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Pó, emas e outros poemas

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(1)

Pó, emas e outros poemas

(2)

Foto: by Edson Matos (Jornal A União

(3)

Pó, emas e outros poemas

Osman Matos

(4)

Copyright © 2017 by Osman José de Oliveira Matos Direitos desta edição: do autor Selo editorial: Independently published

(7 de outubro de 2017) Projeto Gráfico: Nanpos Tecnologia CEP: 58.074-114 Água Fria João Pessoa/PB

Capa: Matheus B. S. de Matos Ramon F. S. de Matos e Thiago V. S. de Matos

Revisão Ortográfica: o autor Fotografia do autor: Edson Matos

Detalhes do produto:

Paperback: 137 páginas Idioma: Portuguese

ISBN-10: 1098861353 / ISBN-13: 978-1098861353 Dimensões do produto: 15,2 x 0,7 x 22,9 cm

Peso de envio: 8,8 ounces

____________________________________

MATOS, Osman José de Oliveira, 1962 / Pó, emas e outros poemas - Osman José de Oliveira Matos –

Amazon, Seatle Whashington, EUA: 2017 140 p

ISBN: 9781098861353

1.Literatura Brasileira, Poesia Brasileira, I. Título CDD 869.9 ____________________________________

Proibida a reprodução total ou parcial.

Os infratores serão processados na forma da lei O autor

(5)

Obras publicadas em coletâneas:

Revista da Academia Juvenil de Letras. O Ateneu: Itabuna-BA: 1976 Rebento- O Retorno da Liberdade, Contemp, Salvador: 1989 Ultimatum - Agora ou Nunca, Contemp, Salvador:1989 Castro Alves Vivo, Cepa Cultural, Salvador: 1990

Poetas Brasileiros de Hoje 1990, Shogum, Rio de Janeiro: 1990 Mil Poetas Brasileiros, Carré, Porto Alegre: 1990

Crepúsculo da Felipéia, O Sebo Cultural, João Pessoa: 1997 Nossa Gente Nossas Letras, José Olympio, Rio de Janeiro: 2005 Sonho de Feliz Cidade, O Sebo Cultural, João Pessoa: 2007

Outros Olhares na Literat. Paraibana, O Sebo Cult. João Pessoa: 2011 (3° lugar)

Outros Olhares na Literatura Paraibana, O Sebo Cultural, João Pessoa:

2012 (1° lugar)

Poética I - Antologia de Poesia Contemp. de L. Portuguesa. Minerva, Lisboa Portugal: 2012

Antologia Internacional Brasileiros em Verso e Prosa, João Pessoa:

2012.

Anthologie Internationale Brésiliens en vers et en prose, Paris, 2012.

Obras solo publicadas:

1.Bolhas de Sabão Protexto, Curitiba: 2011 ISBN: 978-85-7828-242-4 2.Rio do Braço Mídia, João Pessoa: 2015 ISBN: 978-85-66414-92-9 3.A Viagem de Cristal eBook Amazon ASIN: B075VBKGCY Seattle, Washington, EUA: 2017 e edição impressa ISBN: 9781973117261

4.Río del Brazo eBook Amazon ASIN:: B07623XLHZ Seattle, Washington, EUA: 2017

5.Poesia em Gestação eBook Amazon ASIN: B0763K4SGJ Seattle,

(6)

8.Bolhas de Sabão 2ª edição, eBook Amazon ASIN:: B0767D4215 Seattle, Washington, EUA: 2017 e edição impressa ISBN:

9781973109105.

9.Horas de Chá: hai kais edição eBook Amazon ASIN::

B076515ZBQ Seattle, Washington, EUA: 2017 e edição impressa ISBN: 978-1973319894

10.Pó, emas e outros poemas eBook Amazon ASIN:: B076515ZBQ Seattle, Washington, EUA: 2017 e edição impressa ISBN:

9781098861353.

11.Ribombos do Silêncio eBook Amazon ASIN:: B076X2945 Seattle, Washington, EUA: 2017.

Composições gravadas em CD:

Música: Engenho de Menino - CD Chapéu de Croché em parceria com Jessé Jel (ver em: www.youtube.com/watch?v=LJWq_7zGFBM).

Composições inéditas:

Música: Bolhas de Sabão: www.youtube.com/watch?v=p2Ys8SgMjnA.

(7)

DEDICATÓRIA

Dedico ao meu pai, Osvaldo Pereira de Matos,

1927-2017.

(in memoriam) E à minha mãe,

Maria Arlete de Oliveira Matos, 1930.

(8)
(9)

AGRADECIMENTO

Agradeço a minha mãe, Maria Arlete de Oliveira Matos.

Sem ela, eu jamais seria um escritor, tamanho foi o incentivo.

Ela me fez acreditar em mim mesmo desde a infância.

(10)
(11)

I – Pó ... 19

Pó ... 21

II – Emas... 23

Emas ... 25

III - E outros poemas ... 27

Tirando leite da pedra ... 29

O menor poema do mundo ... 30

Papel pautado ... 33

É difícil... 34

Co-autoria ... 36

Sem óbolo ... 37

Fé ... 38

O "g" intrometido ... 40

Gênoma humano ... 42

(12)

Alvorada ... 45

Produção desvairada ... 46

Antônimos de Antônio ... 47

O céu descamba ... 48

Ensurdecedor ... 50

Pátria queimada, Brasil... 51

Papel em branco ... 52

Teto... 53

Vinte e três segundos sem o título ... 54

Comando ... 55

Ponta do Seixas ... 57

Formigueiro ... 58

Epiceno ... 59

Onamatopeia ... 61

Brasilêz ... 62

Arit-man... 63

Soletrando ... 65

Marcas de mim ... 66

Emergêcia 911 ... 67

(13)

Onipresença ... 72

Busto ... 73

O alfaiate ... 74

O peão e o pasto ... 75

Vapt ! E... Vupt? ... 76

Legado ... 77

Let it be ... 79

Antenas ligadas! ... 80

Ninar o poema pra dormir ... 83

Cutucada ... 85

Refletores ilustres ... 87

Reveilon 1999-2000 ... 88

O ano 2000 ... 90

O www ... 92

E a cara do corôa? ... 94

Atira! Atira! ... 96

(14)

Resiliência ... 100

O caráter ... 101

“E Tudo isso é o céu também” ... 102

Rima e solução ... 103

O tempo para ... 105

Cidade Pacata ... 106

Farra do siri ... 107

Mal-me-quer ... 108

Insônia ... 109

O futuro, quem garante? ... 110

Despaixão ... 112

A minha outra metade ... 114

Cinzas ... 116

Engenho de menino ... 118

A colheita do cacau ... 121

Doar amor... 124

A mulher por cima: cordel pedagógico* ... 126

Sobre o autor ... 135

(15)

“O tempo tem pó.”

(O autor)

(16)
(17)

Pó, emas

e outros

poemas

(18)
(19)

I – Pó

(20)
(21)

Pó, o mesmo que Poeira;

Pó, rio localizado ao norte da Itália;

Pó, uma freguesia portuguesa do conselho de Bombarral;

Pó, uma personagem de Marvel Comics;

Pó, uma fórmula farmacêutica;

Pó, gíria utilizada para se referir à cocaína (droga);

Po, o símbolo atômico do elemento Polônio, mas

Pó também é o nome

de qualquer substancia sólida pulverizada

e reduzida a partículas extramente pequenas como Pó de café ou leite em

Pó, (omitiu-se em dizer a Wikipédia).

Pó também é o nome de um Poema em que o

Poeta

Pode brincar no

Pomar de palavras e colher Pomelos ou

Podar os galhos de

pajurás, pequis, pequiás,

pêras, pêssegos, pápricas,

pindaíbas, pinhas, pistaches,

pitaias, pitangas, pitombas,

puçás, pupunhas e puruís,

porque não começam com

(22)

Pós, palavra polissêmica que também

Pode ser um modelo de ensino destinado às pessoas que concluíram a graduação,

Pós – substantivo feminino plural ou singular pela qual Posso fazer uma nas universidades da

Polinésia Francesa ou na Polônia em

Poços de Caldas ou Poronga.

Pó, também,

Pode variar em grau para Pozinho ou para

Pozão, aliás,

Pozinho também é estratégia no Mercado de Ações.

Mas jamais direi que Pó

Pode variar em gênero, senão viraria pá,

mas dela, um dia, iremos precisar.

Pó é sinônimo de rapé que rima com dar no pé,

e nos ensina que não estaremos sempre por aqui. O Pó é, mas nós, não. Tem

Pó no tempo; tem tempo no pó, mas nunca teremos tem- po.

Esse rapé que nos faz espirrar, esse Polvilho,

esse medicamento seco e moído que não cura a nossa insignificância nem a nossa falta de importância é coisa muito séria:

Pó é para onde voltaremos,

(omitiu-se em dizer a Wikipédia).

(23)

II – Emas

(24)
(25)

E

mas

“Nandu ou nhandu

(Rhea americana), aves da família Rheidae, cujo habitat se restringe à América do Sul.

Apesar de possuirem grandes asas, não voam.

Usam as mesmas para se equilibrarem e mudam de direção na corrida.”

Só que Emma

também é nome de mulher em língua inglesa e o nome de uma cidade do interior da Paraíba (Nordeste do Brasil), integrante da região metropolitana de Patos e localizada em Piancó, uma microrregião de extrema beleza.

(Omitiu-se em dizer a Wikipédia).

Mas como os poetas não gostam de conceitos, vão logo dando um jeito de mudarem a direção em plena folha corrida:

ema escrita ao contrário,

(26)
(27)

III - E outros poemas

(28)
(29)

Tirando leite da pedra

Os Poetas mudam de direção na corrida como

pó, emas e jogadores de futebol com a posse de bola.

Põem as palavras pra ficarem presas para sempre nos poemas como fez o poeta americano Edgar Allan Poe. Mas Drummond também é bom, e eu critico o pó e más policiais que prenderam sem dó e sem pó, E. M. A. S.

(30)

O menor poema do mundo

O menor poema do mundo

não é o “Lines on the Antiquity of Microbes”

de autoria desconhecida,

nem um hai kai de Matsuo Bashô

ou o “Me We”

de Muhammad Ali.

O menor poema do mundo não é o nanopoema ‘Infinitozinho’

do Arnaldo Antunes

e não pode ser escrito por um microscópio.

Só por um telescópio.

E é tão

Microscopicotiquito, o menor poema do mundo,

que nem mesmo

as potentes lentes do Hubble podem vê-lo.

Somos tão pequenininhos, Infinitas vezes menores que

o menor poema do mundo,que não há

(31)

escala em anos luz que possa comparar-nos,

nem em bilionésimas vezes de um metro dividido em nano.

O menor poema do mundo não cabe num copo

de cafezinho descartável;

o vazio de um copo dessa dimensão é imenso!

Fazemos parte do menor

poema do mundo:

numa estrofe, em algum verso seu, numa palavra,

em suas sílabas poéticas,

numa letrinha sem importância,

(32)

ou na mais sonora das rimas!

Incumensurável!

i n a l c a n ç á v e l!

E somos tão pequetititos que nunca teremos tempo de chegarmos até ele.

Nunca teremos tempo...

Teremos tempo?

Tem pó no tempo.

Nunca teremos tempo...

O menor poema do mundo é uma galáxia

há bilhões de anos luz daqui.

E é tão imenso,

o menor poema do mundo, que some;

tão imenso que cabe

no vazio do homem.

(33)

Papel pautado

_________________________________________________

O papel pautado não é bom para um poeta.

_________________________________________________

Suas linhas horizontais e uma vermelha na margem, _________________________________________________

determinam limites. Não sei onde deixei meu bloco _________________________________________________

e papel em branco...

_________________________________________________

Ah, pautinhas, por que me incomodas tanto?

_________________________________________________

São gaiola.

_________________________________________________

E agora?

_________________________________________________

Como vou voar?

_________________________________________________

Corredores azuis, estrada vermelha

_________________________________________________

onde queres me levar?

_________________________________________________

Deixar-me aqui perdido

_________________________________________________

pra não escrever

_________________________________________________

não sei mais que tema?

_________________________________________________

Ou me expulsar de vez

_________________________________________________

pra deixar que só vocês

_________________________________________________

sejam autores do poema?

_________________________________________________

(As linhas que ainda restam

_________________________________________________

me deixam ainda mais incomodado!

(34)

É difícil

Senhora Ferragem Escadaria Estrutura Fundação.

Senhora Cobertura Britadeira Porcelana Esquadria Cerâmica.

Senhora Madeira Lajota Pilastra Roldana.

Senhora Encanação Basculante Furadeira.

Senhor

Andaime

Concreto

(35)

Corredor Telhado.

Senhor Plástico Alicerce Carpete Vidro Azulejo.

--- Vizinhos verticais.

--- Não os Vejo nunca.

É difícil.

Prefiro a vastidão das ruas, casas térreas, vizinhos lineares:

sentam à porta, cumprimentam, conversam, acenam, riem,

olham, ouvem, brincam, chegam, partem, passam, existem.

(36)

Co-autoria

Vento. Te ouço e não te vejo, vejo-o nesse movimento:

soprar o meu papel da mesa, levá-lo ao chão

e também o meu pensamento,

desviando-me a atenção de escrever...

Não sei mais que tema.

Eu me levanto e vou buscar a aceitação, a paciência e sinto seu sorriso cínico...

Agora eu te agradeço, vento a parceria silenciosa

na autoria desse poema.

(37)

Sem óbolo

Um dia eu vou morrer e lá vou eu, arauto de ninguém nem de mim mesmo.

O quê seremos quando já não sermos, se o nada que nós fomos se perdeu?

Onde é que eu andarei se sem memória, perdido estarei sem saber onde

encontrar-me, pois nem sei se lá se esconde o meu antigo eu, esse de agora?

Onde estarei? No Éden ou em lugar ermo?

que importa se de tudo esquecermos e a amnésia for o mal de quem viveu?

Sem óbolo e sem ter quem me conte

vou cego surdo e mudo ao Aqueronte

atravessar-me em outro que não eu.

(38)

Um leito hospitalar é uma nave imensa

transportando bilhões de enzimas no coração de um paciente no Incor que espera fazer um procedimento:

“angioplastia” – disse-lhe o médico.

Teve que fazer

o procedimento coronariano para salvar sua vida.

No outro dia, já operado,

contou que uma enfermeira baixinha e preta de mão de veludo

afagou sua cabeça, dando-lhe força, discernimento e fé.

Ao acordar,

perguntou ao médico por essa enfermeira, e ele respondeu:

“ – Não. Aqui não trabalha

nenhuma enfermeira baixinha

e preta de mão de veludo”

(39)

Mas uma enfermeira

baixinha e preta de mão de veludo afagou sua cabeça

e a cirurgia foi bem sucedida.

Depois saiu contando a todo mundo:

“– Foi Senhora Aparecida.”

(40)

O "g" intrometido

O "P"

o "U"

o "L" e o "A"

Eram só "pula" e pronto;

estavam bem sossegados, viviam sempre a pular.

Foi passando um "g" malandro e com efeito foi gritando:

-Puuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuula, "a"!

E a letra "a", coitadinha, toda apavoradinha, foi um pouco mais pra lá.

Jamais imaginaria que ao sair perto do éle, coçaria sempre a pele, coça aqui, coça acolá.

E o "g" intrometido,

dando uma de sabido,

invadiu o seu lugar.

(41)

Pra entrar na sua tribo, fique atento e tenha cuidado pois não é que seu destino pode mesmo ser mudado?

E a letra "a", coitadinha,

ficou depois muito brava,

pois o "g" intrometido

a fez "pulga" outra palavra

(42)

Gênoma humano

ACGTGGTAGTAGTAAGAGGAGGAAAGCG GGGTAAGGTGGTGGTTCAACTTGGGCGG CGGGGGCGCGGGGGGCGGCGGGCGCGT CGAACAAGCGTTATAATTGCCGAGAAGCA ATACCGAGAAGCGATGTAAAAAATAATAG GATAATGTCATATGTAATGTCATAGGAGC ATGGTGTAATGTCGACATAGGGTCCGGTT TGATGAGGAATCCATGCAGCGAAATGCCG CTGGTAGTGGTCAGTTTAACCAGAAATCG AGACTGTCCAGTAGCCAGTCTGACGGTGC AGTCCTGAGGGTGCGATGTATGGAGGTC

______________________________

Assina a Ciência no ano 2000

(43)

Labirinto

E lá vai um homem caminhando normal pelas ruas da vida com uma ferida ardida maior que o próprio corpo e a mente perdida

no labirinto da rua

antes conhecida.

(44)

Nível do mar

Olho para o mar

e não consego esquecê-lo.

O mar não me cansa.

As águas paradas do mar, ao longe, dão-me movimento.

O nível do mar, encantamento.

O mar não me cansa.

Olhem a beleza do nível do mar.

O mar não me cansa.

O nível do mar tem nível;

do nível do mar, uma lição possível.

O mar não me cansa.

Me exausta o desnível dos homens

protesto das águas na lição sublime do nível do mar.

(45)

Alvorada

Eu, ali sentado cada vez mais distante

e o horizonte sempre a poucos metros de mim;

de repente foi pra linha do mar…

E eu, agradecido,

desliguei os farós

do meu automóvel.

(46)

Produção desvairada

Fumaça preta de formas mil, pra onde vais assim tão cheia de formas?

Esses monstros gigantes que retratam retrocesso não estão em você;

vejo-os na lareira

mandando madeira,

aumentando as chamas

do “progresso”.

(47)

Antônimos de Antônio

A manhã, tímida, cutucava os raios de sol nas peles apressadas…

Ali, abondonado e sujo, deitado ainda na calçada

e diante da angústia por um novo dia, Antônio, atropelava, lúcido,

toda loucura dos olhares indeferentes…

E logo ali perto fazendo caminhada e comendo maçãs,

uma mulher e seu cachorro limpo, cheiroso e peludinho

começavam a manhã.

(48)

O céu descamba

O céu descamba atrás das árvores e não é preciso atravesar florestas para alcançá-lo;

porque de lá, estará mais longe.

O céu descamba atrás das montanhas e não é preciso escalar os cumes para alcançá-lo;

porque de lá, estará mais longe.

O céu descamba por trás do horizonte e não é preciso

atravessar os sete mares para alcançá-lo;

porque de lá,

estará mais longe.

(49)

O céu descamba por trás das casas e não é preciso especular quintais para alcançá-lo;

porque de lá, estará mais longe.

O céu descamba no seu coração.

E para acançá-lo, é preciso amar e fazer o certo;

e assim, de cá,

estará mais perto.

(50)

Ensurdecedor

A correnteza guia os olhares vagos.

Mar de peixes mortos gritam sufocados no silêncio de boiar.

O grito mórbido rege o momento de grande lamento:

os olhares vagos

são mesmo surdos.

(51)

Pátria queimada, Brasil

Arde fogo nas folhagens…

Caules na Amazônia ficam (alertas?) acesos…

Nuvens de fumaça ganham o céu noticinado quilômetros de destruição…

E não adianta ajustar a cor do seu televisor.

A manchete do dia

é mesmo em preto

& branco.

(52)

Papel em branco

Folha de papel em branco:

fina como o silêncio, leve como a paz reinante

e fraca como uma teia de aranha.

Ao ficar surda como um cérebro pensante, ganha a liberdade das gaivotas…

E cria a força que a faz ciência, início, fim. Das atenções, o centro.

Capaz de realizer a maior façanha:

acolhe em seu espaço tão pequeno o mundo dentro.

(53)

Teto

Um “T”

tem um TeTo,

um TeTo tem dois TeTos, mas teotônio

não tem nenhum.

(54)

Vinte e três segundos sem o título

1. Um tic e tac 2. e nasce alguém, 3. que morre logo 4. após o parto?

5. Um tic agora, 6. e outro aos oitenta, 7. de zero a oitenta 8. um tic e tac.

9. E vai e vem 10. e fecha e abre 11. e sobe e desce 12. e anda e para 13. e voa e pousa 14. e perde e ganha 15. e tudo é nada, 16. início e fim 17. ou não há fim, 18. pois isso é bíblico?

19. …E esse poema

20. (Eternamente?)

21. irá ter vinte

22. e três segundos

23.

sem o título.

(55)

O poema quando nasce vem sem pressa e espontâneo aterrisar na folha

de papel em branco como uma espaçonave a desembarcar palavras…

Cada palavra, todas.

Todas as palavras, uma.

O poeta tem que ter calma, resiliência, paciência, amor pelo que faz e sabedoria para não brigar com as palavras nem irritá-las;

apenas seguir seus comandos…

As palavras falam:

- Sentido!

O poeta espera;

- Descansar!

O poeta, vírgula.

(56)

- Auto!

O poeta para.

- Meia volta! Volver!!!

O poeta volta.

E elas não gostam de serem comandadas por um autor impaciente e sem inspiração..

O poeta fala:

- Sentido!

As palavras reticenciam-se…

- Descansar!

As palavras: dois pontos;

- Marche!

As palavras param.

- Auto!

As palavras vão.

- Meia volta! Volver!!!

As palavras seguem em frente e se perdem na megalópole das variedades do infinito.

E aquele poema suado,

pensado, trabalhoso e demorado

nunca mais será escrito.

(57)

Ponta do Seixas

O sol, exuberante,

nasce uma só vez a cada dia em milhares de horizintes

para que cada um de nós possa assitir ao esplêndido espetáculo.

Mas primeiro vem nascer

em João Pessoa na Paraíba,

das Américas, o oráculo.

(58)

Formigueiro

Homens apressados parecem formigas.

Não param pra nada.

Não têm amigos nem têm amigas.

Família? Há há há há…

Só pensam em dinheiro, dinheiro, dinheiro são um formigueiro, dinheiro, dinheiro e enchem o saco:

formam a primeira fila

pro buraco.

(59)

Epiceno

Um besourinho quase redondo,

vermelho claro, de cabeça preta pequena, antenas curtas, com seis patas

e asas bem desenvolvidas, não sei se uma joaninha, inofensiva, portanto,

pousou agora em minha perna.

Eu não me assustei;

deixei-a por um instante para ver sua inteção.

Por isso deu tempo de analisá-la melhor e fazer a descrição de seu porte.

Afinal, ouvi dizer que as joaninhas trazem felicidade, serenidade e sorte.

Parou, andou em diagonal, explorou a minha calça branca.

Continuei sentado

assistindo aquele treco,

(60)

Do embalo, um voo.

Do voo, um retorno sincrônico.

Pousou de novo, Fez tudo de novo.

Parou, andou e

estava com uma das pernas, manca;

voou quando quis.

Mas antes, soltou um líquido amarelo de cheiro desagradável

e que manchou a minha calça branca.

Veio reclamar de minha estupidez, eu acho, ou provar que era macho ou “macha”.

O quê você acha?

(61)

Não-bastava O toc-toc O vai-e-vem O rec-rec O chec-chec O trec-trec O plaf-plaf O chic-chic O ronc-ronc O dia-interio João -Madeira, o-carpinteiro, não-dormiu muito-bem naquela-noite:

cri-cri cri-cri E-quando o-dia-raiou,

um-zum-zum-zum-blá-blá-blá

danado-da-mulher:

(62)

Brasilêz

O doido já não seria tão “dôdho”

e o bêbado, um “bêbo”

se o povo, poeta, não fossem os autores da boa expressão.

Preferem “um fejão!!!”

e não fica “fei”

“Jão falá“ imperfeito,

“Um fejão!!!” desse jeito

já diz “que’lé é bão”

Perdoe-me a gramática, que as vezes na prática é sem inspiração Um bom brasileiro tem a sua tática

e quer também na linguagem,

identificação.

(63)

Arit-man

O homem não é uma figura v

e r t i c a l

como parece...

Do alto, apenas um Ponto…

.

(Final?)

de Seguimento, venhamos.

Desde os tempos mais remotos aprendeu a Somar,

pra Diminuir do próprio homem tantas Multiplicaçôes

que Dividiram a própria vida deles.

e por entre Proporções

(64)

Óh Triplo Radical Decâmetro!

Põe neste Quociente tão Milímetro,

o Mínimo Divisor Comum!!

(65)

Soletrando

1968.

Aula de alfabetização

na Escola Maria Victória em Rio do Braço:

Cê a cá

Cê é qué

Cê i qui

Cê o có

Cê u…

Cê u…

Cê u…

Diga, menino! Vamos! Diga

!

Mas fessôra….

Diga! Diga tudo!

Palmatória de prontidão:

Cê u…

cu

, mas né o seu não, fessôra, é o meu!

(66)

Marcas de mim

Um dia,

desencontrei-me de mim;

um outro jeito, um outro costume um outro olho fazia eu ver.

Me procurei num dado instante e vi que me deixei em uma esquina.

Quando voltei, eu só encontrei as marcas de mim

que já não eram minhas…

Foi aí então que meu coração apagou de vez

as marcas de uma paixão.

Quando me vi chegando, saltitei de alegria.

E me abracei como nunca

num reencontro nessa mesma esquina.

(67)

Emergêcia 911

World World Trade Trade Center Center Cartão Cartão Postal Postal E.U.A. E.U.A.

Duas Duas

Torres Torres

Gêmeas Gêmeas

WTC 1 WTC 2

One Four

Two Five

Three Six

Bumm!!! Bumm!!!

New York New York 9, 11 9, 11

…///???>>> …///???>>>

###$$$%% ###$$$%%

*.>>>..<<<. *.>>>..<<<.

!!!¨¨???¨¨- !!!¨¨???¨¨- +++++++++ +++++++++

Repensar o ser humano e acordar do estrondo.

(68)

Pó, Ema, Esqui, Zito

Rezou

Viés

Crê

Cipó

Ema

Esqui

Zito

Aqui

Zito

Parem

Tem

Dessa

Ética

Lei

Aspa

Lavras

Pará

Mente

Ah

Sina

Maior

Cal

Maria

Ivo

Sem

Tem

Deu?

(69)

Uma gaivota, dançando no céu

festeja o sol que irradia…

O sol,

diretor do cenário, comanda luz e ação.

O vento,

tocando os coqueirais, compõe música nas palhas.

O mar,

beijando a praia, gosta tanto que volta.

As nuvens, lá do seu oráculo, assitem ao espetáculo…

Um passarinho

cantado alegre,

voa alto e some.

(70)

Na idade contemporânea

Em minha cidade nem todos estão no ano de dois mil e dezessete.

Uns vivem a idade da pedra lascada e estão lascando as pedras da vida.

Outros que estão no primeiro andar, vivem a idade da pedra polida, querendo alcançar o outro andar,

dos que estão na idade dos metais, mas

muitas ferramentas que podiam polir as pedras do térreo são pra cobertura.

“O povo do térreo

São pedras lascadas

(71)

Empurram pra o chão e ainda assim,

mesmo aí, então

são alvenarias

.

(72)

Onipresença

Oh, Deus, em que lugar do meu poema tu estás?

Aqui.

Do título ao aqui

que repeti,

no repeti.

(73)

Busto

Alguém se movimentou no passado e fez algo marcante pra ter um busto na praça…

Aproximei-me pra ler a placa feita há duzentos anos, e o feito.

E esses momentos na praça, o que são?

Pessoas passando, pipocas pulando, barulho de automóvel?

Momentos comuns que não existem?

Vejo em toda praça, um movimento fantástico:

o do busto… Estático?

(74)

O alfaiate

Bem firme e afiada, a nau determinada separa o mar em dois;

a linha em par mergulha puxada por uma agulha são golfinhos que brincam.

Emergem e submergem navegam pelo mar de infinito tecidos.

Impecável o corte, a nau tem comandante.

Roupas que dão destaque um smoking, um fraque ou um terno galante.

Na precisão da métrica, elegância e estética e a beleza poética para encantar-te.

Tesoura, agulha e arte:

e nasce um terno magistral,

impecável e especial

(75)

O peão e o pasto

O peão no pasto.

Um ponto no vasto.

O chão é pasto.

Escreve equânime em caneta lâmina, permanente ânimo.

O peão no pasto.

Um ponto no vasto.

O pasto é chão.

(76)

Vapt ! E... Vupt?

A vida, vapt!

A morte... Vupt?

(77)

Canta, pássaro.

Seu canto de tristeza, preso nessa gaiola, parece de alegria, mas este é o seu tom.

Voa, pássaro.

Limitado a pular

daqui pra lá, de lá pra aqui, na angústia e ância

de voar distante Come, pássaro.

Sua esperança de um dia voar,

faz você comer esse oferecido paladar medíocre.

Bebe, pássaro.

Embora sua sede

que é a de voar,

essa não sacia.

(78)

e sonhar voando por estes confins.

Acorda, pássaro.

Pensas que já estás morto quando o prenderam e agora queres que tu sejas pássaro.

Emudece, pássaro.

pois seu canto traduz uma alegria falsa e ninguém escuta o seu apelo.

Fecha as asas, pássaro.

Fica aí imóvel,

pois sabes que não vais a lugar algum

Enfastia-se, pássaro.

Pois o prazer de não buscar seu alimento

corta-lhe o apetite.

Morre, pássaro, porque a tua morte é o teu legado, protesto de ti:

"- De que vale ter asas num cárcere?

(79)

Let it be

Posso lhe dizer

o que foi o nosso amor, com palavras;

o que ele é,

com gestos e ações de carinhos recíprocos;

mas o que ele será eu prefiro nem pensar...

Pois enquanto estiver sendo conjugado no presente,

terá sempre esse sabor de eternidade!

(80)

Antenas ligadas!

O que compramos antes a gente sempre esquece!

Qualquer coisa nova "dá mais vida"

"Sorria, campeão!" - "Tudo pede"

"Refresque seu pensamento"

Tá na hora de você "rever seus conceitos"

senão você fica descompleto.

Sua máquina de lavar não faz o "beep", metralharam sua máquina de escrever, mandaram seu ventilador para os ares e deram de cassête em seu Vídeo K7;

E sua TV, Ana? A lógica: jogue-a no quintal;

já chegou imagem plana e digital!

Antenas ligadas!

Não lhe dão "cartão de crédito" pra parar!

Tem que ter "Pulmões de Aço" pra aguentar!

Sob a mira de uma "escopeta automática"

você tem que avançar!

Não telefale com ninguém pois não há a quem apelar!

Televeja que você tem que ter;

(81)

Hei! Não fique aí parado boquiaberto, não!!!

Vamos! Input!

Repeat! Enter!

Shift! Shift!

(Não adianta chorar!)

Delete o que comprou agora!

Insert, ô meu!

Encontre um-mail de se plugar!

Não fique em off!

Fique em on!

O tempo está ficando curto...

Que velocidaaaaaaaaaaaaade!!!!!

Não perca o controle, mas esse seu rádio, Joaquim, já está remoto!

E o seu celular?

Já tem tela ‘touch screen?"

Hei! Já sabem da novidade do mercado?

Computador e celular, amigo, nem precisam de teclado!

E haja aplicativos pra você ficar ativo.

(82)

somado às 24 das redea sociais,

mas estou cansado e sem viver as 24 horas normais

(Calma! – senta aqui, respire fundo e pare um pouco! -)

……….……….

……….

Aguenta aí mais um pouquinho sem o whats app, sufoco.

……….……….

……….

E não tente ultrapassar a cerca tentando fugir para Parságadas, porque ela está eletrificada

e você vai tomar um choque à toa…

Basta este:

prepare o bolso para comprar um outro automóvel,

pois este que você já vai adquirindo não voa.

(83)

Os ponteiros me lembram já são meia noite

o leito me chama é hora de dormir.

Mas já são meia noite?

Bom que fosse vinte horas para que eu pudesse escrever até agora.

Se rompo até às quatro, o dia cansado

me exige a dormir mais cedo hoje;

mas se eu dormir às vinte horas, como irei escrever a até a meia noite?

Se atendo o chamado do leito aconchegante o sentimento reclama

(84)

acalento em vão.

São dois contra um, agora são três

com a recente insônia, que vão me obrigando a ficar de plantão, a pegar o papel, a esquecer o horário e escrever esses versos pra poder dormir...

(85)

Cutucada

Agendei ontem:

1 joelho de 40 1 redução de 40x50 2 T de 50

1 cano de 20 1 tubo de cola PVC 1 joelho de 100

Na hora de comprar lendo a lista:

Uma redução de quarenta para cinquenta dois tês de cinquenta

Um cano de vinte

Um tubo de cola pê vê cê Um joelho de cem…

Dois choco…lates?

Uma pitada de a...mor

três bei...jos por dia

dois pingos de ca…rinho

um minuto de aten... ???

(86)

Meia volta: floricultura.

- Trouxe os chocolates que eu pedi, os dois?

Meia volta novamente:

(flores pra depois).

(87)

Refletores ilustres

Luminárias, plafons e abajours;

arandelas, spots, refletores e lustres

são os mais diversos e são imponentes.

Mas nenhum são nada sem que haja luz;

A mesma luz comum e incandescente

que está lá acesa com fé esperançosa e feliz

no coração do barraco

de seu Àlvaro Luiz.

(88)

Reveilon 1999-2000

1999.

vejo um "um"

e três noves...

O "um", com um ar de cão-de-guarda, na frente, alerta, sério, ereto, esteve presente em todas as datas durante mil anos no mesmo lugar

e como um bom chefe de família, segurou o milênio.

Seus três filhos, os três noves,

o acompanha sorridentes.

O primeiro, um adolescente;

o segundo, uma criança;

o terceiro, um bebê.

Agora vai zerar tudo:

(89)

morreu o "um", o "nove", o "nove", o "nove".

É tudo diferente:

É dois.

É zero, É zero, É zero.

É pic! É pic! É pic!!

É hora! É hora! É hora!!

2000!

Dois mi-ó!

Dois mió!

Dois mil!

2.000!

...E as velinhas que brilham são estrelas e galáxias…

(90)

O ano 2000

O ano 2000 chegou e eu estou aqui entrando nele.

É como se eu chegasse numa espaçonave,

pois quando eu era menino,

o ano 2000 era místico, longe, incerto

e agora já está aqui.

Diziam que em 2000 o mundo iria se acabar.

O tíssico,

Percelita Bobodina e Seu Lió,

já velhinhos

quando eu era menino, alcançaram o ano 2000;

Lady Di e Airton Senna, não.

(91)

Mas o ano 2000 já chegou:

a grande vedete é a internet;

o grande inventor, o computador;

e em todo lugar, o telefone celular;

a maior arte

já pousou em Marte;

O maior desafio

é preservar o ecossitema;

ciência e religião dar-se-ão as mãos?

E as profecias

contando nossos dias...

O ano 2000 já chegou da era cristã:

ainda há flores, animais,

árvores, montanhas, rios

e ainda há esperanças…

(92)

O www

O www

invadiu o mundo.

O ponto,

que na gramátca para, avança.

Ponto com. Ponto br.

Ponto mx, ponto país.

Entre o www e o ponto com, um universo, uma identidade única, como uma íris...

Como algumas das vinte e seis letrinhas, entre o www e o ponto com,

podem ser tão infinitas?

Bilhões de transformações que nos levarão sempre ao livre arbítrio...

É como se o infinito fosse perto

e o impossível, possível.

(93)

E nós, livres pra voar,

navegar e atracar em bilhões de portos na infinitanet...

Entre as invenções, as comunicações

alcançaram a maioridade?

A telepatia, um dia, superaria a internet?

...Mas quem garantiria a todos a mediunidade?

(94)

E a cara do corôa?

Cheguei aos quarenta;

quarenta, metade?

Um lobo? Cordeiro?

Raposa? Galinha?

E a cara do corôa?

Corôa ou um cara que salta com a vara e corre em maratona?

Idade na metade?

quarenta é medida, medida de vida?

Onde está a metade se não sei pra frente?

Onde está o mal de apenas ser gente dançando na chuva cantando contente?

E enquanto rachamos

(95)

e nos concorrendo cheios de ganância, bilhões de galáxias há milhões de anos-luz, não estão nem aí pra nossa tamanha insignificância.

João Pessoa, Pb, 03/05/2002

(96)

Atira! Atira!

Atira! Atira!

Vai, boy!

No mei! No mei!

Aperta! Aperta!

Aí não! Aí não!

Abre! Abre!

Oia o Ladrão! Ladrão!

Passa logo, rapaz!

Qué qué isso? Qué que isso?

Segura! Levanta a cabeça!

Passa! Passa agora!

Atira! Atira!

Matheus! Matheus!

Pelo amor de Deus!

O nove! O nove!

Negão! Negão!

Corta! Corta!

Viche Maria! Tira!

Tira daí! Tira daí!

Sai! Sai! ????????

Aí! Valeu!

Agora é pra frente!

Pra frente! Lança! Lança!

Oia o ladrão! Ladrão!

(97)

Isso! Isso!

Bate forte agora!

Atira! Atira!

Ai, Meu Deus! Ai, meu Deus!

Vai! Vai! Vai!

Atira! Atira!

Boa! Boa! Valeu!

Vaaaaaaaaiiiiii!!!!! Vai!

Tá entrando! Tá entran...!

Taentrandegol.

GOOOOO00000000ooooooooLLL!!!

(98)

Passeata

"Manifestantes liderados por um servidor público vestido de Jesus Cristo gritavam palavras de protesto

quase entrando no lago do Itamaraty.

Uns achavam que era Antônio Conselheiro;

outros, Tiradentes."

Li esse trecho num jornal.

Era mesmo Jesus Cristo que alí, ia.

"...Bombas de gás lacrimogêneo,

balas de borracha e cavalaria."

(99)

A coisa

Ontem, a coisa:

-Era de outro jeito!

-Não era assim!

-Era diferente!

-Era outra coisa!

-Era bem melhor!

Hoje, a coisa:

-Não tá de brincadeira!

-Tá séria!

-Tá russa!

-Tá dura!

-Não tá mole!

-Tá pior!

Amanhâ, a coisa:

-Será outra!

-Mudará!

-Se inverterá!

-Transparecerá!

-Se transformará!

-Será bem melhor!

(100)

Resiliência

Ninguém deve se isolar do mundo nos momentos de aperto.

Tenha paciência.

Você tem que ter resiliência.

Mas se sua cabeça encher E seu problema

for maior que você.

Tenha paciência.

Você tem que ter Resiliência

Há um ponto de equilíbrio para sua desorientação.

Há pessoas do seu convívio que poderão lhe dar a mão um religioso, alguém, um amigo,

ou até mesmo a ajuda de um assistente social Você é capaz, tenha paciência.

Você tem que ter

(101)

O caráter

Como célula sanguínea, o caráter é um agente em prol de um bem geral:

a defesa retílinea do organismo social.

E quando é atacado

por virus vil que está solto

dizer “não” é um leucócito

que o torna imunológico

às maléfias dos outros.

(102)

“E Tudo isso é o céu também”

É…

Estou aqui

num hotelzinho ralé bem simploriozinho, em Guarabira na Paraíba…

“O Estado de São Paulo”

Em seu caderno “Viagem” de hoje, mostra um palácio, o Jaques de Le Conte, depois palácio de Versailles,

que Luiz XV mandou construir.

Fouquet, à meia noite, era o rei da França e a zero hora era ninguém.

Depois virou filme,

“E tudo isso é o céu também”,

que eu ainda não assisti.

É… Estou aqui num hotelzinho ralé bem simploriozinho, em Guarabira na Paraíba…

Mas “tudo isso é o céu também”.

(103)

Rima e solução

Olha, seu Raimundo,

quando eu sair desse mundo, levarei a contento

nada do meu tempo;

serei pó no tempo enquanto dure o pó, pois me pode o tempo insignificar-me

num simples segundo e eu saio desse mundo para um mundo fundo, raso ou nenhum mundo.

Olha, seu Raimundo,

se eu me chamasse o senhor…

Êpa, nem rimou,

mas ao menos vai a solução:

(104)

eu me chamo Osman

e pra quê pensar no amanhã?

Olha, seu Raimundo,

eu não sei se existe

mundo bem pior

ou melhor que este

mundo que eu amo

imperfeito e imundo.

(105)

O tempo para

A hora que já foi marcada disparou tão velozmente que já estamos no presente que não tem hora marcada por ser tão constantemente.

O tempo para

quando a hora é marcada daqui a qualquer hora e em algum lugar.

Enquanto ela não chega,

é um lugar no tempo,

parada, estática e imóvel

como o próprio lugar

que a espera.

(106)

Cidade Pacata

Pacato, pacato, pacato, e vai um jegue na calçada, pacato, pacato, pacato, carregando as latas d’água, pacato, pacato, pacato

e a rouca voz de Seu Nozinho:

-Água de beber! Água de beber!

Chulápte, Pacato, pacato, acordando a cidade pacata.

Dona Constância sai na janela:

pacato, pacato, pacato,

pacata, também.

(107)

Farra do siri

A criança malina futucava o siri enrolava o siri parava o siri chutava o siri levava dribles do siri levantava o siri derrubava o siri corria, o siri alcançava o siri encurralava o siri soltava o siri prendia o siri ria do siri

na praia, imensa, deles…

Defesa, o siri,

agora cansaço e exaustão.

Morte lenta do siri…

A criança se arrepende:

“acabara a diversão”.

(108)

Mal-me-quer

Disse-me, a flor silenciosa, bem-me-quer

com muita serenidade e sensatez.

E ainda me deixou um sol preso num talo de dó

iluminando a minha estupidez.

(109)

Insônia

Enquanto

eu não me conformava com a insônia, a noite era uma longa agonia…

Depois que resolve aceitá-la, de olhos abertos pro telhado, pensamentos me vinham.

Eram tantos planos e sonhos que fiquei cá, com meus botões, radiante de alegria.

Descobri, lembrei, revivi, voltei, planejei, avancei e aprendi

a amar todos os momentos da vida, até mesmo esse, dessa insônia, nesta hora tão tardia…

E vejam só no que deu:

boa noite poesia

(110)

O futuro, quem garante?

Se eu fizesse um gráfico representando o tempo, o passado seria uma linha, o presente, o fim da linha, um ponto oculto que não vemos.

estaria, o futuro, lá - Um ponto após um espaço em branco, esperando a linha.

___________________ .

A linha, o espaço e o ponto, inseparáveis no tempo, são burro, vara e banana.

Esta, na ponta da vara, é inalcançável ao burro que anda e a banana avança.

Como a certeza da morte, a linha é forte e é contínua.

Por mais sério que se julgue,

a tudo cure e se procure

o tempo e o tempo dure,

por mais e mais que concorra,

(111)

que se nasça ou que se morra, que se morra e o tempo corra, por mais que sábio e maduro,

seja duro e pule o muro, jamais se alcança o futuro;

por mais vezes que se plante,

ou se faça reimplante, o futuro, quem garante?

só não sei porque se matam

procurando a eternidade

se ela existe agora, a todo instante:

_______________________

(112)

Despaixão

De mim mesmo sou co-criador de mim e de Deus parceiro;

vou-me reinventando aperfeiçoando-me a um verdadeiro amor que perdure claro como Alva, alvo como Clara

já que ambas me amaram e por mim lutaram e eu não era o cara.

Quem eu tanto amei

"Amava João que amava Tereza"

e me descartou.

Desmoronou meu céu,

mas esse amargo féu

só me melhorou.

(113)

Hoje mais prazer encontro eu cá;

Há um novo amor, sabiá que canta

e encanta o nosso ninho.

Lá que fui tão claro alvo em noite escura a cismar sozinho;

lá que fui tão uva, alvo do barril

que vazou meu vinho.

Lá, nada mais existe

que me prenda o coração

e tomara que por mim

Alva e Clara tenham

essa mesma despaixão

(114)

A minha outra metade

Vejo a calota do meu carro pela metade

porque o meio fio alto toma-lhe a frente.

A outra metade eu sei que existe, mas é só o passeio que vejo.

Olho agora para a lua...

A minha calota foi pra lá.

Lá está a lua brilhando pela metade.

Nada toma-lhe a frente, mas a outra metade, existe.

Olho agora para mim mesmo e só me vejo uma metade, porque a minha meia idade toma-lhe a frente.

A outra metade

eu não sei se existe

(115)

é só o que eu vivi até aqui, que eu vejo.

Olho agora para a lua...

A minha outra metade foi pra lá.

Lá estão e são exatamente assim:

uma metade é clara, brilha e eu conheço, a outra metade, não.

Mas a outra metade

eu sei que existe

e também brilha

de esperança

(116)

Cinzas

Queimar o Judas queimar o traidor queimar o bandido queimar o culpado queimar o maufeitor.

Queimar aos pouquinhos dos pés à cabeça

para que padeça

na dor de morrer queimado.

Estoura o peito estoura o braço estoura o charuto estoura as pernas estoura o chapéu

O Judas não tem perdão;

o Judas tem que ser quimado, o Judas tem que ser estourado, miserável traidor!

Fogo no Judas!

Guerra ao Judas!

(117)

Chamas justiceiras, Risos eufóricos, a vingança está feita.

Quem é pelo Judas?

O Judas é cinzas, a pena é cumprida e os Judas se afastam sem daixarem as cinzas:

quantas vezes mentiram?

Quantas vezes negaram?

Quantas vezes traíram?

(118)

Engenho de menino

Encontrei-me flutuando por sobre um mar de cana;

rosas azuis encantavam o fantástico lugar.

O Eldorado, o paraíso, cumpria-se no canavial.

Andei por uma estrada branca que dava para um rio

e o caminho percorrido ia ficando verde,

camuflando-se na paisagem e não deixando rastro.

Relampejou! E caiu um toró!

Era a cabeça da cheia arrastando tudo

que encontrava pela frente:

garranchos, basculhos,

árvores derrubadas,

um boi boiando morto,

e espuma pra danar!

(119)

a ponte de Itabaiana.

Surgiu-me uma nova ponte extensa e alta como nunca vi, Eu corria por sobre a ponte de maneira vagarosa, e na outra extremidade, a cidade maravilhosa.

Eu mergulhei

na imagem de mamãe estranho e salgado verde e profundo;

e quando emergi respirei o mundo.

E pipocavam fogos abundantes de artifício.

Eu acordei

e estava no Rio de Janeiro.

Ô meu "Padim Ciço"

como é difícil viver entre paredões duros e frios edifícios;

ô meu Cristo Redendor hospitaleiro!

(120)

de Zé Lins do Rego quero voltar lá pra Pilar na Paraíba.

Tô aqui espremido sem Tia Galdina, quero sentir o cheiro do meu chão.

Tô aqui moído sem Velha Totonha, sem carne de sol sem rubacão.

Tô sem rapadura, sem milho cozido, esmagado aqui na solidão.

Tô uma bagaceira sem Negra Luíza, um sem-cuscuz,

um sem-angu, sem-requeijão

...E pipocavam fogos abundantes de artifício.

(121)

O podão sutil no fruto resoluto o lança ao chão o peão com sua bravura nas alturas faz colheita Cata-os fazendo ruma que em suma fica fácil a outro passo do peão campeão que se respeita

Já começa o ritual

do cacau sendo quebrado

lado a lado os quebradores

são doutores desta seita

Quebra tora puxa e tira

solta embira do caroço

branco grosso que se empilha

maravilha é ruma feita

(122)

Nas palhas do bananal o cacau enquanto dorme filtra incólome incolor prá o sabor de mil receitas

Recolhido aos caçuás

sempre em par no lombo equino do destino até o côcho

cai caroço pelas gretas

As ladeiras e declives inclusive escorregadas não são nada para a tropa tudo topa e nada enjeita

Montado vai o tropeiro galopeiro em cantoria compor via "urro de guerra"

sem dar trégua a essa empreita Caçuás descarregados

são levados para o côcho lá caroços fermentados afagados como em têtas

Depois vem o pisoteio já no meio da barcaça

"choco-chaça" ritimada

despolpada a baga estreita

(123)

Hábil barcaceiro pinga usa ginga e pá-de-pau o cacau sendo avessado torneado o sol lhe deixa

Na barcaça envernizando vai mudando a sua cor

d'um brancor para um marron novo tom do que aproveita Depois de seco, o cacau, ideal para o consumo segue rumo ao armazém onde a embalagem é feita

Costureiras se aproximam vão por cima costurar fechar saco de alinhagem pra viagem com madeixas

Agora gênero pronto

já no ponto para a venda

sobra renda ao fazendeiro

com dinheiro rola e deita.

(124)

Doar amor

Doar sangue é rápido, seguro e bacana;

É o mais sublime gesto de solidariedade humana.

Se você é saudável, pesa 50kg ou mais, Já tem 18 anos à 60, você é capaz

De Salvar vidas, seja um doador;

Doar sangue é um ato de amor.

Só dez por cento do seu sangue é coletado;

è mais de cem por cento para alguém necessitado.

A qualquer hora da noite ou do dia

O seu sangue servirá pra quem está em cirurgia.

Acidentes não avisam, vêm em hora inesperada;

O seu sangue servirá a pessoas acidentadas.

Diminua o sofrimento de quem espera com amargura;

o seu sangue ajudará a quem sofreu queimaduras.

A falta de sangue deixa os hospitais em difíceis situações;

o seu sangue servirá para várias transfusões.

É uma dádiva poder doar, doar saúde;

ajudar a quem precisa é a maior das atitudes.

(125)

Na sua vida você não sentirá diferença;

Mas várias vidas sim, e paz em sua consciência.

Alguém está no hospital, perdeu sangue e agoniza;

quem sabe amanhã não é você quem precisa?

Salve vidas seja um doador;

Doar sangue é um ato de amor.

(126)

A mulher por cima: cordel pedagógico

*

*Encenado por alunos no festival cultural do Projovem Urbano João Pessoa, PB, protestando a violência contra a mulher)

NARRADOR I Fabiana e Aureliano Começaram a namorar E depois de quase um ano Resolveram se casar Passaram a lua de mel Em um modesto lugar NARRADOR II

No começo eram só flores E eles foram morar Num barraco invadido Bem pertinho do Rio Cuiá Aureliano, porteiro

E Fabiana do lar

NARRADOR III

Cada ano vinha um filho

E já nascia o terceiro

A despesa ia aumentando

(127)

NARRADOR I Foi aí que Fabiana Resolveu ir trabalhar Pra somar com o marido E na despesa ajudar Nos plantões de diarista Trabalhava sem parar

NARRADOR II

Ainda tinha o terceiro turno À noite em sua casa

Aureliano lhe disse:

VOZ MASCULINA - AURELIANO:

“-Vou cortar as suas asas!

Mulher minha não trabalha prefiro que fique em casa”

NARRADOR III

(128)

Ele queria que a mulher Fosse uma Amélia do lar NARRADOR I

Fabiana era decência E não panela de pressão Foi perdendo a paciência Sem agüentar a opressão Chamamos tal VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA então

TESTEMUNHA II Para evitar confusão Toda noite com o marido Resolveu investir mais Num futuro garantido Pensou logo nos estudos, Na infância, interrompidos.

NARRADOR III

Sentiu a necessidade De voltar a estudar

E chegando ao PROJOVEM

Viu sua vida transformar

E os ciúmes do marido

Só faziam aumentar.

(129)

Um dia toda arrumada E com os livros na mão Foi barrada bem na porta Pelo marido machão:

VOZ MASCULINA - AURELIANO

“-Seu lugar é na cozinha

Ou eu lhe meto a mão!”

NARRADOR II

Fabiana agredida

Na presença das crianças Nesse dia perdeu aula Auto-estima e confiança Com o olho todo inchado Jogou fora a aliança.

NARRADOR III

Foi pra casa de um parente

E levou os três meninos.

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