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Inventário e partilha à luz da Lei n. 11.441/07

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DOUGLAS ALDO BATISTA

INVENTÁRIO E PARTILHA À LUZ DA LEI Nº 11.441/07

IJUÍ (RS) 2014

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DOUGLAS ALDO BATISTA

INVENTÁRIO E PARTILHA À LUZ DA LEI Nº 11.441/07

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, apresentado como requisito parcial para a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso TC. DCJS - Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: MSc. Fabiana Fachinetto Padoin

IJUÍ (RS) 2014

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os meus Colegas Tabeliães, pois sabemos da importância e da seriedade do nosso trabalho e o quanto o mesmo contribui para a sociedade e para o Poder Judiciário.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida, е nãо somente nestes anos como universitário, mаs que еm todos оs momentos é o maior mestre qυе alguém pode conhecer.

A minha noiva, meu amor, Verônica, por sempre me incentivar, me apoiar, contribuir direta e indiretamente para que este sonho se tornasse realidade, sem você nada disso teria acontecido. Obrigado! Te amo!

A minha mãe Erlei pelo amor, incentivo е apoio incondicional sempre.

Ao meu pai Aldo (em memória) que mesmo lá de cima tenho a certeza que está orgulhoso da minha conquista.

Aos meus filhos Dieniffer, Deivid e Deimond, por muitas vezes não estar presente no dia a dia de vocês, mas saibam que esta vitória é nossa.

Ao Cordeiro, Viviana, Camila, Marsal, Bárbara, Everton, Manuella e Ótavio, muito obrigada por sempre me incentivarem, apoiarem e acreditarem no meu potencial e me darem força para eu ir cada vez mais longe;

A minha orientadora Professora Mestre Fabiana Fachinetto Padoin, pelo empenho dedicado à elaboração deste trabalho.

Aos demais professores, funcionário e colegas da UNIJUÍ.

Meus agradecimentos аоs amigos companheiros dе trabalhos е irmãos nа amizade qυе fizeram parte dа minha formação е qυе vão continuar presentes еm minha vida cоm certeza.

A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito obrigado.

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RESUMO

O presente trabalho aborda questões sobre inventário e partilha amigáveis, realizados pelos Tabelionatos de Notas, como eles são realizados, por quem, qual o objetivo da realização do mesmo. No primeiro capítulo é abordado sobre as noções de sucessão no geral, como a mesma é aplicada, bem como a abertura da sucessão, os herdeiros e a vocação hereditária, as espécies da sucessão e o inventário extrajudicial. No segundo capítulo será abordado o inventário e a partilha na Lei nº 11.441/07, quais os requisitos essenciais para a realização do inventário e partilha, do prazo, dos documentos e da disposição das partes, da partilha. Assim, no dia 04 de janeiro de 2007 foi editada a Lei nº 11.441/07, a qual tornou possível a realização de inventário, partilha e divórcio pela via administrativa, ou seja, extrajudicial, realizada por Escritura Pública, lavrada por meio de um Tabelionato de Notas. Tal norma, além de inovar, visto que o procedimento judicial deixou de ser a única forma de se obter o inventário e a partilha de bens, trouxe benefícios ao ordenamento jurídico brasileiro, tanto para as partes, como para o próprio Estado.

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ABSTRACT

This paper addresses issues of inventory and friendly sharing, conducted by a notary public notes, as they are made, by whom, what the purpose of completing the same. The first chapter is approached on the notions of succession in general, as it is applied, as well as the opening of the succession, the heirs and heredity, species succession and extrajudicial inventory. The second chapter will address the inventory and sharing in Law No. 11,441 / 07, which are the essential requirements for the inventory and sharing, term papers and the disposal of the parties sharing. Thus, on January 4, 2007 was enacted Law No. 11,441 / 07, which made possible the inventory, sharing and divorce by administrative means, ie extrajudicial, held by Deed, drawn up by a Notary Notes. Benefits such rule, besides innovating since the prosecution failed to be the only way to obtain inventory and the sharing of goods, brought the Brazilian legal system, for both parties, as for himself. Keywords: inventory and sharing; notarial service; Law no. 11.441 / 07.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 DA SUCESSÃO EM GERAL ... 10

1.1 Sucessões: noções gerais... 10

1.2 Momento da abertura da sucessão ... 12

1.3 Os herdeiros e a vocação hereditária ... 14

1.4 As espécies de sucessão ... 17

1.5 O inventário e partilha: judicial ou extrajudicial ... 19

2. O INVENTÁRIO E A PARTILHA NA LEI Nº 11.441/07 ... 22

2.1 Os fundamentos da Lei nº 11.441/07 ... 22

2.2 Requisitos essenciais para o inventário e partilha extrajudicial ... 26

2.3 Do prazo, dos documentos e da disposição das partes ... 29

2.4 Da partilha ... 31

CONCLUSÃO ... 34

REFERÊNCIAS ... 36

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INTRODUÇÃO

Como se sabe, a morosidade do Poder Judiciário é um dos principais problemas que o Brasil enfrenta atualmente, o que por conseqüência acaba comprometendo a segurança jurídica e a própria credibilidade do Poder Judiciário. Com isso, ao longo dos anos as legislações brasileiras, em especial a processual, passou por diferentes reformas, cujo principal objetivo é tornar o processo mais célere e ágil.

Assim, no dia 04 de janeiro de 2007 foi editada a Lei nº 11.441/07, a qual tornou possível a realização de inventário, partilha e divórcio pela via administrativa, ou seja, extrajudicial, realizada por Escritura Pública, lavrada por meio de um Tabelionato de Notas. Tal norma, além de inovar, visto que o procedimento judicial deixou de ser a única forma de se obter o inventário e a partilha de bens, trouxe benefícios ao ordenamento jurídico brasileiro, tanto para as partes, como para o próprio Estado, já que, enquanto aquelas fazem uso de um procedimento menos moroso, este tem, por conseqüência, um menor índice de demandas.

A Lei nº 11.441/07, motivada pelas vertentes de celeridade e efetividade estampadas na reforma do Judiciário, altera alguns dispositivos do CPC, possibilitando a realização de inventário e partilha separação e divórcio consensuais extrajudicialmente, mediante escritura pública lavrada pelo tabelião, de forma que afasta do Judiciário estas questões, liberando-o para atuar em demandas que requer, efetivamente, sua intervenção, além de conferir às partes maior rapidez no atendimento aos seus direitos.

Em outras palavras, se for da vontade das partes e se preenchidos os requisitos legais, pode ser realizado o inventário e partilha ou até mesmo a dissolução da sociedade conjugal ou do vínculo matrimonial, mediante a lavratura de mera escritura pública, a ser lavrada pelo Tabelião, dispensando com isso, o ajuizamento de demanda e pronunciamento jurisdicional. (MEDEIROS; MEDEIROS, 2008).

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Essa nova norma é sem dúvida, vantajosa para a sociedade, visto que diminui a burocracia de tais procedimentos, e de outra banda, desafoga o Judiciário, afastando-o de questões nas quais não existam conflitos entre os interessados, por conseguinte, desnecessária sua atuação. Contudo, carece de amplo debate da Lei por toda a sociedade, e particularmente pela comunidade jurídica, para a solução de inúmeras dúvidas emanadas do seu conteúdo.

O trabalho apresenta no primeiro capítulo uma abordagem geral acerca do direito sucessório, algumas breves considerações e, ao final uma abordagem sucinta sobre os tipos de inventário e partilhas existentes, tendo como base legal as inovações trazidas por esta Lei.

Sendo que em seu segundo capítulo é feita uma abordagem sobre a Lei nº 11.441/07, com breve exposição de seu conteúdo, o que ela defende como ela deve ser procedida e suas especificidades, trazendo assim, os requisitos para a realização do inventário e partilha no serviço notarial, bem como, os documentos necessários, os prazos e como se procede à partilha.

Portanto, se demonstrará com a presente pesquisa as benesses que a Lei nº 11.441/07 trouxe, no âmbito de inventário e partilha, quando comparados ao procedimento judicial, são efetivas e contribuem para desafogar o Poder Judiciário.

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1 DA SUCESSÃO EM GERAL

O primeiro capítulo abordara sobre as sucessões no geral, bem como ela procede, pois é uma forma ainda recente de atuação do sistema brasileiro, trazendo breves considerações sobre sucessões, como elas se dividem o que representam, e por fim uma abordagem clara e concisa sobre os tipos de inventários e partilhas extrajudiciais.

1.1 Sucessões: noções gerais

Direito das Sucessões é o ramo específico do Direito que tem com o objetivo regular a transmissão patrimonial dos bens do falecido do falecido aos seus sucessores. Dentre os vários campos de incidência do Direito, a sucessão é na maioria das vezes presentes em vários atos da vida civil, importando na determinação de novas diretrizes em relação ao exercício dos direitos patrimoniais.

A sucessão dá-se por Lei ou por disposição de última vontade. Como diz Maria Helena Diniz (2007) em seus ensinamentos, o sucessor toma posição Jurídica do autor da herança no momento de sua morte, não alterando em nada a relação jurídica, apenas se muda o sujeito. “A sucessão implica em não extinção da relação Jurídica”, tendo em vista que o herdeiro assume os direitos e obrigações.

Para Diniz (2007, p. 03) “o direito das sucessões é o complexo dos princípios segundo os quais se realiza a transmissão do patrimônio de alguém, que deixa de existir”.

Silvio de Salvo Venosa (2006), diz que suceder é substituir, tomar o lugar de outrem no campo dos fenômenos jurídicos. Ocorre a substituição do titular de um direito quando há mudança dos titulares da relação Jurídica, com uma substituição, mas o conteúdo e objeto da

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relação Jurídica permanecem os mesmos, havendo então meramente uma transmissão no direito ou uma sucessão.

Venosa (2006), por sua vez, argumenta que da mesma maneira que a sucessão entre vivos pode se dar a título singular (em um bem ou em certos bens determinados) ou a título universal (quando a totalidade do patrimônio de uma pessoa Jurídica é adquirida por outra, os direitos e obrigações, o ativo e passivo), assim também ocorre no direito das sucessões.

Existem dois tipos de sucessão, quais sejam aquela que em decorrência da morte é transmitida uma universalidade, ou seja, a totalidade de um patrimônio, denominada sucessão hereditária, pouco importando o número de herdeiros a que seja atribuída; e aquela sucessão que é a título singular, por meio do testamento, quando é deixado pelo testador um bem certo e determinado de seu patrimônio (VENOSA 2006).

De acordo com José da Silva. Pacheco (2002), quando se fala em sucessão, tem-se ideia de deslocamento de bens, podendo ser estes corpóreos ou incorpóreos, ou ser simplesmente fato ou ato, como por exemplo, na sub-rogação real, nos atos processuais; de substituição de um sujeito por outro, como acontece na sucessão hereditária, na cessão de bens, de créditos, débitos e de obrigações em geral.

Portanto, Ana Cecília Parodi e Clarice Ribeiro Santos (2007, p. 112) dizem que: Suceder é substituir, tomar o lugar de outrem no campo dos fenômenos jurídicos, consistindo em uma das formas de aquisição da propriedade, por meio de transmissão. Assim, quando ocorre essa substituição de um ou de ambos os polos dos titulares do direito, mesmo que preservados o conteúdo e o objeto da relação, acontece transmissão jurídica de deveres e direitos, seja no polo ativo ou passivo, caracterizando-se uma sucessão sobre coisa, garantia privilégio, dentre outros direitos ou deveres.

Assim, pode-se dizer que a sucessão se caracteriza como um complexo de princípios, segundo os quais se realizam a transmissão do patrimônio de alguém, que deixa de existir devido o óbito, ou seja, quando uma pessoa toma o lugar de outra em uma relação jurídica, há uma sucessão.

Esta pode ser testamentária ou legítima, segundo Aldo Safraider (2007). Caracteriza-se como testamentária aquela que se dá em função da disposição de última vontade, pela qual o testador pode dispor livremente dos seus bens, destinando-os a qualquer pessoa, parente ou

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não seu. Já a sucessão legítima se dá quando, não havendo o de cujus disposto sobre o destino de seus bens, a própria Lei dá as regras segundo as quais os bens devem ser partilhados, segundo a ordem de vocação acima referida.

Vale ressaltar que o Código Civil, no seu art. 1997 refere que os herdeiros irão responder pelas dívidas até o montante do quinhão que lhes couber, isto é, a herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido, mas feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual na proporção da parte na herança que lhe couber.

1.2 Momentos da abertura da sucessão

O momento do óbito é considerado como chave para o desencadeamento da sucessão, uma vez que os bens se transmitem instantaneamente para os herdeiros. Isso ocorre porque o direito sucessório brasileiro adota o princípio da saisine, princípio de origem francesa que transmite de forma pura e simples o patrimônio do de cujus, compreendendo todos os direitos que não desaparecem com a morte. (PEREIRA, 2009).

A morte é a essência do direito sucessório, pois é esta que determina a abertura da sucessão, uma vez que não se compreende sucessão hereditária sem o óbito do de cujus, tanto que não há como transmitir a herança de pessoa ainda viva Diniz (2007). Por isso, o mesmo autor sustenta que, no momento do falecimento do de cujus abre a sucessão, transmitindo-se sem solução de continuidade, a propriedade e a posse dos bens do defunto aos seus herdeiros sucessórios, legítimos ou testamentários, que estejam vivos naquele momento, independentemente de qualquer ato.

Pode o herdeiro usar dos meios de defesa que a Lei lhe confere para combater o esbulho e a turbação, bem como o locatário de usar dos mesmos meios para se proteger que do herdeiro caso o impeça de exercer seus direitos estabelecidos pelo contrato. Neste sentido Pereira (2009) comenta o art. 1.197, CC “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto”.

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Como se trata de uma questão técnica, na sucessão vale lembrar que convém analisar caso por caso. Existem dois tipos de sucessão, a legítima e a testamentária, como reza o artigo 1786 do Código Civil. A sucessão legítima decorre da Lei. A própria Lei diz quem receberá a herança, em primeiro lugar, ou seja, os descendentes. Então, por regra, se o de cujus não deixou testamento, todos seus bens irão para seus descendentes; não existindo descendentes, sucedem no segundo momento os ascendentes; na falta destes, sucede o cônjuge; e, por fim, na falta dos ascendentes e do cônjuge, sucedem os colaterais até quarto grau.

Como nos ensina Diniz (2007), o prazo para abertura do procedimento para inventário e partilha é de 30 dias, contados da abertura da sucessão, devendo-se, assim, ser instaurado o inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão ou do tabelião escolhido pelos herdeiros, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança. Vale lembrar que juízo para apreciação do processo de inventário é absoluto, porque fica mais fácil para os herdeiros, num só ponto, concentrarem todos os atos de direito hereditário, do que fosse autorizado realizar em vários foros no caso da herança ser espalhada em locais diferentes. Este juízo absoluto garante maior interesse para os herdeiros.

Arnoldo Wald (2007, grifo nosso) refere que, com a abertura da sucessão, o domínio e a posse da herança transmitem-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários, em conformidade com o constante no art. 1.784 do Código Civil. Isso ocorre porque no sistema legal brasileiro, a propriedade e a posse dos bens que foram herdados se transmitem automaticamente aos herdeiros, pelo fato da morte do de cujus, não dependendo para tanto do inventário, pois este é uma mera formalidade. Diferentemente ocorre quanto aos legatários, aos quais se transfere apenas o direito, cabendo aos herdeiros entregar-lhes a posse dos bens objeto do legado.

Outrossim, nos casos em que faleceram parentes com reduzido intervalo de tempo é importante saber quem faleceu primeiro, pois aquele que veio a morrer depois, mesmo que seja somente alguns minutos, herdou daquele primeiro faleceu.

Diniz (2007, p. 27 grifo nosso) assegura que, mesmo que o herdeiro sobreviva apenas alguns instantes ao de cujus pré-morto, os bens deste estão incorporados no patrimônio daquele e posteriormente transmitidos aos seus sucessores, mesmo que tenha morrido na ignorância de que herdara tal patrimônio, sendo assim, de suma importância verificar se o

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herdeiro estava vivo no momento da abertura da sucessão para que possa tornar o lugar do de cujus pré-morto nas relações jurídicas transmissíveis, bem como é preciso ser apurada a capacidade sucessória.

1.3 Os herdeiros e a vocação hereditária

Como foi dito anteriormente, o Código Civil traz duas possibilidades de sucessão, a legítima e a testamentária, segundo o disposto no artigo 1786. Entretanto, a seguir analisa-se a questão do herdeiro, ou seja, quem tem capacidade para ser herdeiro, e, após, passa-se a estudar os tipos de sucessão.

Herdeiro é a pessoa que é capacitada para herdar, participar do ato sucessório, podendo ser legítimo ou testamentário. A sucessão legítima é aquela decorrente de Lei, enquanto que a sucessão testamentária é aquela que deriva de último ato de vontade. Revela o artigo 1804 do Código Civil que a herança tem que ser aceita, uma vez que o direito de sucessão deve ser expresso por meio da aceitação, para então incorporar os bens herdados ao seu patrimônio. Em outras palavras, ninguém pode se tornar herdeiro sem a sua vontade. E mais, ainda o mesmo artigo nos fala que desde a abertura da sucessão (WALD, 2007).

Esse ato de aceitação tem o intuito de confirmar o direito atribuído ao herdeiro pelo falecido, chamando este ato de abertura da sucessão. O direito brasileiro apresenta essa possibilidade de aceitação ou renúncia da herança, encarado este como direito potestativo. O direito potestativo é o direito sobre o qual não recai qualquer discussão, ou seja, ele é incontroverso, cabendo à

outra parte apenas aceitá-lo, sujeitando-se ao seu exercício. Desta forma, a ele não se contrapõe um dever, mas uma sujeição. É importante mencionar que, a aceitação da herança não importa em responsabilidade pelas dívidas superiores ao quinhão hereditário.

Quando a Lei determina a maneira como serão partilhados os bens do de cujus verifica-se a seguinte ordem da vocação hereditária, conforme art.1.829 do Código Civil de 2002, no art. 1829, a sucessão legítima defere-se má ordem seguinte: aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime de

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comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens, ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; ao cônjuge sobrevivente e aos colaterais.

Refere Pacheco (2002) que a ordem da sucessão legítima obedece à linha e o grau de parentesco, em que está para o falecido o herdeiro, parentesco este que resulta do matrimonio, da consanguinidade ou da doação.

A aceitação é o ato voluntário de anuência à transmissão operada, que pode se dar de forma expressa ou tácita. Este é um ato facultativo, irrevogável e universal, baseado em direito protestativo do herdeiro, não sendo possível se fracionar ou condicionar a aceitação, a qual gerará aos beneficiários responsabilidades obrigacionais limitadas às forças da herança.

Por sua vez, a renúncia (1.804, parágrafo único, do CC/02) é ato solene, voluntário e incondicional, possível a partir da abertura da sucessão, no qual se exige para sua validade agente capaz, vontade livre e lavratura de escritura pública ou termo inicial (art. 1.806, do CC/02), pois a incapacidade absoluta torna nula a renúncia, enquanto a relativa torna-a anulável (OLIVEIRA, 2005).

Se presente algum dos vícios de consentimento será possível à anulação, ou, se ausente à lavratura de escritura, tem-se por nulo o ato pela falta de requisito essencial. Esta formalidade tem base nas consequências advindas, já que quem renuncia deixa de ser herdeiro da universalidade, desde a abertura da sucessão.

Para Oliveira (2005), diante do ato de repúdio à herança, a parte ideal que era cabível ao renunciante retorna ao monte-mor para daí ser distribuída nas proporções fixadas pelo CC, de acordo com a ordem de vocação hereditária e regime matrimonial de bens quanto ao possível cônjuge ou companheiro. Não se permite, no entanto, quanto aos descendentes do renunciante, o exercício de "direito de representação" com relação ao objeto da renúncia Já na renúncia pelo herdeiro testamentário, há que se verificar a vontade do testador. Se nomeado substituto, este será chamado a aceitar a deixa. Na falta de disposição testamentária, a parte que caberia ao renunciante segue a ordem de vocação legítima, acrescendo-se ao monte.

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A renúncia não pode caracterizar fraude contra credores (art. 1.813 do CC/02), de forma que podem os credores aceitar a herança renunciada pelo devedor-herdeiro. Tal aceitação é feita com autorização do juiz, em nome do herdeiro, até a quantia suficiente para cobrir o débito. Como não houve aceitação por parte do herdeiro e sim renúncia, o montante remanescente ao débito não ficará com renunciante, pois será devolvido ao monte para partilha entre os demais herdeiros (OLIVEIRA, 2005).

Segundo Diniz (2007, p. 102), a ordem de vocação hereditária é uma relação preferencial daqueles que são chamados a suceder ao falecido, sendo está estabelecida pela própria Lei, consiste na distribuição dos herdeiros em classes preferenciais, baseada em relação de família e de sangue.

Somente ser herdeiro não é condição para herdar. A simples invocação do desse direito não dá ensejo ao processo de inventário. Verifica-se aqui a capacidade do indivíduo para ser herdeiro, não é tão somente a capacidade para os atos da vida civil, pois o indivíduo pode muito bem ser incapaz e ter capacidade para suceder. A questão em tela é verificar se não há impedimento legal para exercer esse direito.

Venosa (2006) diz que a regra geral estabelecida no ordenamento brasileiro é que os mais próximos excluem os mais remotos, ou seja, quando existem descendentes não serão chamados os ascendentes, e assim por diante. A ordem de vocação hereditária que a Lei fixa beneficia os membros da família, pois o legislador acreditou que aí residem os maiores vínculos de afetividade do de cujus.

Segundo WALD (2007, p. 50):

A sucessão pode ser por cabeças ou por estirpe. O primeiro ocorre quando todos os herdeiros são do mesmo grau, onde a cada um deles cabe uma quota igual na herança, sendo esta dividida igualmente entre todos os herdeiros. Na sucessão por estirpe ocorre justamente o contrário, pois é quando ocorrem para as sucessões descendentes cujo grau de parentesco com o de cujus eram diferentes, nesta hipótese, a partilha não será feita igualmente entre as pessoas, e sim entre certos grupos de descendentes, sendo estes contribuídos pelas descendentes do herdeiro do grau próximo.

Portanto, existem herdeiros necessários e testamentários. Os primeiros não podem ser afastados, e a eles é assegurada ao menos a metade dos bens da herança. A outra parte pode

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ser livremente disposta pelo testador, como bem entender. Ao passo que o próprio Código Civil exclui pessoas da sucessão, abre espaço para que elas retornem a capacidade de serem herdeiros, em melhores palavras, se reabilitam.

1.4 As espécies de sucessão

Segundo Pacheco (2002), ao falecer uma pessoa, os seus bens são transmitidos aos sucessores, na ordem determinada pela Lei e/ou nos termos estabelecidos por sua declaração de última vontade, em testamento. Assim, a sucessão hereditária pode ser em virtude da lei sucessão legítima e/ou por disposição de última vontade sucessão testamentária.

Para Safraider Aldo. (2007) “a sucessão legítima se dá quando, não havendo o de cujus disposto sobre o destino de seus bens, a própria lei dá as regras, segundo as quais os bens devem ser deferidos segundo a ordem de vocação acima referida”.

Já a sucessão testamentária se dá em função da disposição de última vontade, podendo o testador dispor livremente dos seus bens, destinando-os a qualquer pessoa, parente ou não. Entretanto, havendo herdeiros necessários (ascendentes, descendentes e cônjuge - art. 1.845, do CC), o testador só poderá dispor da metade dos seus bens, que é a parte disponível (art.1789).

Portanto, pode-se dizer que a sucessão legítima é aquela deferida por determinação legal, observando a totalidade da herança, já a testamentária e quando o testamento está feito pelo de cujus de conformidade com a lei.

Na sucessão legítima, distinguem-se os herdeiros necessários e os herdeiros legítimos. Os herdeiros necessários são os descendentes, os ascendentes e o cônjuge, nos termos do art. 1.845 do Código Civil. Entende-se como ascendentes os pais, os avôs, os bisavôs e os tetravôs. Já como herdeiros descendentes são os filhos, os netos, os bisnetos, os trinetos, os tetranetos (SAFRAIDER, 2007).

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A sucessão testamentária reveste-se de solenidade exigida por Lei, prevalecendo às disposições normativas naquilo que for ius cogens, bem no que for omisso o testamento.

Pelo testamento o testador nomeia os herdeiros testamentários, atribuindo-lhes uma porção fracionária ou percentual da herança, ou legatários, atribuindo-lhes bens certos e determinados. O testamento neste sentido serve para que o autor da herança possa alterar a vontade do legislador, usando a parte disponível de forma diversa daquela que o código estabelece, pois se não o faz presume-se que tacitamente aceitou a maneira como dispõe o legislador (VENOSA, 2006, p.108-109).

Pacheco (2002), diz que as duas formas de sucessão podem coexistir, mas, quando houver herdeiros necessários, as disposições testamentárias devem cingir-se à porção disponível. Em outras palavras, o testador somente poderá dispor em relação a parte excedente da legítima, uma vez que esta pertence de pleno direito aos herdeiros necessários.

Assim, o testador pode afastar os herdeiros legítimos facultativos, como os colaterais até o 4º grau, ao dispor da totalidade de seus bens em favor de terceiros, não precisando para tanto apresentar qualquer justificativa (DINIZ, 2007).

Ainda, conforme Diniz (2007), a sucessão legítima diferencia-se da testamentária porque aquela será sempre a título universal, transferindo-se aos herdeiros a totalidade ou uma fração ideal do patrimônio do falecido, enquanto que a sucessão testamentária pode ser universal ou singular. Será universal se o testador instituir herdeiro que lhe sucede no todo ou na quota ideal de seus bens, e será singular se o testador deixar uma coisa individuada a um beneficiário, caso em que a este será transmitido o bem determinado.

Outrossim, a Lei nº 11.441/07, excluiu de sua proteção o inventário por escritura pública no caso de existir testamento. Quando existe testamento o inventário deverá ser obrigatoriamente judicial. O primeiro passo seria o registro do testamento perante o foro competente e logo após então o inventário pode frisar-se ainda que a partilha dos bens poderá ser extra judicial mas o inventário sempre judicial.

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1.5 O inventário e partilha: judicial ou extrajudicial

Como já foi dito, em seu sentido estrito, inventário significa a declaração de bens do falecido, transmitidos aos seus herdeiros pelo princípio de saisine, o qual enuncia que a abertura da sucessão ocorre no momento da morte do de cujus, com a imediata transmissão da herança aos herdeiros, como define o artigo 1784 do Código Civil.

Todavia, em sentido mais amplo, refere-se à necessária fase procedimental posterior à troca de titularidade, constituindo, portanto, um procedimento especial de jurisdição contenciosa de declaração dos bens do falecido para a liquidação do acervo, assim classificado pelo legislador não por possuir estrutura contenciosa, com “autor e réu, contestação, dilação probatória e sentença de procedência ou improcedência”, mas porque em seu curso poderá surgir o litígio (SILVA, 2012).

Segundo Silva (2012, p. 02-03):

Tendo em vista que cada herdeiro receberá seu quinhão de direito, o inventário se presta à “apuração da herança líquida e sua posterior partilha" entre os herdeiros, legatários, cessionários e credores do espólio. A importância deste procedimento se expressa inclusive nas ocasiões em que é negativo, ou seja, quando não há bens a inventariar, sendo efetivado por simples justificação judicial, sobretudo porque o herdeiro responde pelas dívidas deixadas pelo de cujus até a força do quinhão recebido, sendo desejável demonstrar aos possíveis credores a inexistência de bens, como dispõe os arts. 1792 e 1997.

“Inventário vem do termo invenire (achar, descobrir, intervir), mesmo coloquialmente, dissemos que quando houver necessidades de levantamento de um estado atual de uma situação, faz-se um inventário.” (VENOSA, 2006).

Já Diniz (2007), refere que é imprescindível o inventário, pois visa relacionar, descrever minuciosamente e avaliar os bens do autor da sucessão, para, com isso possibilitar que se reparta com igualdade o acervo entre herdeiros. Somente com este será possível a efetiva aquisição da herança pelos seus sucessores.

Portanto o mesmo autor, diz que o inventário tem por objetivo não só verificar o patrimônio do autor da herança, mediante a descrição, a avaliação dos bens da massa partível

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e a apuração das dívidas passivas, mas também liquidar o acervo com a realização do ativo e pagamento dos débitos. Assim, o inventário, ao fazer um levantamento de todos os bens do finado, revela o acervo líquido, possibilitando, então, a distribuição, entre os herdeiros, da herança, que será objeto e partilha.

Cabe destacar que existem duas formas vigentes de inventário de bens: o judicial e extrajudicial. Quanto ao inventário e a partilha judicial, são procedimentos de jurisdição contenciosa, sendo aplicados todos os princípios gerais de processo concernentes as partes, atos processuais, formação, suspensão e extinção do processo. Também o sistema recursal e preclusões, os efeitos da sentença e incidência da coisa julgada (DINIZ 2007).

Para Parizatto (2007), o inventário e a partilha extrajudicial, ou seja, feita em tabelionato pode ser realizada em qualquer local, não existindo competência territorial para tanto, sendo de livre escolha das partes o local da lavratura da escritura. Somente o registro, á evidencia, far-se-á no local onde esteja o bem registrado (Cartório de Registro de Imóveis), que poderá ser de uma cidade ou de mais de uma, dependendo do local onde estejam os bens do de cujus.

Não havendo testamento, não existindo interesse de incapaz, e havendo consenso entre os interessados, poderá o inventário e a partilha serem realizados extrajudicialmente, por meio de escritura pública a ser lavrada junto ao Tabelionato de Notas (ZAFRAIDER, 2007).

No que se refere à partilha, Parodi e Santos (2007) referem que consiste na divisão dos bens entre herdeiros e legatários e a separação da meação do cônjuge ou direitos do companheiro. O inventariante é aquele herdeiro ou uma terceira pessoa nomeada pelo juízo, a qual é a responsável pelas declarações e demais ato do inventário.

No inventário extrajudicial a escritura título hábil para o registro imobiliário, independentemente de qualquer outro ato judicial de homologação ou expedição de ofício autorizando ou solicitando o registro imobiliário. Será exigida a homologação judicial quando realizada somente a partilha pela via administrativa (PARIZATTO, 2007).

Assim, este mesmo autor coloca que há a possibilidade de realização da partilha de forma amigável, através de Escritura Pública, nos termos dos autos do inventário, ou escrito

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particular firmado pelos herdeiros, mas este procedimento depende de homologação judicial. Mesmo com tal exigência o procedimento pela via administrativa é mais célere.

Segundo o art.982 do CPC, havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário.

O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

Contudo, as alterações trazidas pela Lei nº 11.441/07 são restritivas, aplicando-se apenas aos casos específicos, que atendam seus requisitos, mas, mesmo assim, abrangem muitas situações e trazem benefício para as partes interessadas e para o Judiciário, que vê diminuído o número de ações dessa natureza tramitando e sobrecarregando a via judicial.

Portanto a referida Lei veio para simplificar, desonerar e desburocratizar os procedimentos de inventário e partilha, bem como os de separação e divórcio consensuais. Trata-se de uma forma alternativa posta à disposição dos cidadãos.

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2. O INVENTÁRIO E A PARTILHA NA LEI Nº 11.441/07

Este segundo capítulo tem como objetivo trazer algumas considerações e noções acerca da Lei nº 11.441/07, bem como os fundamentos que a regem, os documentos e requisitos essenciais para a realização de escrituração do inventario e partilha, assim fundamentando a importância do serviço notarial.

2.1 Os fundamentos da Lei nº 11.441/07

Até recentemente, o cidadão somente tinha a via judicial como forma de atender as pretensões relacionadas à separação, divórcio, inventário e partilha consensual.

Porém, visando facilitar a vida da população e desafogar o Poder Judiciário, ocorreu o advento da Lei nº 11.441/07, que, agora, permite que os mencionados procedimentos sejam feitos extrajudicialmente, por meio de escritura pública, em tabelionatos de todo o país.

Há muito, os juristas brasileiros questionam e tentam achar solução para a morosidade do sistema jurisdicional brasileiro, que sofre com uma justiça tardia e que por tal situação acaba por assim gerar uma injustiça.

A própria Constituição Federal brasileira vigente, em seu artigo 5º, parágrafo LXXVIII, corrobora a agilidade e os meios que a garantem ao indivíduo durante todo e qualquer processo. Trata-se de um valor fundamental que permite a plena realização existencial e social dos seus direitos (CASSETTARI, 2008).

E, como visto o procedimento judicial da separação, divórcio, inventário e partilha impõe aos interessados uma série de providências e requisitos que, por vezes, torna o atendimento da pretensão lento e desgastante.

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Neste cenário, surge a Lei nº 11.441/07, de iniciativa do Ministro Marcio Thomas Bastos, que foi promulgada e entrou em vigência no dia 4 de janeiro deste mesmo ano, permitindo que inventários, partilhas, separação e divórcios fossem feitos pela via administrativa.

Para Parodi e Santos (2007, p. 17):

A Lei nº 11.441/07 deve ser reverenciada como a primeira medida concreta tendente a tornar efetiva a realização do direito, deixando para trás o processo judicial brasileiro cercado de mecanismos que não permitem o término do procedimento no tempo indicado pela própria legislação.

A Lei nº 11.441, de 04 de janeiro de 2007 que entrou em vigor no dia seguinte, altera dispositivos do Código de Processo Civil e possibilita a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa, ou, em suma, preveem a prática de transmissões de herança e de dissoluções e restabelecimento de sociedade e de vínculo conjugais por meio extrajudicial, rompendo com uma tradição existente no ordenamento jurídico (Parodi e Santos, 2007).

PARODI e SANTOS, 2007, dizem que A Lei nº 11.441/07 é uma norma de origem federal, de natureza instrumental ou processual, e pode ser classificada de acordo com a Teoria das Fontes de Direito, tendo-se que a mesma é oriunda de fonte heterônoma – posto que imposta por ente externo á relação inter partes; estatal – vez que emanada do Congresso Nacional e se revestindo da qualidade de lei superior; imperativa – pois se aplica coercitivamente, independendo da vontade das partes, restando, aos sujeitos de direito, decidirem pelo exercício ou não das garantias cominadas no bojo textual.

O projeto de Lei nº 4.725, de 2004, o qual originou a Lei nº 11.441/07, na sua exposição de motivos indica os princípios e a finalidade buscada pelo Poder Executivo com essa nova legislação, quais sejam: a simplificação de procedimentos, uma vez que a lei é procedimental, não alterando o direito material; é via alternativa para os procedimentos de separação, divórcio, inventário e partilha, em que haja partes maiores e capazes em consenso, pois a via judicial segue possível; maior racionalidade e celeridade nas duas vias, pois o procedimento administrativo por si mesmo já é mais rápido, e também no procedimento litigioso, pela via judicial, uma vez que as causas consensuais não tomarão o tempo dos Juízes; concentrar o Poder Judiciário na jurisdição contenciosa, descentralizando para os

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notários a atividade consensual; desafogar o Judiciário, em que se verifica diagnostico de sobrecarga de causas, com tendência ao crescimento; facilitar a vida do cidadão, tendo em vista que o procedimento notarial envolve menor burocracia; desonerar o cidadão, uma vez que no procedimento extrajudicial também está prevista a gratuidade para os atos de separação e divorcio e com tabelas de emolumentos notariais mais baratas do que as tabelas de custas que vigoram na maioria dos Estados para os atos judiciais de inventário e partilha (FERREIRA,2008).

Acerca da interpretação da Lei nº 11.441/07, conclui-se que, principalmente os Advogados e Tabeliães devem ler e aplicar o conteúdo da norma de uma maneira completa, analisando o sentido do texto e não apenas a letra da lei e, especialmente, visualizando o seu conteúdo como parte da promoção do princípio da dignidade humana. É importante que o Tabelião e o Advogado tenham em mente a importância do seu papel social neste momento de transformação histórica das relações familiares (Parodi e Santos 2007, p. 24).

As principais garantias da Lei nº 11.441/2007 remetem, de acordo com Parodi e Santos (2007, p. 37) “ao direito de receber herança, o direito ao livre exercício do matrimonio e da autonomia da vontade privada, sendo esta um princípio basilar do ordenamento brasileiro”.

Quando se fala em inventário remete-se a ideias pouco positivas, devido a natureza causa mortis das transmissões de direitos. Nesse aspecto a Lei nº 11.441/07 é instrumento jurídico que diminui o sofrimento dos indivíduos, pois traz mecanismo mais simplificado e célere, não somente para encerramento das difíceis decisões patrimoniais, mas também para que os herdeiros não necessitem suportar as corriqueiras dificuldades financeiras que deveriam da demora, para a posse da herança, enquanto estão arcando com diversas despesas inesperadas (PARODI e SANTOS, 2007).

A Lei nº 11.441/07 assemelha o ato notarial ao processo judicial com caráter de jurisdição voluntária. No serviço notarial a palavra da lei aplicada aos fatos pela tutela, assim observa-se que o exercício da atividade notarial, embora estatal, se dá em caráter privado, diferentemente da atividade jurisdicional.

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Para (FERREIRA, 2008, p.18):

A Lei material é a mesma e sua aplicação é obtida por duas vias procedimentais. Para a aplicação da nova competência o notário deve ter em mente os princípios que regem a sua atividade; os procedimentos judiciais não se aplicam a atividade notarial. A cognição as ações, a conclusão, as competências de tabelião e juiz, é tudo distinto.

A Lei nº 11.441/07 é composta por 5 (cinco) artigos, 4 (quatro) dos quais de cunho normativo – arts. 1º a 3º e 5º. E apenas 1 (um) de cunho formalista, o art. 4º, que trata da formalidade legislativa, aduzindo ä vacatio legis e informando que a entrada em vigor da norma se inicia desde a sua publicação na DOU, conferindo-lhe aplicabilidade desde os dias 05 de janeiro de 2007 (Parodi e Santos, 2007, p. 123).

Os art 1º e 2º trazem alterações aos arts. 982, 983 e 1.031 do Código de Processo Civil, ficando os dois primeiros com a seguinte redação:

Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário.

Parágrafo único. O Tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. Art. 983. O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o Juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento da parte.

Já o art. 3º da Lei acresce ao Código de Processo Civil o art. 1.124-A, o qual dispõe:

Art. 1º 123-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas às descrições dos bens comuns e a pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto á retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou a manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.

Parágrafo 1º. A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e registro de imóveis.

Parágrafo 2º. O Tabelião somente lavrará escritura se os contratantes stidos por advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

Parágrafo 3º. A escritura e demais atos notariais serão gratuitos aqueles arem pobres sob as penas da lei.

A Lei nº 11.441/07 institui uma faculdade e não uma obrigatoriedade de ser processado o inventário e partilha na via extrajudicial. Nesse sentido, traz Cassettari (2008, p. 134) recomendação do Colégio Notarial do Rio Grande do Sul:

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{...} a Lei nº 11.441/07, que alterou o Código de Processo Civil, estabeleceu inovações de grande utilidade ao sistema legal brasileiro, possibilitando a realização de inventário, partilha, separação e divórcio consensual, por via administrativa e ou extrajudicial. A intenção do legislador não foi excluir os procedimentos judiciais, mas oferecer forma alternativa para os casos em que a lei permite, até porque, nos termos da Carta Magna, a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaças a direito.

Cassettari (2008, p.133) também refere que é recomendação do Colégio Notarial do Brasil e que consta no Manual Preliminar da Associação dos Notários e Registradores (Anoreg):

A possibilidade de lavrar escritura de separação, divórcio, inventário e partilha não impede que os atos sejam também feitos judicialmente. Um destes atos pode começar judicialmente se as partes desistirem, optando pela via notarial. Também, ao inverso, iniciados os procedimentos para a escritura, as partes podem desistir e optar pela via judicial.

É necessário, contudo, ressaltar que, apesar dos avanços trazidos pela Lei, esta ainda suscita dúvidas a serem dirimidas pela doutrina e profissionais da área a fim de se ter uma maior efetivação em sua aplicabilidade, conseguindo com isso atingir, cabalmente, seus princípios originários.

Parodi e Santos (2007) esclarecem que deverá permanecer o formalismo que é típico do direito notarial na realização da escritura, cumprindo com seu dever e mantendo a segurança jurídica esperada dos atos notariais.

2.2 Requisitos essenciais para o inventário e partilha extrajudicial

O inventário extrajudicial é uma opção, já que os herdeiros podem livremente escolher entre uma forma e outra. Sendo, contudo, obrigatoriamente judicial quando existente testamento e/ou interessados incapazes e/ou divergência quanto à partilha entre os herdeiros.

O inventário e a partilha na via extrajudicial, só poder ser processado se atender algumas condições, sendo estas regidas pela Lei n 11.441/07, podendo assim ser realizado no serviço notarial, pelo tabelião, portanto (Parizatto, 2007, p.2-3), diz que:

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Primeiramente, se exige que todas as partes envolvidas, ou sejam, os herdeiros legítimos (Código Civil, arts.1.784 e segs), sejam maiores e capazes. Maiores para os fins legais são as pessoas que tenham dezoito (18) anos completos (Código Civil, art. 5), ou as que tenham causa de cessação, da incapacidade (Código Civil, art. 5. parágrafo único), ou seja, emancipadas. Em segundo lugar, exige-se além da maioridade e capacidade civil, que haja concordância de todos os envolvidos, pressuposto maior da realização do inventário través de escritura, posto que havendo dissenso, discordância, divergências entre os herdeiros se torna necessário que se proceda ao inventario judicial, desprezando-se essa via extrajudicial.

Desta forma, mesmo existindo testamento, o inventário poderá ser realizado administrativamente, desde que aquele contenha apenas disposições pessoais. Havendo disposições patrimoniais no testamento, o inventário será feito obrigatoriamente pela via judicial.

Para Parodi e Santos, 2007, p.124, a consensualidade refere-se sobre a marca das tutelas, mas não incentiva a utopia do apaziguamento das partes acerca dos termas pessoais. Assim, não espera o Tabelião ou o Advogado que o consenso entre as partes seja marcado pelo clima de paz e concórdia. Basta apenas que todos os interessados estejam cientes de seus direito e deveres, declarando sua vontade.

Assim, a nova redação dada ao art. 982 do CPC (determinada pelas Leis nº 11.441/07 e 11.965/09), a escritura pública do inventário e partilha somente será lavrada pelo tabelião se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou por advogados diversos (caso cada parte queira estar assistida individualmente por seu advogado), sendo que a qualificação e assinatura dos mesmos constarão do ato notarial.

Quando fala-se em incapaz, refere-se aquela pessoa que não possui condições de exercer pessoalmente os atos da vida civil, inclusive manifestar sua vontade em um inventário, assim o inventário deverá ser feito em juízo, visando preservar seus direitos e interesses.

Assim, Cahali e Rosa (2008, p.80), dizem que: o inventário por via administrativa não pode ser realizado se houver interesse de incapaz, a capacidade de que trata o Código Civil vigente é aquela de exercício e não de direito, eis que esta deriva do nascimento com vida. A maioridade é adquirida no primeiro instante do dia em que a pessoa completa dezoito anos, permite que a pessoa pratique todos os atos da vida civil pessoalmente e de forma

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independente. Antes desta idade a incapacidade pode ser relativa ou absoluta. Os outros casos de incapacidade relativa são: os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e aqueles por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, ou quando o sujeito não tiver condições de expressar sua vontade.

E se houver o nascituro, que é aquele que já foi concebido, porém se encontra ainda no ventre materno, tem ele apenas uma potencialidade de direitos, já que sua própria personalidade de encontrarem estado potencial, vindo a se concretizar apenas com o nascimento. Assim, após discuções o nascituro é entendido como pessoa, sendo incapaz, por ser menor de idade, neste caso o inventario deve ser de forma judicial (CASSETTARI, 2008, p. 113).

Frente alguns impedimentos e critérios para a realização do inventário e partilha extrajudicial, também pode a parte ser representada por procurador, exigindo que a procuração seja realizada por instrumento público e conste de poderes especiais.

Portanto o art. 12 da Resolução 35 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), acerca da possibilidade de representação por procurador, admitindo-se o inventário e partilha extrajudiciais com viúvo ou herdeiro capaz, inclusive por emancipação, representado por procuração, sendo vedada a acumulação de funções de mandatários e de assistentes das partes.

Parizzatto (2007) refere que a lei faz uma exclusão a possibilidade de ser feito o inventario de escritura publica no que diz respeito à existência de testamento, deve o inventario se processar pelo modo tradicional, isto é, perante o Poder Judiciário, por meio do procedimento previsto nos art. 982 e seguintes do Código de Processo Civil.

Em suma, o inventário extrajudicial facilitou a solução da divisão dos bens após o falecimento, permitindo aos herdeiros capazes e concordes, bem como na ausência de testamento, procederem-no de forma célere.

Ademais, ainda que o acordo entre os herdeiros não exista inicialmente, deve-se lembrar da possibilidade de conversão do procedimento judicial em extrajudicial, evitando, assim, a morosidade do procedimento judicial.

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Atender ao cliente nem sempre diz respeito a fazer apenas o que ele quer, por vezes devemos tentar convencê-lo da existência de outros caminhos mais fáceis, caso esteja disposto a conciliar com os demais envolvidos na causa.

Por todas essas razões, afirma categoricamente que a realização do inventário extrajudicial é uma benesse não só aos interessados, mas à sociedade, que vê seus conflitos serem solucionados de forma célere e com o uso da conciliação.

Por fim, sobre a aplicabilidade ou não da Lei nº 11.441/07 aos óbitos ocorridos antes de sua vigência, constatamos a sua plena aplicabilidade, sendo que o inventário e a partilha dos bens podem ser feitos através do procedimento administrativo ora em análise, desde que atendam a todos os requisitos tratados ao longo do presente artigo.

Que a presente Lei consiga, ao longo do tempo, atingir verdadeiramente os seus objetivos de desburocratizar e racionalizar os procedimentos, resolvendo com eficácia estas questões afetas ao Direito das Sucessões e ao Direito de Família.

2.3 Do prazo, dos documentos e da disposição das partes

Acerca da data para abertura da sucessão, o art. 1o da Lei nº 11.441/07, diz que: “os arts. 982 e 983 da Lei n 5.869 de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 983. O processo de inventário de partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo a juiz prorrogar tais prazos, de oficio ou requerimento de parte” (Parodi e Santos, 2007, p.185).

A nova redação do art. 983 aumenta os prazos para início e conclusão do inventário, além de facultar ao Juiz, de oficio, e aos demais interessados, mediante requerimento, prorrogar tais prazos. Ocorre que tal artigo refere-se apenas ao inventário judicial não se aplicando ao inventário extrajudicial. Assim, independentemente da data da abertura da sucessão, consubstanciada na morte do autor da herança, os Tabelionatos de Notas poderão

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realizar o inventário extrajudicial, desde que preenchidos os requisitos dos art.982 do CPC (ZAFRAIDER 2007).

Os documentos necessários para a realização do inventario extrajudicial, conforme as práticas realizadas nos Tabelionatos segundo Safraider (2007) são:

 Esboço da partilha;

 Comprovante de pagamento do Imposto Causa Mortis;  Certidão Negativa de Testamento;

 Carteira de identidade e CPF das partes interessadas;  Certidão de óbito, carteira de identidade e CPF do de cujus;  Certidão de casamento do cônjuge sobrevivente;

 Certidões de casamento/separação dos herdeiros casados/separados;  Certidão de nascimento dos herdeiros solteiros;

 Certidão de inteiro teor dos imóveis;

 Comprovante de propriedades dos veículos;  Extrato dos saldos bancários;

 Certidões negativas: Municipal, Estadual e Federal;  IPTU ou Declaração do valor dos imóveis;

Existem, portanto, alguns documentos que devem ser exigidos, mas isto não impede que o Tabelião requeira outros, bem como deixe de solicitar alguns. A Lei não estabelece claramente quais devem ser exigidos, mas na prática acabam sendo os mesmos na maioria dos Tabelionatos.

Quanto às partes, é necessário que todos sejam capazes, sendo a análise da incapacidade é feita no momento da celebração do negócio jurídico, ou seja, da lavratura da escritura, e não no momento da abertura da sucessão, pois se trata de ato inter vivos, ou seja, por exemplo, se faltarem dez dias para que o herdeiro complete a maioridade no momento da abertura da sucessão, o inventário poderá ser feito extrajudicialmente após este prazo, quando o herdeiro completar 16 anos, sendo que a emancipação pode se dar após a ocorrência da morte do autor da herança (CASETTARI, 2008).

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Assim, as partes na escritura serão a viúva (o), como meeira (o) e herdeira (o), se for o caso, sendo citado naquele instrumento o seu nome, qualificação, endereço e número de CPF; e os herdeiros, tanto descendentes como ascendentes. Em inexistindo qualquer um destes, serão chamados os colaterais até quarto grau (primeiro os irmãos, sobrinhos, depois tios e, em último caso, os primos e o tio avô); o cônjuge dos herdeiros, para anularem com a partilha elaborada; a companheira ou companheiro, que poderão figurar na escritura, uma vez que é titular da metade dos bens que tiverem sido adquiridos de forma onerosa durante a relação estável. O art. 20 da Resolução no 35 do Conselho Nacional de Justiça, determina que as partes e respectivos cônjuges devem estar na escritura, devidamente nomeados e qualificados.

Na escritura deve ser feita menção de que estão sendo objeto de inventario e partilha os bens deixados pelo falecido, que é autor da herança, não sendo parte o “de cujus, sendo que deve constar ainda a data e o local do óbito, independentemente de onde este tenha ocorrido, bem como deve ser mencionado que o de cujus não deixou testamento, uma vez que se este existir a escritura de inventario não poderá ser feita, pois é um dos requisitos” (PARIZZATTO, 2007, p.34).

Dispõe o art. 21 da Resolução n. 35 do Conselho Nacional de Justiça:

Art. 21. A escritura pública de inventário e partilha conterá a qualificação completa do autor da herança, o regime de bens do casamento, pacto antenupcial e seu registro imobiliário, se houver, dia e lugar em que faleceu o autor da herança, data da expedição da certidão de óbito, livro, folha, número do termo e unidade de serviço em que consta o registro do óbito, e a menção ou declaração dos herdeiros de que o autor da herança não deixou testamento e outros herdeiros, sob as penas da lei.

Constará, ainda, o nome dos herdeiros e o parentesco dos mesmos com o de cujus. Na hipótese de existirem filhos pré-mortos, deve ser efetuada a indicação de seus nomes, com menção dos nomes dos netos, que então irão suceder. Não tendo netos para suceder, deve-se fazer menção do fato na escritura (PARIZATTO, 2007).

2.4 Da partilha

Segundo Cassettari (2008), se os herdeiros forem concordes apenas com a divisão de parte do patrimônio, não poderá ser feita a escritura de inventário quanto à parte em que

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concordam e judicial quanto ao restante. A concordância deve ser total, sob pena de se dar estímulo à aceitação parcial, proibida pelo art. 1.808 do Código Civil, ou, ainda, caracterizar fraude contra credores do falecido. Observe-se que se fosse admitida a partilha parcial extrajudicial e da outra parte judicialmente ocorreria violação da regra que determina a indivisibilidade da herança até a partilha total dos bens, conforme art. 1.718, parágrafo único, do Código Civil.

Após a morte de alguém que deixa patrimônio, a Lei prevê a necessidade de realizar a partilha de bens entre herdeiros. Este procedimento agora pode ser feito por escritura pública, desde que haja consenso entre todos os herdeiros na partilha, maiores e capazes, com a assistência de advogados. A Lei prevê ainda que a partilha através de escritura pública só poderá ser feita se não houver herdeiros menores de idade, e mediante a assistência de advogado.

Quando a pessoa não deixa bens, é necessário encaminhar no tabelionato o pedido de realização de inventário negativo. Já quando houver testamento deixado pela pessoa falecida, o inventário sempre deve ser realizado pela via judicial, com homologação judicial da partilha.

É válido mencionar que há possibilidade de realização de sobrepartilha por Escritura Pública, sendo pacífico tal entendimento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no Colégio Notarial do Brasil, na Associação de Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) e na maioria das Tribunas Estaduais, conforme refere Cassettari (2008, p. 148). Assim dispõe o artigo 25 da Resolução 35 do CNJ:

Art. 25. É admissível a sobrepartilha por escritura pública, ainda que referente a inventário e partilha judiciais já findos, mesmo que o herdeiro, hoje maior e capaz, fosse menor ou incapaz ao tempo do óbito ou do processo judicial.

A Lei no 11.441/07, ao promover alterações no art. 1.031 do Código de Processo Civil, acabou por gerar certa dúvida quanto à necessidade de homologação da Escritura Pública de inventário e partilha, uma vez que a alteração trazida ao referido dispositivo diz que a partilha amigável deve ser homologada de plano pelo juiz, mediante respectiva comprovação da quitação dos tributos. Cassettari (2008, p.138) leciona no sentido de que o legislador trata de

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duas figuras diversas, quais sejam: o inventário feito por Escritura Pública e somente a partilha amigável realizada através deste instrumento.

Para Rosa (2008, p. 65) haverá necessidade de homologação da partilha extrajudicial quando existir testamento. Refere ainda que é equivocada a ideia de que nas hipóteses de existir testamento deixado pelo autor da herança, o inventário e a partilha não podem ser realizados por Escritura Pública. Os requisitos necessários para encaminhar a partilha no tabelionato são:

 Inexistência de herdeiros menores ou incapazes (para inventário negativo);

 Carteira de identidade e CPF, documento de estado civil e profissão do (a) viúvo (a) e herdeiros e seus conjugues;

 Informar o endereço do (a) viúvo e dos herdeiros e seus cônjuges, assim como a certidão de casamento dos herdeiros;

 A certidão de óbito e a certidão de casamento da pessoa falecida (se casada);  O valor atribuído aos bens, objeto da partilha, individualmente;

 As matriculas, os registros ou as escrituras dos imóveis;

 Os certificados de propriedade de veículos e outras provas de domínio, dependendo da natureza jurídica do bem e/ou ações;

 Contrato social ou consolidação contratual e balanço do último exercício quando o falecido deixar participação social em emprego;

 Verificação da existência ou não de passivo ou dívidas em nome do espólio 9bens deixados);

 Esboço (minuta) da partilha (forma de divisão do patrimônio);  Escolha do inventariante;

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CONCLUSÃO

Pode-se concluir com o término deste trabalho da importância desta nova possibilidade de realização do inventário e partilha por uma via que não é judicial. Trazendo benefícios a toda a população, uma vez que faculta as partes capazes e concordes utilizarem-se de um meio mais célere para concretização de suas vontades. Da mesma forma, aqueles que precisam utilizar-se da via judicial, podendo dedicar-se ä resolução de questões onde há realmente conflitos, onde a jurisdição é necessária, tornando mais rápido aqueles processos que obrigatoriamente tem de passar pelo crivo da justiça.

Como Tabelião, acredito que a Lei nº 11.44/07 foi um grande avanço, pois trouxe para toda a nossa sociedade uma forma ágil, célere e eficiente e uma desburocratização, tirando do Judiciário uma grande leva de serviços, que muitas vezes os processos acabam ficando anos na lista de espera até sua efetivação. Entendo que o legislador foi sábio ao adotar esta medida, pois em questão de dias, muitas vezes, em menos de um mês, o tabelião de notas entrega o inventário e partilha pronto para o registro, com a maior segurança jurídica, com toda sua eficácia e celeridade possível, pois sabe-se que em nosso Judiciário ainda não conseguimos alcançar esta referida celeridade, as partes por sua vez de uma maneira confortável e principalmente amigável resolvem todas as questões da família, de uma maneira a evitar conflitos e por ocasião ainda acaba inchando o Judiciário.

Além desta vantagem do trabalho, ser concluído rapidamente o usuário deste serviço também evita de arcar com despesas processuais e custas judiciais, também é fato notório que as despesas com advogado que antigamente elaborava todo o processo agora diminuíram, pois o mesmo atua simplesmente como assistente, geralmente ele conversa com o cliente, faz a juntada de documentos e esboça o plano de partilha, que logo após é analisado, conferido, aprovado e ou alterado para então ser concluído e assinado por todas as partes, sem a intervenção do poder Judiciário.

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As inovações trazidas pela Lei nº. 11.441/07 chegam em hora oportuna, pois a cada dia o Judiciário está mais sobrecarregado. A demanda torna-se cada vez maior e a facilidade e a celeridade apresentadas, pois Leis saciam a vontade da população em ter uma opção mais rápida e fácil para a realização da separação, divórcios, o inventário e as respectivas partilhas, que são a via extrajudicial. Este procedimento ganha importância porque oportuniza resolver em tempo muito inferior os direitos ligados ä sucessão do que se lhe fosse dispensado procedimento judicial.

Portanto, gera benefícios direta e indiretamente para toda a sociedade, pois proporciona um desaforamento do Judiciário, quanto aos demais procedimentos que tramitam naquela via, os quais poderão ser solucionados com mais rapidez, podendo dizer que é o Direito cada vez mais tentando simplificar as relações interpessoais, contribuindo de forma justa, clara e coerente com toda a sociedade.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO 1: Modelo de escritura pública de inventário e partilha amigável realizado por mim Douglas Aldo Batista, Tabelião de Notas do Município de Redentora/RS

Referências

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