TÓPICOS DE REPRESENTAÇÃO: ORGANIZAÇÃO
DAS PRANCHAS DE DESENHO (E DOS
DESENHOS NAS PRANCHAS)
Texto e Ilustrações: Prof. Frederico Flósculo Pinheiro Barreto Colaboração: Estudante de Arquitetura e Urbanismo Victor Silvério Correia Estudante de Arquitetura e Urbanismo Diogo de Souza Carvalho 1. APRESENTAÇÃO As presentes notas de aula complementam o Plano de Curso disciplina Projeto Arquitetônico de Grandes Vãos (quarto semestre), obrigatória no currículo do Curso deGraduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Alguns dos aspectos exigidos na avaliação do Anteprojeto de Arquitetura (Terceira Unidade de Ensino) são discutidos aqui, com o objetivo de sanar as dúvidas mais comuns dos estudantes sob minha orientação. Neste caso, as dúvidas mais comuns sobre o formato de pranchas e a organização dos desenhos – e seus significados básicos.
É necessário salientar que são co‐autores destas notas de aula os estudantes Victor Silvério Correia (ingresso em 2006) e Diogo de Souza Carvalho (também ingresso em 2006).
2. DEFINIÇÕES E ASPECTOS DIMENSIONAIS DAS PRANCHAS
As pranchas técnicas de arquitetura são tanto as folhas de papel que recebem os desenhos dos arquitetos propriamente ditas, quanto os formatos exigidos para a
“prancha”, nos faz sentir como velhos artesãos, como veneráveis gravuristas (ou pelo menos nos fazia sentir, num passado em que se desenhava TUDO à mão). Há várias séries dimensionais oficiais, estabelecidas em tratados internacionais, como a série “A”, que adotamos. A0 = 841 X 1189 A1 = 594 X 841 A2 = 420 X 594 A3 = 297 X 420 A4 = 210 X 297 A5 = 148 X 210 A6 = 105 X 148 2.1 BORDAS OU CERCADURAS, E CARIMBOS Para o trabalho nos formatos maiores que o A4, temos uma regra básica sobre a preparação das pranchas: todas elas devem possuir bordas ou cercaduras, e ter no seu canto inferior direito uma área para a identificação dos desenhos, do projeto, do cliente, do arquiteto, assim como dos demais técnicos e profissionais que trabalharam nos desenhos, nas decisões técnicas que estão incorporadas no projeto. Esse é o canto do “carimbo”, pois se assume que uma prancha será guardada em arquivos que possuem o tamanho A4. A cercadura possui marcas de dobragem, obrigatoriamente. Quando corretamente dobrada, a prancha técnica impressa ou desenhada, fica reduzida ao tamanho A4, e expõe adequadamente o carimbo. Isso faz com que cada prancha possa ser guardada ao lado de outras de forma fácil, padronizada, conveniente – pelo menos é melhor que guardá‐las em rolos, que devem ser abertos completamente, para que se saiba o que contêm (o que era o caso dos originais de desenhos sobre papel vegetal ou similar).
2.2 A ARTE DE DOBRAR PAPEL – OU O TOSCO ORIGAMI DAS PRANCHAS
Essa é uma conversa cada vez mais “datada”, antiga e algo obsoleta, mas enquanto houver a necessidade de termos arquivos “em papel” de nossos projetos e documentos, vale a pena insistir nela.
Até a década de 1990, desenhava‐se em papéis transparentes (como o manteiga e o vegetal), que permitiam a cópia por heliografia – assim como cópias manuais, por transparência, colocando‐se uma folha virgem e transparente sobre o desenho original, e desenhando‐se “por cima”.
Esses papéis recebem bem o grafite e a tinta naquim. Esses papéis não eram dobrados. Caso fossem, vincos permanentes e prejudiciais à qualidade das cópias se formariam. Dobramos somente sua cópias. O mesmo se aplica aos desenhos impressos ou plotados (impressos em máquinas adequadas a grandes formatos, plotters). Portanto, somente as cópias de desenhos feitos originalmente em pranchas físicas de papel vegetal são armazenadas dobradas.
Já as impressões das pranchas virtuais desenvolvidas através de programas CAD são armazenadas em meios eletrônicos diversos, e podem ser examinadas nos monitores dos computadores, em projeções “multi‐mídia”, etc. Suas cópias impressas, contudo, obedecem às veneráveis regras de dobragem e armazenamento do tempo do “vegetal‐com‐nanquim”.
2.3 O CÚMULO DO ARCAÍSMO: AS MARCAS DAS DOBRAS
Mostrar como essas cópias devem ser dobradas parece ser o cúmulo do arcaísmo, mas há, nesse honorável conhecimento, um inesperado benefício para a atual geração de projestistas‐CAD: as marcas de dobragem podem:
a) auxiliar os projetistas a escolher o formato de prancha mais adequado a determinadas apresentações;
carim bo carim bo carim bo orel ha (per fura r ou enc ader nar)
7
7
7
4
4
4
3
3
3
2
2
2
1
1
1
5
5
5
6
6
6
210x297 210x297 210x297 210x297 210x297 210x297 210x297 210x297 210x297 210x297 210x247 69 210x247 210x247 210x247 210x247 ,5 x 2 4 7 69 ,5 x 2 4 7 69 ,5x 2 9 7 69 ,5x 2 9 7 69 ,5x 2 9 7 69 ,5x 2 9 7 carimbo 25 x 297 o re lh a (p e rf u ra r o u en c a de rn a r) c e rc a d u ra (1 0 m m ) c e rc a d u ra (1 0 m m ) marcas de dobragem2.4 ENTENDENDO OS CARIMBOS
O simples fato de que a maioria dos alunos que concluem o nosso curso de graduação tem uma sincera antipatia pelos arcaicos “carimbos de prefeitura”, e não conseguem ver pranchas dobradas como o produto de seu trabalho de representação do projeto, já indica o quanto boa parte desses cursos se afasta da realidade da prática profissional. Ou como esses carimbos são mesmo muito feios.
Quando se desenvolve uma prancha do “formato antigo” (série A, apresentada acima) no computador, o aluno não desenha “na prancha”, mas usa um retângulo virtual com essas dimensões para acomodar desenhos que ele/ela desenvolvem totalmente no espaço virtual do CAD. Assim, as pranchas são lamentáveis “contingências”, que mais aborrecem que reconhecem as novas possibilidades dos programas CAD. As tecnologias CAD são muito mais avançadas, no momento, que as tecnologias de apresentação de projetos para os clientes e para outros arquitetos, assim como são muito mais avançadas que os atuais procedimentos de execução de obras. Aliás, que os procedimentos de regularização das obras junto às prefeituras e outros órgãos fiscalizadores de determinadas obras civis.
É aí que entram os carimbos: eles são o campo de identificação geral e de aplicação da processualística de exame, eventual aprovação, e regularização do projeto, para a subseqüente autorização da obra – até chegarmos à regularização das atividades que devem ocorrer na edificação que projetamos. 2.5 INFORMAÇÕES DE UM BOM CARIMBO Um bom carimbo em prancha de projeto de arquitetura deve conter: a) a identificação da obra (“Pavilhão de Arquiteturas”) b) o caráter do projeto (“Projeto de Arquitetura”)
e) o responsável pela execução da obra (um profissional, um grupo de profissionais, um escritório encarregado);
f) a data da confecção da prancha;
g) o conteúdo da prancha (“Planta do Térreo”... “Fachadas”... “Mapa de Esquadrias A21 a A31... etc) e a gama de escalas utilizadas;
h) a identificação das pranchas na seqüência de pranchas, geral ou categórica; i) campos para as assinaturas de autoridades públicas (arquitetos e engenheiros analistas, da Prefeitura, do Corpo de Bombeiros, do Conselho Profissional que tem atribuições associadas às responsabilidades técnicas dos projetos, e, eventualmente, de órgãos responsáveis por aspectos específicos de sua aprovação, como órgãos ambientais, órgãos diplomáticos, órgãos de segurança biológica, química, físico‐radiotativa, etc.).
Além disso, há carimbos que são minuciosos quanto à previsão de campos para:
j) os desenhistas que executaram cada desenho presente na prancha;
k) os arquitetos e engenheiros responsáveis por cada aprovação (no âmbito do escritório encarregado) pela prancha e por desenhos individuais – os desenhos, como dissemos, e repetiremos incansavelmente, são ordens, instruções de execução de uma parte de uma edificação);
l) o status da prancha (se é uma prancha inicial, de revisão, de “enésima” revisão, se totalmente aprovada, se reprovada no todo ou em parte, etc.)
ATENÇÃO: O FATO DE AS ESCALAS ESTAREM INDICADAS NO CARIMBO, ASSIM COMO OS TÍTULOS DOS DESENHOS, NÃO EXIME O PROJETISTA DA IDENTIFICAÇÃO DE CADA DESENHO, E DE APOSIÇÃO DA RESPECTIVA ESCALA! NÃO COLOQUE ESCALA GRÁFICA OU O NORTE
DENTRO DO CARIMBO!!! VEJA ADIANTE A REGRA DE IDENTIFICAÇÃO DE CADA DESENHO.
2.6 EXEMPLO DE CARIMBO EXIGIDO PELO GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (A4)
Ass. autor
Ass. Responsavel Tecnico
Ass. proprietario (NOME POR EXTENSO)
(NÚMERO DO CREA) (NÚMERO DO CREA)
Área od té rreo (co m as va ran das): 21 5, 84 m2 Á re a d o terren o: 4 46, 00 m2 Área do té rreo (se m as va ran das):123 ,9 0 m2
SELO DA Uso:
CBMDF
PROJETO ARQUITETÔNICO
ÁREAS
NOME COMPLETO DO PROFISSIONAL E SEU NÚMERO DO CREA INFORME DE MODO FIDEDIGNO E AUXILIE A FISCALIZAÇÃO
TÍTULO DA OBRA OU EMPREENDIMENTO
Endereco: DE AP Resp. Tecnico: Autor do Projeto: Proprietario: Adm. reg./protocolo CREA
INFORME DE MODO FIDEDIGNO E AUXILIE A FISCALIZAÇÃO
NOME COMPLETO DO PROFISSIONAL E SEU NÚMERO DO CREA
175
37
40
60
60
55
ESPAÇO RESERVADO AOS CARIMBOS DA ADMINISTRAÇÃO REGIONAL ESPAÇO RESERVADO AOS CARIMBOS DA ADMINISTRAÇÃO REGIONAL ESPAÇO RESERVADO AOS CARIMBOS DA ADMINISTRAÇÃO REGIONALESPAÇO RESERVADO À NUMERAÇÃO
(PROTOCOLO S.D.C.A. - S.A.T. - etc.
Ve
rs
ão
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ua
liz
ad
a
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Ca
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P
ro
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ra (
2
0
0
9
)
SETOR ENDEREÇO PROPRIETÁRIO PROPRIETÁRIO AUTOR DO PROJETO AUTOR DO PROJETO RESPONSÁVEL TÉCNICO RESPONSÁVEL TÉCNICO70
70
70
105
115
105
30
30
35
115 115 115 115 115287
8
15
15
15
15
8
8
8
8
2.7 CARIMBOS LIVRES – OU NÃO TÃO LIVRES ASSIM
Nos ateliês de ensino de projeto, é fundamental o uso de carimbos “oficiais”, impostos pelo órgão de aprovação de projetos de arquitetura, nas pranchas da etapa de apresentação mais técnica – geralmente a Segunda Unidade de Ensino, nos respectivos Planos de Curso.
Contudo, nas apresentações finais, feitas a Bancas Examinadoras formadas por membros externos à Academia (arquitetos do “mercado”, usuários, autoridades interessadas, etc.), os carimbos ou as formas de identificação de pranchas e ilustrações são livres, podem ser propostos numa grande diversidade de formatos.
Contudo sempre é necessário que haja, no mínimo, referência a: ‐ Universidade de Brasília;
‐ Faculdade de Arquitetura e Urbanismo;
‐ Departamento de Projeto, Expressão e Representação em Arquitetura e Urbanismo;
‐ Denominação da Disciplina (Introdução ao Trabalho Final de Graduação; Trabalho Final de Graduação; Projeto Arquitetônico de Grandes Vãos, etc.);
‐ Nome e Matrícula do Estudante;
‐ Nome do Professor Responsável pelo Atelier de ensino; Nome do Professor Orientador; Nome(s) de Colaborador(es) – Ver o Modelo de Ficha Técnica vigente nas disciplinas de Trabalho Final de Graduação, criado para a colocação de colaboradores, como consultores nas áreas de paisagismo, cálculo estrutural, especificações, maquete eletrônica, etc.; ‐ Data de entrega do trabalho; ‐ Tema ou Título do trabalho;
‐ Número ou código de identificação da prancha (outras codificações são possíveis em trabalhos profissionais, como em pranchas de revisão, de autorização de
conteúdo de cada uma das pranchas de um determinado projeto. O projeto de um hospital de porte médio, por exemplo, pode apresentar centenas de pranchas de arquitetura, boa parte das quais contendo detalhamentos. Como encontrar um determinado detalhe sem se ter um organizado índice do conteúdo de cada prancha de arquitetura? O mesmo se aplica aos projetos complementares (estruturas, instalações hidráulicas, sanitárias, elétricas de baixa tensão, elétricas de alta tensão, de combate a incêndio, pára‐raios, telefônicas, lógicas, de gases hospitalares, de
Os estudantes de TFG (Trabalho Final de Graduação) propõem uma grande e criativa variedade de carimbos, que personalizam seus trabalhos, lhes dão um charme que, eventualmente, reforça a expressão de seus projetos. Contudo, a exuberância pode comprometer a leitura do próprio projeto, tornando confusa a organização das pranchas. A sua fácil, imediata e correta identificação deve ser priorizada, tratando-se o carimbo como “parte do projeto”, ou da imagem visual que é exposta ao público e à banca.
CARIMBO
1/10CARIMBO
2/10CARIMBO
3/10CARIMBO
4/10 caldeiras, de câmeras de vigilância, mecânicas, etc.).2.8 AS FONTES DOS CARIMBOS
Vamos voltar a um ponto filosoficamente fundamental sobre os nobres carimbos das pranchas técnicas – e das pranchas não‐tão‐técnicas‐assim – em arquitetura e urbanismo: os carimbos são “a chave” de identificação de cada parte em que foi dividida e consumada a representação do projeto. Assim, não subestime os carimbos, e organize sua informação de maneira fidedigna, consistente – e útil.
Uma recomendação que é útil para todos os cadistas iniciantes é utilizar as fontes do carimbo como ESTANTE de fontes: como o lugar onde todas – ou a maioria – das formatações de fontes são repetidamente retiradas. Se o seu “primeiro carimbo” tiver 3 formatações de fontes (tamanho, tipo, estilo), essa variedade será suficiente para todas as situações de texto nos projetos de arquitetura – pelo menos os acadêmicos. Tire (copie) diretamente do seu carimbo todas as formações de fontes, para facilitar o seu trabalho. O resultado, na plotagem, passa a ser TOTALMENTE previsível, a não ser que a formação do programa de plotagem altere seu trabalho.
Intervalos de Tamanhos para Fontes (Alfabetos)
3,00mm a 5,00mm Cotas, Códigos de Especificações, Códigos de Bancadas e Mobiliários, Índices, Valores de Níveis, Valores de Curvas de Nível, Valores em Escalas Gráficas.
5,00mm a 10mm (1,00cm) Designações de Ambientes, Indicação de Escalas nos Títulos dos Desenhos
1,00cm a 2,00cm Título dos Desenhos, Número dos Desenhos, Letras Identificadoras dos Planos de Corte, Letras Identificadoras de Eixos de Coordenação Modular, “N” do Norte, Número da Prancha.
3. ORGANIZAÇÃO DOS DESENHOS
Preliminarmente, devemos chamar a atenção dos estudantes para um tópico ainda mais básico, da (a) elaboração de desenhos, e de (b) sua formatação em arquivos eletrônicos. Não vamos nos referir, nestas Notas de Aula, de forma direta, a nenhum desses dois aspectos. Seja a maneira peculiar como o desenhista técnico usa os conhecimentos da geometria projetiva, seja a forma como o “cadista” opera as camadas (layers) de desenho, e os objetos de desenho (blocos, referências, etc.), as exigências de representação não são, majoritariamente, contraditórias com essas regras “paralelas”. Mais adiante, algumas contradições entre as regras de geometria projetiva e as conveniências do desenho técnico em arquitetura serão evidenciados, assim como evidenciaremos algumas contradições entre as operações comuns aos “cadistas” e as boas técnicas da representação “tradicional”.
A questão colocada pela organização dos desenhos se inicia com o princípio enunciado acima: “não deixe espaços em branco”... “use bem o espaço gráfico de sua prancha”.
Essa conduta tem pelo menos 3 argumentos que a fundamentam:
a) CUSTOS: A prancha tem custos. Imprimir uma prancha mal organizada, com espaços em branco, significa jogar algum dinheiro fora. Uma prancha assim não vale todo o preço de sua impressão;
b) ACESSO ÀS INFORMAÇÕES: A prancha deve ser uma forma eficiente de organizar informação. Pranchar mal organizadas provavelmente criarão situações de difícil resgate das informações necessárias – “onde estão esses determinados detalhes ?”... “em que prancha ficou aquela seção esquemática ?” ‐; deve‐se pensar nos outros profissionais que irão manipular as pranchas, seja no computador, seja no canteiro de obras, e que precisam ter acesso rápido a muitas informações de uma só vez;
c) ESTÉTICA: afinal, as pranchas de desenho são a forma mais tradicional de expressão profissional, são o meio pelo qual o arquiteto se comunica. Os
profissionais buscam expressar‐se de forma proficiente através de todos os meios que dispuserem ao seu alcance. São pessoas organizadas, e se esforçam por mostrar isso a apresentação de seus documentos. Estudantes que se esforçam por mostrar esse nível de organização causam excelente impressão nos seus avaliadores. 3.1. USE BEM TODO O ESPAÇO GRÁFICO DA PRANCHA Um problema da atual geração de projetistas em CAD é que parece haver uma consistente falta de noção quanto ao uso do espaço gráfico das pranchas. A verdade é que, quando você é obrigado a desenhar à mão, facilmente se percebe que todo o espaço gráfico de uma prancha pode ser habilmente utilizado. Um desenhista manual não desperdiça espaço gráfico, não produz os ENORMES ESPAÇOS EM BRANCO, que, ao contrário, caracterizam as pranchas desenvolvidas pelos projetistas‐cadistas, iniciantes, da atualidade.
Uma curiosidade: os desenhistas manuais evitavam, sempre que podiam, que seus desenhos “se atravessassem” sobre as linhas‐guia de dobragem. As linhas‐guia de dobragem os auxiliavam a organizar leiautes de pranchas em que cada desenho podia ficar numa das “quadrículas” (numeradas de 1 a 7 na figura 1), de modo que não seriam vincados ou facilmente rasgados, tendo sua leitura dificultada – pois essas cópias são intensamente manipuladas nos canteiros de obras, abertas, dobradas, guardadas e retiradas, e são freqüentemente danificadas nos vincos das dobras.
Mas esses leiautes são de difícil obediência, em todos os casos. Prevalece o princípio de ordenamento e ocupação otimizada da prancha, em que se evita que
qualquer quadrícula da prancha ficasse em branco, não‐utilizada. Essa nobre arte de
bem distribuir e bem ocupar uma prancha de desenho de arquitetura parece fácil de esquecer – e ainda mais fácil de recuperar, mas devemos insistir, e muito, nela.
Paginação do espaço gráfico:
Clareza, organização.
“Cercadura” em cada desenho:
Confusão, deselegância...
(Respeitadas as eventuais exceções!)
NA DÚVIDA, EVITEM AS
“CERCADURAS”.
3.2. NUMERAÇÃO DOS DESENHOS
Todos os desenhos técnicos inseridos em pranchas (ou mesmo em apenas uma prancha) devem ser numerados. Recomenda‐ se que a numeração dos desenhos em uma prancha seja restrita a essa prancha, não se fazendo uma mesma, única, seqüência numérica desde o primeiro‐desenho‐da‐ primeira‐prancha até... o
último‐desenho‐da‐última‐ prancha. Caso um desenho tenha que ser inserido no meio dessa seqüência, ela deverá ser refeita. As pranchas são numeradas em seus carimbos, e a numeração de cada desenho é associada à série das pranchas.
Área total de construção ( sem as varandas) : 212 ,50 m2 Área total de construção: 299,44 m2 Área do p av. sup.: 83,60 m2 Área do t érr eo ( com as varandas): 215,84 m2 Á rea do terreno: 446 ,00 m2 Área do t érr eo ( sem as varandas):123,90 m2 DIA / MÊS / AN O Conteudo: Data: SELO DA EMPRESA
Uso: NOM E DO AU TO R OU PRE POSTO Visto: Desenho:NOM E DO D ESEN HISTA FORMATO "NÚM ERO DE SÉRIE" /"TOTAL "PR ANCHA
CBMDF
PROJET O AR QUITET ÔNICO ÁREAS Ass. autor Ass. Responsavel Tecnico Ass. proprietario NOME COMPLETO DO PROFISSIONAL E SEU NÚMERO DO CREA INFORME DE MODO FIDEDIGNO E AUXILIE A FISCALIZAÇÃO TÍTULO DA OBRA OU EMPREENDIMENTO Endereco: DEAP Resp. Tecnico: Autor do Projeto: Proprietario: Adm. reg./protocolo (NOME P OR EX TENSO) CREA (NÚMERO DO CREA) (NÚMERO DO CREA) INFORME DE MODO FIDEDIGNO E AUXILIE A FISCALIZAÇÃO NOME COMPLETO DO PROFISSIONAL E SEU NÚMERO DO CREA
CAMPO P ARA LE GENDA S NUM ER AÇ ÃO CR ES C EN TE NUME RAÇÃ O CRES CENT E CRESCENTE NUMERAÇÃO MENOR NÚMERO NÚMERO MAIOR
Área total de construção ( sem as varandas) : 212 ,50 m2 Área total de construção: 299,44 m2 Área do p av. sup.: 83,60 m2 Área do t érr eo ( com as varandas): 215,84 m2 Á rea do terreno: 446 ,00 m2 Área do t érr eo ( sem as varandas):123,90 m2 DIA / MÊS / AN O Conteudo: Data: SELO DA EMPRESA
Uso: NOM E DO AU TO R OU PRE POSTO Visto: Desenho:NOM E DO D ESEN HISTA FORMATO "NÚM ERO DE SÉRIE" /"TOTAL "PR ANCHA
CBMDF
PROJET O AR QUITET ÔNICO ÁREAS Ass. autor Ass. Responsavel Tecnico Ass. proprietario NOME COMPLETO DO PROFISSIONAL E SEU NÚMERO DO CREA INFORME DE MODO FIDEDIGNO E AUXILIE A FISCALIZAÇÃO TÍTULO DA OBRA OU EMPREENDIMENTO Endereco: DEAP Resp. Tecnico: Autor do Projeto: Proprietario: Adm. reg./protocolo (NOME P OR EX TENSO) CREA (NÚMERO DO CREA) (NÚMERO DO CREA) INFORME DE MODO FIDEDIGNO E AUXILIE A FISCALIZAÇÃO NOME COMPLETO DO PROFISSIONAL E SEU NÚMERO DO CREA
CAMPO P A RA LEGE NDA S NUM ER AÇ ÃO CR ES C EN TE NU MER AÇÃ O CRESC EN TE CRESCENTE NUMERAÇÃO MENOR NÚMERO NÚMERO MAIOR Cada escritório de arquitetura possui uma solução para a identificação de seus desenhos, de sua produção. Imaginem como seria difícil a recuperação de um
No desenho abaixo, exemplifica‐se um erro cometido comumente: uma planta de DOIS edifícios adjacentes, que o projetista desenhou como se fossem desenhos independentes. Como o projetista colocou (no quadro superior) o título de cada desenho (“Desenho 1” e “Desenho 2”) realmente pode‐se entender que os dois desenhos são independentes. Na versão original, havia apenas um título (“Desenho 1”) aplicado ao edifício maior, e o edifício menor estava “solto”: sem a menor indicação de sua proximidade do edifício maior... e sem uma identificação apropriada.
No quadro inferior, os dois edifícios sã “relacionados”: basta uma simples linha de cota para esclarecer que se trata da representação de edifícios adjacentes, nesse caso! Com a eliminação da ambigüidade (“TRATAM‐SE DE DESENHOS INDEPENDENTES OU DE DESENHOS INTERDEPENDEN‐ TES?), um único título é aplicado. A singela linha de cota “contextualizou” a repre‐ sentação. Muitos outros recursos podem ser usados para fazer a mesma coisa – e reforçar uma correta compreensão da representação (como calçadas, caminhos, curvas de nível, projeções de cobertura comum, etc.). DESENHO 2 2 ARQ ESC: 1/100 DESENHO 1 1 ARQ ESC: 1/100 DESENHO 1
COTA NECESSÁRIA E... CONTEXTUALIZADORA! 6,00
1
ARQ ESC: 1/100
Um único projeto pode ser uma verdadeira “enciclopédia” da construção civil: como resgatar todas as informações desejadas?
Desenho Numerados Prancha Numerada (Séries Únicas, “Endereço Único”)
Recomenda-se que a numeração de cada desenho seja restrita à respectiva prancha, e não ao conjunto de pranchas. Nesse último caso, quando nume-ramos todos os desenhos numa mesma seqüência numérica, qualquer mo-dificação em desenho situado ao longo da “corrente” implicará na modifica-ção dos números dos desenhos subseqüentes. Quando a seqüência numéri-ca é restrita à respectiva prancha,reiniciando-se na prancha seguinte, a identificação do desenho deve ser feita com uma dupla referência: (a) o seu número na sua prancha e (b) o número de sua respectiva prancha. Por exem-plo: Desenho 5, Prancha 5 (...); Diversos escritórios adotam sistema de identi-ficação muito mais elaborados e eficientes que esse, útil para as nossas modestas finalidades de ensino. Mas as etapas de projeto, a data de sua conclusão, em especial, são cruciais num bom sistema de códigos de identificação dos desenhos.
PRANCHA 1 PRANCHA 2 PRANCHA N
(...)
Os sistemas de arquivo dos escritórios de arquitetura ou dos centros de
Informações do Desenho
Número do Desenho Fase do Projeto(Estudos Preliminares,
Anteprojeto, Projeto Executivo, “As Built”) Número da Revisão Responsável pela Revisão Desenhos Aprovados Certificações Legais Recibos e Comprovações Memoriais Estudos e Artigos Fotografias Maquetes Acervo Iconográfico Informações da Prancha Número da Prancha Informações do Projeto Número do Projeto
Informações dos Projetos Complementares Número do Projeto Completo
3.3 TÍTULOS DOS DESENHOS
Área tot al de construção (sem as var andas) : 212, 50 m2 Área tot al de construção: 299,44 m2 Área do pav. sup.: 83, 60 m2 Área od térr eo (com as var andas) : 215, 84 m2 Á r ea do t er reno: 446, 00 m2 Área do térr eo (sem as var andas) :123,90 m2
CAMP
O
P
AR
A L
EG
EN
D
A
S
A dm . r eg ./p r ot o co lo A ut or do Pr oj et o : TÍ TU LO D A OB R A OU E MP R EE N D IME N TO SELO DA EMPRESA D EA P Re sp . Te cn ic o: En de r ec o: Pr o pr ie t ar io :NOME DO AUTOR OU PREPOSTO P R OJ ET O A RQ UI T E T Ô NI CO
NOME DO DESENH ISTA D ese nh o: Uso: DIA / MÊ S / A NO D ata : Conteudo: Vi sto: CBMD F
FOR MA TO " N Ú MER O D E S É RI E "/"TOT AL"PRANC HA ÁREAS NOM E COM P LE T O DO P RO F IS S ION A L E S E U NÚME R O DO CRE A NOM E COM P LE T O DO P RO F IS S ION A L E S E U NÚME R O DO CRE A
(NOM E P OR E X T E NS O) A ss. p ro p ri et a ri o A ss. Re sp on sav el Te c nic o A ss. a utor CRE A (NÚ MER O DO CR EA ) (NÚ MER O DO CR EA ) INF ORM E D E M ODO F I DE DIGN O E A U X IL IE A F IS CA L IZA Ç ÃO INF ORM E D E M ODO F I DE DIGN O E A U X IL IE A F IS CA L IZA Ç ÃO
PLANTA BAIXA OU PLANTA PRIMEIRO PLANTA SEGUNDO PLANTA ENÉSIMO CORTE AA CORTE BB CORTE CC CORTE "NN" FACHADA NORTE FACHADA SUL FACHADA LESTE FACHADA OESTE ANDAR OU ANDAR OU ANDAR OU PLANTA DO ANDAR TÉRREO, OU PRIMEIRO PAVIMENTO SEGUNDO PAV. TERCEIRO PAV. PAVIMENTO N+1
USE A NOMENCLATURA TÉCNICA UTIL IZ E A NOME NCL A TURA DO P LA NO DIRE T OR URB ANO
Todos os desenhos numa prancha técnica devem obrigatoriamente ter seus respectivos títulos. O título é colocado abaixo do desenho, e centralizado (ou outra posição sistemática, consistentemente adotada) com relação ao respectivo desenho, sobre linha que deve seguir por toda a extensão do nome. Caso o desenhista adote outro posicionamento, é forçoso que seja consistente e sistemático com “sua” regra, sempre em benefício da compreensão do seu trabalho.
VISTA DA COBERTURA
ESC.: 1/100
20
ARQ
Essa ilustração expõe os elementos do título a ser adotado nos desenho. Observe a abreviatura ARQ na metade inferior do círculo, abaixo do número do desenho propriamente dito. Essa abreviatura diz respeito à temática técnica da série de pranchas: Arquitetura, Estruturas, etc.
Assim, outras abreviaturas devem ser usadas aqui, quando o projeto é de Estruturas (EST), de Instalações Hidráulicas (HID), Sanitárias (SAN), Elétricas (ELE), Telefonia (TEL), Lógica (LOG), entre outras.
Observe ainda a indicação de escala numérica, na forma fracionária com rra (1/1 ) embor também pudéssemos indicar na forma numérica com o sinal de divisão (1:100).
ba 00 a
Na ilustração ao lado, uma série de títulos comuns em desenhos técnicos de arquitetura da edificação – cujos conteúdos serão discutidos adiante. Desde já a primeira observação quanto ao uso da palavra PLANTA, tão importante para a arquitetura da edificação, e tão mal utilizada. Por exemplo, na expressão “Planta de Implantação” (dói no ouvido?) temos um “clássico” do tema: use apenas o termo IMPLANTAÇÃO. SITUAÇÃO ESC.: 1/100 20 ARQ PLANTA DE SITUAÇÃO ESC.: 1/100 20 ARQ LOCAÇÃO ESC.: 1/100 20 ARQ PLANTA DE LOCAÇÃO ESC.: 1/100 20 ARQ IMPLANTAÇÃO ESC.: 1/100 20 ARQ PLANTA DE IMPLANTAÇÃO ESC.: 1/100 20 ARQ
?
3.4. O QUE SIGNIFICAM OS TÍTULOS DOS DESENHOS
Os títulos dos desenhos provém de respeitáveis tradições técnicas, vindas da prática profissional dos projetistas e da geometria projetiva. Como veremos, há diferenças cruciais entre o que chamamos de FACHADAS, ELEVAÇÕES e VISTAS. Há diferenças entre PLANTAS e VISTAS que, espantosamente, profissionais experimentados não acertam. Há diferenças entre CORTES, SEÇÕES e ELEVAÇÕES que, igualmente, geram inaceitáveis incorreções.
FACHADAS pertencem à ampla família das VISTAS, e podem ser definidas como “vistas paralelas aos planos externos definidores da edificação”.
ELEVAÇÕES são mais genéricas que as FACHADAS, mas também pertencem à ampla família das VISTAS, e podem ser definidas como “vistas [da edificação] cujo plano projetivo é perpendicular ao solo”, sem a exigência do paralelismo; ERRONEAMENTE, há projetistas que denominam seções de edificações como “elevações”; A NBR 6492 define elevações como “representações gráficas de planos inte
A
Representação: plano paralelo ao das “faces”
da edificação (por isso a denominação de FACHADAS) Edificação, no caso, tão “regular”
que pode ser representada por um paralelepípedo, com 4 “fachadas”, um “piso” e um “teto”. B C D a d c A FACH ADA ANTE RIOR FACH ADA ANTE RIOR FA CH ADA LA T. ESQ. FA CHAD A L AT. DI R. C D a d c rnos ou elementos das edificações” – péssima definição.
VISTAS são as representações da edificação (ou de qualquer objeto físico) em planos projetivos circunjacentes. Em especial, destacam‐se as 6 vistas proporcionadas por um “cubo” que envolve o objeto: ANTERIOR, POSTERIOR, LATERAL DIREITA, LATERAL ESQUERDA, SUPERIOR e INFERIOR.
A VISTA DE COBERTURA é uma denominação que damos à VISTA SUPERIOR de uma edificação, pois sobre as edificações ficam, em geral, as suas coberturas. Muitos e muitos projetistas denominam essa VISTA de “PLANTA”, de forma incorreta. Uma VISTA nunca corta o objeto. Uma PLANTA de Edificação sempre a corta, segundo plano horizontal, paralelo aos seus pavimentos ou pisos interiores.
VISTA da Cobertura
Fachada Posterior Fachada Lateral EsquerdaA VISTA da Cobertura das edificações é... Uma VISTA! Nela apresentamos as projeções dos telhados e calhas, indicamos as declividades e elementos de instalações a serem previstos (antenas, pára-raios, placas foto-vol-taicas), sempre em VISTA. Contudo, quando temos um denominado COBERTURA, a coisa é dife-rente: nesse pavimento (eventualmente com piscinas, pavimento Fachada Lateral Direita Fachada Anterior
Em resumo: é incorreto denominar a VISTA DE COBERTURA como PLANTA DE COBERTURA. Além disso, na VISTA DE COBERTURA, mostram‐se elementos exteriores visíveis, como os planos do telhamento, as calhas, etc. Nada é cortado.
Pior que chamar a vista da
cobertura de “planta da
cobertura” é chamar de “planta baixa da cobertura”.
As VISTAS são a categoria mais ampla de representações projetivas ortogonais, em que os planos de projeção podem assumir uma infinidade de posições tangentes a uma super-fície esférica. Na verdade, uma edificação pode ser “multi-representada”, literalmente, com o uso das elementares fer-ramentas da geometria projetiva. Edifícios de grande comple-xidade morfológica podem ser integralmente representados com o uso da manipulação hábil dos planos projetivos.
As ELEVAÇÕES podem ser descritas a partir de planos projetivos que são tangentes a uma superfície cilíndrica, no centro da qual está o objeto / edificação. Assim, as FACHADAS são “um caso especial” da geometria das ele-vações. As elevações, por sua vez, são uma categoria especial da geometria das VISTAS, que podem ser des-critas a partir de planos projetivos que são tangentes a uma superfície esférica.
Vistas
Elevações
Fachadas
Há uma hierarquia nas representações fundamentais que usamos no desenho técnico em arquitetura da edi-ficação: as Vistas são a categoria mais ampla; as Eleva-ções são um caso especial, que permitem várias repre-sentações de edificações multi-facetadas - mas de “fa-cetas verticais, sobretudo; as Fachadas, como a pala-vra sugere, são faces, um caso especial das Elevações, com planos projetivos verticais, orientados pela Gra-vidade. A PLANTA DA EDIFICAÇÃO, quase nunca é “Baixa”. Planta Baixa, só há UMA: a do TÉRREO. Essa é uma denominação que tem raízes nas antigas tradições históricas da prática da arquitetura. Nossa língua portuguesa adotou uma expressão que vem do espanhol planta baja. Todas as línguas cultas – com cultura prática da arquitetura – possuem expressões específicas para denominar a importante planta do chão, a importante planta de acesso à edificação, a importante planta do térreo. A ibérica PLANTA BAJA é a “nossa” expressão histórica, aportuguesada como PLANTA BAIXA. Em inglês, groundfloor; em alemão1: Grundrisse (der); plan du rez‐de‐chaussé, em francês, etc.
Portanto: se você denominar uma certa planta de baixa, esteja certo de que está a representar o TÉRREO do edifício, e não qualquer outro pavimento. Não há
sentido em se falar na planta baixa do pavimento superior... planta baixa do
pavimento‐tipo... planta baixa do subsolo...
Em vez disso, escreva: Planta do Pavimento Superior... Planta do Pavimento‐ Tipo... Planta do Subsolo, etc.
Como dissemos anteriormente, o erra mais crasso – e muito comum – é denominar a VISTA DE COBERTURA como planta baixa da cobertura. Isso é o cúmulo da ignorância. A tradicional e obrigatória VISTA DA COBERTURA NEM É PLANTA NEM É “BAIXA”.
Outro erro é atribuir o adjetivo “baixa” à altura do plano de corte. Total confusão: a origem dessa adjetivação NÃO é a altura do plano de corte, mas o caráter do acesso direto ao edifício. Lembrem‐se da expressão de origem, PLANTA BAJA. Em nenhum caso os arquitetos espanhóis usam planta baja para designar qualquer outro desenho que não seja o do pavimento de acesso à edificação. Todas as plantas dos demais pavimentos são denominados, em espanhol, como plantas, identicamente à denominação portuguesa2! Na dúvida, a simplicidade: PLANTA, apenas.
PLANTA BAIXA
ESC.: 1/100
20
ARQ
PLANTA BAIXA DO PRIMEIRO PAVIMENTO
ESC.: 1/100 20 ARQ
ERRADO!
2 Segundo a NBR 6492, “Planta de Edificação” é: Vista superior do plano secante horizontal, localizado a,aproximadamente, 1,50 m do piso em referência. A altura desse plano pode ser variável para cada projeto de maneira a representar todos os elementos considerados necessários. Nota: As plantas de edificação podem ser do térreo, subsolo, jirau, andar‐tipo, sótão, cobertura, entre outros.
Uma virtude da NBR 6492 é a de que não usa a expressão PLANTA BAIXA, mas somente a expressão PLANTA DA EDIFICAÇÃO. Mas deve‐se criticar a definição acima, de planta como vista. Uma melhor definição deve ser a de planta como projeção feita a partir de plano de corte ou secante, horizontal. A altura desse plano de corte horizontal é, como sabemos, variável: podemos ter plantas feitas a partir de planos tangentes ao teto ou forro, etc. A altura sugerida pela NBR 6492 (1,50 m) pode gerar dúvidas desnecessárias: melhor seria dizer altura mediana em relação ao pé‐direito da edificação ou
compartimento.
VISTA DA COBERTURA
ESC.: 1/100 20 ARQPLANTA BAIXA DA COBERTURA
ESC.: 1/100 20 ARQ
ERRADO
SU
PER
!
PLANTA DA COBERTURA
ESC.: 1/100 20 ARQERRADO!
A VISTA DA COBERTURA NÃO PODE SER CHAMADA DE “PLANTA DA COBERTURA” Quando se referir a qualquer outro pavimento, escreva: PLANTA DO PRIMEIRO PAVIMENTO, PLANTA DO PAVIMENTO SUPERIOR, PLANTA DO SEGUNDO PAVIMENTO, PLANTA DO ENÉSIMO PAVIMENTO, PLANTA DO PRIMEIRO ANDAR, PLANTA DO SEGUNDO ANDAR, PLANTA DO ENÉSIMO ANDAR. Nenhuma dessas denominações comporta a palavra BAIXA.Quando a edificação tem uma cobertura que é um pavimento utilizado, assim como um ÁTICO, ÁGUA‐FURTADA ou SÓTÃO, temos uma PLANTA DO ÁTICO, PLANTA DA ÁGUA‐FURTADA, PLANTA DO SÓTÃO ou mesmo, agora de forma legítima, pois é um corte que utiliza plano horizontal no qual se projeta o espaço interior, PLANTA DA COBERTURA, como um pavimento utilizado pelas pessoas (com seus eventuais salões de festa... saunas... piscinas, etc.).
Outra importante seqüência de denominações diz respeito à PLANTA DE SITUAÇÃO, à PLANTA DE LOCAÇÃO e à IMPLANTAÇÃO deve ser discutida.
São desenhos que não possuem planos projetivos rigorosos, embora todos sejam formas de projeções sobre planos horizontais. Suas alturas e precisão de informações podem variar enormemente, a depender das exigências quanto a um mínimo de informações necessárias, em cada caso.
A PLANTA DE SITUAÇÃO3 informa oficialmente a localização da futura edificação. Essa informação tem efeitos legais e efeitos práticos. O efeito legal é que deve informar sem ambigüidade a localização do lote – ou da gleba rural ou urbana ‐, dos lotes vizinhos, de modo a estabelecer claramente os limites da propriedade que será modificada com a construção de uma edificação. Construir edificações é um ato civil de enorme responsabilidade, e a correção desse ato deve ser assegurada em todos os aspectos exigidos pela lei, como a posse da terra, a regularidade do loteamento ou empreendimento, as licenças ambientais cabíveis, entre outros. Uma planta de situação bem informada coloca a Prefeitura e os demais órgãos responsáveis pela aprovação do projeto e pelo licenciamento da atividade de construção em condições de examinar a solicitação feita pelo proprietário com o auxílio do arquiteto, sem engano.
A PLANTA DE SITUAÇÃO tem um importante efeito prático: orienta fornecedores, visitantes, fiscais, etc., a chegar ao local da obra, desde uma via central, ou via ou logradouro de importância para o acesso e localização do lote. Não são poucos os exemplos de projetos cujas “plantas de situação” são tão mal feitas que não se conseguia sequer chegar ao lote, a partir das informações que oferecia.
A PLANTA DE SITUAÇÃO geralmente é feita em uma pequena escala, inferior a 1:100 (lembre‐se que as escalas são representadas através de frações, e a relação entre seu numerador e seu denominador indicam se é relativamente “superior” ou “inferior” a outra escala). As informações acerca da edificação propriamente dita são 3 A NBR 6492 define “Planta de situação” como: Planta que compreende o partido arquitetônico como um todo, em seus múltiplos aspectos. Pode conter informações específicas em função do tipo e porte do programa, assim como para a finalidade a que se destina. Nota: Para aprovação em órgãos oficiais, esta planta deve conter informações completas sobre localização do terreno.
muito simples. Em geral não há cotas das edificações em uma PLANTA DE SITUAÇÃO, a não ser que sirvam como referência para SITUAR o lote. As medidas do lote são cotadas na PLANTA DE SITUAÇÃO, assim como na PLANTA DE LOCAÇÃO e na PLANTA DO TÉRREO ou PLANTA BAIXA.
A PLANTA DE LOCAÇÃO4, por outro lado, não tem o caráter marcadamente “indicativo” das PLANTAS DE SITUAÇÃO. É uma planta técnica, que assegura a correta transição entre o projeto de arquitetura e os projetos complementares. Em especial, o projeto de cálculo estrutural deve receber as informações exatas acerca da localização de cada pilar e demais elementos portantes, com relação aos afastamentos da edificação dos limites dos lotes vizinhos. O projeto de cálculo estrutural é feito a partir de laudo da resistência do solo em uma série de profundidades, a partir de sondagens, cuja localização relativa à edificação é importante para o cálculo das fundações.
A PLANTA DE LOCAÇÃO, ao definir claramente as distâncias entre os elementos estruturais e portantes, e outros elementos do conjunto da edificação (piscinas, caixas‐ d’água subterrâneas ou elevadas em isolamento, vãos em subsolo, contenções, arrimos, taludes, cercamentos, aflorações rochosas, erosões, etc) contém informações essenciais para o exame do projeto pela Prefeitura (que examina os afastamentos obrigatórios, a taxa de ocupação, o índice de aproveitamento, as cotas de soleira, as declividades aplicadas aos caminhos e acessos, entre outras informações) e pelas instâncias de licenciamento ambiental, quando for o caso.
A PLANTA DE LOCAÇÃO deve ser desenhada em escala compatível com a descrição da edificação no interior do lote. Uma aproximação pode ser dada, grosseiramente: para edificações com área de projeção até 6.000 metros quadrados (que caibam num quadrado de aproximadamente 80 x 80 metros) podemos ter
4
A NBR 6492 define “Planta de locação” como: Planta que compreende o projeto como um todo,
locações na escala de 1:100. Para edificações com área de projeção até 1.500 metros quadrados (que caibam num quadrado de aproximadamente 40 x 40 metros) podemos ter locações na escala de 1:50. Como veremos, boas plantas de locação dependem de pré‐dimensionamentos dos espaços e dos elementos estruturais, que possuam exatidão.
A PLANTA DE LOCAÇÃO deve conter as cotas de todos os elementos estruturais e de vedação que chegam ao piso térreo – ou ao chão, como regra geral. Essas cotas devem criar um sistema de referência dimensional tão completo quanto possível, integrando as distâncias aos limites do lote, aos pilares “internos” e “externos”, aos eixos de paredes, etc. Uma regra a ser atendida é a de que “o arquiteto não pode permitir que a obra seja LOCADA no lugar errado. A tolerância quanto à localização de um pilar edificado, de um canto da edificação, de um acesso, é ZERO.
A IMPLANTAÇÃO não é um desenho técnico tão rigoroso quanto a PLANTA DE LOCAÇÃO. Os desenhos que intitulamos assim são ilustrações de aspectos do partido arquitetônico que desejamos ressaltar, em determinadas circunstâncias de apresentação do projeto. Aceitamos IMPLANTAÇÕES sem cotas, apenas com escalas gráficas. Há arquitetos que preferem denominas IMPLANTAÇÃO a um desenho esquemático, ainda que desenhado a instrumento, com exatidão, mas que se aproxima mais de um elegante diagrama, com economia de linhas, que se limita a cuidadosamente ilustrar a idéia central do projeto, sobretudo quando uma visão geral, do alto e chapada, é especialmente reveladora do partido arquitetônico. Outra solução gráfica é feita pela composição de áreas cheias de cores compactas e contrastantes, que indicam as elevações, os espelhos de água, as massas vegetais, as texturas de coberturas sob o sol, em quadros belos como as melhores composições de um Salão de Artes Plásticas. As IMPLANTAÇÕES devem ser acompanhadas de textos explicativos, ou conter indicações e comentários associados ao desenho. Croquis e perspectivas se desdobram naturalmente de sua “presença”.
Esses desenhos fundamentais serão novamente tratados em outras Notas de Aula especialmente dedicadas às Plantas de Locação, Situação, Implantação, Térreo e Tipos (e Não‐Tipos), Pavimentos Especiais, Subsolo e Semi‐Enterrado, Cobertura (como pavimento especial), assim como aos Cortes, Seções, Fachadas, Elevações e Vistas. 4. ESCALA FRACIONÁRIA / ESCALA GRÁFICA
Como foi exposto, TODO e qualquer desenho deve ter um título, deve ser numerado – ou outra forma de localização codificada que facilite a sua indexação num sistema mais amplo, de produção de projetos por um dado escritório, ou que facilite a integração de projetos desenvolvidos por diferentes escritórios ‐, deve ter sua “série temática” (Arquitetura, Cálculo Estrutural, Instalações Elétricas, etc.) perfeitamente caracterizada (nossa série é ARQ).
A escala do desenho é a proporção matemática que os elementos representados apresentam com relação aos elementos reais. A representação permite que uma grande edificação seja mostrada em escala, com seus principais elementos desenhados numa folha de papel de dimensões muito menores que seu lote ou local. A geometria projetiva utiliza várias estratégias de vistas e seções, sobreposições e simplificações, escalas e convenções para que um determinado objeto seja integralmente representado.
A proporção das escalas é representada na forma de uma fração do tipo 1/n, onde n é o fator de redução adotado. Uma parede que apresenta, na realidade, uma espessura de 15 centímetros pode ser representada por duas linhas paralelas de 15 centímetros, numa escala de 1/1, onde a correspondência geométrica não apresenta mudança. Quando representamos essa mesma parede na escala de 1/10, as duas linhas paralelas do desenho estão afastadas em 1,5 centímetros. Quando a escala é de
Os desenhos contidos em uma determinada prancha podem ser feitos numa mesma escala (1/50, por exemplo) ou cada desenho pode ser representado numa escala própria (por exemplo: 1/200, 1/100, 1/50, 1/20, etc.). Em qualquer caso, é importante explicitar a escala utilizada, através da fração que define a regra de proporcionalidade.
Outra forma de indicar a escala é a colocação de elementos gráficos que exemplificam medidas em escala. Essas escalas gráficas podem ser muito úteis em desenhos que são apresentados a leigos, ou em apresentações públicas que pretendem comunicar as decisões do projeto de um modo um pouco menos técnico e um pouco mais intuitivo. As ESCALAS GRÁFICAS nos dão uma informação imediata acerca de algumas medidas mais gerais, pois podemos avaliar essas medidas pela simples observação, ou com o uso de réguas comuns, ou de um lápis ou uma folha de papel que permita “transportar” as medidas da escala gráfica para qualquer parte do desenho a que se refira. Veja abaixo uma representação muito comum, com o uso de “barras” que marcam algumas medidas freqüentes de um determinado desenho. 0 10 30 60 100 cm 0 25 50 75 10 0 cm 0 10 20 30 40 50 100 m 0 5 25 50 m
No exemplo da página anterior, “barras” retangulares são alinhadas de modo a criar uma espécie de “régua” com espaçamentos idênticos ou não. Na primeira escala gráfica, a proporção entre as barras é de 1:2:3:4, ou seja, há incrementos de uma unidade de medida, em termos proporcionais. Na segunda escala gráfica os espaçamentos são idênticos. Observe que nos dois exemplos há a indicação da unidade dimensional adotada, o centímetro.
Embora os exemplos estejam “fora de escala”, provavelmente foram retirados de um desenho em escala de 1:5 a 1:25. A ESCOLHA DOS INTERVALOS DEVE ESTAR RELACIONADA AO TAMANHO DE UM DETERMINADO CONJUNTO DE ELEMENTOS QUE SE DESEJA REFERENCIAR. As proporções da primeira escala (1:2:3:4) permitem várias medidas diferentes e rápidas. Há espaçamentos de 10, 20, 30, 40, 60 e 100 “centímetros”, assim como é possível usar esses espaçamentos para deduzir medidas de 50,70 e 80 “centímetros”, além de várias outras acima dos 100 “centímetros”. Ou seja: é adequada para um desenho com elementos de uma grande diversidade de medidas, com variações (aproximadamente) moduladas em 10 “centímetros”.
A segunda escala não oferece essa variabilidade: são quatro medidas possíveis, de 25, 50, 75 e 100 “centímetros”. É, propomos, adequada para ser usada em propostas de edificações com coordenação modular rigorosa e uniforme.
ATENÇÃO: No Autocad, o uso da interface “PAPERSPACE” deve ser atentamente calibrada, para que as escalas de cada desenho sejam respeitadas. Nesse sentido, as alterações indevidas são capturadas imediata e visualmente com o uso de escalas gráficas.
ATENÇÃO: Cada desenho “que exigir escala gráfica” deve possuir a sua própria escala gráfica, mesmo que os diferentes desenhos tenham a mesma escala de
se refira a todos os desenhos de uma prancha. Cada desenho, a sua respectiva escala, por disciplina.
ATENÇÃO: Cada Escala Gráfica deve ser desenhada PRÓXIMA ao desenho projetivo a que serve. Projetistas inexperientes sentem‐se tentados a colocar as escalas gráficas junto ao carimbo (ou mesmo dentro do Carimbo), no campo destinado às convenções de desenho.
Observe que a inclusão de Escala Gráfica não é obrigatória em nenhum caso, mas que é excelente auxiliar em apresentações de desenhos a leigos, ou em apresentações rápidas a pessoas treinadas na leitura de desenhos técnicos. Nos nossos ANTEPROJETOS, é solicitada a colocação de escala gráfica junto às plantas de menor escala, como a PLANTA DE SITUAÇÃO (ou de implantação), pelo menos.
5. LEGENDAS
As legendas são os pequenos “léxicos” que traduzem sinais gráficos, ícones, símbolos, marcas, logomarcas, indicadores alfanuméricos, abreviaturas e outros códigos que são colocados no corpo dos desenhos. O conjunto dos códigos que eventualmente utilizamos é necessário para:
a) fazer indicações repetitivas de forma sumária e elegante, limpa, sem “poluição gráfica” (pois, se tivéssemos que fazer certas indicações de forma extensiva e em todos os casos, o desenho ficaria repleto delas, deselegante, “poluído”, tomado por essas indicações);
b) fazer indicações que NÃO CABEM no espaço gráfico disponível, e que somente podem ser feitas através de um símbolo gráfico (como os que usamos para indicar tomadas, interruptores, caixas de distribuição, pára‐raios, câmaras, postes de iluminação, luzes de vigia, amarrações de tirantes, etc).
Quarto Quarto Cozinha Sala Banho. Circ. 4 5 3 1 1 - Sala 2 - Banheiro 3 - Cozinha 4 - Quarto 5 - Quarto 6 - Circulação 6 2
Essa última observação é de grande importância, pois um erro comum de representação é o uso de símbolos gráficos ou indicações indiretas de informações cruciais QUANDO NÃO HÁ A MENOR NECESSIDADE.
Acima temos duas soluções para a indicação das denominações dos compartimentos em uma pequena edificação. Na solução à esquerda, o projetista colocou “as palavras no desenho”, e a indicação é DIRETA. Essa é a solução mais comum, mais prática, mais correta – sobretudo se há espaço para a colocação desse importante, fundamental texto da denominação dos compartimentos!
No desenho à direita, o projetista preferiu fazer uma “legenda”, em que usa números inseridos nas áreas internas de cada compartimento, e coloca uma tabelinha ao lado, para dizer o que cada um desses números significa. Trata‐se de uma indicação INDIRETA, típica e esperada das legendas. Mas é reprovável, pois (a) havia espaço suficiente para colocar o texto no “lugar certo”, dentro do espaço gráfico de representação do compartimento. Essa solução BUROCRATIZA o desenho, torna desnecessariamente complicada a representação, sobretudo de algo que deve ter prioridade na indicação mais DIRETA possível: a denominação de cada compartimento, numa planta de arquitetura.
Esse erro da “Legenda Burocrática” é freqüente quando não se desenha fisicamente, mas virtualmente. O desenhista virtual e iniciante não tem a menor idéia do “espaço gráfico” da prancha, pois trabalha sobre um fundo negro (default no AUTOCAD) adimensional, e usa os recursos de representação de forma insegura, pois não vê o resultado de seus esforços até a plotagem das pranchas virtuais. Os desenhistas virtuais experientes aprendem lentamente, PLOTAGEM A PLOTAGEM, até entender a usar o espaço gráfico de forma correta, prudente, limpa, legível, elegante, técnica.
No desenho acima temos uma legenda que faz sentido, pois todos os elementos pictográficos (relacionados às instalações elétricas, telefônicas e lógicas, de modo simplificado, no caso) são exaustivamente repetidos por todos os desenhos – sobretudo, no caso, em planta. Use sempre os símbolos indicados pelas Normas Técnicas e exigidas pela Municipalidade, quando for o caso (a partir dos Códigos de Obras ou de Edificações). Na vacância de Normas e indicações oficiais (como nas indicações de equipamentos especializados, etc.) você pode “propor” seus próprios pictogramas, desde que deixe isso claro em todas as pranchas em que os utilizar.
Podemos ter legendas de:
a) Pontos de Consumo, de Contato (ou acesso), e de Controle de Instalações Elétricas (Alta / Baixa Tensão; Emergência / Ordinárias, fiação eletrificada de segurança, fiação de descargas atmosféricas, etc.), Hidráulicas, Sanitárias, Lógicas, Telefônicas, Circuito Interno de Televisão / Vigilância / Relógios / Intercomunicação; caixas de visita de instalações (especialmente de esgotos);
b) Equipamentos e Elementos Complementares da Edificação (bebedouros, extintores, caixas para mangueiras de incêndio, claviculários5, chuveiros de emergência, câmeras de vigilância e sensores de presença, alarmes, aparelhos de televisão fixos, ventiladores fixos, aparelhos de ar condicionado, aparelhos de purificação do ar fixos, aparelhos de umidificação do ar fixos, auto‐falantes, holofotes, arandelas6 e luminárias de teto ou especiais, sinalização luminosa ativa ou estacionária, pára‐raios, espelhos de vigilância, postes externos, de iluminação ou sustentação de instalações, ícones e placas de comunicação visual, bancos fixos internos ou externos, etc.;
c) Mobiliário Padronizado (cadeiras, mesas, bancadas de trabalho, estações de trabalho padronizadas);
d) Indicações relacionadas ao uso, como linhas de tipos e cores convencionadas para indicar os percursos de categorias de pessoas (como em hospitais: médicos, pacientes ambulatoriais, pacientes em maca ou cadeira de rodas, auxiliares, fornecedores, administradores, segurança, etc.), ou materiais (exames, prontuários, medicação, alimento, lixo hospitalar, lixo administrativo, etc.);
e) Indicações especiais relacionadas à acessibilidade (locais de especial exposição de informações tácteis ou vibratórias, visuais, sonoras, etc.); à mobilidade (acesso de cadeirantes, de ciclistas, de pessoas portadoras de deficiência visual, acesso a táxi / ônibus adaptados), ou a segurança: locais de perigo de acidente ou contaminação radioativa, química, biológica; locais de perigo de explosão ou inflamabilidade; perigo de deslizamento, entre outros.
Uma “regra de ouro” para as indicações de especificações e denominações, nos projetos de arquitetura é: “faça indicações diretas sempre que possível, e evite legendas desnecessárias”. Claro, os defensores de “desenhos limpos” sempre se insurgem contra essa “regra de ouro”. Desenhos limpos são bem‐vindos em publicações, mas a “limpeza dos desenhos” (muitas vezes com o custo da clareza e da correção nas informações) é um péssimo princípio a ser seguido para as pranchas de arquitetura que vão às Prefeituras (para a competente aprovação pelo Município, que autoriza ou não a construção de edificações, segundo a Lei brasileira) ou aos CANTEIROS DE OBRAS. Nos canteiros, as informações devem ser claras, diretas, executivas. Esse critério de “limpeza dos desenhos” chega a parecer fútil, ingênuo, especialmente desejado por profissionais inexperientes ou com pouca prática profissional. É tão fútil quanto a famosa afirmação de que “o desenho fala por si”. NÃO FALA. Escreva no desenho, até que qualquer dúvida seja totalmente dissipada, esclarecida!
6. TABELAS DE ESPECIFICAÇÕES
As especificações dos materiais de uma edificação devem ser feitos de várias maneiras diferentes – na verdade, envolvem projetos complementares, como no caso das estruturas, das instalações, dos equipamentos. Retomaremos esse importante assunto nas Notas de Aula relativas às Plantas, aos Cortes e Seções, e às Fachadas das edificações.
Em primeiro lugar, devemos ter clareza sobre quais as informações que são primordiais para que as especificações sejam claramente comunicadas, sobretudo para as finalidades de um Anteprojeto de Arquitetura (como já dissemos, um documento especialmente dirigido para o exame do projeto pela Prefeitura Municipal ou, no caso do Distrito Federal, pela respectiva Administração Regional). Em segundo lugar, devemos nos assegurar de que essas informações (que envolvem toda a “matéria
física” da edificação) estão a ser localizadas corretamente: cada coisa em seu local, cada especificação em sua destinação.
Também devemos acrescentar que as “Tabelas de Especificações” são continuidade do assunto das legendas – no sentido de que nós prestigiaremos, nas Tabelas de Especificações, as indicações INDIRETAS, em que o texto não é aplicado no espaço gráfico de representação dos compartimentos, pilares, paredes, etc. Para os nossos anteprojetos devemos preparar Tabelas de Especificações de: a) Materiais de Revestimentos Internos aos Compartimentos (piso / paredes / teto); b) Materiais de Revestimentos Externos à Edificação (piso / parede / “teto” ou cobertura vazada, quando for o caso);
c) Aplicações Tópicas de Materiais Internos e Externos (inclusive sinalizações através de materiais e aplicações de materiais); d) Tratamentos extensivos / intensivos de áreas de solo exposto. Na página seguinte, oferecemos uma planta de “consultório”, típica de edifício de “clínicas” – edifícios comerciais que são projetados para atrair profissionais liberais na área de saúde. Trata‐se de uma alternativa comum nessa modalidade. Essa planta é o modelo básico oferecido pelo construtor / incorporador imobiliário, e seus revestimentos provavelmente serão modificados. Essa representação visa a apreciação do modelo de “consultório” pelos clientes, e atende aos requisitos de aprovação pela Prefeitura local (ainda que sejam necessários mais detalhes acerca da solução de ventilação do banheiro...).
As especificações expostas na legenda devem ficar no campo acima do carimbo, nas pranchas já apresentadas. Observe que há 5 modalidades de especificações, nesse caso – poderíamos ter mais, ou menos, a depender do projeto.
1 23 3.75 Lic-3 Lic-3 Ef v-2 3. 8 5 2. 15 1. 55 0. 15 0.15 0.15 5.95 1.55 7.65 P ro je ção sa n ca e m g e ss o - D et . 6 0 Lic-3 Lic-3 Lic-3 PMV-1 PMM-33 CONSULTÓRIO 105 CONSULTÓRIO 104 CONSULTÓRIO 106 CIR C U LA Ç ÃO Banho. 2 4 2 4 2 4 3.73 3.73 ar-1 vs -2 pi a-12 ch-1 br a -1 1 br a-1 0 1 2 3 4 PISO ACABAMENTO INTERNO
Concreto de Alta Resistência Polido
Cerâmica Eliane "Urbanus Grafite", 31 x 31 cms Cerâmica Eliane Antiderrapante
“Solid”, cor Areia, 31 x 31 cms
Áreas Comuns: Cerâmica Eliane "Rustic", 31 x 7,5 cms
1
2
3
4 PAREDE
Cerâmica Eliane "Amaralina", 41 x 41 cms Tinta à base d'água Sherwin-Williams - cor Palha
Cerâmica FX Marselha Blu (Eliane), 7.5 x 33.0 Tinta à base d'água Sherwin-Williams - cor Marfim
1
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3
4 TETO
Tinta à base d'água Sherwin-Williams - cor Branco (Acetinado)
Pintura Epoxi sobre Concreto Forro de Gesso Acartonado Gypsum
Forro em tela de aço, conforme detalhes
ESPECIFICAÇÕES
ACABAMENTO EXTERNO
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Acabamento externo: alvenaria em chapisco pintado (tinta a base de água, cor branca)
4 Acabamento externo: cobogós em concreto pré-moldado
pintado com tinta à base de água, cor branca
5 Acabamento externo: cobogós artesanais em cerâmica crua,
conforme Detalhes 80 a 84
6 Acabamento externo: concreto aparente apicoado segundo
paginação - Detalhes 90 a 92
2 Acabamento externo: tijolo maciço aparente pintado com verniz hidrofugante incolor para fachadas, tipo Acquafort Silicon (Mactra)
3 Acabamento externo: cerâmica Eliane "studio laguna mesh", 7,5 cm x 7,5 cm
Acabamento interno: revestimento em cortiça (4mm), conforme detalhe 20
Painel de filetes de granito, conforme Detalhe 21
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