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Leis Especiais Prof. Rodolfo Souza

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Atualização - Lei dos Crimes Hediondos

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LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – LEI 8.072/90

1. CRIME HEDIONDO

1.1 Conceito

Trata-se de conduta humana reprovável, tipificada como crime, considerada asquerosa, nojenta, repugnante, sórdida e depravada, por essa razão merecedora de tratamento penal mais rigoroso.

1.2 Definição de crime hediondo

a) Sistema judicial – é o juiz quem, na apreciação do caso concreto, diante da gravidade do

crime, decide se a infração é ou não hedionda.

b) Sistema legal – compete ao legislador enumerar, num rol taxativo, quais delitos serão

considerados hediondos.

c) Sistema misto – o legislador apresenta rol exemplificativo de crimes hediondos, deixando

ao juiz um campo fértil para encontrar outros casos.

Obs.: O Brasil adotou o sistema legal – art. 5º, XLIII, da CF – o constituinte outorgou ao legislador

ordinário a tarefa de definir quais crimes serão considerados hediondos, todavia, já enumerou os equiparados a hediondos – tráfico de drogas, terrorismo, tortura.

Obs.: O STF vem adotando um quarto sistema: o legislador apresenta um rol taxativo de crimes

hediondos, devendo o magistrado confirmar a hediondez na análise do caso concreto (o juiz não vai complementar; apenas confirmará se aquele crime tem requintes de hediondez) – GUILHERME DE SOUZA NUCCI também é filiado deste sistema.

2. ROL DOS CRIMES HEDIONDOS

São considerados hediondos os seguintes crimes todos tipificados no Código Penal (Dec. Lei 2.848/40), consumados e tentados:

• Inciso I – Homicídio quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente – (art. 121, Caput do CP);

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O homicídio simples, em regra, não é hediondo, salvo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente – trata-se de um homicídio condicionado. Trata-se de circunstância muito imprecisa, muito criticada pela doutrina. Por ex., não se sabe, pela lei, o que é a “atividade típica de grupo de extermínio”. A doutrina a conceitua como sendo a chacina, matança generalizada. Outra crítica feita é que, esta forma de crime jamais será praticada sobre a forma simples, sendo caracterizado sempre a qualificadora – PAULO RANGEL, NUCCI.

Obs.: Conforme o art. 121, § 6º, CP a pena será aumenta de 1/3 (um terço) até a 1/2 (metade)

se o crime for praticado por grupo de extermínio.

• Inciso I – Homicídio qualificado – (art. 121, 2º, I a VII do CP);

Tratando-se do homicídio qualificado, todas as qualificadoras redundam no crime hediondo (art. 121, parag. 2º, do CP). Importante destacar que em 2015 foram inseridos os incisos VI e VII ao parágrafo segundo do artigo 121 do Código Penal, pela Lei 13.104/15 e Lei 13.142/15 respectivamente. O inciso VI, trata do homicídio qualificado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (Feminicídio) e o inciso VII, trata do homicídio contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o terceiro grau inclusive, em razão dessa condição.

Obs.: O homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, CP) não é hediondo.

Homicídio qualificado-privilegiado é hediondo?

1ª corrente – é hediondo, pois a lei não excepciona esta figura.

2ª corrente – Não é hediondo, pois o privilegiado prepondera sobre a qualificadora – tal corrente

faz uma analogia ao art. 67 do CP – no concurso de agravantes e atenuantes, prepondera a de natureza subjetiva (onde está escrito agravante, colocar-se-á “qualificadora”; onde estiver escrito atenuante, colocar-se-á “privilégio”) – a segunda corrente é a que prevalece no STF e no STJ.

• Inciso I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; Incluído pela Lei 13.142/15

• Inciso II – Latrocínio – (art. 157, parág. 3º, in fine, do CP);

O art. 157 trata do crime de roubo e o parág. 3º traz o roubo qualificado (se da violência resulta lesão grave ou morte, a pena é qualificada). Só é hediondo o roubo qualificado pela morte (parte final do parág. 3º). O roubo qualificado pela lesão grave não é hediondo.

A morte pode ser dolosa ou culposa – o crime permanecerá hediondo. A morte tem que ser decorrência da violência. Se a morte resultar da grave ameaça – não é latrocínio – STF. A violência deve ser empregada durante e em razão do roubo (é imprescindível o fator tempo e o fator nexo).

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Ex.: uma semana depois do roubo, o bandido mata o gerente do banco que o reconheceu – não

é latrocínio (foi em razão, mas não foi durante o roubo) – será roubo combinado com homicídio. A morte é o meio para alcançar o fim – o roubo.

Obs.: Assaltante que mata o outro para ficar com o proveito do crime, não é latrocínio (trata-se

de roubo + homicídio torpe).

Obs.: O assaltante que mata o outro, por tentar matar a vítima – art. 73 do CP – aberratio ictus

– considerará as qualidades da vítima virtual e não da vítima real, logo, é latrocínio.

Obs.: Se a intenção inicial do agente era matar e só depois resolveu subtrair, trata-se de

homicídio seguido de furto – não é latrocínio.

Súmula 603 do STF – latrocínio não vai a júri, pois é crime contra o patrimônio – competência

do juiz singular.

Súmula 610 do STF – há crime de latrocínio consumado quando há a consumação da morte,

ainda que a subtração seja tentada –

• Inciso III – Extorsão qualificada pela morte – (art. 158, parág. 2º, do CP); Tudo que se aplica ao latrocínio se aplica a este crime.

A diferença é que no crime de roubo o agente subtrai o bem ou pode, de imediato, subtrai-lo, mesmo que exista colaboração por parte da vitima. Ex.: o agente aponta a arma e manda a vítima entregar o relógio.

Haverá extorsão quando a vítima entregar o bem e ficar demonstrado que sua colaboração era imprescindível para o agente obter a vantagem. Ex.: carta constrangendo a vítima mandar dinheiro, sob ameaça de revelar segredo íntimo. Constranger a vítima fornecer senha do cartão de crédito.

• Inciso IV – Extorsão mediante sequestro – (art. 159, caput e parágrafos, do CP).

Tal crime sempre é crime hediondo, não importa se na forma simples ou qualificada. Diferencia-se do “Diferencia-sequestro relâmpago” (art. 158, § 3º,CP), porque na extorsão mediante Diferencia-sequestro, o resgate é exigido de outras pessoas (familiares em geral), enquanto, no “sequestro relâmpago”, não há essa exigência a terceiros, mas a própria pessoa sequestrada.

• Inciso V – Estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º);

Considera-se estupro o ato sexual ou qualquer outro ato libidinoso (dedos na vagina, sexo oral), mediante violência ou grave ameaça à pessoa da vítima ou a terceiro.

• Inciso VI – Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º);

Considera-se vulnerável, pessoa menor de 14 anos, ou pessoa portadora de enfermidade ou doença mental, que não tenha o necessário discernimento para a pratica do ato. Nessas hipóteses a pratica da conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso será crime, mesmo que exista o consentimento da vítima.

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O tipo consiste em causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos (vírus, bacilos ou protozoários) e se caso tal conduta resultar na morte de alguém, o crime será considerado hediondo, sendo a pena prevista no caput (reclusão de 10 a 15 anos) aplicado em dobro ao agente.

Ex.: meningite, sarampo, gripe, febre amarela;

Faz-se necessário que a conduta provoque epidemia, ou seja, surto de uma doença que atinja grande número de pessoas em determinado local ou região. O crime pode ser praticado por qualquer meio: contaminação do ar, da agua, transmissão direta etc.

• Inciso VII, B – Falsificação, adulteração de produtos farmacêuticos e medicinais – (art. 273, § 1º, § 1-A, § 1-B do CP).

O art. 273, caput, pune o falsificador do produto terapêutico ou medicinal. A pena é de 10 a 15 anos. O parágrafo 1º pune aquele que guarda, expõe a venda, vende produto já falsificado. A pena é a mesma, 10 a 15 anos. O parágrafo 1º-A abrange como objeto material outros produtos, como por ex., cosméticos e saneantes.

Obs.: quanto aos cosméticos, trata-se apenas daqueles com finalidade terapêutica ou medicinal

(se um batom for de finalidade terapêutica, incidirá neste parágrafo). Saneante abrange os produtos de limpeza.

O parágrafo 1º-B pune quem comercializa produto com infração às regras administrativas. A pena será a mesma, 10 a 15 anos – infringe o princípio da intervenção mínima (o Direito Administrativo poderia cuidar) – entendimento jurisprudencial.

• Inciso VIII – favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). Incluído pela Lei

nº 12.978, de 2014

• Parágrafo Único: Genocídio – (art. 1º, 2º; 3º, da lei 2889/89);

• Parágrafo único: posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados.

3. CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS, OU CRIMES HEDIONDOS POR

EQUIPARAÇÃO

A Constituição elencou os crimes equiparados a hediondos, que serão tratados com o mesmo rigor:

a) Tráfico de Drogas – Lei 11.343/06 b) Tortura – Lei 9.455/97

c) Terrorismo – Lei 13.260/16

Obs.: Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o chamado tráfico privilegiado,

no qual as penas podem ser reduzidas, conforme o artigo 33, parágrafo 4º, da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), não deve ser considerado crime de natureza hedionda. A discussão ocorreu no julgamento do Habeas Corpus (HC) 11.8533, que foi deferido por maioria dos votos.

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4. VEDAÇÕES AOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS

Eles são tanto para os crimes hediondos, como para os crimes equiparados a hediondo (art. 2º da lei).

a) Insuscetíveis de anistia, graça e indulto.

O art. 5º, XLIII, da CF – não diz ser insuscetível de indulto. A lei 8.072/90 arrola também a insuscetibilidade do indulto

Constitucional ou não?

1ª corrente – a vedação do indulto é inconstitucional – as vedações constitucionais seriam

máximas, não podendo o legislador ordinário suplantá-las. Eles questionam que, se não se pode aumentar as prisões civis que estão na CF, não se poderia também acrescentar mais uma causa de proibição de aplicação aos crimes hediondos – Luís Flavio Gomes, Alberto Silva Franco.

2ª corrente – as vedações constitucionais são mínimas (A CF deu o poder ao legislador ordinário

de aumentar tal rol). O indulto é uma graça coletiva; logo estaria já abrangido – posição do STF. O indulto não respeita fatos pretéritos – posição do Supremo Tribunal federal – Recurso Habeas Corpus 84572/RJ. Neste recurso, o STF entendeu constitucional a vedação do indulto para crimes hediondos, até mesmo para os crimes praticados anteriormente à sua vigência (da lei 8.072/90) – deve-se analisar a natureza do crime no momento da execução.

b) Inafiançável.

Antes da lei 11.464/2007, o art. 2º, II, vedava fiança e liberdade provisória. Com o advento desta lei, veda-se apenas a fiança (aboliu a vedação da liberdade provisória). Há dúvida ainda quanto à aplicação da liberdade provisória aos crimes hediondos:

Questão até pouco tempo tormentosa versava sobre a possibilidade ou não da concessão de liberdade provisória diante de crimes em que se vedava a fiança (como ocorre nos crimes hediondos e equiparados). Todavia, atualmente, o STF posiciona-se pela possibilidade da concessão de liberdade provisória, pautando-se nos seguintes fundamentos – Habeas Corpus 104339:

1. É possível liberdade provisória para crime hediondo, pois quem deve avaliar a possibilidade

ou não de liberdade provisória é o juiz no caso concreto. Sendo assim, a vedação à liberdade provisória é inconstitucional, afrontando a individualização da pena e separação dos poderes.

2. Vedar a liberdade provisória por lei caracteriza antecipação de pena;

3. A proibição de concessão de liberdade provisória estabelece um tipo de regime de prisão

preventiva obrigatória, na medida em que torna a prisão a regra e a liberdade a exceção. A CF/88, contudo, prevê que a liberdade é a regra e a necessidade da prisão precisa ser devidamente fundamentada.

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Outrossim, por oportuno, importante destacar que a corrente minoritária afirma que não é possível liberdade provisória para crime hediondo, porque a vedação está implícita na inafiançabilidade (Min. Ellen Gracie).

Isto posto, para a corrente prevalente hoje, é cabível a liberdade provisória em sede de crimes hediondos, porém sem a exigência de fiança. Em questões subjetivas é prudente citar os dois entendimentos.

5. CUMPRIMENTO DE PENA E PROGRESSÃO DE REGIME

A lei 11.464/2007 modificou a redação do parágrafo 1º e 2º do art. 2º da lei. Antes o regime deveria ser integral fechado (proibia-se a progressão de regimes). Agora a lei determina o cumprimento inicial fechado, permitindo a progressão de regime – cumprimento de 2/5 da pena se primário ou 3/5 se reincidente, não necessariamente especifico.

Todavia, o STF já havia declarado inconstitucional à vedação de progressão de regimes, antes mesmo do advento desta lei de 2007, admitindo a progressão de regimes através do cumprimento de 1/6 da pena – a Lei 11.464/2007 só tem aplicação para os fatos futuros – lei posterior maléfica ao réu, pois exige uma fração maior do que a que vinha se aceitando, conforme pode verificar no julgado a seguir:

"Ementa: Pena – Regime de cumprimento – Definição. O regime de cumprimento da pena é norteado, considerada a proteção do condenado, pela lei em vigor na data em que implementada a prática delituosa. Pena – Regime de cumprimento – Progressão – Fator temporal. A Lei nº 11.464/07, que majorou o tempo necessário a progredir-se no cumprimento da pena, não se aplica a situações jurídicas que retratem crime cometido em momento anterior à respectiva vigência – precedentes.'" (RE 579167, Relator Ministro Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgamento em 16.5.2013, DJe de 17.10.2013, com repercussão geral – tema 59)

Obs.: O STF considerou inconstitucional a obrigatoriedade do início de cumprimento de pena

em regime fechado para os crimes hediondos e assemelhados, prevista no Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 com redação dada pela lei 11.464/07, por violar os Princípios da Individualização da Pena e da proporcionalidade como consta nos julgados a seguir:

"Entendo que, se a Constituição Federal menciona que a lei regulará a individualização da pena, é natural que ela exista. Do mesmo modo, os critérios para a fixação do regime prisional inicial devem-se harmonizar com as garantias constitucionais, sendo necessário exigir-se sempre a fundamentação do regime imposto, ainda que se trate de crime hediondo ou equiparado. Deixo consignado, já de início, que tais circunstâncias não elidem a possibilidade de o magistrado, em eventual apreciação das condições subjetivas desfavoráveis, vir a estabelecer regime prisional mais severo, desde que o faça em razão de elementos concretos e individualizados, aptos a demonstrar a necessidade de maior rigor da medida privativa de liberdade do indivíduo, nos termos do § 3º do art. 33 c/c o art. 59 do Código Penal.A progressão de regime, ademais, quando se cuida de crime hediondo ou equiparado, também se dá em lapso temporal mais dilatado (Lei nº 8.072/90, art. 2º, § 2º). (...) Feitas essas considerações, penso que deve ser superado o disposto na Lei dos Crimes Hediondos (obrigatoriedade de início do cumprimento de pena no regime fechado) para aqueles que preencham todos os demais requisitos previstos no art. 33, §§ 2º, b, e 3º, do CP, admitindo-se o início do cumprimento de pena em regime diverso do

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fechado. Nessa conformidade, tendo em vista a declaração incidental de inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, na parte em que impõe a obrigatoriedade de fixação do regime fechado para início do cumprimento da pena aos condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados, concedo a ordem para alterar o regime inicial de cumprimento das reprimenda impostas ao paciente para o semiaberto." (HC 111840, Relator Ministro Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgamento em 27.6.2012, DJe de 17.12.2013).

"4. A Corte Constitucional, no julgamento do HC no 111.840/ES, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, removeu o óbice constante do § 1º do art. 2º da Lei no 8.072/90, com a redação dada pela Lei no 11.464/07, o qual determinava que '[a] pena por crime previsto nes[s] e artigo será cumprida inicialmente em regime fechado', declarando, de forma incidental, a inconstitucionalidade da obrigatoriedade de fixação do regime fechado para o inicio do cumprimento de pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado. 5. Esse entendimento abriu passagem para que a fixação do regime prisional – mesmo nos casos de trafico ilícito de entorpecentes ou de outros crimes hediondos e equiparados – seja devidamente fundamentada, como ocorre nos demais delitos dispostos no ordenamento. 6. No caso, as instâncias ordinárias indicaram elementos concretos e individualizados aptos a demonstrar a necessidade da prisão do paciente em regime fechado, impondo-lhe o regime mais severo mediante fundamentação adequada, nos termos do que dispõe o art. 33, caput e parágrafos, do CP." (HC 119167, Relator Ministro Dias Toffoli, Primeira Turma, julgamento em 26.11.2013, DJe de 16.12.2013).

"O STF já teve a oportunidade, por ocasião da análise do julgamento do HC n. 82.959/SP, rel. Min. Marco Aurélio, Dje 1º.9.2006, de declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da antiga redação do art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90, a qual determinava que os condenados por crimes hediondos ou a eles equiparados deveriam cumprir a pena em regime integralmente fechado. Naquele caso, ficou assentado que essa imposição contraria o princípio constitucional da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI). Pois bem. Sobreveio a Lei n. 11.464/2007 que, ao promover mudanças no já mencionado art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90, determinou que a pena agora fosse cumprida no regime inicial fechado. É aqui que faço uma indagação: Esse dispositivo, em sua nova redação, não continuaria a violar o princípio constitucional da individualização da pena? Essa discussão, inclusive, já vem sendo alvo de debates nas instâncias inferiores e nesta Suprema Corte. No ponto, destaco, ainda, à guisa de ilustração, julgado recente proferido pelo próprio STJ que, ao analisar o HC n. 149.807/SP lá impetrado, concluiu pela inconstitucionalidade desse dispositivo, ao fundamento de que, a despeito das modificações preconizadas pela Lei 11.464/2007, persistiria ainda a ofensa ao princípio constitucional da individualização da pena e, também, da proporcionalidade. No caso concreto, com fundamento nessas considerações, entendo que o disposto na Lei dos Crimes Hediondos (obrigatoriedade de início do cumprimento de pena no regime fechado) há de ser superado. É que o paciente preenche os requisitos previstos no art. 33, § 2º, c, do CP, para o início do cumprimento de pena no regime aberto." (HC 106153, Relator Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgamento em 22.11.2011, DJe de 19.12.2011).

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6. DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE

Em caso de sentença condenatória não definitiva, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. Na verdade, é necessário avaliar a existência ou inexistência dos requisitos da prisão preventiva previstos nos artigos 311 e seguintes do CPP.

7. PRISÃO TEMPORÁRIA

A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes hediondos ou equiparados, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

8. LIVRAMENTO CONDICIONAL

Art. 83 do CP. É uma liberdade antecipada da execução. Se o agente é primário (não reincidente) e com bons antecedentes, deverá cumprir 1/3 da pena; se ele é reincidente, deverá cumprir 1/2 da pena; se ele for autor de crime hediondo ou equiparado, deverá cumprir 2/3 da pena, desde que não reincidente específico.

Quanto ao primário de maus antecedentes:

1ª corrente – entende que se deve aplicar analogia in bonam partem.

2ª corrente – entende que deve ser cumprida 1/2 da pena (como se fosse reincidente).

A 1ª corrente é a que prevalece.

Obs.: o que é reincidente específico?

1ª corrente – é aquele que pratica dois crimes hediondos ou equiparados do mesmo tipo

penal (ex.: condenado por estupro e praticando outro estupro, não terá direito ao livramento condicional);

2ª corrente – é aquele que pratica crime hediondo ou equiparado, ofendendo um mesmo bem

jurídico (ex.: condenado por estupro e depois atentado violento ao pudor – não terá direito ao livramento condicional);

3ª corrente – aquele que pratica crime hediondo ou equiparado, qualquer que seja ele (ex.:

condenado por latrocínio e praticou estupro, não terá direito ao livramento condicional) – é a corrente que prevalece.

Obs.: quanto à progressão de regimes, não se exige ser reincidente específico para não se

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9. CRIME DE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA

Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no artigo 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.

A pena do art. 288 do CP passa a ser de 3 a 6 anos se a associação visar à prática de crime hediondo ou equiparado.

Lei 11.343/2006, o art. 35 que traz o crime de “associação” para o tráfico, com pena (3 a 10 anos). Assim, quanto ao tráfico, não se aplica o art. 8º da Lei 8.072/90, e sim a Lei de Drogas.

Obs.: no art. 35 da lei de drogas, basta a união de duas pessoas para configurar o crime, sendo

lei mais gravosa.

10. TRAIÇÃO BENÉFICA, DELAÇÃO PREMIADA OU COLABORAÇÃO PREMIADA

O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.

Para ter direito ao benefício, a denúncia tem que ser eficaz, ocorrendo o desmantelamento da quadrilha ou bando.

Referências

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