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Práticas educativas em um espaço não-escolar

Maria Cristina Marcelino Bento Doutoranda em Tecnologias da Inteligência e Designer Digital pela PUC-SP, Mestre em Educação pela UMESP-SBC Paula Bruna Cortez Graduada em Pedagogia pela FATEA Bolsista PIBID – Gestão 2012-2013

Resumo

A realização das práticas educativas em espaço não-escolar pode oferecer meios para que auxiliem o desenvolvimento do pensamento crítico do educando de forma participativa e colaborativa na sociedade. Para um bom andamento desta prática, faz-se necessário a interação do aluno com o meio social, político e cultural, propondo formas que os auxiliem nesta construção de produções oferecidas pelo educador. Tem como objetivos organizar sequências didáticas possíveis para serem desenvolvidas em espaço não escolar e apresentar o desenvolvimento de um conjunto de práticas educativas fundamentadas nos quatro pilares da educação proposto por Delors (2011). A pesquisa foi dividida em cinco etapas onde se buscou a interação e a participação do educando, sendo ele coadjuvante do processo ensino- aprendizagem. Notou-se que essas práticas são possíveis de serem realizadas, quando existem envolvimento e parceria da instituição com o educador e educando, acrescentando na formação de ambos, desenvolvendo o pensamento crítico e a autonomia do educando.

Palavras-chave

Práticas educativas; Educação não-formal; Pedagogia.

Abstract

The realization of the educational practices in non-school space can offer ways to help in the development of critical thinking of learners in a participatory and collaborative society. For a smooth running of the practice, it is necessary student interaction with the social, political and cultural, proposing ways that help them in this building productions offered by the educator. Aims to organize didactic possible sequences to be developed in non-school space and present the development of a set of educational practices based on the four pillars of education proposed by Delors (2011). The survey was divided into five stages , where we seek interaction and learner participation , it is supporting the teaching- learning process . It was noted that these practices are likely to be made when there involvement and partnership of the institution with the educator and student, adding in the formation of both, developing critical thinking and autonomy of the learner.

Keywords

Educational practices; Non-formal education; Pedagogy.

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Introdução

As práticas educativas se dão na interação com o meio social, político e cultural e deve realizar atividades que auxiliem o educando a desenvolver a autonomia ao ser, pensar e agir. Nesta condição, o educador é o mediador desta construção, onde a transformação se dá pela produção que o próprio sujeito constrói, ou seja, o entendimento não é transferido, mas coparticipante.

Esta pesquisa tem como intenção analisar a organização de sequências didáticas possíveis para serem desenvolvidas em espaço não-escolar e apresentar o desenvolvimento de um conjunto das mesmas fundamentadas nos quatro pilares da educação propostos por Delors (2001).

Os Quatro pilares da educação fornecerão ao educando a oportunidade de realizar um papel ativo no meio social, onde a comunidade será contemplada caso a hipótese tenha sucesso. Também tem como benefício a mediação do educador neste processo de construção do conhecimento do educando, onde seu papel é de extrema importância para a realização das tarefas, mobilizando o educando a pensar certo (Freire, 1992), de forma que possamos formar jovens investigadores, inquietos, curiosos e persistentes.

Fundamentada nesta perspectiva, surge a pergunta da pesquisa: como se dará o desenvolvimento de práticas educativas em um espaço não-escolar?

É possível que tais práticas possam contribuir na formação de educandos e educadores que estiverem envolvidos em um determinado projeto, tornando-os participativos e colaboradores do desenvolvimento e transformação do espaço social, além de manifestar no educando o espírito crítico e criativo neste processo de aprendizagem, havendo também a mobilização da comunidade neste contexto formativo.

Referenciais Teóricos

Segundo Alvarez (1996), ao participar de um projeto, o aluno está envolvido em uma experiência educativa em que o processo de construção de conhecimento está integrado às práticas vividas. Esse aluno deixa de ser, nessa perspectiva:

Um aprendiz do conteúdo de uma área de conhecimento qualquer. É um ser humano que está desenvolvendo uma atividade complexa que nesse processo está se apropriando, ao mesmo tempo, de um determinado objeto de conhecimentocultural e se formando como sujeito cultural.

O envolvimento e a participação dos educandos são fundamentais para o sucesso do projeto, pois os mesmos são corresponsáveis pelas escolhas e apontamento de caminhos para dar continuidade na sequência. É necessário que este processo de ensino aprendizagem tenha significado no cotidiano de cada educando, não forjando um aprendizado baseado em situações que os mesmos não vivenciam, mas sim em questões do dia a dia que os façam refletir sobre elas.

A educação não pode concentrar-se em reunir as pessoas fazendo-as aderir a valores comuns forjados no passado. Deve também, responder à questão: viver juntos, com que finalidades, para fazer o quê? E dar a cada um, ao longo de toda vida, a capacidade de

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participar, ativamente, num projeto de sociedade. (DELORS, 2001, p. 60).

Para que o processo ensino/aprendizagem ocorra de maneira coerente e participativa, torna-se indispensável a elaboração de uma prática educativa que envolva os indivíduos no exercício de suas reflexões e os estimulem a realizar de maneira autônoma o que será proposto. Para um bom andamento desta prática, faz-se necessário também a reformulação do meio em que se aplica, onde o indivíduo deve ser visto em sua totalidade.

Nesta ótica, Zabala (1998, p.22) afirma que a prática educativa é o resultado da adaptação às possibilidades reais do meio em que se realiza (...).

Em Freire (1992, p.109), a prática educativa implica, ainda, processos, técnicas, fins, expectativas, desejos, frustrações e a tensão permanente entre prática e teoria, entre liberdade e autoridade, cuja exacerbação, não importa de qual delas, não pode ser aceita numa perspectiva democrática, avessa tanto ao autoritarismo quanto à licenciosidade.

Neste momento, o educador torna-se mediador, criador de possibilidades, instigador, investigador deste processo, oferecendo ao educando a liberdade de poder realizá-la sem medo da reprovação, ou do erro, afinal, a prática não pode ser pronta, é necessário que de uma forma democrática, os educandos formulem perguntas para juntos procurarmos respostas.

E assim, segundo Freire (1996, p. 26), nas condições de verdadeira aprendizagem, os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo.

O desafio é de como tornar esta prática atraente aos educandos, de forma que se interessem e os motivem a participar. O educador como mediador, tem o papel fundamental de instigar, questionar e promover o educando para que ele se sinta parte importante neste processo, e é.

Uma das questões centrais com o que temos de lidar é a promoção de posturas rebeldes em posturas revolucionárias que nos engajam no processo radical de transformação do mundo. (FREIRE, 1996, p 79).

Dellors (2001) assume uma postura de que para os educadores, cabe- lhes a missão de fazer com que todos, sem exceção, façam frutificar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica, por parte de cada um, a capacidade de se responsabilizar pela realização de seu projeto social.

Para que o sujeito seja capaz de realizar seu projeto social, primeiramente é necessário conhecer-se, conhecer o meio em que está inserido, sentir-se parte deste meio e responsável por ele. Assumir a autocrítica ajudará o educando a descobrir os porquês e para quê desenvolver um papel de cidadão ativo na sociedade.

Como argumenta Dellors (2011, p.22), a educação é, também, uma experiência social, em contato com a qual a criança aprende a descobrir-se, desenvolver as relações com os outros, adquirir bases no campo do conhecimento e do saber fazer.

Parafraseando Freire (1996), ensinar é, portanto, indagar, intervir, buscar, educar, trocar saberes, estar em contato com o próximo e trocar informações, exercitando o respeito mútuo, de forma que o conhecimento não seja isolado, mas construído através de um conjunto.

Ainda em Delors (2001) descreve que o principal é que cada pessoa consiga ter um nível de autonomia intelectual que lhe permita formar o próprio juízo de valor diante das mais variadas situações em cada um desses momentos, ela tenha capacidade de escolher caminhos e alternativas baseada no seu entendimento da realidade. E que também a prática pedagógica deve ser compreendida com base em quatro pilares do conhecimento. Para que esta didática

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46 seja aplicada de forma eficaz, é preciso estar em torno destes pilares: aprender a conhecer: o sujeito busca uma nova forma de pensar e agir diante dos desafios que encontra no caminho. É preciso ter curiosidade, autonomia e atenção para exercer sua tarefa; aprender a fazer: o primordial é saber trabalhar em grupo, ser flexível e saber resolver conflitos, cooperando com seu grupo e buscando soluções de problemas para o que está sendo estabelecido; aprender a conviver: em um mundo em que as tecnologias estão tomando conta das relações humanas, onde o contato não é mais direto e sim através de redes sociais, é preciso que o indivíduo tenha o hábito de relacionar-se com o outro de forma direta, respeitando o ponto de vista de cada um e esforçando- se para um bem comum; aprender a ser: é necessário desenvolver potencialidades no indivíduo para que seja participativo, cooperativo e interativo em suas relações, trabalhando sempre o pensamento crítico, imaginação e a criatividade.

Freire (1996, p.21) relata que o aprendizado vai além do que transferir um conhecimento, o aprendizado se dá nas criações de possibilidades que o educador oferece ao educando para produzir e construir seu próprio saber. Nesta condição, o educador é o mediador desta construção, onde a transformação se dá pela produção que o próprio sujeito constrói, ou seja, o entendimento não é transferido, mas coparticipante.

Material e Método

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 2005, p. 16)

A pesquisa foi realizada em uma instituição não-escolar, da cidade de Lorena, que atende indivíduos com idade entre 6 a 15 anos que frequentam a escola de ensino fundamental pública.

A instituição não-formal atende em média 80 crianças que fazem o Ensino Fundamental no período da manhã e no período da tarde participam das atividades da Obra Social. Tem por finalidade atender o público em condições vulneráveis com o objetivo de formá-los socialmente para reversão de futuros problemas e a melhoria da qualidade de vida a partir de oficinas pedagógicas que são feitas por educadores estagiários da área de pedagogia, educação física e administração, mediados por uma coordenadora pedagógica e uma Assistente Social, dirigidos e orientados pelas irmãs da Rede Salesiana de Guaratinguetá.

Conforme encontramos no site Obra Social de Dom Bosco a pedagogia de Dom Bosco - um sacerdote católico italiano, canonizado pela igreja católica e considerado grande protetor da juventude e atuante em assuntos sobre educação e que tem como herança o Sistema preventivo onde pode, portanto, ser definido como caridade pedagógica. A caridade pedagógica demonstra ardor, tato, bom senso, equilíbrio e afeto, sabedoria paterna que ensina a afrontar a vida. É a escolha racional de um amor de privilégio guiada pelo princípio da maior necessidade, um princípio máximo/mínimo: dar o máximo àqueles que da natureza e das circunstâncias conseguiram o mínimo. Dom Bosco não quer bem para educar, mas educa porque quer bem. E, no querer bem e no querer educar, parte da razão e da religião. Daí os três pilares do Sistema Preventivo: amor, razão e religião.

Organizaram-se grupos por idade, onde buscam-se trabalhar valores, disciplinas e ações que complementam a escola por meio do material lúdico, brincadeiras, jogos, música, filme e documentário.

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elaboração do projeto, por meio de uns conversos sobre a influência que a mídia nos traz e a reflexão de quanto somos influenciados ou não pela política, por amigos, comerciais de televisão e etc. Por meio dos diálogos, surgiu o debate sobre as inquietações dos educandos ao que se refere a direitos e deveres dos cidadãos. De forma hostil, cada educando relatava indignadamente sobre as dificuldades que encontravam em sua comunidade, porém não tinham o conhecimento de como manifestar-se. Portanto, houve a necessidade de elaborar uma forma para que fossem ouvidos. Chegou-se à conclusão de que a melhor maneira seria requerer às autoridades locais de forma pacífica, a melhoria de uma determinada localidade.

A cada oficina, o educador propunha a elaboração de um documento diferente questionando-os sobre a função de cada um. Foram elaborados documentos como: projeto com a finalidade de mostrar para o educando quais as características de um projeto, quando elaborá-lo, por que elaborá-lo (contendo tema, objetivos, justificativas, metodologias e recursos) Requerimento à autoridade sobre a melhoria de um determinado local do bairro escolhido pelo grupo de participantes sendo eles: praça abandonada e sem iluminação, ponte em degradação, escola abandonada ocupada por traficantes de drogas e ruas desertas sem o apoio da Polícia Militar. Neste momento foi importante abordar os pronomes de tratamento e a linguagem formal, propondo que lessem exemplos de documentos relacionados; Abaixo- Assinado especificando em cada documento a situação abordada para cada bairro, que foi proposto pelos educandos para que tivessem apoio e reconhecimento da comunidade e fortalecimento comunitário para lutar pelos seus direitos.

Acabada a montagem deste processo, os educandos foram levados ao laboratório de informática, cedido por uma instituição de ensino parceira do projeto, onde os educandos puderam formalizar seus documentos na ferramenta Word, para que fossem impressos e levados às autoridades. A Obra Social cedeu a verba para que fossem impressos e formalizados estes documentos, onde foram anexados projeto, requerimento, abaixo assinado e fotos em um envelope até a visita das autoridades.

De acordo com a metodologia do projeto que os educandos escreveram, uma das formas de coletar evidências seria por meio de fotos. Foi levado a campo para a coleta de fotos, cada dia um grupo de educandos, para a localidade do bairro reivindicado para que tirassem fotos do local por meio de uma câmera digital cedida pela Obra. Assim que reveladas as fotos, foram anexadas aos documentos preparados para as autoridades. O educador entrou em contato com o Tenente da Polícia Militar e um Vereador, por meio do telefone quando foi agendado um encontro com os educandos. O primeiro encontro foi realizado com o Tenente e o Cabo da Polícia Militar, onde os educandos tiveram a oportunidade de apresentar o projeto e levantar questões sobre proteção do patrimônio público, medos e anseios da comunidade no que diz respeito à segurança furtos e tráficos de drogas. O tenente e o cabo tiveram o direito de resposta, tornando assim um diálogo formativo e informativo, dando respostas coerentes e pertinentes aos interessados.

O segundo encontro foi realizado com o Vereador, que também esteve atento ao que os educandos estavam propondo e respondendo às suas inquietações. Nestes momentos a atuação do educador junto aos educandos é fundamental para que o envolvimento do grupo não seja parcial, mas por completo. Em um último momento, para finalizar, o educador fez suas considerações finais a respeito do desenvolvimento do grupo, dizendo que é necessário aguardar resposta vinda das autoridades. É momento de instigar o educando a rever suas práticas e elencar por meio de uma partilha com seus colegas o que foi produtivo e o que deixou a desejar, pois os seres humanos são inacabados e condicionados a erros e acertos.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FATEA, via Plataforma Brasil pelo parecer consubstanciado nº 399.417 em 04/09/2013.

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Resultado e Discussão

A pesquisa foi dividida em cinco etapas. A primeira etapa como forma de sondagem para coleta de informações relevantes para começar o projeto. A segunda etapa para a elaboração e construção do projeto. A terceira etapa para a digitalização dos documentos. A quarta etapa refere-se à coleta de evidências por meio de fotos, no local. E por fim, a quinta etapa é finalizada com a visita de autoridades, como tenente juntamente com o subtenente e um vereador do município para entrega dos documentos requerendo a melhoria dos pontos que os educandos elencaram como relevantes e que precisam ser melhorados na comunidade.

1ª etapa - Oficina Motivacional, o educador mediou um bate-papo com os educandos, mostrando-lhes a importância de questionar, observar e debater as influências que os meios de comunicação e a política têm sobre a sociedade, que é manipulada e vedada de enxergar amplamente o que se passa nos bastidores. O educando foi motivado a entender, por meio do debate e de exemplos que todos têm o direito e o dever de manifestarem-se diante de situações que causam incômodos e que nos deixam inquietos. Mediante a estes debates feitos em oficinas, foram levantadas questões como: educação, projetos municipais que não foram concluídos e obras inacabadas. Neste processo o educador propôs que os educandos fizessem um planejamento em que pudessem expor os problemas debatidos de forma que contribuíssem para melhoria da comunidade que habitam. Neste planejamento o mediador apresentou a proposta da elaboração de Projetos. Nesta perspectiva Alvarez (1996), no que diz respeito ao desenvolvimento de projetos, elenca três momentos que devem ser considerados: problematização, desenvolvimento e síntese.

2ª etapa - Os educandos produziram junto ao mediador, projetos contendo tema, objetivos, justificativa e metodologia que contribuíam para melhoria de um fator relevante do bairro escolhido por eles, visto a necessidade de cada bairro e de levar o projeto para as autoridades políticas da cidade. Foram divididos em quatro grupos de aproximadamente cinco alunos em cada grupo, onde em conjunto os educandos elaboraram o projeto. Houve a necessidade apontada pelos educandos de fazer além do projeto, um abaixo assinado para enviar à comunidade para que todos estivessem unidos para um bem comum. (Figura 1)

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3ª etapa - Os educandos foram levados ao laboratório de Informática para formalizarem o projeto. Cada grupo digitou todos os documentos necessários: Projeto (Figura 2), Abaixo-Assinado (Figura 3), Requerimento (Figura 4).

Figura 2: Projeto

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Figura 4: Requerimento

Formalizou-se o projeto mediante a oficina. (Figura 5) Coletaram-se as assinaturas necessárias para enviar às autoridades com o projeto anexo (Figuras 6, 7, 8 e 9).

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Figuras 6 e 7: Cópias dos documentos enviados às autoridades

Figuras 8 e 9: Cópias dos documentos enviados às autoridades

4ª etapa – OS educandos foram levados para fazer a coleta de fotos do local citado no projeto, conforme proposto por eles, para coleta de dados por meio de fotos, de modo a não identificar as crianças e fazer a análise do local evidenciado, sendo que, em cada dia da semana um grupo era escolhido para ir a campo coletar as evidências da situação problema apontado em cada projeto, neste momento foi de grande importância a presença do educador no meio dos educandos, de modo que somente o fato de estar presente em algo que é de elaboração deles os faça sentir importantes e motivados. (Figura 10)

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Figura 10: Coleta de evidências por meio de fotos

Logo após o planejamento do projeto, as fotos impressas e a coleta das assinaturas do abaixo assinado, foram anexados para que fossem entregues às autoridades que iriam visitar a Obra Social. O educador solicitou por meio de telefone e comparecimento ao departamento de Polícia Militar do Município a presença de autoridades na instituição para que ouçam o que os educandos têm a falar sobre a necessidade de se montar o projeto. Foi marcada uma reunião com dois membros da Polícia Militar e um vereador do município quando os educandos tiveram a oportunidade de conversar, reivindicar seus direitos e apresentar o projeto pronto com toda documentação necessária. As autoridades tiveram um momento de ouvir e de argumentar sobre o que estava sendo pedido e assim houve uma conversa passiva e construtiva, onde puderam mostrar que adolescentes também sabem protestar de forma pacífica algo que é de direito de todos.

A reunião com o tenente e o subtenente da Polícia Militar aconteceu na tarde do dia 13/05/2013, às 14h, com a participação de 24 pessoas, sendo elas educandos e seus familiares, educador, coordenadora da obra, coordenadora pedagógica e assistente social. O tenente deu início à reunião parabenizando a atitude dos educandos em manifestar-se, dando ênfase em tornar-se exemplo, mudar a comunidade por meio de atitudes vinda a partir deles. Cada grupo de educandos, por projeto, leu para o tenente e o subtenente suas propostas e entregou a eles toda documentação que foi elaborada neste tempo (projeto, abaixo-assinado, fotos do bairro e requerimento).

Em seguida, as autoridades deram dicas de como tratar alguns casos de emergência, por meio de denúncias via telefone e/ou internet. Completou dizendo sobre a importância de conhecer o meio que estão inseridos e trabalhar a favor deste meio, que existem diferentes categorias de polícia e indicou aos educandos qual a melhor maneira de recorrer de acordo com o caso que estava sendo tratado.

Em seguida, foi aberto a perguntas, onde os policiais responderam com clareza e disposição os questionamentos.

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 O que a Polícia Militar faz para combater o tráfico de drogas na cidade? Existe algum projeto, além do PROERD, em andamento?

 Quantas rondas existem na cidade? E quando elas passam nos bairros?

 O que a polícia está fazendo a respeito do aumento de criminalidade existente nos bairros?

 O projeto foi levado à sessão da câmera da cidade e comentado em uma entrevista dada pelo vereador a rádio AM. Aguarda-se um retorno dos mesmos ao educandos. (Figura 11 e 12)

Figuras 11 e 12: Conversa da Polícia Militar e Vereador com os educandos, pais e/ou responsáveis.

Quinta etapa - Visto que o que foi determinado aos educandos foi realizado com eficiência e dedicação, o educador fez os agradecimentos e propôs a espera da resposta das autoridades em relação ao início dos projetos e que eles teriam agora, argumentos para poder cobrar o que foi solicitado. Ao término, fez-se uma avaliação oral de como foi o projeto, se os mesmos conseguiram superar seus anseios e metas e qual foi para o educando a parte que mais chamou a atenção.

Conclusões

O desenvolvimento destas práticas se concretiza de forma prolongada e contínua, porém não impossíveis de serem aplicadas se forem programadas organizadamente de forma que os educandos sejam inseridos neste processo de aprendizado como coautores, tornando-os críticos, autônomos e envolvidos na atividade realizada.

Mediante ao processo de análise destas práticas educativas, é possível observar que elas acrescentam na formação de educandos e educadores envolvidos nesta pesquisa. Esta prática é para o educador um grande desafio a ser vencido, tendo em vista que o caminho a se percorrer para alcançar o nível de autonomia e criticidade desejado, exigirá de ambos, dedicação e esforço. O educador deverá ter metas bem formadas, mostrar empenho e firmeza ao questionar, elaborar com antecedência as oficinas para que de forma organizada os educandos possam obter meios que o auxiliem na construção do seu conhecimento e estar preparado a possíveis mudanças que poderão ocorrer neste trajeto.

Essas práticas auxiliam o educando a tornar-se autor de suas construções, responsáveis por seus atos e instigado a não satisfazer-se com aquilo que lhe vem pronto. O educador tem a função de apontar caminhos, e mostrar onde estão e para onde devem ir. Como chegar, será de responsabilidade do educando encontrar seus próprios meios. Porém, tais práticas requerem tempo e pré-disposição do mediador para que ele estimule o senso crítico e a autonomia do educando de uma forma que os façam pensar e agir de maneira correta.

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54 É preciso fundamentar-se na questão de que devem situar em seu espaço, aprendendo a ser cidadão que pensa, que age, que tem seus direitos e deveres; segundo, é necessário conhecer o meio em que vive, estar inserido no contexto de sociedade global, não ser um cidadão a parte do que está acontecendo, mas apto a responder questões do que diz respeito ao meio em que vive; terceiro, o educando deverá reavaliar seus vínculos, não se constrói uma sociedade digna, de valores e respeito com conflitos, é fundamental aprender a conviver com o diferente, com o novo, com regras e culturas; quarto, o educando promoverá ações que contribuam de forma positiva, passiva e correta, trabalhando em prol do bom desempenho da sociedade como um todo e refletindo que ser diferente na sociedade de hoje não é ir de encontro a tudo que ela oferece. Ser diferente é remar contra a maré e fazer a diferença, onde todos pensam erroneamente igual. Ser diferente é ser ousado, é ser jovem, é questionar, opinar, investigar, não satisfazer-se com o mais ou menos, com o inacabado. É dar valor ao que lhe é de direito, é ser honesto, batalhador, sem perder os princípios. Ser diferente é estabelecer vínculos, metas. É estar em paz consigo e com o mundo. Ser diferente é dormir com a consciência tranqüila de que estamos fazendo nossa parte, mas inquietar-se com os que não estão. Ser diferente é ser exemplo, é não perder a alegria de ser gente e lutar a favor dos que precisam. É não fechar os olhos a fatalidades, mas abrir horizontes para enxergar além.

Referências

ALVAREZ LEITE, Lúcia Helena. Pedagogia de projetos: Intervenção no presente. Revista Presença Pedagógica. V3, nº8, mar./abr, 1996.

DELORS, J. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. 6ª Ed. Brasília: MEC, 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança- Um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Paulo Freire; 10ª edição- Rio de Janeiro: Paz e Terra, RJ: 1992

Obra Social de Dom Bosco. Disponível em:

<http://www.domboscoitaquera.org.br/dbosco/sisprev.htm 12h36>. Acesso em:11/12/2013 THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-ação. 14ª edição. São Paulo: Cortez Editora, 2005.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: Como ensinar. Antonio Zabala; trad. Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

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