Mercados
Índia
Condições Legais de Acesso ao Mercado
Junho 2009
Índice
1. Regime Geral de Importação 3
2. Regime de Investimento Estrangeiro 4
1. Regime Geral de Importação
Nos últimos anos, a regulamentação que incide sobre as exportações e importações tem sido liberalizada, com grande parte das restrições quantitativas, licenças e controlos discricionários sobre as trocas comerciais a serem substituídos por processos de desregulamentação e simplificação de procedimentos.
Não obstante, o impacto destas medidas foi compensado através de ajustamentos envolvendo direitos aduaneiros mais elevados, mantendo ainda o país um complexo esquema documental e de procedimentos, que obriga à apresentação de certificados e preenchimento de formulários, conforme o produto transaccionado.
Em Setembro de 2004 entrou em vigor a nova Política de Comércio Externo 2004/2009 www.portugalglobal.pt/PT/Biblioteca/Paginas/Detalhe.aspx?documentId=00e251f5-9a52-47b1-9069-7469569d3979 com a qual o Governo indiano se propõe estabelecer estratégias que permitam maior abertura, simplificar procedimentos e reduzir a burocracia, os custos das transacções e das tarifas, entre outras medidas. Embora a ênfase destas medidas seja o aumento das exportações (pretende-se duplicar a percentagem do comércio externo indiano no comércio global até 2009), é igualmente fundamental facilitar as importações dos bens necessários ao estímulo da actividade económica.
Apesar das reformas adoptadas, e de hoje em dia grande parte dos produtos ser de importação livre, para alguns continua a ser necessário obter licenças de importação, podendo-se assistir a três tipos de situação: a) bens cuja importação é proibida; b) bens de importação restrita ou condicionada; c) bens de importação “canalizada” ou orientada.
No primeiro caso, importação proibida (por razões de segurança e saúde públicas e salvaguarda do meio ambiente), encontram-se, por exemplo, certos produtos transformados de origem animal, animais selvagens e marfim.
Os bens de importação restrita são normalmente aqueles cuja procura pode ser adequadamente satisfeita pela produção local. Há, ainda, alguns bens inseridos nesta categoria que podem ser importados mediante a obtenção de uma licença especial. Entre estes encontram-se certos bens de consumo, pedras preciosas, sementes, animais, insecticidas, alguns aparelhos electrónicos, drogas e químicos, armas e munições.
Quanto à importação “canalizada”, a operação deve ser efectuada através de empresas públicas. Nesta categoria integram-se bens como o petróleo e derivados, produtos agrícolas básicos, entre outros. As licenças são emitidas pelo “Directorate General of Foreign Trade” – http://dgft.delhi.nic.in/ – e as
No que respeita à regulamentação técnica de produtos o “Bureau of Indian Standards” – http://www.bis.org.in/ – é o organismo oficial de normalização, cabendo-lhe a elaboração de normas em vários sectores (ex.: químicos; equipamento electrónico; produtos alimentares; e têxteis).
Existe, também, regulamentação de etiquetagem e embalagem, nomeadamente para os produtos alimentares, que estabelece que nos respectivos rótulos deverão constar os seguintes elementos informativos: nome; marca ou descrição do produto; ingredientes em ordem decrescente de acordo com a sua composição por peso e volume; nome e direcção do fabricante ou importador; peso líquido ou volume; mês e ano de fabrico; data de validade.
A pauta aduaneira indiana é relativamente complexa, devido principalmente à aplicação de tarifas gerais e específicas. Salvo algumas excepções, as tarifas aduaneiras são aplicadas numa base “ad valorem”, sendo que a Índia adopta uma estrutura tarifária baseada no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (SH).
Apesar dos compromissos assumidos com a Organização Mundial do Comércio, na sequência dos quais a importação tem vindo a ser substancialmente liberalizada e desregulamentada, o imposto aduaneiro base apresenta tarifas que variam entre os 5% e os 30%, com alguns produtos sujeitos a taxas agravadas (ex.: vinho - 150%; café e chá - 100%; arroz - 80%; leite e açúcar - 60%).
Para além dos direitos aduaneiros acrescem, ainda, as seguintes incidências para algumas mercadorias: “Aditional Duty” (4%); “Special Countervailing Duty” (taxas variáveis); e “Educational Cess” (2%).
Os direitos aduaneiros e outras taxas incidentes na importação das mercadorias na Índia podem ser consultados, por produto e de forma actualizada, quanto ao momento da exportação, na página web da responsabilidade da União Europeia “Market Access Database / Applied Tariffs Database” – http://mkaccdb.eu.int.
2. Regime de Investimento Estrangeiro
A maioria dos projectos de investimento estrangeiro na Índia é efectuada ao abrigo do sistema de aprovação automática (automatic route – www.rbi.org.in/SCRIPTs/FAQView.aspx?Id=32). Sob este tipo de procedimento, o investidor tem apenas de notificar o “Reserve Bank of Índia” – http://www.rbi.org.in/home.aspx – no prazo de 30 dias após a transferência do capital.
Para investimentos que necessitem de aprovação governamental, o serviço responsável é o “Foreign
Investment Promotion Board” (FIPB), do Departamento dos Assuntos Económicos – www.dipp.nic.in/. O
FIPB foi constituído principalmente para promover e captar o investimento estrangeiro, bem como para facilitar os procedimentos institucionais, garantir a transparência do processo, aconselhar e aprovar/recomendar propostas de investimento.
Por sua vez, o “Secretariat for Industrial Assistance” (SIA) – http://www.dipp.nic.in/, criado na dependência do Departamento de Política e Promoção Industrial, do Ministro do Comércio e Indústria, é o principal serviço de assistência empresarial. Recebe e processa todos os pedidos que necessitem de aprovação governamental, além de acompanhar e verificar os projectos em curso.
Finalmente, o “Foreign Investment Implementation Authority” – http://siadipp.nic.in/sia/fiia.htm – actua como entidade intermediária entre o investidor estrangeiro e as diversas agências governamentais com o objectivo de facilitar a implementação dos processos aprovados e os procedimentos burocráticos envolvidos.
De entre os investimentos que necessitam de licença prévia encontram-se os realizados nos sectores da aviação civil, serviço de correios, indústrias estratégicas e da defesa e em empresas públicas do sector do petróleo e combustíveis.
A participação estrangeira é permitida a 100%, na maior parte dos sectores económicos. O mesmo se verifica quando o investimento se situa em “Export-Processing Zones” (EPZ), “Special Economic Zones” (SEZ), “Electronic Hardware Technology Park” (EHTP), “Software Technology Park” (STP), “Bio-Technology Parks” (BTP), ou desde que a produção seja totalmente destinada para a exportação – “Export Oriented Units” (EOU).
Noutros sectores, tais como em plantações de chá, o investimento pode ser realizado inicialmente a 100% com capital estrangeiro, desde que posteriormente seja aberto em 26% a parceiros indianos ou ao sector público. Nos sectores das telecomunicações, seguros, bancos, aviação e imprensa escrita, entre outros, a participação é limitada, variando a percentagem de caso para caso.
Os investimentos na agricultura (excepto floricultura, horticultura e plantações de chá), lotaria e jogo, entre outros, estão vedados ao investimento estrangeiro, e projectos a desenvolver nas áreas da energia atómica e transportes ferroviários são exclusivo de empresas públicas.
Outros aspectos inerentes à política de investimento estrangeiro são: a) o investimento original, bem como os lucros, podem ser repatriados livremente, desde que cumpridas as obrigações fiscais; b) é permitido o pagamento de direitos ao fornecedor de tecnologia estrangeira, bem como pela utilização de
Em termos de incentivos, o Governo financia parte dos custos fixos dos projectos, sendo que os Estados definem várias áreas para fins de atribuição de incentivo, de acordo com o respectivo nível de desenvolvimento. O incentivo concedido é normalmente superior para grandes investimentos em áreas pouco desenvolvidas e os termos e limites são igualmente diferentes de Estado para Estado, dependendo da natureza da indústria que se está a promover.
Ainda estão disponíveis outro tipo de incentivos, como sejam apoios ao nível do fornecimento de energia eléctrica, empréstimos, benefícios fiscais, incentivos regionais e preços preferenciais nas compras efectuadas pelo Governo e suas organizações.
A Índia dispõe também de “Free Trade Zones” (Falta, Madras Export Processing Zone, Noida Export Processing Zone, Santa Cruz Electronics Export Processing Zone, Visakhapatnam Export Processing Zone, Cochin Export Processing Zone – www.welcome-nri.com/info/project/freetradefr.htm), as quais permitem às empresas aí instaladas usufruir de diversos benefícios, entre os quais a isenção de impostos aduaneiros e outras taxas, mediante determinadas condições.
De destacar, igualmente, os incentivos à exportação através das “Special Economic Zones” (AP, Gujrat, Haryana, Navi Mumbai, Jaharkhand, Maharastra, MP, Surat e WB – http://www.sezindia.nic.in/), que facultam às empresas bens e serviços isentos de impostos, infra-estruturas adequadas para facilitar a exportação e incentivos fiscais, e das “Export Oriented Units” – http://www.cbec.gov.in/customs/cs-manual/manual_22(b).htm - que disponibilizam às empresas industriais que se registem como EOU um conjunto de apoios/vantagens fiscais e administrativas.
À semelhança do que acontece com as trocas comerciais, também ao nível do investimento estrangeiro se verifica uma diversidade de situações, decorrente da própria estrutura política do país. Assim, aconselha-se um estudo aprofundado sobre o funcionamento do mercado indiano e da sua economia em geral antes de se proceder a uma operação de investimento directo.
Para obtenção de informação mais completa sugerimos a consulta do manual sobre a referida matéria, disponível no Site www.indiainbusiness.nic.in.
Finalmente, por forma a promover e a reforçar o desenvolvimento das relações de investimento, foram celebrados entre Portugal e a Índia o Acordo sobre a Promoção e Protecção Recíprocas de Investimentos (em vigor desde Julho de 2002) e a Convenção para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento (em vigor desde Abril de 2000).
3. Quadro Legal
Regime de Importação
• Foreign Trade Policy (FTP) 2004-2009 (com alterações posteriores) – Estabelece o novo quadro da
Política de Comércio Externo Indiana.
• Foreign Exchange Management Act, 1999 – Consolida a regulamentação relativa às transacções de
capitais para a Índia, com vista a facilitar o comércio externo e o pagamento das respectivas operações.
• Customs Tariffs Act, 1975 (com alterações posteriores) – Aprova a Pauta Aduaneira dos Direitos de
Importação.
• Customs Act, 1962 (com alterações posteriores) – Aprova o Código Aduaneiro.
Regime de Investimento Estrangeiro
• “Income-tax Act”, 1961 (com alterações posteriores) – Regula a tributação sobre o rendimento das
pessoas singulares e colectivas.
• “Companies Act”, 1956 (com alterações posteriores) – Dispõe relativamente às formas de
constituição de sociedades na Índia.
• “Industries (Development and Regulation) Act”, 1951 (com alterações posteriores) – Define os
sectores de actividade que necessitam de licença de investimento.
O quadro legal indiano reparte-se pela legislação do Governo Central e dos Governos Estaduais. Dada a sua diversidade, sugerimos consulta a algumas páginas da Internet, nomeadamente: www.laws4india.com.
Acordos Relevantes
• Resolução da Assembleia da República n.º 20/2002 e Decreto do Presidente da República n.º
18/2002, de 21 de Março – Aprova, para ratificação, e ratifica, respectivamente, o Acordo sobre a Promoção e Protecção Recíprocas de Investimentos entre Portugal e a Índia.
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Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, E.P.E. – Av. 5 de Outubro, 101, 1050-051 LISBOA
• Resolução da Assembleia da República n.º 20/2000 e Decreto do Presidente da República n.º
8/2000, de 6 de Março – Aprova, para ratificação, e ratifica, respectivamente, a Convenção para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento entre Portugal e a Índia.
Para mais informação legislativa sobre mercados externos, consulte o Site da aicep Portugal Global em: www.portugalglobal.pt/PT/Internacionalizar/SobreMercadosExternos/Paginas/SobreMercadosExternos.aspx