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Perspectivas de empregabilidade. Visão dos alunos do curso superior de tecnologia em hotelaria da UFF em relação ao mercado de trabalho

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA

CURSO DE TURISMO

SHENIA RIBEIRO VIANNA

PERSPECTIVAS DE EMPREGABILIDADE: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL

FLUMINENSE COM RELAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO

NITERÓI

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SHENIA RIBEIRO VIANNA

PERSPECTIVAS DE EMPREGABILIDADE: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL

FLUMINENSE COM RELAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado à Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

Orientador: Profa. Dra. CAROLINA LESCURA DE CARVALHO CASTRO

NITERÓI 2013

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PERSPECTIVAS DE EMPREGABILIDADE: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL

FLUMINENSE COM RELAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO

Por

SHENIA RIBEIRO VIANNA

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado à Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________ Profª. Drª. CAROLINA LESCURA DE CARVALHO CASTRO -Orientadora – UFF

___________________________________________________________________ Profª. M.Sc. Lúcia Oliveira da Silveira Santos – UFF

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Saulo Barroso Rocha – UFF

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Aos meus pais pelo apoio e amor incondicional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por ter me concedido o milagre da vida e ter me amparado em toda essa caminhada, estando presente em todos os momentos e me dando graça para prosseguir.

Agradeço aos meus pais, Márcia e Ronaldo pelo amor incondicional por mim, por terem me concedido estrutura para que eu pudesse me formar. Por terem acreditado em mim e me convencido de que eu era capaz de ir muito mais além. Agradeço por terem sempre me ensinado a batalhar pelos meus sonhos, a construir uma vida pautada em princípios e valores que sem eles eu não teria conhecido. Agradeço pela preocupação, pelas noites mal dormidas, pela benção que recebi em ter sido gerada por vocês.

Agradeço ao meu irmão, Renan. Obrigada pela sua amizade, por ser sempre carinhoso e divertido. Seu apoio e carinho foram fundamentais para que eu concluísse mais essa etapa da minha vida.

Agradeço a minha orientadora Carolina Lescura, por ter sido extremamente paciente, pela dedicação amorosa a qual cedeu a mim e ao meu trabalho. Por acreditar no meu potencial, mesmo em momentos que eu desacreditei. Pela amizade que construímos que me fez crescer pessoal e profissionalmente, me ajudou a ter maturidade. Muito obrigada Carol, por compartilhar do seu conhecimento comigo. Você foi fundamental para a realização desse trabalho.

Agradeço ao corpo docente da UFF. Todos os mestres que muito me ensinaram nessa jornada e pela contribuição primordial na minha vida acadêmica e profissional. Agradeço aos meus amigos. Aos amigos de infância, aos amigos de perto e aos de longe também. Cada um de vocês foi individualmente responsável por esse caminho que construí. Contribuíram de forma direta ou indireta por essa conquista. Agradeço aos meus amigos de faculdade, colegas de turma, companheiros de momentos bons e difíceis. Dividimos alegrias e tristezas e hoje podemos dizer que vencemos. Muito obrigada pelo apoio, pelas conversas, trabalhos em grupos, ajudas necessárias. Levo cada um de vocês comigo, fazem parte da minha história de vida.

Agradeço por fim, aos alunos que participaram dessa pesquisa, pela boa vontade em separar um tempo para isso. A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para que esse trabalho fosse realizado, deixo aqui registrado meu agradecimento.

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“Pode ser que a gente consiga. Pode ser que a gente não consiga. Mas quem desiste, antes de sequer tentar, antes de se entregar, antes de acreditar em si mesmo, esse já perdeu... esse já perdeu. É continuar na luta. É seguir fazendo a nossa parte e confiando... O caminho certo para alcançar o nosso sonho é sempre tentar, e tentar, de novo e mais uma vez.”

(Elenita Rodrigues)

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RESUMO

É sabido que o Brasil vivencia um grande momento para os setores turístico e hoteleiro, tendo em vista os macro eventos dos anos de 2014 e 2016 (Copa do Mundo e Olimpíadas, respectivamente). Da mesma forma é evidente que os meios de hospedagem desempenham um papel essencial para a prática e manutenção da atividade turística, visto que sua função principal está relacionada à prestação de serviços de acomodação, alimentação, entretenimento e segurança aos hóspedes. Por isso, é esperado que a procura por profissionais qualificados e capacitados aumente significativamente, dada a necessidade do setor hoteleiro estar preparado para receber profissionais e turistas que participarão dos referidos eventos. Em apreciação a tais fatos, o objetivo geral deste estudo é investigar quais são as expectativas que os alunos do 4º período do curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluminense têm com relação ao atual mercado de trabalho, no ramo de hospedagem. Assim, tornou-se importante atender os seguintes objetivos específicos: a) Construir um referencial teórico pautado na discussão de turismo, meios de hospedagem, formação em hotelaria e empregabilidade dentro deste campo de atuação; b) Discutir as características da geração Y, foco do presente estudo; c) Investigar as principais expectativas de inserção no mercado de trabalho dos alunos do 4º período de Tecnologia em Hotelaria da UFF. Como suporte às discussões pretendidas, o referencial teórico construído tem como tema a inserção dos indivíduos, que compõem a chamada geração Y, no mercado de trabalho atual, sobretudo, no setor hoteleiro, visto que estes indivíduos possuem particularidades que conflitam diretamente com as tradicionais formas de trabalho. A abordagem da pesquisa foi qualitativa e o método de coleta de dados foi o grupo focal. Após pesquisa de campo emergiram categorias de análise que expressam as perspectivas de empregabilidade na visão dos alunos de hotelaria da Universidade Federal Fluminense. Os principais resultados revelaram que estas perspectivas estão ligadas a aspectos como: relações geracionais; insatisfação com o mercado de trabalho hoteleiro; sentimento de despreparo; escolhas profissionais; e anseios da Geração Y.

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RESUMEN

Se sabe que Brasil experimenta un gran momento para los sectores del turismo y de la hospitalidad, dados los acontecimientos macroeconómicos de los años 2014 y 2016 (Copa del Mundo y los Juegos Olímpicos, respectivamente). Del mismo modo, es evidente que los médios de hospedaje juegan um papel esencial para la práctica y el mantenimiento de la función del turismo, ya que su función principal está relacionada con la provisión de alojamiento, comida, entretenimiento y servicios de seguridad a los huéspedes. Por lo tanto, se espera que la demanda por profesionales cualificados y entrenados, aumente significativamente, dada la necesidad de que el sector hotelero esté preparado para recibir a los turistas y profesionales que van a participar de estos eventos. En consideración a estos hechos, el objetivo de este estudio es investigar cuáles son las expectativas que los estudiantes del cuarto período del curso superior de Tecnología en Hospitalidad de la Universidade Federal Fluminense tienen con respecto al mercado de trabajo actual en el negocio de alojamiento. Por lo tanto, se hizo importante cumplir con los siguientes objetivos específicos: a) construir un marco teórico orientado por el debate sobre el turismo, medios de hospedaje, la formación en hospitalidad y la empleabilidad dentro de este campo de actividad; b) Debatir las características de la Generación Y, el enfoque de este estudio; c) Investigar las principales expectativas de los estudiantes del cuarto período de Tecnologia en Hospitalidad Tecnología de la UFF de entrar en el mercado laboral. Cómo apoyo al debate previsto, el marco teórico incorporado trata de la inclusión de las personas, que conforman la denominada Generación Y, en el actual mercado de trabajo, especialmente, en el sector de la hostelería, ya que estos individuos poseen características que entran directamente en conflicto con los métodos de trabajo tradicionales. El enfoque de la investigación fue cualitativa y el método de recolección de datos fue el grupo focal. Después del estudio de campo surgieron categorias de analisis que expresan perspectivas de empleabilidad, desde el punto de vista de los estudiantes de la hospitalidad de la UFF. Los principales resultados muestran que estas perspectivas están vinculadas a aspectos tales como: las relaciones generacionales, la insatisfacción con el mercado de trabajo en hoteles, la sensación de falta de preparación, la elección de carrera y los deseos de la Generación Y.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 TURISMO: CONCEITUAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DOS SEUS SETORES E SERVIÇOS ... 13

3 O SETOR HOTELEIRO ... 18

3.1 BREVE HISTÓRICO DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM ... 22

3.2 HOTELARIA NACIONAL ... 26

3.3 A IMPORTÂNCIA DE PROFISSINONALIZAR: FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL EM HOTELARIA ... 26

3.4 CENÁRIO ATUAL DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO BRASIL (MACRO-EVENTOS) ... 28

4 EDUCAÇÃO SUPERIOR EM TURISMO E HOTELARIA ... 32

4.1 TURISMO COMO OBJETO DE ESTUDO ... 32

4.2 O CURSO DE TURISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ... 34

4.3 O CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ... 37

5 EMPREGABILIDADE ... 39

5.1 EMPREGABILIDADE DO SETOR TURÍSTICO ... 42

5.2 CARREIRAS E CRESCIMENTO PROFISSIONAL ... 44

5.3 AS DIFERENÇAS GERACIONAIS ... 48

5.4 A GERAÇÃO Y E O MERCADO DE TRABALHO ATUAL ... 54

6 PERSPECTIVAS DE EMPREGABILIDADE: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ... 59

6.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 59

6.2 SUJEITOS DE INVESTIGAÇÃO ... 59

6.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 63

6.3.1Relações geracionais ... 63

6.3.2 Insatisfação com o mercado de trabalho hoteleiro ... 67

6.3.3 Anseios da Geração Y ... 71 6.3.4 Escolhas profissionais ... 74 6.3.5 Sentimento de despreparo ... 77 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 81 REFERÊNCIAS ... 84 APÊNDICE A ... 88

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1. INTRODUÇÃO

A atividade turística é atualmente uma das áreas que mais vem ganhando repercussão mundial. Para que o turismo aconteça, se faz necessário à existência de vários elementos de apoio à atividade como, por exemplo, rede de transportes, meios de hospedagem, restaurantes, entretenimento, etc. (BENI, 2003).

Destacam-se, dentre esses elementos, o setor hoteleiro, que é a atividade ligada ao setor de serviços considerada o pilar da atividade turística, por apresentar a função básica de receber e acolher os visitantes dos destinos turísticos. Os meios de hospedagem desempenham um papel essencial para a prática e manutenção da atividade turística.

Sabendo que hotelaria é um segmento que hoje, ganha destaque, principalmente no Brasil, por conta dos megaeventos que irá sediar (Copa do Mundo e Olimpíadas), o setor hoteleiro deve estar preparado para receber milhares de turistas do mundo inteiro.

A justificativa desse trabalho se dá pela necessidade de investigar o curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluminense que, após ter sido planejado e pensado, foi criado em 2011 oferecido pelo Departamento de Turismo, tendo seu primeiro vestibular no 1º semestre de 2011. O curso está em construção num momento único para o turismo no Brasil, com a ampliação da rede hoteleira nacional e com os grandes eventos esportivos.

Tendo em vista que o curso surgiu da identificação de diversas oportunidades de mercado na área de hospedagem, o presente trabalho visa indagar os alunos do 4º período do curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluimense, que irão se formar a partir do próximo semestre, quais são suas expectativas de inserção no mercado de trabalho atual, se estes sentem-se preparados e qualificados para o mercado de trabalho hoteleiro, como se deu a formação desses alunos ao longo do curso e de que forma o curso de Tecnologia em Hotelaria da UFF tem contribuído para a inserção dos alunos no mercado de trabalho.

Com o tema proposto, tem-se como objetivo geral: Investigar quais são as

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hospedagem, dos alunos do 4º período do curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da UFF.

Para alcançar o objetivo geral foi necessário desenvolver objetivos específicos, a saber:

a) Construir um referencial teórico pautado na discussão de turismo, meios de hospedagem, formação em hotelaria e empregabilidade dentro deste campo de atuação;

b) Discutir as características da geração Y, foco do presente estudo;

c) Investigar as principais expectativas de inserção no mercado de trabalho dos alunos do 4º período de Tecnologia em Hotelaria da UFF;

A introdução apresenta o tema, a justificativa para o desenvolvimento desse trabalho, e os objetivos que orientaram o desenvolvimento do texto. Além dessa introdução, o presente estudo se desenvolve em mais cinco capítulos. Nos primeiros dois capítulos foi feita uma revisão da literatura, por meio de pesquisa bibliográfica em trabalhos de natureza acadêmica. O objetivo destes capítulos é fundamentar o trabalho tendo como base as teorias de estudiosos da área.

O segundo capítulo apresenta, de forma breve, o histórico do turismo. Inicialmente trata-se da conceituação e da definição do turismo e, posteriormente, são apontados os serviços básicos quem compõem o sistema turístico, ressaltando a oferta turística que une os serviços e equipamentos, composto pelos elementos básicos da atividade turística como, por exemplo, os meios de hospedagem que trata-se, em parte, do foco de estudo dessa pesquisa.

O terceiro capítulo trata, de maneira conceitual, o histórico da hotelaria internacional e nacional, discorre brevemente sobre a importância da profissionalização e a formação dos indivíduos que atuam no setor turístico, mais precisamente, em empreendimentos hoteleiros.

No quarto capítulo será apresentado um breve panorama sobre a educação superior em turismo e em hotelaria, destacando os principais marcos históricos e aspectos relevantes do ensino superior em hotelaria e em turismo no Brasil, destacando os cursos de Turismo e o Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluminense, sendo este segundo objeto do presente trabalho.

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O quinto capítulo tem como foco principal a discussão da empregabilidade, discorre sobre alguns aspectos característicos da empregabilidade no setor turístico, fala brevemente sobre a construção de carreiras e desenvolvimento profissional. Neste capítulo, ainda são apresentadas as diferenças geracionais, ressaltando as características da geração Y com relação à atuação no mercado de trabalho.

O sexto capítulo corresponde à metodologia, mostrando o caminho metodológico adotado, bem como os resultados encontrados na pesquisa de campo. Expondo primeiramente a abordagem da pesquisa, o método de coleta e análise dos dados. E em seguida, discute-se e analisa-se os resultados obtidos no presente estudo.

Finalmente, são explanadas as considerações finais, sintetizando os resultados obtidos, apontando as principais contribuições do trabalho, bem como dificuldades encontradas e as propostas para futuras pesquisas.

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2 TURISMO: CONCEITUAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DOS SEUS SETORES E SERVIÇOS

O turismo é uma inovação recente, visto que a palavra era desconhecida na língua inglesa até o final do século XIX. Os termos utilizados para descrever o ato da atividade turística eram palavras como viagens e viajantes, pois estas eram respeitadas por pessoas instruídas, ricas, da alta aristocracia da sociedade. A palavra turismo era empregada em caráter depreciativo para referir-se a viagens baratas, a estranhos e estrangeiros (LICKORISH; JENKINS, 2000).

O conceito de viagem, com o intuito de promover a recreação, visando ao divertimento é novo, visto que na era medieval, até o século XVI, a população das comunidades agrícolas raramente saíam de suas áreas locais. Mesmo com o início da Revolução Industrial, por volta do século XVII, o desenvolvimento urbano, das fábricas, o direito a viagens, especialmente aquelas destinadas ao lazer, eram direcionados apenas a elite (LICKORISH; JENKINS, 2000).

O fato é, que apesar de sempre ter havido viagens por motivos como guerras, peregrinações, estudos, todo esse volume era intencional. A expansão do turismo se deu com o crescimento da população e o aumento da riqueza no século XVII, devido ao estímulo de determinantes como tempo, dinheiro e interesse. Outros fatores também foram primordiais para o desenvolvimento do turismo, como a mudança e a melhoria no transporte, tecnologia industrial, surgimento de viagens mais baratas e seguras, redução do tempo nas jornadas de trabalho, novas terras sendo colonizadas, as mudanças no estilo e no padrão de vida gerando, assim, uma demanda latente (LICKORISH; JENKINS, 2000).

De acordo com Molina (2004), a teoria e a prática do turismo têm experimentado diversas etapas em seu processo evolutivo. As três etapas que classificam o desenvolvimento turístico e empresarial são: o pré-turismo, o turismo industrial e o pós-turismo.

O pré-turismo (Grand Tour) originou-se na Europa, durante o século XVII, estendo-se até o século XVIII. A prática do Grand Tour consistia em viagens por filhos de famílias da alta sociedade, comerciantes, com o intuito de melhorar sua educação, estabelecendo contatos diplomáticos ou de negócios em cidades

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importantes da Europa. Essas viagens duravam até dois anos, sendo os balneários um dos destinos mais procurados pela sua intensa vida social (MOLINA, 2004).

A segunda fase do desenvolvimento turístico, conforme aponta Molina (2004), subdivide-se nas seguintes categorias: o Turismo Industrial Primitivo, o Turismo Industrial Maduro e o Turismo Pós-Industrial. O primeiro teve origem no século XIX e se estendeu até a Segunda Guerra Mundial, quando as empresas já começam a se preocupar com estrutura organizacional, e a atividade turística inicia o desenvolvimento entre criação de escritórios governamentais de turismo e outras manifestações. Nessa fase, Thomas Cook, organiza a primeira viagem com diversos serviços incluídos a partir de um preço único. É notório que, apesar da organização e das práticas que já incluíam vestígios da gestão administrativa, ainda não havia uma preocupação com a diferenciação dos serviços.

Já no Turismo Industrial Maduro, segundo Molina (2004), o turismo ganha impulso a partir da década de 1950, tendo como apogeu de sua expansão o turismo de sol e praia. Essa fase teve como característica a massificação, em que o turismo se consolidou como indústria, ampliando significativamente as fronteiras do planeta.

O Turismo Pós-Industrial teve início em meados da década de 1980, e se caracteriza pelas novas tendências de mercado com produtos de alta segmentação. Novos requistos são apresentados nas empresas, desmassificando os mercados que, com a diferenciação e personalização de produtos e serviços, se consolidam de forma altamente competitiva (MOLINA, 2004).

O Pós-Turismo constitui-se de um novo paradigma que altera as considerações fundamentais do turismo, conforme atesta Molina (2004). Os fenômenos sociais e culturais da década de 1990, juntamente com as tecnologias de alta eficiência explicam o desenvolvimento do Pós-Turismo, no qual a informação é utilizada de maneira intensiva, tornando produtos cada vez mais competitivos com capacidade de inserção no mercado. Dentre os produtos típicos do Pós-Turismo, os parques temáticos de alta tecnologia se destacam junto aos espaços lúdicos desenvolvidos por algumas cidades como estratégia de se inserirem nos circuitos mais rentáveis das viagens.

Contudo, no decorrer do século XX, o turismo sofreu transformações derivadas das mudanças sociais e políticas, ocorridas em diversos países e

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continentes. Essas transformações exerceram forte pressão sobre as empresas e os destinos turísticos, que se viram obrigados a projetar e operar novos produtos/serviços (MOLINA, 2004).

O turismo é ainda uma área em crescimento e pode ser notado em todo o processo histórico em que se deu o desenvolvimento humano. Por esse motivo o pensamento turístico, deve ter a visão do turismo como um fenômeno social, que faz parte do cotidiano dos indivíduos, enriquecendo suas experiências de vida e auxiliando no seu redescobrimento (PANOSSO, 2005).

O conceito de turismo pode ser estudado por meio de diversas perspectivas e disciplinas, visto que as relações e os elementos que o formam possuem certa complexidade.

Em 1942, os professores da Universidade de Berna, W. Hunziker e K. Krapf definiam o turismo como: “A soma de fenômenos e de relações que surgem das viagens e das estâncias dos não residentes, desde que não estejam ligados a uma residência permanente nem a uma atividade remunerada” (OMT, 2001, p.37).

Uma das complexidades que se pode citar ao estudar o turismo é a ausência de definições aceitas universalmente, que faz com que não se consiga entender e visualizar com clareza as características do fenômeno, causando grande impacto em sua abordagem e compreensão.

A respeito desse conflito em relação à conceituação do fenômeno turístico, Panosso (2005, p.31) faz a seguinte afirmação:

É importante destacar que o turismo não nasceu de um documento escrito, de uma teoria, mas sim de uma prática humana, de homens e mulheres que agiram em seus locais físicos, de sujeitos que experienciaram algo diferente do que estavam acostumados a experienciar que estavam longe de seus locais habituais de residência. Então, justificamos que toda elucubração teórica visa apenas compreender esse fenômeno, mas não construí-lo; visa explicar e interpretar, mas não criar.

A natureza turística é um conjunto complexo de inter-relações de diferentes fatores que devem ser considerados conjuntamente sob uma ótica sistemática, ou seja, um conjunto de elementos inter-relacionados que evoluem de forma dinâmica (OMT, 2011). Em 1994 a OMT estabeleceu que: “o turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens e estadas em lugares

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diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, por lazer, negócios ou outros” (p.38).

Apesar da definição de turismo, pela OMT (2001), ser simples e objetiva, cabe ressaltar que a atividade turística é complexa, uma vez que envolve a movimentação de um grande número de setores.

A análise do Sistema Turístico comporta diferentes perspectivas. O presente trabalho fará adoção do modelo da OMT (2001), o qual compreende quatro elementos básicos:

• Demanda: A demanda refere-se ao conjunto de pessoas que praticam ou possivelmente praticarão o turismo. Estes são consumidores de bens e serviços turísticos de determinada localidade;

• Oferta: Refere-se ao conjunto de serviços, produtos, equipamentos e infraestruura de apoio e organizações turísticas, colocadas a disposição dos viajantes;

• Espaço Geográfico: O espaço geográfico é o local físico onde há o encontro de oferta e demanda. Neste estão os atrativos naturais, culturais e a população residente;

• Operadoras de Mercado: São as empresas e organismos cuja principal função é facilitar a inter-relação entre a oferta e a demanda. Aqui se encontram as agências de viagens, as companhias de transporte regular e os órgãos públicos e privados que, mediante seu trabalho profissional, são artífices da organização e/ou promoção do turismo OMT (2001, p. 39).

Ainda sobre os elementos que compõem o sistema turístico, é possível afirmar que demanda oferta e espaço geográfico são elementos indispensáveis, pois quando um indivíduo pensa em fazer uma viagem, ele precisa ter inicialmente em mente, um destino, um lugar para ir. Deste mesmo modo é necessário que haja um produto turístico, tendo como principal característica o consumo do produto no seu local de oferta, o consumo simultâneo, logo o espaço geográfico torna-se primordial neste sistema.

No contexto do conjunto dos elementos básicos da atividade turística no presente trabalho, a Oferta Turística ganha destaque, pois segundo o Instituto

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Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), nele encontram-se os serviços e equipamentos que de acordo com Beni (2006, p. 358):

Representam o conjunto de edificações, de instalações e serviços indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística. Compreendem os meios de hospedagem, serviços de alimentação, de entretenimento, de agenciamento de informações e outros serviços turísticos.

Abrangendo a complexidade da oferta turística de determinados destinos, pode-se afirmar que muitos locais possuem variadas atratividades que influenciam no tempo de permanência e duração da viagem dos indivíduos e é neste contexto que os meios de hospedagem se tornam indispensáveis, visto que a necessidade primordial do ser humano, independente do destino que esteja, é dispor de um lugar para se abrigar e buscar alimentação.

Dessa forma pode-se compreender que no conjunto que envolve a experiência turística, o alojamento e a alimentação são primordiais, logo, pode-se afirmar que a hotelaria, define-se também como o sistema comercial de bens e materiais tangíveis dispostos a satisfazer as necessidades básicas de descanso e alimentação dos usuários fora do seu domicílio. (OMT, 2011).

Na próxima seção serão apresentados de maneira conceitual o histórico da hotelaria nacional e internacional, a importância da profissionalização e a formação profissional em hotelaria, trazendo para os dias atuais o cenário da capacitação e qualificação do capital humano para os macro-eventos que irão acontecer no Brasil nos próximos anos.

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3 O SETOR HOTELEIRO

Nesta seção será apresentado o histórico dos meios de hospedagem. Inicialmente será feita uma breve contextualização do setor hoteleiro apresentando seus principais marcos num panorama internacional, posteriormente, serão expostos alguns pontos cruciais para o desenvolvimento da hotelaria nacional e será discutida a importância da qualificação e da profissionalização dos indivíduos que atuam no setor turístico, mais precisamente, em empreendimentos hoteleiros.

3.1 BREVE HISTÓRICO DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM

Retratando o aspecto histórico da hotelaria no Brasil e no mundo, o que se tem certeza é que para chegar aos dias atuais, com o aparecimento das importantes redes hoteleiras e toda a sua modernidade, foi preciso galgar um longo caminho de práticas e experiências, advindas desde os primórdios da atividade de hospedagem. Segundo Goeldner (et al. 2002, p. 43) o fornecimento de hospedagem para viajantes começou a ser pago desde a invenção do dinheiro pelos sumérios (babilônios) por volta de 4000 a.C. Deste modo, a hospedagem pode ser considerada como um dos negócios mais antigos do mundo. A partir da invenção do dinheiro o ato de acolher foi visto como uma oportunidade e, com o passar do tempo, tornou-se um negócio rentável.

Compreende-se, dessa forma, que o comércio em si é o grande responsável pelas formas mais antigas de oferta hoteleira. É provável que as primeiras hospedagens tenham ocorrido nos tempos de Olympia e Epidauro quando se viajava pelo comércio que só podia ser praticado com o deslocamento das pessoas com o intuito de vender e comprar produtos. As rotas comerciais da antiguidade geraram núcleos urbanos e alguns centros de hospedagem para atender os viajantes. Inicialmente, feitas em mosteiros e abadias, ainda nessa época, atender a esses viajantes era além de uma obrigação moral, uma obrigação espiritual (CNC, 2005).

A história da hotelaria pode ser descrita em grandes marcos ao longo do tempo. O grande marco inicial da hospedagem foram os Jogos Olímpicos, estes foram de suma importância ao desenvolvimento do Turismo Mundial. Para esses eventos, foram construídos o estádio e o pódio, usados para homenagear os

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vencedores, onde também ficava a chama olímpica. Acrescentados mais tarde, balneários e uma hospedaria, para abrigar os visitantes, tal hospedaria teria sido o primeiro hotel que se tem registro (CNC, 2005).

Na Grécia Antiga, os eventos desportivos realizados a cada quatro anos em Olímpia estimularam a criação de estruturas de alojamento em vários pontos do trajeto até a cidade-estado. Ainda na Antiguidade, os romanos construíram hospedarias e estâncias hidrominerais que iam da Inglaterra até a Mesopotâmia. (CEZAR, 2005 apud CNC, 2005).

Outro marco fundamental na história e desenvolvimento dos meios de hospedagem é o deslocamento do povo romano. Para que haja hospedagem é necessário que haja deslocamento. Os romanos iniciaram a construção de estradas entre as cidades conquistadas no início do seu império, usadas inicialmente como meios de comunicação e foram expandindo, conforme o Império crescia. O que demandou maior oferta de alojamentos, pois surgiu a necessidade de outros meios hospedagem, que era a principio oferecido em lugares particulares ou abandonados. (LA TORRE, 1982, p.9 apud SERAFIN, 2005).

Apesar das Olimpíadas terem marcado o início da hotelaria, foi de fato a expansão do Império Romano que criou nas pessoas, o hábito de se hospedar fora do seu local de entorno. Este fato propulsou o aumento de construções de pousadas que, a principio, sofreu resistência dos moradores locais. Isso levava as autoridades a colocarem os donos das pousadas em suas folhas de pagamento, eles deviam relatar tudo que ouvissem de seus hóspedes, visando à segurança. Era obrigatório que fosse anotado os nomes, bem como a procedência e a nacionalidade de todos os hóspedes. Na queda do Império Romano, as estradas foram menos usadas, por falta de segurança, diminuindo o número de hóspedes, o que prejudicou as pousadas (GONÇALVES; CAMPO, 1999).

Outro marco de relevância para a hotelaria foi o surgimento do Cristianismo que, com o preceito de amor ao próximo, tornou os peregrinos hóspedes especiais e levou os moradores de muitos lugares a oferecerem o melhor tratamento ao dar-lhes pousada (LA TORRE, 1982 apud SERAFIN, 2005). Esse episódio gera na história da hotelaria uma proximidade entre os hóspedes e os donos de hospedarias,

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iniciando os princípios de qualidade no atendimento que, naquela época, era um diferencial que já tinha foco nos preceitos da religião.

Ainda na Idade Média, o ato de acolher os viajantes em mosteiros e abadias era uma questão muito mais moral e espiritual. Nessa época as pousadas começaram a se firmar como atividade profissional devido ao grande movimento de peregrinos, soldados e mercadores. (BADARÓ, 2005)

Mais um marco a ser citado no contexto histórico dos meios de hospedagem foi às cruzadas (guerras que ocorreram entre territórios dominados pela Igreja Católica e territórios dominados pela religião Islâmica). Posteriormente aos séculos de guerras, as religiões começaram então a recuperar os lugares santos protegendo os peregrinos, estes locais eram chamados de hospitais, que se multiplicaram posteriormente entre os povos ocidentais da Europa (LA TORRE, 1982 apud SERAFIN, 2005). Esses hospitais (na maioria mosteiros) abrigavam inicialmente idosos, enfermeiros e peregrinos, sem fins lucrativos, porém, com o passar dos anos começaram a cobrar pela estada das pessoas, permitindo o surgimento dos primeiros estabelecimentos de hospedagem com fins lucrativos.

Os meios de hospedagem descritos, ainda não possuíam como principal função, a hospedagem, pois muitos deles eram casas particulares, onde as acomodações oferecidas aos viajantes eram em pequenos quartos, estábulos, utilizados esporadicamente, em guerras, eventos ou datas comemorativas. Sendo assim, a funcionalidade principal destes estabelecimentos era a moradia, e não a hospedagem. (LA TORRE, 1982, apud SERAFIN, 2005) afirma que os primeiros estabelecimentos exclusivamente comerciais surgiram no final da Idade Média na Europa. Eram as tabernas e as pousadas que ofereciam alimentos, bebidas e albergues a viajantes.

Nesse contexto, nos primeiros estabelecimentos os hóspedes cuidavam da sua alimentação, da iluminação que era feita através de lampiões e velas e de suas roupas de cama.

Ainda nessa conjuntura, foram criadas as primeiras leis e normas que tinham o objetivo de regulamentar a atividade hoteleira em muitos países, como a França e a Inglaterra. Em meados de 1254, a França já tinha leis reguladoras que regiam os serviços hoteleiros, bem mais tarde no século XV, mais precisamente no ano de

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1446, a Inglaterra também as regula. Já em 1514, o setor hoteleiro de Londres começa a ser reconhecido legalmente passando a serem classificados como

innholders (hoteleiros) e não mais hostelers (hospedeiros), como eram denominados

(CNC, 2005).

As peregrinações ainda perduraram na Idade Moderna, porém ocorreram grandes surtos de pestes em cidades como Roma, por exemplo. Ainda nesta época, surgiam os primeiros meios de hospedagem com nome de Hotel (palavra que designava Palácio Urbano, em francês). Neste século ainda, iniciam-se as grandes expedições marítimas espanholas, portuguesas e britânicas. No final do século XVI, época do florescimento do Renascentismo, conhecido como o período de intensa produção artística, cultural e cientifica por toda a Europa, viajar passou a ser, além de tudo, uma oportunidade para acumular conhecimento (BADARÓ, 2005). Esse período ficou conhecido como Grand Tour.

A primeira Revolução Industrial, no final do século XVIII, estimulou também o surgimento de hotéis na Inglaterra, Europa e Estados Unidos (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2002). Trazendo melhorias na infraestrutura das estradas e dos transportes e, consequentemente, aumentando o fluxo de pessoas que transitavam entre os vilarejos e as cidades, o que estimulou a frequência de viagens entre países.

Outro grande marco na história dos meios de hospedagem ocorreu em 1841, quando o inglês Thomas Cook organizou num congresso antialcoólico na Inglaterra, a primeira viagem em grupo da história do turismo internacional, apesar das falhas comerciais nesta fase inicial, refletiu em um desenvolvimento significativo no ramo, iniciando o chamado turismo de massa. Os negócios de Cook haviam prosperado alguns anos depois, e passava envolver outros serviços como transporte, alimentação, hospedagem e guia (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2002).

Nesse cenário, os viajantes mostravam-se bem mais exigentes, o que propagou o surgimento dos grandes hotéis de luxo. O marco nessa nova configuração da hotelaria foi o Hotel Cesar Ritz que data o ano de 1870, sendo o maior símbolo da hotelaria desta época. Este introduziu diversas práticas que são adotadas até os dias atuais como, por exemplo, as suítes com banheiros privativos, elevação das categorias nas unidades habitacionais, cadastros de informações dos

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hóspedes, profissionalização, dando base e alimentando as novas práticas de gerenciamento do relacionamento dos clientes com os hotéis (CNC, 2005).

A partir de então, o turismo passa a ser realizado em escala global e uma nova potência surgia, os Estados Unidos, que fez a Europa perder seu pódio, o que gerou grande impacto na indústria do turismo e da hotelaria. Posteriormente a esse importante momento na conjuntura do turismo, houve grandes acontecimentos que impactaram a indústria hoteleira e turística de acordo com o autor (SECUNDINO,

1985 apud ANDRADE; BRITO; JORGE, 2002) são eles:

 A 1ª Guerra Mundial que durou os anos de 1914 a 1918. Nesse período o alto escalão da sociedade já não dispunha de grandes fortunas para esbanjar em suas viagens. Nessa época houve o crescimento do turismo de massa, pois os trens criados por Thomas Cook e as reformas trabalhistas, contribuíram para viagens em massa, desse modo os hotéis precisaram se reformular e modificar suas instalações adaptando-as ao novo público.

 A 2ª Guerra Mundial que perdurou no período do ano de 1939 a 1945, época em que a Europa totalmente destruída, viu-se impossibilitada e sem recursos de manter seu fluxo de turistas, e assistia uma nova potência, ganhando grande importância no cenário mundial, os Estados Unidos da América que passava a ser um país próspero economicamente, mudando o cenário do turismo mundial, com grandes evoluções nos transportes, construção de hotéis e surgimento de grandes redes hoteleiras.

O já citado hotel Cesar Ritz foi considerado um marco no início da hotelaria planejada. Posteriormente, outros hotéis surgiram como, por exemplo, o Savoy, o

Claridge, o Carlton e outros.

Com as distâncias cada vez menores e com o grande desenvolvimento dos meios de transporte, que possibilitou o crescimento do número de viajantes entre países, os donos de meios de hospedagem foram obrigados a adotar práticas melhores no acolhimento de seus clientes, pois o cenário, desta vez, estava configurado por uma grande demanda e pelo surgimento de concorrentes.

Dessa forma, os hotéis começaram a melhorar suas instalações, tornando-as mais amplas, mais bem equipadas e confortáveis, restaurantes com cardápios mais

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requintados, investindo em mão de obra para melhor atender os clientes, prestando um serviço de maior qualidade.

No século XX ocorreram mudanças e marcos importantes para a história da hotelaria, muitos investimentos para a construção de novos hotéis e várias inovações foram apresentadas aos hóspedes. Nesse século, ainda surgiram os grandes e até hoje famosos hotéis: Hotel Pennsylvania, atualmente conhecido como

Statler, em New York, o New Yorker, de Ralf Ritz e o Stevens Hotem que fica em

Chicago, hoje pertencente à bandeira Conrad Hilton (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2002).

Na década de 1920, a conjuntura econômica era satisfatória e, posteriormente, após a década de 1950, o grande desenvolvimento do setor aéreo foram fatores de relevância para o crescimento da atividade hoteleira mundial (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2002).

A crise de 1929 mudou drasticamente a indústria turística, principalmente nos Estados Unidos, em que o número de viajantes entrou em declínio, em média 85% das empresas hoteleiras fecharam ou foram interditadas. E mesmo quando a economia voltava a se estabilizar, ainda durante anos, a demanda por unidades habitacionais (UHs) foi bem menor que a oferta nos EUA, voltando a estabilizar-se somente após a 2ª Grande Guerra, quando os Estados Unidos firmou sua supremacia mundial (DUARTE, 1996).

As grandes redes hoteleiras começaram a se desenvolver e tomar grandes proporções não só nos Estados Unidos, como em todo mundo, pregando o compromisso com a qualidade nos serviços oferecidos, tornando esse aspecto um padrão mundial.

3.2 HOTELARIA NACIONAL

Para resgate histórico do setor hoteleiro no Brasil é necessário que se tome conhecimento de alguns marcos que serão expostos. Takashina e Flores (1996) identificam no século XVI a Casa Anchieta, em São Paulo, usada como abrigo aos religiosos que representavam a Companhia de Jesus, como o primeiro meio de hospedagem do Brasil. Posteriormente, já no século XVI, São Paulo juntamente com

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a cidade do Rio de Janeiro, davam seus primeiros passos no desenvolvimento do setor hoteleiro, sendo as principais localidades no país a oferecer serviços de hospedagem.

No século XVIII surgiram no Rio de Janeiro estalagens ou casas de pasto que ofereciam alojamento aos interessados, iniciando os futuros hotéis (ANDRADE, 2002). Nesse mesmo século, foi definida a primeira classificação das hospedarias paulistanas.

Outros marcos no início da hotelaria no Brasil foram a chegada da corte portuguesa e a abertura dos portos em 1808, o que fez aumentar o fluxo de estrangeiros nas principais cidades da costa brasileira, pois serviram de incentivo ao surgimento de estabelecimentos de hospedagem mais qualificados e com maior estrutura para abrigar o grande número de pessoas que chegavam (BONFATO, 2006).

O século XIX foi um período de estagnação no setor hoteleiro do país, passando por uma fase escassa de oferta de meios de hospedagem, principalmente na cidade do Rio de Janeiro. Essa configuração muda no século XX, com o Decreto nº 1160, de 23 de dezembro de 1907 que incentivou a construção de hotéis no Rio de Janeiro, pois não havia hotéis suficientes para atender a demanda (BRASIL, 1946).

Este século foi marcado pela evolução do setor hoteleiro no Brasil, ultrapassando todas as expectativas, presenciando a construção e incentivos para hotéis de grande porte, já que o país sofria com a escassez de unidades habitacionais. Na cidade do Rio de Janeiro, os marcos dessa época foram a inauguração do Hotel Glória em 1922, na época o maior hotel do Brasil, com 700 quartos e a inauguração do Hotel Copacabana Palace, em 1923, que atualmente ainda é um dos hotéis mais famosos do mundo e cartão postal da cidade (DUARTE, 1996). Além desses, hotéis de redes como Othon, Vila Rica e Luxor também começaram a fazer parte das opções na cidade do Rio de Janeiro.

Em São Paulo, o marco que alavancou o desenvolvimento do setor hoteleiro foi a inauguração da São Paulo Railway, porém a construção dos hotéis Términus e do Esplanada foram os maiores acontecimentos da época. (ANDRADE, 2002).

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A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) foi criada em 1936 durante o I Congresso Nacional de Hotelaria, sendo a representante oficial do setor no Brasil. A partir de então, os hotéis de todos os portes passaram a ser vistos e ganhar apoio do órgão técnico e consultivo nos estudos e soluções dos atuais problemas do setor, prevendo as intenções de mercado e projetando cenários futuros com o devido embasamento (ABIH, 2013).

Entre as décadas de 60 e 70, foi criada o Instituto Brasileiro de Turismo, mais precisamente no ano de 1966, o que motivou a entrada de grandes redes hoteleiras internacionais no país. A hotelaria passa, a partir de então, a ocupar espaço crescente dentro dos mercados, gerando atração de novos personagens interessados no desenvolvimento do setor hoteleiro (BONFATO, 2006).

Ainda segundo Bonfato (2006, p. 17) ‘‘ na década de 1980, a compreensão da hotelaria como atividade dinâmica já era clara no universo empresarial.” Porém, os agentes governamentais, responsáveis pela alavancagem do setor, não perceberam o fato e os elevados juros cobrados por essas instituições tornaram a alocação de recursos para construção de novos hotéis impeditivas.

Ressalta-se ainda o aparecimento de grandes incentivos fiscais, que favoreciam a construção de diversos hotéis independentes, porém, em sua maioria, integrantes da categoria luxo (5 estrelas) e o número de unidades habitacionais oferecidas não supria a demanda que precisava de acesso aos estabelecimentos (BONFATO,2006).

O setor turístico sofreu muitas mudanças, ressalta-se o crescimento do turismo de negócios, e para acomodar esse novo público foi necessário a construção de novas unidades hoteleiras. Foi nesta conjuntura econômica que surgiram os flats, como novas opções de negócio (BONFATO, 2006).

Em meados da década de 1990, a configuração da economia era satisfatória, por estar um pouco menos instável e mais propícia a investimentos. Com a implantação do Plano Real, o aquecimento do mercado voltado para o turismo de negócios ampliava o surgimento de uma nova demanda de pernoites. Além da estabilização econômica, novos eixos empresariais eram desenvolvidos gerando, consequentemente, maior demanda aos hotéis de negócios. O aumento do poder aquisitivo fez com que mais uma camada da sociedade pudesse também usufruir de

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pacotes turísticos que ofereciam vários pernoites em determinadas localidades, fortalecendo a atividade nos hotéis de lazer em novas regiões com potencial turístico (BONFATO, 2006).

A construção de hotéis mais econômicos pelas redes hoteleiras se deu somente a partir da década de 90, coincidindo com a maior participação do Brasil nas negociações globais e com a consequente maior entrada de estrangeiros no país (BONFATO, 2006).

Desde a década de 1990, o país passou por fases de expansão e retração no setor hoteleiro, originadas por movimentos políticos e econômicos. Para Bonfato (2006), entre o final da década de 1990 e os primeiros anos do atual milênio, o mercado nacional assistiu à elevação dos investimentos e o aumento das participações das redes nacionais e internacionais na operação de hotéis no Brasil.

Nota-se que, a partir de então, o turista passa a ter um leque de opções que irão influenciar na escolha de um meio de hospedagem. A competitividade aumenta na indústria hoteleira e as empresas tem que mostrar seu diferencial. E na hotelaria, a prestação de serviços com excelência na qualidade torna-se primordial.

Desse modo as organizações passam a investir no seu capital humano, visando formar colaboradores aptos a tomar decisões acertadas e com rapidez. Neste contexto, será discutida na próxima seção a importância da formação do profissional em hotelaria.

3.3 A IMPORTÂNCIA DE PROFISSIONALIZAR: FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL EM HOTELARIA

O setor hoteleiro está envolvido em um sistema complexo, deste modo, interage com as demais partes envolvidas. Sendo assim, precisa se enquadrar nas práticas atuais, tendo em vista que a competitividade aumenta cada vez mais, surgindo no cenário contemporâneo dessas organizações a prestação de serviço com excelência na qualidade do atendimento, seu maior diferencial.

Sabe-se que um hotel, além de um estabelecimento que oferece hospedagem, pertence a um subsetor turístico que fornece o maior número de empregos em termos globais e, provavelmente, é o responsável pelo mais alto nível

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de receita proveniente das atividades turísticas (COOPER et al., 2001). Assim, ressalta-se a importância da profissionalização e da formação do profissional que será inserido neste mercado, bem como, de que forma as instituições suprem as necessidades na preparação destes indivíduos antes de inseri-los no meio hoteleiro.

No documento sobre a Copa do Mundo na parte de “dados e fatos” disponível no site do Ministério do Turismo (p. 17) encontram-se informações que indicam que “a qualificação profissional é responsável pelo aprimoramento da parte intangível do turismo. Esta diretriz tem grande importância na impressão que o turista leva do País”. Portanto, a imagem do povo brasileiro que trata seus visitantes com carisma, simpatia e hospitalidade não pode ser motivo para a negligência na qualificação dos serviços, portanto, a busca pela excelência deve ser permanente (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2013).

O crescimento da atividade turística no Brasil trouxe à tona a importância de se tratar de maneira mais profissional questões referentes à gestão de hotéis. Atualmente, o setor hoteleiro aponta vários desafios a gestores e profissionais da área, entre eles: maior profissionalização, principalmente em termos de pesquisas sobre habitalidade e gerenciamento. E maior consciência no que diz respeito a uma característica primordial no setor de serviços, a hospitalidade, a capacidade de fazer o cliente sentir-se acolhido, preservando o profissionalismo do serviço (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2013).

A profissionalização do conjunto dos serviços do setor hoteleiro é um grande desafio. O que se espera é que o profissionalismo da imensa cadeia internacional, aos poucos, quebre o conservadorismo das organizações familiares, assim como casos de sucesso de empresas familiares gere inovações nos hotéis pertencentes a cadeias. No entanto, deve-se lembrar que profissionalizar, em hotelaria, inclui também lidar com pessoas e, por si só, não constitui algo novo (WADA; CAMARGO, 2006).

Para Wanderley (2004) o ato de hospedar, pode ser considerado como acolher e acomodar as pessoas que se encontram fora do seu ambiente costumeiro, oferecendo-as um atendimento que satisfaça suas necessidades. Por esse motivo, pode-se dizer que o setor hoteleiro é composto por serviços e no setor onde há prestação de serviços, a qualidade depende do fator humano.

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Desse modo, entende-se que se a responsabilidade depende das pessoas que prestam serviços e, portanto, deve-se pensar nos sistemas de formação de pessoal para os meios de hospedagem. Um dos subprodutos decorrentes do crescimento da oferta hoteleira no país foram os diversos tipos de cursos de formação– técnicos, graduações, cursos sequenciais, MBAs e cursos de extensão – já que, tradicionalmente, ao ser um setor de “gente que lida com gente”, é considerado um setor de potencial oferta para postos de trabalho (WADA; CAMARGO, 2006).

De acordo com as afirmações citadas, é necessário destacar que os profissionais que atuam ou irão atuar numa organização hoteleira devem, antes de qualquer coisa, acolher seus clientes com cordialidade, de modo hospitaleiro. Nesse processo, o foco do profissional deve ser a excelência, pois uma organização hoteleira e seus colaboradores devem estar atentos às exigências do mercado altamente competitivo, mostrando aos seus clientes o diferencial na qualidade da prestação de serviços.

Para um destino turístico obter êxito, todas as partes que compõem o sistema da atividade turística do local devem interagir de forma a suprir as necessidades dos viajantes. O país vivencia, atualmente, um grande momento para o setor turístico e hoteleiro com os macro eventos, nos anos de 2014 e 2016, desse modo à procura por profissionais qualificados e capacitados aumentará significativamente. A seguir será contextualizado o cenário atual da atividade hoteleira no Brasil e como se dá sua relação com os macro eventos.

3.4 CENÁRIO ATUAL DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO BRASIL (MACRO-EVENTOS)

A indústria turística brasileira está vivendo um momento único, por conta do constante crescimento do setor e, atualmente, pela conquista de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O setor turístico é composto por diversos sub-setores e os meios de hospedagem constituem uma parte essencial da oferta de um destino. O setor hoteleiro de um destino constitui a parte mais importante do lugar, pois sem ele e o turista não pernoita no destino.

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Devido as dimensões desses macro eventos e, consequentemente, ao grande número de turistas que o país receberá, nota-se que estes últimos anos incidiram-se sobre, principalmente as capitais que irão sediar os jogos da Copa do Mundo FIFA de 2014, processos de preparação e investimentos monstruosos do setor público e privado brasileiro.

Os macro eventos devem ser encarados como geração de oportunidades, seja de traçar metas para o desenvolvimento de infraestrutura e serviços nos muitos setores que compõem o sistema turístico e se relacionam com os megaeventos, isso inclui também geração de novos empregos, investimentos e crescimento do país como um todo.

Para isso, os colaboradores do setor turístico como parte integrante, devem se ater a responsabilidade de receber e cuidar dos turistas e espectadores, que irão visitar o país nos próximos anos por conta dos eventos já citados. Além disso, o investimento em infraestrutura das cidades devem atender as necessidades dos visitantes, como sinalização, excelência no atendimento e a promoção de uma imagem positiva do país.

Ressalta-se então, como parte principal do presente trabalho, o setor hoteleiro, como parte primordial para realização e êxito dos macro eventos. Justifica-se pelo fato de que a qualidade, diversidade e quantidade dos meios de hospedagem de um determinado destino interferem diretamente na sua atratividade e na capacidade de sediar eventos e receber determinado número de turistas. Com isso, o que vai determinar a competitividade entre os destinos será a capacidade destes em apresentar diferenciais nos serviços ofertados aos clientes.

As cidades escolhidas para sediar os mega eventos possuem diferentes categorias de meios de hospedagem e capacidade de unidades habitacionais que variam. De acordo com o Ministério do Turismo (2013, p. 17):

Em muitos casos, a região metropolitana precisa ser considerada para atender às demandas da FIFA para números mínimos de UHs. No geral, há predominância na categoria Business entre as grandes cadeias, e na categoria Econômica considera‑se também pousadas. Nas 12 capitais, os hotéis maiores têm ocupação média acima de 60% durante o ano, mas há maior efeito de sazonalidade entre os alojamentos de categoria econômica.

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Ainda no aspecto referente à oferta do número de instalações nas cidades sede, o Ministério do Turismo ressalta que este é estável principalmente pela falta de novos entrantes no mercado hoteleiro, no que diz respeito às grandes cadeias. Contudo, sinaliza que “há novos empreendimentos em construção e há expectativa de aumento de até 30% da oferta até 2014” (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2013, p. 17).

Sobre a infraestrutura da oferta de meios de hospedagem, ainda neste documento, o Ministério do Turismo (2013, p. 17) afirma que “a oferta hoteleira, especialmente na categoria econômica, necessita de monitoramento para a modernização estrutural e de atendimento que vise ao conforto dos hóspedes”. E dá destaque para áreas de emergência e as áreas molhadas (banheiros) dos apartamentos, como itens que merecem uma atenção especial. Bem como a sinalização e a regularização das placas multilíngues.

Segundo documento que rege as diretrizes e normatiza as questões de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, A Norma Nacional (ABNT, NBR 9050, 2004), qualquer que seja a sua categoria:

Pelo menos 5%, com no mínimo um do total de dormitórios com sanitário, devem ser acessíveis. Estes dormitórios não devem estar isolados dos demais, mas distribuídos em toda a edificação, por todos os níveis de serviços e localizados em rota acessível. Recomenda‑se, além disso, que outros 10% do total de dormitórios sejam adaptáveis para acessibilidade (ABNT, 2004).

No estudo do Ministério do Turismo encontram-se dados que indicam que todas as cidades sedes dispõem de unidades habitacionais adaptadas, porém destaca que os empresários do setor devem atentar-se a necessidade do compromisso com a acessibilidade em todas as áreas de circulação. Além dessa questão, sinaliza para facilidades aos clientes como, por exemplo, a utilização de meios eletrônicos para pagamentos, como o cartão de créditos, internet de qualidade nas instalações do hotel, entre outros.

A maior preocupação da operação turística, que move o país atualmente, é a busca pela excelência nos serviços, este é um desafio que move o Brasil no sentido

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de desenvolver programas de qualificação profissional e ações de aperfeiçoamento de profissionais formados e que já atuam na área de hospedagem. Essas ações resultam em uma positiva exposição do país com relação às mídias internacionais, além de propiciar aos cidadãos legados como infraestrutura, tecnologia, crescimento e desenvolvimento profissional (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2013).

A seguir será feito um breve panorama sobre a educação superior em turismo e em hotelaria, destacando os principais marcos históricos e aspectos relevantes do ensino superior em hotelaria e em turismo no Brasil, com ênfase nos cursos de Turismo e o Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluminense.

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4. EDUCAÇÃO SUPERIOR EM TURISMO E HOTELARIA

Nesta seção, inicialmente, será apresentado um breve histórico dos cursos de Turismo no Brasil, destacando os curso de Turismo e o Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluminense. Serão apontados os marcos importantes, ao longo dos dez anos de existência do curso de Turismo, o que mudou até os dias atuais, e como se deu a criação do Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da UFF, objeto do presente trabalho.

4.1 TURISMO COMO OBJETO DE ESTUDO

O fenômeno turístico é objeto de estudo desde o período entre guerras e, ao longo dos anos, diversas e diferentes definições foram feitas. Contudo, por mais que cada autor o defina de maneira distinta, algumas questões são sempre semelhantes: a complexidade da atividade e a sua multidisciplinaridade (PANOSSO, 2005).

O turismo como objeto de estudo é bastante impreciso e por possuir vínculos com diversas outras áreas de conhecimento tem certa complexidade na compreensão da atividade, por esse motivo, seu conceito pode ser estudado por meio diversas perspectivas e disciplinas (PANOSSO, 2005).

O turismo como matéria de estudos universitários começou a interessar no período compreendido entre as duas grandes guerras mundiais (1919-1938). Durante esse período, economistas europeus começaram a publicar os primeiros trabalhos, destacando a chamada Escola de Berlim, com autores como Glucksmann, Schwinck ou Bormann (OMT, 2001).

A atividade turística como área de conhecimento no Brasil inicia seus primeiros passos no meio acadêmico na década de 1970. Nessa época, houve expectativa sobre o turismo como uma das “chaves” que abririam as portas do desenvolvimento econômico. (REJOWSKI, 2002)

O primeiro curso de turismo de nível superior foi criado em 1971 pela Faculdade de Turismo do Morumbi - hoje Universidade Anhembi-Morumbi. Em 1972 tem-se a criação de outro curso na Faculdade Ibero-Americana de Letras e Ciências Humanas, em São Paulo. O primeiro curso de turismo no Rio de Janeiro só é criado

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em 1973, pela Faculdade da Cidade, hoje Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro (UniverCidade), que teve seu curso reconhecido pelo MEC em 1978 (HALLAL et al., 2010).

A criação dos cursos de Turismo no Brasil ocorreu quando no setor público, a oficialização do turismo teve um grande impulso. Entre dezembro de 1960 a fevereiro de 1967, desenvolveram-se os trabalhos iniciais para implantação da EMBRATUR. O Decreto-Lei 55 de 18 de novembro de 1966 definiu a política nacional de turismo, criou o Conselho Nacional de Turismo (CNTur) e a Instituto Brasileiro de Turismo (HALLAL et al., 2010).

A primeira universidade pública do país a oferecer um curso de turismo foi a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP, em 1973, a pedido do Conselho de Turismo, cuja matriz curricular, formulada pelo professor Mário Carlos Beni, serviu de modelo para que os cursos de turismo baseassem seus currículos (TEIXEIRA, 2007).

A partir do fato citado, o estudo acadêmico do Turismo no Brasil começou a se desenvolver verdadeiramente, pois ao contrário de algumas instituições particulares que tinham o objetivo apenas de profissionalizar para o mercado, o intuito era estudar o turismo na sua amplitude, no seu amplo fenômeno.

Segundo Aldrigui (2003), a compreensão de que serviços ligados à hospitalidade geravam lucros deu início ao que conceituamos de hotelaria moderna. Paralelamente a esse marco, não só no Brasil, como também em vários outros países, a evolução de cursos Ligados a Turismo e Hospitalidade é notória, o que gera novas abordagens e cria oportunidades para educadores e pesquisadores.

Sobre o resgate histórico da hotelaria, Eurico (2011, p. 40) destaca que:

O ensino do turismo a uma escala internacional conduz-nos a 1893, data em que se institui a primeira escola de hotelaria (École Hôtelière de Lausanne) fundada na cidade de Lausanne na Suíça. A hotelaria emerge deste modo numa situação proeminente no processo evolutivo da educação em turismo, na medida em que os primeiros cursos subordinados à hotelaria e gestão hoteleira datam dos finais do séc. XIX e revelam, ao invés dos estudos em turismo, um objeto de estudo preciso e uma estrutura acadêmica consolidada, decorrentes da importância que o setor hoteleiro desempenha na indústria turística e de um referencial histórico mais longo. Conotada inicialmente com um ensino predominantemente pensado para a atribuição de qualificações técnicas.

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Hoje, numa análise do processo evolutivo dos estudos na área do turismo, têm-se informações capazes de reconhecer que a maioria dos países da Europa, Estados Unidos e Canadá apresenta cursos superiores em turismo credibilizados e legitimamente aceitos pela comunidade científica. A este efeito multiplicador do número de cursos técnicos, graduados e pós-graduados em Turismo corresponde o aparecimento de um grande número de conferências, manuais, revistas acadêmicas e organizações dessa nova área de estudos, expandindo no mundo acadêmico do turismo um número alargado de professores dedicados a essa área do conhecimento (EURICO, 2011).

Um movimento maior, ainda pequeno, em nível mundial tem apontado para indivíduos melhor capacitados a atuar nas esferas do Turismo, e que os cursos superiores tem sido os principais responsáveis, uma vez que não se percebe o real interesse de empresários e empresas em investir efetivamente na capacitação da mão de obra (COOPER; SHEPHERD; WESTLAKE 2001 apud ALDRIGUI, 2003).

Estudos mais recentes tentam observar e pesquisar a atividade turística para além de uma visão econômica, no sentido de uma riqueza não mensurável, tratando também das questões que abrangem as riquezas da construção do homem como individuo único, que se desenvolve através de experiências e trocas com outras culturas, outros lugares, contando com a capacidade da filosofia de desenvolver conceitos, constituir novos modelos para o turismo e para a sociedade (PANOSSO, 2005).

Na próxima seção serão apresentados os cursos de Turismo e o Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluminense num panorama que destacará a história dos cursos, desde sua criação e as principais atividades que foram e que estão sendo desenvolvidas ao longo dos últimos anos.

4.2 O CURSO DE TURISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

O Departamento de Turismo da Universidade Federal Fluminense foi criado em dezembro de 2003, a fim de atender à dinâmica de crescimento e modernização do curso Bacharelado de Turismo da UFF (PROAC TURISMO UFF, 2013).

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O primeiro vestibular e a primeira turma aprovada datam do ano de 2003, iniciando as atividades em março de 2003, no prédio da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo, no campus do Valonguinho em Niterói. No ano de 2004, iniciou-se uma turma em Quissamã, em convênio com a prefeitura, fazendo parte do projeto de interiorização da Universidade (PORTAL DO TURISMO, 2013).

Inicialmente a estrutura curricular foi organizada em oito períodos, com carga horária total de 3.300 horas, porém, após o curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense ser reconhecido pelo MEC, no ano de 2007, o currículo foi reestruturado a fim de atender as novas necessidades da formação do profissional de turismo. Desse modo, o novo currículo aprovado no ano de 2007, ainda mantinha a estrutura de oito períodos e aumentava a sua carga horária para 3.450 horas, no qual 300 horas são destinadas ao estágio profissional supervisionado e 300 horas para atividades complementares, tais como pesquisa, extensão, monitoria, participação em eventos científicos, visitas e viagens técnicas, organização de eventos, etc (PROAC TURISMO UFF, 2013).

O curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense tem como missão a formação de profissionais aptos e qualificados a assumir o planejamento, gerenciando e a administração de organizações e sistemas turísticos de qualquer natureza, em diferentes níveis. Visando a excelência acadêmica no desenvolvimento de ações de ensino, pesquisa e extensão, formando pessoas comprometidas com a profunda transformação do turismo (PROAC TURISMO UFF, 2013)

Atualmente o Curso de Turismo da UFF conta com uma equipe de 35 professores, e completou recentemente dez anos. Durante este período passou por diversas mudanças, iniciando-se em 2004, ano em que foi estruturado após a formação da primeira turma do Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal Fluminense, sendo um dos pioneiros entre as universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro (TURISMO UFF, 2013).

Segundo consta no Portal do Turismo da UFF a respeito da história dos dez anos o Curso de Turismo da UFF, sua equipe profissional sofreu as seguintes mudanças ao longo deste período:

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