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VOL. I. SABBADO 2 DE -JANEIRO D£ i836. SP.' .T&.",
DIÁRIO DE SAÜDÈ
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Vires acquirit eundo.
Rio dc JaQeiço* Typ. de J. Tix.M**iiv» ¦ Ç. , sitccersores de P. Plancher.
SCIENCIAS MÉDICAS.
PHYSIOLOGIA.
OBSERVAÇÕES SOBRE A THE0RIA DA RESPIRAÇÃO LIDAS NA SESSÃO DE 21 DE MAIO I)E l835, DA SOCIKDA- DE REAL DE LONDRES J PELO SR. M. W. STEVEN.
Os experimentadores, submettendo huma porção de sangue venoso á acção de huma bomba de ar, tem achado até agora que não se podia* extrahir nenhuma quantidade apreciável de gaz ácido car- bonico, e hão dahi concluido que o sangue não contém ácido carbônico livre. O autor da memo- ria pretende provar que huma tal conseqüência he errônea ; elle demonstra primeiro que o serura , ao qual tem-se feito absorver huma grande quantida- de do mesmo gaz , não o restitue quando se acaba a pressão athmosphcrica ; depois com o soccõrro de algumas experiências elle prova a poderosa attracção exercitada sobre !o gaz ácido carbônico, tanto pelo hydrogeno como pelo oxigeno , os quaes o .absorvem mui promplamente atra vez de huma membrana humida. Mediante hum apparelho par- licular , que consiste em huma garrafa çoin dois gargalos , aos quaes se adapta tubos Curvados , elle tem-se assegurado, de que o sangue venoso, mexido com o hydrogeno puro , e deixado depois durante huma hora em contacto com aquelle gaz, abandona- va«a este ultimo huma porção considerável de "ácido carbônico. O mesmo resultado tinha-se pbtido em
huma precedente experiência, pela simples applica*
ção do calor a huma porção do sangue venoso co- berlo de huma athmosphera de hydrogeno; porem a possibilidade 'da influencia chimica do calorico sobre o sangue, torna esta experiência menos deci- siva do que aquella em que se tem empregado a bomba de ar unicamente. Oauloràcha do mesmo modo, que pondo-se durante espaço de tempo sufli- ciente, huma porção de ar athmosphcrico em contacto com o sangue venoso, e immcdiatamente fazendo a applicaçaò da bomba de ar, este ar a-dqui- re ácido carbônico. A hypothese que o carbono do sangue atlraihe dentro do fluido o oxigeno do ar, e combina-se com elle.eque o ácido carbônico assim
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formado he exhalado depois , parece não concordar com este facto, que os aci-íos, e sobretudo o ácido carbônico, dão ao sangue huma cor preta , em quanto o effeito immediato dà exposição do sangue venoso ao ar athmospherico Oii ao oxigeno produz huma mudança de cor do vermelho escuro ao es- escarlate brilhante, mudança que constitue a con- versão de sangue venoso em sangue arterial.
O autor conclue destes factos, que o acid© não he formado durante a experiência em questão, po- rem que elle já existe no sangue venoso, e que he o ar athuiospherico; que o desenvolve.
Experiências idênticas feitas com o oxigeno em
lugar de ar, derão os mesmos resulta«l«.s , porem
com hum grau maior , e assim concorrem para
fortificar as idéas einiltidas .pelo autor, sobre a
2$r DIÁRIO DE .SAÚDE.
theoria da respiração. Segundo estas idéas, não he nem nos pulmões „ peru «em; aycotgQ. d*«eirculaG/$»
em geral, mais unicamente durante a sua passagem atravez dos vasos capilares, que o sangue se trans- forma da sangue arterial em sangue venoso, mu- dança que consiste na formação de ácido earbonico, em conseqüência da addição das particulas do car- bono, provenientes dos tecidos sólidos do corpo, e que se combinarão com o oxigeno fornecido pelo san- gue arterial. He a esta combinação que he devido o desenvolvimento do calor, bem como lambem a cor escura que adquire o sangue. Todavia, e autor re- fere a bclla cor vermelha do sangue arterial, não á acção do oxigeno, que por si mesmo he hum agen- te para colorir completamente inerte, porem á acção dos ingredientes salinos naturalmente conti- dos no sangue de hum indivíduo são. Chegando aos pulmões, a primeira mudança que experimenta o sangue provém do oxigeno do ar athmospherieo, e consiste na subtracção do ácido carbônico que causava a cor escura deste fluido ; a segunda con- siste na attracção pelo sangue de huma porção de oxigeno que elle absorve ao ar, e que toma o lugar do ácido carbônico. A strncfcura particular do pul- mão, e a elevação da temperatura nos animaes de sangue quente, concorrem para facilitar a produe- ção rápida daquelies pbcnomenos. (J. des Seiences physiques.—Septembre 1835.)
THERAPEUTIC A.
TRATAMENTO DA AMAUKOSIS
¦¦¦"¦;¦¦PELA STRYCIININA.
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A amaiwosis ou gota-serena he huma das moles- tias mais graves que se conhece , e sobretudo das que menos se curâo. Tem-se-lhe alternati vãmente op- poste, e de ordinário sem úteis resultados, os vo- mitorios, os purgantes, as sangue-sugas, os vesi- catemos por cima das sobrancelhas, os cauterios nos braços, os sedenhos na nuca, os moxas nas fontes, a pommáda ammoniacal nosinciput (Gondret), os esternutatorios, as duches salinas (Dr. Faye), as fü- migações ou vapores excitantes (Fioraventi) , as tittilações mecânicas, etc. Em fim, ultimamente
hum medico d'Edimburgo, o doutor Shortz, tem pensado que talvez a noz-voiwic» e seu extraclo vírião a ser elTicazes na paralysia da retina , assim como na paralysia dos membros. O Sr. doutor Mid- dlemore, de Birmingham , e o nosso compatriota o doutor Miquel, tem também , a exemplo do dou- tor Shortz, preconisado a noz-vomica e a strychni- na, seu alcali. Eis o que o doutor Miquel diz deste novo remédio :
« ... De sete pessoas atacadas d'amaurosis, e tra- tadas pelo methodo do doutor Shortz, trez, diz o Sr.' Miquel, tem recobrado completamente a vista; dois que mal vião a claridade do dia , estão assaz pers- picazes para se guiarem, e até mesmo para lerem letras grandes; os dois últimos nenhuma melhoria tiverão.
Antes de principiar o tratamento, cumpre certi- ficar-se de que estão perfeitamente transparentes os humores do olho, eque o doente distingue, pelo menos com hum dos olhos, a luz das trevas.
Indispensável he esta ultima condição ; sc ella não existir, creio que hc inútil empregar a strych- nina : ella não terá resultado algum. A percepção da luz por hum só olho basta ; porquanto o Sr.
Roussel, relojoeiro de Paris, que estava neste caso, recuperou completamente a vista do olho esquerdo, postoque elle não podesse distinguir deste lado a chama de huma vella, posta na distancia de huma pollegada do órgão.
Huma vez estabelecidas as cireumstancias favora- veis, começo o tratamento, applicando dose ou quin- ze sangue-sugas por detraz da orelha , do lado que desejo atacar em primeiro lugar. Se o sujeito he pletorico e disposto ás congestões cerebraes, eu applico as sangue-sugas no ânus ; em todos os casos também purgo previamente os enfermos, depois applico na fonte do mesmo lado hum vesicatorio de quinze linhas de diâmetro, que deixo até o dia seguinte.
Esta ferida bem limpa e bem rosada, he qae
tem de servir de meio d'introducção á strychaina ;
togo importantíssimo he copsorval-a n'hum estado
conveniente para a absorpção.
DIÁRIO DE SAÚDE. 299
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