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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA SESSÃO ORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA, INICIADA NO

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Academic year: 2021

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--- ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA --- --- SESSÃO ORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA, INICIADA NO DIA 21 DE ABRIL E CONTINUADA NOS DIAS 28 DE ABRIL E 19 E 26 DE MAIO DE 2009. --- --- ACTA NÚMERO SETENTA E SETE --- --- No dia 26 de Maio de 2009, reuniu na sua Sede, sita no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, a Assembleia Municipal de Lisboa, sob a presidência da sua Presidente efectiva, Excelentíssima Senhora Dra. Paula Maria Von Hafe Teixeira da Cruz, coadjuvada pelos Excelentíssimos Senhores Eng.º Jorge Manuel Mendes Antas e Nelson Pinto Antunes, respectivamente Primeiro e Segundo Secretários. --- --- Assinaram a “lista de presenças”, para além dos mencionados, os seguintes Deputados Municipais: --- --- Afonso Miguel Silveira Machado Pereira Costa, Alberto Francisco Bento, Álvaro da Silva Amorim de Sousa Carneiro, Ana Belo Burt Magro Pires Marques, Ana Maria Bravo Martins de Campos, Ana Sofia Soares Ribeiro de Oliveira Dias, António Manuel, António Manuel de Sousa Ferreira Pereira, António Modesto Fernandes Navarro, António Paulo Quadrado Afonso, Armando Dias Estácio, Artur Miguel Claro da Fonseca Mora Coelho, Belarmino Ferreira Fernandes Silva, Carlos Manuel de Melo Barroso, Carlos Manuel Marques da Silva, Domingos Alves Pires, Ermelinda Lopes da Rocha Brito, Fausto Jorge Gonçalves Teixeira dos Santos, Fernando Manuel Moreno D’Eça Braamcamp, Fernando Manuel Pacheco Ribeiro Rosa, Filipe António Osório de Almeida Pontes, Francisco Carlos de Jesus Vasconcelos Maia, Francisco David Carvalho da Silva Dias, Francisco José da Silva Oliveira, Heitor Nuno Patrício de Sousa e Castro, Hugo Filipe Xambre Bento Pereira, Ismael do Nascimento Fonseca, João Augusto Martins Taveira, João Carlos Durão Lopes Saraiva, João Carlos Santos Pessoa e Costa, João Manuel Costa Magalhães Pereira, João Mário Amaral Mourato Grave, João Miguel Martins Ferreira, João Miguel Narciso Candeias Mesquita Gonçalves, João Nuno Vaissier Neves Ferro, João Paulo Mota da Costa Lopes, Joaquim António Canelhas Granadeiro, Joaquim Emanuel da Silva Guerra de Sousa, Joaquim Lopes Ramos, Joaquim Maria Fernandes Marques, Jorge Manuel da Rocha Ferreira, José das Neves Godinho, José Filipe de Mendonça Athayde de Carvalhosa, José Luís Português Borges da Silva, José Luís Sobreda Antunes, José Manuel Cal Gonçalves, José Manuel Rosa do Egipto, José Maximiano de Albuquerque Almeida Leitão, José Roque Alexandre, José Rui Roque, Lídia Marta Canha Fernandes, Luís Ângelo da Silva Campos, Luís Baltazar Brito da Silva Correia, Luís Filipe Graça Gonçalves, Luís Pedro Alves Caetano Newton Parreira, Manuel Fernando Dias de Almeida, Manuel Luís de Sousa Silva Medeiros, Marcelino António Figueiredo, Maria Albertina de Carvalho Simões Ferreira, Maria Alexandra Dias Figueira, Maria Cândida Rio de Freitas Cavaleiro Madeira, Maria da Graça Resende Pinto Ferreira, Maria de Lurdes de Jesus Pinheiro, Maria Irene dos Santos Lopes, Maria Luísa Rodrigues Neves Vicente Mendes, Maria Teresa Cruz de Almeida, Maria Virgínia Martins Laranjeiro Estorninho, Marta Sofia Caetano Lopes Rebelo, Nelson Miguel Rodrigues Coelho, Nuno Roque, Paulo José da Silva Quaresma, Pedro

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Alexandre Valente de Assunção, Pedro Manuel Portugal Natário Botelho Gaspar, Pedro Manuel Tenreiro Biscaia Pereira, Pedro Pinto de Jesus, Rodrigo Jorge de Moctezuma Seabra Pinto Leite, Rodrigo Nuno Elias Gonçalves da Silva, Rogério da Silva e Sousa, Rogério Gomes dos Santos, Rosa Maria Carvalho da Silva, Rui António Francisco Coelho, Rui José Silva Marques, Rui Manuel Pessanha da Silva, Timóteo Rodrigues Macedo, Valdemar António Fernandes de Abreu Salgado, Vasco Jorge Valdez Ferreira Matias, Victor Manuel Dias Pereira Gonçalves, Vítor Manuel Alves Agostinho, João Martins Vieira, António da Conceição Tavares, Pedro Gamito Cruz dos Santos, José Luís Morales De Los Rios Coelho, Luís Manuel Inês Cavaco, Maria João Bernardino Correia, João Capelo, Feliciano Marques Martins da Cruz David, Cecília da Conceição Simões Sales, João Pedro Gonçalves Pereira, Sílvia Maria Ferreira Sepúlveda, Fernando Catarino Narciso, José Guilherme Figueiredo Nobre Gusmão. --- --- Faltaram à reunião os seguintes Deputados Municipais: --- --- Fernando Pereira Duarte, José Joaquim Vieira Pires, Luís Filipe da Silva Monteiro. --- --- Pediram suspensão do mandato, que foi apreciado e aceite pelo Plenário da Assembleia Municipal nos termos da Lei 169/99, de 18 de Setembro, com a redacção dada pela Lei 5-A/2002, de 11 de Janeiro, os seguintes Deputados Municipais: --- --- Saldanha Serra (PSD), por um dia, tendo sido substituído pelo Deputado Municipal António Tavares. --- --- Jorge Penedo (PSD), por um dia, tendo sido substituído pelo Deputado Municipal João Martins Vieira. --- --- António Preto (PSD), por um dia, tendo sido substituído pelo Deputado Municipal Fernando Catarino Duarte. --- --- Maria de Belém Roseira (PS), por um dia, tendo sido substituída pelo Deputado Municipal Luís Coelho. --- --- Ana Lamy Barreiros (PS), por um dia, tendo sido substituída pela Deputada Municipal Maria João Correia. --- --- Hugo Lobo (PS), por um dia, tendo sido substituído pelo Deputado Municipal Luís Manuel Inês Cavaco. --- --- Sérgio Cintra, Sousa Nascimento, João Pinheiro, Maria João Faria, Nuno Pintão, André Garcia, Maria da Piedade Mestre, Patrícia Mourão, Maria Teresa Val de Matos, Maria Vitória de Melo, Carlos Poiares, Branca das Neves, Inês Drumond, Fátima Fonseca, Anabela Valente Pires, Fernando Gameiro, Pedro Lopes, América Coelho, Carlos Machado, António Amaral da Silva, Carlos Faria, Maria de Fátima Dias, Margarida Mota, Alexandra Bandeira, Margarida Velho, Carlos Castro, Maria Teresa Pires, José Oliveira Costa, Januário Costa, Diogo Leão, Alfredo Alves, Filipe Costa, Guilherme de Oliveira Martins, Carolina Tito de Morais, António Rebelo, Joaquim Capucho, Emílio Rincon Peres, Odete Ferrajota, Manuel Poças, Manuel Jeffree, Mário Paiva, João Valente Pires, Fátima Cavaco, Luís Novaes Tito, Pedro Costa, Teresa Estrela, Eurico Dias, António Rêgo, Deolinda Santos, Alberto Seguro Dias, António Lopes, Maria Antonina, David Amado, Alexandre Mateus, Anabela Pilar,

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Bruno Inglês, Pereira da Costa, Catarina Martins, Alberto Pereira, Rute Florêncio, Osvaldo Sousa, Fernando Gonçalves, Ena Bonfim, Lurdes Menor, Artur Oliveira, Luís Silva, Susana Martins, Vítor Formiga, todos Deputados Municipais suplentes do PS, pediram a suspensão do mandato por um dia. (26 de Maio de 2009). --- --- Ana Páscoa (PCP), por um dia, tendo sido substituída pela Deputada Municipal Cecília Simões Sales. (só na reunião das 14 horas) --- --- Deolinda Machado (PCP), por um dia, tendo sido substituída pelo Deputado Municipal Feliciano David. (só na reunião das 14 horas) --- --- Romão Lavadinho e Santos Silva, Deputados Municipais suplentes do PCP, pediram a suspensão do mandato por um dia. (26 de Maio de 2009) --- --- João Bau (BE), por um dia, tendo sido substituído pelo Deputado Municipal José Guilherme Gusmão. --- --- Telmo Correia (CDS-PP), por um dia, tendo sido substituído pelo Deputado Municipal João Pedro Gonçalves Pereira. --- --- Carlos Andrade, Deputado Municipal suplente do CDS-PP, por um dia (26 de Maio de 2009). --- --- Foram justificadas as faltas e admitidas as substituições dos seguintes Deputados Municipais, Presidentes de Junta de Freguesia: --- --- Maria Idalina Flora (PSD), Presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, por Pedro Gamito Cruz Santos. --- --- Joaquim Vieira Pires (PSD), Presidente da Junta de Freguesia de Santa Engrácia, não tendo sido substituído. --- --- Carlos Lima (PCP), Presidente da Junta de Freguesia do Castelo, por João Capelo. --- --- Às 14 horas e 20 minutos, constatada a existência de quorum, a Senhora Presidente declarou aberta a reunião, quarta da Sessão Ordinária de Abril, informando, de seguida, que apenas restava para discussão e votação o ponto 12 da Ordem de Trabalhos, já que os restantes pontos foram aditados à Ordem de Trabalhos da Sessão Extraordinária que iam iniciar às 15 horas. --- --- CONTINUAÇÃO DA ORDEM DO DIA --- --- PONTO 12 – PROPOSTA 367/2009 – APROVAR O RELATÓRIO DE GESTÃO E DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DE 2008, NOS TERMOS DA PROPOSTA, AO ABRIGO DA ALÍNEA C) DO N.º 2 DO ART.º 53.º DA LEI N.º 169/99, DE 18 DE SETEMBRO, COM A REDACÇÃO DADA PELA LEI N.º 5-A/2002, DE 11 DE JANEIRO. --- --- PROPOSTA 367/2009 --- --- Pelouro: Vereador Cardoso da Silva --- --- Serviço: DMF --- --- “Considerando que: --- --- Foram concluídos os trabalhos de fecho de contas e elaboradas Demonstrações Financeiras e o Relatório de Gestão relativas ao ano de 2008 nos termos previstos no Decreto-Lei nº 54-A/99, de 22 de Fevereiro (POCAL); ---

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--- As Contas municipais de 2008 foram objecto de certificação legal, em conformidade com o previsto no número 1 do artigo 47º da Lei 2/2007, de 15 de Janeiro, conforme documento que se anexa e faz parte integrante da presente proposta; --- --- As reservas exaradas apontam para a necessidade de tomada de medidas urgentes com vista à resolução dos problemas identificados e à correcção dos resultados do exercício. --- --- Tenho a honra de propor, nos termos da alínea e) do nº 2 do art. 64, em articulação com alínea c) do nº 2 do art. 53, da Lei Nº 169/99, de 18 de Setembro, com a redacção dada pela Lei nº 5-A/2002, de 11 de Janeiro, atento também o disposto no Decreto-Lei nº 54-A/99, de 22 de Fevereiro (POCAL), que a Câmara delibere: --- --- 1. Aprovar e submeter à apreciação da Assembleia Municipal: --- --- 1.1. As Demonstrações Financeiras relativas ao exercício de 2008; --- --- 1.2. O Relatório de Gestão relativo ao ano de 2008; --- --- 1.3. A aplicação dos Resultados do Exercício de 2008, nos termos propostos no ponto 12, do capítulo II – Reporting Financeiro, intitulado «Proposta de Aplicação de Resultados», do Relatório de Gestão supra mencionado; --- --- 2. Criar um grupo de trabalho com vista à conclusão do processo de inventariação e registo do património imóvel do Município, envolvendo elementos da DMF e DPI, cuja proposta de metodologia de desenvolvimento deverá ser presente à Câmara Municipal até ao final do 1º semestre; --- --- 3. Incumbir a DMSC de apresentar, até ao final do 1º semestre, uma proposta de metodologia com vista à implementação de um sistema de inventário permanente, abrangendo o universo dos armazéns do Município. --- --- 4. Incumbir a DMF de proceder, até ao final do 1º semestre, às necessárias regularizações contabilísticas com vista à reconciliação dos saldos com entidades bancárias em aberto até 31/12/2007 e reconhecer, para o efeito, o total de movimentos a débito em aberto como receita municipal, bem como o total de movimentos em crédito em aberto como despesa paga, contexto em que resultará um aumento liquido de saldo de tesouraria em operações orçamentais de cerca de 2,2 milhões de euros.” --- --- O Senhor Vereador Cardoso da Silva, no uso da palavra para apresentação da proposta, começou por dizer que se ia referir, simultaneamente, ao Relatório de Gestão e às Demonstrações Financeiras, ia também referir-se às qualificações que o Revisor Oficial de Contas fizera, e ainda às propostas que ele próprio apresentara em Câmara porque entendia que era importante referir à Assembleia a razão porque essas propostas foram feitas. --- --- Um dos factos importantes em relação a 2008, era que fizeram um Orçamento que reduzira a despesa para 546 milhões de euros, uma redução efectiva de 286 milhões de euros face a 2007, o que era importante para que, quer os órgãos, quer os serviços municipais, não pudessem assumir compromissos. E isso foi determinante para que as despesas que a Câmara fizesse estivessem próximas das receitas reais, não das que se inscreviam no Orçamento mas daquelas que efectivamente se realizavam. -

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--- Disse que esta era, provavelmente, a última vez que poderia falar sobre a política de recursos humanos, pelo que gostava de dizer que de acordo com as propostas que oportunamente apresentaram, a Câmara Municipal de Lisboa, em 2008, continuara a política de redução do seu efectivo, política essa que se concretizara num efectivo municipal de 10.466 colaboradores em Dezembro de 2008, (dizia colaboradores porque os estatutos podiam ser dos mais diferenciados) e correspondera a um real decréscimo de 343 colaboradores, o que representava 3,17%. --- --- Referiu que uma das estratégias da Câmara, que na sua opinião era essencial que fosse prosseguida pelos futuros Executivos, era reduzirem os indirectos e reforçarem a produtividade dos directos com meios de investimento, portanto deveriam ter cuidado em fazer a admissão de indirectos. Obviamente, a Câmara iria continuar a precisar de engenheiros e arquitectos para aprovar projectos, era uma das suas funções essenciais, mas no ano passado a excepção a essa política foi que entraram 74 colaboradores, que poderiam não ser directos, que resultaram dos concursos abertos em anos anteriores e que este Executivo já não pudera encerrar. Entraram 47 auxiliares de acção educativa, 10 tratadores de animais, 17 colaboradores de longa duração, e também houve três permutas e uma transferência. --- --- Mas era preciso dizer que todas as reduções foram feitas por erosão natural, isto é, foram as pessoas que saíram, ou porque encontraram melhores projectos, ou porque passaram à situação de reformados. --- --- Disse que 2008 foi o terceiro ano consecutivo em que as despesas com pessoal se reduziram, e nessas despesas considerava não só as despesas com pessoal mas também os honorários que apareciam no fornecimento de serviços. Essas despesas, em 2006 atingiram 254 milhões de euros, passaram para 242 milhões em 2007, e para 240 milhões em 2008. --- --- Também era preciso referir que em 2008 fizeram 361 reclassificações e 421 promoções. O absentismo foi reduzido, mas mesmo assim ainda era muito insatisfatório já que tinham uma taxa de 16,2%. Era preciso continuar com o esforço de criar condições para que as pessoas não tivessem razões para faltar ao trabalho. ---- --- Na área da saúde, disse que houve um conjunto de intervenções mas estavam ainda longe do que deviam fazer no domínio da medicina no trabalho. Não estavam ainda a fazer todas as inspecções que deveriam, principalmente às pessoas de mais idade, mas esperava que com o reforço de meios estivessem em condições de prosseguir de acordo com a Lei. --- --- Em relação aos recursos humanos, disse que, basicamente, deveriam entrar polícias, bombeiros, cantoneiros de limpeza, auxiliares de acção educativa e tratadores de animais, e essas entradas poderiam ser nalguns casos melhoradas no sentido da sua produtividade com mais alguns meios. Por exemplo, como era sabido, em 2008 fizeram entrar na Câmara um conjunto de novas máquinas para a área da limpeza urbana. --- --- Facto relevante em 2008, foi, segundo disse, o Tribunal Arbitral, que foi aprovado na Câmara, por unanimidade, e aprovado também pela Assembleia Municipal, pois com base nesse Tribunal Arbitral 793 trabalhadores, que tinham um

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vínculo precário como prestadores de serviços, passaram a ser trabalhadores com vinculo definitivo à Câmara. E esse Tribunal Arbitral, para além da aprovação da Câmara e da Assembleia Municipal, só foi possível constituir-se com a aprovação dos vários sindicatos, que nessa área tiveram um papel fundamental. --- --- Como sabiam também, em 2007 foi aprovado o Plano de Saneamento Financeiro, que estava todo a ser cumprido, mas o Tribunal de Contas recusara o visto. Com o apoio da Assembleia encontraram soluções alternativas, fizeram cerca de 50 acordos no valor de 112 milhões de euros, isto é, acordaram um plano de pagamento com os respectivos fornecedores, e eles descontariam na banca, por sua iniciativa, esses acordos de pagamento. Portanto, as facturas, em termos de fornecedores, estavam completamente resolvidas. E dizia resolvidas porque nuns casos estavam pagas, noutros anuladas e noutros foram casos de compensação com notas de crédito. --- --- Continuando, disse que pela primeira vez o Relatório de Gestão incluía referência ao sector empresarial de forma sistemática, descrevendo a situação financeira das empresas municipais. Era de destacar a extinção da EMARLIS, da SRU Oriental e da AMBELIS, estando em processo de extinção a SRU da Baixa Pombalina, que não foi extinta imediatamente porque houve uma reserva fundamentada da Assembleia Municipal. Mas esperava resolver esse assunto com uma nova proposta que trariam à Assembleia. --- --- Referiu que foram transferidos 24,3 milhões de euros para as empresas municipais, e estava em progresso o saneamento da EGEAC, da GEBALIS, da EPUL e da EMEL. --- --- Quanto ao passivo, disse que ele do ponto de vista formal aumentara porquanto tinha acréscimos e diferimentos, mas as dívidas a terceiros foram reduzidas em 16 milhões de euros, e por causa do efeito SGAL que eram 166 milhões de euros, foram feitas operações a débito e a crédito, a crédito foi de 166 milhões e a débito 155 milhões. A dívida comercial foi reduzida em 95 milhões de euros, dívida essa que tinha as contas a fornecedores, facturas em recepção e conferências de fornecedores. -- --- Terminou dizendo que se reservava para responder depois às qualificações feitas pelo Revisor Oficial de Contas. --- --- O Deputado Municipal Nelson Coelho (PSD), no uso da palavra na qualidade de Secretário da Comissão Permanente de Administração, Finanças e Desenvolvimento Económico, apresentou o Parecer que a seguir se transcreve: --- --- PARECER --- --- “A Comissão Permanente de Administração, Finanças e Desenvolvimento Económico, da Assembleia Municipal de Lisboa, reunida em 18 de Maio de 2009, deliberou, por unanimidade, dar o seguinte parecer relativo ao Relatório de Gestão e Demonstrações Financeiras de 2008, apresentado pela Câmara Municipal de Lisboa: --- a) O Relatório de Gestão e as Demonstrações Financeiras de 2008 respeitam os requisitos legais relativos à sua elaboração e apresentação; --- --- b) Os documentos referidos estão, aptos a serem apresentados e discutidos em sessão da Assembleia Municipal de Lisboa; ---

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--- c) Esta comissão apela a que o executivo da autarquia tenha em elevada consideração as reservas expressas pelos revisores oficiais de contas na sua certificação legal de contas. Manifesta também a sua preocupação relativamente ao nível de endividamento municipal; --- --- d) A comissão agradece a colaboração do Senhor Vereador das Finanças, Dr. Cardoso da Silva, na apresentação, transparência e explicação das contas do relatório de gestão e demonstrações financeiras de 2008.” --- --- O Deputado Municipal Jorge Santos (PSD), Presidente da Junta de Freguesia de Campolide, no uso da palavra, disse que estavam a avaliar um documento de gestão, obviamente um documento importantíssimo que deveria ser avaliado com consciência. --- --- E nessa avaliação ao ano de 2008, repararam que o passivo aumentara um bocado e havia várias outras nuances no Relatório que o fizeram pensar numa coisa interessante. Há dois anos atrás, quando este Executivo tomara posse, ouvira várias vezes falar que quando o PSD tomara posse da Câmara, em 2002, aumentara o seu passivo que foi uma loucura. E como não fazia parte da Assembleia Municipal nessa altura, decidira fazer aquilo que qualquer pessoa inteligente fazia, que foi investigar o que tinha acontecido. --- --- E depois de ver o que tinha acontecido, queria dizer que, em 2002, herdaram um passivo de 560 milhões de euros, logo a seguir tiveram que herdar mais 39,1 milhões e mais 18,1 milhões do Casal Ventoso, depois tiveram que herdar também mais 112 milhões do PER, mais 34 milhões respeitantes a facturas que estavam desaparecidas em gavetas, e depois ainda da Parque-Expo mais 155 milhões de euros. Ou seja, o que o PSD realmente herdara foi 920,5 milhões de euros de passivo. --- --- Portanto, durante quatro anos e meio de gestão não aumentaram assim tanto! Seria que foram assim tão maus para a Cidade de Lisboa? Seria que foram tão descalibrados a aumentar o passivo da Câmara Municipal? É que o passivo que herdaram era do PS, do mandato do Dr. João Soares! --- --- Por isso, não compreendia por que é que eram acusados por toda a gente que quando tomaram conta da Câmara foi um descalabro nas contas. Talvez o Sr. Vereador Cardoso da Silva, que tinha como uma pessoa honestíssima, que sabia disso e ele não sabia, pudesse explicar a razão porque eram acusados desse passivo, quando efectivamente o herdaram do governo do PS na Câmara Municipal de Lisboa. --- --- A Deputada Municipal Teresa Almeida (PS), no uso da palavra, disse que, antes de mais, desejava salientar um aspecto que para o PS assumia a maior relevância, que era a transparência e o rigor dos documentos financeiros em discussão, transparência essa que ficara também evidenciada nos esclarecimentos que o Sr. Vereador das Finanças, Dr. Cardoso da Silva, prestara à Comissão Permanente de Administração e Finanças da Assembleia Municipal, e que foi reconhecida pelas diversas forças políticas. ---

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--- Sublinhavam que os valores de receita que apreciavam, por contraste com os que constavam de demonstrações financeiras de anos anteriores, pugnavam por um evidente realismo e a aproximação à realidade. --- --- Com este Executivo e com esta maioria, era notório o esforço para colocar um ponto final nos orçamentos que inscreviam receitas insufladas e artificialmente empoladas, com vista a cobrir e a esconder o descontrolo orçamental da despesa da Autarquia. --- --- Salientavam também o que designariam de pioneirismo nestes documentos, ao evidenciar a consolidação com as empresas municipais e o esforço de racionalização do sector empresarial do Município, com a extinção de diversas empresas municipais como a EMARLIS, a SRU Ocidental e a AMBELIS, em linha com o que tinha sido apresentado aos lisboetas em 2007, no âmbito da candidatura “Unir Lisboa”. --- --- Disse que dos documentos em apreço, retiravam ainda o evidente esforço do Executivo no controlo das despesas de funcionamento da Autarquia, tarefa que todos sabiam que era exigente, existia uma monitorização constante tendo em conta, sobretudo, a elevada rigidez dessa componente da despesa. --- --- Destacava também o valor de quase 24 milhões de euros transferidos para as Juntas de Freguesia, que de alguma forma desmentiam os argumentos dos que falavam numa tentativa do Executivo para travar a acção das Juntas de Freguesia e de impedir o seu funcionamento. --- --- Pelo contrário, o que deveria ser enfatizado era que num cenário de tantas restrições e de significativa contenção, o Executivo tudo fizera para evitar a penalização das Juntas de Freguesia da cidade. --- --- Referiu, ainda, que o Relatório de Gestão evidenciava também o esforço da Câmara Municipal de Lisboa para pagar aos seus fornecedores, e assim contribuir para atenuar, e porventura salvar em alguns casos, muitas empresas de Lisboa. Quando tanto se falava em ajudar as pequenas e médias empresas, tinham aí um exemplo de boas práticas. --- --- Em suma, um caminho de rigor e seriedade que devia e tinha de continuar a ser trilhado, sob pena de, caso o não fizessem, comprometerem, de forma irremediável, o futuro da Câmara e da Cidade de Lisboa. --- --- O Deputado Municipal Feliciano David (PCP), no uso da palavra, disse que os seis anos de gestão ruinosa de Santana Lopes e Carmona Rodrigues, deixaram a Câmara Municipal de Lisboa parada e numa grave crise financeira a precisar de uma profunda mudança, mas quem acreditara que o Dr. António Costa e o seu Executivo iriam alterar essa situação, enganara-se. --- --- De facto, o balanço de ano e meio que tem gestão não foi melhor, era claramente negativo. Sobrara retórica mas a situação financeira não se alterara significativamente. As dívidas de curto prazo aumentaram 81 milhões de euros, as de médio e longo prazo cresceram 70 milhões, e como consequência o passivo crescera 116 milhões, ascendendo agora a quase 1.500 milhões de euros. Eram números exactos do Relatório apresentado pela Câmara. ---

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--- No entanto, a Câmara não se podia queixar da falta de receitas correntes, pois elas ascenderam a 527 milhões de euros, ficando acima daquilo que a própria Câmara orçamentara. Apesar da derrama ter tido uma baixa de 21,5% e o IMT uma baixa de 4,6% devido à crise, a quebra de receitas foi reduzida em virtude do aumento de 13 milhões de euros no IMI e aos elevados montantes cobrados pela taxa de conservação de esgotos, que atingira 28 milhões, e pela tarifa de saneamento que foi de 27 milhões. --- --- Estes três últimos impostos e taxas, cuja soma excedia 156 milhões sendo a verba mais alta de sempre, sobrecarregavam fundamentalmente as famílias que de ano para ano cada vez eram mais sacrificadas, calculando-se que cada uma pagara em 2008, em média, cerca de 600 euros. Aliás, esses números vinham dar razão ao PCP quando referira na Assembleia Municipal, na altura da discussão do Orçamento para 2008, que a receita do IMI estava intencionalmente suborçamentada e propusera, oportunamente, a redução da sua taxa. E, de facto, o IMI crescera 15 milhões de euros em relação ao orçamentado pela Câmara, tal como as receitas estruturais que ficaram também acima do orçamentado. --- --- O que provocara então a queda acentuada da receita total arrecadada, que tanta falta fazia ao erário municipal? A responsabilidade, segundo disse, foi inteiramente da Câmara por ter revelado a mais completa incapacidade em gerar receitas extraordinárias, pois da dotação de 45 milhões de euros que tinha orçamentado para a venda de bens de investimento, apenas concretizara 7,4 milhões, verba perfeitamente irrisória, que ficara bem longe dos 149 milhões arrecadados em 2005 e 95 milhões em 2006. --- --- E para agravar ainda mais essa situação, a Câmara pouco conseguira cobrar dos 183 milhões de euros de dívidas em atraso em relação a diversas taxas. Assim, sem recurso para o investimento, o fracasso da Câmara era perfeitamente inevitável. --- --- Com efeito, em 2008 o investimento foi baixíssimo não excedendo 32 milhões de euros. Nem sequer se gastara a verba orçamentada, já de si muito reduzida, ficando por utilizar mais de 23 milhões de euros da dotação prevista, tendo investido menos 35 milhões do que em 2007, que, como sabiam, foi um ano muito difícil já que ocorreram várias vicissitudes que levaram a que a Câmara estivesse parada. --- --- Referiu que a descida percentual verificara-se em todas as rubricas, nomeadamente na habitação o investimento tivera uma quebra de 61%; nas instalações desportivas e recreativas, baixara 95%; nos arruamentos, caíra 83%; nos parques e jardins, foi menos 56%; na iluminação, menos 57%; e na reabilitação urbana, o investimento não excedera 3,8 milhões de euros. E nem os encargos com as dívidas poderiam servir de álibi para esse descalabro, porque em 2008 o montante amortizado foi inferior em 6,8% ao saldado em 2007. Era uma situação grave que punha em evidência a má gestão da Câmara, revelando um grande imobilismo e incapacidade para dar resposta aos problemas da cidade. --- --- Disse que outro aspecto negativo foi apontado pelo Revisor Oficial de Contas, no seu parecer, ao chamar a atenção para deficiências que punham em causa o rigor das contas, entre outros motivos, segundo ele, por não estar concluído o processo do

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inventário dos bens do Município, e por o sistema de inventário permanente obrigatório não funcionar. Confirmava-se, assim, que após ano e meio de mandato, a contabilidade da Câmara não estava ainda em perfeita conformidade com o POCAL. --- Quanto ao Plano de Actividades, disse que a sua taxa de execução foi elevada, 82,4%, mas era perfeitamente virtual porquanto estava longe de reflectir a realidade, sendo resultado da forma como a Câmara o elaborara, visando claramente fins eleitoralistas. --- --- Mas para o PCP essa taxa não foi surpresa, já que previra e denunciara esse cenário, com toda a clareza, aquando da discussão, na Assembleia Municipal, do Plano de Saneamento Financeiro, em 2007. E citava o que então disseram: --- --- “As previsões, ao serem tão conservadoras, retiram credibilidade e rigor técnico ao plano, e a prudência com que definiu metas tão modestas de investimento, facilmente alcançáveis e de tão baixas expectativas, pode levar a pensar que visa assegurar à partida que nos próximos dois anos estes objectivos serão largamente ultrapassados e deste facto tirar ilações políticas.” --- --- E acrescentava, ainda: “Se o Plano de Actividades para 2008 for elaborado sobre esta orientação, fica garantida uma taxa de execução record, muito próxima de 100%.” --- --- Afinal, o PCP tinha razão porque foi isso mesmo que acontecera. --- --- Por outro lado, no Plano de Actividades verificara-se uma grande inversão na aplicação da sua dotação, já que as despesas de funcionamento excederam largamente as de capital, ao contrário do que devia acontecer, pois dos 176 milhões de euros do Plano de Actividades as despesas de funcionamento atingiram 122 milhões, e as de capital 54 milhões, facto que revelava à saciedade um fracasso sem precedentes. --- --- Havia razões para que isso acontecesse, porque foram feitas transferências para um conjunto de entidades, só que, em obra, na realidade foi um verdadeiro fracasso. De facto, não foi um Plano de Actividades minimamente conseguido. --- --- Continuando, disse que em 2008 pouco ou nada mudara, não foi feita uma obra estruturante, meia centena de casas reabilitadas, um equipamento social concluído, a revisão do PDM não foi concretizada, os espaços verdes estavam ao abandono, o trânsito era cada vez mais caótico, nem sequer foi aprovado o Regulamento de Cargas e Descargas, e poderia tê-lo sido, a reabilitação urbana estava parada havendo mais de 4.700 prédios degradados, o parque escolar não foi requalificado, e a insegurança agravara-se. E muitas outras medidas importantes anunciadas, como a criação da central de compras, ficaram por concretizar. --- --- Efectivamente, tudo correra mal ao Sr. Presidente António Costa e ao Executivo. O Plano de Saneamento Financeiro foi chumbado pelo Tribunal de Contas, e citava as razões por ele invocadas: “Devido a insuficiência e falta de sustentabilidade”. Este foi o motivo, e nesse aspecto teriam de concluir que o Tribunal tinha razão, como já ali afirmara por mais que uma vez, embora defendessem o empréstimo. Agora, ele foi mal elaborado. ---

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--- Por outro lado, a coligação com o BE acabara em trágico-comédia com morte súbita, e deixara sequelas, a situação financeira agravara-se e Lisboa continuava parada e a degradar-se. --- --- Só restava a retórica inflamada do Sr. Presidente, publicitando aos quatro ventos uma mão cheia de promessas e de projectos, mas que sabia que não podia realizar. Foi uma gestão marcada por um clima conflituoso com as Juntas de Freguesia devido à ausência de diálogo, pela falta de resolução dos problemas da cidade, com consequências graves para a qualidade de vida das populações. E o Sr. Presidente da Câmara, para justificar esse fracasso, vinha agora fazer o papel de vítima pretendendo transformar a Assembleia Municipal em bode expiatório, acusando-a de ter sido uma força de bloqueio. --- --- A concluir, disse que Lisboa precisava de um novo rumo, apoiado num projecto credível com uma nova estratégia, e de encontrar soluções exequíveis que pudessem gerar os recursos que permitissem o seu saneamento financeiro, por forma a relançar a cidade num novo ciclo de desenvolvimento sustentável que só um Executivo saído das próximas eleições e com um programa diferente do actual, como era o da CDU, poderia concretizar. Neste contexto, e na defesa das populações de Lisboa, o PCP iria votar contra esta proposta. --- --- O Deputado Municipal José Gusmão (BE), no uso da palavra, começou por referir que quando o Executivo do PS tomara posse para este novo mandato, trazia consigo uma vantagem importante que eram as baixas expectativas que as pessoas tinham, sobretudo tendo em conta a gestão financeira de mandatos anteriores. --- --- Depois, disse que tanto do ponto de vista da apresentação das contas como da transparência e qualidade dos documentos que estavam em discussão, ou mesmo do ponto de vista da gestão financeira, não havia qualquer espécie de comparação entre estes documentos e o tipo de documentos a que a Assembleia, infelizmente, tivera que se habituar durante a gestão da direita na Câmara Municipal de Lisboa. --- --- Portanto, se podiam hoje fazer um debate sobre a situação da Câmara com base em números reais e com informação fidedigna, era porque houve trabalho feito nesse sentido, pelo que a sua primeira palavra seria de felicitação, quer aos serviços da Câmara que elaboraram estes documentos, quer também ao Sr. Vereador pela prestação dos esclarecimentos que a Comissão de Finanças entendera pedir-lhe.--- --- Seguidamente, disse que o BE estava à vontade no que dizia respeito à análise destes documentos, porque em nenhum momento e sob nenhum aspecto poderiam ser acusados de ter sido uma força de bloqueio. O BE aprovara o Orçamento a que dizia respeito este Relatório de Gestão, aprovara, e aliás era proposta sua, a contracção de um empréstimo para se converter o endividamento a fornecedores pagando juros de mora, em empréstimo bancário com taxas substancialmente reduzidas, e aprovaram, inclusive, as alterações na fiscalidade municipal que permitiram os aumentos de receitas que hoje estavam demonstrados nestes documentos. ---

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--- Portanto, desse ponto de vista estavam à vontade para manifestar as suas preocupações em relação ao futuro e também em relação ao que foram as prioridades na execução do Orçamento de 2008. --- --- Em primeiro lugar, parecia-lhes positivo que passassem a lidar com taxas de execução que não estavam ao nível do ridículo, ao contrário do que acontecera em exercícios anteriores. Era de alguma forma sintomático que se dissesse que 82% era uma taxa muito elevada de execução do Orçamento, pois isso significava apenas que estavam habituados a muito pouco, ou seja, que estavam habituados a muito nos orçamentos e depois pouco nas medidas. --- --- Mas ao nível das prioridades conviria dizer ainda que as diferentes taxas de execução neste exercício eram também reveladoras de prioridades no Município. Por exemplo, pelos menos nas palavras, teriam um grande consenso com o PS na ideia de que uma das prioridades fundamentais para a Câmara Municipal de Lisboa, ao longo do mandato, seria arrancar, de uma vez por todas, com uma política de reabilitação para a cidade. E o que verificavam no Relatório era que esse era um dos aspectos da execução do Orçamento de 2008 que estava mais atrasado e cujos resultados eram mais insatisfatórios. Isso era preocupante do ponto de vista das prioridades deste Executivo, preocupante do ponto de vista da evolução da vida na cidade, e preocupante também do ponto de vista da seriedade com que a Câmara Municipal de Lisboa queria continuar a gerir o Município. --- --- E falava de seriedade porque os preocupava que depois dos mandatos do Dr. Santana Lopes, a política do cartaz na rua em vez da obra feita, pudesse estar a voltar à Autarquia de Lisboa. Hoje, no jornal Público, vinha um encarte com o programa da reabilitação em números, tinha uma série de estatísticas interessantes, não referia, por acaso, a execução do Orçamento anterior na área da reabilitação, esse seria um número menos vistoso, e também não referia os valores que a Câmara Municipal de Lisboa gastara nessa acção, que era, conviria dizê-lo, uma acção de campanha eleitoral. --- --- E parecia-lhes que quando se discutiam relatórios de contas, e quando o BE tinha, inclusive, a frontalidade de elogiar a transparência com que os documentos eram apresentados, que deveriam também ser igualmente frontais sobre o que pensavam ser uma gestão irresponsável e muito pouco transparente dos dinheiros públicos, em período pré-eleitoral. --- --- O BE entendia que eram devidas explicações à Assembleia Municipal, que eram devidas explicações aos munícipes da Cidade de Lisboa porque durante este mandato lhes foi dito que não seria possível fazer obra porque a situação financeira da Câmara era insustentável, e, já agora, eram devidas explicações a todos os fornecedores que aguardavam, com muita paciência, que a Câmara Municipal de Lisboa pudesse pôr as suas contas em ordem para que pudesse pagar o que devia, porque também eles viam esses encartes no Público e teriam uma ideia, ainda que aproximada, de quanto isso custava à Câmara Municipal e aos contribuintes de uma maneira geral. ---

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--- Portanto, gostariam de obter alguns esclarecimentos sobre estas matérias, nomeadamente sobre que garantias era que o Executivo tinha a dar quanto a essa área da reabilitação, para além dos encartes que punha nos jornais. --- --- Mas também gostaria de dizer que este Relatório consagrava o que era para o BE uma vitória fundamental deste mandato, que perduraria por mandatos subsequentes e que sem dúvida dignificava a Câmara e a Assembleia Municipal que aprovaram essa medida, que era a integração de todos os trabalhadores precários da Câmara. --- --- E quanto a esta questão, pegando numa expressão da intervenção anterior, tinham razão quando defenderam essa forma de integração, esses trabalhadores faziam hoje parte do Quadro da Câmara com todos os direitos que justamente lhes foram atribuídos na sequência desse processo. Ainda bem que foram por esse caminho, ainda bem que foram derrotados os que se lhe opuseram. --- --- Concluiu dizendo que gostariam de obter alguma reacção da parte do Executivo sobre as questões que ali levantaram. --- --- O Deputado Municipal Rui Roque (CDS-PP), no uso da palavra, disse que já ali foram levantadas questões relevantes sobre o presente da Câmara Municipal, que no PAOD da Sessão que a seguir iriam iniciar, também abordariam, mas eram de facto sinais que justificavam aquilo que era a posição do CDS-PP em relação ao Relatório de Gestão e Demonstrações Financeiras da Câmara Municipal de Lisboa. - --- Tratava-se de documentos da maior importância porque eram o retrato da situação económico-financeira da Câmara, e era o culminar de toda uma gestão que o CDS-PP considerava negativa, mas fundamentalmente uma gestão que os cidadãos de Lisboa tinham o direito de conhecer, e tinham o direito de conhecer os seus responsáveis. --- --- Era por isso que estranhavam que não estivessem presentes o Sr. Presidente da Câmara e o Sr. Vice-Presidente, e, aliás, a própria bancada da Vereação estivesse particularmente deserta. Esperava que fossem apenas bem justificadas necessidades de serviço dos Senhores Vereadores, e que estivessem neste momento a prestar serviços relevantes e inadiáveis à Cidade de Lisboa, mas teria sido interessante que a discussão de documentos como estes, com críticas e elogios naturalmente, fosse ouvida por quem de direito, isto é, pelo Sr. Presidente, o Sr. Vice-Presidente e mais alguns Senhores Vereadores, fossem eles da oposição ou do Executivo. --- --- Feita esta nota, referiu que de boas intenções estava o inferno cheio, assim dizia o povo, e no purgatório, que segundo se dizia era o caminho para o paraíso, sem esperança de admissão no paraíso iam continuando os lisboetas. Pelo contrário, o purgatório ia-se tornando cada vez mais quente, cada vez mais escaldante, cada vez mais infernal, porque, de facto, o que os lisboetas viam não era a luz ao fundo do túnel mas um túnel escuro que desembocaria, parecia, um dias destes e definitivamente no inferno. --- --- Era uma visão um pouco alegórica, um pouco graçola, mas que revelava bem aquilo que era o receio do CDS-PP. É que desde há vários mandatos, quase de uma forma chata, vinham alertando para a necessidade de se alterar, estruturalmente, o

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funcionamento da Câmara Municipal de Lisboa, já que, ao contrário daqueles que sistematicamente queriam fazer crer na Assembleia, aqueles que foram responsáveis por largos períodos de gestão da Câmara Municipal e foram responsáveis pela criação fundamental da estrutura da Câmara, que eram, basicamente, o PS e o PCP, o problema da Câmara era um problema estrutural, não era um problema financeiro como defendiam “daquele lado”, porque o Santana Lopes gastara muito dinheiro, o Carmona Rodrigues gastara muito dinheiro, etc., etc. --- --- Enfim, passadas as incompetências de todos os Vereadores possíveis e imaginários, o que era certo é que a Câmara Municipal de Lisboa tinha um problema económico estrutural. Quer quisessem admitir ou não ele existia e era ele que determinava a incapacidade da Câmara em cumprir as suas obrigações, que eram as de servir os cidadãos de Lisboa. --- --- Por exemplo, tiveram neste mandato, e tinham ainda, um Vereador das Finanças que primava pelo rigor. A forma como ele se disponibilizava para prestar informação, para revelar todas as informações necessárias aos órgãos do Município, fosse à Vereação, fosse à Assembleia Municipal, e a própria postura em termos da gestão dos activos financeiros da Câmara, só mereciam da parte do CDS-PP os mais rasgados elogios. --- --- No entanto, o Sr. Vereador foi incapaz, seria inevitavelmente, de alterar o problema estrutural da Câmara Municipal de Lisboa. E a prova de que assim era, é que olhavam para a demonstração de resultados, ou para a execução orçamental, e verificavam que as despesas correntes continuavam a subir. As despesas de capital baixaram porque, obviamente, o Sr. Vereador insistia sistematicamente, como homem de boas contas, em dizer que tinha que pagar aos fornecedores, era óbvio que teria feito todos os esforços possíveis e imaginários para isso, mas o dinheiro não crescia e portanto houve que cortar drasticamente no investimento. Mas isso porque não se resolvera, não se mexera, não se alterara o problema estrutural da Câmara. --- --- Por isso, a despesa corrente subira 5,6%, mesmo em termos de demonstração de resultados que tinham mais que ver com os compromissos assumidos ela crescera também, e mesmo as dívidas a terceiros, apesar de todo o esforço, no fundamental mantiveram-se já que uma redução de 16 milhões de euros num passivo de mil milhões não era relevante. Mas ao menos que se prezasse a contenção desse crescimento, que já era algo que se devia elogiar no Relatório e Contas. --- --- Era um facto que esta situação não poderia continuar, e não poderia continuar por uma razão! É que se percebera que essa contenção do passivo se fizera à custa do investimento, porque de facto a estrutura da Câmara, os gastos correntes, os consumos correntes, esses, no fundamental, continuaram a crescer. Teriam crescido menos, teria havido um esforço, houve com certeza, mas, no fundamental, nada foi feito para alterar a estrutura da Câmara, nada foi feito para, como o CDS-PP tem insistido, alterar, por exemplo, a distribuição dos serviços da Câmara, as suas instalações, alterar a formação dos trabalhadores, alterar a alocação dos recursos humanos. Nada disso foi no fundamental feito, e, portanto, a Câmara Municipal de

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Lisboa continuaria, inexoravelmente, a exigir mais e mais recursos apenas para existir, e não para investir servindo os cidadãos de Lisboa. --- --- E enquanto assim fosse, por mais Vereadores das Finanças que houvesse, como o Dr. Cardoso da Silva, que tentavam a todo o custo honrar os seus compromissos, a Câmara Municipal de Lisboa não mudaria de vida. Esse era o drama que se verificava e que este Relatório e Contas revelava aos cidadãos de Lisboa. E era por este drama que o Sr. Presidente da Câmara, o Sr. Vice-Presidente e todos os Vereadores, sem excepção, deveriam estar ali para assumir este documento, que era um documento muito importante porque espelhava aquilo que foi o fundamental do mandato, já que o resto do mandato iria ser assim. Ir-se-ia gastar dinheiro nisto e naquilo, gastar 35 mil euros em faixas mentirosas que se punham em prédios, enfim, o mandato aproximava-se do fim e o que vinha aí eram coisas muito feias, era algo que o CDS-PP nunca gostara de ver, mas que, infelizmente, se iam repetindo em finais de mandato, que era esquecerem-se que tinham uma cidade para governar mas continuavam a vender propaganda aos cidadãos de Lisboa à custa não sabia de quê. --- O Deputado Municipal Victor Gonçalves (PSD), no uso da palavra, começou por salientar que esta era uma das reuniões mais importantes deste ano, na medida em que foi convocada para analisar o que foram as contas e os resultados do ano de 2008, e constatava-se, com pena sua, que os principais interpretes desse ano não estavam presentes. Salientava a presença do Sr. Vereador Cardoso da Silva, responsável pelas contas, mas lamentava a ausência do Sr. Presidente da Câmara e também do Sr. Vice-Presidente, Vereador Manuel Salgado, naturalmente uma das vertentes mais fortes na óptica do actual Executivo. --- --- Disse, depois, que o Deputado Municipal Jorge Santos levantara ali algumas questões que, no seu entender, eram muito pertinentes. --- --- De facto, ele referira que se surpreendera quando analisara a evolução das contas ao longo dos sete, oito ou nove anos. E surpreendera-se porque, como um recente eleito na Assembleia Municipal, foi bombardeado durante todo o mandato, e ainda foi hoje pelo Sr. Deputado Municipal representante do PCP, com a ineficiência, a incapacidade e o despesismo abusivo da Câmara gerida pelo Dr. Pedro Santana Lopes. --- --- A opinião pública aceitara essa ideia quase que como um facto consumado, mas o que acontecera, e era visível, foi essa a pergunta que o Deputado Municipal Jorge Santos fizera ao Sr. Vereador Cardoso da Silva, era que sendo o Sr. Vereador um especialista nessa área e uma pessoa reconhecidamente honesta e verdadeira, que ao ter estado também na Comissão Administrativa no tempo em que foram preparadas as eleições que conduziram a esta maioria, tivera oportunidade na altura – ele próprio lho dissera – de fazer um apanhado global de todas as contas das finanças da Câmara, que depois submetera, aberta e honestamente, a todas as forças políticas que as quiseram verificar. --- --- Portanto, o Sr. Vereador Cardoso da Silva era, entre todos os presentes, a pessoa com mais capacidade para dizer se isso era verdade ou era mentira. E só queriam isso! Não queriam tão pouco que se dissesse que as despesas que foram

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incorporadas depois de 2002 foram inúteis, que não foram necessárias, porque essas despesas naturalmente foram necessárias. Foram despesas dos empréstimos do PER, e o PER foi uma boa medida que foi tomada no tempo da anterior maioria; foram despesas que tinham que ser incorporadas porque diziam respeito às contas da Parque-Expo, que era também necessário incorporar e foram-no, mas foram-no a posteriori; foram também despesas com as obras feitas no Casal Ventoso, que foram necessárias e que saudavam. --- --- Não estava em causa o julgamento da razão dessas despesas, o que estava em causa era saber se elas existiram, era saber se elas foram ou não foram incorporadas nos mandatos seguintes, e se foram ou não foram aumentar significativamente aquilo que era o endividamento da Câmara nestes últimos anos. Se era ou não era verdade que se tirassem esses valores encontrariam um endividamento parecido com aquele com que se iniciaram esses mandatos. --- --- Era essa a questão fundamental. Não era julgar a forma e a razão dessas despesas, era julgar apenas se existiram ou não existiram, se foram ou não foram assumidas em mandatos anteriores e foram incorporadas em mandatos seguintes. Como, aliás, neste exercício se iria verificar com o contrato inominado em relação à SGAL, pois também aí havia a assunção de despesas que poderiam, eventualmente, ser retiradas daquilo que era a capacidade deste exercício. E tinha a certeza que o Sr. Vereador Cardoso da Silva lhes iria dizer isso, e diria isso porque tinha que dizer a verdade. --- --- É que já estavam fartos de mentiras, de propaganda, de criar a diabolização do mandato do Dr. Pedro Santana Lopes relativamente a essas questões. --- --- Disse que ia repetir as dívidas que foram adicionadas: 155 milhões de euros da Parque-Expo, 40 milhões do Casal Ventoso, 180 milhões de empreitadas não assumidas do PER. Isso tudo, com os 560 milhões que vinham do mandato anterior, dava os cerca de 900 milhões com que terminaram o mandato. --- --- Referiu que tinha a certeza que da parte do Sr. Vereador haveria uma resposta concludente em relação a essas afirmações, mas se porventura ela não fosse dada, era obrigação da Assembleia insistir o necessário para que essas palavras fossem ditas até que isso fosse esclarecido, para que essas dúvidas que existiam na opinião pública fossem retiradas de uma vez por todas. --- --- Passando à análise do Relatório e das Demonstrações Financeiras, disse que à semelhança do que foi ali referido pelo representante do BE, queria igualmente agradecer ao Sr. Vereador o bom trabalho que representavam estes documentos, e também aos serviços da Câmara que, ao longo de muitos anos, têm demonstrado uma capacidade enorme na realização e na apresentação desta documentação e da análise que era feita a todos os resultados dos vários exercícios. --- --- Disse que segundo afirmação do Sr. Presidente da Câmara, 2008 foi o ano de arrumar a Casa, foi o ano de pôr as contas em dia, foi o ano de acertar o passo da Câmara. Portanto, era um ano para pagar as contas, era um ano em que se previa que esses resultados fossem francamente bons. ---

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--- Mas as dívidas de terceiros que constavam do balanço de 2008 aumentaram 152%. Eram, segundo supunha, dívidas não cobradas, e quando uma Câmara aumentava 152% naquilo que era a sua própria cobrança, não se podia dizer que estava a fazer um bom mandato, já que esse era um aumento brutal. A menos que houvesse uma razão que o Sr. Vereador ou o Sr. Presidente lhes quisessem explicar. --- E no tocante às dívidas a terceiros, portanto as dívidas da Câmara para com terceiros, a médio e longo prazo atingiram 650.473.476,00 euros, e a curto prazo atingiram 460.597.155,76 euros. Ou seja, as dívidas, no balanço da Câmara, ultrapassaram em muito os 900 milhões de euros já que atingiram 1.116.070.631,83 euros. E no balanço consolidado, que era outro elemento que fazia parte da demonstração de resultados, já os valores eram diferentes, e eram diferentes para mais visto que as dívidas a médio e a longo prazo passavam para 724 milhões de euros, e as dívidas a curto prazo passavam para 661 milhões. Ou seja, no balanço consolidado as dívidas totalizavam o montante de 1.385.444.547,23 euros. Portanto, durante este exercício, verificara-se um aumento significativo das dívidas da Câmara relativamente a terceiros. --- --- No entanto, era de salientar que, talvez pela falta de iniciativa que se obtivera durante 2008, o resultado líquido foi positivo, o que também não era de louvar. O resultado líquido foi positivo na medida em que as receitas ultrapassaram as despesas, e foi positivo em 131 milhões. --- --- Isto, disse, relativamente à demonstração de resultados que depois estava escalpelizada por muitos mapas discriminativos de todas essas contas, porque aquilo que referira foi o montante global, aquilo que eram os grandes números deste exercício. --- --- Haveria razões, e o Sr. Vereador naturalmente explicá-las ia, como houve razões no passado relativamente àquilo que foi a acusação feita ao antigo Presidente da Câmara. E agora, com as razões que estavam ali a assumir relativamente a este aumento muito significativo do endividamento da Câmara, não estavam a diabolizar a Câmara por isso. Esperavam era que houvesse uma justificação, e se ela fosse naturalmente aceitável teriam todo o gosto em viabilizar estes documentos. --- --- Portanto, porque as dívidas muitas vezes eram necessárias, o que estava ali era um exercício de verdade, um exercício de honestidade, um exercício de franqueza, era dizerem, olhos nos olhos, aquilo que cada um fizera, e culpar, louvar, agradecer quando era bom, e, naturalmente, criticar quando era mau. Não era utilizar argumentos falsos, porque não era por se repetir uma mentira muitas vezes que ela passava a ser verdade. Esse anátema que caíra sobre a gestão anterior tinha que ser resolvido, tinham que pedir a esta Câmara que, com toda a humildade e toda a franqueza, dissesse exactamente aquilo que se passara. --- --- Em relação ao Relatório de Gestão, disse que as diferenças, analisando os vários rácios, não eram muito significativas em relação ao ano de 2007. Houve uma questão, que era de louvar, que foi a introdução no Quadro da Câmara dos trabalhadores que estavam a recibo verde, portanto com contrato a prazo, uma medida que há muito vinha sendo analisada no sentido de ser resolvida, e, como foi

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dito pelo BE, também entendiam que foi um passo pelo qual tinham que louvar este Executivo, porque resolvera um problema grave de muitas centenas de pessoas. --- --- Em relação às admissões, disse que aumentaram os tais 259% em relação a 2007, por força dos 917 trabalhadores a recibo verde que entraram no Quadro, portanto não havia aí nada a considerar. --- --- Na saúde ocupacional, na segurança, na acção disciplinar e nos indicadores aí é que já havia algumas considerações a fazer. Nos indicadores de eficácia verificara-se um ligeiro aumento, mas já nos indicadores de eficiência e produtividade, relativamente a 2007, verificara-se uma diminuição na generalidade, o que também era significativo. Se calhar teria uma justificação, mas havia aí um facto a considerar, é que quem assumira pôr a casa em ordem e resolver muitas outras questões, afinal pouco ou nada resolvera. --- --- Terminou reiterando o pedido ao Sr. Vereador Cardoso da Silva para resposta

às questões que lhe foram formuladas. --- --- O Deputado Municipal Sobreda Antunes (PEV), no uso da palavra, disse

que a Câmara apresentara à Assembleia Municipal, através da proposta 367/2009, o Relatório de Gestão e Demonstrações Financeiras de 2008, e nela propunha a criação de um grupo de trabalho com vista à inventariação e registo do património imóvel do Município, bem como incumbir a Direcção Municipal de elaborar uma “metodologia” que conduzisse à implementação de um sistema de inventário permanente. --- --- Quanto a esses pontos, nºs 2 e 3, pouco haveria a dizer por decorrerem de uma actividade municipal que era da responsabilidade inerente aos serviços, e que já deveria inclusivamente estar concluída, só pecando pelo atraso da sua elaboração. Duvidavam mesmo que a Assembleia tivesse de estar ali e agora a autorizar essas normais incumbências do Câmara. --- --- Por outro lado, em anexo era ainda apresentado um Parecer do Revisor Oficial de Contas, com a respectiva Certificação de Contas, e onde o Revisor deixava algumas reservas, designadamente, por: citou “não poder garantir que os saldos estivessem isentos de erros e de distorções”. --- --- Ou seja, com a entrada em vigor, há dois anos, da nova Lei das Finanças Locais, todos os municípios eram obrigados a ter as contas auditadas por um Revisor Oficial de Contas, e no primeiro ano em que o Município de Lisboa as auditava por um Revisor Oficial, a empresa levantava várias reservas às Contas relativas a 2008, apresentadas pela Câmara. --- --- Embora o Parecer do auditor não chumbasse a demonstração de resultados apresentada pelo Executivo, apresentava um conjunto de reservas. Em concreto, a Câmara registava nas Contas a existência de 565 milhões de euros em bens que não sabia quais eram e havia dinheiro que saíra das contas bancárias da Câmara que não constava da respectiva contabilidade, ou seja, nem sequer era possível perceber onde ele foi gasto. --- --- O Revisor destacava a ausência de amortização do imobilizado, o não poder garantir a razoabilidade do montante total das acções pendentes nos projectos judiciais em curso, e o facto de as reconciliações bancárias se encontrarem pendentes nos

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serviços há vários anos. Também não lhe escapara a gravidade do famoso Contrato Inominado celebrado com a SGAL, pelo que “Os Verdes” insistiam voltando a questionar quando iria o Executivo proceder de vez à revisão desse leonino contrato. - --- Daí que o Parecer da empresa revisora de contas lhes fizesse lembrar os iluminados pareceres de algumas das Comissões da Assembleia Municipal, quando, concluindo a análise de algumas propostas da Câmara, reportavam que os documentos “estão em condições de serem votados pelo Plenário”. O mesmo se passava com o Parecer do Revisor, onde afirmava, citou: “os documentos de prestação de contas do Município de Lisboa referentes ao exercício de 2008, apresentam-se elaborados de acordo com os princípios contabilísticos”, ou seja estavam prontos a ser votados. E daí não saía. --- --- No fundo, isso significava que, em termos políticos, algo nas contas não ia bem, mas, mais devagar, passava à abordagem ao Relatório de Gestão e às Demonstrações Financeiras de 2008. --- --- À cabeça das contas era de destacar que o endividamento da Autarquia subira 7% em 2008, atingindo um total de 667,2 milhões de euros e que, apesar da Câmara ter reduzido para metade o investimento na cidade em 2008, ao todo foram gastos 32 milhões de euros, contra 66,9 milhões de euros em 2007, o que traduzia uma quebra de 52,1%. --- --- Disse que a situação de endividamento da Autarquia e a consequente falta de margem para contrair novos empréstimos, obrigara o Executivo a cortar tanto na despesa como no investimento, e, ainda assim, o endividamento crescera 43,8 milhões de euros em 2008, face a 2007, para a fasquia dos 667,2 milhões de euros. --- --- Mas havia mais alguns números a destacar: o passivo da Câmara aumentara 8,4% face a 2007, ou seja, 116 milhões de euros, nele se incluindo as dívidas a terceiros, os diferimentos e as amortizações. Também as dívidas de curto prazo subiram em flecha, 21,4%, ou seja, aumentaram entre 2007 e 2008 mais 80 milhões, passando para 461 milhões de euros. --- --- Se a cereja no topo do “bolo orçamental” ficara reservada para os 24,3 milhões de euros que as empresas municipais sorveram a título de subsídios e de cobertura de prejuízos – e cabia aqui insistir na pergunta se não se podia exterminá-las ou fundi-las de vez – já no capítulo da execução, as despesas com a requalificação do Alto do Lumiar se ficaram por cerca de 50%, dinheiro que seria destinado a adquirir habitações da zona para reabilitação e a construir algumas novas casas. --- --- Quanto à resolução da dívida, não solucionada como previsto, durante o ano de 2008, devido ao Parecer negativo do Tribunal de Contas ao empréstimo, disse que teriam sido efectuados acordos de pagamentos no valor de 112 milhões de euros, sendo que as condições financeiras dos mesmos tinham vindo a piorar, ao que parecia por força do aumento dos spreads impostos pela banca. --- --- E fora do Orçamento municipal teriam ainda ficado largas dezenas de milhões de euros de despesas obrigatórias e de dívidas a fornecedores, a começar pelos já referidos 565 milhões de euros em bens com paradeiro desaparecido. ---

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--- Esse valor estava integrado na rubrica “imobilizações corpóreas”, mas excluía os imóveis da Autarquia. Na prática esses 565 milhões podiam corresponder a várias coisas, desde computadores a outros equipamentos, embora esse montante não dissesse exclusivamente respeito a 2008 pois vinha transitando de anos anteriores. ---- --- Referiu que ainda de acordo com o Parecer do Revisor Oficial de Contas, citou: “encontram-se pendentes de análise e consequente regularização e/ou contabilização, há vários anos, diferenças entre os movimentos efectuados nas contas bancárias e os registados na contabilidade, propriamente dita, e reportada ao final de 2007”. --- --- Em causa estavam saídas de dinheiro das contas da Câmara no valor de 2,6 milhões de euros, que não estavam comprovadas ou explicadas na contabilidade, bem como entradas de dinheiro no valor de 5 milhões. Mas o inverso também acontecia, pois existiam operações no valor de 4,7 milhões que estavam registadas na contabilidade, mas sem a respectiva correspondência nas contas bancárias e ainda créditos no valor de 4,5 milhões de euros. --- --- A empresa revisora de contas fazia também referência às provisões do Município em 2008 para liquidar eventuais processos judiciais, visto a Câmara manter processos no montante de 473 milhões de euros, tendo cautelosamente provisionado cerca de 20% dessa importância para pagar aqueles processos que, com toda a probabilidade, iria perder, mas cuja provisão não passava de estimativa. --- --- Disse que apesar do esforço do Sr. Vereador das Finanças, que ali registavam, “Os Verdes” tinham, por tudo isso, grandes dificuldades em entender o real alcance dos resultados espectáveis nas Demonstrações Financeiras, bem como as referidas regularizações contabilísticas poderem permitir um aumento líquido do saldo, o que, pensavam ficar claramente por comprovar. --- --- Referiu que a Câmara tivera um ano inteiro para recompor ou embelezar o Orçamento municipal, mas, pelas questões afloradas no relatório do Revisor, as dúvidas ou omissões permaneciam mais que muitas. --- --- Por isso, disse a terminar, a votação do Grupo Municipal de “Os Verdes” seria distinta nos diferentes pontos contidos na proposta 367/2009, propondo à Mesa a sua votação ponto por ponto.” --- --- A Senhora Presidente, relativamente a esta última questão, informou que o único ponto que seria colocado à votação seria justamente o ponto 1 porquanto os demais não eram matéria da competência da Assembleia. --- --- O Deputado Municipal Carlos Barroso (CDS-PP), no uso da palavra, disse que a análise deste ponto prendia-se não somente com números mas também com a actividade do Executivo municipal durante o ano de 2008. Prendia-se com aquilo que eram os compromissos eleitorais assumidos pelo PS e pelo Vereador Sá Fernandes e avaliar se foram ou não foram cumpridos. E, acima de tudo, o que resultava do ano de 2008 era uma falta de visão de futuro da cidade, uma falta de definição de prioridades para a política da cidade. --- --- Disse que o Sr. Presidente António Costa, de cada tema que vinha a público, de cada tema que vinha à Assembleia, de cada tema que falava à comunicação social, era tudo uma prioridade. E numa cidade como Lisboa, na gestão de uma Autarquia como

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a de Lisboa, tinha que haver prioridades, só que as prioridades reais não podiam ser aquelas que davam mais jeito a nível eleitoral ou nível de calendarização de futuros compromissos políticos. --- --- Não sabiam, em rigor, quais eram as prioridades deste Executivo. Ao longo do último ano, o CDS-PP apresentara na Assembleia Municipal inúmeras propostas com áreas específicas, com prioridades definidas, mas que receberam da parte do Executivo uma resposta quase nula. --- --- Referiu que ao apresentar este Relatório de Gestão, o Executivo se esquecera de mencionar alguns aspectos marcantes do ano de 2008. Esquecera-se de mencionar a submissão que a Câmara Municipal de Lisboa tivera, relativamente ao Governo da República, em duas questões fundamentais para a cidade: a terceira travessia do Tejo e o alargamento da área dos contentores no Porto de Lisboa. --- --- Por outro lado, esquecera-se também de referir o falhanço que tivera no Pelouro da Educação, com a candidatura, que prejudicara Lisboa, ao QREN. Portanto, as trapalhadas de que tanto falavam também marcaram o ano de 2008, da gestão PS/BE. - --- Esqueceram-se também de falar do fecho das praças públicas, aquilo que alguns, antes de serem Vereadores com responsabilidades, chamariam certamente de cedência aos grandes interesses económicos e que com certeza teriam intentado várias acções populares para evitar aquilo que eles próprios acabaram por fazer aos cidadãos de Lisboa. --- --- Mas esse ano foi ainda marcado pela degradação das condições políticas de governação da cidade, que vieram a culminar, já este ano, com a saída do Vice-Presidente da Câmara Municipal. --- --- Disse que o CDS-PP considerava que 2008 foi um ano desastroso para a cidade, porque aquilo que seria essencial fazer não foi feito. Mas dava três ou quatro exemplos fundamentais que marcaram a crítica e as propostas que fizeram durante o ano que passara, que estavam a analisar. --- --- Começou por referir que era entendimento do CDS-PP que não foi feita uma verdadeira reestruturação dos serviços da Câmara. Aliás, permitia-se mesmo dizer que nada foi feito em termos de reestruturação dos serviços da Câmara, e isso, como já ali tiveram oportunidade de referir, seria a base para se construir uma dinâmica maior na cidade, uma dinâmica maior na estrutura da Câmara e uma dinâmica de resposta aos cidadãos. --- --- Por outro lado, não houve uma articulação de funções com as empresas municipais, como sempre defenderam. Era verdade que se extinguiram duas SRU’s, mas mesmo aí o governo da cidade andara mal porquanto não soubera explicar à Assembleia Municipal, e não soubera explicar a Lisboa, porque era que as SRU’s interessavam numa zona da cidade e não interessavam noutra. Assim como não explicara, à Assembleia Municipal e à cidade, a razão porque aceitava ou não aceitava o modelo das SRU’s. --- --- Em matéria de espaços verdes, disse que 2008 foi um ano marcado pela incompetência da Vereação nesse Pelouro. Primeiro, foi o problema da delegação de competências, depois, aquilo que era da responsabilidade da Câmara estava hoje

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completamente degradado, estava completamente ao abandono dia após dia. De resto, passeando-se pela cidade, via-se que os únicos espaços verdes que o eram verdadeiramente, eram justamente aqueles que estavam a ser tratados pelas Juntas de Freguesia. --- --- Aliás, na página 41 e seguintes do Relatório de Gestão, era curioso verificar qual foi a margem de execução dos espaços verdes para se ver efectivamente qual foi a actuação do respectivo Pelouro no ano de 2008. --- --- Sobre a acção social, disse que leram o Relatório de Gestão e não encontraram uma única medida para a terceira idade da cidade. Todos sabiam a importância que a terceira idade deveria merecer por parte da Autarquia, mas era um facto que não havia uma resposta, não havia uma medida, não havia uma solução, não havia um apoio permanente por parte da Câmara Municipal. --- --- Relativamente ao desporto, disse que o Relatório de Gestão limitava-se a anunciar apoios, subsídios e incentivos, porque não havia actividades próprias da Câmara. Ou seja, com o actual Executivo, do PS, o desporto promovido pela Autarquia morrera em Lisboa. --- --- Sobre a mobilidade, disse que era um tema que lhes era caro, um tema no qual se empenharam ao longo do mandato, alertando sucessivamente a Câmara para os problemas a esse nível. Mas a verdade era que terminaram mais um ano com o trânsito caótico em Lisboa, com a circulação cada vez mais difícil na cidade, com a falta de articulação nos transportes públicos, e com a falta de coordenação no trânsito e na sinalização, quer luminosa, quer vertical. --- --- Ainda sobre a mobilidade, disse que, falando do passado que alguns tanto gostavam de falar, convinha lembrar que foi o Governo do PSD/CDS-PP, liderado pelo Dr. Santana Lopes, que criara a Autoridade Metropolitana de Transportes, e que foi o Governo do PS, na altura do Dr. António Costa, que suspendera criação dessa Autoridade para a reformular e passados três anos continuavam sem Autoridade Metropolitana de Transportes e continuavam também sem uma articulação dos transportes em Lisboa. Era preciso lembrar isso! --- --- A Senhora Presidente pediu alguma contenção nas intervenções, porquanto tinham público à espera que estava inscrito para intervir no início da próxima Sessão, e tinham acordado que este ponto seria discutido e debatido no período de uma hora, que já há muito estava ultrapassado. --- --- O Deputado Municipal Domingos Pires (PSD), Presidente da Junta de Freguesia de Benfica, no uso da palavra, disse que nas contas de 2008, independentemente dos aspectos técnicos que na realidade estavam considerados por mérito próprio na sua elaboração, havia alguns factos importantes a realçar. --- --- Em primeiro lugar, desejava referir que o Relatório de Gestão apresentava como resultado líquido o valor de 131,1 milhões de euros, o que, contudo, não correspondia inteiramente à verdade, não só do seu ponto de vista técnico, como também do ponto de vista do Revisor Oficial de Contas já que este considerava que estavam incorporados nesse resultado 71,5 milhões de euros que deveriam ter sido levados a resultados transitados e não a resultados de exercícios porquanto respeitavam a

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exercícios anteriores. Por isso, o resultado líquido do exercício reduzia-se a 59,6 milhões de euros. --- --- Em relação a outros valores, disse que havia alguns números que lhes deixavam certas dúvidas, nomeadamente as contas de outros devedores e credores, tanto do activo como do passivo. --- --- Quanto ao passivo, disse que as contas aumentaram de 2007 para 2008, 198 milhões de euros, e embora as contas do activo tivessem aumentado 160 milhões, havia ali um aumento de 30 milhões de euros, que era um valor muito expressivo, e naturalmente esses valores com outros valores de longo, médio e curto prazo, justificavam o agravamento do endividamento em 116 milhões de euros nas contas de 2008. --- --- Disse que já foram ali referidos valores por outros colegas, nomeadamente a venda de património que realizara tão só uma venda de 7,4 milhões de euros, mas esse era um factor que na realidade contava para efeito de resultados extraordinários, e como a venda foi baixa naturalmente os resultados extraordinários aí também teriam que ser necessariamente baixos. Por isso, a correlação estava explicada. Embora os resultados extraordinários fossem substancialmente elevados, tal devia-se a encontros feitos com a SGAL, empresa que promovia o empreendimento do Alto do Lumiar. ---- --- Sobre as contas em si, disse que o próprio Revisor Oficial de Contas ressalvava e punha reservas em vários pontos. Desde logo, punha reservas na inventariação dos valores incorporados no inventário quando dizia que faltavam incorporar 565 milhões de euros, e referia depois o problema do inventário permanente que a Câmara não tinha, um instrumento de gestão fundamental que deveria ser urgentemente instituído pela Câmara nos diversos serviços onde existiam bens de consumo corrente e não só, já que só com um inventário permanente se poderia fazer um controlo de gestão rigorosa e assim se chegar ao fim do ano e apresentar números também rigorosos. De resto, isso era exigido por Lei. --- --- Para além disso, havia o problema das várias acções pendentes em tribunal contra a Câmara, que atingiam 472,9 milhões de euros, para as quais só 20% estavam provisionados. Naturalmente não estavam agora a abordar o mérito ou demérito das acções, o tribunal decidi-las-ia a seu tempo, mas parecia-lhe que realmente o valor das previsões era baixo. --- --- Por outro lado, alertavam também no sentido de que era urgente que se fizesse a reconciliação bancária e se acertassem os números que existiam, que não eram de agora já vinham de trás, porque na realidade não jogava uma coisa com a outra. Era preciso que se nomeasse uma comissão para que essa situação fosse posta no ponto da verdade. --- --- Quanto ao problema do endividamento, disse que esse era um problema recorrente, já vinha de há vários anos, não era deste Executivo nem era dos dois anteriores, mas vinha já do tempo do Executivo presidido pelo Dr. João Soares, e relembrava esta situação só para que se situassem muito bem no problema. Quando o Dr. Santana Lopes ganhara as eleições, em 2002, o montante da dívida andava nos 560 milhões de euros, mas a acrescentar a isso havia outros factores importantes

Referências

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