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Analise de estabilidade e realimentação de estado de sistemas dinamicos politopicos via multiplicadores

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Academic year: 2021

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(1)

DEPARTAMENTO DE SISTEMAS E CONTROLE DEENERGIA

An´alise de estabilidade e realimentac¸˜ao de

estado de sistemas dinˆamicos polit´opicos via

multiplicadores

Rubens Hideo Korogui

Engenheiro Eletricista — FEEC/UNICAMP(2005)

Dissertac¸˜ao apresentada na Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computac¸˜ao da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos exigidos para a obtenc¸˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenharia El´etrica.

em 28 de abril de 2006 perante a banca examinadora:

Jos´e Cl´audio Geromel

Orientador

Jos´e Jaime da Cruz

-

EPUSP

Jo˜ao Bosco Ribeiro do Val

-

FEEC - Unicamp

Wagner Caradori do Amaral

-

FEEC - Unicamp

(2)

Korogui, Rubens Hideo

K844a An´alise de estabilidade e realimentac¸˜ao de estado de sistemas dinˆamicos polit´opicos via multiplicadores / Rubens Hideo Korogui. –Campinas. SP: [s.n.]. 2006.

Orientador: Jos´e Cl´audio Geromel

Dissertac¸˜ao (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computac¸˜ao.

1. Sistemas lineares. 2. Teoria do controle. 3. Sistemas de controle por realimentac¸˜ao. I. Geromel, Jos´e Cl´audio. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de

Engenharia El´etrica e de Computac¸˜ao. III. T´ıtulo

T´ıtulo em Inglˆes: Stability analysis and state feedback design of polytopic dynamic systems via multipliers

Palavras-chave em Inglˆes: Linear systems, Control theory, Feedback control systems ´

Area de concentrac¸˜ao: Automac¸˜ao

Titulac¸˜ao: Mestre em Engenharia El´etrica

Banca Examinadora: Jos´e Jaime da Cruz, Jo˜ao Bosco Ribeiro do Val, Wagner Caradori do Amaral

(3)

Resumo

Esta dissertac¸˜ao ´e dedicada ao estudo de m´etodos de an´alise e s´ıntese de contro-ladores para sistemas polit´opicos, tendo como ferramentas principais as desigual-dades matriciais lineares (LMIs) e o emprego de vari´aveis adicionais, chamadas multiplicadores ou matrizes de escalamento. Desenvolvemos os conceitos rela-cionados `a an´alise de sistemas dinˆamicos empregando multiplicadores, com os quais obtemos condic¸˜oes suficientes de estabilidade e desempenho robustos. As-sociado a essa perspectiva, introduzimos func¸˜oes de Lyapunov dependentes de parˆametros para tratar de sistemas polit´opicos. De posse dos resultados de an´alise, propomos condic¸˜oes para o projeto de controladores por realimentac¸˜ao de estado, atrav´es de uma parametrizac¸˜ao convexa. O texto ´e ilustrado com exemplos e tabelas.

Palavras chave: sistemas lineares, estabilidade robusta, multiplicadores, func¸˜oes

de Lyapunov dependente de parˆametros, realimentac¸˜ao de estado.

Abstract

This thesis is devoted to analysis and controllers design for polytopic systems in the Linear Matrix Inequalities (LMIs) and Multipliers framework. We develop concepts related to the analysis of dynamic systems stability in terms of multipli-ers, so we are able to provide sufficient conditions for robust stability and perfor-mance. Moreover, we introduce parameter dependent Lyapunov functions in order to deal with polytopic systems. Based on the analysis results, we propose condi-tions for state feedback design using a convex parametrization. Throughout the text several examples and tables illustrate the development.

Keywords: linear systems, robust stability, multipliers, parameter dependent

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(5)

Agradecimentos

Nestas breves linhas gostaria de expressar minha gratid˜ao a pessoas que foram importantes, cada um `a sua maneira, durante a elaborac¸˜ao deste trabalho. Partic-ularmente, agradec¸o ao meu orientador, Jos´e C. Geromel, pela paciˆencia e entu-siasmo com os quais me orientou durante esses 3 anos de convivˆencia, desde a graduac¸˜ao. E aproveito para dizer tamb´em que sem sua brilhante atuac¸˜ao como mestre esta dissertac¸˜ao n˜ao teria atingido o resultados presentes no texto deste documento.

N˜ao poderia deixar de agradecer `a minha fam´ılia, que sempre me apoiou du-rante meus estudos, mesmo parecendo inintelig´ıveis os assuntos dos quais eu tratava. Um grande abrac¸o aos meus pais e `a minha irm˜a.

Claro que tamb´em n˜ao esqueceria dos meus colegas e amigos que me aturam desde o in´ıcio da graduac¸˜ao. Para que ningu´em se sinta exclu´ıdo por eu ter es-quecido de mencionar algum nome, eu simplesmente deixo um abrac¸o coletivo ao pessoal do ”Clube dos 13”, do DSCE, do DT, do DENSIS e do Fretado de Jundia´ı! Mas em especial, eu gostaria de agradecer ao Rafael de Castro Duarte Martins e ao Andr´e Ricardo Fioravanti pelas cr´ıticas e sugest˜oes durante a elaborac¸˜ao desta dissertac¸˜ao.

Finalmente, gostaria de agradecer `a Fundac¸˜ao de Amparo `a Pesquisa do Estado de S˜ao Paulo - FAPESP - por financiar meus estudos, desde a graduac¸˜ao, culmi-nando com este trabalho.

(6)

Lista de Exemplos vi

Lista de Figuras vii

Lista de Tabelas viii

1 Introduc¸˜ao e notac¸˜ao 1

1.1 Lista de S´ımbolos . . . 3

2 Conceitos fundamentais em an´alise de sistemas dinˆamicos 4 2.1 Sistemas a tempo cont´ınuo . . . 4

2.1.1 Estabilidade . . . 5

2.1.2 Estudo da estabilidade utilizando multiplicadores . . . 6

2.1.3 Func¸˜ao de Lyapunov dependente de parˆametros . . . 10

2.1.4 Crit´erios de desempenho . . . 12

2.1.5 Multiplicadores e norma H . . . 18

2.2 Sistemas a tempo discreto . . . 18

2.2.1 Estabilidade . . . 19

2.2.2 Estudo da estabilidade utilizando multiplicadores . . . 20

2.2.3 Func¸˜ao de Lyapunov dependente de parˆametros . . . 21

2.2.4 Crit´erios de desempenho . . . 22

2.2.5 Multiplicadores e norma H . . . 26

2.3 Considerac¸˜oes finais . . . 26

3 An´alise de estabilidade de sistemas polit´opicos 27 3.1 Sistemas a tempo cont´ınuo . . . 30

3.1.1 Exemplos . . . 34

3.2 Sistemas a tempo discreto . . . 36 iv

(7)

3.2.1 Exemplos . . . 39

3.3 Considerac¸˜oes finais . . . 41

4 Desempenho robusto e realimentac¸˜ao de estado 42 4.1 Sistemas a tempo cont´ınuo . . . 42

4.1.1 Desempenho robusto . . . 42

4.1.2 Realimentac¸˜ao de estado . . . 47

4.2 Sistemas a tempo discreto . . . 48

4.2.1 Desempenho robusto . . . 48

4.2.2 Realimentac¸˜ao de estado . . . 52

4.3 Considerac¸˜oes finais . . . 53

5 Realimentac¸˜ao de estado em sistemas polit´opicos 54 5.1 Sistemas a tempo cont´ınuo . . . 55

5.1.1 Exemplo . . . 58

5.2 Sistemas a tempo discreto . . . 60

5.2.1 Exemplo . . . 61

5.3 Considerac¸˜oes finais . . . 63

6 Conclus˜oes e perspectivas 64 Referˆencias Bibliogr´aficas 66 A Resultados auxiliares 69 A.1 Complemento de Schur . . . 69

(8)

2.1 Representac¸˜ao de estado para um sistema massa-mola . . . 7

3.1 Sistema massa-mola polit´opico . . . 27

3.2 An´alise de estabilidade de um sistema a tempo cont´ınuo . . . 34

3.3 An´alise de estabilidade de um sistema a tempo cont´ınuo . . . 34

3.4 An´alise de estabilidade de um sistema a tempo cont´ınuo . . . 35

3.5 An´alise de estabilidade de um sistema a tempo discreto . . . 39

3.6 An´alise de estabilidade de um sistema a tempo discreto . . . 40

5.1 Realimentac¸˜ao de estado em norma H2para sistemas a tempo cont´ınuo . . . 58

5.2 Realimentac¸˜ao de estado em norma Hpara sistemas a tempo discreto . . . 61

(9)

2.1 Estrutura do sistema com incertezas . . . 6

2.2 Sistema massa-mola . . . 7

5.1 Custo garantido H2em func¸˜ao do parˆametro de projetoα. . . 59

5.2 Custo garantido Hem func¸˜ao de|σ|max para o exemplo 5.2 . . . 62

(10)

3.1 Raio de factibilidade para o exemplo 3.2 . . . 35

3.2 Raio de factibilidade para o exemplo 3.3 . . . 35

3.3 Limites de estabilidade para o exemplo 3.4 . . . 36

3.4 Limites de estabilidade para o Exemplo 3.5 . . . 40

3.5 Raio de factibilidade para o Exemplo 3.6 . . . 41

5.1 Limites de estabilidade para o Exemplo 5.1 . . . 59

5.2 Limites de estabilidade para o exemplo 5.2 . . . 61

(11)

Introduc¸˜ao e notac¸˜ao

Em diversas situac¸˜oes de projeto em engenharia devemos garantir que um dado um sistema f´ısico apresente um determinado desempenho, ou queremos estimar uma grandeza n˜ao pass´ıvel de mensu-rac¸˜ao. Para atingir esses objetivos, necessitamos de um modelo matem´atico para o sistema com o qual trabalhamos antes de qualquer outro passo. Na maioria dos problemas, infelizmente, n˜ao temos total precis˜ao sobre os valores dos parˆametros utilizados nos modelos matem´aticos, ou ainda, estes parˆametros podem variar com o tempo.

Por esse motivo, a robustez de sistemas dinˆamicos sujeitos a incertezas param´etricas ´e um dos principais objetivos nos projetos de sistemas de controle e de filtros [6, 7], o que s´o ´e tang´ıvel atrav´es da realimentac¸˜ao. Dentre as t´ecnicas empregadas nos procedimentos de an´alise e s´ıntese robustas, durante as ´ultimas d´ecadas, vimos crescer o enfoque dado `a utilizac¸˜ao de programac¸˜ao convexa para resolver esses problemas.

Nesse contexto, a teoria de estabilidade formulada pelo matem´atico russo A. M. Lyapunov foi crucial para transportarmos as condic¸˜oes de estabilidade de sistemas dinˆamicos para uma formulac¸˜ao em termos de desigualdades matriciais lineares [3]. Um dos primeiros resultados desse estudo foi a introduc¸˜ao do conceito de estabilidade quadr´atica, atrav´es do qual analisa-se a estabilidade de um poli-topo convexo de matrizes via uma func¸˜ao de Lyapunov independente de parˆametros. Posteriormente, para diminuir o conservadorismo presente na formulac¸˜ao quadr´atica, passou-se a permitir a formulac¸˜ao dos problemas atrav´es de func¸˜oes de Lyapunov dependentes dos parˆametros incertos. Sob este aspecto, v´arios textos da literatura tratam da an´alise de estabilidade de sistemas dinˆamicos sujeitos a incertezas param´etricas [11, 16, 19, 23], tendo em vista o projeto de filtros [6, 15] e controladores [6].

Dando um passo adiante, uma proposta recente de reduzir ainda mais o conservadorismo na resolu-c¸˜ao dos problemas de robustez envolve a inclus˜ao de vari´aveis extras, que introduzem novos graus de liberdade. Essas vari´aveis s˜ao denominadas na literatura de multiplicadores ou matrizes de escalamento e sua func¸˜ao ´e descrever o conjunto das incertezas param´etricas do problema e como elas afetam o

(12)

modelo do sistema em estudo. O ponto fundamental ´e que quanto mais precisa for a caracterizac¸˜ao das incertezas param´etricas de um determinado sistema, mais adequada ´e a caracterizac¸˜ao da estabilidade desse sistema, via multiplicadores [12].

Dentre as possibilidades de caracterizarmos as incertezas nos modelos dinˆamicos, a maneira mais usual ´e estabelecer um limitante superior para a sua norma [6]. Por´em, trabalhos publicados recente-mente, como por exemplo [11, 12, 19, 23], caracterizam as incertezas em termos de multiplicadores. Essa t´ecnica permite tratar tanto incertezas restritas em norma, como tamb´em incertezas polit´opicas, de acordo com uma escolha adequada para a estrutura do multiplicador.

Em vista dos aspectos anteriormente apresentados, esta dissertac¸˜ao tem como objetivo estudar es-tabilidade robusta de sistemas dinˆamicos polit´opicos lanc¸ando m˜ao de multiplicadores, com o intuito de gerar restric¸˜oes de estabilidade mais flex´ıveis e aplicar esses resultados na etapa de projeto de con-troladores via realimentac¸˜ao de estado. A seguir, apresentamos como este trabalho est´a organizado.

No Cap´ıtulo 2 introduzimos conceitos relativos `a an´alise de estabilidade de sistemas dinˆamicos a tempo cont´ınuo e a tempo discreto, tendo como ponto de partida a teoria cl´assica de Lyapunov. Adotamos, ent˜ao duas estruturas de func¸˜oes de Lyapunov: a primeira corresponde `a definic¸˜ao cl´assica utilizada na caracterizac¸˜ao de estabilidade de sistemas lineares, ao passo que a segunda estrutura ´e a nossa proposta de emprego de uma func¸˜ao de Lyapunov aumentada, que envolva na sua definic¸˜ao as incertezas param´etricas do modelo. Em seguida, estendemos as condic¸˜oes de estabilidade para sistemas dinˆamicos utilizando os multiplicadores na caracterizac¸˜ao das incertezas param´etricas do problema. Por fim, definimos os crit´erios de desempenho em norma H2e H∞para sistemas a tempo cont´ınuo e a

tempo discreto, no contexto de programac¸˜ao convexa, que s˜ao utilizados na fase de projeto. Tamb´em mostramos que as condic¸˜oes de estabilidade escritas atrav´es dos multiplicadores cont´em toda a teoria

H, tanto no contexto de sistemas a tempo cont´ınuo como no contexto de sistemas a tempo discretos. Em seguida, no Cap´ıtulo 3, caracterizamos sistemas dinˆamicos polit´opicos e estendemos as con-dic¸˜oes de estabilidade desenvolvidas para sistemas lineares e invariantes no tempo (do inglˆes LTI) para este novo contexto. Apresentamos alguns exemplos tanto no contexto de sistemas a tempo cont´ınuo quanto no contexto de sistemas a tempo discreto para ilustrar os resultados obtidos neste trabalho.

No Cap´ıtulo 4 tratamos do projeto de controladores via realimentac¸˜ao de estado para sistemas LTI, a partir dos conceitos de custo garantido e desempenho robusto, para, no cap´ıtulo 5, estudarmos as condic¸˜oes de estabilidade na realimentac¸˜ao de estado de sistema polit´opicos, empregando as condic¸˜oes de estabilidade e robustez desenvolvidas no cap´ıtulo 3 e utilizando uma parametrizac¸˜ao do ganho de realimentac¸˜ao de estado independente da matriz que define func¸˜ao de Lyapunov utilizada.

Neste trabalho adotamos a notac¸˜ao padr˜ao da literatura: letras mai´usculas representam matrizes, letras min´usculas representam vetores e letras gregas min´usculas denotam escalares. A seguir, listamos os s´ımbolos e operadores utilizados ao longo do trabalho, seguidos do respectivo significado.

(13)

1.1

Lista de S´ımbolos

X∈ Rn×m matriz pertencente ao conjunto das matrizes reais de dimens˜ao n× m.

(·)′ transposto de(·).

X−1 inversa da matriz X ∈ Rn×n.

X≥ 0 (X ≤ 0) matriz sim´etrica semidefinida positiva (negativa). X> 0 (X < 0) matriz sim´etrica definida positiva (negativa).

(∗) elemento sim´etrico de uma matriz em relac¸˜ao `a sua diagonal quando trabalha-mos com um bloco matricial.

h(t), h(k) resposta ao impulso unit´ario para um sistema a tempo cont´ınuo e a tempo dis-creto, respectivamente.

s vari´avel complexa da transformada de Laplace.

ζ vari´avel complexa da transformada Z.

In matriz identidade de dimens˜ao n× n.

tr(X) func¸˜ao trac¸o: soma dos elementos da diagonal da matriz X ∈ Rn×n.

diag(X,Y ) construc¸˜ao de uma matriz bloco diagonal, em cuja diagonal principal est˜ao as matrizes quadradas X e Y .

 fim de prova.

(14)

Conceitos fundamentais em an´alise de

sistemas dinˆamicos

Neste cap´ıtulo apresentamos conceitos relativos `a an´alise de sistemas dinˆamicos, com o intuito de inseri-los no contexto das desigualdade matriciais lineares (LMIs, do inglˆes Linear Matrix

Inequali-ties). Embora na literatura [3, 5, 6, 20, 24] encontremos alguns dos resultados aqui expostos, eles s˜ao

ferramentas b´asicas no desenvolvimento dos cap´ıtulos posteriores e, por isso, ser˜ao repetidos.

2.1

Sistemas a tempo cont´ınuo

Primeiramente vamos estudar os sistemas dinˆamicos cont´ınuos no tempo. Como ponto de partida, consideramos o sistema linear cont´ınuo e invariante no tempo descrito pelas equac¸˜oes de estado:

˙

x(t) = Ax(t) + Bq(t), x(0) = 0 (2.1a)

p(t) = Cx(t) + Dq(t) (2.1b)

o qual podemos representar, tamb´em, por sua func¸˜ao de transferˆencia:

Hpq(s) = C(sIn− A)−1B+ D (2.2)

Nessa notac¸˜ao, x(t) ∈ Rn ´e o estado, q(t) ∈ Rm ´e a entrada externa e p(t) ∈ Rr ´e a sa´ıda medida e as matrizes A, B,C e D tˆem dimens˜oes compat´ıveis segundo as regras que definem o produto matricial.

Classificamos o sistema (2.1) como estritamente pr´oprio se a matriz D for nula, o que implica que a func¸˜ao de transferˆencia racional (2.2) tamb´em ´e classificada como estritamente pr´opria. Caso contr´ario, se D6= 0, dizemos que (2.1) ´e pr´oprio, bem como sua func¸˜ao de transferˆencia (2.2).

(15)

A fim de n˜ao sobrecarregar a notac¸˜ao, vamos omitir a dependˆencia com a vari´avel temporal t ≥ 0 das grandezas do sistema, mantendo-a impl´ıcita.

2.1.1

Estabilidade

Uma das propriedades mais importantes em projeto de sistemas dinˆamicos ´e a sua estabilidade e uma das maneiras de estud´a-la remete ao estudo de pontos de equil´ıbrio [21]. Essa abordagem ´e rea-lizada considerando-se que no sistema (2.1) q(t) = 0, ou seja, analisamos a estabilidade do sistema

autˆonomo.

Tomamos, ent˜ao uma func¸˜ao v(x) que ´e uma generalizac¸˜ao do conceito de energia, denominada func¸˜ao de Lyapunov. Esta func¸˜ao deve ter as seguintes propriedades [13]:

1. v(0) = 0;

2. v(x) > 0 para x 6= 0;

3. v(x) ´e cont´ınua e diferenci´avel, com derivadas cont´ınuas em relac¸˜ao a todos os componentes de x∈ Rn;

4. v(x) ´e ilimitada para todo x ∈ Rnilimitado.

Como decorrˆencia destas propriedades, o matem´atico A. M. Lyapunov enunciou o seguinte impor-tante teorema [24]:

Teorema 2.1 Dada uma func¸˜ao de Lyapunov v(x) associada ao sistema autˆonomo (2.1). Se as seguintes condic¸˜oes

• ˙v(x) < 0 para todo x 6= 0 e • ˙v(x) = 0 para x = 0,

forem satisfeitas, ent˜ao podemos concluir que x= 0 ´e um ponto de equil´ıbrio est´avel e o sistema autˆonomo (2.1) ´e globalmente assintoticamente est´avel.

Uma escolha cl´assica para uma candidata a func¸˜ao de Lyapunov [24] ´e

v(x) = xPx (2.3)

onde P∈ Rn×n ´e uma matriz sim´etrica e definida positiva. Sua derivada temporal ´e dada por ˙

(16)

Hpq(s)

Figura 2.1: Estrutura do sistema com incertezas

Se aplicarmos as condic¸˜oes do Teorema 2.1 `a candidata a func¸˜ao de Lyapunov (2.3) e `a sua derivada (2.4), enunciamos o Lema 2.2 que expressa uma maneira cl´assica de estudar a estabilidade de sistemas pelo segundo m´etodo de Lyapunov [5, 24].

Lema 2.2 Dada uma matriz Q> 0 tal que

AP+ PA + Q = 0 (2.5)

se existir uma soluc¸˜ao P> 0 para a equac¸˜ao (2.5), ent˜ao o sistema (2.1) ´e assintoticamente est´avel.

´

E importante salientarmos que o lema anterior permanece v´alido tamb´em como condic¸˜ao necess´aria de estabilidade. Isto ´e, a estabilidade assint´otica do sistema linear autˆonomo (2.1) implica na existˆencia de uma soluc¸˜ao P> 0 para a equac¸˜ao (2.5) para qualquer Q > 0 dada. Ademais, para qualquer Q > 0

dada, se existir, a soluc¸˜ao de (2.5) ´e ´unica. A equac¸˜ao (2.5) ´e conhecida como equac¸˜ao de Lyapunov para sistemas lineares cont´ınuos.

2.1.2

Estudo da estabilidade utilizando multiplicadores

Como ´e ilustrado na Figura 2.1vamos agora considerar o sistema (2.1) com uma realimentac¸˜ao da sa´ıda p para a entrada q atrav´es de um operador linear∆pertencente a um conjuntoΞ. Desse modo, temos o sistema autˆonomo:

˙

x = Ax + Bq (2.6a)

p = Cx + Dq (2.6b)

q = ∆p , ∆Ξ (2.6c)

Podemos estudar a estabilidade deste sistema impondo alguma condic¸˜ao sobre ∆, a qual combi-nada com as condic¸˜oes do Teorema 2.1, aplicadas `a func¸˜ao de Lyapunov (2.3), nos permite escrever

(17)

m c

k

y

F(t)

Figura 2.2: Sistema massa-mola

condic¸˜oes suficientes para a estabilidade do sistema (2.6). Tomamos como ponto de partida o tra-balho de [19] para caracterizar a restric¸˜ao sobre∆. Desse modo, podemos expressar as condic¸˜oes de estabilidade deste sistema atrav´es do Teorema 2.3, a ser introduzido em seguida.

Antes de enunciar o teorema, ´e conveniente expressar a motivac¸˜ao para estudarmos um sistema modelado por (2.6). SeΞ representar o conjunto das incertezas param´etricas a que este sistema est´a sujeito, temos uma outra maneira de interpretar as equac¸˜oes de estado [11]:

˙

x=A + B(Im−∆D)−1∆C x (2.7)

ou seja, temos um modelo nominal representado pela matriz A e uma variac¸˜ao em torno deste modelo, representada pela express˜ao A= B(I −D)−1∆C. Ou ainda, tamb´em poder´ıamos escrever o mesmo

sistema na forma

˙

x=A + B(Ir− D∆)−1C x (2.8)

uma vez que(Im−∆D)−1∆=∆(Ir− D∆)−1, conforme o lema A.3 do apˆendice A.

Vamos ilustrar, atrav´es de um exemplo simples, que ´e poss´ıvel escrever as equac¸˜oes de estado para um sistema dinˆamico linear incerto no formato (2.6) atrav´es de manipulac¸˜oes alg´ebricas.

Exemplo 2.1 Considere o sistema massa-mola representado na Figura 2.2.A equac¸˜ao do movimento

da a massa ´e dada por:

m ¨y+ c ˙y + ky = F(t) (2.9) Definindo x1= y e x2= ˙y, escrevemos a representac¸˜ao em espac¸o de estados da equac¸˜ao (2.9)

" ˙ x1 ˙ x2 # = " 0 1 −mkc m # " x1 x2 # + " 0 1 # F(t) (2.10)

(18)

perfeitamente conhecida, temos que k= k0+δk. Sob estas hip´oteses, reescrevemos (2.10) na forma

LFT (do inglˆes Linear Fraction Transformation)[20]:

" ˙ x1 ˙ x2 # = " 0 1 −k0 mc m # + " 0 0 −δmk 0 #! " x1 x2 # (2.11) = " 0 1 −k0 mc m # + " 0 −m1 # δkh1 0 i ! " x1 x2 # (2.12)

de onde conclu´ımos que na notac¸˜ao do modelo (2.6) temos:

A= " 0 1 −k0 mc m # , B = " 0 −m1 # , C =h1 0 i , D = 0, e ∆=δk (2.13)

Neste caso, a incerteza atua de maneira linear no modelo do sistema.

Considerando uma outra circunstˆancia, em que h´a incerteza no valor da massa m, podemos escrever ent˜ao m= m0(1 +δm) e, portanto 1 m = 1 m0(1 +δm) =1+δm−δm m0(1 +δm) = 1 m0− δm m0(1 +δm)

Com esta manipulac¸˜ao, escrevemos o sistema (2.10) autˆonomo na forma LFT [20]

" ˙ x1 ˙ x2 # = " 0 1 −mk0 − c m0 # + " 0 1 m0 # δm(1 +δm)−1hk c i ! " x1 x2 # (2.14)

onde identificamos, segundo a notac¸˜ao do modelo (2.6):

A= " 0 1 −mk0 − c m0 # , B = " 0 1 m0 # , C =hk c i , D = 1, e ∆=δk (2.15)

Constatamos, com esta an´alise, que na presenc¸a de incertezas racionais no modelo (2.6) a matriz D

n˜ao ´e nula. 

Este exemplo, embora simples, evidencia que podemos descrever um sistema dinˆamico linear su-jeito a incertezas param´etricas no formato (2.6), deixando aparente a importˆancia de tratarmos de sis-temas com esta representac¸˜ao. Com relac¸˜ao ao papel das matrizes B e C em (2.6), elas determinam em quais posic¸˜oes da matriz dinˆamica h´a influˆencia das incertezas param´etricas e a matriz D indica se h´a ou n˜ao incertezas racionais no modelo do sistema dinˆamico.

(19)

deter-minadas caracter´ısticas das incertezas, aqui representadas por ∆Ξ, o sistema (2.6) possui a pro-priedade de estabilidade robusta [19]. Ou seja, a caracter´ıstica de que ele permanece est´avel mesmo na ocorrˆencia de variac¸˜oes dos seus parˆametros. Ent˜ao, o Teorema 2.3, enunciado a seguir, vai fornecer condic¸˜oes suficientes para a estabilidade robusta de (2.6).

Teorema 2.3 Dado o sistema (2.6), supondo que existam matrizes R= R∈ Rr×r, Q= Q∈ Rm×m,

G∈ Rr×me P= P> 0 ∈ Rn×n tais que h Ir ∆′ i " R G GQ # " Ir ∆ # ≥ 0 , ∀∆∈Ξ (2.16) " AP+ PA +CRC PB+CRD+CGDRD+ DG+ GD+ Q # < 0 (2.17)

ent˜ao o sistema (2.6) ´e assintoticamente est´avel.

Prova: A prova deste teorema caminha no sentido de mostrar que as restric¸˜oes expostas garantem

que a func¸˜ao de Lyapunov associada ao sistema (2.6) satisfac¸a o Teorema 2.1. Inicialmente, multiplicamos (2.16) `a esquerda por pe `a direita por p, obtendo

h pq′ i " R G GQ # " p q # ≥ 0

Combinamos esta desigualdade com o fato de que

" p q # = " C D 0 Im # " x q # e chegamos em h xq′ i " C′ 0 DIm # " R G GQ # " C D 0 Im # " x q # ≥ 0

Consideramos tamb´em a candidata a func¸˜ao de Lyapunov v(x) = xP x, de modo que sua derivada

temporal ´e dada por

˙ v(x) =hxq′ i " AP+ PA PB ∗ 0 # " x q #

Uma condic¸˜ao suficiente para satisfazer o teorema 2.1 ´e impor a ˙v(x)

˙ v(x) < − h xq′ i " C′ 0 DIm # " R G GQ # " C D 0 Im # " x q #

(20)

que leva `a condic¸˜ao (2.17). 

Como um caso particular do Teorema 2.3 ´e conveniente analisarmos a situac¸˜ao em que tratamos de modelos n˜ao sujeitos a incertezas param´etricas. Neste contexto, o ´unico elemento deΞ´e∆= 0.

Conseq¨uentemente, a restric¸˜ao (2.16) se resume a R≥ 0. Mas se olharmos tamb´em a restric¸˜ao (2.17), verificamos que o valor de R que a torna menos restritiva ´e R= 0, o menor valor admiss´ıvel.

Al´em disso, podemos impor G= 0 e Q → −∞, devido ao fato de a condic¸˜ao sobre as incertezas n˜ao ser afetada por essas matrizes. Ent˜ao, temos que (2.17) se resume `a condic¸˜ao cl´assica de estabilidade [3, 8] para o sistema (2.1), isto ´e

AP+ PA < 0 (2.18)

Um ponto importante e que ´e fundamental no desenvolvimento deste trabalho reside na inserc¸˜ao, no Teorema 2.3, da vari´avel matricial

" R G GQ #

(2.19) Esta matriz ´e denominada, ao longo desta dissertac¸˜ao, multiplicador (muitas vezes tamb´em chamada, na literatura, de matriz de escalamento, do inglˆes, scaling) seguindo a mesma denominac¸˜ao encontrada na literatura [12, 19].

Ao longo dos ´ultimos anos v´arios trabalhos sobre an´alise de estabilidade robusta foram publica-dos utilizando multiplicadores, [10, 19, 23]. O motivo principal que justifica a utilizac¸˜ao publica-dos multi-plicadores ´e o de que eles inserem graus de liberdade adicionais nos problemas de an´alise e projeto permitindo obter condic¸˜oes de estabilidade robusta menos restritivas, na medida em que estas vari´aveis descrevem de maneira mais adequada o conjunto das incertezas param´etricas `as quais um sistema est´a sujeito.

2.1.3

Func¸˜ao de Lyapunov dependente de parˆametros

Verificamos no Teorema 2.3 que com o aux´ılio dos multiplicadores podemos caracterizar condic¸˜oes de estabilidade robusta utilizando como candidata a func¸˜ao de Lyapunov (2.3). Por´em, mostraremos nesta sec¸˜ao que tamb´em ´e poss´ıvel investigarmos a estabilidade de (2.6) adotando uma func¸˜ao de Lya-punov do tipo v(x, q) =hxq′ i " V S SW # " x q # (2.20)

(21)

que pode ser escrita na forma a seguir, considerando que q= (Im−∆D)−1∆Cx, a partir de (2.6): v(x) = x′hIn C′∆′(Im−∆D)−T i " V S SW # " In (Im−∆D)−1∆C # x (2.21)

Ou seja, a id´eia ´e adotar uma func¸˜ao de Lyapunov quadr´atica nos parˆametros incertos e tamb´em dependente de forma racional desses parˆametros. Entretanto devemos ressaltar que essa func¸˜ao n˜ao nos permite escrever condic¸˜oes de estabilidade para o sistema (2.6) em termos de LMIs [11]. Verificamos que a obtenc¸˜ao de restric¸˜oes convexas s´o ´e poss´ıvel no caso em que D= 0, ou seja, quando n˜ao existir

dependˆencia racional dos parˆametros em (2.21).

Sob esta ressalva, admitimos como candidata a func¸˜ao de Lyapunov

v(x) = x′hIn C′∆′ i " V S SW # " InC # x, ∀Ξ (2.22)

a qual, na verdade, caracteriza uma fam´ılia de func¸˜oes de Lyapunov, parametrizadas pela incerteza param´etrica ∆ Ξ. Uma abordagem utilizando func¸˜oes de Lyapunov dependentes dos parˆametros incertos do modelo ´e sugerida em [11], mas esta apresenta apenas uma dependˆencia linear com os parˆametros incertos na formulac¸˜ao da func¸˜ao de Lyapunov e, na existˆencia de incertezas racionais no modelo, tamb´em n˜ao ´e poss´ıvel escrever um conjunto convexo de restric¸˜oes que assegurem a estabili-dade robusta do sistema. Em contrapartida, a func¸˜ao (2.22) depende de forma linear e quadr´atica dos parˆametros incertos do modelo, apesar de n˜ao considerar incertezas racionais.

Utilizando a func¸˜ao (2.22) podemos, ent˜ao, escrever condic¸˜oes de estabilidade para o sistema (2.6) de maneira an´aloga ao realizado no Teorema 2.3.

Teorema 2.4 Dado o sistema (2.6), supondo que existam matrizes R= R∈ Rr×r, Q= Q∈ Rm×m, G∈ Rr×m, V = V∈ Rn×n , S∈ Rn×m e W = W∈ Rm×mtais que, qualquer que sejaΞ

h Ir ∆′ i " R G GQ # " Ir ∆ # ≥ 0 (2.23) h In C′∆′ i " V S SW # " InC # > 0 (2.24)       AV+VA + SCA+ +AC′∆′S+CRC ! AS+V B + SCB+ +AC′∆′W+CG ! ∗ BS+ SB+WCB+ +BC′∆′W+ Q !       < 0 (2.25)

(22)

ent˜ao o sistema (2.6) ´e globalmente assintoticamente est´avel.

Prova: O procedimento para provar este teorema ´e idˆentico ao realizado no Teorema 2.3 e,

por-tanto, ser´a omitida aqui. 

Percebemos que a diferenc¸a significativa entre este teorema e o Teorema 2.3 ´e a de que a informac¸˜ao que temos sobre ∆, al´em de utilizada para descrever a da func¸˜ao de Lyapunov, tamb´em aparece na restric¸˜ao (2.25), que expressa a condic¸˜ao de estabilidade propriamente dita do sistema (2.6). Ou seja, este fato indica que quando tratamos de sistemas sujeitos a incertezas param´etricas podemos utilizar diretamente as informac¸˜oes sobre as incertezas para estudarmos sua estabilidade. ´E f´acil verificar que este resultado cont´em o anterior como caso particular ao impormos S= 0 e W = 0.

2.1.4

Crit´erios de desempenho

Al´em da propriedade de estabilidade, muitas vezes estamos interessados em que o sistema estudado apresente um determinado desempenho no canal entrada-sa´ıda. A quantificac¸˜ao do desempenho do sistema dinˆamico (2.1) pode ser feita atrav´es das normas H2e Hda matriz de transferˆencia Hpq(s).

Norma H2

O espac¸o de Hardy

H

2 engloba as matrizes de vari´avel complexa H(s) anal´ıticas no semiplano

complexo direito (Re(s) ≥ 0), para as quais

k H(s) k22= 1 2πsupσ>0 Z ∞ −∞tr H(σ− jω)H(σ+ jω) dω (2.26) ´e finita [20].

A definic¸˜ao acima satisfaz os axiomas de norma e, por isso ´e chamada de norma H2da func¸˜ao H(s).

Aplicando essa definic¸˜ao `a matriz de transferˆencia Hpq(s), que ´e racional, sua norma H2 ´e definida no

espac¸o frequencial pela integral [6]

k Hpq(s) k22= 1 2π Z ∞ −∞tr Hpq(− jω)Hpq( jω) dω (2.27)

Utilizando o teorema de Parseval, ´e poss´ıvel calcular essa norma atrav´es da integrac¸˜ao no dom´ınio do tempo:

k Hpq(s) k22=

Z ∞

0

tr h(t)h(t) dt (2.28) em que h(t) ´e a resposta ao impulso do sistema (2.1).

(23)

Com relac¸˜ao `as duas formas apresentadas para calcularmos a norma H2de Hpq(s), devemos

salien-tar que os resultados das integrac¸˜oes (2.27) e (2.28) ser˜ao finitos somente se D= Hpq( j∞) = 0, ou

seja, se o sistema (2.1) for estritamente pr´oprio. Al´em disso, a partir da definic¸˜ao anterior, podemos interpretar a norma H2como a energia total da sa´ıda ap´os a aplicac¸˜ao na entrada de um impulso unit´ario.

Sob esta hip´otese, a resposta do sistema (2.1) a uma entrada impulsiva ´e [5]:

h(t) = CeAtB , t ≥ 0 (2.29)

Substituindo essa express˜ao no c´alculo da norma H2temos [6]:

k Hpq(s) k22 = Z ∞ 0 tr  BeAtCCeAtB  dt = tr Z ∞ 0 BeAtCCeAtBdt  = tr BPoB  (2.30) Devido `a comutatividade do operador ”trac¸o”podemos escrever tamb´em

k Hpq(s) k22 = tr Z ∞ 0 CeAtBBeAtCdt  = tr CPcC′  (2.31) Na equac¸˜ao (2.30) a matriz Po ´e conhecida como Gramiano de observabilidade e outra forma de

calcul´a-la ´e resolvendo a equac¸˜ao de Lyapunov a seguir [5]

APo+ PoA+CC= 0 (2.32)

Por sua vez, em (2.31), Pc ´e conhecida como Gramiano de controlabilidade e a equac¸˜ao de

Lya-punov a ela associada ´e [5]

APc+ PcA+ BB′= 0 (2.33)

A resoluc¸˜ao das equac¸˜oes (2.32) e (2.33) permite que calculemos os gramianos para ent˜ao calcular-mos a norma H2 de (2.2). Por´em, podemos tamb´em calcular a norma H2no contexto de programac¸˜ao

convexa e para tanto ´e necess´ario expressar o problema em termos de LMIs. Isso ´e poss´ıvel utilizando o lema 2.5 como ferramenta [8].

Lema 2.5 Se uma matriz A for Hurwitz1, ent˜ao para os pares de matrizes(P1, Q1) e (P2, Q2)

associ-ados `a equac¸˜ao de Lyapunov (2.5) vale: P1> P2sempre que Q1> Q2.

(24)

Prova: A prova deste lema encontra-se em [8] e ser´a brevemente explicitada aqui. Das condic¸˜oes do

enunciado, podemos escrever

P1− P2=

Z ∞

0

eAt(Q1− Q2)eAtdt (2.34)

de modo que segundo o lema (2.2), Q1> Q2implica em P1> P2. 

Se transformarmos a equac¸˜ao de Lyapunov (2.32) na desigualdade

AP+ PA +CC< 0 (2.35) ent˜ao, pelo lema 2.5, uma soluc¸˜ao P fact´ıvel para a desigualdade acima satisfaz P> Po≥ 0.

Pelo mesmo racioc´ınio, convertendo a equac¸˜ao de Lyapunov dual (2.33) na desigualdade

AP+ PA+ BB′< 0 (2.36) toda P fact´ıvel satisfaz P> Pc≥ 0.

Desse modo, a norma H2pode ser calculada resolvendo o problema de otimizac¸˜ao:

k Hpq(s) k22= inf{tr BPB  : AP+ PA +CC< 0 , P > 0} (2.37) ou o equivalente dual k Hpq(s) k22= inf{tr CPC′  : AP+ PA+ BB< 0 , P > 0} (2.38) Devemos notar que na formulac¸˜ao dos problemas de otimizac¸˜ao (2.37) e (2.38), foram utilizadas desigualdades estritas. Entretanto, para problemas de minimizac¸˜ao convexos, o ´ınfimo em (2.37) e em (2.38) coincide com os valores de (2.30) e de (2.31), respectivamente [3, 8]. Al´em disso, ´e poss´ıvel controlar a distˆancia entre a soluc¸˜ao ´otima do problema e a soluc¸˜ao dada por (2.37 e 2.38) escolhendo-se a precis˜ao do algoritmo utilizado, em geral um algoritmo de pontos interiores, que resolve problemas que possuam apenas restric¸˜oes estritas [3]. Uma vantagem importante ao se trabalhar com restric¸˜oes estritas ´e a de podermos lanc¸ar m˜ao do complemento de Schur [3] (ver apˆendice A.1), permitindo que os problemas (2.37) e (2.38) sejam transformados nas estruturas presentes no lema 2.6.

Lema 2.6 Com relac¸˜ao ao sistema linear (2.1) e `a func¸˜ao de transferˆencia (2.2), as seguintes afirma-c¸˜oes s˜ao equivalentes:

(25)

ii) Existem matrizes P= P∈ Rn×ne W = W∈ Rm×mtais que tr(W ) <γ (2.39) " W BP PB P # > 0 (2.40) " AP+ PA CC −Ir # < 0 (2.41)

iii) Existem matrizes P= P∈ Rn×ne W = W∈ Rr×rtais que

tr(W ) <γ (2.42) " W CP PCP # > 0 (2.43) " AP+ PAB B−Im # < 0 (2.44)

Ent˜ao, o valor da norma H2de Hpq(s) pode ser calculado resolvendo-se um dos problemas de

otimiza-c¸˜ao convexos:

k Hpq(s) k22= min{γ : (2.39) − (2.41)} (2.45)

ou

k Hpq(s) k22= min{γ : (2.42) − (2.44)} (2.46)

Prova: A prova deste lema se encontra em [8] e suas linhas gerais ser˜ao abordadas brevemente.

A equivalˆencia entre os ´ıtens i) e ii) prov´em da aplicac¸˜ao do complemento de Schur `a desigualdade

(2.40), da qual obtemos

W > BPB

Procedendo de maneira an´aloga com a restric¸˜ao (2.41), chegamos em (2.35). Ent˜ao, utilizando (2.39) conclu´ımos que

k Hpq(s) k22< tr (W ) <γ

E portanto, a minimizac¸˜ao deγfornece a norma H2do sistema em quest˜ao. Por sua vez, a equivalˆencia

(26)

Norma H

O espac¸o de Hardy

H

´e o espac¸o das func¸˜oes de vari´avel complexa H(s) anal´ıticas no semiplano

complexo direito (Re(s) ≥ 0), para as quais

k H(s) k∞= sup

s∈C+σmax(H(s))

(2.47)

´e finita [20].

A definic¸˜ao acima satisfaz todos os axiomas de norma e por isso ela recebe o nome de norma H da func¸˜ao H(s). Nesta definic¸˜ao, o operadorσmax(.) denota o valor singular m´aximo do operando.

Para func¸˜oes de transferˆencia racionais, a norma Hpode ser calculada sobre o eixo imagin´ario [6], de modo que para a func¸˜ao de transferˆencia Hpq(s) (2.2) escrevemos

k Hpq(s) k∞= sup

ω∈R

σmax(Hpq( jω)) (2.48)

Por esta ´ultima definic¸˜ao de norma H, conclu´ımos que quando Hpq(s) representa a func¸˜ao de

transferˆencia de um sistema com uma ´unica entrada e uma ´unica sa´ıda, sua norma H ´e o valor de pico do diagrama de m´odulo de Bode.

Uma outra forma de calcularmos a norma Hde (2.2) ´e atrav´es do conceito de ganho induzido [6]. Supondo que o sinal de entrada q seja um sinal de energia e o sistema (2.1) seja est´avel, ent˜ao a sa´ıda

p tamb´em ´e um sinal de energia. Logo de [6], podemos escrever k Hpq(s) k∞= sup

kqk26=0

k p k2

k q k2

(2.49)

O c´alculo da norma H tamb´em pode ser realizado no contexto de programac¸˜ao convexa, com a resoluc¸˜ao de uma equac¸˜ao de Riccati [25]. Usando essa abordagem, o lema (2.7) ´e uma ferramenta muito utilizada para o c´alculo dessa norma, em especial os ´ıtens iv) e v).

Lema 2.7 Considere o sistema linear (2.1) e sua func¸˜ao de transferˆencia (2.2). Ent˜ao as afirmac¸˜oes a seguir s˜ao equivalentes:

i) k Hpq(s) k2∞<γ

ii) γI− DD> 0 e existe uma matriz P = P> 0 ∈ Rn×n soluc¸˜ao da inequac¸˜ao de Riccati

(27)

iii) γI− DD> 0 e existe uma matriz P = P> 0 ∈ Rn×n soluc¸˜ao da inequac¸˜ao de Riccati

AP+ PA+ BB+ (PC+ BD′)(γIr− DD′)−1(CP + DB′) < 0 (2.51)

iv) Existe P= P∈ Rn×nque satisfaz

   AP+ PA PB CBP γIm DC D −Ir   < 0 (2.52) P> 0 (2.53)

v) Existe P= P∈ Rn×nque satisfaz

   AP+ PAPCB CP γIr D BD−Im   < 0 (2.54) P> 0 (2.55)

A norma H ´e a soluc¸˜ao do problema de otimizac¸˜ao convexo

k Hpq(s) k2= min{γ : (2.52) − (2.53)} (2.56)

ou do seu equivalente dual

k Hpq(s) k2∞= min{γ : (2.54) − (2.55)} (2.57)

fornecem o valor na norma Hde Hpq(s).

Prova: A prova deste lema ´e extensa e por isso, descreveremos apenas linhas gerais de como

proceder para a verificac¸˜ao do mesmo. A equivalˆencia entre os ´ıtens i) e ii) ´e o resultado obtido em

[25] e ser´a omitida aqui, enquanto o item iii) ´e o an´alogo dual do item ii). Com relac¸˜ao ao item iv),

como por hip´otese σmax(D) < √γ, ent˜ao aplicando o complemento de Schur duas vezes em (2.52)

(28)

2.1.5

Multiplicadores e norma H

Agora que definimos crit´erios utilizados para analisar desempenho de sistemas dinˆamicos, volta-mos ao teorema 2.3, no qual podevolta-mos fixar uma determinada estrutura para o multiplicador (2.19). ConsiderandoΞo conjunto de todos os∆ tais quekkγ−1, para algum γ> 0 se escolhermos as

matrizes R, G e Q da forma

R= Ir, G = 0 , Q = −γ2Im (2.58)

a substituic¸˜ao desta escolha no teorema 2.3 nos permite escrever como condic¸˜oes de estabilidade:

Iγ2∆′∆≥ 0 (2.59) " AP+ PA +CC PB+CDDDγ2Im # < 0 ⇔    AP+ PA PB C′ ∗ −γ2Im D′ ∗ ∗ −Ir   < 0 (2.60)

Ou seja, quando Ξrepresenta o conjunto das incertezas limitadas em norma, a desigualdade (2.59) ´e sempre satisfeita e, neste caso, a condic¸˜ao de estabilidade robusta para o sistema (2.6) ´e que a restric¸˜ao em norma Hda func¸˜ao de transferˆencia Hpq(s) (2.60), a saber kHpq(s)k∞<γ, seja satisfeita. Portanto,

conclu´ımos que o Teorema 2.3 ´e uma extens˜ao da condic¸˜ao de robustez fornecida pela norma H de

Hpq(s).

Em resumo, a escolha das matrizes do multiplicador da forma (2.58) implica que

k∆k∞≤γ−1 (2.61)

k Hpq(s) k∞<γ (2.62)

assegura a estabilidade assint´otica do sistema, fazendo com que o teorema do pequeno ganho [6, 8, 20] seja um caso particular do Teorema 2.3.

2.2

Sistemas a tempo discreto

Nesta sec¸˜ao vamos trilhar os mesmos passos dados na sec¸˜ao anterior e analisar as condic¸˜oes de estabilidade e crit´erios de desempenho para sistemas discretos. Um sistema a tempo discreto pode ser descrito pelas equac¸˜oes de estado:

x(k + 1) = Ax(k) + Bq(k) , x(0) = 0 (2.63a)

(29)

sendo que valem as mesmas observac¸˜oes e notac¸˜oes sobre as dimens˜oes feitas para o sistema a tempo cont´ınuo (2.1). Neste caso, a func¸˜ao de transferˆencia que descreve (2.63) ´e dada por

Hpq) = C(ζIn− A)−1B+ D (2.64)

e, novamente, se D= 0, o sistema ´e classificado como estritamente pr´oprio, caso contr´ario ele ´e

de-nominado apenas pr´oprio.

2.2.1

Estabilidade

Para a an´alise da estabilidade de sistemas discretos tamb´em consideramos o sistema (2.63) autˆono-mo e adotaautˆono-mos uma func¸˜ao de Lyapunov v(x), cujas propriedades, agora, devem ser [14]:

1. v(0) = 0;

2. v(x) > 0 , x 6= 0;

3. v(x) ´e ilimitada para todo x ∈ Rnilimitado.

Em analogia com o estudo de sistemas cont´ınuos, podemos estender o teorema 2.1 para sistema discretos [24]:

Teorema 2.8 Dada uma func¸˜ao de Lyapunov v(x) associada ao sistema (2.63) e definindov(x) = v(x(k + 1)) − v(x(k)). Se

• ∆v(x) < 0 para todo x 6= 0 e • ∆v(x) = 0 para x = 0

ent˜ao o sistema (2.63) ´e globalmente assintoticamente est´avel.

Aqui tamb´em podemos adotar como candidata a func¸˜ao de Lyapunov (2.3) com P> 0, de tal forma

que

v(x) = x(APA− P)x (2.65) Se impusermos as condic¸˜oes do Teorema 2.8 `a func¸˜ao de Lyapunov (2.3) e `a sua variac¸˜ao (2.65), obtemos o Lema 2.9:

Lema 2.9 Dada uma matriz Q> 0 tal que

(30)

apresente uma soluc¸˜ao definida positiva P, ent˜ao o sistema (2.63) ´e globalmente assintoticamente est´avel.

Da mesma forma que na situac¸˜ao de sistemas a tempo cont´ınuo, o Lema 2.9 tamb´em vale como condic¸˜ao necess´aria de estabilidade para o sistema autˆonomo (2.63). Aqui, a equac¸˜ao (2.66) ´e con-hecida como equac¸˜ao de Lyapunov para sistemas lineares a tempo discreto.

2.2.2

Estudo da estabilidade utilizando multiplicadores

Agora vamos fechar a malha do sistema (2.63) atrav´es de um operador∆, como representa a Figura 2.1.2, de forma que tenhamos

x(k + 1) = Ax(k) + Bq(k) (2.67a)

p(k) = Cx(k) + Dq(k) (2.67b)

q(k) =p(k) ,Ξ (2.67c)

Conforme fizemos para sistemas cont´ınuos, ´e poss´ıvel escrever condic¸˜oes para a estabilidade ro-busta do sistema (2.63) utilizando alguma informac¸˜ao sobre as incertezas param´etricas que existem neste modelo, capturadas adequadamente pelas matrizes do multiplicador (2.19). Ent˜ao, vamos enun-ciar um teorema an´alogo ao Teorema 2.3 que estabelece condic¸˜oes suficientes de estabilidade para o sistema (2.67), tamb´em fundamentadas em [19]:

Teorema 2.10 Dado o sistema (2.67) e supondo que existam matrizes R= R∈ Rr×r, Q= Q∈ Rm×m,

G∈ Rr×me P= P> 0 ∈ Rn×n tais que h Ir ∆′ i " R G GQ # " Ir ∆ # ≤ 0 , ∀∆∈Ξ (2.68)    P+CRC CRD+CG APDRD+ DG+ GD+ Q BP ∗ ∗ P   > 0 (2.69)

ent˜ao o sistema (2.67) ´e globalmente assintoticamente est´avel.

Prova: A prova deste teorema ´e an´aloga `a prova do Teorema 2.3, pois consiste em mostrar que as

restric¸˜oes anteriormente mencionadas garantem que

(31)

e, portanto, ser´a omitida. 

O interesse em estudar a estabilidade de um sistema descrito segundo as equac¸˜oes (2.67) tamb´em reside, como no caso cont´ınuo, na possibilidade de escrevˆe-lo na forma

x(k + 1) =A + B(Im−∆D)−1C x(k) (2.70)

pois, seΞrepresentar o conjunto das incertezas param´etricas do modelo, ent˜ao o Teorema 2.10 fornece condic¸˜oes suficientes para a estabilidade robusta de (2.67). Da mesma maneira que no contexto de sistemas a tempo cont´ınuo, podemos escrever um sistema sujeito a incertezas param´etricas no formato (2.67) atrav´es de uma manipulac¸˜ao adequada da matriz dinˆamica do modelo.

Ent˜ao, quando n˜ao assumirmos incertezas no modelo (2.67), ou seja apenas∆= 0 ∈Ξ, a restric¸˜ao (2.68) se resume a R≤ 0. Al´em disso, como nessa situac¸˜ao as demais matrizes do multiplicador n˜ao s˜ao levadas em conta, podemos impor G= 0 e Q →∞, fazendo com que a restric¸˜ao (2.69) seja simplificada para

P− APA> 0 (2.71)

que ´e a condic¸˜ao cl´assica de estabilidade para o sistema (2.63) [5, 24].

2.2.3

Func¸˜ao de Lyapunov dependente de parˆametros

Para o caso de sistemas a tempo discreto tamb´em ´e poss´ıvel estudar sua estabilidade utilizando a fam´ılia de func¸˜oes de Lyapunov representada por (2.21). Tamb´em aqui devemos ter em mente que a imposic¸˜ao D= 0 ´e fundamental para escrevermos as restric¸˜oes que representam as condic¸˜oes de

estabilidade do sistema (2.67) no formato de LMIs. Isso implica, novamente, que n˜ao consideramos incertezas racionais no modelo do sistema, por´em levamos em conta as incertezas param´etricas na definic¸˜ao da func¸˜ao de Lyapunov. Assim sendo, adotamos como candidata a func¸˜ao de Lyapunov (2.22) para sistemas a tempo discreto, a qual permite enunciar o teorema a seguir, an´alogo ao Teorema (2.4).

Teorema 2.11 Dado o sistema (2.67), se existirem matrizes R= R∈ Rr×r, Q= Q∈ Rm×m, G

Rr×m, V = V∈ Rn×n, S∈ Rn×n e W = W> 0 ∈ Rn×n tais que, qualquer que sejaΞ h Ir ∆′ i " R G GQ # " Ir ∆ # ≤ 0 (2.72)

(32)

h In C′∆′ i " V S SW # " InC # > 0 (2.73)       V− AVA− AC′∆′SA− ASCA+ −AC′∆′WCA+CRC ! S− AV B− AC′∆′SB− ASCB −AC′∆′WCB+CG ! ∗ W− BV B− BCSB− BSCB −BC′∆′WCB+ Q !       > 0 (2.74)

ent˜ao, o sistema (2.67) ´e globalmente assintoticamente est´avel.

Percebemos, tamb´em no contexto de sistemas a tempo discreto, que a diferenc¸a entre os resultados desta sec¸˜ao e os respectivos an´alogos, quando utilizamos a func¸˜ao de Lyapunov cl´assica (2.3), est´a na inclus˜ao da matriz∆ na restric¸˜ao de estabilidade propriamente dita. Ou seja, em um sistema com incertezas param´etricas, somos capazes de levar em conta, diretamente, as informac¸˜oes sobre essas incertezas na formulac¸˜ao das restric¸˜oes que garantem a estabilidade assint´otica do sistema estudado. Aqui tamb´em ´e evidente que ao impormos S= 0 e W = 0 recuperamos as condic¸˜oes do Teorema 2.10.

2.2.4

Crit´erios de desempenho

Norma H2

A definic¸˜ao, no espac¸o frequencial, da norma H2para sistemas discretos ´e an´aloga `a sua definic¸˜ao

no caso cont´ınuo. Ent˜ao, para uma matriz de vari´avel complexa racional, como ´e o caso de Hpq(ζ)

(2.64), temos [8] k Hpq(ζ) k22= 1 2π Z 2π 0 trHpq(e− jθ)Hpq(ejθ)  dθ (2.75)

cujo c´alculo no dom´ınio do tempo ´e dado por [8]

k Hpq(ζ) k22= ∞

k=0 tr h(k)h(k) (2.76)

em que h(k) ´e a resposta ao impulso do sistema (2.63), dada por

h(k) = (

D , k = 0

(33)

que substitu´ıda na definic¸˜ao fornece: k Hpq(ζ) k22 = ∞

k=1 tr  BA′k−1CCAk−1B  + tr DD = tr B′ ∞

k=1 A′k−1CCAk−1B+ DD ! = tr BPoB+ DD  (2.78) Verificamos ainda, como j´a comentado, que a matriz Po, denominada Gramiano de observabilidade

satisfaz a equac¸˜ao de Lyapunov discreta

APoA− Po+CC= 0 (2.79)

Devido `a circularidade 2 do operador trac¸o, tamb´em podemos calcular a norma H2 de Hpq(ζ) da

seguinte maneira: k Hpq(ζ) k22 = tr C

k=1 Ak−1BBA′k−1C+ DD′ ! = tr CPcC+ DD′  (2.80) sendo que Pc ´e o Gramiano de controlabilidade o qual, como j´a sabemos, satisfaz a equac¸˜ao

APcA− Pc+ BB′= 0 (2.81)

Podemos, como no caso de sistemas cont´ınuos, calcular a norma H2 no contexto de programac¸˜ao

convexa. Para isso, utilizamos o Lema 2.12 an´alogo ao Lema 2.5.

Lema 2.12 Se uma matriz A for Schur3, ent˜ao para os pares de matrizes(P1, Q1) e (P2, Q2)

associa-dos `a equac¸˜ao de Lyapunov (2.66) vale a propriedade P1 > P2sempre que Q1 > Q2.

Logo, podemos calcular a norma H2resolvendo um dos problemas de otimizac¸˜ao:

k Hpq(ζ) k22= inf{tr BPB+ DD  : APA− P +CC< 0 , P > 0} (2.82) ou k Hpq(ζ) k22= inf{tr CPC+ DD′  : APA− P + BB< 0 , P > 0} (2.83)

2isto ´e, tr(XY ) = tr (Y X) para matrizes de dimens˜oes compat´ıveis.

(34)

Pelas mesmas raz˜oes expostas na sec¸˜ao 2.1.4 podemos enunciar o lema a seguir [8]:

Lema 2.13 Dado o sistema (2.63) e a func¸˜ao de transferˆencia (2.64) as afirmac¸˜oes a seguir s˜ao equivalentes:

i) k Hpq(ζ) k22<γ;

ii) Existem matrizes P= P> 0 ∈ Rn×ne W = W> 0 ∈ Rm×mtais que

tr(W ) < γ (2.84)    W BP D′ ∗ P 0 ∗ ∗ Ir   > 0 (2.85)    P AP C′ ∗ P 0 ∗ ∗ Ir   > 0 (2.86)

iii) Existem matrizes P= P> 0 ∈ Rn×ne W = W> 0 ∈ Rr×rtais que

tr(W ) < γ (2.87)    W CP DP 0 ∗ ∗ Im   > 0 (2.88)    P AP BP 0 ∗ ∗ Im   > 0 (2.89)

O valor da norma H2 de Hpq) ´e calculado como a soluc¸˜ao de um dos problemas de otimizac¸˜ao

convexos:

k Hpq(ζ) k22= min {γ : (2.84) − (2.86)} (2.90)

ou

(35)

Norma H

A norma Hpara a func¸˜ao de transferˆencia Hpq(ζ) (2.64) ´e calculada atrav´es de [8]

k Hpq(ζ) k∞= max θ∈[0,2π]σ h Hpq(ejθ) i (2.92)

a qual tamb´em pode ser calculada no contexto de programac¸˜ao convexa como mostra o lema dado a seguir [8]:

Lema 2.14 Dado o sistema (2.63) as afirmac¸˜oes a seguir s˜ao equivalentes: i) k Hpq(ζ) k2∞<γ;

ii) γI− DD> 0 e existe uma matriz P = P> 0 ∈ Rn×n tal que

APA− P + (APB+CD)(γIm− DD− BPB)−1(APB+CD)+CC< 0 (2.93)

iii) γI− DD> 0 e existe uma matriz P = P> 0 ∈ Rn×n tal que

APA− P + (APC+ BD′)(γIr− DD−CPC′)−1(APC+ BD′)′+ BB′< 0 (2.94)

iv) Existe uma matriz P= P∈ Rn×n que satisfaz

      P AP 0 C′ ∗ P PB 0 ∗ ∗ γIm D′ ∗ ∗ ∗ Ir       > 0 (2.95)

v) Existe uma matriz P= P∈ Rn×n que satisfaz       P AP B 0 ∗ P 0 PC′ ∗ ∗ Ir D′ ∗ ∗ ∗ γIm       > 0 (2.96)

O valor da norma Hde Hpq) ´e calculado atrav´es da soluc¸˜ao de um dos problemas de otimizac¸˜ao

convexos:

(36)

ou

k Hpq(ζ) k2= min {γ : (2.96)} (2.98)

2.2.5

Multiplicadores e norma H

No contexto de sistemas discretos, tamb´em podemos fixar uma estrutura para o multiplicador (2.19). Neste caso, se fixarmos as matrizes R, G e Q segundo a escolha

R= −Ir, G = 0 , Q =γ2Im (2.99)

e as substituirmos no Teorema 2.10 temos como condic¸˜ao de estabilidade:

Iγ2∆′∆ ≥ 0 (2.100)    P−CC −CD AP−DD+γ2I m BP ∗ ∗ P   > 0 ⇔       P 0 AP C′ ∗ γ2I m BP D′ ∗ ∗ P 0 ∗ ∗ ∗ Ir       > 0 (2.101)

Novamente, para um conjunto Ξ representando variac¸˜oes param´etricas restritas em norma, segundo (2.100), isto ´ekkγ−1, a condic¸˜ao de estabilidade robusta (2.101) representa, como no caso de sistemas cont´ınuos, uma forma equivalente de escrevermos a restric¸˜aok Hpq(ζ) k∞<γ. Mais uma vez,

podemos concluir que o teorema do pequeno ganho ´e um caso particular do Teorema 2.10, fato que coloca em evidˆencia sua importˆancia.

2.3

Considerac¸˜oes finais

Neste cap´ıtulo verificamos que podemos escrever um modelo de um sistema linear sujeito a in-certezas param´etricas no formato LFT, de acordo com o modelo a tempo cont´ınuo (2.6) ou seu an´alogo a tempo discreto (2.67). A partir de uma caracterizac¸˜ao das incertezas param´etricas, representadas por

∆∈Ξsomos capazes de escrever condic¸˜oes de estabilidade robusta para os modelos mencionados uti-lizando uma func¸˜ao de Lyapunov cl´assica (2.3) ou uma func¸˜ao de Lyapunov aumentada, representada por (2.22). Por fim, verificamos que o uso de multiplicadores na caracterizac¸˜ao da estabilidade robusta de sistemas dinˆamicos cont´em os resultados fornecidos pela teoria H.

(37)

An´alise de estabilidade de sistemas polit´opicos

No cap´ıtulo 2 enfocamos o estudo de estabilidade de sistemas dinˆamicos que apresentam apenas um modelo nominal, isto ´e, as restric¸˜oes de estabilidade s˜ao v´alidas se conhecermos o operador∆Ξ atuante no sistema. Al´em disso, esse operador admite uma interpretac¸˜ao de representar as incertezas param´etricas presentes no modelo adotado para o sistema.

Por´em, quase nunca conhecemos com exatid˜ao a matriz∆ e a ´unica informac¸˜ao que temos ´e a de que o conjuntoΞpossui alguma propriedade. Por exemplo, encontramos na literatura [6, 19] estudo de condic¸˜oes de estabilidade robusta para sistemas sujeitos a incertezas param´etricas quandoΞ ´e caracte-rizado por matrizes∆limitadas em norma. Por´em, uma outra abordagem ´e poss´ıvel quandoΞ´e definido por meio de um politopo, isto ´e

Ξ= co{∆i , i = 1, ..., N} (3.1)

em que∆is˜ao denominados v´ertices do politopo e co{.} ´e um operador que representa a combinac¸˜ao

convexa [4] dos v´ertices∆i, i = 1, ..., N.

A partir de agora, estudaremos condic¸˜oes de estabilidade para o sistema

x = Ax + Bq (3.2a)

p = Cx + Dq (3.2b)

q = ∆p , ∆Ξ (3.2c)

em que ∂ denota o operador derivada temporal quando estivermos no contexto de sistemas a tempo cont´ınuo, ou o operador avanc¸o unit´ario quando tratarmos de sistemas a tempo discreto e o conjuntoΞ ´e definido segundo (3.1).

Vamos ilustrar como descrever um sistema sujeito a incertezas param´etricas no contexto de sistemas polit´opicos e, para isso, vamos retomar o contexto do Exemplo 2.1.

(38)

Exemplo 3.1 Consideremos o sistema massa-mola, a tempo cont´ınuo, representado na Figura 2.2, na

qual o movimento da massa ´e descrito pela equac¸˜ao diferencial

m ¨y+ c ˙y + ky = F(t) (3.3) Supomos, aqui, que o valor da constante de mola k= k0+δk n˜ao ´e conhecido com total precis˜ao,

mas sabe-se que sua variac¸˜aoδk pertence ao intervaloδ1≤δk≤δ2. Ent˜ao, de acordo com a modelagem

inicial feita no Exemplo 2.1, conclu´ımos que no contexto de sistemas polit´opicos

Ξ= co{δ1, δ2} (3.4)

Por´em, podemos representar este mesmo sistema polit´opico de maneira cl´assica, admitindo que a matriz dinˆamica relativa `a representac¸˜ao de estado do sistema (3.3) pertenc¸a ao conjunto convexo

Ξ= co (" 0 1 −k0+δ1 mc m # , " 0 1 −k0+δ2 mc m #) (3.5)

Observando o modelo (3.2), verificamos que podemos transform´a-lo na descric¸˜ao cl´assica de sis-temas polit´opicos ao impormos

A= 0 , B = C = In , D = 0

o que implica em considerar que a matriz∆, agora, representa a matriz dinˆamica do modelo e o sistema massa mola, portanto, pode ser expresso na forma

˙

x=∆x , ∆Ξ (3.6)

em queΞ, neste caso, passa a ser o conjunto definido por (3.5).

Obtemos conclus˜oes idˆenticas `as apresentadas at´e aqui, neste exemplo, ao considerarmos incerteza na massa m, pois se na notac¸˜ao do Exemplo 2.1 temosδ1≤δm≤δ2e, conseq¨uentemente

Ξ= co (" 0 1 −m0(1+k δ1) − c m0(1+δ1) # , " 0 1 −m0(1+k δ2) − c m0(1+δ2) #) (3.7)

tendo em vista que m0(1 +δ1) ≤ m0(1 +δm) ≤ m0(1 +δ2). 

Com este exemplo queremos deixar claro que h´a duas opc¸˜oes para estudarmos a estabilidade de sistemas polit´opicos. Uma delas ´e utilizando a abordagem de que conhecemos um modelo nominal a

(39)

priori e as incertezas implicam em variac¸˜oes em torno deste modelo nominal. A segunda abordagem ´e considerar que o modelo dinˆamico est´a contido em um politopo de matrizes e n˜ao consideramos a existˆencia de um modelo nominal.

Neste contexto, inicialmente temos a falsa impress˜ao de que considerar um modelo nominal pode nos trazer resultados menos conservadores, pois conhecer´ıamos alguma informac¸˜ao a priori sobre o sistema em estudo. Por´em, devemos notar que esta informac¸˜ao inicial pode ser qualquer matriz dentro do politopo das matrizes dinˆamicas do sistema e, fix´a-la de maneira arbitr´aria, geralmente n˜ao contribui para melhorar a qualidade dos resultados.

Em decorrˆencia do que apresentamos no exemplo anterior, vamos tratar da estabilidade de sistemas polit´opicos por meio de dois enfoques de modelamento. Al´em disso, vamos abordar o problema da estabilidade robusta desses sistemas utilizando as duas func¸˜oes de Lyapunov definidas no Cap´ıtulo 2. Primeiramente vamos utilizar como candidata a func¸˜ao de Lyapunov

v(x) = xN

i=1 λiPi ! x (3.8)

em que as matrizes Pie os escalaresλisatisfazem

Pi > 0 , i = 1, ..., N (3.9a) λi ≥ 0 , i = 1,...,N (3.9b) N

i=1 λi = 1 (3.9c)

para garantir a positividade da func¸˜ao (3.8).

Posteriormente, adotaremos a candidata a func¸˜ao de Lyapunov aumentada, restrita `a situac¸˜ao em que a matriz D do sistema (3.2) ´e nula:

v(x) = x′hIn C′∆′ i " V S SW # " InC # , ∆Ξ (3.10)

Por´em, para escrevermos condic¸˜oes de estabilidade em termos de LMIs ´e necess´ario adotarmos um limitante inferior para esta func¸˜ao, que pode ser dado por

v(x) ≥ xN

i=1 λi h In C′∆′i i " Vi S SW # " IniC #! x (3.11)

(40)

de modo que a positividade de v(x) est´a assegurada para o seguinte conjunto de restric¸˜oes h In C′∆′i i " Vi S SW # " IniC # > 0 , i = 1, ..., N (3.12a) W < 0 (3.12b) λi ≥ 0 , i = 1,...,N (3.12c) N

i=1 λi = 1 (3.12d)

para todo∆Ξ, ao definirmos

V = N

i=1 λiVi ∆ = N

i=1 λii

De fato, observe que em (3.11) todos os termos que dependem do ´ındice i= 1, ..., N s˜ao lineares

exceto um deles, que apresenta uma dependˆencia quadr´atica. Neste ´ultimo caso, o fato de que W < 0

assegura

∆′W

N

i=1

λi∆′iWi (3.13)

pela definic¸˜ao de func¸˜ao cˆoncava [4].

3.1

Sistemas a tempo cont´ınuo

Fundamentados na discuss˜ao anterior, iniciamos o estudo de sistemas polit´opicos a tempo cont´ınuo, visando estender a formulac¸˜ao do Teorema 2.3 para o contexto de sistemas polit´opicos.

Lema 3.1 Considere o sistema a tempo cont´ınuo (3.2). Se existirem matrizes Ri= Ri∈ Rm×m, G

Rm×r, Q= Q< 0 ∈ Rr×re Pi= P

i> 0 ∈ Rn×npara i= 1, ..., N, tais que paraΞdefinido segundo (3.1)

h Ir ∆′i i " Ri G GQ # " Iri # ≥ 0 (3.14) " APi+ PiA+CRiC PiB+CRiD+CGDRiD+ DG+ GD+ Q # < 0 (3.15)

(41)

Prova: O objetivo, aqui, ´e provar que as combinac¸˜oes convexas das restric¸˜oes (3.14) e (3.15)

satisfazem o Teorema 2.3. Ent˜ao considerando escalaresλitais que (3.9) seja verificada, multiplicamos

as duas restric¸˜oes deste lema pelo respectivoλi e somamos todas as parcelas, de forma que obtemos

para a primeira restric¸˜ao:

R+∆′G+ G∆+ N

i=1 λi∆′iQi≥ 0 e para a segunda, " AP+ PA +CRC PB+CRD+CGDRD+ DG+ GD+ Q # < 0 sendo que R= N

i=1 λiRi, P = N

i=1 λiPi, ∆= N

i=1 λii

Por´em, da definic¸˜ao de func¸˜ao cˆoncava [4], como Q< 0:

N

i=1 λi∆′iQiN

i=1 λi∆′i ! Q N

i=1 λii ! =∆′Q

o que nos permite escrever

R+∆′G+ G∆+∆′Q≥ 0 , ∀Ξ

Portanto, qualquer∆Ξ, definido segundo (3.1), satisfaz as restric¸˜oes (2.16) e (2.17) do teorema

2.3, o que prova o teorema proposto. 

Uma implicac¸˜ao imediata do resultado aqui apresentado ´e a de que se 0Ξ, ent˜ao, a matriz A deve ser est´avel. Podemos, ainda, abordar os sistemas polit´opicos da maneira cl´assica. Isto implica em considerar, no modelo (3.2), as seguintes condic¸˜oes:

A= 0 , B = C = In, D = 0 (3.16)

de forma que podemos reescrevˆe-lo

˙

x=∆x , ∆Ξ (3.17)

comΞdefinido segundo (3.1) e com a exigˆencia de que, agora, 0/Ξ. Ou seja, nesta segunda abor-dagem consideramos que a matriz dinˆamica est´a contida em um politopo, mas agora, sem a imposic¸˜ao de um modelo nominal. Neste caso, o conjunto Ξdeixa de ser interpretado como o conjunto das in-certezas param´etricas presentes no modelo e passa a ser o conjunto que cont´em as matrizes dinˆamicas do sistema em estudo. Com essas modificac¸˜oes, podemos estender o Lema 3.1 para essa outra forma

Referências

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