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Fuvest ª fase HISTÓRIA

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Academic year: 2021

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Fuvest 2005 2ª fase

HISTÓRIA

1.

Karl Marx afirmou mais de uma vez que, na antiguidade romana, era o Estado que sustentava o proletariado e não este àquele, como ocorre na modernidade. Com base nessa afirmação, explique:

a) Como o Estado romano sustentava o proletariado?

b) Por que é possível sustentar que a derrota do programa de reforma agrária dos irmãos Graco abriu caminho para tal política?

Resolução

a) O Estado Romano promoveu políticas públicas de diversão e alimentação das populações romanas como, por exemplo, a política do “pão e circo”, durante o Império. Dentro da visão marxista da história, poderíamos considerar essas ações do Estado como promoção do “sustento do proletariado”.

b) Com a derrota das propostas de Reforma Agrária dos irmãos Graco no Senado, durante a República Romana, foi garantida a existência de grandes propriedades de terra concentradas nas mãos dos patrícios. Essa concentração de terras impossibilitava a produção de gêneros alimentícios em escalas menores para o sustento das famílias romanas das regiões rurais. A falta de alimentos suficientes no campo levava uma grande parcela da população a buscar novas atividades profissionais na cidade de Roma. Na cidade, essas pessoas não conseguiam emprego e acabavam gerando a necessidade de políticas públicas como a do “pão e circo”.

2.

Curiosamente, apesar das limitações impostas por uma base material e técnica rudimentar, a Europa medieval tardia (séculos XII a XV) vivenciou, pelo menos no plano da religião e do ensino nas

universidades, uma unidade tão ou mais intensa do que a da atual União Européia, alicerçada na complexa economia capitalista.

Em face disso, indique:

a) Como foi possível, naquela época, diante da precariedade das comunicações e da base material, ocorrer essa integração?

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Resolução

a) A integração nos campos da religião e do ensino universitário, durante a Idade Média, pode ser argumentada através da existência de uma língua comum usada nos cultos da Igreja Católica e no ensino dentro das universidades, o latim, e a própria existência do catolicismo (única religião aceita na sociedade medieval).

b) As universidades medievais reuniam professores e alunos com o objetivo de desenvolver estudos para além daqueles realizados dentro da Igreja Católica. Os professores, pertencentes ao clero, dirigiam leituras e discussões entre os alunos sobre gramática, dialética e retórica, no primeiro ciclo de estudos, e música, aritmética, geometria e astronomia no segundo ciclo de estudos. Após esses dois ciclos, os alunos poderiam se dirigir aos conhecimentos mais específicos como o Direito, Artes Liberais, Medicina e Teologia, nos quais poderiam conseguir os títulos de bacharel, licenciado e doutor. No século XII, tinham reconhecimento social os centros universitários de Salerno e Bolonha (atual Itália), Toledo (atual Espanha) e Paris (atual França).

3.

“O pano ou tecido deste Reino... interessa tanto ao soberano quanto ao súdito, ao nobre e ao plebeu, até mesmo a toda profissão, condição e espécie de homem desta nação”.

(Thomas Middleton, 1622)

a) Por que a produção têxtil inglesa interessava ao rei, à nobreza e aos plebeus?

b) Qual a importância da produção têxtil para a futura Revolução Industrial inglesa?

Resolução

a) As indústrias têxteis da Inglaterra eram responsáveis, durante o século XVII, pelo atendimento das necessidades de tecidos da própria Inglaterra e de outros países, como Portugal e Espanha. Assim, sustentava o mercado consumidor externo e interno, garantindo uma balança comercial do país favorável. A importância da indústria têxtil estava, portanto, no fato de ela gerar empregos aos plebeus e garantir a riqueza dos nobres e do rei.

b) O fortalecimento das indústrias têxteis inglesas desencadeou uma valorização social de terras para a criação de carneiros e ovelhas. Esse processo, conhecido como “cercamento dos campos” ou enclosures, marcou o início da exploração capitalista do campo. Os servos, expulsos dessas terras, e os imigrantes de outras regiões da Grã-Bretanha, eram obrigados a procurar empregos nas cidades, servindo como mão-de-obra barata para as indústrias que começavam a surgir. As mudanças no

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iniciando, no século XVIII, a Primeira Revolução Industrial.

4.

“A mais extravagante idéia que possa germinar no cérebro de um político é acreditar que basta a um povo entrar de mão armada num país

estrangeiro para lhe fazer adotar as suas leis e a sua Constituição. Ninguém estima os missionários armados, e o primeiro conselho que a natureza e a prudência dão é repeli-los como inimigos.”

(Robespierre, janeiro de 1792)

a) Por que a ocupação da Espanha pelo exército napoleônico, em 1806, tornou o texto profético?

b) Há no momento atual alguma situação à qual o texto pode ser referido? Por quê?

Resolução

a) O texto de Robespierre afirma que, quando um país é invadido por pessoas armadas que pretendem subordiná-lo a outra nação, é esperado que os invasores sejam repelidos. Como teorizado no texto, logo após a invasão do exército napoleônico sobre a Espanha, em 1806, formou-se um movimento armado dos espanhóis contra os invasores franceses. Esse movimento foi responsável por uma das primeiras derrotas de Napoleão Bonaparte.

b) Sim. Podemos citar a invasão do Iraque por tropas norte-americanas, a ocupação do Líbano por forças militares da Síria e a ocupação de forças militares israelenses na Palestina e Síria. Em todos os casos, os “missionários armados são repelidos como inimigos”.

5.

Neste início de século XXI, o Japão ainda possui a economia mais avançada da Ásia e, embora produza energia nuclear, não dispõe nem de armas atômicas, nem de forças armadas consideráveis, ao passo que a Índia e a China, com economias mais atrasadas possuem armas nucleares e grandes exércitos. Indique os processos e/ou acontecimentos históricos cruciais que, nas décadas de 40 e 50 do século passado, estiveram na origem do

a) poder econômico, mas não militar, do Japão.

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Resolução

a) Logo após a Segunda Guerra Mundial, o Japão foi proibido de produzir armas nucleares e manter forças armadas de caráter ostensivo. Ao mesmo tempo, o país recebeu ajuda financeira dos Estados Unidos, para sua reconstrução no pós-guerra. Essa ajuda financeira foi consolidada após o

comprometimento do Japão de se manter fiel aos princípios “democráticos” e capitalistas. Dentro da lógica de Guerra Fria, o Japão tornou-se o maior aliado político e econômico dos EUA no extremo-oriente, o que lhe garantiu grande desenvolvimento econômico.

b) No ano de 1949 foi fundada a República Popular da China, que integrava e ampliava o bloco de países socialistas existente durante a Guerra Fria. Para garantir a expansão socialista no Oriente, a China se envolveu, belicamente, nos conflitos existentes em todo Sudeste Asiático. Seu papel estratégico de potência socialista do Oriente lhe garantiu destaque militar.

A Índia, por outro lado, apesar de ter se declarado neutra nas questões relativas à Guerra Fria (1955 – Conferência de Bandung), vivenciou uma intensa guerra civil no ano de 1947, quando buscava sua independência em relação à Inglaterra. Conquistada a independência, o país tornou-se palco de disputas entre mulçumanos, hindus e outras minorias étnicas existentes no país. Os conflitos,

existentes até os dias atuais, exigiram do governo um constante financiamento dos setores militares.

6.

“De puramente defensiva, tal qual era, em sua origem, a doutrina Monroe, graças à extensão do poder norte-americano e às transformações

sucessivas do espírito nacional, converteu-se em verdadeira arma de combate sob a liderança de Teodoro Roosevelt.”

(Barral-Montferrat, 1909)

a) Qual a proposta da doutrina Monroe?

b) Explique a razão pela qual a doutrina se “converteu em arma de combate sob a liderança de Teodoro Roosevelt”. Exemplifique.

Resolução

a) Conhecida pela máxima “A América para os americanos”, a Doutrina Monroe visava a garantir a independência dos países latino-americanos recém-emancipados contra qualquer possibilidade de recolonização imposta pelas ex-metrópoles européias. A Doutrina seria utilizada mais tarde para garantir a influência norte-americana na região.

b) Durante o governo de Theodore Roosevelt (1901-1909), no contexto do imperialismo dos EUA do final do século XIX e início do XX, a Doutrina Monroe foi substituída pela política do Big Stick (Grande

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possibilidade de intervenção norte-americana a qualquer nação da América Latina que não

conseguisse honrar seus compromissos financeiros. A política do Big Stick pode ser considerada uma “arma de combate”, uma vez que os EUA invadiram diversos países da região, como no caso da libertação de Cuba do domínio espanhol (1898), nas invasões da República Dominicana, Honduras e Nicarágua. A política foi evocada também na separação do Panamá com a Colômbia, quando, sob fiscalização norte-americana, foi construído o Canal do Panamá.

7.

Com relação ao povoamento e à colonização da região norte do Brasil, nos séculos XVII e XVIII, explique:

a) As particularidades da administração política e religiosa da região.

b) A importância da exploração econômica dessa região para a Metrópole.

Resolução

a) Enquanto as regiões Sudeste e Nordeste sempre estiveram controladas da administração portuguesa, principalmente por causa dos interesses econômicos metropolitanos (a produção do açúcar no Nordeste, por exemplo), as regiões Norte e Sul mantiveram-se por algum tempo à margem da fiscalização portuguesa, sendo, por isso, regiões constantemente cobiçadas por outras potências européias. Para facilitar o processo de ocupação e fiscalização da região Norte, o governo português criou o Estado do Grão-Pará e Maranhão, separado do resto do território brasileiro (conhecido como Estado do Brasil), garantindo uma presença mais efetiva do controle metropolitano na região. Em termos religiosos, houve uma intensa atividade missionária, notadamente jesuítica, sobre as diversas populações indígenas presentes no Norte, principalmente no Vale Amazônico.

b) A ocupação e a exploração da região Norte deram-se principalmente por meio da extração das chamadas drogas-do-sertão (como o urucum, o guaraná e tipos de pimentas) na Amazônia, produtos extremamente valorizados na Europa, e da produção de açúcar e de algodão no Maranhão.

8.

“Este comércio de carne humana é, pois, um cancro que corrói as entranhas do Brasil ... Acabe-se de uma vez o infame tráfico de escravatura africana... Torno a dizer, porém, que eu não desejo ver abolida de repente a escravidão; tal acontecimento traria consigo grandes males. Para emancipar escravos, sem prejuízo da sociedade, cumpre fazê-los primeiramente dignos da liberdade: cumpre que sejamos

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forçados pela razão e pela lei a convertê-los gradualmente de vis escravos em homens livres e ativos.”

(José Bonifácio, 1823)

a) Qual a posição do autor com relação à escravidão no Brasil?

b) Essas idéias estão relacionadas ao contexto socioeconômico brasileiro? Por quê?

Resolução

a) Segundo a historiografia mais tradicional, José Bonifácio teria sido um árduo defensor da abolição da escravidão. Entretanto, como se nota no texto, Bonifácio mostra uma posição conservadora, opondo-se ao tráfico negreiro ao mesmo tempo em que defende a extinção da escravidão de forma gradual e segura, dependendo da execução de determinadas condições como, por exemplo, a “transformação” dos escravos em “homens livres e ativos”.

b) Sim. O processo de independência não alterou a estrutura socioeconômica que existia desde os tempos coloniais e que continuou intacta durante o período imperial. Em suma, a jovem nação

continuou a ser escravocrata, agrária e exportadora de matérias-primas. Segundo José Bonifácio, uma abolição da escravatura imediata traria graves problemas ao Brasil como a diminuição da produção agrária e até mesmo o comprometimento do processo emancipacionista.

9.

“... o que avulta entre os fatores da revolução de 1930 é o sentimento regionalista, na luta pelo equilíbrio das forças entre os estados federados. Minas Gerais, aliando-se ao Rio Grande do Sul, combatia a hegemonia paulista, que a candidatura do Sr. Júlio Prestes asseguraria por mais quatro anos.”

(Barbosa Lima Sobrinho, A verdade sobre a revolução de outubro – 1930 (1933))

a) Explique a questão do regionalismo político no período que antecedeu 1930.

b) Apresente a situação política de São Paulo na federação, depois da tomada do poder, por Getúlio Vargas, em 1930.

Resolução

a) Desde a Constituição de 1891, que estabeleceu o sistema federativo, os estados tiveram uma ampla autonomia em relação ao governo federal, o que facilitou em muito a existência de particularismos locais (regionalismos). As oligarquias agrárias, principalmente a do café, conseguiram estabelecer a

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entre as oligarquias como a política dos governadores, no qual os estados elegeriam somente deputados governistas e a União, por sua vez, não interferiria nas eleições estaduais; e a política do café-com-leite, conchavo entre Minas Gerais e São Paulo que passou a revezar no poder presidentes dos dois estados.

b) São Paulo foi o estado que mais saiu perdendo com a Revolução de 1930. A crise da economia cafeeira e o fim da política dos governadores e da política do café-com-leite desestabilizaram a maior força econômica e política do país. A perda da hegemonia política e o enfraquecimento da cafeicultura, somados ao autoritarismo do presidente Getúlio Vargas ao nomear um interventor pernambucano para o estado, levariam São Paulo a colocar em prática a Revolução Constitucionalista de 1932.

10.

Esta fotografia mostra São Paulo, em 1950. Observe-a e responda:

a) Que símbolos da modernidade nela aparecem?

b) Por que São Paulo, a exemplo de outras cidades brasileiras, cresceu tanto a partir da década de 1950?

Resolução

a) Grandes avenidas e viadutos, grandes edifícios, a iluminação elétrica, os automóveis.

b) A partir da década de 1950 o Brasil passou por um grande processo de industrialização que objetivava o desenvolvimento da economia brasileira. Nesse contexto foi marcante o governo de Juscelino Kubitschek (156-1961), que, através do Plano de Metas, proporcionou o investimento na infra-estrutura

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(indústria, transporte, energia), a entrada de capitais estrangeiros no país e o avanço das indústrias de bens duráveis. Uma das conseqüências desse processo foi o aumento da urbanização, notadamente o crescimento das grandes capitais, como São Paulo, que se transformaram num pólo de atração por causa dos novos empregos gerados.

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