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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

Bruxelas, 7.5.2003 COM(2003) 238 final

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO

AO CONSELHO, AO PARLAMENTO EUROPEU, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU

E AO COMITÉ DAS REGIÕES

Estratégia do Mercado Interno Prioridades 2003 - 2006

(2)

ÍNDICE

Introdução... 3

Parte A: Contexto... 3

1. O papel da Estratégia no processo de reforma económica da UE... 3

2. Porquê uma nova Estratégia agora? ... 4

3. Uma abordagem mais focalizada ... 4

4. Uma agenda compartilhada... 5

Parte B: Prioridades... 6

1. Facilitar a livre circulação de mercadorias... 6

2. Integrar os mercados de serviços ... 10

3. Garantir indústrias de rede de elevada qualidade... 13

4. Reduzir o impacto dos obstáculos fiscais... 16

5. Expandir as oportunidades da contratação pública ... 18

6. Melhorar as condições para as empresas... 21

7. Responder ao desafio demográfico ... 24

8. Simplificar o enquadramento regulamentar ... 26

9. Garantir o cumprimento das regras ... 29

10. Prestar mais e melhores informações ... 33

Parte C: Aproveitar ao máximo as vantagens de um mercado interno alargado... 36

Parte D: Construir o mercado interno no contexto internacional... 38

Parte E: Monitorização... 40

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Introdução

A presente Estratégia determina o que a União Europeia necessita de fazer durante os próximos três anos para retirar o máximo de benefícios do mercado interno depois do alargamento. A Comissão já descreveu as realizações do mercado interno ao longo da última década1. Esta análise mostra os benefícios significativos que um funcionamento óptimo do mercado interno pode trazer e traz de facto, mas também mostra que o mercado interno ainda não funciona adequadamente numa série de aspectos e que ainda estão por colher benefícios consideráveis. É necessário um novo impulso para eliminar os restantes pontos fracos e permitir ao mercado interno concretizar todas as suas potencialidades em temos de competitividade, crescimento e emprego.

Parte A : Contexto

1. O papel da Estratégia no processo de reforma económica da UE

O Conselho Europeu de 20 e 21 de Março de 2003 reconheceu a importância da Estratégia do Mercado Interno considerando-a como um dos instrumentos mais importantes de coordenação de políticas económicas ao nível da UE, juntamente com as Orientações Gerais para as Políticas Económicas (OGPE)2 e as Orientações para o Emprego (OE)3. As acções estabelecidas na

Estratégia do Mercado Interno devem, assim, ser consideradas em conjunção com as acções sugeridas na OGPE e nas OE4. Estes três instrumentos foram racionalizados e dispõem de uma

perspectiva a três anos para assegurar uma abordagem mais exaustiva, eficiente e coerente da reforma económica na UE5.

A Estratégia do Mercado Interno dará uma importante contribuição ao Conselho “Competitividade”. Além disso, a Comissão vai apresentar outros documentos políticos pertinentes em matéria de competitividade, incluindo a Comunicação “Política Industrial na Europa Alargada”6, o Livro Verde “Espírito Empresarial na Europa”7, a Comunicação sobre a

Política de Inovação8 e “Investir na Investigação: um Plano de Acção para a Europa9. Isto

permitirá ao Conselho “Competitividade” considerar a relação entre as diferentes vertentes do seu trabalho e definir o enquadramento global para a competitividade, tal como solicitado pelo Conselho Europeu.

1 A Comissão estima que o mercado interno permitiu obter 2,5 milhões de postos de trabalho e cerca de

900 mil milhões de euros de riqueza suplementares. Ver “O Mercado Interno - Dez Anos Sem Fronteiras”, SEC(2002) 1497 de 7.1.2003.

2 COM(2003) 170 final de 8.4.2003. 3 COM(2003) 176 final de 8.4.2003.

4 Ver em particular a secção das OGPE “Reformas económicas destinadas a reforçar o potencial de

crescimento da Europa” que inclui recomendações gerais com vista a melhorar o funcionamento do mercado interno.

5 Comunicação da Comissão sobre a racionalização dos ciclos anuais em matéria de coordenação das

políticas económicas e de emprego, COM(2002) 487 final de 3.9.2002.

6 COM(2002) 714 final de 11.12.2002. 7 COM(2003) 27 final de 21.1.2003. 8 COM(2003) 112 final de 11.3.2003. 9 COM(2003) 226 de 30.4.2003.

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A presente estratégia deve ser igualmente considerada como uma resposta ao recente relatório do Parlamento Europeu sobre a Estratégia do Mercado Interno10. Este relatório salientou que a

melhoria do funcionamento do mercado interno deve ser a principal prioridade da União e solicitou o lançamento de uma nova iniciativa de grande envergadura para acelerar a realização de reformas fundamentais.

2. Porquê uma nova Estratégia agora?

A Comissão vê três razões principais por que a UE precisa de agir com determinação agora para melhorar o mercado interno:

-– O desempenho do mercado interno, que se encontra aquém do nível óptimo, é um dos desafios que se coloca entre a UE e a realização do objectivo ambicioso que se fixou em Lisboa, em 2000. É necessário tomar rapidamente medidas decisivas. Sabemos que podem ser necessários vários anos até as medidas adoptadas produzirem um impacto real no terreno. Por forma a que a UE se torne a economia assente no conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo até 2010, as medidas necessárias para criar um mercado genuinamente unificado e integrado devem ser adoptadas muito em breve.

– Afigura-se urgente desenvolver uma estratégia eficaz para reformar o mercado interno, porque o alargamento será daqui a um ano. O alargamento proporciona oportunidades sem precedentes, quer para os Estados-Membros existentes, quer para os novos, mas não se fará sem riscos. O mercado interno é permanentemente vulnerável à fragmentação, e o alargamento será um momento de vulnerabilidade acrescida, a não ser que reforcemos todos os instrumentos políticos e conceitos fundamentais de modo a que continuem a funcionar bem, ou melhor, numa União de 25 países11. Só então poderão ser realizados os ganhos potenciais oferecidos pelo alargamento.

– A UE, bem como outras partes do mundo, enfrenta neste momento um abrandamento do crescimento económico e da criação de emprego, o que torna ainda mais urgente avançar com reformas estruturais de forma a aumentar a capacidade de crescimento das nossas economias. Eliminando os estrangulamentos no mercado interno, a Europa estará em muito melhores condições de enfrentar a concorrência cada vez mais aguerrida das economias emergentes. A União Europeia ficará também mais bem protegida contra as futuras flutuações do ciclo económico e disporá de uma base económica mais sólida para lidar com os enormes desafios de uma população envelhecida.

3. Uma abordagem mais focalizada

Quando se acrescentam alguns pisos novos a um edifício - que é o que o alargamento representa para a UE - é essencial assegurar que os seus alicerces sejam suficientemente fortes. Assim, a Estratégia concentra-se muito firmemente no reforço das “bases” ou “alicerces” do mercado interno: eliminar os obstáculos ao comércio de bens e serviços, assegurar que as regras acordadas sejam correctamente implementadas e eficazmente aplicadas, reduzir a burocracia, combater as barreiras fiscais e expandir as oportunidades dos contratos públicos.

Os problemas a combater são muitas vezes problemas antigos que resistiram a tentativas anteriores de resolução. Mas lidar com problemas habituais não significa a manutenção do

10 Relatório Harbour, A5-0026/2003. 11 28, com os países do EEE.

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status quo. A Comissão está a sugerir novas ideias e a pedir uma determinação política mais

forte para a apresentação de resultados, quer para as empresas, quer para os consumidores. É claro que nem todas as acções propostas são novas. Muito trabalho vital já está em curso e nalguns casos está já bastante avançado (por exemplo, o plano de acção para os serviços financeiros e o acordo político sobre uma patente comunitária) e a presente Estratégia solicita a sua adopção ou conclusão rápida. Outras acções propostas são aqui delineadas mas precisam de ser objecto de um exame mais profundo e de uma avaliação de impacto antes de a Comissão poder fazer propostas concretas. Contudo, cabe aos próprios Estados-Membros implementar outras acções. Mais pormenores sobre todas as acções propostas, incluindo o calendário, podem ser consultadas no anexo12.

4. Uma agenda compartilhada

À medida que o enquadramento regulamentar do mercado interno toma forma, começa-se a pôr a tónica nos EstadosMembros que têm de fazer o mercado interno funcionar na prática -e diariam-ent-e. O m-ercado int-erno p-ert-enc-e-lh-es - -e não à Comissão. São -el-es qu-e têm d-e implementar as leis do mercado interno a tempo e correctamente, informar os cidadãos e as empresas dos seus direitos e resolver os problemas à medida que estes surgem. São eles que devem agir de acordo com a letra e o espírito do mercado interno, evitando introduzir leis nacionais que entrem em conflito com os princípios do mercado interno. Para cumprirem o seu papel com êxito, devem cooperar mais entre eles e com a Comissão.

Assim, para ser eficaz, a presente Estratégia deve ser considerada não só como um documento da Comissão, mas como uma agenda compartilhada, em que o Conselho, o Parlamento Europeu e os Estados-Membros (actuais e futuros) podem todos dar a sua contribuição.

O novo tratado constitucional, que resultará da Conferência Intergovernamental, definirá a relação entre as diferentes instituições da UE e entre a UE e os Estados-Membros. É essencial que este tratado continue a proporcionar uma base jurídica sólida para o desenvolvimento do mercado interno de modo a poder continuar a servir os interesses da Europa e a responsabilizar os nossos cidadãos e empresas.

12 As acções são classificadas no anexo de acordo com três tipos: tipo 1 - para adopção ou conclusão

rápida; tipo 2 - para exame e discussão mais profundos; e tipo 3: a implementar pelos Estados-Membros.

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Parte B: Prioridades

1. FACILITAR A LIVRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS

a) Avaliação

O comércio de mercadorias transfronteiras dentro da UE continua a ser mais caro e complexo do que o comércio no interior de um Estado-Membro. Quando vendem para o estrangeiro, as empresas devem muitas vezes sujeitar-se a que os seus produtos sejam novamente ensaiados ou mesmo modificados de forma a preencher os requisitos locais. A intensidade dos controlos e da fiscalização dos mercados varia conforme o Estado-Membro. Certos produtos não conformes podem escapar ao controlo e ser comprados por consumidores que têm o direito de esperar normas de saúde e de segurança elevadas em todos os produtos à venda no mercado. A livre circulação de mercadorias (e serviços) no mercado interno baseia-se sobretudo na confiança. Na confiança por parte das empresas de que podem vender os seus produtos com base num enquadramento regulamentar claro e previsível. Na confiança por parte das administrações dos Estados-Membros de que as regras são respeitadas na prática em toda a UE e de que as autoridades competentes nos outros Estados-Membros tomam as medidas apropriadas quando isto não acontecer. E, é claro, na confiança dos consumidores nos seus direitos e de que os produtos que compram são seguros e respeitam o ambiente.

Numa UE com uma maior dimensão e diversidade após o alargamento, a confiança no funcionamento do enquadramento jurídico actual para a livre circulação de mercadorias precisa de ser mais reforçada. A melhor forma de o fazer será introduzindo de uma série de disciplinas que tornarão as regras mais transparentes e mais previsíveis e que encorajarão as autoridades nacionais a terem mais confiança nos métodos e avaliações umas das outras. Isto nem sempre é uma tarefa com grande visibilidade - mas deve ser feita para fomentar o comércio intra-comunitário e aproveitar as vantagens das economias de escala e da especialização.

Os obstáculos técnicos continuam a frustrar o comércio transfronteiras de mercadorias:

· O comércio com países terceiros tem crescido mais depressa do que o comércio entre Estados-Membros nos últimos anos e a convergência dos preços nos Estados-Membros quase parou13.

· 75% das empresas consideram que a eliminação das barreiras técnicas ao comércio de bens e serviços deve ser uma prioridade para a União14.

· Quase uma em cinco empresas suecas depara com barreiras ao comércio. 85% preferem contornar o problema adaptando os seus produtos de forma a cumprirem as regras do país de destino15.

· As regulamentações técnicas e a avaliação da conformidade constituem o principal quebra-cabeças para as empresas espanholas - representando metade de todos os problemas encontrados16.

13 Relatórios de 2001 e 2002 sobre o funcionamento dos mercados comunitários de produtos e de capitais,

COM(2001) 736 de 7.12.2001 e COM(2002) 743 final de 23.12.2002.

14 Painel de Avaliação do Mercado Interno, n.º 11, Novembro de 2002.

15 Câmara de Comércio Nacional Sueca, Divisão do Mercado Interno: problemas de livre circulação no

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· O tempo médio necessário para adoptar as normas europeias aumentou de 4,5 anos em 1995 para cerca de 8 anos em 200117. Só 22% das 600 normas necessárias para criar um verdadeiro mercado interno para os produtos de construção foram adoptadas, mais de uma década depois da directiva relativa aos produtos de construção ter entrado em vigor18.

· A não aplicação do princípio do reconhecimento mútuo reduziu o comércio dentro da UE em 150 mil milhões de euros em 200019.

b) Acções

1. O reconhecimento mútuo é uma pedra angular do mercado interno. Permite que os produtos circulem livremente com base na sua conformidade com as leis nacionais do Estado-Membro em que o produto foi inicialmente comercializado. O princípio é não haver regras processuais específicas nem trabalho administrativo suplementar. Esta é a sua força, mas ao mesmo tempo o seu ponto fraco. Quando os problemas ocorrem, há pouca transparência ou nenhuma, não existe uma abordagem decidida por acordo comum para avaliar se os níveis de protecção são equivalentes e não há um procedimento claro para uma empresa poder desafiar uma decisão negativa. Como resultado, muitas empresas decidem abandonar certos mercados ou são forçadas a modificar os seus produtos para cumprirem os requisitos locais. Este tipo de reacção poder tornar-se mais generalizada depois do alargamento.

Assim, a Comissão é da opinião que são necessárias regras específicas para conferir mais estrutura ao reconhecimento mútuo de modo a aumentar a transparência e encorajar as autoridades nacionais a agir de forma mais “europeia”. A Comissão acredita que a melhor maneira de conseguir isto é através de um novo regulamento comunitário que determine príncipios-chave como, por exemplo, a notificação obrigatória em casos em que o reconhecimento mútuo seja recusado, a possibilidade de as empresas demonstrarem que o produto controverso foi de facto legalmente comercializado noutros países da UE através de um certificado-modelo e as possibilidades de recurso. Antes de fazer uma proposta, a Comissão consultará amplamente os Estados-Membros, a indústria e outras partes interessadas sobre as diferentes opções.

2. Em áreas mais complexas ou sensíveis, o reconhecimento mútuo não é suficiente, e a única forma de eliminar as barreiras é harmonizar as regras nacionais a nível da UE. Enquanto isto é por vezes possível por meio de legislação técnica detalhada, em certos sectores utiliza-se uma alternativa regulamentar simplificada denominada “Nova Abordagem". Desenvolvida em 1985, limita a legislação a estabelecer os requisitos obrigatórios essenciais que os produtos devem respeitar, deixando aos fabricantes a liberdade de escolher se aplicam a norma europeia apropriada ou quaisquer outras especificações técnicas que respeitem esses requisitos essenciais.

16 “Línea abierta para la identificación de problemas de las empresas españolas en el mercado único

europeo, Fase IV” 2002, Ministerio de Economía e Confederación Española de Organizaciones Empresariales.

17 Painel de Avaliação do Mercado Interno, n.º 9, Novembro de 2001 (os número só abrangem o CEN). 18 Ver nota de rodapé 14.

19 Relatório de 2001 sobre o funcionamento dos mercados comunitários de produtos e de capitais,

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A Nova Abordagem tem sido uma ferramenta bem sucedida para o desenvolvimento do mercado interno, mas algumas das suas características precisam de ser reforçadas, especialmente tendo em vista o alargamento. Isto inclui a melhoria dos procedimentos de avaliação da conformidade, o reforço da cooperação administrativa e da vigilância do mercado para assegurar que se tomem medidas efectivas quando os produtos não respeitam os requisitos essenciais, bem como a melhoria da compreensão da marcação CE. Pode ser também necessário alargar a utilização da Nova Abordagem a sectores ainda não abrangidos, como forma de melhorar e simplificar a legislação.

Esta ideias estão incluídas na Comunicação da Comissão “Reforçar a aplicação das directivas da Nova Abordagem”, publicada em paralelo com a Estratégia do Mercado Interno. Uma das opções consideradas é a introdução de uma directiva de base comum, com artigos normalizados sobre questões horizontais comuns a todas as directivas da Nova Abordagem. Esta opção reforçaria a coerência entre as directivas da Nova Abordagem e asseguraria uma implementação mais eficaz.

3. As normas europeias desempenham um papel particularmente vital na aplicação das directivas da Nova Abordagem. Actualmente, o desenvolvimento de normas é um processo demasiado longo. Os organismos europeus de normalização e a indústria devem trabalhar em conjunto para acelerar o processo. É também necessário assegurar a qualidade20 da produção de normas e a sua transposição uniforme em normas nacionais, incluindo nos novos Estados-Membros. A promoção de marcas europeias voluntárias precisa de ser reforçada, uma vez que as marcas controladas a nível nacional têm um efeito de fragmentação. A Comissão assegurará a aplicação destes objectivos, em especial através de contratos de parceria e de desempenho que assinará com os organismos europeus de normalização em 2003. O objectivo é ligar o apoio financeiro comunitário para estes organismos a critérios de desempenho claros. 4. De forma a assegurar que o desenvolvimento económico seja sustentável, a UE estabeleceu requisitos mínimos em termos da qualidade do ar e da água e de redução de resíduos. É claro que o êxito do cumprimento destes requisitos dependerá da nossa capacidade de limitar o impacto dos produtos sobre o ambiente – ou seja, o impacto tanto da sua produção como da sua utilização. A UE precisa de proporcionar à indústria um enquadramento regulamentar coerente e flexível que permita alcançar isto de forma efectiva -e qu-e ao m-esmo t-empo não pr-ejudiqu-e a comp-etitividad-e -e a livr-e circulação d-entro do mercado interno. De outro modo, os Estados-Membros tentarão cumprir os requisitos ambientais da UE, adoptando as suas próprias regras técnicas que podem criar novas barreiras ao comércio.

Em resposta a este desafio, a Comissão já adoptou propostas com vista a introduzir requisitos ambientais em alguns aspectos da legislação do mercado interno21. Adicionalmente, adoptará em breve uma proposta inovadora de uma directiva-quadro relativa ao design ecológico dos produtos. Estas directivas deverão ser adoptadas e implementadas. Estão em conformidade com os princípios da política integrada relativa aos produtos22, para a qual a Comissão fixará em breve os próximos passos. A normalização também tem aqui um papel a desempenhar.

20 É também necessário aumentar a participação de todas as partes interessadas, em particular dos

representantes das PME, na elaboração das normas.

21 Ver, por exemplo, a proposta, apresentada pela Comissão, de directiva do Parlamento Europeu e do

Conselho que altera a Directiva 94/25/CE relativa à aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos Estados-Membros respeitantes às embarcações de recreio, COM(2000) 639 final, JO C 62E de 27.2.2001, p.139.

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Uma melhor integração dos requisitos ambientais nas normas técnicas pode ajudar a reduzir o impacto dos produtos sobre o ambiente e também a reduzir o desenvolvimento de legislação ambiental a nível nacional. Está prevista a adopção de uma comunicação sobre esta questão até ao final do ano.

5. A confiança dos consumidores na segurança dos produtos depende de uma vigilância eficaz do mercado e do controlo coerente de execução das regras em toda a UE pelas autoridades competentes, bem como do cumprimento pelos produtores e distribuidores das suas obrigações. A segurança dos produtos de consumo é regulada por directivas sectoriais e pela directiva relativa à segurança geral dos produtos (DSGP), que foi recentemente revista e reforçada. A Comissão procurará garantir o cumprimento dos requisitos desta directiva, através do desenvolvimento e da revisão das normas europeias, e apresentará um relatório sobre a sua aplicação em 2006. Adicionalmente, a Comissão tenciona apresentar uma proposta legislativa sobre práticas comerciais desleais para incrementar a defesa do consumidor e o funcionamento do mercado interno (de bens e serviços).

Uma maior coerência do direito europeu em matéria de contratos também facilitaria o comércio intra-UE e permitiria aos consumidores colherem mais facilmente os benefícios do mercado interno. Serão empreendidas medidas para promover a convergência do direito nacional dos contratos através do plano de acção sobre o direito europeu dos contratos23. 6. No sector automóvel, o sistema europeu de homologação do veículo completo aplica-se obrigatoriamente, quer aos automóveis de passageiros, quer aos motociclos. Este sistema tem uma série de vantagens. Uma vez que um automóvel ou um motociclo seja homologado num Estado-Membro, pode ser registado e colocado no mercado em qualquer país da Comunidade sem necessidade de se efectuarem mais ensaios. Isto reduz os custos para a indústria e evita a reaparição de barreiras no mercado interno. O sistema precisa agora de ser alargado a outros tipos de veículos, especialmente camiões, carrinhas e camionetes.

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2. INTEGRAR OS MERCADOS DE SERVIÇOS

a) Avaliação

As consideráveis diferenças de regulamentação entre os Estados-Membros - e a falta de confiança nos sistemas regulamentares uns dos outros - são as principais razões por que a livre circulação de serviços tem sido até agora mais um conceito jurídico do que uma realidade prática. Devido à natureza complexa e intangível de muitos serviços - e à importância do know-how e das qualificações do prestador dos serviços - estes são geralmente sujeitos a regras jurídicas mais abrangentes e mais complexas do que as mercadorias.

O panorama não é totalmente negro. Nos serviços financeiros, a acção está em curso - tendo já sido adoptadas 32 das 42 medidas previstas no Plano de Acção para os Serviços Financeiros (PASF). No entanto, as mudanças estruturais, os novos modelos empresariais e os padrões de risco em constante evolução colocam novos desafios às autoridades de regulamentação e supervisão. Além disso, novos estrangulamentos regulamentares foram descobertos, por exemplo, na área da compensação e da liquidação, que constituem as artérias do sistema financeiro. É necessário dedicar uma atenção especial à identificação de barreiras regulamentares que actuam como travão ao comércio e à concorrência nos mercados dos serviços financeiros a retalho que são comercializáveis.

Muitos outros sectores dos serviços - como o do turismo, da distribuição, da construção, da engenharia e dos serviços de consultoria, de certificação e de ensaio, bem como as agências de emprego - não foram objecto de uma política abrangente do mercado interno. Existem várias formas de prestação destes serviços. Enquanto alguns podem ser prestados à distância graças às novas tecnologias da informação e da comunicação, muitos ainda requerem a presença permanente ou temporária do prestador de serviços no Estado-Membro onde o serviço é prestado. No caso de alguns serviços, como os de distribuição, o estabelecimento no mercado-alvo continua a ser a estratégia comercial principal. No entanto, estas diferentes formas de prestação de serviços são todas prejudicadas por barreiras jurídicas e administrativas24.

Estas barreiras afectam todas as fases do processo empresarial - desde o estabelecimento inicial da empresa e a utilização de factores de produção, tais como o pessoal e o equipamento - até às actividades de promoção, distribuição, venda e pós-venda. Têm como resultado custos suplementares consideráveis para as empresas que negoceiam entre Estados-Membros, o que conduz ao desperdício de recursos, limitando a inovação e a diferenciação dos serviços. Algumas empresas são dissuadidas completamente de exercer as suas actividades transfronteiras – especialmente as PME – que são proeminentes nas indústrias dos serviços. Isto limita a concorrência e a escolha do consumidor e mantém os preços mais elevados do que o necessário, além de impedir a realização do pleno potencial de criação de emprego das indústrias dos serviços.

Ainda é muito difícil prestar serviços transfronteiras:

· Os serviços representam cerca de 20% do comércio no mercado interno, percentagem inferior à de uma década atrás.

24 Ver o relatório da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre a situação do mercado interno

dos serviços (COM (2002) 441) apresentado no âmbito da primeira fase da Estratégia do Mercado Interno para os serviços (COM (2000) 888).

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Ainda é muito difícil prestar serviços transfronteiras:

· Existe um enorme potencial de crescimento na maior parte dos países candidatos, onde os serviços representam entre 56% e 70% da economia25 e 54% do emprego total26.

· Quase 90% de todas as PME na UE pertencem às indústrias dos serviços27.

· 40% dos prestadores de serviços às empresas dizem que a eliminação das barreiras ao comércio transfronteiras aumentaria as suas vendas em 20%28.

· Existem suficientes informações concretas sobre os custos das barreiras: uma empresa de software gastou mais de 6 milhões de euros por ano em custos administrativos associados à deslocação do seu pessoal entre Estados-Membros; um banco comercial gastou 19.000 euros em despesas jurídicas antes de poder realizar uma campanha de promoção em dois Estados-Membros29.

· Nos serviços financeiros, estimativas recentes mostram que uma maior integração poderia acrescentar 130 mil milhões de euros ao PIB da UE em dez anos e aumentar o emprego em 0,5%30.

b) Acções

1. O Conselho e o Parlamento Europeu deverão adoptar a proposta de regulamento relativo às promoções de vendas, que facilitará as companhas de promoção transeuropeias, e a directiva relativa ao reconhecimento das qualificações profissionais. Esta última pretende promover a mobilidade dos profissionais especializados, incluindo para a prestação temporária de serviços no “Estado de acolhimento” com base no cumprimento das regras do “Estado de origem”, aumentando assim a escolha dos consumidores e assegurando preços competitivos para os serviços profissionais. Os Estados-Membros devem depois transpô-la correctamente e a tempo e assegurar que é adequadamente aplicada e cumprida.

2. A Comissão apresentará uma proposta de directiva relativa aos serviços no mercado interno antes do final de 2003. Esta directiva estabelecerá um enquadramento jurídico claro e a equilibrado com vista a facilitar as condições de estabelecimento e de prestação de serviços transfronteiras. Terá como base uma conjugação do reconhecimento mútuo, da cooperação administrativa, da harmonização quando for absolutamente necessário e do encorajamento dos códigos de conduta/regras profissionais europeus.

A Comissão publicará uma comunicação sobre a competitividade dos serviços relacionados com as empresas e a sua contribuição para o desempenho das empresas europeias, fixando medidas não legislativas concebidas para complementar a directiva. Estas incluirão o desenvolvimento de normas europeias e medidas para melhorar a cobertura estatística dos sectores dos serviços.

25 Dados dos relatórios periódicos de 2002 da Comissão sobre os progressos realizados por cada um dos

países candidatos na via da adesão (o valor para Chipre é 77%).

26 Relatório da Comissão “O emprego na Europa 2002. Tendências recentes e perspectivas”. 27 Pontos fortes do inquérito de 2001, Observatório Europeu para as PME, 2002.

28 Retirado de um inquérito aos serviços prestados às empresas realizado para a Comissão. Ver o anexo

estatístico e técnico ao “Relatório sobre o funcionamento dos mercados comunitários de produtos e de capitais”.

29 Ver nota de rodapé 24.

30 “Quantification of the macro-economic impact of the integration of EU financial markets”, estudo de

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3. Conforme os resultados de um estudo de viabilidade, a Comissão tenciona propor uma extensão do mecanismo de verificação para os projectos de regulamentação técnica nacional31 que abranjam os outros serviços além dos serviços da sociedade da informação (que já são abrangidos). Isto pretende travar a criação de novas barreiras ao mercado interno dos serviços.

4. A Comissão assegurará um seguimento adequado ao seu relatório sobre a segurança dos serviços para os consumidores, que prevê a introdução de uma medida legislativa concebida para monitorizar e apoiar as políticas e as medidas nacionais nesta área.

5. O Conselho e o Parlamento deverão adoptar as restantes medidas do PASF, nomeadamente a directiva relativa aos prospectos e a directiva relativa aos serviços de investimento, bem como terminar a primeira leitura da directiva relativa à transparência antes do final da actual legislatura.

6. A Comissão fará as propostas finais previstas no âmbito do PASF, incluindo uma nova directiva relativa à adequação dos fundos próprios (no início de 2004).

7. A Comissão publicará igualmente uma comunicação relativa à compensação e liquidação, no segundo semestre deste ano, indicando as medidas que é preciso tomar para se conseguir uma zona europeia única de pagamentos e facilitar as transacções transfronteiras de acções. Esta comunicação aumentará a possibilidade de criar um enquadramento regulamentar comum em toda a UE apoiado pela legislação comunitária.

8. A Comissão fará uma consulta alargada sobre a conclusão e o desenvolvimento futuro do PASF focando especialmente a criação de um mercado único dos serviços financeiros a retalho. O Conselho e o Parlamento deverão adoptar a directiva relativa ao crédito ao consumo para permitir o progresso no sentido de um verdadeiro mercado único do crédito.

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3. GARANTIR INDÚSTRIAS DE REDE DE ELEVADA QUALIDADE

a) Avaliação

As “indústrias de rede” são muito importantes para a nossa qualidade de vida e o bem-estar de todos os cidadãos da UE. Constituem também um contributo fundamental para a indústria da UE, tendo, portanto, um efeito determinante na nossa competitividade internacional.

Ao longo dos últimos dez anos, o grau de abertura do mercado nestes sectores tem sido significativo – impulsionado em parte pela legislação comunitária e em parte pelos desenvolvimentos do mercado e tecnológicos. Isto trouxe benefícios consideráveis, quer para as empresas, quer para os consumidores.

A prioridade agora é completar o processo de abertura do mercado, adoptando as propostas existentes e elaborando propostas novas quando necessário. Uma área em que podem ser necessárias novas medidas é o sector da água - que permanece fragmentado e onde a modernização pode conduzir a ganhos potenciais. No entanto, esta questão será objecto de um exame mais profundo. A política europeia no que respeita à propriedade da água e dos serviços hídricos continuará a ser neutra. Estão também previstas outras medidas para obter um sector postal moderno e dinâmico.

Todas as “indústrias de rede” são sujeitas a obrigações específicas de serviço público, relacionadas, por exemplo, com a prestação de serviços essenciais a grupos vulneráveis da população e aos que vivem em áreas geograficamente remotas. É vital que essas obrigações continuem a ser cumpridas. A Comissão publicará em breve um Livro Verde que examina o papel da UE nesta área, cujo objectivo é lançar um debate alargado sobre as questões em causa.

Nos próximos anos, será necessário um grande investimento para melhorar a qualidade da nossa infra-estrutura, particularmente a dos países candidatos. Dadas as duras restrições orçamentais impostas aos governos, é improvável que os dinheiros públicos sejam suficientes para financiar esta necessidade. O sector privado deverá, assim, desempenhar um papel cada vez mais importante no financiamento de infra-estruturas e na modernização dos nossos serviços vitais, assegurando que sejam acessíveis em termos económicos e da melhor qualidade possível.

No entanto, as parecerias público-privado levantam certas questões jurídicas. Estas questões devem ser clarificadas de modo a criar um enquadramento jurídico previsível no qual as parcerias possam prosperar. A Comissão tentará fazê-lo de duas maneiras. Em primeiro lugar, clarificará o impacto da política da UE em matéria de concorrência/auxílios estatais sobre os serviços de interesse económico geral. Em segundo lugar, clarificará a forma como as regras da contratação se aplicam a situações em que parcerias público-privado concorrem para a prestação desses serviços.

A abertura do mercado beneficiou tanto os consumidores como as empresas:

· Juntamente com os desenvolvimento tecnológicos, a abertura dos mercados fez baixar os preços das chamadas telefónicas nacionais em 50%, desde 1998, e os das chamadas internacionais em 40%32.

32 Oitavo Relatório sobre a Aplicação do Pacote Regulamentar das Telecomunicações, Comissão

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· O preços das tarifas aéreas promocionais baixaram 41% entre 1992 e 200033. O número de rotas que ligam

os Estados-Membros aumentou 46% desde 1992 – dando aos passageiros mais escolha.

· Os consumidores domésticos pagam 15% menos pela electricidade nos mercados liberalizados. E pagam 25% menos pelo gás no Reino Unido, onde os mercados são totalmente abertos 34.

· O sector da água é um sector importante na economia, com um volume de negócios anual estimado em 80 mil milhões de euros, o que é superior ao sector do gás natural. Mas as taxas anuais da água variam entre 350 euros em Berlim e 50 euros em Roma (não havendo qualquer taxa na Irlanda)35.

· Calcula-se que as necessidades em termos de investimento em infra-estruturas para os países candidatos sejam de 100 mil milhões de euros só para os transportes36.

b) Acções

1. O Conselho e o Parlamento deverão adoptar rapidamente o “segundo pacote ferroviário”, a proposta sobre concorrência controlada para os transportes públicos, o pacote concebido para criar um céu único europeu e a proposta sobre o acesso aos serviços portuários. O Conselho deverá dar um mandato à Comissão para negociar um acordo de céu aberto com os EUA. A Comissão apresentará em breve propostas para a abertura do mercado do transporte de passageiros de modo a realizar o mercado interno no sector ferroviário.

2. O Conselho deverá adoptar rapidamente e implementar efectivamente o “pacote da energia” para abrir completamente os mercados do gás e da electricidade aos consumidores não domésticos até 2004 e aos consumidores domésticos até 2007.

3. Embora a política europeia no que respeita à propriedade da água e dos serviços hídricos permaneça neutra, os serviços da Comissão realizarão uma revisão da situação jurídica e administrativa do sector da água e das águas residuais. Isto incluirá uma análise dos aspectos concorrenciais, respeitando plenamente as garantias do Tratado quanto aos serviços de interesse económico geral e às disposições ambientais. Todas as opções serão consideradas, incluindo possíveis medidas legislativas.

4. Os Estados-Membros devem assegurar a transposição total e dentro dos prazos da directiva relativa aos serviços postais, que abrirá à concorrência secções substanciais do mercado em 2003 e 2006. A Comissão completará, durante 2006, um estudo de avaliação, para cada Estado-Membro, do impacto sobre o serviço universal da realização total do mercado interno dos serviços postais. Com base nos resultados deste estudo, a Comissão poderá fazer outras propostas.

5. A Comissão continuará os seus esforços no sentido de clarificar a aplicação das regras relativas aos auxílios estatais como compensação pelos custos da prestação de serviços de interesse económico geral, à luz dos próximos acórdãos do Tribunal.

33 Updating and development of economic and fares data regarding the European Air Travel Industry,

Relatório anual de 2000. Encomendado pela DG Transportes e Energia.

34 SEC(2003) 448 de 7.4.2003.

35 Taxas para uma família que vive numa casa e gasta 200 metros cúbicos de água por ano. Study on the application of the Competition Rules to the Water Sector in the EC. Produzido por WRc and Ecologic

para a DG Concorrência, Dezembro de 2002.

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6. A Comissão publicará um Livro Verde no decurso do corrente ano com vista a lançar um debate sobre como melhor assegurar que as parcerias público-privado para projectos importantes sejam empreendidas em condições efectivas de concorrência e de total clareza jurídica ao abrigo das regras da contratação. Se necessário, proporá outras medidas (legislativas) para facilitar estas parcerias.

(16)

4. REDUZIR O IMPACTO DOS OBSTÁCULOS FISCAIS

a) Avaliação

À medida que o mercado interno amadurece, cada vez mais empresas procuram organizar-se a nível europeu. No entanto, operar com 15 (e em breve 25) sistemas diferentes de fiscalidade acrescenta uma camada de complexidade às actividades empresariais.

As empresas deparam com uma grande quantidade de dificuldades, tais como o tempo que as autoridades fiscais levam a acordar os preços de transferência para as transacções transfronteiras entre duas partes do mesmo grupo, as limitações da compensação transfronteiras de prejuízos (que podem levar a que uma empresa com prejuízos globais tenha de pagar impostos!) e os problemas de dupla tributação.

Além disso, o actual sistema de IVA gira à volta da tributação no país de consumo. O resultado é que muitas empresas que têm actividades transfronteiras tenham de pagar IVA num Estado-Membro onde não têm estabelecimento permanente. Isto é difícil e dispendioso, uma vez que o comerciante pode não ter um conhecimento adequado da língua e da legislação desse país. É um obstáculo importante ao funcionamento harmonioso do mercado interno, especialmente para as PME. O sistema actual é também vulnerável à fraude, o que requer uma resposta forte e coordenada da parte dos Estados-Membros e da Comissão.

Outros aspectos da política fiscal causam problemas tanto para a indústria como para os cidadãos. Alguns Estados-Membros, por exemplo, impõem um imposto mais elevado sobre os dividendos transfronteiras do que sobre os dividendos nacionais. Este tipo de discriminação fiscal desencoraja fortemente a posse transfronteiras de acções e abranda a criação de mercados de acções pan-europeus.

Além disso, devido às diferenças no imposto de matrícula, os fabricantes de automóveis têm de fabricar modelos diferentes (por exemplo, com diferentes potências de motor) para os vários mercados nacionais. Isto priva-os da totalidade dos benefícios de operar no mercado interno. Adicionalmente, as pessoas que se mudam para outro Estado-Membro por vezes acabam por pagar o imposto de matrícula duas vezes pelo mesmo carro.

Os obstáculos fiscais são um grande problema para as empresas no mercado interno:

· A UNICE sublinha que a existência de 15 administrações fiscais diferentes representa “um grande encargo para as empresas, em particular para as PME”37.

· 77% das empresas apontam que os sistemas fiscais nacionais devem ser mais alinhados38. As principais

empresas europeias solicitaram uma maior harmonização dos sistemas fiscais em toda a UE 39.

· Os custos de conformidade associados aos impostos cobrados às sociedades representam entre 2% e 4% das receitas totais dos impostos sobre o rendimento das sociedades40 - ou seja, entre 4,3 mil milhões de euros e 8,6 mil milhões de euros para a UE no seu conjunto41.

37 Reacção da UNICE à comunicação e ao relatório da Comissão sobre a fiscalidade das empresas no

mercado interno.

38 Ver nota de rodapé 14.

39 UPS Europe Business Monitor, http://www.ups.com/europe/ebmxi/flash/index.html

40 Comissão Europeia “A Fiscalidade das Empresas no Mercado Interno”, COM (2001) 582 final. 41 Estimativa do CEPS utilizando números da Comissão.

(17)

b) Acções

1. Quanto à fiscalidade das empresas, a Comissão tomará as seguintes medidas necessárias para eliminar obstáculos-chave:

- A curto prazo, irá propor a revisão da directiva sobre as sociedades mães/filiais, concebida para eliminar a tributação dupla dentro da UE e permitir que os dividendos sejam pagos entre empresas do mesmo grupo sem retenção de impostos na fonte. Também irá propor uma revisão da directiva das fusões, concebida para ajudar à reorganização das empresas permitindo o adiamento de certos encargos fiscais e evitar a dupla tributação. Está previsto alargar a aplicabilidade das directivas, tornando mais flexíveis algumas das condições nelas dispostas e permitindo que mais empresas delas beneficiem.

- A longo prazo, proporá medidas para introduzir uma matéria colectável consolidada comum do imposto sobre as sociedades à escala da UE. Isto poderia ser obtido sem harmonizar as taxas do imposto sobre as sociedades e permitiria um grande avanço no sentido de resolver os problemas que as empresas enfrentam, reduzindo os custos da conformidade que resultam da existência de quinze sistemas fiscais diferentes, proporcionando compensação fiscal transfronteiras e simplificando as complicações fiscais associadas aos preços de transferência.

2. Quanto ao IVA, a Comissão publicará uma comunicação fixando novas medidas para modernizar e simplificar o sistema existente. Estas poderiam incluir a introdução de um único local de cumprimento para todas as empresas que exercem as suas actividades em Estados-Membros onde não estão estabelecidas. Tal iniciativa reduziria o custo administrativo do IVA para as empresas e tornaria mais fácil o comércio transfronteiras, beneficiando em particular as PME.

3. No que respeita à tributação dos veículos automóveis, a Comissão recomenda que o imposto de matrícula seja reduzido gradualmente durante um período transitório de cinco a dez anos. Os Estados-Membros compensariam estas receitas aumentando os impostos rodoviários anuais e os impostos sobre os combustíveis. Estes últimos beneficiariam o ambiente, bem como o mercado interno. A Comissão apresentará propostas legislativas para eliminar os obstáculos à livre circulação de automóveis no mercado interno.

4. No que toca aos dividendos, a Comissão publicará uma comunicação sobre o efeito da jurisprudência do Tribunal de Justiça Europeu sobre os vários tipos de sistemas de tributação de dividendos e tomará medidas para assegurar um tratamento não discriminatório, lançando, se necessário, processos por infracção.

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5. EXPANDIR AS OPORTUNIDADES DA CONTRATAÇÃO PÚBLICA

a) Avaliação

O mercado dos contratos públicos da União Europeia ainda não é suficientemente aberto e competitivo. Muitos adquirentes públicos, especialmente a nível das administrações locais, não têm um conhecimento exaustivo das regras. Devido à multiplicidade de regras e de procedimentos a nível nacional, muitos fornecedores evitam vender às administrações públicas, especialmente noutro Estado-Membro. Com algumas excepções, a contratação pública ainda depende inteiramente de uma vasta burocracia, ignorando os benefícios consideráveis da contratação por via electrónica.

Tudo isto se traduz numa participação transfronteiras limitada nos procedimentos de adjudicação de contratos, em mercados dos contratos públicos ineficientes, na perca de oportunidades empresariais e numa probabilidade reduzida de os contribuintes obterem a melhor relação qualidade/preço. Os custos de uma contratação ineficiente são enormes. A contratação pública é demasiado importante para a economia europeia para se permitir a continuação desta situação. Estando os orçamentos do Estado sob uma grande pressão, uma contratação mais eficiente é a maneira mais óbvia de obter mais gastando menos.

A adopção e a implementação efectiva do pacote legislativo é essencial para modernizar os sistemas de contratação pública na Europa. Sem ele, não é possível obter um mercado de contratação “electrónica” à escala europeia, nem teremos um enquadramento jurídico que seja adequado a contratos complexos, como os relativos às redes transeuropeias. Mas ainda há mais a fazer. Como no caso de outras áreas-chave do mercado interno, os Estados-Membros terão de desempenhar um papel muito mais importante para garantir que as regras, que eles próprios acordaram, sejam efectivamente aplicadas. Também devem simplificar as suas regras nacionais e normalizar o mais possível os procedimentos por parte das entidades adjudicantes para facilitar às empresas a participação nos concursos. Também deveriam ser tomadas medidas para assegurar que as parcerias público-privado em projectos de grande dimensão possam ser realizadas em condições efectivas de concorrência e de transparência ao abrigo das regras dos contratos públicos42.

A Comissão é da opinião que os Estados-Membros devem nomear uma autoridade nacional responsável pela vigilância do cumprimento das regras dos contratos públicos por parte das entidades adjudicantes. Alguns Estados-Membros já o fizeram. Estas autoridades devem ter a possibilidade, no interesse geral, de submeter possíveis infracções ao tribunal, com vista a impor sanções efectivas às entidades adjudicantes que não cumpram as regras. Meios de recurso mais fortes deveriam ser complementados por uma cooperação administrativa mais estreita entre os Estados-Membros (com base na recentemente criada Rede Europeia de Contratação Pública).

Uma forma de conseguir um melhor cumprimento das regras consiste em elevar o nível profissional dos funcionários responsáveis pela contratação. Quem tem a responsabilidade de gastar quantias enormes de dinheiro público deve dominar totalmente as regras existentes relativas à apresentação de propostas em regime de concorrência. Os Estados-Membros devem, portanto, assegurar que os seus funcionários tenham acesso a uma formação que lhes permita adquirir e desenvolver a competência profissional que a importância do seu posto lhes exige.

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As administrações e os contribuintes não obtêm a melhor relação preço/qualidade:

· Os contratos públicos representam 16% do PIB da UE – ou seja, 1.429 mil milhões de euros43. Uma

redução de 5% nos custos resultantes de mercados de contratos públicos mais competitivos e eficientes significaria uma economia de mais de 70 mil milhões de euros – ou seja, quatro vezes mais do que o orçamento atribuído à educação na Dinamarca44.

· Só cerca de 16% (em valor) dos contratos públicos foram publicados à escala da UE em 200145.

· Os contratos públicos transfronteiras (incluindo a contratação indirecta através de filiais em países estrangeiros) aumentou de 6%46 em 1987, para 10%47 em 1998, mas estagnou desde então. Este valor é

consideravelmente inferior ao do sector privado, cujas compras transfronteiras se situam em cerca de 20%. · Os contratos públicos por via electrónica na UE, além da publicação de anúncios, têm uma representação

mínima.

b) Acções

1. O Conselho e o Parlamento deverão adoptar e implementar o pacote legislativo dos contratos públicos, que consolida e moderniza o actual regime e que cria as condições para o lançamento dos contratos públicos por via electrónica. Os Estados-Membros devem implementar este pacote legislativo no direito nacional correctamente e dentro do prazo, o que proporciona uma excelente oportunidade de racionalizarem e simplificarem a sua própria legislação e normalizarem os procedimentos.

2. A Comissão tenciona sugerir que os Estados-Membros confiram à autoridade de controlo nacional existente (ou a outro organismo nacional) a competência de levar os processos junto de uma instância de recurso nacional ou um tribunal, com vista à imposição de sanções efectivas. Estes organismos teriam de ser independentes das entidades adjudicantes e assegurar que situações importantes de não cumprimento sejam efectivamente sancionadas. Isto poderia ser conseguido no contexto da revisão das directiva relativas aos meios de recurso nos contratos públicos, prevista para 2004.

3. A recentemente criada Rede de Contratação Pública deve ser alargada de forma a incluir todos os Estados-Membros, o EEE e os países candidatos. Devem ser-lhe atribuídos pelos Estados-Membros recursos adequados para que possa tornar-se o veículo de resolução de problemas transfronteiras (em conjugação com a rede SOLVIT), de intercâmbio de melhores práticas e de melhoria do acesso das PME aos contratos públicos. Deve também encorajar os Estados-Membros a desenvolver a formação e a “certificação” das competências requeridas, incluindo o conhecimento do direito comunitário, para melhorar o profissionalismo.

43 Relatório de 2002 sobre o funcionamento dos mercados comunitários de produtos e de capitais,

COM (2002) 743 final de 23.12.2002 (valor de 2001).

44 Valor de 2000, Ministério da Educação, Dinamarca. 45 Ver nota de rodapé 43.

46 The Single Market Review, sub-series III, Volume 2, Public Procurement, p. 221.

47 Este valor é retirado de um estudo independente realizado para a Comissão. Ver JO C 330 de

(20)

4. Os Estados-Membros devem garantir que todos os seus sistemas operacionais de contratação em linha estejam em total conformidade com os requisitos do pacote legislativo no momento em que este entrar em vigor (provavelmente no segundo semestre de 2005). Devem fixar o objectivo de realizar uma parte significativa das suas transacções de contratação pública (em valor) por via electrónica até ao final de 2006. A contratação pública por via electrónica deveria ser generalizada antes de 2010. No próximo ano, a Comissão apresentará um plano de acção (que incluirá medidas legislativas e não legislativas) para uma abordagem coordenada em toda a UE.

5. Existe uma margem considerável para se obter uma maior eficiência no âmbito dos contratos públicos europeus no sector da defesa, o que por sua vez aumentará a competitividade da indústria de equipamento de defesa europeia48. O Tribunal de Justiça Europeu proferiu alguns acórdãos importantes no que respeita ao âmbito de aplicação do artigo 296.º do Tratado, que abrange excepções para interesses essenciais de segurança nos Estados-Membros. A Comissão publicará uma comunicação interpretativa até ao final de 2003 sobre as implicações destes acórdãos, inter alia, no que respeita aos contratos públicos. Também tenciona apresentar um Livro Verde em 2004 para analisar quaisquer outras iniciativas relativas aos contratos públicos europeus no sector da defesa.

48 Ver a Comunicação da Comissão “Defesa europeia - questões ligadas à indústria e ao mercado: para

(21)

6. MELHORAR AS CONDIÇÕES PARA AS EMPRESAS

a) Avaliação

As acções que visam a integração dos mercados, eliminando os obstáculos técnicos e fiscais ao comércio e reduzindo a burocracia, são vitais para a melhoria do enquadramento empresarial, mas só terão o seu pleno efeito se introduzirmos condições-quadro que apoiem as empresas criativas e dinâmicas. As pequenas empresas, em particular, são muito sensíveis às mudanças do enquadramento empresarial e, por essa razão, o Conselho Europeu de Santa Maria da Feira, em Junho de 2000, adoptou a Carta Europeia das Pequenas Empresas.

As medidas políticas requeridas para fomentar o espírito empresarial e a inovação estão sobretudo sob controlo directo dos Estados-Membros49. Cabe-lhes a eles empreender as

acções necessárias nessas áreas, inspirando-se plenamente no intercâmbio de experiências e de melhores práticas dos outros países da União Europeia. Isto pode ser conseguido através do aferição de resultados, utilizando os projectos do procedimento BEST50 coordenados pela Comissão e utilizando a informação recolhida aquando da apresentação do relatório sobre a implementação da Carta Europeia das Pequenas Empresas51.

Para além disto, contudo, há algumas áreas em que as políticas do mercado interno têm uma acção directa no fomento do espírito empresarial e da inovação numa economia cada vez mais baseada no conhecimento. A Europa é uma fonte rica de criatividade. Mas é necessário agir para criar as condições-quadro apropriadas através das quais essa criatividade possa ser transformada em investimento e em actividade económica competitiva.

Os operadores económicos precisam de saber que os seus investimentos em ideias e produtos inovadores serão protegidos em toda a UE, nomeadamente contra a pirataria e a contrafacção52. Já houve um grau significativo de harmonização a nível da UE nesta área, mas a aplicação coerente dos direitos de propriedade intelectual em toda a UE tornou-se agora uma questão-chave, particularmente na era digital, uma vez que os bens e serviços pertinentes podem ser facilmente copiados e deslocados de um local para outro. A questão do controlo da aplicação será ainda mais importante num mercado interno alargado. Além disso, é importante facilitar a comercialização transfronteiras de produtos protegidos por direitos de autor, tais como produtos impressos, filmes e CD, de modo a que todos possam partilhar os resultados da inovação.

Adicionalmente, os investidores precisam de ter a garantia de que, quando fazem escolhas de investimento, podem confiar nas contas e nos relatórios das empresas, e estas precisam de estar confiantes de que podem competir em condições de base equitativas (por exemplo, livres dos efeitos de distorção dos auxílios estatais), de que podem fazer alianças estratégicas e

49 Ver o Livro Verde “Espírito Empresarial na Europa” COM(2003) 27 de 21.1.2003 e a Comunicação “Política

de inovação: actualizar a abordagem da União no contexto da estratégia de Lisboa”, COM(2003) 112 final de 11.3.2003.

50 O procedimento BEST foi lançado no âmbito do programa plurianual para a empresa e o espírito

empresarial (Decisão do Conselho 2000/819/CE de 20 de Dezembro de 2000). Fornece um enquadramento de apoio aos esforços dos Estados-Membros na identificação e no intercâmbio de boas práticas em áreas de particular importância para as empresas.

51 “Relatório sobre a implementação da Carta Europeia das Pequenas Empresas”, COM(2003) 21 final/2

de 13.2.2003.

52 Os esforços para fazer cumprir os direitos de propriedade intelectual podem ser incrementados pelo

envolvimento dos serviços da Comissão, especialmente do Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF).

(22)

fusões transfronteiras com segurança e de que existem estruturas jurídicas apropriadas que permitam a todas as empresas, qualquer que seja a sua dimensão, operar efectivamente em toda a UE alargada.

A UE deve ajudar a criar um enquadramento em que as empresas possam prosperar:

· Perdem-se mais de 17.000 postos de trabalho legítimos por ano na UE devido às actividades de contrafacção e pirataria53.

· Segundo fontes industriais, 37% do software utilizado na UE é pirateado, o que representa uma perda de rendimento de 2,9 mil milhões de euros 54. A indústria da música registou uma redução global média de 7,5%

das vendas na UE, em 200155. As mercadorias pirateadas e contrafeitas ascendem a 22% das vendas de calçado e vestuário56.

· Actualmente, a protecção das patentes em apenas oito países europeus custa cerca de cinco vezes mais do que nos EUA ou no Japão. O acordo político sobre a patente comunitária reduzirá em metade esses custos e fornecerá protecção em 25 Estados-Membros – o que, embora representando um valor mais elevado do que nos EUA ou no Japão, é uma situação muito melhor do que a actual57.

· A contribuição para o PIB da UE dos bens e serviços protegidos por direitos de autor é significativa (superior a 5%) e está a aumentar58.

· O volume global dos auxílios estatais para a UE no seu conjunto foi de 86 mil milhões de euros em 2001 - ou seja, 0,99% do PIB da UE59.

· 39% das fusões e aquisições são agora transfronteiras - número superior aos 26% dez anos antes. Mais de 40% das grandes empresas celebraram acordos de cooperação com empresas de outros Estados-Membros60.

b) Acções

1. O Conselho deverá finalizar em breve o regulamento que prevê uma patente comunitária juridicamente segura e acessível em termos económicos. Outros dois passos são também necessários para tornar a patente comunitária operacional: a revisão da Convenção de Munique de 1973, de forma a permitir que o Instituto Europeu de Patentes emita patentes comunitárias, e a criação de um Tribunal da Patente Comunitária especializado.

2. O Conselho e o Parlamento deverão adoptar brevemente a directiva para assegurar o respeito pelos direitos de propriedade intelectual (vital no combate à contrafacção e à pirataria) e a directiva relativa à patenteabilidade dos inventos que implicam programas de computador.

3. A Comissão apresentará uma Comunicação sobre a gestão colectiva dos direitos de autor e dos direitos conexos. Esta comunicação identificará as medidas necessárias para criar

53 Economic Impact of Counterfeiting in Europe, Global Anti-Counterfeiting Group, Junho de 2000. 54 6th Global Report, Business Software Alliance, Junho de 2002.

55 Valor fornecido pela IFPI – International Federation of the Phonogram Industry.

56 The Economic Impact of Trademark, Counterfeiting and Infringement, International Trademark

Association, 1998.

57 http://europa.eu.int/comm/internal_market/en/indprop/patent/index.htm.

58 A importância económica da protecção dos direitos de autor e direitos conexos na UE será avaliada e

especificada em mais pormenor num estudo encomendado pela Comissão Europeia. Os resultados do estudo estarão disponíveis no Outono de 2003.

59 Comissão Europeia, DG Concorrência. 60 Ver nota de rodapé 14.

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um enquadramento mais favorável à comercialização e licenciamento transfronteiras desses direitos.

4. Os Estados-Membros são instados a prosseguir os seus esforços no sentido de continuar a reduzir o montante total dos auxílios estatais, orientando os auxílios para objectivos horizontais de interesse comunitário, como a protecção ambiental, bem como a investigação e o desenvolvimento. Outra prioridade é a adopção final da proposta de reforma do regime das concentrações61. Além disso, a Comissão proporá um novo regulamento de isenção por categoria relacionado com os acordos de transferência de tecnologia entre as empresas.

5. Um regulamento recentemente adoptado requer que todas as empresas cotadas da UE elaborem as suas contas consolidadas de acordo com as normas internacionais de contabilidade (NIC) a partir de 2005. Isto permitirá a transparência e uma maior comparabilidade entre os mapas financeiros consolidados de todas as empresas cotadas da UE e, daí, uma melhor afectação dos capitais e possivelmente uma redução dos custos do capital. As NIC são fixadas pelo Conselho das Normas Internacionais de Contabilidade, um organismo internacional independente de normalização contabilística. De forma a assegurar um controlo político apropriado, o regulamento estipula que as NIC a aplicar na UE sejam aprovadas no direito comunitário. As NIC existentes serão aprovadas durante 2003, desde que, em certos casos, sejam feitas as alterações apropriadas.

É igualmente importante considerar o impacto do regulamento sobre as PME. Uma vez que se trata sobretudo de empresas não cotadas, não são obrigadas a adoptar as NIC. No entanto, pode ser do seu interesse fazê-lo, de modo a facilitar o seu acesso aos mercados de capitais. Isto exigirá determinadas medidas por parte dos Estados-Membros.

A Comissão publicará em breve uma comunicação fixando prioridades para 2003 e anos subsequentes com o objectivo de melhorar a qualidade da revisão oficial de contas na UE. Estas prioridades incluirão a modernização e o reforço da oitava directiva em matéria de direito das sociedades (que trata o acesso à profissão de revisor e a sua regulamentação), a criação de um mecanismo de coordenação europeu para supervisão pública da profissão de revisor (que visará assegurar uma supervisão adequada da profissão de revisor a nível nacional e uma coordenação apropriada a nível da UE) e a adopção de normas internacionais de auditoria na UE a partir de 2005.

6. A Comissão adoptará em breve um plano de acção sobre o direito das sociedades e a governança das empresas na UE definindo acções a curto prazo (2003-2005), a médio prazo (2006-2008) e a longo prazo (a partir de 2009). Acções a mais curto prazo incluirão propostas para uma décima directiva em matéria de direito das sociedade relativa a fusões transfronteiras e uma décima quarta directiva em matéria de direito das sociedades relativa às transferências transfronteiras de sede. A directiva relativa às ofertas públicas de aquisição deverá também ser adoptada sem tardar. Estas directivas facilitarão às empresas organizarem-se com mais eficiência dentro do mercado interno.

7. A Comissão tenciona propor um regulamento relativo ao Estatuto da Sociedade Privada Europeia para as PME conforme os resultados de um teste de viabilidade. Isto permitirá às PME organizarem-se com mais eficiência a nível da UE (ou seja, dar-lhes-á

61 Proposta de Regulamento do Conselho relativo ao controlo das concentrações de empresas,

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possibilidades semelhantes às que o Estatuto da Sociedade Europeia dá às empresas de maior dimensão, a partir de 2004).

7. RESPONDER AO DESAFIO DEMOGRÁFICO

a) Avaliação

O envelhecimento da população apresentará grandes desafios aos sistemas de pensões. Os principais responsáveis pela resposta a estes desafios são os Estados-Membros. Terão de tomar decisões políticas fundamentais sobre a reforma das pensões públicas.

No entanto, o mercado interno pode ajudar gerando um crescimento suplementar capaz de contribuir para uma melhoria das finanças públicas. Também pode ajudar a criar novos postos de trabalho, o que é fundamental se a União quiser aumentar a taxa de emprego (inclusivamente, encorajando uma maior participação no mercado de trabalho de pessoas com mais de 55 anos) e manter um rácio de dependência sustentável e a sustentabilidade financeira dos sistemas de pensões.

Há também uma série de medidas muito específicas do mercado interno que podem desempenhar um papel útil no que respeita aos planos de pensões profissionais (ou privados) que, na maior parte dos Estados-Membros, se tornarão mais importantes no futuro. A criação de um enquadramento prudencial que permita que os fundos de pensões operem eficazmente no mercado interno, garantindo um nível elevado de protecção para as pensões, e a abolição de todo o tipo de discriminação em matéria do tratamento fiscal dos regimes de pensões profissionais transfronteiras são questões importantes que devem ser resolvidas com urgência. Mais do que o problema das pensões, o envelhecimento da população também terá um impacto sobre os serviços de saúde62. Os Estados-Membros são responsáveis pela gestão dos seus sistemas de saúde, cabendo-lhes, por isso, sobretudo a eles enfrentar este desafio. No entanto, o mercado interno exerce o seu impacto sobre as políticas de saúde nacionais de várias maneiras, nomeadamente no que respeita à prestação e ao acesso a tratamentos médicos transfronteiras63. A única limitação é que isto não deve impedir indevidamente a capacidade dos Estados-Membros de assegurar o acesso suficiente a um tratamento hospitalar de alta qualidade nos seus territórios, de controlar as despesas e de manter normas públicas de qualidade elevada. Uma aplicação bem gerida das regras do mercado interno tem o potencial de ajudar, quer os doentes, quer os prestadores, permitindo a utilização mais eficiente possível dos recursos em toda a UE. É necessária agora uma visão comum no que toca aos sistemas de saúde a nível Europeu, de modo a que esse potencial possa ser plenamente explorado.

O envelhecimento significa menos pessoas em idade activa e mais pessoas acima da idade da reforma:

· Estima-se que o número de pessoas com mais de 65 anos aumente de 61 milhões em 2000 para 103 milhões em 2050, e que o de pessoas com mais de 80 anos aumente de 14 milhões para 38 milhões64.

62 Ver a Comunicação da Comissão “O futuro dos cuidados de saúde e dos cuidados para as pessoas

idosas: garantir a acessibilidade, a qualidade e a viabilidade financeira”, COM(2001) 723 final de 5.12.2001.

63 Ver acórdãos do Tribunal de Justiça Europeu em Kohll (C-158/96), Decker (C-120/95), Smits e

Peerbooms (C-157/99) e Vanbraekel (C-368/98).

64 Relatório da Comissão ao Conselho Europeu da Primavera “Optar pelo crescimento: Conhecimento,

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· O rácio entre as pessoas em idade activa e as pessoas com idade acima da reforma (65+) diminuirá, de 4 para 1, para menos de 2 para 1, até 205065.

· Só cerca de metade dos europeus com idade compreendida entre 55 e 59 anos, e menos de um quarto dos europeus com idade compreendida entre 60 e 64 anos, ainda estão empregados66.

· Se os compromissos de pensões de reforma não capitalizadas fossem orçamentados, representariam em certos Estados-Membros uma dívida de mais de 200% do PIB.

· As despesas em regimes públicos de pensões aumentarão entre 3% e 5% do PIB na maioria dos países durante as próximas décadas67.

b) Acções

1. Os Estados-Membros devem implementar totalmente e dentro do prazo a directiva relativa aos fundos de pensões que aumentará tanto a segurança como a acessibilidade em termos de custos dos planos de pensões profissionais. Também permitirá às empresas multinacionais gerir fundos de pensões únicos à escala da UE, facilitando, assim, a mobilidade intra-empresa transfronteiras.

2. A Comissão lançará a segunda fase de consulta aos parceiros sociais no que respeita às medidas para garantir que as pessoas que mudam de emprego entre Estados-Membros (incluindo as que mudam de emprego entre empresas diferentes) não percam indevidamente os seus direitos às pensões profissionais. Dependendo do resultado final desta consulta, a Comissão examinará se é desejável propor uma directiva sobre a exportabilidade transfronteiras das pensões profissionais.

3. A Comissão prosseguirá a sua acção determinada para tratar a discriminação fiscal contra os fundos de pensões estabelecidos noutros Estados-Membros: isto é essencial se quisermos criar um verdadeiro mercado interno para as pensões profissionais.

4. Na área dos serviços de saúde, a Comissão trabalhará em estreita colaboração com os Estados-Membros – em particular no grupo de reflexão de alto nível sobre a mobilidade dos pacientes – para desenvolver uma visão comum das formas como o mercado interno pode apoiar os sistemas de saúde nacionais no pleno respeito da jurisprudência pertinente do Tribunal de Justiça Europeu. O processo de consulta, lançado em Julho de 2002, será terminado e os resultados serão apresentados aos Estados-Membros como base para novos debates.

65 “Os desafios orçamentais colocados pelo envelhecimento das populações: o impacto do envelhecimento

das populações na despesa pública em pensões, cuidados de saúde e programas de longa duração para os idosos e possíveis indicadores de sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas”, Comité de Política Económica/ECFIN/665/01-EN final, 2001.

66 Comissão Europeia, Eurostat, Inquérito às Forças de Trabalho, 2001. 67 Ver nota de rodapé 64.

Referências

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