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Arq. Bras. Oftalmol. vol.62 número6

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Academic year: 2018

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ARQ. BRAS. OFTAL. 62(6), DEZEMBRO/1999 - 673

E D I T O R I A L

Junho de 1938. Um tempo em que se viajava por trens e balões dirigíveis (o maior deles, o Graf Zeppelin II sequer havia sido inaugurado) e ainda não se construíra o helicópte-ro, televisores, nem nosso primeiro carro nacional; a Segunda Guerra Mundial não começara, o Brasil com cerca de 40 mi-lhões de habitantes vivia sob o regime de “Estado Novo” no governo de Getúlio Vargas e interventores estaduais, enquan-to a cidade de São Paulo não chegava a um décimo de sua população atual. Não existiam Brasília, Pelé, os Estádios do Pacaembu e do Maracanã, nem Roberto Carlos, Caetano ou Chico; ainda se usava a mesma moeda da época do descobri-mento: com um tostão (100 réis) comprava-se um sorvete. Mas a penicilina não era fabricada e nem se conhecia o fator Rh. Então Waldemar Rangel Belfort Mattos, nos seus 41 anos, fundava os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia.

Passou a guerra, veio a “fria” e se acabou. A U.R.S.S. virou potência mundial, mas também se despedaçou. Por aqui, tive-mos de quase tudo, pelo menos um pouco. E enquanto isso, os

Arquivos Brasileiros de Oftalmologia se consolidavam e for-taleciam, sempre sob a responsabilidade e patrocínio dos

Belfort Mattos. A Waldemar, falecido nos últimos dias de 1956, sucedia-lhe Rubens, o pai, que já em 1950 aparece como Secretário. Os Arquivos, ainda embora sustentados pela famí-lia, desde havia muito transcendiam de sua esfera, passando a ser um patrimônio da Oftalmologia brasileira. E o que então já era fato, vira direito em 1977, quando o Conselho Brasileiro de Oftalmologia os incorpora como seu “órgão oficial” (a partir do n° 4 do volume 40). Rubens, Júnior, desde sua forma-tura comprometido com as tarefas exigidas para manter a pe-riodicidade e qualidade das publicações passa, em 1979, a dividir com Rubens, pai, a incumbência de dirigir o projeto, incorporando-se, oficialmente, à sua administração. Assim foi. E prosseguindo sob a orientação do “terceiro” Belfort Mattos, todavia mais se aprimorava essa nossa revista: novo formato (1990), expansão editorial, publicação eletrônica, uma das pri-meiras do Brasil. Um dos grandes orgulhos é a sua

continuida-Os Belfort Mattos e os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia

Harley E. A. Bicas

de, com edições ininterruptas desde a fundação, o que não é fácil para um periódico científico. Nesse tempo, muitos já surgiram e desapareceram.

Chega um momento em que Rubens, Júnior, assumindo novas e enormes responsabilidades (a Presidência do Con-gresso Internacional de Oftalmologia em 2006; a do Brasileiro de 2001, a da Associação Pan-Americana de Oftalmologia, de 2001 a 2003), além das que já mantinha em sua casa, na UNIFESP, julga oportuna e conveniente sua substituição na coordenação do Conselho Editorial dos A.B.O. e na adminis-tração das publicações. Realiza um seu antigo desejo de ver os A.B.O. definitivamente transferidos ao C.B.O. Deixa a casa arrumada e funcionando, com estrutura e regularidade; de tal sorte que parece até fácil substituí-lo agora e dar seqüência e regularidade a essa obra gigantesca. Dele e de sua família.

Ao contrário, é muito difícil. Tentaremos, no entanto. Mas é um novo passo, quando os Belfort Mattos, representados pelo Rubens, Júnior, serena e corajosamente confiam, definiti-vamente, os A.B.O. ao C.B.O. Há que se lhes agradecer, muito e sempre, os enormes esforços despendidos, os gastos, os sacrifícios de toda ordem e, possivelmente, até de amizades, para que a grandeza da empreitada não fosse maculada. Há que se render homenagens ao neto, reverenciando a memória do pai e do avô. E um pouco dessa gratidão da Oftalmologia brasileira fica oficialmente representada pela carta de inten-ções com que se formaliza e celebra essa nova fase, quando uma família (Belfort Mattos) dá a outra (a Oftalmologia brasi-leira), sua filha em casamento: preservando a dignidade de independência dessa “jovenzinha” (62 anos são poucos para uma Revista), garantindo-lhe que jamais ela possa ficar subor-dinada a ambições políticas e assegurando-lhe que sempre prevaleçam os ideais que até agora a sustentaram: os do valor da ciência, os da virtude da ética, os do bom e equilibrado crescimento da Oftalmologia brasileira.

Aos Belfort Mattos, por tudo que nos legaram, nosso muitíssimo obrigado.

Novidades na Internet!!!

Agora no site CBO você tem disponível todas as informações na íntegra dos

Arquivos Brasileiros de Oftalmologia

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