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14C e a espectrometria de massa com aceleradores como ferramenta para avaliar a contaminação de corpos hídricos por combustíveis fósseis derivados de petróleo

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA

GRADUAÇÃO DE BACHAREL EM QUÍMICA INDUSTRIAL

TÚLIO CÉSAR AGUIAR SILVA

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C E A ESPECTROMETRIA DE MASSA COM ACELERADORES COMO FERRAMENTA PARA AVALIAR A CONTAMINAÇÃO DE CORPOS HÍDRICOS

POR COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS DERIVADOS DE PETRÓLEO

NITERÓI 2019

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TÚLIO CÉSAR AGUIAR SILVA

14

C E A ESPECTROMETRIA DE MASSA COM ACELERADORES COMO FERRAMENTA PARA AVALIAR A CONTAMINAÇÃO DE CORPOS HÍDRICOS

POR COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS DERIVADOS DE PETRÓLEO

Monografia de final de curso apresentada ao Curso de Graduação em Química Industrial da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Química Industrial.

Orientadora: Profª. Drª. Carla Carvalho Co-Orientador: Prof. Dr. Bruno Libardoni

Niterói, RJ 2019

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TÚLIO CÉSAR AGUIAR SILVA

14

C E A ESPECTROMETRIA DE MASSA COM ACELERADORES COMO FERRAMENTA PARA AVALIAR A CONTAMINAÇÃO DE CORPOS HÍDRICOS

POR COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS DERIVADOS DE PETRÓLEO

Monografia de final de curso apresentada ao Curso de Graduação em Química Industrial da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Química Industrial.

Aprovado em 05 de dezembro de 2019.

Banca Examinadora:

________________________________________ Profª. Drª. Carla Regina Alves Carvalho (UFF)

(Orientadora)

________________________________________ Profª. Drª. Fabiana Monteiro de Oliveira (UFF)

________________________________________ Profª. Drª. Rut Amelia Díaz Ramos (UFF)

NITERÓI – RJ 2019

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe, Maria de Lourdes, e ao meu pai, Sebastião, mais conhecidos como “Lurdinha” e “Tião”, por serem os pais mais carinhosos, confiantes e dedicados que eu poderia ter.

Aos meus sobrinhos Rayane Aguiar e Yago Baptista, por terem me atrapalhado a estudar, mas também por terem me dado uma nova forma de enxergar a vida.

A todos que estiveram comigo, em algum momento, nessa jornada durante a universidade, mas, em especial, aos meus amigos Marcos Palmeira, Claudio Gabriel e Marcos Costa, por toda força e companheirismo desde o dia em que os conheci até os dias atuais.

A minha orientadora maravilhosa, Carla Carvalho, por ter me guiado durante esse último ano, por todo conhecimento adquirido e por toda paciência e dedicação que teve comigo.

Ao meu co-orientador Bruno Libardoni, que me deu preciosas dicas aos 45 do 2° tempo.

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6 SUMÁRIO Resumo... 8 Abstract... 9 Lista de Figuras... 10 Lista de Tabelas ... 11 1. Introdução ...12 2. Objetivos ...13 2.2. Objetivo geral ...13 2.3. Objetivos específicos ...13 3. Fundamentação teórica ...14 3.1. Radiocarbono... 14 3.2. Algas... 15 3.3. N-alcanos ... 16 4. Metodologia... 19 4.1. Ensaio em microcosmos... 19

4.2. O método de 14C-AMS e a norma ASTM D6866 ... 21

4.3. O método dos n-alcanos... 26

4.3.1. Extração total dos lipídeos (TLE)... 26

4.3.2. Fracionamento dos lipídeos... 27

4.3.3. Análises cromatográficas... 28

5. Resultados e discussão... 29

5.1. Análise de fração biogênica pelo 14C... 29

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6. Conclusão... 35 7. Bibliografia... 36 8. Apêndice... 40

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RESUMO

Os combustíveis fósseis são de extrema importância para o mundo em que vivemos atualmente. Mas sua utilização pode causar grandes impactos no meio ambiente, em principal, nos corpos hídricos. Neste quesito, algas vêm sendo utilizadas, intensamente, como estratégia para remediação e monitoramento da poluição ambiental devido a sua eficiente absorção de contaminantes. A partir disso, amostras de algas marinhas coletadas em Niterói-RJ – contaminadas com querosene e diesel - foram analisadas por espectrometria de massas com aceleradores (através do método 14C) e por quantificação de n-alcanos com auxílio de cromatógrafo a gás, a fim de se avaliar a bioacumulação em função da dosagem de contaminantes. A fração biogênica medida através de análise de radiocarbono resultou em 96,54% para alga contaminada com 10 mL de querosene e 68,28% para alga contaminada com 10 mL de diesel. Alguns problemas durante a etapa de grafitização fizeram com que não fosse possível avaliar outras amostras, que continham doses maiores ou menores de contaminantes de origens fósseis. Porém, com auxílio do método de quantificação de n-alcanos, conseguiu-se medir todas as amostras. A intensidade máxima do n-alcano n-C17 nas

algas com 5, 10 e 15 mL de Diesel, respectivamente, foi de 768,24; 1878,07 e 5699,24 ng.g-1. Enquanto a concentração máxima de n-C27 nas algas com 5, 10 e 15 mL de Querosene foi de

3,33; 35,89 e 150,29 ng.g-1. Isso permitiu concluir que, para ambos contaminantes, a incorporação destes às algas aumenta à medida que se aumenta também a dosagem de contaminação, tornando esta metodologia uma técnica eficaz para o monitoramento e remediação de ecossistemas aquáticos urbanos.

Palavras-chave: Radiocarbono, n-alcanos, combustíveis fósseis, algas marinhas, biorremediação.

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ABSTRACT

Fossil fuels are of utmost importance to the world we live in today. But its use can cause major impacts on the environment, especially on water bodies. In this regard, algae have been used intensively as a strategy for remediation and monitoring of environmental pollution due to its efficient absorption of contaminants. From this, samples of seaweed collected in Niterói-RJ - contaminated with kerosene and diesel - were analyzed by accelerator mass spectrometry (using the 14C method) and by n-alkane quantification with gas chromatograph to evaluate bioaccumulation in function of the dosage of contaminants. The biogenic content measured by radiocarbon analysis resulted in 96.54% for algae contaminated with 10 mL of kerosene and 68.28% for algae contaminated with 10 mL of diesel. Some problems during the graffiti stage made it impossible to evaluate other samples that contained larger or smaller doses of contaminants from fossil sources. However, with the help of the alkane quantification method, all samples could be measured. The maximum intensity of n-C17 n-alkane in algae with 5, 10 and 15 mL of Diesel, respectively, was 768.24; 1878.07 and

5699.24 ng.g-1. While the maximum concentration of n-C27 in algae with 5, 10 and 15 mL of

kerosene was 3.33; 35.89 and 150.29 ng.g-1. It was concluded that, for both contaminants, their incorporation into algae increases as the contamination dosage also increases, making this methodology an effective technique for monitoring and remediation of urban aquatic ecosystems.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Exemplo da distribuição dos n-alcanos em plantas vasculares, fitoplâncton e

petróleos e derivados... 18

Figura 2. Praia de Boa Viagem – Niterói... 20

Figura 3. Local de coleta das algas... 20

Figura 4. Recipientes de vidro contendo algas U. fasciata antes do ensaio... 20

Figura 5. Recipientes de vidro contendo algas U. fasciata durante o ensaio... 20

Figura 6. Esquema do ensaio: Três recipientes de vidro sobre mesa agitadora, todos contendo algas; no primeiro apenas com a própria água do mar, no segundo com querosene e no terceiro com diesel... 21

Figura 7. Tubos sendo selados com auxílio de maçarico... 22

Figura 8. Modelo da linha de grafitização (modificado de Alves et al, 2014)... 23

Figura 9. Tubo de grafitização (Oliveira, 2012)... 23

Figura 10. Grafite sendo prensado em catodo de alumínio... 25

Figura 11. Acelerador SSAMS... 25

Figura 12. Algas em tubos com adição de solvente após o banho ultrassônico... 27

Figura 13. A- Esquema da coluna de Fracionamento. B- Fracionamento utilizando pipeta pauster... 27

Figura 14. Curva de calibração do 5a-colestano... 28

Figura 15. Histograma de n-alcanos na alga sem contaminantes (Alga branco)... 30

Figura 16. Histograma de n-alcanos no Diesel... 31

Figura 17. Histogramas de n-alcanos nas algas após doses de 5, 10 e 15 mL de Diesel... 32

Figura 18. Histogramas de n-alcanos nas algas após doses de 5, 10 e 15 mL de Querosene..33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores de pMC (percentual de Carbono Moderno) com margem de erro e fração biogênica para amostras de algas; onde C1, C2 e C3 são amostras de algas não contaminadas no experimento... 29

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1. INTRODUÇÃO

No mundo moderno, os combustíveis fósseis são essenciais para a economia global, tendo reconhecida importância na produção de energia elétrica, no setor de transporte e, no caso do petróleo, na produção de plásticos, produtos químicos entre outros. Porém, as etapas desde a extração e o processamento até o posterior uso, de fato, de combustíveis fósseis - além dos acidentes com derramamento de óleo - causam profundo impacto no meio ambiente e nos recursos naturais, incluindo os corpos hídricos, o que faz gerar um importante tópico de discussão mundial acerca da qualidade da água. As conexões entre água e energia vêm sendo bastante estudadas recentemente, com crescente reconhecimento do quanto estão ligadas. A água é usada, em várias formas e quantidades, em cada etapa da extração e processamento dos combustíveis fósseis (Ptacek et al. 2004). Recursos hídricos (águas superficiais e subterrâneas disponíveis para uso) podem ser contaminados por resíduos sólidos e líquidos gerados a partir dos processos de extração, como sais dissolvidos, metais-traço, hidrocarbonetos e radionuclídeos naturais (NORM – Natural Occurring Radioactive Materials), criando grandes desafios para ações de remediação e para o gerenciamento e armazenamento de rejeitos. A partir da preocupação com as emissões de CO2 e as suas consequências ambientais, se tornou de

suma importância distinguir emissões fósseis de emissões não fósseis - produtos de origem biogênica que assimilem CO2 da atmosfera durante sua vida. Para distinguir estas

fontes e determinar a fração biogênica, diversos métodos foram desenvolvidos, usando diferentes abordagens e tecnologias (Quarta et al, 2013). Os métodos mais comuns para a determinação da fração biogênica são: “Método da Dissolução Seletiva” , “Método do Balanço” e “Método do 14C” (Staber et al. 2007).

A análise pelo método do radiocarbono (14C) é reconhecida como a maneira mais eficiente de identificação da fração biogênica e, consequentemente, pode ser aplicada com alto grau de confiabilidade na distinção entre a contaminação por combustíveis fósseis e não fósseis (Quarta et al. 2013). Esse conteúdo de base biogênica pode ser determinado através da análise do 14C por Espectrometria de Massa com Aceleradores (AMS, sigla em inglês), de acordo com procedimentos especificados na norma ASTM D6866.

Além disso, uma estratégia já bem estabelecida na remediação e monitoramento da poluição ambiental causada pela liberação excessiva de nutrientes e outros produtos químicos em corpos hídricos se baseia no uso de tanques de algas. Atualmente, as algas

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são matéria prima para abastecimento dos mercados de cosméticos, higiene pessoal, alimentação (humana e animal) e, até mesmo, na produção de biomassa – setor mais recente e crescente – (Agroenergia em Revista nº 10 – 2016); mas são, principalmente, reconhecidas por possuírem importante papel na purificação da água natural e vêm atraindo o interesse de diversos cientistas por sua capacidade de absorver contaminantes de forma bastante eficiente (Han et al., 2000; Olguin, 2003).

Em complemento à análise de radiocarbono, outro método de avaliação da contaminação de corpos hídricos por combustíveis fósseis consiste na determinação da concentração de hidrocarbonetos presentes. O petróleo apresenta milhares de compostos diferentes, formando uma combinação muito complexa, sendo que os principais componentes são os hidrocarbonetos que correspondem a aproximadamente 97 % da composição total do petróleo (NRC,1985). Elementos menores, como o nitrogênio, enxofre e o oxigênio perfazem aproximadamente os 3% restantes (NRC, 1985), podendo conter ainda sais minerais e metais traço como o níquel, vanádio e cromo (NRC, 2003). No petróleo, as principais classes de hidrocarbonetos presentes são a dos hidrocarbonetos saturados, compreendendo os n-alcanos, alcanos ramificados e cicloalcanos e, a dos hidrocarbonetos aromáticos. Entre esses compostos, os n-alcanos são os predominantes, contendo quantidades de carbono que variam normalmente entre 1 a 40 átomos de carbono.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Implementar uma técnica de consolidada eficácia na identificação da presença de material de origem fóssil como fonte de contaminação em ecossistemas aquáticos urbanos, permitindo assim, futuramente, a tomada de decisões acerca da remediação e recuperação ambiental em eventos agudos de contaminação.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Realizar um experimento microcosmos em laboratório com a exposição das algas a diferentes produtos de petróleo;

● Quantificar a fração biogênica nas algas expostas através do método 14

C-AMS ASTM D6866;

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● Determinar a concentração de n-alcanos nas algas através de Cromatografia a gás;

● Avaliar a bioacumulação dos diferentes produtos de petróleo pelas algas em função da dose;

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. RADIOCARBONO

A análise de radiocarbono considera o comportamento dos isótopos de carbono na natureza e consiste em estimar a razão entre os isótopos estáveis do carbono (12C e

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C) e o carbono radioativo (14C) numa amostra. Esses isótopos ocorrem naturalmente na superfície terrestre; o 12C é o mais leve e representa 98,89% em relação ao total de carbono e o 13C conta com 1,11% do total. Em primeira aproximação, essas proporções se mantém relativamente estáveis em qualquer material orgânico ou inorgânico. O 14C, radionuclídeo cosmogênico de origem natural, está presente na Terra numa proporção de 1 para cada 1012 átomos, sendo que 1 g de carbono apresenta aproximadamente 14 dpm (desintegrações por minuto), uma quantidade muito pequena de radiação. O Carbono 14 é formado nas camadas mais altas da atmosfera pela interação do isótopo de nitrogênio de massa 14 (14N) com nêutrons secundários, originários da radiação cósmica, a uma taxa média global de 2.2 átomos/cm2/seg. Também pode ser produzido pela ação humana, através de testes e bombas nucleares. Uma vez formado o 14C, este reage com o oxigênio produzindo o 14CO, que vem a ser oxidado pelo radical OH-, originando o 14CO2. Assim o Carbono-14 participa do ciclo

do carbono com os outros isótopos estáveis 12C e 13C. Ele possui meia vida de 5730 anos, o que o torna um excelente marcador para identificar produtos derivados de combustíveis fósseis, uma vez que estes não possuem mais 14C, daqueles provenientes de material biogênico (combustíveis de fontes renováveis), com teores de 14C modernos bem estabelecidos e em equilíbrio com a atmosfera moderna (100% de 14C). Dessa maneira, carvão, sendo 100% fóssil, tem 0% de carbono biogênico. Madeira acabada de cortar, sendo 100% biomassa, emite 100% CO2 biogênico quando

queimada. Madeira de demolição, por outro lado, é provável não ser 100% biogênica devido à pintura e cola aplicadas nela (que são insumos fósseis). Pneus usados, que são parte fóssil - parte biomassa, possuem um conteúdo de carbono biogênico maior

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que 0% e menor que 100%. A norma ASTM D6866, que orienta os procedimentos de análise do 14C por Espectrometria de Massa com Aceleradores, utiliza a diferença entre os teores de 14C e de seus isótopos estáveis para determinar a origem da biomassa (Mook 1980). Este método de ensaio permite determinar o teor de base biológica de uma amostra com um erro total máximo de 3% - para mais ou para menos - (ASTM International, 2012). Por sua eficiência como marcador da fração biogênica, a técnica também pode ser aplicada para avaliar a eficácia de ações de remediação (Boyd et al. 2013).

3.2. ALGAS

As algas pertencem ao reino vegetal, sendo classificadas de acordo com suas características morfológicas e fisiológicas, exercendo importante papel no meio ambiente. As macroalgas são agrupadas em três divisões Chlorophyta (algas verdes), Phaeophyta (algas pardas ou marrons) e Rhodophyta (algas vermelhas) (Joly, 1965). Ulva fasciata, pertencente ao grupo das Chlorophyta, é uma alga marinha muito útil na aquicultura comercial e está distribuída amplamente em todo o mundo, ocorrendo entre o meio da maré até a zona subtidal superior (Ohno, 2006; Hiraoka and Oka, 2008). Essa espécie forma uma zona bem definida de cerca de 5 m tocando o nível médio na maré baixa nos recifes. É comum também que ela cresça nas laterais das poças de maré e nas laterais inclinadas de voçorocas ligadas ao mar.

Por este motivo, o uso de micro e macroalgas com a finalidade de bioremediadores vêm sendo descrito por vários autores ao longo dos últimos anos (Benemann et al. 1977; Gupta and Rao 1980; Williams 1981; Kunikane et al. 1984; Senegar and Sharma 1987; Tam and Wong 1989; Gantar et al. 1991; De la Noue 1992; DeBashan et al. 2002; Queiroz et al. 2007; Rao et al. 2011). Entretanto, há uma série de fatores que devem ser considerados por determinarem a natureza e as consequências da contaminação, incluindo: (a) o tipo de óleo, (b) a dosagem de óleo, (c) fatores físicos do ambiente, (d) as condições climáticas dominantes, (e) a natureza da biota, (f) fatores sazonais, (g) exposição prévia da área ao óleo, (h) presença de outros poluentes, (i) tipo de ação de remediação (O'Brian and Dixon 1976). A biorremediação atua como uma forma de aceleração do destino natural dos poluentes e, assim, representa uma solução natural ou "verde" para o problema dos poluentes do petróleo, que causa efeitos ecológicos. A biorremediação ainda não se mostrou ser

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eficaz para o tratamento de contaminantes do petróleo em mar aberto após um derramamento, porém é uma abordagem economicamente viável para a limpeza de corpos hídricos em ambientes costeiros (Atlas 1995), podendo ser aplicada, por exemplo, na identificação da fonte e na elaboração de remediação da área contaminada em locais próximos a refinarias de petróleo.

3.3. N-ALCANOS

Os hidrocarbonetos constituem uma das maiores classes de compostos orgânicos sendo formado por uma mistura complexa de elementos químicos derivados de múltiplas fontes, naturais ou antrópicas. As fontes biogênicas de hidrocarbonetos em ambientes aquáticos podem ter origem autóctone, originada da produção primária fitoplanctônica e/ou alóctone, proveniente de plantas superiores terrestres (Bourbonniere et al., 1997). Entre as fontes antropogênicas de hidrocarbonetos, estão os efluentes domésticos e industriais, produtos resultantes da combustão de produtos fósseis, derrames crônicos ou agudos de petróleo e derivados, da produção offshore, transporte marítimo e estocagem de petróleo e derivados (Bouloubassi; Saliot, 1993; Carreira et al., 2009).

As principais classes de hidrocarbonetos analisados em estudos ambientais são os hidrocarbonetos alifáticos (saturados), compreendendo os n-alcanos, alcanos ramificados e cicloalcanos e, os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). Entre os hidrocarbonetos biogênicos, os n-alcanos são os compostos predominantes (Law; Biscaya, 1994). Os n-alcanos são encontrados em praticamente todas as amostras com material orgânico, pois são sintetizados por todos os organismos vivos (Killops; Killops, 2005). E é justamente devido a sua ampla distribuição no ambiente, estabilidade química na água e relativa resistência à degradação bioquímica e diagenética que esses compostos são considerados bons biomarcadores ambientais. (Cranwell, 1981).

Dentre as fontes naturais encontram-se presentes na constituição de plantas terrestres, fitoplâncton, bactérias e precursores biogênicos de transformações diagenéticas (Gogou et al., 2000). Os hidrocarbonetos biogênicos de plantas terrestres podem, algumas vezes, encobrir o sinal de n-alcanos de petróleos em locais onde

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existe uma grande introdução destes compostos (Readman et al., 2002). Alguns organismos sintetizam hidrocarbonetos aromáticos, mas em concentrações muito baixas, estando sua origem, portanto, associada às fontes antrópicas (Law; Biscaya, 1994). Tradicionalmente, trabalhos reportam que n-alcanos de origem biogênica apresentam preferencialmente compostos com cadeias com número ímpar de carbono, tendo sua biossíntese a partir dos ácidos graxos. Estes possuem predominantemente número par de átomos de carbono e através de uma descarboxilação enzimática originam os n-alcanos de cadeias ímpares (Killops, Killops, 2005). Apesar do grande número de n-alcanos biogênicos de cadeias ímpares não se pode desconsiderar que existem diversos organismos que produzem n-alcanos com cadeias que possuem preferencialmente número par de carbono, como é o caso das bactérias que mostram predomínio de C18 e C20 (Han; Calvin, 1969) e diatomáceas com cadeias entre C14 e

C22 (ELIAS et al., 2000). Os n-alcanos de origem terrestre são derivados de ceras

cuticulares de plantas superiores, constituídas por compostos de cadeias moleculares longas entre 23 e 33 carbonos (Volkman et al., 1997). Dependendo das características da vegetação local, pode existir predomínio de alguns compostos como C27, C29 e C31

(Volkman et al., 1983). Já em organismos aquáticos os estudos reportam a presença das cadeias curtas, entre C15 e C21, sendo os compostos n-C15, n-C17 e n-C19 de

n-alcanos relacionados à microalgas (Weete, 1976).

Processos petrogênicos (geração de petróleo) que atuam na matéria orgânica sedimentar após seu soterramento, modificam a distribuição dos n-alcanos, produzindo hidrocarbonetos sem predominância no número de átomos de carbono (Volkman et al., 1992), apresentando cromatogramas com distribuição uniforme de n-alcanos (UNEP, 1991), sem predominância ímpar ou par no número de carbono (Figura 1). A falta de predominância ímpar sobre par é utilizada na geoquímica ambiental para auxiliar na identificação de sedimentos contaminados por petróleo ou derivados (Bourbonniere et al., 1997).

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Figura 1: Exemplo da distribuição dos n-alcanos em plantas vasculares, fitoplâncton e petróleos e derivados.

Com base nestas observações, a razão ímpar/par pode ser um indicativo da origem dos hidrocarbonetos, sendo que a melhor forma para descrever esta relação é utilizando o Índice de Preferência de Carbono (IPC), expressão matemática de Bray e Evans (1961) apud Bourbonniere et al. (1997). De acordo com este índice, sedimentos maturos contendo óleo, tendem a não demonstrar predominância e produzem um valor de IPC próximo a 1. Já sedimentos imaturos contêm muitos n-alcanos não modificados e com alta predominância de compostos ímpares (IPC >1) (Bourbonniere et al., 1997).

Bourbonniere e colaboradores (1997), adaptaram essa expressão, formando outras 3 expressões. A expressão global incorpora os n-alcanos na faixa do C15 até o

C35, considerando todos os n-alcanos biogênicos de algas aquáticas e plantas terrestres

vasculares e do petróleo e derivados. Se o IPC for calculado somente com a metade mais baixa da série, o resultado do IPC será mais influenciado por n-alcanos biogênicos de algas e bactérias e produtos mais leves de petróleo, como o óleo combustível. Calculando-se o IPC com os n-alcanos mais altos da distribuição, o resultado será influenciado por fontes naturais de plantas terrestres, assim como produtos pesados do petróleo, como o óleo cru e lubrificantes.

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O IPC é determinado com base nas abundâncias de n-alcanos pares e ímpares, e para a série mais alta dos n-alcanos utiliza esta expressão:

IPC = (∑í𝑚𝑝𝑎𝑟𝑒𝑠 𝐶25 + ...+ 𝐶33) + (∑í𝑚𝑝𝑎𝑟𝑒𝑠 𝐶27 + ...+ 𝐶35)

2 (∑𝑝𝑎𝑟𝑒𝑠 𝐶26 + ...+ 𝐶34)

Valores de IPC variando entre 4 e 7 refletem uma presença predominância de n-alcanos biogênicos de plantas vasculares terrestres. Valores em torno de 1 indicam geralmente contaminação petrogênica (Bouloubassi, 1990; UNEP, 1992).

4. METODOLOGIA

4.1. ENSAIO EM MICROCOSMOS

Na primeira etapa do projeto, algas da espécie Ulva Fasciata foram coletadas na região da Praia de Boa Viagem, Niterói - RJ (Figuras 2 e 3) a fim de se realizar ensaios em microcosmos para avaliar a absorção de diferentes produtos de petróleo pelas algas. O ensaio ocorreu em laboratório onde as algas foram acondicionadas em recipientes de vidro contendo água do mar (Figura 4), previamente filtrada, proveniente do mesmo local onde elas habitavam, e mantidos sob agitação mecânica por uma mesa agitadora (Figura 5). Em cada recipiente foi adicionado 5 mL de diferentes produtos de origem fóssil: óleo diesel e querosene; e em um dos recipientes não foi adicionado nenhum contaminante. Sub amostras das algas foram retiradas já neste momento. Uma hora após a contaminação, foi adicionado mais 5 mL de cada contaminante, exceto no recipiente não contaminado. Novamente foram retiradas alíquotas das algas, inclusive do recipiente não contaminado. O mesmo procedimento foi realizado 2h após a primeira contaminação.(Figura 6)

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Figuras 2 e 3: Praia de Boa Viagem - Niterói e Local de coleta das algas.

Figuras 4 e 5: Recipientes de vidro contendo algas U. fasciata antes e durante o ensaio.

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Figura 6: Esquema do ensaio: Três recipientes de vidro sobre mesa agitadora, todos contendo algas; no primeiro apenas com a própria água do mar, no segundo com querosene e no terceiro com diesel.

4.2. O MÉTODO DO 14C-AMS E A NORMA ASTM D6866

Para serem analisadas através da técnica de 14C-AMS, são suficientes miligramas de material, permitindo a medição em amostras raras ou escassas. Devido à grande sensibilidade da técnica e ao tamanho reduzido das amostras no processo de preparação, qualquer átomo de carbono que não seja contemporâneo à amostra é considerado contaminante, em razão disto tanto o tratamento físico quanto químico devem ser muito cautelosos. Todos os equipamentos e materiais de consumo devem ser livres de contaminação. A preparação das amostras engloba diversas etapas, que vão desde a análise física, fracionamento químico da amostra com reagentes, combustão ou hidrólise, dependendo do tipo de material, separação e purificação do dióxido de carbono através de armadilhas de temperatura em um sistema de vácuo, e finalmente, a grafitização das amostras para que possam ser levadas ao acelerador.

Em geral, as amostras devem se encontrar na forma de grafite para que se possa produzir um feixe de íons ao serem levadas para o acelerador. Dependendo da fonte de íons que se dispõe a amostra pode se encontrar na forma de grafite ou de gás carbônico. Todos os processos descritos a seguir para a obtenção da concentração de

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Laboratório de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense (Jou et al. 2015; Macario et al. 2015a, 2016a, 2017a, 2017b).

Primeiramente, as amostras orgânicas devem ser liofilizadas (um tipo de desidratação que consiste em um congelamento seguido de sublimação em baixa pressão) para que sejam posteriormente levadas a combustão. Na etapa de combustão é necessário o preparo de um tubo de quartzo (6mm de diâmetro e 15cm de comprimento) onde são colocados de 50 a 70 mg de óxido cúprico, usado como agente oxidante, e cerca de 5 mg de prata. Os reagentes e tubos devem ser previamente muflados a 900°C por 3 horas para eliminar qualquer contaminante orgânico. Em seguida, as amostras já liofilizadas são inseridas nos tubos de quartzo contendo os reagentes que viabilizarão a reação de combustão. Os tubos são então levados para uma linha de vácuo a fim de extrair todos os gases de seu interior, ou seja, até atingirem pressão da ordem de 10-3 Torr, onde são selados com o auxílio de um maçarico de oxigênio e acetileno (Figura 7).

Figura 7: Tubos sendo selados com auxílio de maçarico.

Na próxima etapa, as amostras em tubos selados são levadas à mufla por 3h em temperatura de 900ºC para a liberação do CO2. Após a combustão, as amostras

seguem para a grafitização (Figura 8), conversão para grafite. Os tubos de quartzo contendo CO2 proveniente das amostras são levados novamente à linha de vácuo e

serão quebrados no interior de um tubo flexível que permite que o gás permaneça isolado da atmosfera e aprisionado na linha de vácuo, mediante o manuseio de válvulas que permitem manipular o gás em seu interior.

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Figura 8: Modelo da linha de grafitização (modificado de Alves et al, 2014).

Uma vez que o gás proveniente da amostra estiver aprisionado na linha, é realizado o processo de purificação sequencial que se utiliza de duas armadilhas de temperatura (gelo seco + etanol e nitrogênio liquido). O CO2 purificado é direcionado

então para tubos de pyrex com 9 mm de diâmetro e 15 cm de comprimento (tubos de grafitização) (Figura 9) contendo 30 a 35 mg de Zinco (Zn) e 10 a 15 miligramas de hidreto de titânio (TiH2) e dentro deste tubo ainda é inserido um tubo de Duran interno

pequeno também de pyrex com cerca de 3 a 5 mg de ferro (Fe), que atua como catalisador da reação.

(24)

24

Os tubos de grafitização são também selados com maçarico e levados à mufla por 7h em temperatura de 550ºC para que ocorra a conversão do CO2 em grafite, de

acordo com a reação:

TiH2 + aquecimento (440 °C) 2H2 + Ti

CO2 + H2 CO + H2O

CO2 + Zn CO + ZnO

CO + H2 + catalizador (Co/Fe) + aquecimento (550°C)

Cgrafite +H2O

2CO Cgrafite + CO2

Zn + H2O ZnO + H2

CO + H2 C(grafite) + H2O

Estudos mostram que a presença de H2 ajuda a aumentar a taxa de formação de

grafite, o TiH2 fornece a fonte de H2. O método é uma combinação de ambos H2 e a

redução do Zn que tem a função, não só, de reduzir o CO2 para CO, mas

principalmente de reciclar H2O para voltar para H2 (Oliveira, et al 2012).

O grafite produzido a partir do carbono existente na amostra é prensado em um catodo de alumínio (Figura 10) e é levado para determinação da concentração isotópica de carbono no acelerador de partículas do tipo SSAMS (Single Stage AMS) com 250 kV de diferença de potencial (Figura 11). Os resultados obtidos são comparados com padrões de referência e a incerteza associada é da ordem de 3%.

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25

Figura 10: Grafite sendo prensado em catodo de alumínio.

Figura 11: Acelerador SSAMS.

O Método do 14C para a determinação da fração biogênica em resíduos e combustíveis foi desenvolvido no Instituto de Gestão e Tecnologia de Resíduos Sustentáveis da Universidade de Leoben, Áustria (Kienzl et al. 2006). Após cerca de 18 períodos de meia-vida (∼100.000 anos), o teor de 14

C seria da ordem de 0,0004%, o que é insignificante e ainda assim maior que o limite inferior de detecção da técnica,

(26)

26

de 10 meias-vidas (∼ 50.000 anos). As fontes de energia de origem fóssil, como o carvão ou o petróleo, são, geralmente, muito mais antigas do que 100.000 anos, enquanto as fontes de energia renováveis (biomassa) apresentam concentrações de 14C mensurável. Existe uma norma padrão para a determinação do conteúdo de base biológica estabelecida pela Sociedade Americana de Testes e Materiais (ASTM), que é a ASTM D6866, intitulada “Métodos de teste padrão para determinar o conteúdo de base biológica de sólidos, líquidos e gases analisando o radiocarbono das amostras” e sua ultima atualização ocorreu em 2012 (ASTM D6866-12). Esta norma usa a técnica de datação de radiocarbono para distinguir a fração biogênica das amostras de seus componentes de origem fóssil, onde a biomassa contemporânea apresenta 100% de Carbono 14, enquanto combustíveis fósseis não apresentam 14C mais. A fração biogênica é calculada a partir da seguinte equação (Quarta et al. 2013):

% bio = (Σn Ni Xi ) / ( Σn Ni Xi + Σp Nj Xj )

Onde Ni representa o número de carbonos contidos em cada um dos n componentes de origem biogênica na mistura e Xi representa a fração molar, enquanto Nj e Xj representam as quantidades correspondentes p em compostos de origem fóssil. 4.3. O MÉTODO DOS N-ALCANOS

Este método consistiu de 3 etapas: Extração total dos lipídeos (TLE), Fracionamento dos lipídeos e Análise Cromatográfica

4.3.1. EXTRAÇÃO TOTAL DOS LIPÍDEOS (TLE)

Na extração total, após serem pesadas (aproximadamente 2g) e liofilizadas, as algas foram submetidas a banhos ultrassônicos com solvente (diclorometano (DCM), DCM: metanol (1:1) e metanol (2x)) a 35ºC por 15 minutos para cada adição (Figura 12). Entre cada troca de solvente, os tubos foram centrifugados para retirar o sobrenadante e unidos em um balão para roto-evaporar até redução completa do solvente. O extrato seco foi transferido para um vial com o auxílio de heptano, identificado e congelado para posterior fracionamento.

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Figura 12: Algas em tubos com adição de solvente após o banho ultrassônico. 4.3.2. FRACIONAMENTO DOS LIPÍDEOS

Usando ½ da fração TLE, os lipídeos foram fracionados, para obtenção dos n-alcanos, em uma coluna com Sílica merck (mesh 0,063-0,100mm) ativada a 120ºC por 1 dia e desativada com 5% de H2O destilada. O Esquema de fracionamento pode ser

observado na Figura 13. Para a obtenção da fração dos n-alcanos foram utilizados 2 mL de hexano na coluna de fracionamento.

Figura 13: A- Esquema da coluna de Fracionamento. B- Fracionamento utilizando pipeta pauster.

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28

4.3.3. ANÁLISES CROMATOGRÁFICAS

As amostras foram injetadas em um equipamento de cromatografia a gás, GC 6890N, HP Agilent Technologies equipado com coluna capilar HP-5 de 30m e diâmetro nominal de 320 μm e temperatura máxima de 325ºC. O método de injeção para n-alcanos foi configurado com a entrada frontal a temperatura de 300º, pressão 4,9 psi e modo de injeção Split 10:1. A corrida foi de 65 minutos com temperatura inicial do forno de 50ºC e temperatura final de 320ºC com rampa de 6ºC por minuto, isoterma final de 20 minutos com gás carreador hidrogênio e velocidade média das moléculas pela coluna de 38 cm/seg.

Para a quantificação dos perfis lipídicos foi utilizada curva de calibração feita a partir da injeção de um padrão conhecido, 5- alfa cholestano (fabricante sigma aldrich) sob as mesmas condições cromatográficas. Foram feitas soluções com concentrações de 0.02, 0.04, 0.06, 0.08, 0.1 e 0.2 mg/mL. A curva de calibração pode ser observada na Figura 14. Em paralelo as análises, foi extraído um branco. Em todas as análises foram adicionados 50ul do padrão de recuperação tetracosano (200ug/ml) com recuperação de 90.9% ± 46.6%. O limite de detecção foi de 0.011ng/ml e o limite de quantificação foi de 0.036 ng/ml.

Figura 14: Curva de calibração do 5a-colestano.

y = 2011x R² = 0,9891 ,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 ar ea Concentração (mg/ml)

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29

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. ANÁLISE DE FRAÇÃO BIOGÊNICA PELO 14C

Após análise das amostras de algas (grafitizadas) no Acelerador de partículas SSAMS (Single Stage AMS), conforme a norma ASTM D6866, obteve-se os seguintes dados de acordo com a Tabela 1 abaixo:

Tabela 1: Valores de pMC (percentual de Carbono Moderno) com margem de erro e fração biogênica para amostras de algas; onde C1, C2 e C3 são amostras de algas não contaminadas no experimento.

Como pode se perceber através da Tabela, apenas 6 amostras das 9 amostras foram analisadas por 14C-AMS, isso ocorreu porque as amostras de: Alga c/ Querosene 15 mL, Alga c/ Diesel 5 mL e Alga c/ Diesel 15 mL não alcançaram corrente suficiente no feixe de partículas extraído no acelerador (~ 10-5 A) para resultar em uma medida adequada, logo, não puderam ser analisadas. Isto pode acontecer dependendo das características do grafite produzido a partir das amostras, pois o feixe de partículas é extraído diretamente do grafite e se este estiver aglomerado ou com dureza alta, a extração pode não acontecer, prejudicando a análise.

Já nas medidas que alcançaram valores de corrente acima do valor mínimo, pode-se dizer, primeiramente, que as amostras de algas não contaminadas exibem valores de fração biogênica de dentro do esperado, pois as três possuem 100% de Carbono biogênico, ou seja, 0% de Carbono de fontes fósseis (como os combustíveis derivados de petróleo). Os valores de pMC podem ser maiores que 100, porque, atualmente, a porcentagem de 14C na atmosfera gira em torno de 104%, portanto os valores de fração biogênica são corrigidos para que 104 seja equivalente a 100%.

Nas amostras de Alga c/ Querosene, ocorre uma pequena diminuição dessa fração biogênica (97,61% e 96,54%), já indicando uma sutil contaminação por fontes petrogênicas, que não varia muito, porém, em função da dosagem. Comparando-se

Alga-Branco C1 Alga-Branco C2 Alga-Branco C3 Alga c/ Querosene 5 mLAlga c/ Querosene 10 mLAlga c/ Diesel 10 mL

pMC (%)

104,999 ± 0,366 104,211 ± 0,320 104,037 ± 0,451 101,511 ± 0,450

100,399 ± 0,408

71,01 ± 1,825

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com a amostra de Alga c/ Diesel 10 mL, observa-se que esta teve uma grande diminuição de conteúdo biogênico (68,28%). Isto se deu pelo fato de o querosene utilizado no experimento ser comercial; possui água e outros compostos químicos em sua composição, ao contrário do Diesel utilizado, que era um combustível de maior pureza, facilitando assim sua incorporação às algas.

Como só foi possível obter resultados de uma das amostras de Alga c/ Diesel, não se pôde avaliar a bioacumulação em função da dosagem de contaminante, afirmando-se apenas que houve incorporação dos contaminantes em relação às algas não contaminadas. Porém, o método auxiliar de Análise de n-alcanos ajudou a obter resultados que possibilitaram avaliar esta bioacumulação em função da quantidade de contaminação, como está descrito no tópico abaixo.

5.2. ANÁLISE DE N-ALCANOS

A análise das concentrações de n-alcanos (n-C10 ao n-C33) em ng.g-1 se

encontra na Tabela A , no Apêndice. Para a amostra de alga sem contaminantes adicionados (Alga branco), obteve-se o histograma mostrado abaixo, na Figura 15, com predominância dos n-C19, n-C28 e n-C18.

Figura 15: Histograma de n-alcanos na alga sem contaminantes (Alga branco).

Como já foi dito, a predominância do n-C19 é comum em micro e macroalgas. O

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apresenta comportamento usual de derivados de petróleo, onde não há preferência de n-alcanos pares ou ímpares.

Figura 16: Histograma de n-alcanos no Diesel.

Após contaminação com diesel, as algas apresentaram os seguintes resultados, para doses de 5 mL, 10 mL e 15 mL de contaminante, respectivamente:

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Figura 17: Histogramas de n-alcanos nas algas após doses de 5, 10 e 15 mL de Diesel.

Comparando-se estes dados, é perceptível uma incorporação dos hidrocarbonetos n-C15 ao n-C26 pelas algas, sendo crescente conforme se aumenta também a dosagem de

contaminante. A concentração máxima é de 6139,5 ng.g-1 referente ao n-C18 na alga

contaminada com 15 mL de diesel.

Para as algas contaminadas com querosene, também foram obtidos os respectivos histogramas:

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Figura 18: Histogramas de n-alcanos nas algas após doses de 5, 10 e 15 mL de Querosene.

Novamente, percebe-se que, quanto maior a dosagem de contaminantes derivados de petróleo, maior é a incorporação dos hidrocarbonetos presentes pelas algas. Todos os cromatogramas obtidos se encontram no Apêndice.

Uma maneira melhor para se confirmar a contaminação petrogênica nas algas utilizando os n-alcanos é a relação entre as concentrações dos compostos com número

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ímpar/par de Carbono através do Índice de Preferência de Carbono (IPC). A Tabela 2 mostra o IPC e a concentração total (somatório) de n-alcanos em cada amostra:

Tabela 2: Concentração total de n-alcanos e IPC para cada amostra de alga e Diesel puro.

O valor de IPC menor ou igual a 1, normalmente indica contaminação antrópica, o que incluiria, nesse caso, a amostra de alga sem contaminantes adicionados em laboratório. Porém, pelo somatório de n-alcanos totais, observa-se uma concentração muito pequena de hidrocarbonetos, descaracterizando, assim, uma contaminação, mesmo com certa proximidade dessas algas a plataformas e locais com determinada movimentação de transportes hidroviários. O gráfico a seguir ilustra os dados da Tabela 2 em um histograma, mostrando ainda, para a alga + diesel, os dados de cada dosagem, e não uma média, como foi feito anteriormente.

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A nível de comparação, trabalhos já reportaram a concentração total de n-alcanos (em µg.g-1)em alguns locais no Brasil e no mundo, como Baía de Sepetiba/RJ – 0,27-2,67 (Silva, 2002), Baía de Guanabara/RJ – 0,91-6,51 (Hamacher, 1996), Santos/SP – 1,08 4,29 (Nishigima et al., 2001) e Mar Negro – 0,1-3,4 (Readman et al., 2002).

6. CONCLUSÃO

No presente trabalho, foi desenvolvida uma metodologia para avaliar a contaminação de corpos hídricos por combustíveis fósseis derivados de petróleo, como o diesel e o querosene, utilizando algas para absorção desses compostos e analisando-as pelo método do 14C e, como complementação, pelo método de quantificação dos n-alcanos.

Pelo método do 14C, usando aceleradores de partículas, três amostras não conseguiram ser medidas, devido ao fato da grafitização não ter sido eficiente. No entanto, ainda há réplicas dessas amostras, o que possibilitará uma futura análise a qual avalie melhor a bioacumulação em função da dosagem. Ainda assim, com os resultados já obtidos pôde-se perceber uma incorporação pelas algas, tanto do querosene quanto do diesel (frações biogênicas: 96,54% e 68,28%, respectivamente) em relação à alga sem contaminantes (fração biogênica 100%).

A análise utilizando Cromatografia a gás para quantificar n-alcanos se mostrou ser um ótimo método em complemento a análise de 14C, visto que, por esse método, conseguiu-se avaliar, exatamente, o que não pôde ser avaliado pelo primeiro método: a acumulação em função da dosagem. Os gráficos nas Figuras 30 e 31 conseguem ilustrar que, quanto maiores as doses de contaminantes adicionadas às algas, maior é a concentração de n-alcanos incorporados a elas.

Esses dois métodos combinados, portanto, revelaram ser eficientes para alcançar os objetivos propostos, implementando uma técnica eficaz para identificação da presença de material de origem fóssil em ecossistemas aquáticos urbanos, o que permite a tomada de decisões acerca da biorremediação, tendo em vista, principalmente os acidentes agudos de contaminação do contexto atual em que vivemos.

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8. APÊNDICE

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Cromatograma Alga-Branco 5 mL

Cromatograma Alga-Branco 10 mL

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Cromatograma Diesel puro

Cromatograma Alga + Diesel 5 mL

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Cromatograma Alga + Diesel 15 mL

Cromatograma Alga + Querosene 5 mL

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