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Fazendo Gênero 8 - Corpo, Violência e Poder. Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008

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Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008

Identidade de sexo e gênero: a construção das assimetrias na Educação Infantil

Josenildo Soares Bezerra (UFPB)

Palavras-chave: Assimetrias; Identidade; Gênero ST 10 - Educação Infantil e relações de gênero

Estudar as questões de gênero e suas implicações na Educação Infantil é um desafio, pois nesta fase da vida há poucas referências teóricas a pesquisar-se. As identidades de sexo e de gênero na infância ainda é algo pouco discutido e pensado, por professores acreditarem estarem ausentes no cotidiano da educação infantil, portanto, desnecessárias nas práticas docentes, mas essa temática na infância é uma análise indiscutível.

Toda a sociedade sabe que a escola é, seguida da família, a segunda instituição na qual a criança passa mais tempo, e que a esta instituição, a sociedade dá muita credibilidade. É na escola onde parte da educação e as instruções intelectuais se configuram como campo do saber. E é nela também que as construções, a naturalização e fixação de papéis de gênero e do sexismo aparecem com grande intensidade, sem serem percebidas como nocivas.

Mas a comunidade docente crê que, silenciando as discussões e os interesses acerca da sexualidade, sexo e gênero, estes não serão vistos ou percebidos, e ficarão fora do âmbito escolar. É diante deste silêncio que tais questões fervilham e afloram. Pensar uma escola assexuada é pensá-la sem indivíduos, sem vida. Assim, trabalhar os temas da sexualidade e do gênero é uma emergência. Lidar com tais pressupostos, desestabilizar as certezas outrora fixadas é o dever dos profissionais se quiserem formar cidadãos conscientes de seu papel na sociedade. E uma forma de diminuir as assimetrias de sexo e gênero, é reconstruir novos paradigmas para futuros adolescentes mais conscientes de seu corpo, de sua sexualidade e do conhecimento do outro.

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As assimetrias entre os gêneros, bem como seus papéis, aparecem na ordem biológica. Tudo é explicado pela naturalização desses papéis como algo comum e determinado. Assim, todo o discurso sexista aparece como instituído na vida. Não há saída, não se pode pensar fora dessa ordem vigente.

Desconstruir e reconstruir novos olhares para as assimetrias, é pensá-las e desnaturalizá-las. É transpor as barreiras sexistas, nas quais as assimetrias encontram seu lugar específico. Lugar este que sempre põe o feminino em cheque, e todo tempo à prova de sua decência, civilidade e respeito para com o seu oposto gênero masculino.

Pensar o gênero e sua inserção no currículo escolar como uma disciplina formadora e informadora, trabalhar os temas transversais, subverter este currículo e inová-lo com pressupostos norteadores da sexualidade, do corpo e do gênero, é dever dos profissionais que trabalham nas instituições educacionais. Fazer desse instrumento tão importante o aliado nas descobertas e construções da eqüidade de gênero começando no ensino infantil que é o primeiro contato institucionalizado na educação das crianças e no qual as professoras que são sua maioria nesse nível escolar, além de cuidar, educam.

A escola tem se tornado palco central das descobertas, conflitos, construções de conceitos e preconceitos acerca das identidades, representações dos papéis masculinos e femininos de forma dicotomizada e hierarquicamente marcadas. O permitido, o lícito e o ilícito como forma de controle tem sido um exercício constante nas práticas escolares. Estes pontos concorrem para marcas definitivas nas mentes e corpos dos indivíduos. O poder aparece então como um privilégio a ser alcançado por meninos, homens e figuras masculinas. Assim, esse lugar onde o silêncio acerca da sexualidade é preconizado, é visto como um espaço tranqüilo, sereno e civilizado. Mas civilizado para quem?

Problematizando o objeto

Que escolas a sociedade quer para o amanhã? Uma instituição preconceituosa? Hierárquica? Alheia aos novos parâmetros educativos mundiais? Todos sabem que pensar uma educação mais justa e capaz de mobilizar a sociedade é dever de toda a sociedade, pois as preocupações para com o planeta, com a longevidade, a ética e com a sexualidade têm sido recorrentes e estão cada vez mais indo para o cerne da educação.

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sexualidade, sexo e corpo de forma clara e esclarecedora. Mas sim, com rodeios e pequenas estórias e contos ditos educativos para diminuir ou mesmo abafar os impulsos.

Conscientizar a comunidade escolar de que a sexualidade é viver, é estar em contato com o outro, entendê-lo, é estabelecer trocas, experiências das mais diversas, é uma questão de construção de novos padrões educativos que levarão as crianças a terem respeito pela diversidade de pensamentos e ações. Mas, como fazê-las respeitadas e respeitar, quando a escola e seus profissionais usam as identidades de sexo e de gênero de forma hierárquica, preconceituosa e minimalista? As questões sexistas – estereótipos sexuais (NUNES, 2000) materializadas são fatos! Separarem crianças por filas de meninos e meninas, jogos nas quais a competição entre os sexos, grupos uniformes só de meninos e só de meninas; associação de identidades categorizadas em sensibilidade, linguagem; e amenidades às meninas, enquanto para os meninos a lógica, ações, firmeza, segurança e liberdade. Isto já está posto! Mas quando é percebido ações simbolicamente violentas? Com formas de tratamento diferenciadas e influenciadas pelo androcentrismo e pelo viés patriarcal? Pela falsa moral e pelas instruções em nome da boa educação? Meninas e meninos assumem um habitus (BOURDIEU, 1999) e incorporam por toda a vida.

Essa docilidade que a educação sexual tradicional ensina, que torna apenas reprodutores, e que a sexualidade é algo a ser pensado apenas por esta via: a reprodução da espécie e a ser tratada na idade certa para não despertar interesse e curiosidade, gera indivíduos sexualmente morto. Além disso, as questões relativas ao corpo e ao seu conhecimento é carregado de interdições e pecados. A criança cresce e torna-se adulta sem conhecer o que lhes é inerente: o corpo e a sua sexualidade. A sociedade de certa forma ainda está sendo guiada pelo pensamento cartesiano: corpo e mente, corpo-objeto (NÓBREGA, 2005) . Cada um desses elementos funciona sem a percepção do outro. O indivíduo e assim, máquinas a serem treinadas e manipuladas. Quando então os indivíduos perceberão os corpos, limites, desejos? Onde perceber? Quem mostrará que eles são corpo/mente, são corporeidade plena. Discutir a sexualidade, as noções de corpo, suas construções e desconstruções estão na ordem do dia. A comunidade docente precisa tomar conhecimento das questões relativas ao corpo, à sexualidade e ao gênero, pois estes temas estão intimamente ligados, e não pode pensá-los como elementos isolados, como são as disciplinas formais. Essa cisão causa danos maiores e irreparáveis à compreensão de indivíduos diversos e plurais. A sexualidade é esse pensar plural. Pensar as possibilidades de vida, de exercício pleno do corpo e das experiências percebidas.

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No estudo “Identidade de Sexo e Gênero: a construção das assimetrias na Educação Infantil” propõe-se analisar duas instituições de Ensino Infantil: uma creche pública no bairro Potengi, na Zona Norte de Natal, administrada pela Prefeitura Municipal, em que estudam crianças com baixo poder aquisitivo; e outra, privada, Creche Escola Arte de Crescer situada no bairro de Capim Macio, Zona Sul e com elevado poder aquisitivo. O trabalho propõe uma análise comparativa a partir de Pesquisa Participativa, visando ao aperfeiçoamento das práticas cotidianas e à transformação do currículo em um instrumento ativo e vivo na Escola. Como próprio da Pesquisa Participativa, os professores serão instruídos para serem multiplicadores de uma prática docente consciente e menos assimétrica no tocante as práticas dos papéis de gênero.

Propõe-se encontros ao longo desse estudo e reuniões de estudo de casos, para construção, desconstrução e análise das práticas cotidianas, por entender ser um material importante para compor os dados da pesquisa.

A vivência cotidiana nas instituições nas quais a pesquisa acontecerá será importante para examinar nos menores detalhes como se dá as questões de sexismo e/ou preconceito em relação a gêneros. Nessa conjuntura, a análise das falas, da pedagogia dos espaços, sua disposição, possibilidades e impossibilidades de trânsito, fotografias dos momentos de parque, caixa de areia, festinhas, o brincar, a hora do lanche, são alguns dos momentos da análise empírica deste objeto.

Desenvolver reuniões com professores e pais para fazer um levantamento sobre as questões de gênero, sexualidade e do corpo, bem como, suas impressões acerca das assimetrias e do sexismo. Levantar questionamentos e colher as informações via questionários, gravação de depoimentos, mesas redondas sobre o tema. Será estudado também o Projeto Político Pedagógico (PPP) e de sua aplicabilidade na comunidade escolar, percebendo que forma é abordada as questões em análise. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

A escola cidadã no contexto da globalização. Luiz Heron da Silva (Org). Petrópolis/RJ – Vozes. BADINTER, Elisabeth. XY: sobre a identidade masculina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. BOURDIEU, Pierre. A Dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro, Civilizações Brasileiras, 2003.

CAMARGO, Ana Maria Faccioli de. Sexualidade(s) e infância(s): a sexualidade como um tema transversal. São Paulo: Moderna, 1999. (Educação em Pauta: temas transversais)

Corpo, gênero e sexualidade: problematizando práticas educativas e culturais. Fernando Seffner...[et al], Guiomar Freitas Soares, Méri Rosane santos da Silva, Paula Regina Costa Ribeiro 9org.). – [Rio Grande: Ed. da FURG], 2006.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Tradução Maria Thereza da Costa Albuquerque et al Rio de janeiro, Graal, 1985.

GUIMARÃES, Isaura. Educação sexual na escola: mito e realidade. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, 1995.

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_____. Um Corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. – Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

O Corpo Educado: pedagogias da sexualidade. Guacira Lopes Louro(org.) – Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

Meyer, Dagmar Estermann; Soares, Rosângela de Fátima Rodrigues (Org.). Corpo, Gênero e Sexualidade. Porto Alegre: Meditação, 2004.

MORENO, Marimón, M et al. Como se ensina a ser menina: o sexismo na escola. São Paulo, Moderna, 1999. (Coleção Educação em Pauta).

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. – 3ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2006. (Tópicos).

NOBREGA, Terezinha Petrúcia da. Corporeidade e educação física do objeto ao corpo-sujeito. 2 ed. – Natal/RN: EDUFRN, 2005.

NUNES, César; Silva, Edna. A Educação Sexual da Criança: subsídios teóricos e propostas práticas para uma abordagem da sexualidade para além da transversalidade. Campinas/SP: Autores Associados, 2000. (Coleção polêmicas do nosso tempo).

Referências

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