecimentos, posto que o aprendizado decorre da interação, sobretudo pelo face to face (LUNDVALL e JOHNSON, 1994).

Revisando a terminologia de conhecimento tácito, Gertler (2003) discute os problemas relacionados a este termo com o intuito de compreender melhor o seu significado. Observando que a concentração espacial das inovações pode estar relacionada não apenas à transmissão de conhecimentos tácitos, mas ao fato de a proximidade possibilitar maiores oportunidades de compartilhamento de informação e agilidade desta transmissão.

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Garcia (2021) destaca que o conhecimento no contexto da relação entre espacialidade e compartilhamento de informações através de conhecimento possui dois elementos: o conhecimento codificado, que é aquele repassado para os indivíduos e empresas por meio de blueprints1; e, distinto deste primeiro, o conhecimento tácito, que não é repassado por meio de métodos e codificações, este se encontra implícito no contexto social e nas rotinas das empresas.

Assim, enquanto o conhecimento codificado é transmitido independente da espacialidade, o tácito necessita do contato dos indivíduos e empresas para a troca de conhecimentos (GERTLER, 2003). Sendo de grande importância o espaço para esta troca de informações, visto que a concentração de empresas em regiões próximas tende a facilitar a transmissão de conhecimentos tácitos e as inovações. Demonstrando assim que a geografia da inovação representa significativo papel no desenvolvimento inovador e regional.

De modo implícito, situar indústrias próximas espacialmente a outras que são inovadoras proporciona ganhos através do conhecimento compartilhado no espaço comum e leva regiões se tornarem pólos inovadores, que atraem mais indústrias e, portanto, aumento dos seus investimentos. Entretanto, Garcia (2021) destaca a necessidade de relacionamentos anteriores entre os agentes, sendo de suma importância a acumulação de experiências através do compartilhamento do mesmo espaço e contexto social entre as indústrias para a fluidez dos conhecimentos tácitos.

A interação decorrente da proximidade física possibilita aos agentes econômicos engendrar inter-relações e transmissão do conhecimento tácito (GERTLER, 2003). A vista disto, os aglomerados industriais tendem a facilitar a circulação de informações, levando ao crescimento das inovações nestes espaços e contribuindo para o desenvolvimento do espaço urbano e regional, não apenas das indústrias.

Os Sistemas Locais de Produção (SLP) são conhecidos também como clusters ou, em alguns casos, como Arranjos Produtivos Locais (APL’s). Estes vêm conquistando espaço no debate sobre a geografia da inovação, na medida que estudiosos observaram os resultados produtivos dos aglomerados industriais, como o Vale do Silício e distritos industriais da Itália. A ideia é que existem vantagens competitivas no fato dos agentes industriais inserirem indústrias em polos industriais, compartilhando o espaço físico e o mesmo segmento industrial (GARCIA, 2006).

Definir os SLP não é tarefa trivial, nem isenta de controvérsias, pois tal sistema pode ter variadas características conforme sua história, evolução, organização institucional, e contextos sociais e culturais nos quais estão inseridos. Uma tentativa de definição bastante utilizada é dada pela Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (Redesist), coordenada pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo o Redesist, os SLP e inovação “referem-se a aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, que apresentam vínculos consistentes de articulação, interação, cooperação e aprendizagem”2. Além do mais, procurando levar em conta sistemas locais ainda não inteiramente constituídos, a Redesist adota o conceito auxiliar de APLs para

1 O Blueprint é uma ferramenta que mapeia interações de prestações de serviços em geral e te ajuda a padronizá- las, ou a encontrar os gaps dos seus concorrentes e criar propostas de valor mais atraentes para o mercado. Além de ser utilizado no desenvolvimento regional, ele também é muito utilizado no campo do desenvolvimento sustentável.

2 Estes aglomerados não incluem apenas empresas, mas também produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes etc. e suas variadas formas de representação e associação. Basta que esta instituição, seja ela pública ou privada, voltem suas atenções para a formação e treinamento de recursos humanos, desenvolvimento, pesquisa, engenharia, promoção e financiamento.

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denominar Aglomerações Produtivas Locais cujas articulações entre os agentes locais não são suficientemente desenvolvidas para serem caracterizadas como sistemas (SUZIGAN et al., 2003).

Ainda sobre os SLP, é oportuno mencionar que o relacionamento entre os agentes ocorre de duas maneiras: horizontal e vertical. A relação horizontal é proveniente de uma rede de indústrias que possuem o mesmo segmento; enquanto a relação vertical ocorre entre empresas que realizam atividades que são complementares para a produção destas, como produtores, distribuidores e fornecedores. Cumpre destacar que a referida primeira dimensão apresenta maior contribuição com o poder inovativo, pois a existência de concorrência entre os agentes do mesmo nicho leva à necessidade de inovar para conseguir maior parcela do mercado e vantagem frente aos concorrentes. Enquanto a segunda cria elos de relação entre agentes que colaboram mutuamente, possibilitando o compartilhamento de informações de modo direto (PORTER, 1998).

A interação entre aglomerados industriais espacialmente contribui para a criação de conhecimentos entre estes, o que é denominado na literatura como buzz. Este termo é utilizado para remeter a um zumbido, que ocorre quando as empresas se encontram situadas localmente próximas e acabam espalhando, mesmo que indiretamente, informações e conhecimentos para os agentes do agrupamento que se encontram, denominando local buzz. Essas trocas de informações possibilitam a criação de novas inovações no aglomerado, visto que as empresas dissipam as informações entre si e absorvem os conhecimentos tácitos proporcionado pela proximidade local através das relações sociais (SILVA, BRANDÃO, GUERRAZZI, 2019).

Apesar de muitas vantagens, a relação apenas local possui limitações, sendo necessária a absorção de conhecimentos externos. Canais de comunicação com agentes exteriores ao aglomerado espacial, com o intuito de obter conhecimentos tecnológicos e mercadológicos, são denominados pipelines, que possibilitam expandir as conexões entre os agentes internos e externos realizando uma troca positiva de informações que podem ser viabilizadas através de feiras e projetos, por exemplo (BATHELT et al., 2004).

Portanto, pode-se considerar a geografia da inovação como um fator importante para o desenvolvimento regional dos espaços que possuem complexos industriais e SLP, que leva em consideração o fato de que a existência das indústrias inovadoras criam a necessidade de fornecedores próximos, mão de obra qualificada na região, e, por sua vez, estes fatores impulsionam incentivos para a criação de serviços e comércios na região, com o intuito de contemplar não apenas as indústrias inseridas neste espaço, mas também os indivíduos que estão relacionados a estas. A partir disso, cria relacionamentos horizontais e verticais, relações locais buzz e pipelines, que geram a expansão do conhecimento dentro e entre os clusters, expandindo também a espacialidade em que as indústrias se encontram inseridas, gerando vantagens positivas para os agentes se posicionarem estrategicamente próximos aos semelhantes, com o intuito de crescer as redes de relações diretas e indiretas.

Além disto, faz-se necessário destacar também a importância das universidades para o desenvolvimento local na economia do conhecimento, posto que estas são elementos centrais da infraestrutura intelectual de uma região. Outras externalidades positivas face à presença das universidades se dá pelo desenvolvimento do território, ao passo que algumas regiões adotaram políticas que vinculam as universidades ao desenvolvimento econômico regional, por meio dos impactos da pesquisa acadêmica, “a partir dos avanços tecnológicos utilizados pelas empresas, pelo recrutamento de graduados que se inserem no mercado de trabalho regional e o papel ativo das universidades na definição da agenda de desenvolvimento econômico regional”

(NASCIMENTO, 2020, p.26 e 27). Ademais, as universidades são um importante gerador de

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spillovers de conhecimento sobre a indústria ao formar profissionais e por meio de pesquisas em ciência básica e aplicada (JAFFE, 1989), o que nos leva a destacar a importância também de centros de pesquisa em P&D - públicos e privados - e agências de fomento locais (NELSON e ROSENBERG, 1993).

No caso do Brasil, porém, as construções iniciais de um sistema de inovação mais robusto estão associadas à implantação da pós-graduação, passando pela criação de fundos especiais para o financiamento da pesquisa, entre outras ações. Todavia, a pós-graduação brasileira só ganhou impulso a partir dos anos 1970, quando então houve política de bolsas para mestrados e doutorados no exterior. Não obstante, uma mudança singular ocorreu em 2005, quando sucedeu uma disponibilização inédita de um conjunto de instrumentos de apoio à inovação nas empresas, bem como de algumas instituições para ajudar nesse movimento. A partir de então o país passou a contar com lei de incentivo fiscal à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) nas empresas, semelhante à dos principais países do mundo (SALERNO e KUBOTA, 2008).

Apesar desses esforços, o cenário atual da ciência e tecnologia no Brasil é desfavorável. De acordo com dados mais recentes do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, constata- se que houve uma redução dos dispêndios em P&D para o ano de 2016, 2017 e 2018 comparativamente ao ano de 2015. Além disso, De Negri (2021), mostra, a partir dos dados orçamentários do Sistema de Planejamento e Orçamento (SIOP), que os repasses orçamentários relativos às funções de C&T desde 2013 vêm decrescendo - os investimentos em termos reais vêm caindo - com uma queda acumulada de 37%. Os órgãos executores mais impactados foram o MCTI e o Ministério da Educação (MEC), com queda de 52% e 50%, respectivamente. Nessa mesma direção, foi constatado que a soma dos gastos do CNPq e FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para o ano de 2020 são inferiores ao ano 2000 e a CAPES está com o mesmo montante de gastos que em 2011. O contexto pandêmico atual, por sua vez, acentua a restrição fiscal e, consequentemente, os gastos destinados à ciência e tecnologia. Isto quer dizer que a pandemia traz a necessidade de maiores incentivos em P&D no seu enfrentamento.

A teoria aqui exposta considera que o processo de inovação é indissociável do contexto econômico, político, social e geográfico em que se submete localmente, portanto, o contexto sócio regional influencia diretamente nos fluxos informativos que estruturam o sistema de inovação (COOKE, 1998). E por esse aspecto as desigualdades regionais podem ser aprofundadas, sobretudo em regiões periféricas (DINIZ e GONÇALVEZ, 2005). As desigualdades existentes mostram que há concentração de renda, de acumulação de capital e, desse modo, são regiões que detém o conhecimento técnico científico por meio de um aparato institucional de P&D e tecnologia.

À vista disso, é importante destacar que as desigualdades regionais são acentuadas pela ausência de inovações e atividade tecnológica local e, paradoxalmente, a capacidade de fomento às inovações decorre das próprias desigualdades existentes, uma vez que as regiões não possuem as mesmas condições para ampliar o processo inovativo e expansão tecnológica. Tal fato, porém, configura-se como um dos problemas a serem enfrentados por meio de políticas públicas estratégias que consigam incentivar a inovação e, principalmente, fornecer um aparato institucional que seja capaz de fortalecer o sistema de conhecimento local, sobretudo nas regiões mais desfavorecidas.

Neste sentido, uma estrutura de apoio à inovação regionalmente estratégica pode atuar como um instrumento de redução às disparidades regionais por meio do desenvolvimento tecnológico. Ademais, fatores como infraestrutura urbana, acessibilidade, telecomunicações,

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estrutura de serviços são instrumentos basilares ao sustento à atividade inovativa (SANTOS E CALIARI, 2011) e para entender isso é necessário analisar as especificidades locais.

4 - EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS SOBRE A INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL NAS REGIÕES BRASILEIRAS

A literatura nacional empírica realizou avanços no tocante às análises sobre como as inovações se distribuem nas regiões do Brasil atentando-se às desigualdades, contribuindo sobremaneira para entender o contexto no qual se inserem o Brasil em termos de disparidades regionais relacionadas ao processo inovativo.

Simões et al. (2005) procuraram compreender a geografia da inovação através da exploração dos dados da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC) sobre os gastos com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e da distribuição setorial no país. Destacando a concentração nos estados das regiões Sul e Sudeste são os que apresentam maior presença dos setores mais intensivos em tecnologia, ou seja, com maiores atividades inovativas. Esses estados, por sua vez, são os que possuem uma infraestrutura mais favorável ao desenvolvimento das atividades inovadoras, e um dos fatos que possa justificar isso é a presença de economias de aglomeração. Contudo, eles evidenciam o fato de não ocorrer equivalência entre o nível de atividade econômica e as dimensões dos setores inovativos, podendo as atividades desempenhadas apresentarem baixo teor tecnológico, como é o exemplo de Minas Gerais, que no período analisado por eles, tinha um terceiro maior PIB, mas era o sexto em produção de inovação, enquanto o Rio Grande do Sul, era o segundo na produção de inovação, pois concentra indústrias dinâmicas e com altos transbordamentos. Os autores sugerem que políticas voltadas para o desenvolvimento tecnológico geográfico se tornam necessárias para aumentar a eficiência das inovações nas estruturas urbanas.

Em período próximo, Gonçalves (2007) realizou uma Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) sobre patentes para analisar as distribuições de inovação nas microrregiões brasileiras.

Os resultados indicaram que há uma autocorrelação espacial positiva em relação às distribuições de patentes. A heterogeneidade encontrada salienta que há uma polarização Norte- Sul no Brasil em relação às atividades tecnológicas, indicando que as macrorregiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são “vazias e estagnadas” diante das potencialidades para gerar atividade produtiva intensiva em conhecimento; conquanto Sul e Sudeste possuem padrões espaciais de inovação em decorrência de aglomerações espaciais em São Paulo, Porto Alegre e de Curitiba, que juntas compõem um polígono restrito e descontínuo. Um dos fatores que determinam essas desigualdades são características da região que dificultam o processo de difusão dos transbordamentos de conhecimento, a citar: ausência de alto grau de escolaridade da população adulta; ausência de pesquisadores com doutorados; falta de mão de obra que atue em área de formação tecnológica; baixa industrialização e escassez de diversidade industrial e tecnológica.

De modo similar, Gonçalves e Fajardo (2011), através da análise de patentes registradas no Brasil entre 1999 e 2001 nas mesorregiões geográficas e como uso de AEDE e de econometria espacial, avaliaram a influência da proximidade geográfica e proximidade tecnológica nas inovações nas regiões. A partir deste estudo foram localizadas em poucas mesorregiões a concentração de atividades tecnológicas. Os clusters tecnológicos, a partir dos dados de patente, basearam-se em critérios de proximidade cognitiva e biofarmacêutico, desenvolvimento de novos materiais, tecnologias eletrônicas, bens mecânicos e de consumo, os quais apontaram que poucas regiões brasileiras têm concentração da atividade tecnológica.

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Tal como nos demais trabalho, há evidências de polarização nas regiões já destacadas e que a densidade de empregos (indicando economias de aglomeração) e a capacidade que as universidades possuem em realizar P&D são fatores que influem sobre a atividade tecnológica nas regiões brasileiras. Além disso, este estudo confirmou a hipótese de existência de transbordamento de conhecimentos visto a proximidade geográfica como também a similaridade tecnológica nas regiões e que, como consequência desses transbordamentos, impactam as inovações existentes entre elas. No mais, os resultados mostram que a inovação em uma determinada mesorregião tem influência positiva diante das atividades tecnológicas das suas vizinhas. Esses resultados são similares aos que já haviam sido encontrados por Freitas, Gonçalves e Montenegro (2010), que descobriram evidências de convergência espacial, apesar de pequena, do aumento das patentes. Portanto, há efeito transbordamento, que a localização espacial dos polos inovativos representa para as demais atividades realizadas no entorno da região.

A partir de uma Análise de Componentes Principais e da aplicação de painel econométrico, Montenegro, Diniz e Simões (2014), verificaram para o período de 2000 a 2010 como a atividade de ciência e tecnologia estaduais podem ser explicadas pelas externalidades de diversificação e espacialização, pelas desigualdades regionais e pela qualificação da mão de obra. Eles desenvolveram um indicador de esforço de desenvolvimento tecnológico estadual.

Os resultados corroboram a hipótese que há no Brasil uma dinâmica inovativa desigual e diversificada entre as regiões. Além disso, o indicador de C&T entre os estados condiz com a visão de que a capacidade dos governos estaduais em investir em C&T precisa estar alinhada com políticas de desenvolvimento regional e em um aparato de infraestrutura em C&T mais solidificada, com ênfase na qualificação da mão de obra. Outrossim, destaca-se a importância em ampliar o nível de escolaridade – nível médio especializado e ensino superior – para ampliar o fluxo de conhecimento. Um resultado relevante deste trabalho é que nas regiões estaduais brasileiras as externalidades de diversificação possuem maiores influências do que as de especialização em relação à capacidade do desenvolvimento do conhecimento científico, estando em consonância com as hipóteses de Jane Jacobs.

Indo para abrangência regional menor, alguns trabalhos analisaram municípios de determinadas regiões. Gonçalves (2006) objetivou a compreender a relação de desenvolvimento regional e inovação nos municípios de Minas Gerais, ele utilizou os dados do INPI e os métodos de AEDE, Análise Fatorial e econometria. Os resultados indicaram que a atividade tecnológica mineira é espacialmente concentrada, sobretudo ao redor da região metropolitana de Belo Horizonte – essa região possui potencial econômico e tecnológico relevante ao gerar transbordamentos de conhecimento entre os municípios, além de, possivelmente, complementar a atividade produtiva entre eles.

Um dos fatos encontrados por Gonçalves (2006) que explica a distribuição espacial desigual da inovação é a estrutura urbana – especialmente as economias de urbanização - pois a maioria das cidades não possui escala urbana e requisitos necessários à inovação. Ou seja, há a predominância de pequenos municípios que possuem um mercado consumidor reduzido, infraestrutura urbana incipiente, baixa taxa de escolaridade de nível superior, baixo grau de industrialização e de diversificação industrial, concentração empresarial e pouco dinamismo e ausência de infraestrutura científica. Esse fato põe limitações no processo de desconcentração no desenvolvimento tecnológico – tanto para superar as disparidades intra estaduais, como interestaduais – uma vez que a estrutura urbana é mais desequilibrada entre os municípios mineiros do que em outros estados, como os da região Sul e São Paulo. Um ponto a se destacar é que os resultados indicaram que a capacidade de realizar pesquisas universitárias em determinadas regiões não influenciaram no processo de inovação daquela região, fato que

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indica que o tecido industrial local não está usufruindo da infraestrutura universitária disponível, diante disso se destaca a importância da relação universidade-empresa como fomentador do desenvolvimento regional.

Para mitigar esses gargalos, o autor propõe uma estratégia de política, que pode ser estendida para regiões que possuem uma estrutura estadual de desenvolvimento urbano similar ao de Minas Gerais. A proposta é a integração entre as políticas tecnológicas de inovação e urbana, com estímulo à inovação nas indústrias locais por meio de incentivos fiscais para investimentos em P&D, como isenção tributária ou financiamento de capital de risco, e com suporte às iniciativas locais, estimulando o surgimento e desenvolvimentos de incubadoras e parques tecnológicos. Além de estímulos ao desenvolvimento urbano local por meio de investimento em infraestrutura urbana em que pese energia, saneamento básico, habitação, transporte.

Montenegro, Gonçalves e Almeida (2011) desenvolveram uma análise específica para o estado de São Paulo, mas não para os municípios e sim para 63 microrregiões para o período de 1996 a 2003 e tiveram como objetivo compreender os determinantes da atividade inovativa nessas regiões, enfatizando os impactos das especializações e diversificações produtivas. Para isso, eles utilizaram o método de painel espacial dinâmico. Os resultados indicaram que a escolaridade e a inércia temporal da inovação, ou seja, eventos passados exercem influência sobre as inovações atuais assim como o aprendizado e o progresso tecnológico futuro, afetam positivamente as atividades inovadoras. Além disso, tanto a diversificação como a especialização produtiva se mostram positivamente correlacionadas com o fomento da inovação. Sendo assim, ao menos para as regiões paulistas, as ideias de Jacob e Krugman não são excludentes. Desse modo os autores sugerem algumas adoções de política pública, tal como o fortalecimento de ambas as estruturas produtivas – especializadas ou diversificadas – assim como integrar as políticas industriais com as políticas tecnológicas. Outra estratégia é fomentar a educação para que se amplie o grau de escolaridade da população e eleve a taxa de inovação regional. A dependência temporal da inovação revela que as mudanças em termos de concentração regional das inovações em São Paulo possuem uma característica estrutural que dificulta sua mudança, portanto, políticas precisam ser destinadas para ampliar a taxa de inovação das regiões menos inovadoras.

Diante do fato observado no Brasil - das disparidades de inovação nas regiões do Brasil comparadas com as do estado de São Paulo - Montenegro, Gonçalves e Almeida (2011) aproveitam das conclusões encontradas e sugerem políticas regionais que visem mitigar as discrepâncias. Eles apontam que para que o crescimento e fortalecimento de novas aglomerações produtivas inovadoras para além das fronteiras paulistas é necessário investimentos públicos direcionados ao aumento de economias de aglomeração em regiões periféricas. Ou seja, é necessário criar externalidades favoráveis à inovação de modo similar às que existem nas regiões mais desenvolvidas. As políticas industriais e regionais deveriam, em conjunto, criar condições para atrair capital às regiões periféricas não industrializadas, com estímulo principalmente às empresas inovadoras.

Em um estudo mais recente sobre os transbordamentos regionais para o Brasil, Santos e Mendes (2021) tiveram como objetivo avaliar a influência dos spillovers de conhecimento na produção tecnológica nas regiões brasileiras. Eles utilizaram um painel espacial de efeitos aleatórios para os dados de 2010 e 2015 para 5565 municípios. Os resultados encontrados indicam que os municípios usufruem de transbordamentos do conhecimento tecnológico produzido pelas regiões vizinhas e que esses spillovers são importantes para a inovação. Contudo, estes acontecimentos são restritos às determinadas áreas, concentrando o crescimento da inovação em regiões mais ricas e desenvolvidas e, por conseguinte, de investimentos externos para estas localidades pontuais, reforçando as desigualdades regionais no sistema de inovação brasileiro.

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Portanto, a estrutura espacial do sistema de inovação da forma que se configura atualmente, cria uma tendência às barreiras à difusão do conhecimento nas áreas mais ricas do país e, desse modo, os municípios mais desenvolvidos se tornam mais atrativos para receber investimentos inovativos, concentrando a inovação e o crescimento econômico. A sugestão dos autores é que haja políticas públicas que possibilitem incentivos e investimentos em municípios com menor capacidade produtiva, o que permitirá alterar a dinâmica geográfica de criação e difusão de tecnologia no Brasil. Mais especificamente, é necessário construir e fortalecer a infraestrutura de CT&I nas regiões menos desenvolvidas e incentivar atividades produtivas locais.

Em síntese, os trabalhos empíricos, em consenso, mostraram que há nas regiões brasileiras - seja nas macrorregiões, microrregiões ou municípios - disparidades regionais em termos de ciência, tecnologia e inovação. Os estudos indicam que os transbordamentos tecnológicos são importantes para o desenvolvimento de inovação nas regiões, mas há características regionais que dificultam a absorção desses spillovers e amplificam as disparidades regionais, as características apresentadas são: ausência de um aparato institucional de CT&I; baixa qualificação da mão de obra; baixa industrialização; e uma infraestrutura urbana incipiente.

Dessarte, é unânime a necessidade de políticas voltadas ao desenvolvimento tecnológico e geográfico, de maneira a integrar as políticas tecnológicas de inovação e urbana, com destaque às políticas de incentivo à CT&I que perpassam pela qualificação de mão de obra, desenvolvimento de pesquisa local, mediante às universidades e órgãos de pesquisa para ampliar à P&D e que estejam em consonâncias com as políticas industriais.

5 - CONCLUSÃO

Este artigo teve como objetivo fazer um Survey da literatura nacional e internacional sobre o debate entre o desenvolvimento regional e a inovação. Os desenvolvimentos urbanos e as mudanças industriais e tecnológicas a partir das décadas de 1970 trouxeram a necessidade de teorias que explicassem as transformações ocorridas, com a finalidade de compreender e auxiliar nos gargalos que surgiram, sobretudo às disparidades regionais e econômicas que foram ampliadas. Neste sentido, incorporou–se na teoria regional a inovação e o progresso tecnológico impactando o desenvolvimento regional, bem como a estrutura regional influenciando na inovação e no progresso lógico, como é o caso dos trabalhos de Jane Jacobs, Krugman, Cooke, entre outros, impulsionado, principalmente, pela teoria evolucionária.

Nessa direção, a geografia da inovação é configurada como uma área de estudo recente sobre inovação e as relações regionais que se desenvolveu a partir dessas teorias consolidadas e que cumpre um papel importante no entendimento das disparidades vigentes. Esta abordagem considera que proximidade espacial dos agentes espacialmente influencia no processo de inovação por meio de conhecimentos interativos. O fato das firmas e instituições estarem fisicamente próximas contribuem para a troca de informações, ao passo que a inovação se baseia cada vez mais nas interações e fluxos de conhecimento entre empresas, organizações de pesquisa e órgãos públicos (ASHEIM e GERTLER, 2005), sobretudo ao conhecimento tácito, sendo a localização próxima um facilitador para as trocas de conhecimentos, posto que o aprendizado decorre da interação.

Essa abordagem discute a importância dos complexos industriais e SLP para o desenvolvimento local, considerando que a existência das indústrias inovadoras estimula a necessidade de fornecedores próximos, mão de obra qualificada na região, e, consequentemente, estes fatores impulsionam incentivos para a criação de serviços e comércios na região, com o intuito de contemplar não apenas às indústrias inseridas neste espaço, mas também os indivíduos que estão relacionados a estas. Dado que uma das principais formas de interação local para estímulo

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da inovação é por meio do conhecimento e seu transbordamento, um ponto basilar da geografia da inovação é a importância da infraestrutura associada à P&D e qualificação de mão de obra, com destaque às universidades e órgãos de pesquisa.

A partir do arcabouço teórico estabelecido, diversos trabalhos na literatura nacional analisaram empiricamente como as inovações se configuram espacialmente e sua relação com o desenvolvimento regional. No Brasil, conforme observado neste artigo, há um consenso sobre disparidades acentuadas entre as regiões no que tange ao seu desenvolvimento inovativo e tecnológico, sobretudo entre as regiões sul e norte, que possuem uma polarização. As disparidades regionais existentes influenciam nas capacidades de absorção dos transbordamentos de conhecimento que são fundamentais no processo de inovação. As características industriais (o dinamismo das indústrias e o grau tecnológico); a estrutura urbana (mercado consumidor reduzido, infraestrutura urbana incipiente, transporte e concentração empresarial); e fatores relacionados à taxa de escolaridade, qualificação de mão de obra e infraestrutura científica influenciam diretamente nos spillovers necessários à inovação.

Os trabalhos empíricos sugerem que as políticas públicas sejam destinadas ao desenvolvimento tecnológico e geográfico, integrando as políticas tecnológicas de inovação e o ambiente urbano.

Para isso é necessário a criação de estruturas urbanas combinada com as políticas industriais, com amplo destaque às políticas de incentivo à CT&I, que perpassam pela qualificação de mão de obra, desenvolvimento de pesquisa local, por meio de universidades e órgãos de pesquisa para ampliar a P&D e estejam em consonâncias com as políticas industriais.

Apesar das disparidades regionais persistentes e da necessidade de políticas de inovação – sobretudo àquelas atreladas à CT&I e P&D – o cenário nacional ainda é incipiente, como destacado no capítulo 3, sobre os gastos de inovação no Brasil nos últimos anos. A atuação pública ao incentivo direto e indireto ao progresso tecnológico foi reduzido drasticamente, o qual, juntamente com a crise do COVID-19, amplifica os desestímulos aos investimentos inovativos. Um problema que já era persistente nas últimas duas décadas, como apresentado na literatura empírica, pode ser ainda mais acentuado pela ausência de uma política nacional de inovação que se atente para as especificidades regionais.

Esta preocupação cria espaço para avaliações sobre os impactos das políticas vigentes sobre o desenvolvimento regional tecnológico no Brasil. Além disso, é necessário auxiliar no redesenho dessas políticas, e para isso é importante olhar para casos de sucesso de políticas de inovação regionais direcionadas ao redor do mundo que auxiliaram a reduzir as disparidades regionais ao mesmo tempo que ampliou o desenvolvimento regional.

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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