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Estudo comparativo entre Halotano e Isoflurano quanto à influência sobre a pressão intraocular

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Academic year: 2021

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(1)

Estudo comparativo entre Halotano e Isoflurano

quanto

à

influência sobre a pressão intraocular

Comparative study betwe en Halothane and Isoflurane

conceming its influence on intraocular pressure .

Maurício Della Paolera(l) Geraldo Vicente de Almeida(5)

Oswaldo Antonio Cavallari Sobrinho(2) José CarusO(3)

Flávio Edson de Syllos(3,4)

(1) Médico Assistente Voluntdrio do Serviço de Oftalmologia

(2) Médico Estagiário N(vel II do Serviço de Anestesiologia

(3) Médico Assistente do Serviço de Anestesiolo­ gia

(4) Chefe do Centro de Ensino e Treinamento do Serviço de Anestesiologia

(5) Chefe do Clfnica Oftalmológica

Trabalho realizado na Santa Casa de Miseri-c6rdia de São Paulo - SP

Ender�o para correspondência:

MAURiCIO DELLA PAOLERA - Rua Berga­ mota, 497 apto. 71 - CEP.: 05468 - SP - SP

226

RESUMO

o

estudo comparativo entre os efeitos dos anestésiCos halotano e isoflurano sobre a pressão intraocular mostrou não haver diferen­ ça entre eles.

Palavras-chave: Halotano; lsoflurano; Pressão intraocular.

INTRODUÇÃO

A tonometria em crianças na maioria das vezes tem de ser realiza­ da sob narcose. Deve ser evitado o emprego de drogas anestésicas que

alterem a pressão intraocular, quer elevando-a, como a Ketamine, triclo­ roetileno(1 2) e os relaxantes muscula­ res despolarizantes, como a succil­ colina, que causam aumento tempo­ rário(12), quer baixando-a, . como é o caso do 4-hydroxybutyrate(1 2).

Um agente anestésico largamente utilizado e que não altera significa­

tivamente a pressão intraocular é o halotanol1 2). Vários trabalhos têm si­ do realizados sobre esta droga(S,8), mas poucos são os estudos sobre a ação do isofluranol9) em pacientes pediátricos(l O) •

Este trabalho tem o intuito de comparar as alterações da pressão intraocular de dois grupos de crian­ ças submetidas

à

narcose sob a ação do halotano e do isoflurano.

MATERIAL E MÉTODOS

Examinamos 34 crianças, de 1 a 6

anos de idade, (68 olhos) sem queixa

ocular, suspeitas de portarem altera­

ção na acuidade auditiva, com esta­

do físico ASA I e que se submeteram a exame de eletrococleografia e me­ dida da pressão intraocular;

23

do sexo masculino e 1 1 do sexo femini­ no. A idade média do grupo aneste­ siado com isoflurano foi

2, 6

± 1 , 4 anos, enquanto o grupo anestesiado

com halotano foi

.2,9

± 1 ,6 anos (Tabela 1 ). Ap6s admissão na sala de exames, com temperatura am­ biente de

22°C,

os pacientes eram monitorizados por meio de monitor Dixtal (mod

910).

A indução anesté­ sica era feita com isoflurano ou ha­ lotano e oxigênio, através de vapori­ zador univesal modelo 1000 K. Ta­ kaoka, com sistema de Maphelson "D" e máscara facial. A manutenção sob oxigênio e o mesmo halogenado em sistema Maphelson "A" era rea­ lizada com os pacientes em respira­

ção espontânea. As vias aéreas em todos os casos foram mantidas per­ meáveis por meio de cânula de Cue­ deI. ·

Sob plano anestésico, era introdu­ zida, numa veia periférica do terço distal do membro superior, uma agulha tipo "butterfly" ,

21

para hi­ dratação com o soro glicosado a 5%.

A R Q . BRAS. OFT A L . 53(5) , 1990

http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19900013

(2)

TABELA I

Caracteristlcas dos pacientes

Sexo masculino feminino Idade (anos) x ± d.p. amplitude Peso (kg) x ± d.p. amplitude Isoflurano 1 0 7 2,6 ± 1 , 4 1 - 6 Halotano 1 3 4 2,9 ± 1 , 6 1 - 6 1 2, 9 ± 3, 1 1 3, 2 ± 3, 5 8, 1 - 20,5 8,3 - 1 9, 9

A

avaliação do plano anestésico era feita clinicamente e a duração média da anestesia foi

de 15

mino ±

5.

Com o paciente em dect1bito dorsal, ap6s instilação de fluoresce(na na conjun­ ti va, era medida a pressão intraocu­ lar, em ambos os olhos, com o tonô­ metro de aplanação tipo Perkins(1 1), sempre pelo mesmo observador.

Após

a conclusão dos exames, o halogenado era interrompido e era mantida a inalação com oxigênio pu­ ro

até

a superficialização da aneste­ sia com recuperação dos reflexos e da consciência.

RESULTADOS

Nos dois grupos estudados, o tempo médio de duração do ato anestésico foi de

15

±

5

minutos e o volume gasto dos anestésicos neste período, conforme apresentado na Tabela II, foi maior com o isoflura­

no. Tanto no grupo

1

a

2

anos como no de

3

a

6

anos, a concentração utilizada de isoflurano foi ligeira­ mente maior do que a do halotano (Tabela

III),

o que não interferiu nas medidas realizadas da pressão in­ traocular.

A

indução foi rápida e compará­ vel em ambos os grupos, sem inter­ corrências a destacar.

A

pressão intraocular não mostrou diferenças estatisticamente significa­ tivas entre os grupos isoflurano e halotano (Tabela

IV);

nos dois gru­ pos ela situou-se dentro dos padrões normais para a faixa etária estuda­ da.(1 0.1 2.1 3).

ARQ. BRAS. OFTAL. 53(5), 1 990

Estudo comparativo entre Halotano e lsoflurano quanto à influ2ncia sobre a pressão intraocular

Volume (m1/1 0 mln.) x ± d.p. amplitude

TABELA . Volume de anesNslco gasto

Isoflurano 4, 0 ± 0,8 3 - 5 Halotano 2,8 ± 0,8 2 - 5 TABELA IH

Concentração usada por faixa de Idade. Concentração (%)

t-Student Ind. p<O,OOl

Isoflurano Halotano

Idade (n) i ± d.p. amplHude (n) i ± d.p. amplHude 1 - 2 anos 3 - 6 anos global ( 9) ( 8) ( 1 7) 1 ,97 ± 0,26 2, 72 ± 0,39 2,32 ± 0, 50 1 , 75 - 2,25 2,25 - 3, 00 1 , 75 - 3,00 TABELA IV ( 9) ( 8) ( 1 7) 1 , 44 ± 0,21 1 , 94 ± 0,44 1 , 68 ± 0,41

Medida da pressilo Intraocular (P

.1.0.)

Isoflurano Halotano Paciente P.I.O. Paciente P.I.

O

.

00

OE

00

OE 1 1 0 1 0 2 1 2 1 0 4 1 2 1 4 3 1 0 1 0 5 1 2 1 2 8 1 2 1 2 6 1 1 9 1 0 9 9 7 1 4 1 2 1 1 1 2 1 6 9 1 5 1 2 1 2 7 8 1 7 1 3 1 3 1 3 1 0 1 0 1 8 1 2 1 3 1 4 1 0 1 0 21 10 10 1 5 1 2 1 2 22 1 0 1 0 1 6 1 2 1 2 24 1 0 1 0 1 9 1 0 8 25 1 3 1 4 20 1 0 1 0 28 1 2 1 1 23 1 1 1 2 29 9 9 26 1 3 1 2 3 1 9 1 0 27 8 8 32 1 4 1 3 30 1 3 1 2 34 8 8 33 1 0 1 0 x ± d.p. 1 1 , 4 ± 1 ,9 1 1 , 2± 1 , 8 1 0,6 ± 1 , 7 1 0, 6 ± 2,0 amplitude 8 - 1 4 8 - 1 4 7 - 1 3 8 - 1 6 t-Student indo OOvs. OE: N.S. OOvs. OE: N.S.

TABELA V

Variações da freqüêncla card(aca Freqüêncla card(aca (batlmlmln)

1 . Pré- indução 2. Inrcio da manutenção 3. Média tempo total manutenção 4. Final da manutenação . ANOVA Contrastes (Tukey) Isofturano 1 08, 1 ± 6,6 1 1 5, 2 ± 5,0 1 1 0,9 ± 5,4 1 09,8 ± 5,8 p< 0, 01 1 -> 2 2 -> 3 2 -> 4 i ± d.p. Halotano 1 07,9 ± 8,8 93,6 ± 1 0, 8 99, 6 ± 9,9 99,8 ± 9,7 p< 0, 01 1 -> 2 1 -> 3 1 -> 4 1 , 25 - 1 , 75 1 ,60 - 2,75 1 , 25 - 2,75 t-Student Ind. 00 vs. 00: N.S. OE vs. OE: N.S. t-Student Ind. N.S p < O,ool p < O,ool p < O,OOl 227

(3)

FREQ�NCIA CARDfACA (batimlmin)

1 20

1 1 5

1 1 0

1 05

1 00

1 1 5,2

Estudo comparativo entre Halotano e lsoflurano quanto à influência sobre a pressão intraocu/ar

1 09,8

ISOFLURANO

.."o--- --O HALOTANO

/ 99,6

99,8

/

95

./'"

93,6

90 ��---r---.---'---

PERÍO DOS

Pré-indução In(cio manutenção Figura 1 -Variações da freqOência card(aca

Pode-se observar (Tabela

V)

que as variações da freqüência cardíaca, relacionadas com os períodos anesté­ sicos, foram significativamente maiores no grupo halotano, do que no grupo isoflurano. Este apresentou

6,6%

de elevação da freqüência car­ d(aca no (nicio da manutenção, em n:(lação

à

pré-indução; entretanto, os valores médios durante todo o per(o­ do de manutenção, e no seu final, retornaram aos níveis do (nicio. Já o grupo halotano teve uma queda de 14,6% na freqüência cardíaca entre a pré-indução e o início da manuten­ ção, além do que, os valores médios durante todo o período de manuten­ ção e no seu final mantiveram-se estabilizados pr6ximos ao valor mé­ dio entre as duas cifras iniciais. Esse fato é melhor ilustrado na Figura

1 .

Nos dois grupos, o tempo de re­ gressão foi rápido e sem intercorrên­ cias e o despertar foi sereno, com alta hospitalar segura e tranqüila.

COMENTÁRIOS

A utilização do halotano é desa­ conselhável em crianças portadoras

228

Média tempo

total manutenção Final manutenção

de cardiopatia congênita, pois ele pode produzir arritmias devido

à

sensibilização do miocárdio

à

ação das catecolaminas, como ocorre por exemplo em crianças portadoras da síndrome da rubéola congênita(1 ,2,3,4). Em nenhum dos grupos foi necessá­ ria administração de outras drogas durante ou após o exame, nem entu­ bação traqueal. Não constatamos complicações durante ou ap6s o exame, decorrentes dos anestésicos e/ou da técnica empregada.

O exame da pressão intraocular é

fundamental em crianças, quando existe suspeita de glaucoma congê­ nito, não descartando, é claro, a biomicroscopia e o exame de fundo de olho, quando possível; como s6 podemos realizá-los sob narcose, é desejável a utilização de drogas que não a modifiquem. Em nosso traba­ lho, os dados obtidos mostraram não haver diferença significativa entre os dois anestésicos quanto a sua interfe­ rência sobre a pressão intraocular em crianças.

Como algumas malformações congênitas cardíacas podem coexistir com o glaucoma congênito, o

Isoflu-rano mostrou-se a opção mais segu­ ra, por provocar menos alterações do seu ritmo.

SUMMARY

The comparison between the ef­ fect of the anaesthetics Halotano and Isoflurano on the intraocular pressure demonstrates that there is no difference between them .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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