RECIIS – R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v.7, n.1, Mar., 2013 [www.reciis.icict.fiocruz.br] e-ISSN 1981-6278
Editorial
DOI: 10.3395/reciis.v7i1.801pt
A mídia está no centro das discussões de três dos artigos que compõem o primeiro fascículo da Reciis em 2013, um indicativo claro de sua centralidade nos estudos de informação e comunicação no campo da saúde. A impossibilidade de sua neutralidade é, ao mesmo tempo, a característica que expressa todo seu potencial para servir à saúde e à qualidade de vida, enquanto empodera os sujeitos se chamados a uma leitura e escuta críticas dos conteúdos, sentidos e valores ali tecidos.
Enquanto Ferry em Suicídio na mídia semanal aponta que, segundo os parâmetros sugeridos pela Associação Brasileira de Psiquiatria, as matérias veiculadas sobre o tema suicídio na revista Veja se apresentam de forma tal que contribuem para agravamento dessa condição de saúde, Massarani et al., em Saúde aos domingos, ponderam que o programa dominical Fantástico tem feito um esforço para aproximar a ciência da sociedade, ainda que os temas de saúde abordados não reflitam, necessariamente, as grandes demandas do Sistema Único de Saúde. Pereira Neto et al., em Avaliação dos sites de saúde em questão,
agora com o foco na Internet, propõem e aplicam uma metodologia para avaliar a qualidade da informação sobre HIV/AIDS veiculada em sítios por Organizações Não Governamentais em oito estados brasileiros. O critério mínimo de qualidade não foi alcançado por nenhum dos sítios analisados, o que reforça a importância de ampliar a prática da avaliação.
Em Facilitadores e barreiras à utilização das teleconsultorias off line, Ruas e Assunção discutem o potencial da telemedicina para fortalecer a atenção primária à saúde, mas alertam que o cuidado na formação e no treinamento dos profissionais de saúde é fundamental para consolidar essa estratégia. É também sobre a centralidade da educação em saúde, ou, no estímulo ao desenvolvimento de capacidade crítica dos sujeitos que Villela e Natal, em
Representações sobre dengue na comunicação midiática, apontam que as notícias sobre as epidemias de dengue veiculadas por jornais nos anos noventa, no Estado de São Paulo, privilegiam as questões políticas às de saúde, perdendo, portanto, a oportunidade de trazer a sociedade para uma participação mais ativa no enfrentamento da doença.
Para vencer os desafios discutidos nos textos acima apresentados, o melhor investimento está na produção de conhecimento. Em Globalização, inovação e desenvolvimento, Soares et al. reafirmam a centralidade da equação saúde-desenvolvimento, e o papel fundamental do
Estado no desenvolvimento de políticas de ciência, tecnologia e inovação no campo da saúde.
O fascículo fecha com Lofti em Abundância, resenha do documentário “Moacir: Arte Bruta”, de Walter Carvalho, com a seguinte mensagem: “(...) mostrar a existência de mais coisas além das que podemos compreender somente pela razão.”