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PN ; Cf. C.: TR. Porto; Rq.: MP; TR.s Conf.: 4ª Vara Cível do Porto, 1º Juízo Cível do Porto. Acordam no Tribunal da Relação do Porto

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(1)

_______________________________________________________________________ PN 1274.01; Cf. C.: TR. Porto;

Rq.: MP;

TR.s Conf.: 4ª Vara Cível do Porto, 1º Juízo Cível do Porto.

________________________________________________________________________

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

1. O Digno Procurador-Geral da República junto deste Tribunal da Relação do Porto (distrital) requereu a resolução do conflito negativo ocorrido entre os Tribunais da 4ª Vara Cível (1ª sec.) e do 1º Juízo Cível (2ª sec.) da Comarca do Porto: um e outro estimam alheia a competência, para o segmento declarativo do processo de injunção em que é A. Optimus - Telecomunicações, SA, e R. Ana Paula Carreira Henriques Silva.

2. Nenhum dos Juízes Titulares acrescentou argumentos novos:

(1) 4ª Vara – (a) estamos perante um processo de injunção previsto no DL

269/98, 01.09, e que deu entrada antes de 00.07.16, na Secretaria-geral de Injunções do Porto; (b) Não estamos perante um processo judicial, mas sim perante um processo de natureza administrativa, ou seja, completamente desjudicializado (c) Este processo de natureza administrativa,… assume a natureza de processo judicial…acaso se tiver frustrado a notificação do requerido, art. 16/1, DL cit.; (d) nessa situação é que o Secretário apresentou

(2)

perante a deliberação CSM 00.09.151]; (e) …incompetente para a causa esta

Vara Cível;

(2) 1º Juízo Cível (a) [é certo que o processo deu entrada na Secretaria das Injunções do Porto, e em data anterior a 00.07.16], todavia, dúvidas não existem

que a Secretaria-geral das Injunções do Porto faz parte integrante dos Tribunais Cíveis da Comarca, [art. 16º /4, Reg. LOTJ, apv. DL 186A/99,

31.05]; (b) saliente-se que tal tipo de Secretaria apenas existe no Porto e em

Lisboa: nos restantes tribunais os processos de injunção dão entrada nas Secretarias respectivas; (c) [por outro lado,] a desjudicialização [inerente ao

processo de injunções] nem seria completa, porquanto qualquer situação

anómala que se verificasse (p. ex, a extemporaneidade de um requerimento de oposição à injunção, que acarretava a ordem de desentranhamento) era resolvida pelo juiz que nessa semana presidisse à distribuição nos ex-Juízos Cíveis do Porto; (d) e embora o requerimento em causa tenha dado entrada numa Secretaria fisicamente autonomizada da do tribunal, nem por isso deixa de ser a data dessa entrada aquela que releva para efeitos de interrupção da prescrição, art. 323/2 CC, e demais efeitos juridicamente ligados à propositura de uma acção judicial; (e) [assim], é nosso entendimento que a acção está pendente desde que deu entrada na Secretaria-geral de Injunções do Porto: apesar de ter sido enviada para este tribunal e aqui distribuída, cumpre às actualmente denominadas Varas Cíveis do Tribunal Judicial da Comarca do Porto a tramitação subsequente, competentes para o efeito à data da entrada dos presentes autos; (f) e isto porque os actuais Juízos Cíveis foram declarados instalados a partir de 00.09.15, DL 178/00, 09.08, diploma que expressamente não permitiu o trânsito de processos pendentes para os novos tribunais; (g) contudo o CSM, del. 00.09.15, determinou a distribuição aos Juízos Cíveis do

1 CSM 00.09.15, determina a distribuição aos novos Juízos Cíveis do Porto, instalados a partir de 00.09.15, DL 178.00, 09.08, também dos processos apresentados nos antigos Juízos Cíveis do Porto após 00.07.16, ou seja, durante as férias judiciais.

(3)

Porto, instalados nessa mesma data, dos processos apresentados nos antigos Juízos Cíveis, a partir de 00.07.16; (h) mas estes autos m0ostram-se pendentes desde data anterior; (i) logo, incompetente o 1º Juízo Cível do Porto…

3. O MP. neste Tribunal pronunciou-se pela atribuição da competência do 1º Juízo Cível

do Porto2, defendendo em síntese:

(a) Resulta dos despachos em conflito que a divergência entre os dois tribunais parte do diferente entendimento quanto à data em que se considera a entrada em Juízo do requerimento de injunção;

(b) As Varas Cíveis e os Juízos Cíveis são tribunais de competência específica, art. 96/1a.c. LOTJ, sendo ambos também tribunais de 1ª instância de Comarca;

(c) Mas os Juízos Cíveis têm em regra competência residual comum;

(d) Não fossem as questões da natureza que deve ser atribuída ao procedimento de injunção, e da data da sua entrada em juízo, a competência, no caso concreto, era dos Juízos Cíveis, pois sempre ficaria liminarmente afastada a competência das Varas;

(e) Por outro lado, e quanto à injunção, trata-se de uma fase pré-judicial, revestindo em consequência natureza de providência não jurisdicional: …os poderes conferidos ao Secretario Judicial, arts. 4/2 e 6, DL 404/93, não se destinam a actos de natureza jurisdicional, pois não implicam resolução, com recursos a critérios jurídicos, de quaisquer conflitos de interesses3;

2 Citou decisão idêntica nos processos 1700.00, 3ª Secção; 04.01; 312.01; 313.01; 314.01; 315.01; 316.01; 317.01; 479.01; 482.01; 483.01, 633.01; 672.01; 748.01 e 1395.01, todos da 5ª Secção, TR Porto.

3

Cit. em abono Ac. TC 95.06.27, Ac. TC, 95.09.28, A. TC 95.11.04, Ac. TC 95.11.11, Ac. TC 95.11.15 e Ac. TC 95.11.16 pub.s DR IIª S. correspondentes; Ac. STJ, 00.07.13, CJ/STJ (2000), II/166; Ac. RL 00.06.05, PN 0055236; Ac. RL, 00.04.05, PN 0008738; Ac. RL, 00.03.09, PN 0002458,

(4)

(f) Deste modo, a notificação da injunção ao requerido, bem como a mera apresentação do processo à Distribuição, não são actos de natureza materialmente jurisdicional4;

(g) …não pode pois ser-lhes conferido valor, para a atribuição de competência material: a natureza jurisdicional, no processo de injunção, só se adquire no momento em que é distribuída, art. 17, DL 269/98;

(h) Na data a ter em conta, 00.09.18, os Juízos Cíveis estavam instalados, art. 10/2h., DL 178/00, 09.08;

(i) Perante a competência residual destes, e porque a preparação e julgamento das acções declarativas que se seguem ao procedimento de injunção (frustrado) estar fora da competência das Varas, arts. 97 e 98 LOTJ, é competente…o tribunal de 1ª instância do 2º Juízo Cível do Porto.

4. Cumpre apreciar, perante as circunstâncias assentes:

(a) Optimus - Telecomunicações, SA, apresentou, 00.06.30, na Secretaria-geral de Injunções do Tribunal da Comarca do Porto, um requerimento a solicitar a notificação da requerida Ana Paula Carreira Henriques Silva, com vista a ser-lhe paga a quantia de Pte.34 645$00, proveniente das facturas de

telecomunicações juntas, no total de Pte 28 053$00, acrescido de 2 598$00 de juros vencidos e de Pte 4 000$00, relativos ao montante pago pela apresentação do requerimento;

(b) Entretanto, a requerida, avisada para proceder ao levantamento da carta registada A/R, não a reclamou em tempo oportuno na estação dos CTT competente, tendo, por isso, sido remetida à Distribuição aquela providência injuntiva5, 00.07.18;

4 Citou Ac. TC 95.11.21, http://www.dsci.pt/atco1.nsf. 5 Vd. art. 16º /1, DL 269/98, 01.09.

(5)

(c) Aquele acto da Secretaria teve lugar depois, 00.09.18, e os autos foram enviados ao 1º Juízo Cível, 2º Secção do Porto;

(d) As decisões em conflito transitaram em julgado, 01.01.15 e 01.02.26, respectivamente.

5. Este tipo de Conflitos Negativos tem vindo a ser julgado uniformemente, a partir do

Ac. RP (Rel.: Des. Paiva Gonçalves), PN 898.01, 5ª Sec., no sentido de dever ser atribuída a competência aos Juízos Cíveis:

(a) a fase jurisdicional do processo ocorre só, frustrada a notificação do requerido para pagar ao requerente, ou se por ele for deduzida oposição;

(b) a remessa da injunção, nestes casos, para ser distribuída, determina a

passagem à fase jurisdicional do processo, agora conduzido por um Juiz: de um mero requerimento passa à qualidade de acção judicial em sentido estrito;

(c) e é a distribuição o momento marcante da jurisdicionalização do processo, até aí simples expediente… um requerimento!;

(d) por outro lado, o art. 97º LOTJ, não inclui na competência das Varas

Cíveis a preparação e julgamento de Acções Declarativas Cíveis senão de valor superior à alçada do Tribunal da Relação e em que a Lei preveja a intervenção do Tribunal Colectivo;

(e) no entanto, a competência dos Juízos Cíveis é, pelo contrário, residual, art. 99º LOTJ;

(f) ora, na data de referência, i.é, da distribuição, já estavam instalados os novos Juízos Cíveis da Comarca do Porto.

Na mesma direcção vai também a jurisprudência do TR Lisboa, tendo sido publicada recentemente6 uma decisão (rel: des.. Eurico Reis) tirada nos termos do art. 705 CPC

(6)

Propõe: …o juiz de direito não é, nos processos, um mero primus inter pares mas sim

um terceiro decisor, alguém que, exactamente para o poder dirimir/eliminar em conformidade com o Direito, se situa fora e acima do conflito que separa as partes…exactamente para que as suas determinações (as do juiz) possam ser, se necessário, impostas coercivamente; …por isso, os actos dos funcionários judiciais não são…materialmente jurisdicionais7.

Pergunta: que apreciação de mérito [se] faz [no âmbito funcional (autónomo) da burocracia judiciária]8 quando, para usar as palavras do legislador (e…destacam-se

as diferenças, até ao nível do texto escrito, existentes entre, por um lado, os arts. 2 e 4/6 do Regime aprov. DL 269/98 e, por outro, o art. 14 do mesmo Regime), apõe a fórmula executória? …até nos casos previstos no art. 2 do Regime, o juiz tem de verificar…se [ocorrem ou não] de forma evidente, excepções dilatórias ou…o

pedido…[é] …manifestamente improcedente;

Responde: …resulta dos arts. 1/6 e 7/21 do Regime aprov. DL 269/98 que [esses]

poderes [da burocracia judiciária] são próprios e não delegados, e que nunca seriam da competência de um juiz: um juiz faz sempre um julgamento, não apõe fórmulas.

Ora, a linha de pensamento que acaba de ser avocada reforça a trave argumentativa que vê na distribuição, segundo Antunes Varela, o [inaugural] acto complexo

(operação burocrático-judicial9) pelo qual as diversas petições são repartidas entre os diversos juízos que servem o tribunal quando este contenha mais que um juízo10.

6 Vd. Justiça & Cidadania, 01.11.26, XXVIII, sup. mensal O Primeiro de Janeiro.

7 Segue: e, por isso e muito bem…após a reforma introduzida pelo DL 329A/95, 12.12, o critério distintivo

das execuções passou a ser a qualidade/natureza do título executivo, ser este ou não uma decisão judicial condenatória.

8 O texto entre […] corresponde a modificações do original, porventura utilizando um conceito mais amplo, mas no respeito pelo sentido veicular.

9 Segundo este conceito com a distribuição termina justamente o âmbito burocrático para dar lugar, já no segmento de remate ao início jurisdicional.

(7)

E parece rebater, com evidência, a subtil posição contrária de um dos julgadores em conflito cuja tese11, no fundo, remete para a proposição: o Secretário Judicial da

Secretaria de Injunções pratica nesse âmbito um acto materialmente jurisdicional (ou pelo menos para-jurisdicional) por força da desconcentração de competências12 levada a cabo pelo legislador para aliviar o trabalho do juiz, a quem, não fosse tal desconcentração, caberia esse múnus, mesmo assim13.

Não parecem ser necessários mais argumentos, tendo em conta a comprovada data da distribuição dos autos onde se suscitou o conflito, ocorrida já depois da instalação dos Juízos Cíveis: mantém-se a corrente dominante, a competência é por lei do 1º Juízo Cível do Porto.

6. Atento o exposto, visto os arts. 7, 12, 16, DL 269/98, 01.09, e art. 12/1 DL 178/00, 09.08, arts. 22, 97 LOTJ, fica decidido, em conformidade julgá-lo competente e tribunal habilitado para a instrução e julgamento dessa causa em particular.

7. Sem custas, por não serem devidas.

11

Vd. 2.(2).

12 Vd. Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, I, 2ª Ed., p.657.

13 Vd., Justiça & Cidadania, 26.11 – XXVIII, Acórdão (título da pág.), 2.3.5: síntese da posição do Juiz do 5º Juízo Cível, 1ª Sec., TC Lisboa.

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