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Pequeno ensaio sobre as possibilidades de aplicação do planejamento estratégico à Administração Pública Brasileira :: Brapci ::

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A

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

FORMAÇÃO

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

DOS

PROFISSIONAIS

DE

ARQUIVO*

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Marilena Leite PaeP

*

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Resumo

Análise crítica sobre o ensino

da Arquivologia

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

no Brasil a

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

nível de

2." e 3.".graus.

Já há algum tempo os meios de

comunicação,

especialmente

os

jornais, a televisão e até mesmo

alguns periódicos de grande cir-

culação, vêm dedicando apreciável

parcela de seu espaço aos assuntos

relacionados com a

memória

nacio-

nal,

expressac pomposa que obte-

ve a aceitação não apenas de pes-

quisadores, estudiosos e intelec-

tuais, como também da população

em geral.

Logo surgiram adjetivaçóes tais

como memória musical, memória

do

teatro, memória do cinema, etc.

para designar os mais variados

gê-

neros

documentais,

incluindo-se

desde papéis, livros, partituras

musicais, peças literárias, fotogra-

fias, filmes, discos, fitas magnéti-

cas

e

objetos, até monumentos e

lugares históricos.

Em decorrência desse interesse,

vêm sendo criados programas es-

peciais (Promemus, Projeto Me-

mória), assinados convêntos, pro-

movidos seminários e atividades

similares, fazendo-se crer num

sú-

bito despertar de nacionalidade,

de valorização do passado e de

busca de nossas raízes. Entretan-

to. se esaniinarmos em profundi-

dade

o

fenomeno

nieuru'rin

trnrio-

nal.

verificaremos. sem surpresa,

I

~

* Extraído de Arquivo:

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

8. Hist. e I n f . . São Paulo. 2 ~ i ) : í - 1 1 .

jan./abr. 1981.

* * Chefe do Arquivo Central da Fundação Getulio Varpas.

que apesar de uma maior conscien-

tizacão quanto as nossas tradições,

e bens culturais, não

por parte

das autoridades e pesquisadores,

como também de toda a comuni-

dade, muito pouco se tem feito

para salvar e preservar, de fato e

de direito,

os

repositórios dessa

memória.

Nossos arquivos, bibliotecas e

museus sobrevivem gracas

2

dedi-

cação de seus poucos colaborado-

res.

Face

às

peculiaridades de seus

acervos,

são os

arquivos, entretan-

to,

os

que mais carecem da aten-

ção

de todos. Mais que atenção,

carecem de recursos financeiros

suficientes para dotá-los d e insta-

lações e equipamentos que garan-

tam a salvaguarda dos documen-

tos e, acima de tudo, de recursos

humanos, em quantidade e quali-

dade suficientes para dar

2

do-

cumentação acumulada nos ricos

acervos brasileiros tratamento ade-

quado, a fim de que possam ser

devidamente utilizados como fonte

primária da informação.

Nesse ponto, entramos no âma-

go da problemática arquivística de

nosso país: a formação de profis-

sionais de arquivo.

As

falhas da educação no Brasil,

sobejamente conhecidas de todos,

tais como ineficiência 'dos cursos

de graduação, proliferação de cur-

sos

de pós-graduação em algumas

áreas e carência em outras, ausên-

cia de cursos profissionalizantes

condizerites com as necessidades

do mercado de trabalho, qualida-

de de ensino discutível, gratuidade

d o ensino universitário, etc., jun-

tam-se aquelas que atingem dire-

tamente

os

profissionais de

ar-

quivo.

A história dos cursos de forma-

ção e aperfeiçoamento de pessoal

de arquivo tem início com a

cria-

ção,

pelo Decreto

n.0

15.596, de

2 de agosto de 1922, dos cursos

técnicos, destinados a habilitar

os

candidatos aos cargos de amanuen-

se do Arquivo Nacional e da

Bi-

blioteca Nacional, bem como ao

de terceiro oficial do Museu His-

tórico Nacional, muito embora da-

tem de 191 1 as primeiras referên-

cias conhecidas sobre cursos espe-

cializados do Arquivo Nacional,

quando, pelo Decreto n.' 9.197, de

9 de~fevereiro,

se instituía

o

Curso

de Diplomática.

Em

1930,

Alcides Bezerra, eru-

dito de extraordinária visão histó-

rica, Diretor do Arquivo Nacional

e responsável pela assinatura

do

Decreto n.' 15.596, visando dotar

o órgão de um corpo de competen-

tes arquivistas, propôs que

os

cur-

sos

fossem incorporados

h

Univer-

sidade do Rio de Janeiro, então

em face de projeto.

Em 1932, sugeriu a criação au-

tônoma do curso técnico de arqui-

vo, uma vez que a Biblioteca Na-

cional e

o

Museu Histórico ha-

viam criado cursos próprios e in-

dependentes. Alcides Bezerra en-

tendia que jamais se devia perder

de vista

''O

caráter superior do

curso técnico, que pressupõe nos

candidatos conhecimentos de vá-

rias matérias do curso

de

humani-

dades".

A despeito das inúmeras lutas

que travou para alcançar tais

ob-

jetivos, seus esforços restaram

inú-

(6)

mantivesse cursos episódicos de

especialização.

Após longo período de estagna-

ção, por ocasião da reforma regi-

mental de

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1958,

passam

os

cursos

de especialização do Arquivo Na-

cional a funcionar em caráter re-

gular.

Porém, somente a partir de

1960,

os cursos começam a ser

realizados sob a denominação de

Curso Permanente de Arquivo,

com duração de dois anos.

Por intermédio do Parecer n o

212,

de

7

de março

de

1972,

do

Conselho Federal de Educacão,

que autorizou a criação

dos cur-

sos

de Arquivologia em nívei su-

perior, e consoante acordo firma-

do. em

25

de outubro de

1973.

com a Universidade Federal do

Rio de Janeiro,

o Curso Perma-

nente de Arquivo passou a fun-

cionar, a partir de

1974,

com man-

dato universitário.

Em marco de

1977,

o curso foi

absorvido pela Fefierj, hoje deno-

minada Uni-Rio, obedecendo ao

currículo mínimo aprovado em

Resolucão de 7 de março de

1974,

pelo Conselho Federal de Educa-

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

gác.

Atualmente, além da Uni-Rio, a

Universidade Federal de Santa

Maria, RS, e a Universidade Fez

dera1 Fluminense vêm ministrando

tegularmente cursos de Arquivolo-

gia.

Paralelamente, outros estabeleci-

mentos de ensino estudam a inclu-

são desses cursos em sua progra-

mação.

Pelo exposto, podemos concluir

que, quanto ao aspecto quantitati-

vo, parece não haver motivo para

maiores preocupações, pelo menos

no tocante aos cursos de nível su-

perior.

o

mesmo não ocorrendo.

porém.

em relaqão aos cursos de

2."

piaü, igualmente previstos na

legislação. que regulamentou as

profissões de arquivista e de téc-

nico de arquivo (Lei

n." 6.546,

de

4-7-78

e Decreto

n.O 82.590.

de

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

6-1 1-78).

Embora

o

Conselho Federal de

Educação

tenha

aprovado, em

8-3-72.

o Psrecer n.O

249/72,

da

Câmara de Ensino de

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1."

e

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2."

graus, que inclui a Arquivísrica

como habilitação profissional de

ensino de

2."

grau, fixando inclu-

sive, curnculo e carga horária dos

cursos para formar Técnicos de

Arquivo, lamentavelmente, até o

presente nenhuma providência efe-

tiva foi tomada para a implami-

ção desses cursos em nosso siste-

ma de ensino.

Cabe aqui reforçar

o

óbvio,

alertando mais uma vez a tantos

quantos. de uma forma ou de ou-

tra, se encontram envolvidos

no

sistema educacional, da importân-

cia e d a urgência de se formar

pessoal qualificado de nível médio

para executar tarefas de arquivo,

sejam eles públicos ou empresa-

riais, sob

o risco de mais uma vez

assistirmos a uma inversão de va-

lores, isto

é,

ver Arquivistas (ní-

vel superior) desempenhando fun-

qões de Técnicos de Arquivo (ní-

vel de

2."

grau).

Com referência

ii

qualidade de

ensino dos cursos superiores de

Arquivologia, alguns pontos mere-

cem séria reflexão.

O sistema de créditos, importa-

do e introduzido-no Brasil sem 2s

devidas adaptacóes

i

nossa reali-

dade,

é

exercido sem levar em

conta a especificidade de cada cur-

so. Assim, por exemplo, exige-se

dos alunos de Arquivologia

os

mesmos conhecimentos de matemá-

tica necessários ao aluno de Enge-

nharia, pelo simples fato de a

Es-

tatística e a Automação constarem

do currículo do curso.

Por outro lado, há que se consi-

derar a falta de objetividade por

parte dor professores

n a

adequa-

qáo

de seus programas

a s

necesci-

dades do futuro profissional.

fa-

zendo com que

os

alunos passem

alguns anos de sua vida universi-

tária

absorvendo

cmhecimenios

sem qualquer aplicação furiira. em

detrimento de informações indis-

pensáveis ao exercicio da profissão.

Como exemplo podemos men-

cionar o que ocorre em relação ao

ensino de Contabi!idade. Para

o

arquivista

o

que importa

é

saber

quais

são, qual

á

sua importância

e o que significam

os documentos

contábeis, sendo totalmente irrele-

vante zprender como fazer lança-

mentos, balanços, etc.

Outro ponto digno de atenção

mais cuidadosa e prioridade de

providências diz respeito

5 melho-

ria do nível cultural dos arquivis-

tas, que segundo entendemos, deve

ser basicamente promovida pelas

universidades, mediante a inclusão

de disciplinas complementares ao

currículo mínimo, bem como pelo

enriquecimento do conteúdo pro-

gramático de seus cursos. Para

tanto, seria indispensável aumen-

tar

a

duração dos cursos, de três

para, no mínimo. quatro anos.

Tendo em vista o universo do

trabalho arquivístico e, conseqüen-

temente, dos conhecimentos técni-

cos e de cultura geral, indispen-

sáveis ao exercício da profissão,

julgamos de fundamental impor-

tância que as universidades, cum-

prindo seu papel de abrir

novos

caminhos, promovam cursos de

pós-graduaçãò

lato sensu, isto

é,

de

atualização, aperfeiçoamento e

es-

pecializacáo na área da Arquivolo-

gia e matérias afins, visando pre-

parar Arquivistas altamente quali-

ficados, deixando os cursos de mes-

trado e doutorado voltados princi-

palmente para a formação de pro-

fessores e pesquisadores.

Concluindo, creio que podemos

resumir aqui

os

principais proble-

mas detectados na formação dos

profissionais de arquivo, e que es-

tão a exigir providências imedia-

tas das autoridades competentes:

a) inexistência, no ensino de

2."

grau. de cursos de técnico de ar-

quivo como habilitafao profissio-

nal;

b) inadequacão do sistema de

créditos

às especificidades

do curso

superior de Arquivologia;

c) inadequação do conteúdo pro-

gramático dos cursos superiores

de

(7)

arquivo

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

às-

reais necessidades

do

exercício profissional, por falta de

informação do corpo docente;

d) displicência por parte das

universidades quanto

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

h melhoria

do nível cultural dos arquivistas;

e) carga horária insuficiente h

formação de bons profissionais:

f )

inexistência de cursos de pós-

graduação, sejam eles de atualiza-

ção, aperfeiçoamento e especiali-

zação, ou de mestrado e douto-

rado.

Finalizando, não poderíamos dei-

xar de registrar

o papel excepcio-

nal que a Associação dos Arqui-

vistas Brasileiros vem desenvolven-

do no cenário nacional, desde sua

criação em

1971,

em’tudo

o que

diz respeito não

h profissão co-

mo

h valorização d o trabalho de

arquivo.

Destacarse sua participação na

criação do curso superior de

Ar-

quivologia, a iniciativa da regula-

mentação da profissão, a realização

de congressos e cursos,

o debate e

a colaboração permanente no sen-

tido de aperfeiçoar

o ensino da

Arquivologia no Brasil. a divulga-

ção de estudos e artigos técnicos

em sua revista especializada

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Arqui-

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

vo

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

&

Administraçüo.

Entendemos

que,

somente usan-

do as armas da educação e

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

do.

en-

sino .para formar profissionais

competentes, poderemcrs realmente

salvar a memória nacional como

um todv, d e r i a n d o a documenta-

ção do passado, preparando a do

presente e planejando

a

do futuro.

Tudo

o

mais

são

palavras

.e

vai-

dades!

A critical analysis oj Archivology teaching in Brazil at 2nd and third degrees schools.

~ ~~

A

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

MEMORIA ATUANTE: INSTRUMENTO

DE

AÇÃO

SOCIAL

Wose

Marie

Inojosd

Análise e tratamento da problemática arquivística como meio de

comunicação, com ênfase para o papel dos arquivos municipais no contexto da comunidade em que se inserem. O exemplo d o Arquivo Municipal de São Paulo. O direito de acesso d o cidadão aos documentos públicos.

“Até

agora repousávamos tran-

qüilamente na noção do tempo re-

gida pelo império do passado.

To-

do

o esforço de memória e a pró-

I

pria palavra memória remetiam

I

irremediavelmente para um acervo,

ou um armazém de coisas placida-

permitirem, vamos até desejar e

imaginar uma memória do futu-

ro.”l

I

mente colecionadas. Agora, se nos

Arquivista do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís íSP) e Mestre em Comunicação pela USP.

1 Trecho do discurso pronunciado por

Eduardo Portella quando Ministro da Educação e Cultura, na posse de Aloy- si0 Magalhães na presidíncia da Fun- dação Nacional Pró-Memória ( 8 ) .

Essa manifestação de Eduardo

Portella, quando Ministro da Edu-

cação e Cultura, refletiu

o início

da conscientização dos organismos

responsáveis pelo patrimônio cul-

tural da comunidade no que se re-

fere ao conceito da relatividade do

tempo. Anteriormente só recebiam

alguma atenção

os vestígios de pe-

ríodos históricos bastante afasta-

dos da atualidade e nem se cogi-

tava da memória futura.

Parece-nos que essa consciência,

finalmente alcançada, toma opor-

tuna a análise e

o

tratamento da

problemática

arquivística

como

meio de comunicação, na medida

em que

os arquivos, parte da me-

mória cultural, deixam de ser con-

siderados apenas como “templos

do passado”?

A comunicação 6 um. processo.

Um processo contínuo, que não se

esgota numa fase histórica, antes

2 José Honório Rodripues conta que ao

assumir a direção do Arquivo Nacio-

nal, lá encontrou uma placa com os di- zeres: “Esse é o Templo do Passado: silêncio e meditação”.

constitui a própria base do fazer

cultural, moldando

o entrelaça-

mento das experiências de uma co-

munidade durante

o

que se con-

vencionou chamar passado, presen-

te

e futuro.

“Assim, na sociedade

o

processo

de comunicação teria como fun-

ções: a atuação sobre

o meio (am-

biente), no sentido de preservar

os

valores e a posição da comunidade,

bem como as posições relativas

das’partes que a compõem; a cor-

relação entre os componentes da

sociedade; a transmissão da heran-

ça social,

é

também uma função

reformuladora desses valores e al-

teradora das posições e papéis na

sociedade”

(2).

Quando uma comunidade cria

e/ou utiliza um código (uma lin-

guagem) comum entre seus mem-

bros, como

o

alfabético, por exem-

plo, ela

o está utilizando como um

canal para

o seu processo de co-

municação.

O documento

é

o re-

gistro da aplicação de um código,

sobre um material-suporte, regis-

tro que pode ser escrito, iconográ-

(8)

fico, sonoro

OU

outro, manipulado

de modo a conter uma mensagem,

isto

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

é,

a exprimir uma idéia que

se pretenda comunicar. Se a men-

sagem circula entre emissores e

receptores e provoca resposta, en-

tão

é

estabelecida a comunicação

entre esses interlocutores.

O meio

é,

pois, o suporte das mensagens

que circulam entre

os

interlocuto-

res no processo da comunicação.

Nesse sentido o documento

é

um

meio de comunicação.

Existem múltiplos canais e

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

múl-

tiplos meios utilizáveis entre os

membros de uma comunidade pa-

ra

o seu processo de comunicação.

O

documento de arquivo

6

um

meio

com características bastante

singulares, que provocam diversos

níveis de comunicação, envolven-

do, em momentos diferentes, in-

terlocutores diversos.

E

importante lembrar que a na-

tureza do meio exerce, necessaria-

mente,

sua influência sobre

o

con-

teúdo veiculado. pois os meios

nunca são neutros. eles participam

da mensagem de uma forma ativa.3

Considerando que documento

de arquivo

é

aquele gerado, rece-

bido

ou

reunido por uma pessoa

ou instituição no cumprimento de

uma tarefa ou atribuição, inerenre

a sua natureza, objetivos ‘ou fina-

lidade para as quais foi criada. in-

teressamo-nos particularmente pelo

acervo arquivístico das institui-

ções públicas.

E , dentre essas ins-

tituições,

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

OS

Órgãos do poder mu-

nicipal,

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

jS

que

o município consti-

tui a célula-mãe da administracão

pública, nascido da necessidade da

satisfação de carências e de solu-

ções de problemas comuns a gru-

pos de pessoas que conviviam em

espacos contíguos. e que não po-

diam ser obridos isoladamente, fe-

nõmeno qu? ocorreu em toda

a

parte. embora com nomes e estru-

ruras diversas.'

Além da Íamosa frase “O bieio é a

Mensagem”. Marshali hfcluhan explica

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

que

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

’‘e

o meio que configura e controla

a proporcão e a forma das ações e as- sociaçóes humanas“ ( 6 )

1. C. Aialiba Nogueira define muni- cipio ccmo d ”associacio natural e It-

Sendo

o

município

o agrupa-

mento básico da administração dos

interesses públicos, os arquivos

municipais, particularmente os do

poder executivo:

assumem um

significado cultural muito amplo

para a comunidade a que se re-

portam.

Assim, ao detalharmos as rela-

ções de comunicação mediáveis

pelos arquivos, estaremos, aqui,

pensando particularmente nos ar-

quivos públicos municipais, embo-

ra, a nosso ver. qualquer outro

acervo arquivístico possua também

em maior ou menor amplitude as

mesmas potencialidades.

Das características próprias do

meio arquivístico temos a destacar

em primeiro lugar, a unicidade,

que se refere

2

qualidade original

das informações contidas na do-

cumentação. Como os documentos

são

gerados para a solução de pro-

blemas específicos e durante a sua

ocorrência, eles se constituem em

pecas únicas e reúnem informa-

ções que não estão multiplicadas

em outros instrumentos.

E

de se

salientar que os registros arquivís-

,iLua sáo,

üsüâlmente, conmi~po-

râneos

aos

fatos a que se referem.

ainda que considerar as qua-

lidades de continuidade e de orga-

nicidade dos acervos arquivísticos,

que dizem respeito

2

forma contí-

nua e orgânica com que

são

reu-

nidas, recebidas e consumidas as

informações. Isto significa que

constituem parte do acervo arqui-

vístico todos os documentos reuni-

dos durante a existência da pessoa

oc

instituição a que se referem,

desde a sua criação até a sua ex-

tinção. Esses documentos refletem,

igualmente e pelo mesmo motivc.

a evoluçào desse organismo. Inclu-

sive. do ponto de vista dos arqui-

*.”,.”

pal dos vizinhos para a ohtencãù. no respectivo termo. dos servi-os comuns”

(7).

5 ”Hoje. o Poder Esecuiivo. pela sua

hiperrrofia corrente em quase tOdL\j os paises. vem ampliando sua ires de

açâo em detrimento. principaiments. d o PodTr Lepisiativo” ( i ).

vos municipais, ilustram com mui-

ta propriedade a ampliação

da

parcela dos interesses públicos ge-

ridos pelos órgãos d o poder exe-

cutivo e sua crescente influência

na vida dos cidadãos.

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

0 acervo arquivístico da Prefei-

tura do Município d e

São

Paulo

parece-nos um bom exemplo. Atual-

mente a Divisão de Arquivo Histó-

rico reúne em seu acervo do-

cumentação datada de

1562

até

os

primeiros anos do

séc.

XX.

N o Brasil, com a primeira Cons-

tituição

(1824) é

que se definiram

em termos de configuração legal,

os

poderes governamentais. Antes

os interesses públicos locais eram

geridos. em quase sua totalidade,

pelas Câmaras Municipais, que se

constituíam em verdadeiras “repú-

blicas”.B

‘Em São Paulo, no final do séc.

XX,

o poder executivo organiza-se

em separado do legislativo, embo-

ra o prefeito ainda fosse um verea-

dor eleito entre seus pares. Ante-

riormente cabia

2

Câmara Muni-

cipal não só legislar como fazer

executar diretamente as leis. Essa

atividade da Câmara gerou um ar-

ciüivu

iliünicipal. A

orgânizâçáo

da

Prefeitura implicou na produção

de um outro arquivo, que resulta-

ria de sua própria atuação. Em

1907,

a

Câmara transferiu sua do-

cumentação para a Prefeitura, de

modo que foi possível manter, na-

quela época,

a

unidade do acervo

municipal.

Assim, o acervo hoje depositado

no Arquivo Histórico Municipal,

além da característica da unicida-

de, própria do documento de ar-

quivo. reúne também a de conti-

nuidade. já que os documentos fo-

ram sendo reunidos desde os pri-

mórdios da administracão de São

Paulo.

e

a

da

organicidade. uma

t e z que, arravt;s ci2les.

2

possível

o O conceito das Câmaras como “Re-

pública> Municipais” largamente de- fendido por Alanoel Rodripues Ferrei-

ra .As Repúblicas Municipais no Bra-

s i l . São Paulo. Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo,

1980. 9 4 p .

(9)

acompanhar a evolução da organi-

zação municipal. Infelizmente

o

fluxo dos documentos foi inter-

rompido neste século, com a cria-

ção

de arquivos paralelos e de um

arquivo intermediário,

nos

quais

o

acervo não tem recebido, nem

quantitativa nem qualitativamente,

o

tratamento arquivístico adequa-

do, deixando de ser incorporados

periodicamente ao Arquivo Histó-

rico.'

Quais seriam, pois. as relações

de comunicação mediáveis por um

arquivo municipal?

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

O

arquivo serve, naturalmente e

em primeiro lugar,

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à

própria orga-

nização, ao seu funcionamento.

Os

documentos são

o

registro das re-

lações entre as partes que com-

põem a instituição.

No

plano interno, trata-se da

comunicação administrativa, que

se consubstancia na produção e/ou

disseminação de dados por um se-

tor da organização, visando a sua

aquisição e consumo por outros

setores, na circulação das normas

reguladoras do cumprimento das

funções-tarefa e no próprio rela-

cionamento entre

os

órgãos do sis-

tema.

Entretanto, qualquer organiza-

ção

para sustentar-se deve adqui-

rir informações além de seus limi-

tes internos, no meio-ambiente, pa-

ra serem consumidas na identifi-

cação de problemas e na tomada

de decisões, além da importação

de recursos, ou matérias-primas,

para serem convertidos nos produ-

tos ou serviços que constituem

o

seu objetivo

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(10).

As

relações entre urna organiza-

ção

como a Prefeitura e

o

meio-

ambiente onde ela atua caracteri-

zam-se por intensa troca de infor-

mações entre os membros da

orga-

niracão e os membros da coinuni-

dade, que, na maior parte das ve-

Sobre o

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

assunto: Cornuniccçéo em

Arquivolopia: Análise do Arquivo da

Prefeirura Paulistana como Meio de

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

C e

rnunicaçáo. Rose Marie lnojosa, Disser-

tação de Mestrado. Sáo Paulo. Escola. de Comunicações e Artes da

USP,

1980,

226 p.

zes, se consubstancia na produção

de registros, documentos que, nes-

sa fase, representam, além da ma-

nifestação sobre

o

que cada parte

deseja da outra, a garantia dos di-

reitos e deveres mútuos. Assim,

por exemplo, um munícipe solicita

Iicença para construir.

A

Prefei-

tura cabe verificar a viabilidade

da autorização e informar ao mu-

nícipe da decisão.

O

documento

que registra esse processo e essa

decisão constitui-se numa garantia

para ambas as partes quanto ao

seu cumprimento ou num instru-

mento para a sua contestação, se

for

o

caso.

,Portanto, a primeira relação de

comunicação mediada pelos do-

cumentos de arquivo tem, sobretu-

do, essa característica de servir co-

mo suporte da ação administrativa

e de garantir

o

cumprimento dos

direitos e deveres mútuos.

Esse tipo de relação de comuni-

cação corresponde

i

primeira fase

dos documentos, a sua fase corren-

te, quando eles são gerados e estão

em curso, tramitando pela institui-

ção,

até receberem

o

despacho fi-

nal e depois disso, ainda por de-

terminado tempo, breve

ou

longo,

conforme

o

assunto de que tratar,

enquanto perdure seu valor pro-

batório administrativo ou legal.

As-

sim, mesmo perdendo a utilização

corrente,

os

documentos devem ser

mantidos sob custódia durante um

período para a eventualidade de

ser necessário recuperar

a

infor-

mação que contêm, ainda para a

continuidade das relações de co-

municação primárias.

E

oportuno lembrar que essa re-

lação de comunicação quase sem-

pre se processa entre a organiza-

ção

e os membros da comunidade

isoladamente.

E

possível

que

uma

decisão do poder executivo receba

em sua gênese, influências até mes-

mo decisivas, de opinióes recolhi-

das da comunidade. Dificilmente

porém essas opinióes estarão regis-

tradas e identificadas na docuni2::-

tação do acervo. Uma vez tornada

pública

a

decisão, as relações que

se seguem são entre

a

organização,

que se empenha em fazer cumpri-

la, e cada membro ou, no

máximo,

grupo de membros da comunidade,

que devem cumpri-la.

Quando se considera esgotada a

potencialidade do documento para

a ação administrativa corrente,

tendo em vista os fins para

os quais

ele foi produzido, ele poderá pas-

sar a integrar

o

acervo arquivísti-

co de guarda permanente.

No

mo-

mento de decidir sobre a guarda

permanente ou a eliminação de um

documento

é

preciso examiná-lo

sob outros pontos de vista.

Para a própria organização

o

acervo arquivístico permanente re-

presenta sua memória. Potencial-

mente ele

é

o

mais completo instru-

mento para

o

replanejamento do

curso da ação administrativa.

E

qualquer organização deve replane-

jar continuamente seu curso, de

modo a adequá-lo às modificações

ambientais. Um arquivo permanen-

te, adequadamente gerido, repre-

senta a possibilidade de auto-ava-

liação da organização numa pers-

pectiva de tempo, a possibilidade

da orientação de seu desenvolvi-

mento harmônico, particularmente

importante quando se trata de um

órgão público, e a possibilidade de

uma significativa economia de tem-

po e de recursos. Muitos levanta-

mentos preliminares de áreas que

devem sofrer modificações pode-

riam ser economizados, simples-

mente utilizando-se as informações

armazenadas nos arquivos.

Mas, do ponto de vista da

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

co-

municação entre a organização e a

comunidade, o acervo arquivístico

de guarda permanente toma possí-

veis dois tipos de relações.

A

primeira

6

a que usualmente

utiliza

o

arquivo como fonte pri-

m i r i a

para

a

pesquisa histórica.

Desse ponto de vista a organização

produtora passa a fornecedora do

meio, para que se processe uma

comunicação

na

qual

os

interio-

cutores

são

a comunidade como

um todo e alguns de seus usuários,

notadamente

o

pesquisador acadê-

mico.

(10)

A

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

pesquisa que utiliza

os

arqui-

vos como fonte pode

ou não inte-

ressar diretamente

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

i

organização.

As

informações pesquisadas nos do-

cumentos de arquivo não precisam,

necessariamente, ser utilizadas pa-

ra a recuperação de aspectos da

história da própria organização,

mas de qualquer outro assunto em

que tenha havido a sua participa-

ção,

ainda que indireta.

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

possível, por exemplo, que na

documentacão de um arquivo mu-

nicipal

o

pesquisador se empenhe

na coleta de informações que en-

volvam uma personalidade pública,

assim como

é

possível que ele quei-

ra

recuperar a evolução de um pro-

blema urbano.

Um

mesmo arquivo

é

fonte para

a reconstituição da evolução eco-

nômica, ‘social, política, religiosa,

etc. da comunidade e também pode

oferecer subsídios para biografias.

Desse ponto de vista,

o pesquisa-

dor, escolhido

o seu tema

ou

obje-

tivo

de pesquisa, geralmente fará

uso de diversas fontes primárias

e secundárias, utilizará arquivos e

material bibliográfico, além de rea-

lizar, provavelmente, pesquisas de

campo.

Como a documentação de ar-

quivo acessível

ao

público

é

geral-

mente de data bastante distancia-

da no tempo, os pesquisadores da

história contemporânea

p

o

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

u

c a s

chances têm de utilizá-la em seus

trabalhos, embora como fonte pri-

mária e “reflexo da história

i

me-

dida em que esta

se

faz”

(3)

sejam

de interesse inestimável.

Sobre a importância dos do-

cumentos de arquivo como fonte

para a pesquisa histórica, do ponto

de vista acadêmico,

se escreveu

exaustivamente.

ainda, um segundo tipo de

rèlação de comunicação nediável

pelo arquivo permanente, envol-

vendo diretamente a organização

como interlocutora. Essa relação

não ‘tem recebido a mesma ênfase

que as anteriores.

O fato de por longo tempo se

ter considerado

os

arquivos per-

manentes como “templos do passa-

do”,

os dispositivos de recolhimen-

to de documentos. que usualmente

fixam prazos bastante amplos para

a transferência da documentação

aos arquivos permanentes, e con-

seqüentemente para

o

acesso pú-

blico, e ainda

o tratamento inade-

quado da documentação em sua fa-

se corrente, têm dificultado a abor-

dagem desse aspecto.

Frequentemente

não

se

tem

le-

vado em consideração que, sendo

os

documentos públicos proprieda-

de do Estado, “todos

os

cidadãos

que coletivamente

o constituem

têm

o direito de usá-los” (9).

No rnomento em que

ym

~ccrvc)

arquivístico

é

aberto

i

consulta

pú-

blica, desde que corretamente ad-

ministrado, isto

é,

desde que con-

tenha todas as informações rele-

vantes, esteja adequadamente ar-

ranjado e disponha dos instrumen-

tos

de

pesquisa que tornem possí-

vel a recuperação das informações,

possibilitará a análise, pela comu-

nidade, como sujeito coletivo, do

curso da ação administrativa. Essa

possibilidade implica, naturalmen-

te, numa forma de julgamento

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

e

de controle da gestão dos interes-

ses

pÜDhOS deiegados

i

organiza-

ção.

Se a população de uma cidade,

por meio de seus grupos de lide-

rança (representantes eleitos, im-

prensa, associaçóes de classe, etc.)

pudesse utilizar a documentação

produzida durante a gestão de ca-

da prefeito tão logo ela se encer-

rasse

ou até mesmo durante o seu

curso, teria condições de analisá-

la com base nos testemunhos de-

correntes da própria ação adminis-

trativa, e não de depoimentos e

opiniões sobre ela.

E

evidente que seria apenas mais

um meio disponível.

O primeiro

instrumento de análise

é.

sem dú-

vida,

o próprio resultado da ação

administrativa, sentida diretamente

pelos membros da comunidade. En-

tretanro, sendo

o

arquivo o media-

dor, terá ,a virtude de revelar a

gênese de cada decisão tomada,

podendo

explicá-la,

esclarecê-la

com um grau maior de isenção do

que qualquer comentário tecido

s e

bre ela, conduzindo a

um

juizo

mais próximo da realidade.

Tal fato, além de permitir

o

exercício de um aspecto do direito

de estar informado, inerente

5

con-

dição de cidadão, possibilitaria o

próprio controle das gestões admi-

nistrativas, da atuação dos homens

públicos e de suas equipes, ins-

truindo

o replanejamento a partir

das respostas da própria ’comuni-

dade e caracterizando uma situação

de participação do administrado

na administração.

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

3

cornpartilhamento das infor-

mações diretamente provenientes da

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

ação

de administrar

e

sua análise

crítica pela comunidade, se recebi-

da e absorvida pela organização,

poderia gerar uma mais rápida e

mais completa metodização da ex-

periência urbana comum. Através

dessa relação de comunicação, fi-

nalmente,

os arquivos públicos se

somariam aos outros meios, que

fornecem a necessária realimenta-

ção

do sistema, como instrumentos

da ação social.

Xifra-Heras- define a vida políti-

ca como “a expressão do intercâm-

bio de mensagens e de controles,

como das ações e reações que se

produzem entre todos e cada um

dos grupos e instituições que ope-

ram na sociedade”

(11,

p. 303).

E

lembra que “segundo predomine

o

controle do meio social sobre o

quadro institucional do Estado,

OU

deste sobre aquele

( .

.

.)

um regi-

me será aberto ou democrático, e

fechado

ou

autoritário respectiva-

mente

(11,

p. 308).

Portanto, os regimes democráti-

cos tenderiam a abrir suas frontei-

ras a todos

os

meios de informação

disponíveis. Inclusive i comunica-

ção

por intermédio do arquivo.

(11)

mento arquivístico adequado,

o es-

tabelecimento dos prazos e condi-

ções para

o

acesso público aos do-

cumentos,

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

são

elementos indispen-

sáveis para que

o

uso dos arquivos

como meio nesse tipo de relação de

minunicaçáo seja possível. Portan-

to,

a definição desses problemas

pode refletir

o

grau de disponibi-

lidade do Estado para com essa

oomunicaçáo e, também,

o

grau

de conscientizaçáo da comunidade

para com as potencialidades do ar-

quivo como meio.

Portanto, a expressão “memória

do futuro” não deve ser tomada

apenas no sentido da necessidade

de preservação, para as gerações

vindouras, do acervo arquivístico

hoje produzido, mas, na verdade,

“isto significa que

o

tempo deixou

de

ser um corte sincrônico apenas,

onde

o

passado possa imperar, mas

ele vem a existir como uma estru-

tura unitária onde se dão por igual

o

presente,

o

passado

e o futuro”?

8 Trecho d o discurso pronunciado por Eduardo Portella quando Ministro da

1. ANDRADE, T. de Souza.

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Relações

públicas governamentais.

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

São Pau-

lo, Reitoria da USP, Divisão de Di- fusão Cultural, 1968. 2. aula,

9

4.

2. CAMARGO, Nelly de. Comunica-

ção: uma nova perspectiva n o cam- po das ciências d o comportamento.

Revista da Escola de Comunicações Cufturais, São Paulo, USP, 1(1):153. 3. FAVIER, Jean. Arquivo, memória da humanidade. Arquivo e Admi- nistraçáo. Rio de Janeiro, Associa- ção dos Arquivistas Brasileiros,

1979, 7(1):5.

4. FERREIRA, Manoel Rodrigues. As repúblicas municipais no Brasil. São Paulo, Secretaria Municipal de Cul-

tura

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

da Prefeitura de São Paulo,

1980.

5. INOJOSA, Rose Marie. Comunica-

ção em Arquivologia: análise d o arquivo da prefeitura paulistana c u mo meio de comunicação. Disserta-

ção de Mestrado. São Paulo, Escola de Comunicações e Artes da USP,

1980.

6. MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo, Cultrix, 1969.

Educação e Cultura, na posse de Aloy-

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

si0 Magalhães na presidência da Fun-

dação Nacional Pr6-Mem6ria ( 8 ) .

7. NOGUEIRA, J. C. Ataliba. Lições de teoria geral do Estado. 3. ed. São Paulo, Faculdade de Direito da USP, 1969. p. 159.

8. PORTELLA, Eduardo. Discurso.

Boletim IPHAN. Brasflia, Fundação Nacional PrúMemória (5):7, mar./ abr. 1980.

9. SCHELLENBERG, T. R. Arquivos

modernos: princípios e técnicas. 2.

ed., Rio de Janeiro, Fundação Ge- tulio Vargas, 1974. p. 317.

10. THAYER, Lee. Princípios de comu- nicação administrativa. São Paulo,

Atlas, 1972. p. 120-1.

11. XIFRA-HERAS, Jorge. A i n f o r m -

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

ção

-

análise de uma liberdade frustrada. Rio de Janeiro, LU, USP. 1975.

AEDshsu

An analysis and treatment of the

problems

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

of archivism seen

as a rneans of communication, with an emphasis on the role of local archives in the context of their communities. The Municipal Archive of São Paulo is taken as an example. The citizen’s right to consulf public documents is discussed.

PEQUENO ENSAIO SOBRE AS POSSIBILIDADES DE APLICACãO

D O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

A

ADMINISTRAÇÁO PÚBLICA BRASILEIRA

Maria

do Carmo Seabra

Meio

Fernandes”

Pequeno ensaio sobre as possibilidades de aplicação de um planejamento estratégico d administração pública brasileira. Conceituação. Limitações. Vantagens e desvantagens.

Modernamente, em decorrência da

concepgáo da organização c o m o

sistema aberto, tem sido enfatizada

a

necessidade de desenvolver sen-

Técnico de Planejamento e

Coòrdenadora de Acompanhamento e

Avaliaçáo da Secretaria de

Planejamento d o Ministério da Justiça.

sibilidade para a percepção de sua

ambiência externa.

A nova premissa

é

que a utili-

zação de formas tradicionais de

planejamento, voltadas para a efi-

ciência e a eficácia,

não seriam

satisfatórias. Um componente novo,

a efetividade, isto

é,

‘‘O

alcance d e

objetivos sociais desejáveis que jus-

tifiquem a existência da organiza-

ção”

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(6),

está

sendo

incluído nas

preocupações dos dirigentes de or-

ganizações.

Assim

é,

que houve

a

necessi-

dade de

se

desenvolver nova idéia

de planejamento,

o

planejamento

estratégico, que

.

.

.

se volta para

o

alcance de resultados, através de

um processo contínuo e sistemáti-

co de antecipar mudanças futuras,

tirando vantagens das oportunida-

des que surgem, examinando

os

pontos fortes e fracos da organi-

zação, estabelecendo e corrigindo

cursos de

ação

a longo prazo”

(6).

O

planejamento estratégico se

iniciou e vem se desenvolvendo nas

empresas privadas, em virtude de

suas peculiaridades.

Considerando que, em princípio,

as organizações públicas

não

visam

ao lucro, poucas apresentam

o

de-

sejo de crescer e se desenvolver

física e economicamente, no sen-

tido de uma evolução positiva para

o

futuro. Percebe-se, ao contrário,

uma tendência

B

estabilidade e

B

sobrevivência da estrutura de

po-

(12)

der, de autoridade e de

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

status,

que

são ameaçadas pelas mudanças.

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Limitrações

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1

A p l i c a ~ á ~

do

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Planejamento E ~ h f 6 g k ~

Seria bem interessante para a ad-

ministraçtio púb!ica brasileira

o uso

do planejamento estratégico como

instrumento de mudança progra-

mada. Contudo, algumas limitações

SI

impõem

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à

utilização dessa nova

concepção de planejamento por or-

ganizações públicas federais, esta-

duais e municipais, muito especiai-

mente aquelas da administração di-

reta.

Sem pessimismo, tentaremos enu-

merar, senão todas, pelo menos al-

gumas dessas limitações que se

apresentam com relação

i

adminis-

tração pública federal, e que, tam-

bém,

são válidas para

a

estadual

e a municipal.

Em grande parte,

os

obstáculos

ao emprego do planejamento estra-

tégico decorrem da utilização do

modelo burocrático. “A expressão

estrutural da organização

-

a for-

ma burocrática

-

é

uma técnica

que depende basicamente de dois

e!ernrr?tcs:

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

B

esperii!izzçh de

tz-

refas e um sistema de autoridade

ao qual os participantes estão liga-

dos pela expectativa de obediên-

cia”

(7).

O comprometimento com as nor-

mas em lugar do comprometimento

social

-

que pode, inclusive, ter

sido a origem da administração pú-

blica

-

está, evidentemente, rela-

xando a percepção dos valores da

sociedade e fazendo com que a

administração pública se transfor-

me num fim em si,mesma.

Os

valores internos da organiza-

ção

parecem sobrepor-se aos valo-

res sociais. e a ênfase que se

racionalidade

interna

- B

eficién-

cia

-,

com a conseqüente preva-

lência do controle dos meios, des-

virtua

os

objetivos maiores a que

se deveria propor

a

administração

pública.

Historicamente, verifica-se que

as mudanças na administração

pú-

blica brasileira

-

seja reforma ad-

ministrativa, seja modernização ad-

ministrativa

-

têm dado ênfase a

aspectos de eficiência

e

de eficá-

cia sem questionar a validade

so-

cial dos objetivos.

Na

verdade,

a

preocupação com os clientes do ser-

viço público tem sido pouco con-

siderada pela maioria das organi-

zações.

Outro aspecto da burocracia, a

especialização de tarefas e, conse-

qüentemente, a departamentaliza-

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

ção são

responsáveis,

em

grande

parte, pela alienação dos burocra-

tas quanto aos objetivos da orga-

nização como um todo.

A

estrutura hierárquica das or-

ganizacões públicas, definida por

dispositivos legais (decretos, porta-

rias etc.)

e somente revista de tem-

pos em tempos, permite pouca fle-

xibilidade para respostas imediatas

às

demandas da sociedade cambi-

ante.

Por

outro lado,

o

formalis-

mo processual, aliado

h idéia da

competência neutra dos burocratas

e ao quadro de valores que per-

meia sua conduta, faz com que

também se desenvolva certa insen-

sibilidade

às demandas

s

o c i a i s

emergentes. Daí que a administra-

ção pública sempre reage a reboque

das mudanças sociais, criando

ou

redefinindo e, em seguida, incor-

porando novas normas, que mui-

tas vezes já nascem caducas.

E

comum observar que os esfor-

ços

dos dirigentes de unidades ad-

ministrativas são, predominante-

mente, voltados para a conquista

de maior fatia do orçamento, me-

íhor

qualidade e maior. quantida-

de de pessoal,’ melhores instarações

físicas etc.,

o

que reflete grande

preocupação na obtenção dos meios

e não

dos

fins.

O atual Plano de Classificação

d2 Cargos também pode ser con-

siderado

um

instrumento. pouco

flexível para permitir

o

desenvol-

vimento do Planejamento estraté-

.

gico pela administração pública di-

reta, nn medida em que define as

modalidades de profissionais de

que

o serviço público poderá dis-

por. Acontece que as exigências da

sociedade em mutação muitas ve-

zes implicam

o surgimento da de-

manda de novas categorias profis-

sionais

ou

a supressão de algumas

existentes. Assim, a atualização do

referido Plano pode despender mais

tempo e mais recursos do que o

requerido para que se possa ante-

cipar a uma necessidade ou mesmo

tirar partido de alguma oportuni-

dade.

Por outro lado, a sistemática de

recrutamento, seleção e admissão

de pessoal, se de um lado atenua

os

danos causados pelo nepotismo,

por outro limita

o atendimento

de

exigências eventuais.

O orçamento anual, aprovado

por lei que estima a receita e f i x a

a despesa

é

somente possível de

alteração mediante créditos adicio-

nais (suplementar, especial, extra-

ordinário), autorizados por decre-

to executivo.

O

processo de alte-

ração orçamentária também

é

pou-

co ágil para satisfazer ao planeja-

mento estratégico. Ainda,

é

con-

veniente que se mencione

o fato

de que, embora

o orçamento seja

“por programas”, a ênfase de seu

coiitrolc não incidc sobre

ÜS

prõ-

gramas, subprogramas ou mesmo

projetos e atividades, e sim sobre

os

elementos de despesa,

o que

mais uma vez caracteriza

a

preva-

Iência do controle dos meios em de-

trimento do controle dos fins.

Em pronunciamento na reunião

ministerial de

10

de setembro de

1974,

o

então Presidente da Repú-

blica, Ernesto. Geisel, apresentan-

do

o

I1

Piano Nacional de Desen-

volvimento, disse: “Cumpre, pois,

aos responsáveis, em todos os es-

calões de chefia ao longo do mul-

tiforme processo de desenvolvi-

mento nacional, compensar

os pe-

cados imanentes

a

um planejamen-

to tal, inserido como se vê num

clima todo de incertezas, pela ação

prontas e ágil, sábia

no

aproveita-

mento de oportunidades novas que

se ofereçam, e capaz de atingir, a

despeito de obstáculos imprevistos

que não deixarão de ocorrer,

os

Referências

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