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FAQ SOBRE O FREQUENTLY ASKED QUESTIONS. LEONARDO CRUZ Material desenvolvido de forma gratuita.

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Academic year: 2021

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Material desenvolvido de forma gratuita.

Autor: Leonardo Cruz Alexandre Instagram: @medico.america Facebook: @medico.america Youtube: @medico.america E-mail: medico.america5@gmail.com

FAQ SOBRE O

USMLE

Perguntas mais frequentes sobre o processo de revalidação médica nos Estados Unidos

FREQUENTLY

ASKED

QUESTIONS

LEONARDO CRUZ ALEXANDRE @medico.america

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 1

Introdução

Seja bem-vindo. Resolvi fazer esse guia porque venho recebendo muitas dúvidas recorrentes. Ele será disponibilizado gratuitamente e deu bastante trabalho para fazer, então vou pedir um pagamento que considero bastante simples. Se você ler esse FAQ e achar que

ele te ajudou de alguma forma, poste nos seus Stories do Instagram e marque meu perfil (@medico.america). Simples assim. Não existe nenhuma obrigatoriedade e não tem como eu

controlar isso, mas são quase 20 páginas de material escrito que deu bastante trabalho. Comecei a abrir a caixa de perguntas de forma diária no meus Stories do Instagram e notei uma repetição muito grande nas perguntas. Dessa forma, decidi compilar as principais. Certamente existirão perguntas que não estarão aqui, e nesse caso você pode me perguntar diretamente. Sugiro ter esse material e usar quando surgir alguma dúvida focada, ou ler o arquivo inteiro no início do processo para ter um maior entendimento sobre o sistema americano.

Deixo claro que as recomendações dadas aqui são feitas de forma geral, não leve como guia definitivo porque esse material é apenas um FAQ.

Sobre mim

Entrei na faculdade de Medicina em 2010, cursando-a em Tubarão-SC na UNISUL. Eu era bolsista Prouni na época. Me formei em 2015, fazendo residência de Psiquiatria em Florianópolis, no IPQ-SC. Ao fim do meu R3, fiz um estágio em Houston, onde decidi fazer o USMLE. Voltei ao Brasil e me formei psiquiatra em março de 2019. Estudei enquanto trabalhava e fiz todos os steps em 2020, aplicando para residência. No momento em que escrevo já terminei o processo de entrevistas e sigo aguardando o match.

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 2

Sumário

O que é necessário para revalidar o diploma nos EUA? O que me torna ECFMG Certified?

... 4

Do que eu preciso para aplicar para residência médica nos EUA? ... 4

Como consigo LORs? Qual o mínimo e máximo? ... 4

O que é Research Track? ... 4

O que é clerkship? E observership? Qual a diferença entre eles? ... 4

Qual o mínimo para aplicar? Qual a melhor combinação para aplicar? ... 5

Como faço o Step 3? Ele ajuda na aplicação?... 5

Que nota preciso para X especialidade? ... 5

Quero dar match mas só se for em Ivy League/California, o que devo fazer primeiro? ... 6

É diferente para X especialidade? ... 7

Quanto custa o processo? ... 7

Quais especialidades mais IMG friendly? ... 7

Como funcionam os vistos? O que é H1B e J1? O que é Waiver? ... 8

O que é moonlight? Quanto paga? ... 9

Preciso de alguma certificação em inglês? TOEFL, IETLS? ... 9

Vale a pena fazer faculdade de medicine nos EUA? ... 9

Preciso fazer pesquisa para dar match? É essencial? Qual o impacto de pesquisa na application? ... 9

Qual o melhor lugar para ver ranking dos programas de residência? ... 10

Qual visto eu preciso para observer ou clerkship? ... 10

Quando devo fazer a parte burocrática o Step 1? ... 10

Quando devo fazer o Step 1, estando na faculdade? ... 10

O que é Red Flag? Quais são os principais? ... 11

Um Red Flag é impeditivo ao match? ... 11

Como conseguir estágios? ... 12

Você tem algum exemplo de email? ... 15

Como traçar um plano de estudos para o Step 1? ... 16

O que são as siglas que costumo ver? ... 16

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 4

O que é necessário para revalidar o diploma nos EUA? O que me torna ECFMG Certified?

Você precisa fazer o Step 1, OET e Step 2 CK. Isso te dará a equivalência do diploma e seu ECFMG Certificate. Porém, mesmo médicos formados nos Estados Unidos não podem trabalhar sem residência médica, de forma que você precisará dela. Antigamente você precisava fazer uma prova chamada Step 2 CS, porém ela foi suspensa e não retornará.

O OET é uma prova de inglês semelhante ao TOEFL, IELTS e outras semelhantes. Ele foi usado no match de 2020 em substituição do Step 2 CS. No início de 2021, o Step 2 CS foi terminado e o OET tomará seu lugar em 2021. Ainda não sabemos como será o caminho para o ECFMG Certificate em 2022 e não há como prever. De qualquer forma, parece bastante seguro afirmar que o Step 1 e Step 2 CK serão mantidos.

Do que eu preciso para aplicar para residência médica nos EUA?

Em relação as provas, tecnicamente você só precisa do Step 1, mas isso diminui muito as suas chances. Coloque no seu prazo que você deve ter o ECFMG Certificate quando aplicar. Além disso, você precisa de no mínimo 3 cartas de recomendação (LORs). Você também deve obter experiência clínica nos Estados Unidos por meio de estágios.

Como consigo LORs? Qual o mínimo e máximo?

Você deve obter LORs de médicos que atuem nos EUA (não precisam ser americanos) enquanto estiver fazendo estágios nos EUA. Você pode usar LORs brasileiras, mas não é o ideal. Dito isso, nada impede que você use uma combinação de 2 LORs americanas e 2 brasileiras, por exemplo. O mínimo são 3 cartas e o máximo são infinitas, porém você só pode

assign 4 em cada programa. Isso é útil se você dispor de muitas cartas e forem mais específicas.

De forma geral, a maioria aplica com 3-4 LORs e coloca as mesmas para todos os programas.

O que é Research Track?

São residências com tempo protegido para pesquisa. Você se forma sendo board eligible (seria semelhante a ter RQE no Brasil, se tornar especialista) igual, mas com mais tempo para pesquisa. No geral tem uma competição mais específica e acirrada.

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 5

Os observerships são estágios observacionais, normalmente feitos após a graduação ou durante o início da faculdade. Eles são puramente observacionais. Os clerkships são feitos no último ano de faculdade e são hands-on. Ou seja, você estará entrevistando pacientes, escrevendo notes e participando de discussões de forma mais ativa. Isso faz com que, por definição, um clerk tenha mais peso e seja melhor que um observer. Nada impede que você faça um ótimo observer e consiga ótimas LORs. Existem inúmeras pessoas que deram match somente com observer. Dito isso, o ideal são clerks para obter mais experiência clínica. Caso isso não seja possível, foque em bons observers que terá ótimas chances de match também.

Qual o mínimo para aplicar? Qual a melhor combinação para aplicar?

O mínimo é o Step 1 e três LORs. Entenda que aplicar somente com Step 1 e com três cartas brasileiras é uma péssima. O seu objetivo é ECFMG Certification, se possível até mesmo Step 3, e LORs e estágios americanos. Uma ótima combinação são scores altos, clerkships, observer ao final da graduação, ECFMG Certificate (ou seja, todas as provas iniciais) e aí aplicar.

Como faço o Step 3? Ele ajuda na aplicação?

Para fazer o Step 3 você precisa do ECFMG Certificate. Ele não é necessário para aplicar, mas é um bônus interessante. Conheço vários colegas que não deram match em uma season, melhoraram CV, fizeram Step 3 e reaplicaram, obtendo muito sucesso.

Que nota preciso para X especialidade?

A primeira coisa que você precisa entender é que o sistema americano é diferente do brasileiro. No Brasil você vai bem em um vestibular ou concurso e passa. Não existem outras avaliações. Nos EUA o sistema é completamente diferente. Você precisa da nota, de estágios, recomendações, entrevista, tudo. De regra geral scores muito baixos tornam sua application muito difícil, mas scores altos não são garantia de nada. É como aquela frase “uma andorinha só não faz verão”. De forma geral, procure no google NRMP MATCH DATA e clique em

Charting Outcomes in the Match: International Medical Graduates. Em seguida, procure as

tabelas da sua especialidade e veja a média dos scores em Matched e Unmatched. Isso te dará uma boa ideia dos scores que você deve buscar. De forma geral, notas acima de 240 te colocam acima da média na maioria das especialidades. Creio que acima de 250 te coloque acima da média em todas as especialidades. Não quero de forma alguma dizer que scores não são importantes, mas o USMLE não é SÓ sobre scores.

Nota: US IMG são americanos formados no exterior. A estatística é definida pelo momento em que o candidato se forma.

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 6

Exemplo de tabela de Internal Medicine:

Quero dar match mas só se for em Ivy League/California, o que devo fazer primeiro?

Primeiro você deve entender o que é Ivy League e porque você não deve focar diretamente nisso. As Ivy League são ótimas faculdades localizadas no Northeast dos EUA. Existem dezenas de ótimos locais que não fazem parte da Ivy League, como por exemplo Stanford. Não me entenda errado, é óbvio que os programas da Ivy League serão ótimos e prestigiados, mas existem outros programas tão bons quanto. E como imigrante, você terá que se esforçar muito para ter oportunidade em um programa desse nível. Como via de regra, IMGs (international medical graduates) devem aplicar para vários programas para aumentar suas chances. Isso é o que você ai ver por aí como aplicar broadly. A maioria dos IMGs aplica para, no mínimo, 100 programas.

Dito isso, se você quiser dar match em Ivy League, sugiro ler relatos de colegas brasileiros que se encontram nessas instituições e ver o que fizeram de diferente.

PS: eu adicionei California na questão porque o princípio é o mesmo. A medicina nos EUA é extremamente competitiva e você deverá vir com os olhos e mente abertas. Existem ótimos lugares para se treinar que eu tenho certeza você nunca ouviu falar na vida.

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 7

É diferente para X especialidade?

Pergunta que recebo de forma bem frequente. O sistema dos Steps é nacional e nisso não há diferença. Todas seguem a mesma fórmula. Algumas especialidades participam tem um match separado, chamado San Francisco Match. É só uma empresa diferente do NRMP. São elas: neurocirurgia, oftalmologia e cirurgia plástica se você vier de general surgery. Urologia também tem um match separado que é coordenado pela American Urological Association. Também existe o Military Match que eu nem comentarei porque eu não conheço e não é válido para IMGs. Dito isso, reforço que todas envolvem os steps, lors, estágios, etc.

Quanto custa o processo?

Uma das perguntas mais comuns que recebo e de difícil cálculo. Fazendo um cálculo super simples: Step 1 $1200, Step 2 CK $1000, Step CS $1600, UWorld x2 (step 1 e CK) $1000, materiais de estudo diversos $300-500, application para 150 programas $3300, curso Ximedus $2000, estadia para o curso + alimentação $800. Só aí temos $11300, porém ainda nem falamos de algo muito caro e variável: estágios. Um observer/clerk custa em média $750-1000 por mês, porém estágios como Harvard podem custar exorbitantes $5000 por mês. Isso é só o gasto da faculdade, você ainda terá que pagar aluguel, transporte e alimentação. Vamos colocar $800 de Airbnb, $400 de alimentação e $200 para transporte. São valores bem aproximados, mas isso nos dá em torno de $2500 por mês em estágios. Idealmente você deverá buscar 2-3. Chegamos a uma estimativa final de $16300. Vamos jogar um bom percentual para cima e dar uma margem de segurança. Por fim, eu diria que você gastará entre 20-30 mil dólares no processo, dependendo de onde fizer estágio, quantos programas aplicar e outras variáveis.

Quais especialidades mais IMG friendly?

O top 5 em números absolutos de IMGs é: internal medicine, family medicine, pediatrics, neurology, pathology (não está em ordem). Deixo claro que isso não quer dizer nem de longe que quaisquer dessas especialidades sejam fáceis de passar. Dito isso, eu diria que internal medicine talvez seja a mais acessível para estrangeiros pela quantidade de vagas e programas.

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

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Como funcionam os vistos? O que é H1B e J1? O que é Waiver?

Esse é um assunto complicado e não vou entrar em muitos detalhes. Caso você tenha alguma situação específica, procure um advogado especializado. Dito isso, vamos lá.

O visto mais comum para IMGs é o J1. O J1 é um visto de estudo/trabalho non dual

intent, o que quer dizer que você não pode (ou não deveria, em teoria) aplicar para ele pensando

em emigrar para os EUA. Por isso, ele vai junto com a obrigação de retornar ao país da sua cidadania e ficar dois anos no local antes de poder aplicar para um visto de trabalho (H1b). Porém, existe algo chamado waiver. Waiver significar, literalmente, “renúncia”.

Imagine que quando você assina contrato de J1, você está prometendo voltar para seu país de origem por dois anos. No meio da sua residência, porém, você decide ficar nos EUA. Você poderá aplicar para um “perdão” dessa dívida de dois anos, chamado waiver. O waiver constitui em trabalhar em área underserved por três anos, então você se livra dessas obrigações e recebe o H1b. Eu acreditava que você só recebia o H1b após o waiver, mas um colega que está realizando o processo (de waiver) me informou que você já recebe o H1b durante o mesmo. Existe um cálculo específico para saber se uma área é underserved ou não, mas na prática basta você saber que até mesmo bairros e subúrbios de metrópoles podem ser considerados underserved. Não quer dizer que você irá para o Alaska, por exemplo.

Na prática, todos que aplicam para J1 para residência querem emigrar e a maioria consegue waiver. O waiver de algumas especialidades ditas “não básicas” (ou algo do tipo, não lembro o termo) é ditado por alguns programas governamentais, como o CONRAD-30. Existem outros programas e esse tipo de assunto é complicado porque existem vários pequenos detalhes em páginas do governo. É dito em fóruns que obter waiver para Pathology é difícil porque tem poucas vagas, enquanto especialidades consideradas primary care não são limitadas por número e é mais fácil conseguir vaga. Isso inclui Internal Medicine, Pediatrics, Psychiatry, ObGyn, entre outras.

O importante, no fim, é saber que o J1 te fornece duas possibilidades: voltar ao país de cidadania por dois anos ou fazer três anos de waiver. O salário de waiver é um salário normal de attending, que na maioria das especialidades será entre 200-300 mil dólares por ano. Depois desse período você poderá conseguir o H1b e proceder ao Green Card. O J1 não permite que você pule dele para o GC porque é non dual intent. Outros pontos importantes é que J1 não permite moonlight (ver a seguir) e o visto de cônjuge permite que o cônjuge trabalhe. Esse conceito do cônjuge trabalhar é bem complicado porque existem alguns detalhes e é mais complicado do que parece. Eu diria para não contar com isso no seu orçamento familiar.

Dito isso, talvez você tenha se interessado no H1b, já que ele é dual intent e permite

moonlight. O H1b é um visto cada vez mais raro porque o hospital precisa pagar por ele,

enquanto que o J1 é bancado (sponsored) pelo ECFMG. Esse visto (H1b) custa algo como 4-5 mil dólares, então dá pra entender porque ele é cada vez mais raro. O H1b não permite que seu

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 9

cônjuge trabalhe. Apesar de permitir moonlight, minha dica pessoal é também não contar com isso para seu orçamento familiar. Para moonlight, você precisa da licença médica estadual. Isso normalmente pode ser obtido após o primeiro ano de residência. Eu já pesquisei sobre o assunto e cada estado tem normas específicas para estrangeiros, e muitas vezes é uma infinidade de formulários que você precisa preencher e receber aprovação. Alguns estados só permitem que estrangeiros façam moonlight após o segundo ano (no PGY-3) também. Minha sugestão é não contar muito com esse tipo de atividade.

O que é moonlight? Quanto paga?

São plantões pagos feitos fora da residência. De forma geral, não conte muito com essa remuneração porque é bem mais difícil para IMGs e depende do tipo de visto. O pagamento depende obviamente da atividade e especialidade, mas o que mais tenho visto é 100-140$ por hora. Se você for americano nativo, de fato é uma possibilidade mais razoável.

Preciso de alguma certificação em inglês? TOEFL, IETLS?

Não, nenhum certificado é exigido durante o USMLE. Alguns clerkships exigem o TOEFL, mas não é regra.

Vale a pena fazer faculdade de medicine nos EUA?

Essa é uma pergunta que surge de vez em quando e não há resposta simples. Se você fizer Med School nos EUA, será considerado US-IMG, já conhecerá o sistema de dentro e terá muito mais oportunidades. Porém, fazer Med School nos EUA não é pra quem quer e sim pra quem pode. Os custos são exorbitantes e os empréstimos estudantis que conheço são somente para americanos nativos. Lembrando que a faculdade de medicina nos Estados Unidos é pós-graduação, então você precisará fazer undergrad, que dura 4 anos, e então aplicar para Med School, que dura também 4 anos. Deixo claro que mesmo entrar em medicina nos EUA é

extremamente competitivo e difícil.

Tenha em mente que a maioria dos estudantes americanos se forma com dívida de 300 mil dólares.

Preciso fazer pesquisa para dar match? É essencial? Qual o impacto de pesquisa na

application?

Pesquisa não é necessário para a maioria das especialidades. Brasileiros parecem ter bastante dificuldade em entender o impacto de pesquisa na application pelo modelo americano

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 10

ser diferente do brasileiro. Lembro que quando apliquei para residência no Brasil, eu ganhava algo como 0,1 por artigo. Nos EUA é completamente diferente e darei alguns exemplos do impacto.

Se você fizer pesquisa com ratos no ciclo básico da faculdade, é bem provável que o impacto disso seja zero ou bastante baixo. Porém, se você fizer um ano de pesquisa nos EUA, o impacto é completamente diferente. Note que aqui o impacto não é somente pela pesquisa, mas porque você fará muitos contatos e muito provavelmente conseguirá uma carta de recomendação muito mais íntima e forte, o que dá muita força para sua application. O que quero passar é que o que importa muitas vezes não é diretamente a pesquisa, mas sim o network, comprometimento com a especialidade e imersão no sistema americano que isso fornece.

Dito isso, para especialidades supercompetitivas, a pesquisa é praticamente necessária. A média de publications de quem deu match em neurosurgery foi 60 (inclui tudo, artigos, pôsteres, etc). Vou contar um exemplo prático. Uma amiga é US MD (americana, fez faculdade nos EUA) e aplicou para Dermatology. Ela não deu match em Derms, somente no TY (transitional year). Algumas especialidades exigem um ano de clínica e aí você precisa ranquear os dois. Enfim, depois desse ano ela estava planejando fazer dois anos de pesquisa e uma universidade para tentar o match em derms novamente. Para um brasileiro, é praticamente impossível sair da faculdade e dar match em uma especialidade dessas sem ter contatos muito fortes que vão invariavelmente vir por meio de pesquisa e estágios.

Qual o melhor lugar para ver ranking dos programas de residência?

Não existe. Existe o Doximity, mas é um ranking totalmente falho. Não confie muito nele.

Qual visto eu preciso para observer ou clerkship?

Pode ser B1/B2, acima de 6 meses é necessário outro visto, mas no geral os estágios são menores que isso.

Quando devo fazer a parte burocrática o Step 1?

Sugiro iniciar um ano antes. Já faça tudo e marque a prova, é muito comum o ECFMG demorar um pouco e levar a atrasos.

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 11

O período que parece mais promissor é antes da entrada do internato, em torno do 8-9º período. Dito isso, se sua faculdade tiver os períodos anteriores mais tranquilos, nada impede que comece a estudar antes. Existem histórias de sucesso de pessoas que fizeram no 6º semestre por exemplo. Vamos supor que você tenha matérias muito tranquilas e muito tempo livre no 5-6º semestre e cadeiras muito mais difíceis no 7-8º. Talvez compense tentar fazer antes do 7º, mas isso são decisões individuais. De forma geral, antes do internato é o ideal.

O que é Red Flag? Quais são os principais?

O conceito de Red Flag é algo que chama a atenção de forma negativa na sua

application. Os principais são fail em alguma prova ou scores baixos, tempo de formado (>5 ou

>10 anos), falhar em alguma matéria na faculdade e gaps que você não consegue explicar. Pode ser que eu esteja esquecendo de alguns, mas a linha geral é essa.

Um Red Flag é impeditivo ao match?

Não, de forma alguma. Existem pessoas que deram match com qualquer red flag imaginável, mas você precisa compensar. Agora, se você tiver todos juntos realmente a situação será complicada.

O que é Personal Statement? Como escrever o meu?

Um Personal Statement (PS) é basicamente uma redação que escrevemos sobre nós mesmos ao aplicar. Via de regra ela deverá ter uma página e é feito o upload no ERAS quando você aplicar. O PS deve contar a sua história e te vender de forma bem sutil, além de explicar porque você quer aquela especialidade e porque quer ir para os EUA. Eu achei bem difícil escrever o meu, mas em compensação ele foi elogiado em torno de 12-14 das minhas 16 entrevistas. Um Program Director inclusive perguntou se eu já tinha atuado como escritor, o que considerei um elogio imenso. Eu atribuo sem dúvida parte das minhas entrevistas ao meu PS, porque realmente acho que ficou muito bem feito.

Sugiro que você comece a escrever 2-3 meses antes e vá melhorando lentamente. Sugiro que faça revisões com americanos nativos para melhorar a escrita e checar se não há erros. Existe um programa que me ajudou chamado ProWritingAid, que te dá alguns indicadores sobre seu texto. Eu tenho planos de lançar um curso para criação de Personal Statement em junho/julho de 2021, porque eu demorei bastante para escrever o meu e tive bastante dificuldade. Para maiores informações, me acompanhe no instagram que estarei postando novidades se der certo.

Vou deixar abaixo a foto da minha pasta (olhe as datas e número de drafts feitos). O engraçado é que eu desisti de escrever “seventh draft” e comecei a usar só números porque me dei conta que iria demorar mais do que eu tinha imaginado.

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 12

Como conseguir estágios?

Eu sei que essa é uma das perguntas mais comuns, mas a resposta é mais complicada que parece. Primeiro você precisa entender que não existe uma “central de estágios” ou qualquer coisa do tipo. Isso depende de cada instituição e cada hospital. Dito isso, vou dar algumas sugestões. Eu sugiro que você leia os relatos de quem deu match na especialidade que você deseja (no grupo USMLE Brazil no Facebook. Se você não tem um Facebook, faça um). Em seguida, compile uma lista de onde as pessoas deram match, onde fizeram estágios e até onde entrevistaram. A realidade é que as instituições criam conexões com certas nacionalidades e isso tende a se repetir. Você deve fazer estágio no local onde pretende dar match, e o ideal é que seja um local que você consiga dar match. Um hospital que nunca teve um IMG nos últimos 10 anos não é exatamente um bom alvo. Sei que você se tornará um ótimo

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 13

candidato, mas muitos locais não vão nem ler o seu CV pelo fato de ser estrangeiro. Triste né? Mas é o jogo. Foque em programas que sejam IMG friendly.

Para ilustrar o que estou dizendo, vou dar um exemplo curioso. No hospital que minha esposa faz residência, há 3 anos entrou um residente de Honduras. Ele era muito bom e gostaram bastante dele. O resultado é que desde então, todo ano entra alguém de Honduras. Esse caso emblemático ilustra bem essa tendência.

Se você leu relatos, agora já deve ter uma ideia de alguns programas que te chamaram a atenção. Tem algum que você tenha conexões geográficas? Se um familiar morar na cidade, isso certamente deixará sua vida mais fácil. Escolha a ordem que quiser e mãos a massa:

Google. Procure “NOME DO PROGRAMA Internal medicine

clerkship/observership/international rotation” ou termos semelhantes. Esse exemplo é obviamente para Internal Medicine, substitua pela sua especialidade. Ignore os anúncios de empresas de estágio e procure nos links a página oficial do site com informações. Feito isso, leia o site com atenção e siga as instruções. Para clerkship normalmente há um caminho bem claro que deve ser seguido. Para observerships, muitas instituições simplesmente não oferecem o serviço. Outras colocam que aceitam se algum faculty aceitar.

Fiz uma pesquisa por “UT Houston Internal Medicine Observership” e temos um exemplo perfeito do que eu falei acima: eles só aceitam se um faculty member aceitar. Eles não auxiliam nesse processo, de forma que você deverá procurar a lista de faculty members (na própria página está o link), e mandar e-mails para alguns membros se apresentando e perguntando educadamente se você poderia fazer um observership com ele. Um ponto importante: leia com atenção os sites, as vezes para clerkship eles exigem que você faça tudo pelo site sem

contato por email.

Só para deixar claro, não estou dizendo que você só deve fazer estágios onde algum brasileiro já passou, mas se você não tem nenhum contato nos EUA e não faz a menor ideia de onde fazer estágio, essa é uma forma de pelo menos ter algumas ideias.

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 14

Exemplo de pesquisa rápida: Mayo internal medicine clerkship

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 15

Você tem algum exemplo de email?

Eu vi esse exemplo em um comentário no Instagram, como estava público acabei colocando aqui (acredito que o intuito da pessoa foi divulgar um bom exemplo de email de qualquer forma):

Dear Dr. X,

My name is ABC, and I am ___ year medical student at ________ School of Medicine. Because of _____ (insira uma oportunidade que te interessou na faculdade), I am really

interested in doing a clerkship (ou observership), at __________ (nome da instituição. Looking at the website, I believe I have met all the requirements.

Attached is my CV and PS (se solicitarem PS, não são todos que solicitam), I would

appreciate your opinion on any opportunities for growth and your support for my application. OU: I would like to know if you would be willing to sponsor me for an observership. Your help would be greatly appreciated. (se for observer, obviamente)

Thank you so much. Sincerely,

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 16

Como traçar um plano de estudos para o Step 1?

Você tem duas opções e as duas são igualmente válidas. A primeira é gratuita e consiste em ler diversos relatos (o maior número possível), identificar os materiais mais utilizados e fazer a sua estratégia e cronograma. Eu já adianto que os materiais se repetem e são basicamente UWorld, Boards and Beyond, Sketchy, Anki, First Aid e Amboss. Muitas pessoas encontram facilidade nos estudos e dizem que basta você realizar o UWorld duas vezes, porém para mim isso não funcionou e precisei de muito mais material e estudo. Eu comecei a estudar para a prova quando já era especialista no Brasil, então estava bem distante das matérias da faculdade.

Se você encontrar dificuldades no seu planejamento, considere contratar um mentor (tanto gratuito quanto pago) ou cursos específicos. Diversas pessoas vão te ajudar de forma gratuita (eu estou incluso nessa lista) com dúvidas que surjam, mas ajudas prolongadas e muito amplas são mais difíceis. Para isso eu criei um curso que serve como guia para o Step 1, que no momento está com as vendas fechadas, mas talvez eu reabra em algum momento de 2021. Eu não coloco meu curso como essencial, mas acho que ele economiza tempo e ele ajuda quem está com dificuldades. Me acompanhe no meu instagram para saber mais informações. Porém, uma coisa eu gostaria de deixar claro. Nunca faça a prova sem ter feito nenhum NBME, que são simulados para a prova e te darão uma previsão de score.

O que são as siglas que costumo ver?

Seguem as principais:

• USMLE - United States Medical Licensing Exam

• ECFMG - Educational Commission For Foreign Medical Graduates • FA – First Aid

• BnB – Boards and Beyond • UW – UWorld

• UFAPS – acrônimo para Uworld, First Aid, Pathoma, Sketchy.

O que fazer durante a faculdade para melhorar o CV?

Pergunta extremamente recorrente e de difícil resposta. De novo eu deixo claro que o sistema americano é diferente do brasileiro. Você pode fazer um trabalho voluntário e ficar por isso mesmo. Você também pode fazer um trabalho voluntário, colocar isso de forma bela no

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LEONARDO CRUZ ALEXANDRE

@MEDICO.AMERICA 17

seu Personal Statement e vender isso muito bem. De forma geral, eu recomendo que você faça o que você gosta e te chame a atenção durante a faculdade. Isso tem a tendência a crescer e criar uma história no seu CV.

Darei o meu exemplo prático. Na faculdade, fiz alguns trabalhos voluntários relacionados a palestras em comunidades carentes. Notei que gostava de ensinar. Fiz diversas monitorias e outros trabalhos relativos a ensinos. Na residência também fiz apresentações orais em congressos e gostava muito de interagir com estudantes de medicina. Meu PS e CV passam a impressão de que sou alguém bem voltado para academia, um residente que adorará ter estudantes perto e será ótimo ensinando-os. Isso acaba passando uma impressão muito agradável e certamente me ajudou a conseguir entrevistas. No fim, tudo depende de como você se vende, como coloca o que fez e o resultado final do conjunto da obra. Não fique extremamente focado em CV no início da faculdade e tente descobrir o que gosta dentro da medicina e de sua especialidade.

Como são as entrevistas? Como me preparar?

As entrevistas são a etapa final do processo. Vou contar um pouco da minha experiência fazendo entrevistas para psiquiatria, mas esteja ciente que elas podem mudar entre especialidades. A maioria foram 4 entrevistadores, durando 30 min cada. As perguntas tendem a se repetir bastante, já que há uma quantidade limitada delas. A mais comum delas é, sem dúvidas, o “tell me about yourself”. Também é comum que seja dado exemplo de algum erro que você tenha cometido e como lidou com isso.

A maioria das pessoas se prepara treinando com outras. Eu me preparei treinando com a minha esposa, que é médica americana, então isso facilitou bastante. Eu tenho a meta de esse ano, lançar um curso para entrevistas e criar uma rede de americanos dispostos a treinar entrevistas e brasileiros que desejarem esse auxílio. Eu sou da opinião de que o toque final em entrevistas e personal statement deve ser feito por um americano nativo.

Referências

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