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Insanidade Mental e crimes contra a pessoa: como se realiza a perícia psicológica?

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INSANIDADE MENTAL E CRIMES CONTRA A PESSOA: COMO SE REALIZA A PERÍCIA PSICOLÓGICA1?

Larissa Cristina Martins 2

Quele de Souza Gomes 3

Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar o processo de perícia psicológica realizada por psicólogos peritos para avaliar indicadores de insanidade mental de indivíduos acusados de cometer crimes contra a pessoa. Para isso, empregou-se a abordagem qualitativa. Participaram desse estudo, cinco psicólogos peritos que residem em alguns estados brasileiros. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas, transcritos e analisados pela técnica de Análise de Conteúdo. Constatou-se que em relação ao processo de avaliação psicológica pericial, os psicólogos realizam essa atividade como psicólogo concursado ou ad

hoc, não sendo necessário curso de especialização para realizar está atividade, utilizam como

método de avaliação o uso de procedimento (leitura dos autos), técnicas (entrevista clínica, de anamnese, exame do estado mental, observação clínica, entrevista com terceiros) e instrumentos (testes psicológicos e roteiro de entrevista estruturada do DSM-5). Conclui-se que esta avaliação de insanidade mental ainda é muito realizada por médico psiquiatras, sendo um obstáculo para os profissionais psicólogos.

Palavras-chave: Perícia psicológica, vara criminal e insanidade mental.

MENTAL INSANITY AND CRIMES AGAINST THE PERSON: HOW THE PSYCHOLOGICAL EXPERTISE IS PERFORMED?

Abstract: This research aimed to characterize the process of psychological expertise realized by expert psychologists to evaluate indicators of mental insanity of individuals accused of committing crimes against the person. For this research, it was applied the qualitative approach. Five expert psychologists residing in several Brazilian states were interviewed. Data was collected through semi-structured interviews, transcribed and analyzed by the Content Analysis technique. It was found that regarding the process of expert psychological evaluation, psychologists perform this activity as a civil servant or ad hoc psychologist, not requiring a specialization course to perform this task, using as evaluation method the use of procedure

1 Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. 2019.

2 Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail: martinslari.96@gmail.com

3 Mestre em Psicologia – Universidade Federal da Bahia. Professora Titular na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.

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(reading the records), techniques (clinical interview, anamnesis, mental state examination, clinical observation, interview with third parties), and instruments (psychological tests and script of structured interview for DSM-5). It was concluded that this mental insanity evaluation is still very much performed by psychiatrists and is an obstacle for psychologists

Keywords: psychological expertise, criminal court, mental insanity.

No âmbito jurídico, o perito psicólogo possui um papel importante na compreensão das características da personalidade e indicadores de saúde mental de pessoas que praticaram crimes, especialmente, aqueles contra a pessoa. De acordo com o Código Penal brasileiro (BRASIL, 1940), os crimes contra a pessoa são: crimes contra a vida (homicídio); induzimento, instigação ou auxílio a suicídio; infanticídio (Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após); das lesões corporais (lesões corporais, lesão corporal de natureza grave, lesão corporal seguida de morte, lesão corporal culposa, violência doméstica); dos crimes contra a liberdade pessoal (constrangimento ilegal, ameaça, sequestro e cárcere privado); dos crimes contra a dignidade sexual (estupro, violação sexual mediante de fraude, importunação sexual e assédio sexual); dos crimes sexuais contra vulnerável (sedução, estupro de vulnerável, corrupção de menores), entre outros.

Nesses casos, a perícia psicológica criminal oferece subsídios para que o juiz delibere sobre a culpabilidade do acusado, que poderá ser considerado imputável, semi-inimputável ou inimputável (BRASIL, 1940; HUSS, 2011; ROVINSKI, 2007; SERAFIN & SAFFI, 2015). A imputabilidade refere-se à responsabilização do indivíduo pelos delitos cometidos. Entende-se que o indivíduo imputável é aquele que detém plena capacidade cognitiva para compreender e autodeterminar seu comportamento. Desse modo, o imputável é capaz de entender suas ações e as repercussões dessas na vida de outras pessoas (ANDROVANDI; SERAFINI, et al, 2007). Na semi-imputabilidade, o indivíduo não é capaz de entender totalmente o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (BRASIL, 1940). Ou seja, o indivíduo é capaz de entender parcialmente o caráter ilegal do seu comportamento. Geralmente, isso ocorre em situações em que o indivíduo poderá apresentar transtornos da ansiedade, como por exemplo, o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), transtorno bipolar, cleptomania, piromania, transtorno devido ao uso de substâncias psicotrópicas e outros (DISPOSTI, 2011). A inimputabilidade, por sua vez, está associada a incapacidade do indivíduo de entender, ao tempo da ação ou da omissão, o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (BRASIL, 1940; HUSS, 2011). Portanto, o sujeito que tem um

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transtorno mental ou desenvolvimento mental incompleto e cometeu um crime, perante a lei, não pode ser responsabilizado penalmente pelos seus atos. Segundo o Código Penal brasileiro (BRASIL, 1940), para que a pessoa seja avaliada como inimputável é necessário que ela atenda aos seguintes pré-requisitos: a) ser portadora de transtorno ou sofrimento mental; b) que isso tenha se manifestado ao tempo da ação ou omissão definidas como crime; c) tenha comprometido integralmente sua capacidade de entendimento e de determinar-se de acordo com isso.

O exame do estado mental do sujeito possibilita identificar sobre sua capacidade de entendimento ou inferir em qual das categorias supracitadas e descritas ele poderá ser considerado (JUNG, 2014). Rovinski (2007) ressalta que é esse exame que irá determinar o grau da imputabilidade e como encontrava-se o grau de compreensão do acusado no momento do crime. Nesse caso, nas varas criminais, o juiz poderá solicitar que o psicólogo realize um exame complementar para avaliar as capacidades de entendimento e autodeterminação do réu no momento do crime (JUNG, 2014) que pode ser influenciada por fatores psicológicos ou de farmacodependência (SERAFIM; SAFFI, 2015).

De acordo com Jung (2014), esse exame ocorre na fase em que o indivíduo encontra-se em processo de julgamento, e pode ser realizado por médicos psiquiatras e/ou psicólogos. Uma avaliação multiprofissional, nesse caso, possibilitaria uma melhor compreensão sobre o funcionamento do estado psíquico do indivíduo.

A perícia psicológica no âmbito criminal possui uma importância no que tange ao processos criminais onde há dúvida sobre a capacidade de entendimento do sujeito acusado. Pois está avaliação psicológica possibilitaria no aprofundamento da compreensão do funcionamento psíquico, pois os psicólogos poderão utilizar testes psicológicos, instrumentos considerados capazes de mensurar características do sujeito, que podem não ser identificadas por meio de entrevista, além de contribuir em diagnósticos diferenciais (JUNG, 2013)

Além disso, a avaliação da insanidade mental, quando ancorada em procedimentos éticos e técnicos já validados cientificamente, viabiliza a identificação de distorção de dados no comportamento dos periciados. Essas distorções dos dados podem ser manifestadas por simulação, quando o sujeito tenta fingir sintomas que não existem, ou dissimulação quando procura encobrir ou minimizar os sintomas que, na realidade existem (ROVINSKI, 2000). Neste sentido, o sujeito pode mentir ou dissimular durante a perícia judicial, para assim, beneficiar-se e obter o resultado que deseja.

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Tendo em vista a importância da perícia psicológica criminal, bem como a ausência de estudos sobre como fazê-la, esta pesquisa tem como objetivo caracterizar o processo de perícia psicológica realizada por psicólogos peritos para avaliar indicadores de insanidade mental de indivíduos acusados de cometer crimes contra a pessoa.

1.1 A PERÍCIA PSICOLÓGICA

A perícia psicológica é uma modalidade da avaliação psicológica, que visa responder a um questionamento de natureza jurídica, é realizada com o uso de métodos e técnicas reconhecidas pela psicologia, com o objetivo de realizar análises e deduções sobre pessoas e fatos, apontando a possível correlação entre causa e efeito, identificando as alterações psicológicas dos sujeitos envolvidos no processo judicial (JUNG, 2014; ROVINSKI, 2007; SERAFIM; SAFFI, 2015).

É um campo que estabelece a relação entre a psicologia e o judiciário, sendo uma avaliação realizada pelo psicólogo, com o intuito de avaliar e investigar pessoas e fatos, para auxiliar na elucidação de questões legais (MOURA, et al, 2016). O principal objetivo da perícia é subsidiar as decisões do juiz. Para isso, o procedimento inerente a este tipo de avaliação pauta-se e fundamenta-pauta-se em um processo científico e, pauta-seus resultados não pauta-se bapauta-seiam em especulações. Deste modo, o perito se configura como um auxiliar da justiça. (SERAFIM; SAFFI, 2015).

Uma das principais características da perícia psicológica, é subsidiar decisões legais, quando dependem de um conhecimento no que tange ao entendimento acerca do funcionamento psíquico do sujeito envolvido, sendo então necessário que o psicólogo que exerça seu trabalho nesse área, compreenda as especificidades de seu papel e do relacionamento com o sujeito periciado (JUNG, 2014; ROVINSKI, 2007). Essas especificidades estão relacionadas á algumas dimensões do processo pericial: objetivos da perícia psicológica, tipo de relação que irá ter com o periciado, características da metodologia e preparo profissional para responder as demandas jurídicas.

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2010) o psicólogo perito é nomeado para auxiliar a justiça e deverá adotar os princípios éticos e técnicos da profissão, com a finalidade de garantir o bem-estar de todos os indivíduos envolvidos no processo.

A perícia psicológica é vista como um meio de prova no âmbito jurídico, onde sua concretização no âmbito jurídico, a perícia psicológica se realiza através do laudo pericial, onde

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esse laudo será avaliado pelo agente jurídico que solicitou (JUNG, 2014). Conforme os artigos 146 e 421 do Código de Processo Civil, o perito deve entregar o laudo no prazo estimado pelo juiz, devendo dedicar-se para concluir no tempo estipulado. Para que seja realizado um laudo pericial, é necessário, primeiramente, que o juiz o solicite. Nesse caso, o juiz ou os advogados das partes apresentam quesitos, que devem ser respondidas por meio avaliação realizada pelo perito. (art. 421, inc.II, CPC).

A perícia psicológica como instrumento de auxílio ao judiciário, se recobre em temas distintos do Direito e acontece em diversas áreas: Direito de Família, ao Juizado da Infância e Juventude, ao Direito Civil, ao Direito Penal e ao Direito do Trabalho (CUNHA, 2001; JUNG, 2014; ROVISNKI, 2007; SERAFIM; SAFFI, 2015; SILVA, 2013). Porém, na Vara Criminal, a perícia psicológica é realizada para verificar o exame de responsabilidade penal ou de imputabilidade, avaliação criminológica (BRASIL, 1940).

Para Serafim e Saffi (2015), a responsabilidade principal do perito criminal é fornecer subsídios baseados nos princípios psicológicos e neuropsicológicos, onde sua aplicação não se dá em apenas fornecer informações sobre o periciando, mas também, apresentar o diagnóstico e responder se a patologia pode interferir na responsabilidade penal.

2. MÉTODO

Participantes

Participarem deste estudo, cinco psicólogos que atuavam em diferentes regiões do Brasil, que desenvolvem perícias psicológicas para avaliar insanidade mental de sujeitos. Diante disso, participaram cinco psicólogos peritos, identificados com nomes fictícios, com idades variadas entre 32 a 64 anos. O tempo de formação destes psicólogos varia entre 8 a 41 anos e o tempo de atuação como perito variou em média entre 7 a 31 anos. Todos os psicólogos informaram possuir especialização na área da Psicologia. A Tabela 1 apresenta dados sobre as características sociodemográficas dos participantes. A seleção se deu através do contato com o site Cadastro Nacional de peritos, pelo acesso ao e-mail no Tribunais de Justiça dos estados do Brasil e através da técnica bola de neve, que consistiu na indicação de peritos psicólogos por profissionais que já participaram da pesquisa (GRAY, 2012). Exclui-se deste estudo psicólogos que não realizam perícias de insanidade mental.

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Instrumentos

Para a coleta de dados, elaborou-se uma entrevista semiestruturada, composta por 12 perguntas que contemplam os objetivos desta pesquisa, tais como: “quais técnicas você costuma utilizar para realização da perícia psicológica para avaliar a atestar insanidade mental de indivíduos acusados de cometer crime contra pessoa?” e “quais instrumentos (testes psicológicos ou protocolos) você costuma utilizar para realizar a perícia para avaliar insanidade mental de indivíduos acusados de cometer crime contra pessoa?”.

Procedimentos

Com a pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) sob o Parecer no 3.510.362 realizou-se um estudo qualitativo, de caráter exploratório. A pesquisa de natureza qualitativa possibilita estudar fenômenos que

Identificação Idade Tempo de Formação Tempo de atuação como perito Pós Graduação João 37 12 10

Psicanálise, perícia judicial, assistência técnica, violência doméstica, avaliação de abuso

sexual, alienação parental, psicopatologia forense e personalidade criminosa e Mestrado

em Enfermagem Psiquiátrica

Mario 32 8 7

Análise do Comportamento e Mestrado em Desenvolvimento

Humano

Luiza 40 17 12 Psicanálise e Mestrado em

Psicologia Social e da Personalidade

Marisa 56 21 15

Psiquiatria forense, saúde mental e lei, investigação criminal, psicologia

forense e psicologia clínica e Mestranda na área da saúde

Paula 64 41 31

Mestrado em Psicologia Clínica e Doutorado em Psicologia como

Ciência e Profissão Tabela 1.

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desenvolvem relações sociais que as pessoas estabelecem em diversos aspectos da vida (GODOY, 1995).

Organização dos dados

As entrevistas foram áudio gravadas, transcritas e analisadas conforme os procedimentos da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011). Foram elaboradas seis categorias de análise, definidas a posteriori a partir dos relatos obtidos dos sujeitos de pesquisa. Conformes os conteúdos explícitos em algumas categorias, foram elaboradas subcategorias, visando caracterizar as compreensões mencionadas, das quais serão apresentadas na tabela 2.

Tabela 2.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

1. Honorários Periciais

Refere-se ao valor que o perito recebe para realizar a perícia psicológica para a avaliar a insanidade mental.

Peritos Concursados

Peritos concursados que realizam a perícia psicológica.

Peritos ad hoc.

Peritos louvados, prestadores de serviço, cadastrados no Banco de Peritos dos Tribunais de Justiça.

2. Formação em relação á área de perícia psicológica

Curso necessário para se tornar perito psicólogo.

-

3. Métodos utilizados na Perícia Psicológica

Procedimento, técnica ou meio de realizar a perícia psicológica.

Procedimentos Adotados

Como é realizado o processo de perícia psicológica. Técnicas Adotadas

Série de procedimentos que possibilitam investigar os temas em questão (TAVARES, 2000).

Instrumentos Psicológicos utilizados

Artefato que tem como finalidade entender a ação humana ao meio (ALCHIERI; CRUZ, 2009). 4. Aspectos éticos inerentes a perícia

psicologia criminal

Diz a respeito aos comportamentos e procedimentos empregados pelo perito com base no Código de Ética do Psicólogo (2005) e pelas Resoluções instituídas pelo Conselho Federal.

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A categoria Honorários periciais, versa sobre o valor que os psicólogos peritos recebem para a realização da perícia psicológica. Conforme o relato de Marisa “tem dois tipos

de peritos, tem o perito do juízo, que é chamado pelo juiz e está cadastrado no Tribunal de Justiça e tem o perito concursado...”. Percebe-se que existem duas formas dos psicólogos

serem remunerados, como perito concursado, que é aquele que exerce a função quando assume o cargo, é um servidor público, que possui um vínculo empregatício, ou seja, que foi aprovado em concurso público (BONILHA, 2006) e como perito ad hoc que é aquele profissional que está cadastrado no banco de peritos do Tribunal de Justiça, e é um psicólogo que atua como prestador de serviço autônomo, que é nomeado pela autoridade na falta de perito oficial (BONILHA, 2006).

Em relação aos Peritos concursados, o honorário pericial está vinculado a um salário fixo mensal. Luiza, por exemplo, é funcionária do tribunal de justiça e recebe um salário que, segundo ela, corresponde a “recebo em torno de 10 mil reais, com todos os benefícios

associados, auxílio alimentação, títulos de especialização, mestrado, etc..”. Já Mario, na época

em que realizava perícias, era funcionário da Secretaria de Administração Penitenciária e o valor do seu salário era “em torno de 3.000 reais. Nessa consoante, percebe-se que os peritos oficiais possuem um vínculo empregatício com algum órgão do sistema de justiça, ou seja, recebe além do salário, benefícios prescritos segundo o plano de cargos e salários de cada instituição.

No que tange a quantidade de perícias realizadas, Luiza mencionou que “lá na junta

médica tem mais 4 psicólogos, quando vem a demanda para realizar a perícia nos dividimos, então realizo a perícia uma vez por mês”, Mario por sua vez, relatou “que fazia por semana uma média de 4 perícias mais ou menos”. Observa-se que a quantidade de perícias realizadas

varia de acordo com as demandas, isto é, solicitação do juiz. Percebe-se então, que independentemente do número de perícias realizadas, a remuneração do perito que possui um vínculo empregatício será a mesma, ou seja, não recebe por honorários, uma vez que são concursados e recebem uma renda mensal fixa.

No caso dos peritos ad hoc, a remuneração depende de uma série de variáveis, entre elas: valor fixado por cada Tribunal (em casos em que as partes alegam hipossuficiência financeira - Justiça Gratuita), complexidade do caso, qualificação do perito, poder aquisitivo do periciado, entre outras. A participante Marisa, por exemplo, relatou que “valor varia muito da

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complicado, então eu nesses casos, eu não cobro menos de 2.800, mas depende da complexidade”. Nota-se então, que uma variável para o valor que será cobrado para realizar a

perícia, é a complexidade do caso. Para o participante o valor a ser cobrado também depende da complexidade do caso. Segundo ele, para realizar a perícia cobra-se por honorários (hora técnica de trabalho). O valor do serviço é calculado da seguinte maneira: também depende da

complexidade do caso e também a minha capacidade técnica, costumo trabalhar em valor da hora técnica de 250 a 450 reais”.

Sendo assim, percebe-se que outra variável para o cálculo do valor cobrado para a realização da perícia, é a capacidade técnica que o perito nomeado possui, ou seja, cursos realizados na área da perícia, experiência profissional e a quantidade de perícias já realizadas Para Paula, “a perícia fica em torno de 7 a 10 mil reais, mas não é aquela perícia feitas em 15

minutos, mas esses valores vai depender de uma série de questões, a complexidade do caso e também verifico o valor aquisitivo da pessoa, não tem como cobrar um valor tão alto se a pessoa não tiver condição, né? Consta-se, que outra variável de cálculo, é o valor aquisitivo da

pessoa que está sendo periciada. Sendo assim, infere-se que o psicólogo respeita o Código de Ética (2005) que ressalta que psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.

Em relação ao valor mensal recebido pelos peritos ad hoc, isto dependerá da quantidade de perícias realizadas durante o mês “realizo em média, mais ou menos, 3 perícias psicológicas

para avaliar a insanidade mental” (Marisa). Percebeu-se que há uma discrepância no que se

refere ao valor recebido para realizar as perícias psicológicas entre os peritos concursados e os

ad hoc. Ou seja, dependendo da quantidade de perícias realizadas por mês, o perito ad hoc

poderá receber um valor mensal superior ao salário do perito concursado. Deste modo, diferenciando-se da remuneração dos peritos concursados, que tem um vinculo empregatício e o salário será o mesmo, independente do número de perícias realizadas.

Conforme os relatos dos participantes nesta categoria, percebeu-se que a remuneração dos peritos está de acordo com o que preconiza os artigos 25 e 28 da Resolução 305, no qual ressalta que na fixação do honorário pericial, devem ser respeitados os seguintes critérios, quando couber: o nível de especialização e a complexidade do trabalho; a natureza e a importância da causa; o grau de zelo profissional; o trabalho realizado pelo perito; o lugar da prestação do serviço; o tempo de tramitação do processo (BRASIL, 2014). Desta forma, os sujeitos entrevistados utilizam como cálculo do valor cobrado em relação aos honorários esses critérios.

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Já o Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), em seu artigo 29, institui que o pagamento do honorário pericial só deve ser realizado após a entrega do Laudo pericial. E em seu artigo 32, determina que essa resolução não isenta em que a parte sucumbente pague os gastos com a perícia, salvo apenas se for beneficiário da Justiça Gratuita.

Em relação ao cálculo dos honorários pelos peritos ad hoc, notou-se que os participantes desta pesquisa não mencionaram utilizar como base para o cálculo dos honorários periciais a Tabela de Referência Nacional de Honorários dos Psicólogos em reais, elaborada pelo Conselho Federal de Psicologia e pela Federação Nacional dos Psicólogos (FENAPSI). Apesar do participante João mencionar a tabela, seu relato demonstrou desconhecimento acerca da mesma: “também utilizo o que regula minha atividade como perito, a hora técnica de um

profissional desse, né... Embora a nossa tabela do CRP não tem e se tivesse estaria desatualizado”.

Desse modo, infere-se que o fato da maioria dos peritos ad hoc não utilizarem a tabela de honorários, proposta pelo CFP e pela FENAPSI, como referência para o cálculo do valor a ser cobrado pela perícia ocorre em função do desconhecimento dos profissionais sobre a mesma, seja pela pouca divulgação realizada pelo CFP, seja por não ser um tema discutido nos cursos de graduação. Quanto a possível desatualização dos valores da tabela, verifica-se que esses são atualizados anualmente pelo CFP e pela FENAPSI (CFP, 2019). Atualmente, o valor de indicado do honorário varia entre R$ 183,45 e R$ 300,36 reais, tendo em vista que a referência utilizada é o valor do honorário para realização de avaliação psicológica (CFP, 2019).

Na categoria Cursos de formação para atuar como psicólogo perito todos os participantes desta pesquisa (Luiza, Marisa, João, Mario e Paula) ressaltaram que além da formação em Psicologia e estarem registrados no Conselho Regional de Psicologia de seu Estado, não é necessário nenhum curso específico para ser perito psicólogo, seja ele concursado ou ad hoc. "Para ser perito psicólogo você tem que ser graduada em Psicologia e estar em dia

com o seu conselho, né..." (Marisa).

Deste modo, Rovinski (2007) enfatiza que a lei não aponta a obrigatoriedade de o psicólogo possuir especialização na área de perícia, basta que o profissional tenha capacidade técnica nesta área da psicologia jurídica, para responder as questões apontadas no processo judicial. E o de acordo com o Código de Ética do Profissional Psicólogo (2005), que ressalta que o psicólogo só deverá assumir responsabilidades profissionais em atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente.

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No entanto, o participante João enfatizou que:

“Precisa que o profissional tenha um curso de graduação e ter o registro no conselho de sua categoria. Mas é claro que é desejável que o profissional nessa área... ele demonstre a sua capacitação, então é desejável que ele tenha cursos de capacitação, que ele demonstre que ele é capacitado para exercer aquela atividade [...], seus cursos, suas capacitações, é assim que ele vai demonstrando capacidade técnica, através dos cursos que ele é capacitado e da sua prática né, mostrando que ele vai atuando e ajudando...”.

Os relatos dos participantes corroboram o que Rovinski (2007) ressaltou, em que a lei não aponta a obrigatoriedade de o psicólogo possuir especialização na área de perícia, basta que o profissional tenha capacidade técnica nesta área da psicologia jurídica, para responder as questões apontadas no processo judicial. E o de acordo com o Código de Ética do Profissional Psicólogo (2005), que ressalta que o psicólogo só deverá assumir responsabilidades profissionais em atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente.

Tendo em vista que a perícia psicológica é uma modalidade de avaliação psicológica, Borsa (2016) identificou que a maioria das infrações éticas que são denunciadas ao CFP refere-se ao exercício irregular da avaliação psicológica. Um dos possíveis motivos para isso, pode ser a deficiência deste conteúdo nos cursos de graduação de Psicologia.

Para os autores Noronha e Reppold (2010) e Gouveia (2018) por exemplo, verificaram que o ensino de avaliação psicológica nos cursos de graduação apresenta alguns problemas, dentre eles, carga horária reduzida, falta de qualificação dos professores e a visão fragmentada, limitada, preconceituosa em relação à avaliação psicológica. Some-se a isso a ausência de disciplinas sobre psicometria e o foco exacerbado em testagem psicológica (aplicação e correção de testes). Dessa forma, é possível deduzir que somente o curso de graduação é insuficiente para capacitar tecnicamente o profissional psicólogo para realização de perícias no contexto criminal.

Além da formação em avaliação psicológica, quando se aborda mais especificamente, em perícia psicológica, outros fatores importantes para que o psicólogo perito desempenhe seu papel adequadamente, são as atividades práticas durante o curso de graduação e a supervisão contínua no decorrer do exercício profissional. As ofertas de estágio supervisionado, modalidade de ensino que possibilita a aplicação prática dos conhecimentos inerentes ao processo de avaliação psicológica em diferentes contextos é essencial para a qualidade da formação do psicólogo e possibilita o desenvolvimento de competências para uma atuação autônoma e qualificada. Além disso, a supervisão contínua nos primeiros anos de atuação profissional pode ser considerada um fator importante para a promoção do raciocínio e manejo do processo de avaliação psicológica (NUNES, et al, 2012; BORSA, 2016; GOUVEIA, 2018).

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Nesse sentido, Gouveia (2019) e Borsa (2016) destacam que se o psicólogo deseja atuar como perito, é importante obter uma formação qualificada, assim como estar em constante aprimoramento profissional, por meio de formação contínua na área, já que o ensino de avaliação psicológica nos cursos de graduação não prepara o psicólogo para realizar essa determinada atividade.

Na categoria Métodos utilizados na perícia psicológica. Todos os participantes (Luiza, Marisa, João, Mario e Paula) relataram o uso dos seguintes procedimentos: leitura dos autos, e aplicação técnicas (entrevista clínica, de anamnese, entrevista com terceiros, exame do estado mental e observação clínica) e instrumentos psicológica (testes psicológicos e Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM). De acordo com CFP (2018) em seu artigo 2 na realização da Avaliação Psicológica, os psicólogos devem basear sua decisão, obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional do psicólogo (fontes fundamentais de informação), podendo, a depender do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de informação).

Constata-se que os psicólogos utilizaram os mesmos métodos tradicionalmente empregados na área clínica, tendo em vista que, no Brasil, existe uma escassez de instrumentos criados especificamente para avaliar aspectos subjetivos relacionados as questões legais (JUNG, 2014). Rovinski (2000), defende que, diante desse contexto, podem utilizadas entrevistas, recuperação de dados de arquivo, entrevistas com familiares e terceiros.

No que se refere aos procedimentos adotados, todos os participantes referiram utilizar como procedimento, a realização de leituras dos autos do processo. Para Rovinski (2007) o procedimento realizado na perícia psicológica, envolve a leitura dos autos, onde será realizado o planejamento e execução da perícia. Os autos são peças constitutivas de um processo, tais como as petições, termos de audiências (BRASIL, 1973). João, por exemplo, relatou que: "as

leituras dos autos fazem parte do procedimento do trabalho do perito, eu transformo os autos em demandas jurídicas e verifico nos autos quais são as demandas psicojurídicas também...".

Nesta mesma vertente, Luiza relatou que: "a gente lê o processo inteirinho da pessoa, no dia

anterior a entrevista a gente estuda o processo todo em detalhes, lê o processo inteiro, para a gente direcionar a entrevista".

A leitura dos autos, que são preservados segundo o princípio de segredo de Justiça, é autorizada a um determinado perito quando há neles um ofício da autoridade judicial nesse sentido (ORTIZ, 2012, p.901). Ou seja, o psicólogo só terá acesso aos autos quando um juiz

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nomeá-lo para realizar a perícia psicológica. Em relação a perícia psicológica, a leitura dos autos do processo está implicada na identificação da demanda e das questões psicológicas que serão alvo da investigação pericial, para assim elaborar os quesitos que deverão ser respondidos pelo psicólogo (JUNG, 2014).

Percebe-se então, que a leitura dos autos processuais é o primeiro passo para realização da perícia psicológica, é a partir dessa leitura que o psicólogo irá saber qual fenômeno deverá ser investigado, bem como verificará se tem competência responder ou não a demanda. Caso aceite a demanda, iniciará o planejamento da perícia, que envolve a escolha para realização da perícia, dados a serem coletados e instrumentos psicológicos mais adequados (ORTIZ, 2012; ROVINSKI, 2007).

E ainda, a leitura dos autos possibilita no levantamento de hipóteses prévias antes do primeiro contato com o indivíduo e permite que a entrevista seja direcionada para a investigação de tais hipóteses (JUNG, 2014, p. 02). No que se refere em indivíduos que cometeram crimes contra a pessoa, o psicólogo que realizar a leitura crítica dos autos, se posicionará em relação as demandas que os autos apresentaram, onde irá saber qual crime que o indivíduo que será periciado cometeu e de todo contexto do vinculado a esse crime.

Em relação as técnicas adotadas, por técnica entendemos uma série de procedimentos que possibilitam investigar os temas em questão (TAVARES, 2000 p. 45). Neste caso, investigar a insanidade mental de indivíduos que cometeram crimes contra a pessoa. Todos os participantes relataram utilizar como técnica na perícia psicológica no âmbito criminal, a entrevista clínica. Utilizam também dentro da entrevista clínica, a entrevista de anamnese, o exame do estado mental e a observação clínica.

Em relação a entrevista clínica, trata-se de conjunto de técnicas de investigação, de tempo delimitado, dirigido por um entrevistador treinado, que utiliza os conhecimentos psicológicos, com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos (TAVARES, 2000, p. 45), é considerada uma abordagem inicial usada com o propósito de obter informações sobre uma pessoa, pois facilita e aprofunda em questões que podem ser reunidas na avaliação jurídica (HUSS, 2011).

Na entrevista clínica, todos participantes mencionaram usar a entrevista semiestruturada, depois da anamnese eu entro na questão do processo, como aconteceu tudo...” (Marisa). vida laborativa, saúde física e mental, lazer, hobbies, histórico criminal e de como

ela estava se sentindo no dia do crime ou em dias antes” (Luiza). “Perguntava a respeito do crime, qual era a sua versão sobre o crime e assim observava suas reações, se a pessoa estava

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alucinando ou delirando, ai via o que era possível perguntar...” (Paula). Em relação a perícia

criminal, o perito psicólogo poderá realizar perguntas sobre os aspectos pessoais do indivíduo, como dificuldades na escola (problemas com disciplinas, com colegas), se possui dificuldades de relacionamento com amigos e familiares, sobre dificuldades em desempenhar tarefas do dia-a-dia como ir ao trabalho e realizar atividades domésticas, além de perguntar sobre sentimentos e pensamentos atuais (HUSS, 2011).

No que se refere as entrevistas semiestruturadas, são constituídas por perguntas predeterminadas, onde o entrevistador pode permitir uma maleabilidade nas respostas e podem adicionar mais perguntas ao decorrer da entrevista, essa forma de entrevista geralmente é mais confiável, pois permite perguntas adicionais, além de possibilitar alguma estabilidade nas perguntas formuladas (HUSS, 2011). Neste sentido, os participantes na entrevista pericial semiestruturada traziam perguntas já predefinidas, com questões mais focais relacionadas ao crime cometido, com o intuito de escutar a versão do sujeito periciado.

No que tange a utilização da entrevista clínica, todos os participantes relataram realizar essa técnica. Paula, por exemplo, relatou que: “Na entrevista eu fazia perguntas relacionadas

aos dados de identificação da pessoa, escolaridade, ocupação, questões relacionadas a família, se utiliza alguma droga incluindo a bebida alcoólica”. Nessa mesma direção, Mario informa: “Na entrevista eu avaliava a história de vida do sujeito, de onde vinha sua família de origem, infância, adolescência, perguntava de eventos marcantes da biografia da pessoa, iria combinar com o ato, que é o ato que dá início da história de uma pessoa [...]”. Na perícia psicológica

no âmbito criminal investigar sobre os aspectos pessoais dos indivíduos que estão sendo periciados, possibilita na compreensão do que levou o sujeito a cometer determinado crime e também de possibilitar em hipóteses diagnósticas, caso haja insanidade mental.

Conforme os relatos supracitados, os participantes utilizavam na entrevista clínica perguntas direcionadas a vida da pessoa, ou seja, tentavam investigar todos as circunstâncias relacionadas a vida do indivíduo, neste caso, utilizavam na entrevista clínica, a entrevista de anamnese. O participante João, por exemplo, relatou que: “Na entrevista clínica, eu costumo

fazer a entrevista de anamnese, observação clínica e também utilizo a técnica do exame mental”. Nesta mesma direção, Marisa e Luiza relataram: “Na entrevista clínica eu utilizo a anamnese, o exame do estado mental, vejo toda história dele, desde quando ele nasceu, a família de origem, até as questões pessoais dele até agora (Marisa);“Realizava a entrevista de anamnese, perguntava sobre a infância, desenvolvimento, escola, família, adolescência,

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relações sociais, afetivas e sexuais, vida laborativa, saúde física e mental, lazer hobbies"

(Luiza).

Podendo ser feita dentro do processo da entrevista clínica, na anamnese o paciente é o moderador, pois, supõe-se de que ele conheça sua própria história e que é capaz de fornecer informações sobre ela (TAVARES, 2000; HUSS, 2011). Diferenciando-se da entrevista clínica, que busca informações gerais sobre a vida do sujeito, a entrevista em que é feita a anamnese tem por objetivo primordial o levantamento detalhado da história de desenvolvimento da pessoa, principalmente na infância, é uma técnica de entrevista que pode ser facilmente estruturada cronologicamente (TAVARES, 2000). Em relação a entrevista de anamnese, a autora Cunha (2000) ressalta que deve ser enfocada conformes os objetivos do exame, neste caso, a avaliação de insanidade mental, também deve depender da idade do paciente e da natureza. Nela devem ser investigados o contexto familiar, histórico pré-natal, primeira infância, infância intermediária, pré-puberdade, puberdade, adolescência, idade adulta e fontes subsidiárias (CUNHA, 2000).

Diante disso, a utilização da entrevista de anamnese, possui uma relevância no que tange a entrevista clínica pericial. A verificação dos aspectos pessoais do sujeito como a história da infância e fatores familiares podem ser relevantes em relação ao histórico criminal do sujeito ou no que envolve a histórico de transtornos mentais, já que todos os sujeitos são biopsicossociais, devemos investigar os fatores biológicos, psicológicos e sociais do sujeito, com o objetivo de elucidar o que levou o sujeito a cometer determinado crime.

Os participantes desta pesquisa mencionaram também utilizar na entrevista clínica, a entrevista de exame do estado mental. Para Erné (2000) o exame do estado mental possui uma grande importância nos feitos periciais judiciais, pois auxiliam em suposições diagnósticas. Em relação ao exame do estado mental, há uma consonância de que as principais modificações envolvem sinais e sintomas nas seguintes áreas da conduta humana: atenção, sensopercepção, memória, orientação, consciência, pensamento, linguagem, inteligência, afetividade e conduta (ERNÉ, 2000).

Com isso, o exame do estado mental pode propiciar ao perito psicólogo a compreensão de como estava o grau de entendimento e de autodeterminação do sujeito no momento do crime, sendo que alguns transtornos mentais estão relativas as áreas de conduta humanas aqui supracitadas. Deste modo, este exame pode ajudar o perito psicólogo a verificar se o sujeito possui uma insanidade mental ou não.

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Os participantes relataram que também utilizavam na entrevista clínica, a técnica de observação clínica. A observação é uma técnica que gera muitas informações. Em maior ou menor escala, está quase sempre presente nos processos de avaliação psicológica, especialmente quando essa avaliação é individual, embora também possa ser utilizada com grupos (HUNZ, 2016, p. 18).

Paula, por exemplo, relatou: “Eu observava as reações da pessoa, se ela estava

alucinando, delirando, né....”. Já o participante Mario, relatou que “temos que observar como ela se comporta na frente de você, como funciona seus pensamentos[...], a forma em que a pessoa se coloca em relação a você, os seus comportamentos, observava como era essa relação terapêutica” (Mario). Percebe-se então, que os participantes procuravam observar como a

pessoa se coloca em relação ao perito, seu comportamento, atitudes, o modo de falar. Sendo assim, uma técnica importante para o exame pericial.

Além da entrevista com os indivíduos submetidos a perícia psicológica, os participantes relataram também realizar uma entrevista com terceiros (familiares, amigos, colegas de trabalho). Luiza, por exemplo, relatou que: "Também entrevistamos um familiar como o pai,

mãe, cônjuge, filhos ou outra pessoa que conviva com o sujeito e tenha informações para complementar". Diante disso, na perícia psicológica, muitas vezes será necessário que a

entrevista seja realizada com outras pessoas (algum amigo ou familiar), além do sujeito que está sendopericiado, com o intuito de recolher informações acerca das características do sujeito (JUNG, 2014). De acordo com essa autora, no caso de presença de algum transtorno psicológico, a entrevista com terceiros é relevante, pois irá fornecer dados confiáveis e precisos, que poderão ser ocultados devido ao transtorno psicológico do indivíduo (quando houver).

Em relação aos Instrumentos utilizados, um instrumento pode ser considerado qualquer artefato que tem como finalidade de compreender a ação humana ao meio e para a psicologia os instrumentos são recursos materiais de coleta de dados sobre o que se quer avaliar (ALCHIERI; CRUZ, 2009). Portanto, em relação a perícia psicológica no contexto criminal os participantes referiram utilizar como instrumentos psicológicos os testes psicológicos e a entrevista clínica estruturada para os transtornos do DSM.

Os instrumentos de avaliação psicológica mais conhecidos e utilizados pelos psicólogos, são os testes psicológicos (ALCHIERI; CRUZ, 2009). No que se refere o uso de testes psicológicos os participantes mencionaram: "utilizo os testes psicológicos com certa

eventualidade, como os projetivos, os padronizados de correção informatizada, baterias de personalidade [...] mas utilizo com mais frequência o HTP..." (João), "aplico os testes de

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inteligência, como a escala Hare, mas não uso só o Hare, uso sempre também o Rorschoach, porque é mais confiável, ai combinamos ele com um HTP, o TAT, com as pirâmides coloridas de pfister..." (Luiza), "eu utilizo mais de um teste na perícia, como as pirâmides coloridas pfister, o BFP, utilizo quando a pessoa tem mais instrução e quando tem menos utilizo o HTP"

(Marisa), "utilizo o palográfico e o HTP" (Mario).

Os testes psicológicos são instrumentos que auxiliam o psicólogo a conhecer os fenômenos psicológicos com maior precisão, auxiliando na obtenção de amostras de comportamento relevantes para o funcionamento cognitivo e afetivo (ROVINSKI, 2004; URBINA, 2007). Nesse sentido, os testes são instrumentos de avaliação e mensuração de características psicológicas (CFP, 2018). Ressalta-se que, de acordo com a resolução n.º 009/2018 do Conselho Federal de Psicologia, o psicólogo só deverá utilizar testes que foram avaliados como favoráveis pelo SATEPSI.

Neste sentido, os participantes utilizam na perícia psicológica para avaliar a sanidade mental de indivíduos que cometeram crimes contra a pessoa, testes projetivos/expressivos como o HTP (house, tree, person), Rorschoach, Palográfico, Pirâmides Coloridas de Pfister, TAT (Teste de Apercepção temática) e os testes objetivos/expressivos como o BFP (Bateria Fatorial de Personalidade) e a Escala Hare PCL-R. Sendo então, testes que avaliam quadros psicopatológicos. Percebe-se que os testes mais utilizados pelos participantes no exame pericial, são os testes de personalidade, seja eles expressivos ou objetivos. No que tange aos testes de personalidade, um perito psicólogo pode utilizá-lo para avaliar a possível incidência de insanidade mental, para verificar a responsabilidade penal do indivíduo (HUSS, 2011).

No que se refere aos testes projetivos/ expressivos, eles consistem normalmente em apresentar estímulos que podem apresentar mais do que um sentido ao sujeito e o registro de suas respostas para avaliar uma questão que está implícita, ou seja, permite uma variedade ilimitada de respostas possíveis, a maioria se baseiam no pressuposto de que as respostas abertas do indivíduo que está sendo examinado revela em suas disposições internas que não são facilmente descobertas (HUSS, 2011; SILVA, 2016).

Jung (2014) e Huss (2011), referiram que testes projetivos possuem algumas vantagens, pois avaliam características psicológicas que não são possíveis de observar, sendo então um bom instrumento para avaliação pericial, pois diferente da avaliação clínica, são constituídas em interesses judiciais, deste modo, buscam avaliar se o periciado é portador de esquizofrenia, ou se apresenta tendências a comportamentos violentos.

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Uma outra vantagem é que os testes projetivos apresentam maiores dificuldades de simulação ou dissimulação pelo indivíduo no exame pericial (JUNG, 2014; ROVINSKI, 2006). No que vem de encontro com a fala da participante Luiza:

"Eu uso mais os testes projetivos... Porque os questionários, os testes de personalidade objetivos, eles são facilmente manipulados, então a gente não usa...Né, os projetivos a pessoa não sabe o que responder, ai a gente usa eles, pois são mais difíceis de serem manipulados, ai eu uso o rorschoach, que é o único teste que te ajuda a esclarecer mais o diagnóstico né... Não existe um teste que detecta uma simulação, mas por exemplo, se a pessoa fala que é esquizofrênico e produz um teste sem nenhum desvio de pensamento e de percepção, é porque não é esquizofrênico..." Os testes projetivos possuem também, algumas desvantagens no que tange ao exame pericial. A autora Silva (2016) pontua que os testes projetivos podem ser errôneas, pois podem apresentar erros de transcrição comuns no contexto jurídico, sendo necessário realizar mais de uma leitura no material obtido, pois o perito que não conheça os resultados alcançados, o teste projetivo podem apresentar erros e discrepâncias e podem dificultar na conclusão, além de resultar mais de uma interpretação no exame pericial. Deste modo, o perito psicólogo que possuir uma inaptidão e não possuir competência técnica para aplicar um teste projetivo no seu exame pericial, poderá influenciar no concerne a conclusão do seu laudo pericial.

Em relação aos testes objetivos/expressivos, eles buscam mensurar através de critérios observáveis e concretos o construto que estão avaliando, deste modo, é um instrumento que envolve tarefas padronizadas (LINS; BORSA, 2017). São mais estruturados e diretos, pois propõem ao examinando alternativas específicas de resposta, sendo então solicitado que responda verdadeiro ou falso, em uma escala em uma variedade de escalas, possuindo então uma administração fácil, produzindo resultados confiáveis e válidos (HUSS, 2011).

Em uma avaliação psicológica pericial, percebeu-se a partir dos relatos supracitados dos participantes, que os mesmos costumam utilizar testes projetivos com testes objetivos, para melhor compreensão do estado psíquico do sujeito avaliado. Silva (2016) aponta que não se deve observar a totalidade de um indivíduo em apenas um teste, sendo necessário adequar a sequência de testes para analisar os aspectos psicológicos que se pretende avaliar.

Outro instrumento utilizado pelos participantes na entrevista clínica no exame pericial, é a entrevista estruturada para o DSM-5 ou SCID-5-VC. Conforme a participante Luiza, que mencionou: "Quando se suspeita de alguma psicopatologia, são feitas também perguntas

baseadas no SCID (Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM)". Deste

modo, a Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM, é um guia de entrevista para identificação dos principais transtornos do DSM-5, sendo aplicada por um clínico ou profissional da saúde mental, que esteja treinado e familiarizado com os critérios diagnósticos

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do DSM-5 (FIRST, et al, 2017). Deste modo, este instrumento pode ser utilizado por médicos psiquiatras e por psicólogos na avaliação da insanidade mental.

De acordo com Tavares (2000) e First et al (2017) a utilização de instrumentos estruturados e padronizados possui algumas vantagens no que tange a realização de diagnósticos, dentre elas está: aumentar a validade dos diagnósticos de transtornos mentais e aumentar a eficiência dos tratamentos.

A utilização de todos estes métodos mencionados pelos participantes (procedimentos, técnicas e instrumentos) na perícia psicológica, poderão facilitar no que tange a realização de diagnósticos, se caso existirem, e na realização de um Laudo pericial eficaz, sendo ele um documento realizado pelo perito psicólogo no final do processo pericial.

Em relação aos aspectos éticos inerentes a perícia psicologia criminal, no que se refere ao processo psicológico pericial, a participante Paula, relatou que "um perito ingênuo ou

um perito com pouca experiência que chegasse lá e falasse pra ele que era pra sanidade mental, que era uma avaliação, ele iria simular né, com certeza né". Tendo em vista que a perícia

psicológica exige procedimentos éticos, sendo deste modo, importante e necessário que o psicólogo em sua atuação como perito, respeito os princípios éticos estabelecidos pelo Código de Ética do Psicólogo (2005) e pelas Resoluções instituídas pelo Conselho Federal de Psicologia. Desta forma, o Conselho Federal de Psicologia, em seu código de Ética Profissional (2005), estabelece que psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.

Deste modo, o relato supracitado pela participante, não vem de encontro com a resolução 017 de 2012 (CFP) em seu artigo 4, dispõe que o periciado deve ser informado acerca dos motivos, das técnicas utilizadas, datas e local da avaliação pericial psicológica. Antes da avaliação pericial o psicólogo deverá se certificar se o indivíduo foi informado pelo seu advogado de sua avaliação e ainda durante a avaliação o psicólogo deverá informar o periciando sobre todas as questões inerentes a avaliação pericial (ROVINSKI, 2007). Ou seja, o periciado deverá receber a informação sobre processo que estará participando e deverá ser informado que será avaliado sua sanidade mental.

Neste sentido, na atuação pericial, o Código de Ética ainda estabelece em seus artigos 9 e 11 que é dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações a que tenha acesso no exercício profissional e que quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar apenas informações. Diante disso, a atividade do psicólogo em realizar perícias não

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encontra-se explícita nesencontra-ses artigos, porém está atividade associada ao compromisso em informar o juiz informações relevantes as questões legais, sendo necessário que as informações obtidas na avaliação pericial, deverão ser respeitadas eticamente, preservando dentro do possível o sigilo das informações (ROVINSKI, 2007).

De acordo com a Resolução 008 de 2010 (CFP), o trabalho pericial poderá contemplar observações, entrevistas, visitas domiciliares e institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pelo Conselho Federal de Psicologia. Deste modo, todos os participantes desta pesquisa, respeitaram os princípios éticos no que se refere aos métodos utilizados na perícia psicólogos estabelecidos na resolução supracitada.

No que tange ao acompanhamento psicológico pós avaliação pericial, a resolução 008 de 2010 (CFP) dispõe que com intuito de preservar o direito à intimidade e equidade de condições, é vedado ao psicólogo que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio e atuar como perito ou assistente técnico de pessoas atendidas por ele e/ou de terceiros envolvidos na mesma situação litigiosa. Nessa mesma direção, a participante Marisa relatou que "nenhum perito do juízo e nenhum assistente técnico podem fazer

acompanhamentos depois, clínico, em periciados, entendeu? Pessoas que passaram por perícia". Diante a esse exposto, o psicólogo que realizou a perícia psicológica não deverá

prestar serviços psicológicos como por exemplo, psicoterapia os indivíduos que periciou, caso haja a evidência que o periciado possui um transtorno mental, ou seja, uma insanidade mental e o juiz o considere semi-imputável ou inimputável, os participantes (João, Marisa, Mario, Paula e Luiza) relataram que serão encaminhados a hospitais de custódia, manicômios judiciários e tratamentos ambulatoriais.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa caracterizou o processo de perícia psicológica realizada por psicólogos peritos para avaliar o incidente de insanidade mental de indivíduos acusados de cometer crimes contra a pessoa. Constatou-se a partir dos relatos dos participantes, que todo o processo de perícia psicológica implica em procedimentos técnicos e éticos, desde a solicitação para realizar a perícia, até a entrega do laudo pericial.

Neste sentido, em relação a todo processo técnico, percebeu-se que o psicólogo perito a partir dos autos do processo, analisa o valor que irá cobrar para realização da perícia, o que irá

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investigar na entrevista clínica e nesta entrevista, outro procedimento técnico é a escolha dos testes psicológicos adequados ao fenômeno do que se deseja investigar. Importante ressaltar, que os testes psicológicos escolhidos para avaliação pericial, deverão estar avaliados como favoráveis pelo SATEPSI. Deste modo, utilizam os mesmos procedimentos utilizados na área clínica. Toda a escolha destes procedimentos técnicos implicam em procedimentos éticos, ou seja, mesmo que seja uma avaliação no âmbito jurídico, o psicólogo deverá respeitar o código de ética, respeitando a integridade de cada indivíduo avaliado, sua história de vida, contexto social que está inserido, além manter o sigilo profissional e responder apenas os quesitos periciais, para assim, garantir a qualidade do seu trabalho.

Percebeu-se que para realizar perícia psicológica nesse contexto, não é necessário nenhum curso específico de pós-graduação, porém, o psicólogo deverá estar em dia com o Conselho de sua região. Entretanto, constatou-se que para que o psicólogo realize uma perícia psicológica adequada, a importância dos cursos de capacitações acerca da avaliação psicológica pericial.

Ao selecionar participantes para esse estudo, constatou-se uma precária existência de profissionais psicólogos que realizem este tipo de perícia psicológica. Possuindo então, uma limitação para as pesquisadoras em encontrar sujeitos de pesquisa que realizem perícias psicológicas para avaliar a indicadores de insanidade mental de indivíduos que cometaram crimes contra a pessoa. Visto que a maioria dos psicólogos contactados, relataram realizarem perícias psicológicos em outros âmbitos (família, civil e do trabalho).

Deste modo, ao caracterizar o processo de perícia psicológica, percebeu-se que os psicólogos apresentaram dificuldades no que tange a inserção nas varas criminais, sendo esta uma avaliação mais realizada por médicos psiquiatras. O exame de insanidade mental além de ser realizado por profissionais da saúde mental, seja ele psiquiatra ou psicólogo, já que uma participante desta pesquisa, relatou ter realizado a perícia de insanidade mental, sem a necessidade de um exame de um médico psiquiatra. O psicólogo também poderá realizar um exame complementar afim de responder as dúvidas diagnósticas em que o psiquiatra ficou. Portanto, para que os psicólogos ganhem espaço nas varas criminais, é importante que se capacitem, estudem e mostrem que conhecem sobre psicopatologia e que ele pode realizar perícias em saúde mental.

Por fim, os conhecimentos provenientes que este estudo propiciou, permitem ampliar na compreensão no que tange ao processo de perícia psicológica realizado para avaliar a indicadores de insanidade mental. Sendo assim, está pesquisa poderá acrescentar em

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conhecimentos acerca dos métodos utilizados por psicólogos na perícia, além de instigar a comunidade científica a proporcionar mais estudos acerca desta temática, como por exemplo as dificuldades dos psicólogos peritos na inserção da vara criminal e a comparação do processo de perícia realizadas por psicólogos e psiquiatras para avaliar indicadores de insanidade mental.

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