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Três contos. Três contos

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Academic year: 2021

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Texto

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Três contos

Está escrito no capítulo 3: "E acreditaram os habitantes de Nineve nas palavras de Deus e foi decretado (um dia de) jejum e vestiram (roupas de) saco... e (o rei de Nineve) se levantou de seu trono, tirou o seu manto e se cobriu com saco, e sentou sobre cinzas... e rezarão com todo o coração e cada um retornará de seu mau caminho e do roubo que se encontra em suas mãos... e viu Deus o que fizeram e eis que retornaram de seus maus caminhos e Deus se arrependeu do mal que havia dito que lhes faria, e não o fez."

Vemos neste trecho o poder do arrependimento e da vontade do aprimoramento pessoal. Porém, não é suficiente uma mudança superficial, mesmo que, externamente, aparente ser uma nova pessoa, na verdade a sua essência continua sendo a mesma. Como ensinam os nossos sabios: "E viu Deus o que fizeram (e eis que retornaram de seus maus caminhos)", e não está escrito que Deus viu a roupa de saco que vestiram e o jejum que fizeram. Deduzimos, portanto, que os atos externos são secundários e o principal é a consciência da importância do verdadeiro arrependimento e a vontade de se conectar com Hashem.

(2)

A Pérola

U

m jovem aventureiro resolveu, como um grande desafio, viajar a um local desconhecido, onde estaria sozinho e, desta forma, "ampliar seus horizontes" em um novo mundo. Ele se aproximou de um globo terrestre, e pensou: "Vou girar este globo e onde meu dedo apontar, não importa aonde for, para lá eu viajarei"; e assim fez.

P

ara sua surpresa, viu que o seu dedo apontava para um lugar desabitado no meio de uma grande floresta, e mesmo assim resolveu cumprir com o seu desafio. E começou uma longa viagem.

(3)

.

P

egou o seu binóculo e começou a observar com curiosidade como era a vida desta nova sociedade que acabou de conhecer. E começou a olhar para dentro de uma cabana onde havia uma mesa, e em cima dela várias ostras, e uma senhora estava sentada frente à mesa e com suas mãos abria uma ostra, e ao olhar ao interior da ostra fazia uma cara de insatisfeita como se estivesse falando: "Esta ostra está estragada". Retirou de dentro da ostra uma pérola e a jogou pela janela, e ela caiu no meio da lama que se encontrava do outro lado da janela.

O

jovem aventureiro concentrou a sua visão no local onde a pérola foi lançada, e seus olhos brilharam com a imagem que viu, centenas de pérolas jogadas no meio da sujeira, e sem pensar duas vezes correu para catá-las. Entrou no meio da lama e começou a encher a sua mochila com as pérolas.

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sujar e se envergonhar para catar estas "pedrinhas" sem valor.

A

mochila já estava cheia e não havia espaço para novas pérolas. Imediatamente, o jovem aventureiro tirou de sua mochila todos os objetos que não eram indispensáveis, até que retornasse à sua casa, como toalhas, excesso de roupas, espelho, etc.

O

riso foi geral, os índios não entendiam como podia este "louco" estar jogando fora objetos tão valiosos para poder acumular estas pedrinhas sem nenhum valor. Porém, o jovem aventureiro nem percebeu o que se passava ao seu redor, pois estava concentrado em catar o maior número de pérolas possível, pois sabia o quanto receberia por cada uma delas quanto voltasse a seu lugar de origem.

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olhado da mesma forma que os habitantes desta aldeia olharam para o jovem aventureiro, como um "pobre coitado" que está perdendo o seu tempo "catando pedrinhas sem valor". Porém, muitas vezes, os verdadeiros valores se encontram em atos que são desprezados pela maioria da sociedade e, inclusive, eles jogam na "lama" e ridicularizam a quem se preocupa com eles. Cada mitsvá (mandamento da Torá) que uma pessoa cumpre tem um valor imenso, um valor verdadeiro que o acompanhará em sua vida e também em sua pós-vida. Não vale a pena deixar de cumprir uma "mitsvá" pela ridicularização ou pelo riso de pessoas sem consciência deste valor. Uma vez estando concentrados em "catar as pérolas" não devemos prestar atenção em quem as "joga na lama".

É

nosso dever fixar um tempo diário para estudar Torá, pois além de ser uma mitsvá por si só, também nos "ampliará os horizontes" para novos valores e novas oportunidades de juntar valiosas pérolas.

(6)

Os três amigos

(baseado no Midrash - Pirkei de R. Eliezer 34)

U

ma pessoa foi notificada que deveria comparecer à Suprema Corte. Ela estava sendo acusada de um grande delito, e todo seu futuro estava em jogo.

"O

que farei"? pensou o pobre homem no mesmo momento em que recebeu esta amarga notícia. Um grande medo o tomou, sua alma estava aflita e temia chegar sozinho ao julgamento, "quem poderá me acompanhar?"

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.

E

ntão resolveu perguntar ao seu segundo amigo se ele poderia acompanha-lo; mesmo não sendo o seu melhor amigo, talvez concordaria em ajudá-lo. Foi ao seu encontro, explicou- lhe o acontecido e pediu que o acompanhasse, porém ele respondeu: "Eu posso te acompanhar somente até a entrada do juízo",

"M

uito obrigado" respondeu o homem aflito, "porém eu preciso de alguém que esteja junto comigo até o final do julgamento".

(8)

.

.

O

mesmo acontecerá com nossas almas. Quando elas forem notificadas de que deverão comparecer perante o Rei dos Reis, com grande receio de chegar sozinhas ao grande julgamento, quem as acompanhará?! O seu melhor amigo, ou seja, o dinheiro (e os seus bens) pelo qual estavam dispostas a enfrentar grandes sacrifícios, viagens, horas sobre horas de duro trabalho, falará: "Eu não tenho como te acompanhar, boa sorte!"1. O seu

segundo amigo, ou seja, os familiares e amigos falarão: "Nós podemos te acompanhar somente até a cova, porém não podemos subir contigo". Somente o terceiro amigo, o mais distante, ou seja, as boas ações e a Torá que estudaram (os quais são desprezados por várias pessoas), falará: "Eu ficarei contigo até o final!"

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1 Uma vez um velho amigo me perguntou: "Caso houvesse no

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Quem sabe faz a hora

U

m grupo de camponeses foi contratado para transportar certa mercadoria de uma cidade para outra, tendo que percorrer, para isso, um longo caminho. Para este fim foi oferecido um automóvel, para quem tivesse interesse.

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.

P

orém, todos nós sabemos que, apesar da aparente limitação, o prazer que será proporcionado está muito além do sofrimento causado por tal limitação, de estar sentado dentro do automóvel. É supérfluo complementar que após certo tempo de viagem, todos os seus "companheiros caminhantes" estavam em uma situação muito menos agradável do que a do coitado amigo que "enloqueceu" e resolveu viajar dentro de uma caixa de alumínio.

A

estrada é uma alusão ao mundo em que vivemos

[que poderá nos levar ao objetivo desejado]; o

automóvel é uma alusão às mitsvót, que são os meios

que vão nos fazer chegar ao objetivo desejado (porém quem resolver se sentar ou deitar ou "rolar" pela estrada não poderá usufruir do proveito proporcionado pela estrada) [Baseado no livro Messilat Yesharim cap.1].

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(12)

Finalização

N

a verdade os três contos formam um conto só, o qual

expressa três etapas da consciência na vida de uma pessoa que teve o mérito de optar pelo crescimento espiritual.

A

pérola: A descoberta da existência de novos valores e a

percepção da deturpação dos valores ditados pela sociedade (ou seja, o desprezo ao objetivo da existência e a ênfase ao materialismo).

O

s Três amigos: Na sequência vem a conciência de que,

na verdade, na maior parte do nosso tempo, nós nos dedicamos à busca do dinheiro e prazeres que terminam juntos com o ato, e deles não teremos proveito no futuro, quando nossas almas regressarem ao mundo espiritual.

.

Q

uem sabe faz a hora

: A etapa em que os atos

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Conclusão

H

ashem Se revelou ao povo de Israel no Har (Monte) Sinai e nos deu a Torá. Nós recebemos as "instruções do fabricante", portanto está em nossas mãos ler as instruções e nos esforçar em cumprí-las e desta forma nos aprimorar e nos completar para que, quando chegar o tempo designado, desfrutar eternamente pelo mérito de nossos atos.

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D

evemos fixar um tempo diário para estudar Torá, e feliz é a pessoa que possa ter o mérito de passar pelo menos um período de sua vida se dedicando exclusivamente ao estudo da Torá.

A

nossa geração recebeu um grande privilégio, que a Torá está acessível a qualquer pessoa do povo de Israel que queira conhecer ou se aprofundar no Seu estudo. É uma pena perder tal oportunidade.

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