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As insuficiências do direito penal em face dos psicopatas

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UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

BRUNA LUIZA PAZ LIBARDONI

AS INSUFICIÊNCIAS DO DIREITO PENAL EM FACE DOS PSICOPATAS

Ijuí (RS) 2015

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BRUNA LUIZA PAZ LIBARDONI

AS INSUFICIÊNCIAS DO DIREITO PENAL EM FACE DOS PSICOPATAS

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DECJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientador: Dr. Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth

Ijuí (RS) 2015

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo que ele me tem concedido.

Ao caríssimo Doutor e orientador Maiquel A. D. Wermuth, pela disponibilidade, atenção e compreensão com que me acompanhou durante a realização deste projeto. Sem teu apoio, este trabalho jamais passaria de uma ideia.

Aos meus pais, pelo apoio, paciência, carinho e dedicação. É graças a eles a realização deste e muito outros projetos conquistados.

Ao meu namorado, pela compreensão e força nos momentos mais difíceis desta trajetória.

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“O homem é o único ser capaz de fazer mal a seu semelhante pelo simples prazer de fazê-lo.”

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa monográfica busca, essencialmente, estudar a figura do psicopata na sociedade e a resposta dada pelo Direito Penal Brasileiro nos crimes praticados por esses indivíduos. Em primeiro lugar, este trabalho abordará a relação transdisciplinar da Psicologia com o Direito Penal, dando especial atenção nas questões relacionadas a sua personalidade. Também será abordado acerca do tratamento dispensado a estes indivíduos no código penal atual. Posteriormente, será estudado o tratamento adequado ao psicopata, tendo em vista as características peculiares desses indivíduos e suas acentuações para a reincidência criminal. Por fim, o estudo irá abordar os movimentos antimanicomiais e a reforma psiquiátrica, enfatizando as grandes mudanças que ocorreram no tratamento dos doentes mentais.

Palavras-Chave: Psicopata. Direito Penal. Tratamento.

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ABSTRACT

This monographic research work seeks essentially to study the psycho figure in society and the answer given by Brazilian criminal law for crimes committed by these individuals. First, this paper will address the interdisciplinary relationship of psychology with the Criminal Law, with special emphasis on the psychological and psychiatric health of individuals with psychopathy. It will also be approached about the treatment of these individuals in the current penal code. Subsequently, the treatment appropriate to psychopath will be reviewed, taking into account the peculiar characteristics of these individuals and their accents for criminal recidivism. Finally, the study will address the asylum movements and psychiatric reform, emphasizing the great changes that have occurred in the treatment of the mentally ill.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...8

1 O PSICOPATA E A LEI: UM DEBATE NECESSARIAMENTE TRANSDISCIPLINAR...10

1.1 À psicologia à luz da psicologia... ... 11

1.2 O tratamento dispensado a psicopatia ... 16

2 O TRATAMENTO JURÍDICO-PENAL ADEQUADO AO PSICOPATA ... 21

2.1 A observação das especificidades do psicopata como uma condição de possibilidade para uma resposta jurídico-penal adequada ... 23

2.2 O movimento antimanicomial brasileiro como paradigma iluminador ... 25

CONCLUSÃO ... 30

REFERÊNCIAS ... 33

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INTRODUÇÃO

Estudar a mente criminosa sempre foi um dos principais desafios dos estudiosos do Direito Penal. Entender as razões sociais e morais que levam um indivíduo a cometer crimes, analisando sua perspectiva de vida, sua inserção social, e sua personalidade, é de suma importância para a aplicação da lei penal no caso concreto. Os juízes, por exemplo, precisam considerar estas perspectivas conjuntamente com outras provas, para possibilitar a aplicação de uma lei penal justa e proporcional.

Nesse contexto, surge uma figura importante no cenário: o psicopata, tema central desta monografia. Tentar compreender suas ações e avaliar a eficácia da resposta penal dada aos crimes cometidos por esses indivíduos é de especial relevância para que se possa auxiliar na busca de um tratamento efetivo a partir de novas políticas criminais, que levem em consideração suas peculiaridades.

Dessa forma, tendo em vista que os psicopatas possuem fatores determinantes que os levam à prática delituosa e que os impedem a ter qualquer tipo de remorso ou empatia por suas vítimas, e tampouco se importam com as consequências negativas que resultam de seus atos, seria a simples reclusão em um presídio ou uma “eterna” internação para pôr a salvo tanto a sociedade quanto o próprio delinquente? O que ocorre com um psicopata que comete crimes? Pode ele ser considerado imputável ou não? Quais são os modificativos da responsabilidade penal que o psicopata se enquadra?

Assim, para estudar os problemas levantados acima, a pesquisa foi dividida em duas partes: no primeiro capítulo será abordada a transdisciplinariedade exigida pelo estudo da psicopatia, bem como o tratamento dispensado ao psicopata no sistema punitivo brasileiro, a

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partir dos elementos do conceito analítico do crime, com foco especial nas questões da imputabilidade. Este tópico torna-se essencial para começar a se questionar se a psicopatia pode ensejar a (in)imputabilidade plena ou reduzida.

No segundo capítulo será estudado qual o tratamento adequado ao psicopata, considerando suas características peculiares e relevante tendência para a reincidência criminal. Após, será discutido o Movimento Antimanicomial brasileiro, e suas significativas mudanças no tratamento do doente mental.

Dessa forma, o objetivo principal dessa pesquisa é discutir os reflexos da lei sobre crimes cometidos pelos psicopatas infratores no âmbito penal e colocar a figura do psicopata em debate. Isso porque se trata de um tema que ainda é muito pouco discutido no país, seja por psiquiatras, seja por estudiosos do Direito.

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1 O PSICOPATA E A LEI: UM DEBATE NECESSARIAMENTE TRANSDISCIPLINAR

Com base nos estudos de Hare (apud MORANA, 2003, p. 5), de 15 a 20% da população carcerária da América do Norte é responsável por 50% dos crimes violentos cometidos nos Estados Unidos. Tais estudos apontam também que essa população carcerária sofre de psicopatia, do mesmo modo que possui uma taxa de reincidência criminal três vezes maior que os demais criminosos.

Com base nas pesquisas acima expostas, é possível, inicialmente, verificarmos a transgressão que o psicopata tem em relação a toda e qualquer norma imposta a ele, razão pela qual justifica-se o grande número de reincidência criminal.

Para Morana (2003), um diagnóstico extraído de um estudo transdisciplinar da psicopatia é de essencial importância para uma aplicação imediata e efetiva de medidas que visem recuperar o indivíduo para uma vida em sociedade. Atualmente, os métodos de punição mostram-se insuficientes, e a medida de segurança revela-se desaconselhada, à luz dos conhecimentos médicos e psicológicos contemporâneos.

Estudar e escolher quais das melhores formas de responsabilizar/tratar psicopatas criminosos, além de tentar compreender a personalidade diferenciada de cada infrator, sempre foi um dos grandes desafios da ciência jurídica, mais especificamente na área da criminologia.

Sob o ponto de vista da psicopatia, tanto a escola jus naturalista quanto a escola positivista tentaram descobrir, de acordo com seus próprios critérios, o processamento mental desse tipo de infrator. Do mesmo modo, essas escolas ocuparam-se em tentar descobrir sua adaptação e medidas efetivas para sua ressocialização (HARE apud MORANA, 2003).

Hoje, pode-se dizer que a criminologia é “multi”, “inter” e “trans” disciplinar, pois engloba fatores sociais e possui uma grande ligação com diversos ramos do conhecimento humano, especialmente com a Psicologia, que possui questões que nutrem e incentivam uma relação de complementariedade com o Direito.

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o direito sempre se preocupou com a abordagem do tratamento dispendido aos doentes mentais que cometeram delitos. Desde o iluminismo, com o surgimento da escola clássica que colocava a dignidade humana e o direito do cidadão perante o Estado, perpassando pela escola positivista que agregou ideias científicas para explicar os fatos sociais, iniciou-se o estudo do que é crime e criminoso, ou seja, surgem os primeiros passos para a criminologia moderna.

Aplicar uma determinada punição a um indivíduo sem um estudo detalhado de sua estrutura psicossocial é o mesmo que não se importar com as consequências desse ato que, possivelmente, não obterá progresso quanto à recuperação deste sujeito. Dessa forma, uma sanção aplicada sem observar estes requisitos pode resultar em uma injustiça absoluta, como ocorre em muitos casos concretos. Contudo, o Direito Penal, acima de tudo, deve levar em consideração as peculiaridades de cada infrator, tendo como objetivo a recuperação deste indivíduo quando retornar à sociedade. Deste modo, não há dúvidas de que não se efetivará se a pena imputada for inadequada (CASTRO, 2012).

Desta maneira, é possível observar o quão importante se faz um estudo completo das diferentes personalidades. Isso, possivelmente, auxiliará a predizer o tipo de conduta que determinadas pessoas terão quando expostas a determinadas circunstâncias.

Não obstante, estudos e testes concluíram que o psicopata é refratário, ou seja, que o psicopata não aprende com as experiências e tampouco com a pena. No entanto, reduzir a pena de um psicopata não se torna eficaz na sua recuperação, pois recluso, em maior ou menor tempo, não mudará do que já está destinado a ser (PAULINO; BERTOLAZO, 2013).

Nesse sentido, o presente capítulo buscará compreender a figura do psicopata à luz de alguns conhecimentos da Psicologia, para, na sequência, investigar a (in)adequação do tratamento a ele dispensado pelo Direito Punitivo brasileiro.

1.1 A psicopatia à luz da Psicologia

Quando imaginamos a figura de um psicopata, é comum vir à mente conhecidos personagens famosos do cenário mundial, como o perito forense Dexter Morgan, da série “Dexter”, ou Hannibal de “O silêncio dos Inocentes”, ou até mesmo personalidades políticas

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como Saddam Hussein e Adolf Hitler. Estes indivíduos e tantos outros são considerados como o mal personificado em decorrência das atrocidades que praticaram, sem falar nas vidas ceifadas no decorrer de suas matanças, pelas quais não revelam carga alguma de arrependimento ou qualquer manifestação emocional de sofrimento. Porém, não se pode imputar-lhes o termo psicopata como sinônimo de assassinos frios e cruéis.

De acordo com Millon (apud OLIVEIRA, 2008), o termo “psicopata” foi utilizado, inicialmente, para determinar uma sequência de erros que eram vistos como moralmente repulsivos. Entretanto, foi somente no final do século XVIII que as discussões efetivas acerca do tema ganharam força, a partir do momento em que se começou a estudar a relação entre livre arbítrio e transgressões morais, com a finalidade de descobrir se alguns perpetradores de atos criminosos/violentos entendiam as consequências de seus atos.

No ano de 1801, Phillipe Pinel, considerando o pai da psiquiatria, foi o pioneiro a afirmar que é possível haver insanidade sem confusão mental, e denominou insanidade sem delírio o comportamento de alguns de seus pacientes que tinham consciência que seus atos impulsivos e autodestrutivos eram irracionais. Para Pinel, nesta época, mente e razão eram sinônimos, e qualquer comportamento irracional era um indicador de insanidade, uma doença mental (OLIVEIRA, 2008).

No ano de 1835, o britânico J. C. Prichard consentiu com a tese de Pinel. Entretanto, discordou sobre a moralidade neutra deste transtorno (na qual Pinel acreditava) fazendo crer que os referidos comportamentos implicavam um defeito de caráter que deveria ser reprimido. Portanto, para ele, tratava-se de insanidade moral que englobava várias condições mentais e emocionais. Estes indivíduos apresentavam problemas no que se refere aos “sentimentos naturais” e deixavam levar-se por um sentimento mais forte que si próprios, que os conduziam à pratica de crimes (OLIVEIRA, 2008).

De acordo com Millon (apud OLIVEIRA, 2008), no decorrer dos anos, outros estudos acerca do tema foram realizados, mas Hervey Cleckley, em 1941, tornou-se inegavelmente o principal autor a escrever sobre a psicopatia com o livro “The Mask of Sanity”. Com o objetivo de esclarecer o termo transtorno de personalidade antissocial (TPA), Cleckley propôs substituir o termo acima referido pela “demência semântica”, para demonstrar o que ele via de mais importante nesta síndrome: a tendência de dizer uma coisa e fazer outra. Nesta obra, o

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autor também esclareceu que os psicopatas não são necessariamente criminosos, mas sim indivíduos que possuem características particulares, isto é, impulsividade, falta de sentimentos de arrependimento, charme e emoções superficiais, dentre outros.

No mesmo sentido, os estudiosos Curran e Mallinson, em 1944, chegaram a afirmar que a psicopatia deve ser enquadrada como uma doença mental. Atualmente, superada tal tese, sabe-se que o comportamento psicopata não pode ser considerado como um transtorno mental, como a esquizofrenia, por exemplo. Isso porque não há que se falar em alucinações e psicoses, pois o psicopata goza de suas faculdades mentais. Ele possui, no entanto, características peculiares que o distanciam da normalidade (OLIVEIRA, 2008).

O conceito de psicopatia não é uniforme, até mesmo pelas diversas definições trazidas ao longo do tempo. Atualmente, a acepção adotada por Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p. 37) é a seguinte:

Em termos médico-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinação (como esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo).

Assim, a psicopatia não se encaixa como uma doença mental e tampouco possui cura, mas apenas tratamento. Os psicopatas nascem com o transtorno e em algum momento da vida a psicopatia pode ser deflagrada, em maior ou menor grau.

Em verdade, o indivíduo psicopata tem total discernimento de seus atos, inclusive de que está infringindo as regras impostas a ele. O que ocorre é que a sua deficiência se encontra no âmbito das emoções, pois embora possuidor de uma notável inteligência e capacidade de entendimento, são incapazes de controlar seus impulsos e autogovernar-se perante eles, sendo que reside aí a grande diferença entre o psicopata e o indivíduo normal (FONSECA, 1997).

Cleckley (apud FONSECA, 1997, p. 154), foi um dos primeiros a apresentar um conceito definitivo e abrangente da psicopatia, como já mencionado anteriormente. Na década de 1940, o autor identificou dezesseis características capazes de definir o perfil clínico do psicopata, quais sejam: a) charme superficial e boa inteligência; b) ausências de delírios e

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outros sinais de pensamento irracional (por esse motivo a psicopatia não deve ser enquadrara como doença mental, conforme já explicado); c) não confiável; d) ausência de nervosismo; e) ausência de remorso ou vergonha; f) falsidade e falta de sinceridade; g) comportamento antissocial inadequadamente motivado; h) julgamento deficitário e falha em aprender com as experiências; i) egocentrismo patológico e incapacidade de amar; j) deficiência geral nas relações afetivas em geral; k) perda específica de introspecção; l) falta de resposta nas relações interpessoais gerais; m) comportamento fantástico e desagradável com, e às vezes sem bebida; n) suicídio raramente concretizado; o) vida sexual impessoal, trivial e pouco integrada; p) fracasso em seguir um plano de vida.

Este elenco de características foi por muito tempo a base da Psicologia, sendo adotado para que houvesse um prognóstico da psicopatia em um indivíduo. Atualmente, não é mais utilizado para a identificação deste transtorno, mas os mesmos elementos serviram de apoio para a criação de um novo método identificador, como se verá a seguir.

O psiquiatra canadense conhecido como o “pai da psiquiatria”, Robert Hare, após anos de estudo, reuniu informações acerca do tema, que foram sistematizadas na chamada psychopathy checklist (PCL), equivalendo-se no método mais completo, em todo o mundo, para o reconhecimento de psicopatas em sistemas prisionais (SILVA, 2008).

Baseado nas informações de Cleckley, Hare estabeleceu vinte características que avaliavam os psicopatas, e utilizando uma pontuação para cada sintoma elencado, determinou um mínimo de escore que, se atingido, determinava a psicopatia do indivíduo. Os critérios são os seguintes: loquacidade/charme superficial, superestima, tendência ao tédio, mentira patológica, manipulação, distúrbios de conduta na infância/delinquência juvenil, ausência de metas realistas, impulsividade, irresponsabilidade pelos próprios atos e desrespeito às normas, incapacidade de remorso e culpa, insensibilidade afetivo-emocional, estilo de vida parasitário, descontroles comportamentais, promiscuidade sexual, versatilidade criminal, reincidência criminal e instabilidade conjugal. (SILVA, 2008).

Ainda, Hare (apud SILVA, 2008) ressalta que o PCL-R nunca deve ser utilizado como único meio para realizar uma avaliação. Além da entrevista com o indivíduo, faz-se necessária a utilização de outras fontes de informações, como familiares e funcionários que mantêm

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contato com o paciente, com o objetivo de verificar a credibilidade dos dados alcançados na entrevista e obter informações sobre o indivíduo em diferentes contextos, situações e pessoas.

Inúmeros estudos foram realizados para tentar compreender e explicar as causas da psicopatia, porém, é possível identificar controvérsias quanto ao caso e uma aparente tendência a dois conceitos, conforme explica Araújo (apud BALLONE, 2012, p. 22):

- Constitucionalista (intrínseca): este primeiro conceito reflete uma tendência mais constitucionalista, isto é, entende que o psicopata se origina de uma constituição especial, geneticamente determinado, e por consequência dessa organicidade, pouco se pode fazer;

- Social ou extrínseca: esta corrente acredita que a sociedade é quem faz o psicopata por não lhes dar suportes mínimos de sobrevivência, principalmente educacionais e econômicos.

Todavia, em ambas as correntes pode-se perceber que os psicopatas estão dentro das causas psíquicas, isto é, traumas que sofreram, principalmente de causas emotivas; e também das disposições individuais, como a constituição, temperamento e caráter do sujeito, que em determinado momento desencadeia um quadro patológico irreversível.

Vale observar, então, que de acordo com Barbosa (2008), os psicopatas têm completo controle racional, não possuem delírios, psicoses, nem problemas na razão. Pelo contrário, são pessoas ardilosas, manipuladoras e geralmente possuem um grau de inteligência elevado. Não são doentes mentais e tem plena consciência do que fazem.

Dessa maneira, Oliveira (2008, p.56) salienta que “o psicopata se acrescenta clinicamente como uma condição ambulante: por um lado, é capaz de dar respostas sociais, até moralmente apropriadas, para as situações do dia-a-dia; por sua vez, quando deixados à própria sorte, suas ações não condizem com seus relatos verbais”.

Por fim, importante ressaltar que muitas de características da personalidade humana começam a definir-se na infância, no momento em que se começa a ter contato com familiares e com a sociedade. Em outras palavras, os comportamentos se manifestaram no início das relações com outras pessoas. Assim sendo, é possível dizer que a psicopatia pode ter sinais já

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na infância. Nesse sentido, necessário se torna o estudo da Psicologia frente à psicopatia, para elucidar aspectos relevantes no comportamento desses indivíduos.

1.2 O tratamento dispensado à psicopatia

O Direito Penal foi criado com o objetivo de proteger os bens mais importantes e essenciais para a permanência da sociedade como um todo. Estes bens jurídicos, como, por exemplo, a vida, a propriedade, a incolumidade física e psíquica, são tutelados penalmente, além de também serem protegidos por outras áreas do Direito. Assim, o Direito Penal atual define o que são crimes, quais as penas e medidas de segurança aplicáveis aos infratores.

De acordo com Rogério Greco (2007) o conceito analítico de crime é compreendido como a conduta típica, antijurídica e culpável. Típico porque é o primeiro substrato do crime, isto é, a primeira condição ou elemento do crime. Antijurídico é fato contrário à lei. Por fim, culpável, que é o elemento subjetivo do autor do fato. É o que se passa na mente do agente que praticou o crime. Assim, quando um agente pratica um ato com os três requisitos acima referidos, diz-se que cometeu um crime. Quando o legislador tipifica um fato, do mesmo modo, aplica uma determinada pena para quem o praticar.

Para que o infrator possa ser penalizado pelo fato típico e ilícito que praticou, é necessário que seja imputável. Nas palavras de Greco (2007, p. 390), a imputabilidade é, então, “a possibilidade de se atribuir, imputar, o fato típico e ilícito ao agente. A imputabilidade é a regra e a inimputabilidade é a exceção”.

Em contrapartida, o artigo 26 do Código Penal Brasileiro (2011) traz a definição clássica da figura do inimputável, afirmando que “é isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Dessa maneira, importante destacar que a imputabilidade é a regra, enquanto a inimputabilidade é a exceção.

Para Bitencourt (2009), por doença mental, entendem-se as alterações mórbidas da saúde mental, qualquer que seja sua origem. Dessa forma, incluem-se no rol tanto as psicoses como também as neuroses, embora estas dificilmente deixam o indivíduo à completa

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incapacidade de entendimento ou de autodeterminação. Ainda, para o autor, o desenvolvimento mental incompleto ou retardado dá-se pelos indivíduos oligofrênicos, que apresentam anomalias no desenvolvimento mental. Ressalta-se que somente uma perícia poderá comprovar a doença mental ou desenvolvimento mental incompleto.

O caput do mencionado artigo leva à conclusão de que o legislador adotou, neste caso, o método biopsicológico, conforme explica Alexandre Carvalho Lopes de Oliveira (2011), portanto, o infrator será absolutamente inimputável, neste caso, se preencher dois requisitos: a) a presença de uma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto. Quando a este requisito, é importante destacar que o nosso legislador não definiu quais são essas doenças mentais, o que cabe a um psiquiatra forense defini-las; b) absoluta incapacidade de, ao tempo da ação ou omissão, compreender o caráter ilícito do fato e de autodeterminar-se de acordo com esse entendimento.

Deste modo, caso confirmada a inimputabilidade do agente, o juiz deverá absolvê-lo (a chamada absolvição imprópria), conforme redação do artigo 386, VI do Código de Processo Penal, que dispõe:

O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20,21,22,23,26 e parágrafo 1⁰ do art. 28, todos do Código Penal.

A consequência prática disso é a sujeição do infrator a uma medida de segurança. Dessa forma, o juiz aplicará uma medida dentre as que estão previstas nos artigos 96 e 97, ambos do Código Penal.

Cabe referir, ainda, que o tratamento dado pela lei penal acerca da medida de segurança é diversa à dada em outras normas penais. Em todas elas, a pena cominada já estipula um tempo mínimo e máximo de cumprimento, diferentemente da medida de segurança que tem um tempo mínimo de um a três anos (art. 97, parágrafo 1⁰ do Código penal), mas não possui um tempo máximo, perdurando enquanto reconhecida a periculosidade do indivíduo, o que acaba se tornando uma violação constitucional, visto as internações perpétuas e degradantes existentes (OLIVEIRA, 2011).

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A lei visa, nos casos de medida de segurança, à proteção da sociedade em face de um indivíduo considerado perigoso. Deste modo, é a periculosidade do agente que vai determinar o tratamento adequado, a fim de que ele seja tratado.

O parágrafo único do artigo 26 abarca outra figura importante: os semi-imputáveis, quando prevê o seguinte:

A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude da perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

O infrator, neste caso, possui capacidade ou entendimento apenas reduzido, ou seja, ele não possui total incapacidade de compreender o caráter ilícito do fato, ou de agir conforme esse entendimento, mas também não é plenamente capaz. A consequência da semi-imputabilidade é a condenação do infrator, mas com redução de um a dois terços, ou ainda, entendendo juiz não ser esta adequada, poderá aplicar uma medida de segurança.

Diante do exposto, eis que surge um questionamento importante: o que ocorre com um psicopata que comete crimes? Pode ele ser considerado imputável ou não?

Importante ter em mente que nem todos os psicopatas podem ser considerados criminosos, existindo indivíduos portadores da psicopatia em diversos campos da sociedade (vizinhos, amigos, colegas de trabalho). Porém, no que se refere aos psicopatas criminosos, há muito que se estudar.

Conforme já mencionado no presente trabalho, a psicopatia não é entendida como uma doença mental. Dessa maneira, em primeira análise, a inimputabilidade prevista no artigo 26 não pode ser aplicada, devendo o agente psicopata ser condenado caso provado o cometimento do fato ilícito. Contudo, é também questionável a aplicação do parágrafo único do mencionado artigo, que dispõe sobre os semi-imputáveis, uma vez que o psicopata pode se encaixar como perturbação da saúde mental, uma vez que dificulta saber se determinado criminoso tem a capacidade relativa de entender a ilicitude de sua ação de determinar-se quanto a isso.

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A doutrina pouco se manifesta acerca da imputabilidade do psicopata, entretanto, há uma notável divergência, que será analisada na sequência. Para Mirabete (2006, p.211), por exemplo, que adota a posição de semi-imputabilidade,

os psicopatas, as personalidades psicopáticas, os portadores de neuroses profundas, em geral têm capacidade de entendimento e determinação, embora não plena. Estão na mesma categoria legal os que possuem o desenvolvimento mental incompleto, mas que atingiram certo grau de capacidade psíquica de entendimento e autodeterminação de acordo com as regras sociais. Por fim, incluem-se os agentes com desenvolvimento mental retardado, que nas faixas mais elevadas têm capacidade de entendimento e autodeterminação. Em todas as hipóteses, comprovadas por exame pericial, o agente será condenado, mas, tendo em vista a menor reprovabilidade de sua conduta, terá sua pena reduzida de um a dois terços, conforme o artigo 26, parágrafo único.

Entretanto, para Fernando Capez (2004, p. 291), ao explicar as circunstâncias que excluem a imputabilidade, a doença mental é:

a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz de eliminar a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou a de comandar a vontade de acordo com esse entendimento. Compreende a infindável gama de moléstias mentais, tais como epilepsia condutopática, psicose, esquizofrenia, paranoias, psicopatia, epilepsias em geral, etc.

É possível verificar que quando exemplifica o que classifica como doença mental, Capez cita no rol, a psicopatia. Entende, portanto, que o psicopata, quando penalizado, deve ser exposto a medidas de segurança ou tratamento ambulatorial, de acordo com o melhor entendimento do juiz.

Na mesma corrente, manifesta-se Zaffaroni (2008, p. 545-546), no seguinte sentido:

Pense-se que uma parte da doutrina acredita caberem dentro da fórmula legal os “psicopatas”, acerca dos quais a própria psiquiatria não nos oferece um critério seguro e esclarecedor, de modo que, com frequência, se tem a sensação de que psicopata é aquele que não se adapta às regras predominantes na sociedade. Se assim é, praticamente toda e qualquer pessoa pode ser psicopata, pois psicólogos bastante destacados têm assinalado que todos nós temos condutas psicopáticas, ou mais ou menos psicopáticas.

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Em decorrência dos diversos posicionamentos acerca da (in)imputabilidade do psicopata, torna-se incontestável que a mesma cause desacertos em suas consequências jurídico-penais, considerando que nem os especialistas nesta área conseguem explicar com convicção quem são os psicopatas, torna-se difícil saber se um sujeito pode ser considerado inimputável ou não.

Nucci (2009, p.144) alerta quanto à averiguação da psicopatia em um infrator:

É preciso muita cautela, tanto por parte do magistrado como por parte do perito, para averiguar no caso concreto se determinado infrator pode ou não ser classificado com um indivíduo psicopata, pois como a psicopatia esta inserida no gênero no gênero de personalidades antissociais, tais situações são consideradas limítrofes, ou seja, não chegam a constituir normalidade, mas também não caracterizam a anormalidade a que faz referência o artigo 26 do Código Pena; Brasileiro.

Assim, o magistrado, ao constatar a psicopatia em um determinado infrator, deve se valer de laudos psiquiátricos detalhados, determinando a realização de um teste de verificação de psicopatia no réu, para definir seu diagnóstico, bem como o grau de possível psicopatia, sendo que o exame mais eficaz nesse sentido é conhecido de PCL, psychopathy checklist que, infelizmente, ainda é muito pouco difundido no meio jurídico (PALHARES, 2012).

Desta maneira, a atenção que deve ser dada aos psicopatas torna-se maior, uma vez que é questionável a eficácia dos tratamentos nestes indivíduos, não os impedindo de continuar a cometer crimes. Dessa forma, o segundo capítulo se ocupa justamente dessa discussão, ou seja, de como se pode tratar adequadamente o psicopata que praticou um crime.

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2 O TRATAMENTO JURÍDICO-PENAL ADEQUADO AO PSICOPATA

No atual sistema penal brasileiro, conforme já mencionado no presente trabalho, a pena ou a medida de segurança são espécies de sanção criminal impostas aos autores de infrações penais.

Contudo, diante da ausência de capacidade de aprendizado dos psicopatas com a sanção penal, deve-se ter em mente que a reincidência criminal tornou-se um problema enfrentado há tempos, em razão de que a pena não constitui um meio coercitivo e preventivo eficaz contra eles, tornando inútil o atual sistema que, em tese, tem a finalidade de coibir e reduzir a criminalidade desses indivíduos.

Nesse sentido, Trindade (2009, p.150) complementa seu pensamento referindo que “os psicopatas iniciam a vida criminosa em idade precoce, são os mais indisciplinados no sistema prisional, apresentam resposta insuficiente nos programas de reabilitação, e possuem os mais elevados índices de reincidência criminal”. Ainda, o autor aponta que “estudo mostraram que psicopatas reincidiram cerca de cinco vezes mais em crimes violentos do que não psicopatas em cinco anos de sua liberdade da prisão”.

No mesmo sentido, Trindade (2012, p.146) alerta que:

até agora não existe evidência de que os tratamentos psiquiátricos aplicados a psicopatas tenham mostrado eficiência real na redução da violência ou da criminalidade, pelo contrário, alguns tipos de tratamentos que são eficientes para outros criminosos são considerados contraindicados para os psicopatas. Outrossim, os especialistas afirmam que os psicopatas desestruturam as próprias instituições de tratamento, burlam as normas de disciplinas, contribuindo para aumentar a fragilidade do sistema, além de que instalam um ambiente negativo onde quer que se encontrem.

Dessa forma, de acordo com o autor em questão (2009, 2012), não há um tratamento psiquiátrico e medicamentoso específico para o psicopata, ou seja, existem medicamentos para tratar a esquizofrênia, a bipolaridade e até mesmo os surtos psicóticos, mas algo destinado ao psicopata, até então é desconhecido.

Verifica-se, também, que a segregação dos psicopatas juntamente com os demais presos revela-se danosa para a sociedade e para o próprio sistema carcerário, tendo em vista a

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facilidade dos psicopatas em descumprir regras quando lhes convém e influenciar outros presos a isso. Dessa forma, o psicopata não sairá do presídio pronto para conviver em sociedade, pois o problema central não será tratado.

Nessa perspectiva, Trindade (2012, p.178) revela que:

os psicopatas necessitam de supervisão rigorosa e intensiva, sendo que qualquer falha no sistema de acompanhamento pode trazer resultados imprevisíveis. Assim, as penas a serem cumpridas por psicopatas devem ter acompanhamento e execução diferenciada dos demais presos, uma vez que não aderem voluntariamente a nenhum tipo de tratamento, sendo que, quando aderem, é com a finalidade de se obter benefícios e vantagens secundárias.

A manifestação de Palhares (2012, p.147) quanto a este tema é a seguinte:

Considerando suas peculiaridades e a completa rejeição por tratamento contra esse transtorno antissocial, deve a execução da reprimenda penal pelos psicopatas, com fulcro no próprio princípio da igualdade em seu aspecto material, ocorrer de forma diferenciada dos demais sentenciados.

Sugere a autora Ana Beatriz Barbosa (2008, p. 134) a utilização do psychopaty checklist (PCL), um método de grande eficiência no sistema prisional brasileiro:

A utilização do psychopaty checklist no sistema prisional brasileiro permitiria a identificação dos sentenciados portadores desse transtorno antissocial ( quando a identificação não tiver ocorrido durante o processo criminal), separando-os na execução de suas penas dos demais sentenciados, disponibilizando pessoal tecnicamente preparado para lidar com esse público e suas peculiaridades (uma vez que os psicopatas sabem dissimular bom comportamento e regeneração, entretanto, estando em liberdade, certamente voltam a delinquir). Trata-se da efetivação do princípio da individualização da pena na execução criminal.

Tendo em vista as características negativas dos criminosos psicopatas, em especial sua tendência para a reincidência, torna-se essencial identificá-los corretamente e avaliá-los minuciosamente antes de qualquer decisão a ser tomada pelo juiz.

Assevera Jorge Trindade (2012) que, no momento, parece haver consenso quanto à credibilidade do teste do PCL para a identificação do psicopata, sendo o mais adequado instrumento, sob a forma de escala, para avaliar e identificar fatores de risco de violência dos

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psicopatas. Este método, com demonstrada confiabilidade, tem sido adotado em diversos países como instrumento de eleição para a pesquisa e para o estudo clínico da psicopatia, como escala de predição de tendências para a violência e intervenção terapêutica.

Assim, para chegar a uma resposta jurídica-penal adequada, é indiscutível a necessidade de métodos eficientes e pessoas preparadas para trabalhar com esse público, pois não são penas rígidas ou internações perpétuas que os deixarão prontos para recomeçar a vida em sociedade, e sim toda atenção, ajuda e suporte para recebê-los onde quer que seja. A observação das peculiaridades do psicopata se apresenta, então, como condição de possibilidade para um tratamento jurídico-penal adequado. É com isso que se ocupa o tópico a seguir.

2.1 A observação das especificidades do psicopata como uma condição de possibilidade para uma resposta jurídico-penal adequada

De acordo com Hilda Morana (apud STALCHUS, 2011), psiquiatra forense do Instituto de Medicina Social e de Criminologia do Estado de São Paulo (IMESC), cerca de 20% dos presos são psicopatas.

Dessa forma, é possível perceber que a reposta punitiva do atual sistema não vem obtendo um resultado, no mínimo, satisfatório no que tange à ressocialização do psicopata para conviver em sociedade, restituindo-o com maior destreza e conhecimentos criminosos aperfeiçoados. Isso ocorre porque, na prisão, encontra melhores condições para voltar a delinquir.

Logo, tendo em vista as características determinantes de um psicopata e a ausência de um diagnóstico preciso desse transtorno, certamente haverá controvérsias acerca de como tratá-lo no sistema punitivo atual, seja pela pena com redução obrigatória ou a medida de segurança.

Para Bitencourt (2009) a pena deve ser aplicada como medida de segurança somente nos casos em que o juiz verificar a presença de periculosidade real, e o indivíduo necessitar de um real tratamento curativo.

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Mougenot e Capez, citados por Castro (2012), referem que:

a controvérsia sobre a aplicação de pena ou medida de segurança para os indivíduos com personalidades psicopáticas reside no fato de que o especial tratamento curativo a que se refere o parágrafo único, do artigo, 26 do CP, subordina a substituição de pena pela medida de segurança, quando houver tratamento eficaz. De igual maneira, questionam os autores o disposto na Exposição de Motivos do Código Penal, pois esse estabelece que a medida de segurança seja aplicada nos fronteiriços, quando predominar o quadro mórbido. Portanto, em razão de tal dispositivo tratar da personalidade, do modo de ser dos indivíduos, os psicopatas nele se enquadram. Lamentavelmente, entretanto, inexistem, atualmente, métodos seguros e eficazes de tratamento clínico para esses casos.

Entretanto, para Ballone (apud STALCHUS, 2011) os indivíduos portadores da psicopatia deveriam ser submetidos ao sistema prisional comum, tendo em vista que podem ser imputáveis pelos atos praticados por si. Nesse sentido, a legislação de muitos países tende a não considerar o psicopata como um doente mental, uma vez que o consideram como um agente capaz de discernir e entender a criminalidade de seus atos, e pela plena capacidade de dirigir suas ações.

Dessa forma, restam evidenciadas as grandes divergências entre os doutrinadores a respeito de uma resposta jurídico-penal adequada ao psicopata, uma vez que esses indivíduos possuem características próprias e merecem um olhar diferenciado. Nesse sentido, torna-se oportuno um breve estudo acerca dos chamados “julgamentos morais”.

Conforme explica Castro (2012), os psicopatas não possuem afetividade, tem sério déficit emocional e pouca ou nenhuma empatia. Estas características são essenciais para que ocorram os julgamentos morais, uma vez que utilizam a razão e a emoção para julgar acerca da moralidade de determinadas ações. Ainda, para a autora, julgamentos morais são as decisões tomadas diariamente em situações do cotidiano, que envolvem moralidade. Ou seja, em um conjunto de acontecimentos diários, um indivíduo torna-se capaz de decidir se um determinado cenário é ou não moralmente aceitável.

Assim, se os julgamentos morais são alicerçados em emoções, é de se questionar se os psicopatas - que tem como característica principal a falta delas - são capazes de fazer ou não esses julgamentos e se comandar de acordo com esse entendimento.

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De acordo com o professor Sinnot-Armstrong (apud CASTRO, 2012), existem duas possibilidades: na visão clássica, os psicopatas fazem julgamentos morais, mas simplesmente não ligam se seus atos são moralmente corretos. Entretanto, numa visão não clássica, os psicopatas não fazem julgamentos morais, mas apenas aparentam fazê-los a fim de manipular as aparências e as pessoas ao redor.

Nesse sentido, a corrente que adota a posição clássica afirma que os psicopatas realmente fazem julgamentos morais, mas são incapazes de determinar-se com esse entendimento. Dessa forma, são plenamente capazes de fazer e creditar nos julgamentos morais, mas carecem do mecanismo de autodeterminação. Por sua vez, a visão não clássica preceitua que os psicopatas não fazem julgamentos morais, uma vez que são baseados nas emoções, e como acima referido, carecem de emoções.

Entretanto, é preciso analisar com cautela a capacidade dos psicopatas em fazer ou não fazer julgamentos morais, tendo em vista que as emoções têm papel fundamental nas decisões morais. Dessa maneira, é possível afirmar que a falta delas implicaria diretamente a incapacidade de realizar tais julgamentos.

Diante disso, saber se os psicopatas são capazes ou não de fazer julgamentos morais e ter total compreensão acerca dos fatos criminosos e se autodeterminar perante isso é de extrema importância para começar a se discutir uma pena justa e efetiva. Saber se sua ação é genuinamente motivada, possuindo total consciência da ilicitude e podendo evitar seu cometimento. Ou, ainda, saber se determinada ação é errada, mas havendo a impossibilidade psicológica de determinar-se perante isso, é fundamental para começar a se debater acerca de qual forma o psicopata poderá ser responsabilizado no sistema penal brasileiro.

2.2 O movimento antimanicomial brasileiro como paradigma iluminador

Ao longo da história nem sempre a loucura foi interpretada como uma doença mental e consequentemente como objeto de domínio da medicina. Segundo Foucault (1993), a definição de loucura não existiu desde sempre, em verdade começou a se construir a partir do momento em que se criou a distância entre a razão e a não razão.

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Foi somente no final do século XIX que a modernidade ficou compreendida pela criação da primeira instituição exclusiva para loucos. A ação da psiquiatria era moral e social. Possuía como objetivo a normatização do paciente, que era considerado capaz de se recuperar quando exposto a um processo de medicalização (CARVALHO, 2009).

Ainda, de acordo com Carvalho (2009, p. 02) “o tratamento do doente mental ao longo dos tempos foi então sinal de exclusão, reclusão e posteriormente de asilamento.” Importante ressaltar que, quando se refere a asilar, deve-se ter em mente que a psiquiatria foi instituída como um mecanismo social encarregado de solucionar o problema da loucura.

Em meados dos anos 1960, o regime social conhecido como Reforma Psiquiátrica vem sofrendo grandes mudanças no campo da saúde mental e psicossocial. Conforme a assistente social, Anastácia Mariana da Costa Melo (2012, p. 85), “este processo exerce influência direta na assistência em saúde oferecida ao sujeito em sofrimento psíquico e contribui para a construção de um novo lugar social para o “sujeito louco”.

O movimento pela Reforma Psiquiátrica no Brasil surge em um cenário político bastante importante para a história do país. Após vinte anos de ditadura militar, o país inicia em um processo de redemocratização e ascensão dos movimentos sociais relativos à luta da classe trabalhadora e ao ressurgimento da luta dos usuários e profissionais da saúde, por um Sistema de Saúde Único de Saúde (SUS) universal, gratuito, igualitário e de qualidade (MELO, 2012).

Tal movimento contou com a participação de diversos atores, como o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), alguns críticos ao atual sistema de psiquiatria clássica no campo da saúde mental, e as associações de usuários e familiares em saúde mental (MELO, 2012).

Em 1987 nasce o movimento da Luta Antimanicomial, uma criação importantíssima no processo de reforma. Esse movimento teve como objetivo principal a conscientização da população para que as pessoas com sofrimento mental fossem acolhidas, cuidadas e tratadas como sujeitos com direitos e deveres como qualquer cidadão, de estar no convívio social e receberem apoio especial para sua reinserção na sociedade em que estão inseridas (CARVALHO, 2009).

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Conforme Melo (2012, p.86), há dois pontos fundamentais para compreender o processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil, quais sejam:

a centralidade nas estratégias de desconstrução da ideia do sujeito louco como perigoso para o convívio social, ou seja, um novo lugar para a loucura; e o fortalecimento dos serviços substitutivos que são aqueles que além de oferecer uma assistência integral e tratamento diferenciado a população que necessita de atendimento em saúde mental, é capaz de substituir em sua totalidade a lógica manicomial, onde o manicômio e o saber da psiquiatria clássica são considerados como as únicas estratégias de tratamento e intervenção na vida desses sujeitos.

Nesse sentido, mudar a ideia de que o sujeito com problemas mentais é perigoso para a ordem social, e oferecer a assistência necessária aos serviços de saúde mental foram essenciais para mudar a lógica de que, até então, trancafiá-los em algum manicômio seria a única alternativa.

Ainda, Carvalho (2009, p. 02) contribui para a ideia acima exposta, quando diz que a principal função da Reforma Psiquiátrica é:

transformar o modelo assistencial em saúde mental e construir um novo estatuto social para o louco, o de cidadão como todos os outros. Não pretende acabar com o tratamento clínico da doença mental, mas eliminar a prática do internamento como forma de exclusão social dos indivíduos portadores de transtornos mentais. Propõe com isso a substituição do modelo manicomial para a criação de uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial, de base comunitária. A reforma psiquiátrica deixa de ser entendida como única e exclusivamente de medidas emanadas no estado, sejam políticas sociais, sejam políticas específicas para o campo da saúde mental.

Dessa forma, é possível verificar que o principal objetivo é a desinstitucionalização com consequente desconstrução do manicômio e dos padrões que o sustentam. Portanto, a substituição dos manicômios por outras práticas terapêuticas e a cidadania do doente mental propõe transformar o padrão assistencial em saúde mental e construir um modelo assistencial para o louco, o de cidadão como todos os outros.

Após anos de tramitação, em 06 de abril 2001 foi aprovada a Lei 10.216 de Paulo Delgado, que buscava realizar um tratamento mais humanizado, transformando os antigos

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modelos de tratamentos aos pacientes em portadores de sofrimento mental num novo estatuto social para o louco, mostrando-o que o mesmo é capaz de viver em sociedade e que a internação deve ser o último recurso, levando-o a estar próximo aos outros com respeito, dignidade e, acima de tudo, com propostas de privilegiar o convívio do paciente com a família (CARVALHO, 2009).

Com o objetivo de ampliar a perspectiva do Movimento da Luta Antimanicomial (que objetiva agregar maiores parcelas da sociedade em torno de uma só causa), é instituído o dia 18 de maio como Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que busca chamar a sociedade para discutir e reconstruir sua relação com o louco e com a loucura (CARVALHO, 2009).

De acordo com Carvalho (2009), nos anos 1990 ocorreu a criação e consolidação de propostas como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS) e Lares Abrigados.

O CAPS, por ser um dos serviços mais utilizados pelo público que necessita ajuda psicológica e psiquiátrica, se constitui num serviço que objetiva evitar internações, acolher os egressos dos hospitais psiquiátricos, oferecer um atendimento intensivo para portadores de doença mental, com uma filosofia nova de atendimento em saúde mental, e principalmente, oferecer a estes indivíduos o direito a uma vida digna com tratamento intensivo.

Quanto aos manicômios judiciários, ainda há grandes desafios para reforma quanto a este quesito. É relativamente recente a discussão acerca do manicômio judiciário. No entanto, conforme o Ministério da Saúde (2005), estima-se que cerca de 4.000 cidadãos brasileiros estejam hoje internados compulsoriamente em dezenove Hospitais de Custódia e Tratamento ou Manicômios Judiciários distribuídos no país. Ainda, importante ressaltar que estes hospitais, não sendo geridos pelo SUS, mas por órgãos de justiça, não estão submetidas às normas gerais de funcionamento do SUS, ou ao Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar Psiquiátrica. Em razão disso, são frequentes as denúncias de maus tratos e óbitos nestes estabelecimentos.

Entretanto, com a publicação da Lei 10.216, a reforma vem mostrando mudanças práticas no tratamento do louco infrator de forma inequívoca. A análise crítica dos conceitos de inimputabilidade, medida de segurança e periculosidade, e a busca de um modelo de

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tratamento modificado são resultados dessa mudança. Desde então, o Ministério da Saúde tem um papel fundamental, uma vez que apoia tratamentos extra hospitalares e ajudas nos Centros de Atenção Psicossocial, como um instrumento de grande eficiência para o doente mental. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

Dessa forma, as expectativas acerca da cessação da periculosidade como critério para a desinstitucionalização dos pacientes, e a rede extra hospitalar de saúde mental, além do CAPS, passa a ser convocada para o tratamento do cidadão. Sem dúvida este é um grande passo, sobretudo pela luta a uma assistência digna à saúde pública para um grupo social que há séculos é vítima de exclusão e violência.

Por fim, a contribuição que o movimento antimanicomial pode dar ao Direito Penal é mostrar que a pena privativa de liberdade ou a mera internação compulsória não são suficientes no caso do psicopata. Ele precisa de medidas que levem em consideração suas particularidades e que ajam no sentido de “tratá-lo” com respeito à dignidade humana e não apenas no sentido de “segregá-lo”.

Trancafiá-los num hospital de tratamento, sem haver um tempo mínimo de permanência, fere o princípio da Luta Antimanicomial que é a inclusão do indivíduo na sociedade, dando a ele visibilidade e garantindo-lhe um tratamento digno. Sem estas observações, corre-se o risco de retrocessos a práticas antigas, que já demonstraram total incapacidade para lidar com tal problema.

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CONCLUSÃO

Chegar nos dias de hoje entendendo que determinado indivíduo é culpável - por saber da antijuricidade de sua conduta - e mesmo assim cometer o referido delito, havendo a possibilidade de não prosseguir por esse caminho, é um grande avanço histórico.

A imputabilidade então, tratou de centralizar no estudo de determinados indivíduos criminosos, tendo como objetivo verificar se todos os elementos necessários para considerá-los imputáveis estarão presentes. Assim, como já visto nesta monografia, imputabilidade é a regra, enquanto a inimputabilidade é a exceção.

No entanto, o legislador viu por bem elencar em seu artigo 26 do Código Penal, a inimputabilidade. Ressaltar o tratamento diferenciado que se dá aos inimputáveis é de suma importância, uma vez que tais indivíduos, acometidos pela doença mental, são incapazes de ao tempo da ação, ter plena consciência da ilicitude de sua conduta, e de se autogovernar-se perante isso.

Determinou, ainda, em seu parágrafo único, os semi-imputáveis. – que não são totalmente insanos, mas que ao tempo de sua ação, são incapazes de verificar a ilicitude de sua ação, em virtude de sua doença mental, e por tal incapacidade, comete determinado crime. Neste caso, o juiz terá a possibilidade de optar que seja aplicada a medida de segurança ou condenar em uma pena reduzida.

É neste momento que se percebe a importância de uma interdisciplinaridade do Direito com a Psicologia, para que se verifique as circunstâncias que levam um indivíduo a cometer crimes e a possibilidade de se autodeterminar perante isso. Esta relação entre as duas áreas tem sido cada vez mais necessária. Estudar a personalidade do criminoso, além dos elementos

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sociais e morais, em que os doutrinadores mais focam seus estudos, torna-se essencial diante de uma sociedade que desconhece seus criminosos, com exceção do “condenado clássico” (negros de baixa renda). E o fato de que qualquer indivíduo que comete crimes pode ser um psicopata é completamente ignorado pelo Direito Penal Brasileiro.

A lacuna encontrada em relação à psicopatia no desenvolvimento deste trabalho é enorme. Conforme visto, não há nenhuma lei específica e poucos artigos que tratem de tais indivíduos, seja para determinar laudos psiquiátricos (PCL-R de Hare, ou outro instrumento para a mesma finalidade), ou para aplicar a sanção mais adequada, que vise, essencialmente, a recuperação do indivíduo.

Além do mais, considerando as particularidades dos psicopatas, aliados ao fato da precariedade dos sistemas psiquiátricos e penitenciários, o magistrado se vê num dilema. É aí que vem a grande questão: o que fazer com um indivíduo criminoso considerado psicopata? Pode ele ser imputável, inimputável ou semi-imputável?

Muitas dessas indagações que não são resolvidas nem pelos estudiosos do tema, muito menos serão na prática. Assim, sentenciar um psicopata a uma pena de reclusão, mesmo que à uma pena diminuída, seria a medida mais improdutiva a ser tomada, e no que se refere ao tratamento ambulatorial, este também se mostra desaconselhável. Resta assim, a medida de segurança em forma de internação do psicopata, mesmo que seja difícil a cessação de sua periculosidade, receberá todo suporte e tratamento de forma digna.

Entretanto, cada situação há de ser analisada minuciosamente, e é por isso que o presente trabalho destaca a importância da realização de um estudo clínico eficiente, denominado de PCL-R. Este é um método inovador, capaz de identificar psicopatas e elencar o grau de periculosidade, e consequentemente a medida mais indicada. O magistrado precisa se valer de laudos confiáveis, portanto necessário se faz um estudo, seja no percurso do processo, ou já no cumprimento da pena.

Apesar de os índices de reincidência já ter sido mostrado, a política criminal brasileira parece ignorar estes fatos e aplicar as mesmas normas e tratamento dos criminosos comuns aos psicopatas, sem se quer questionar a efetividade de tal aplicação, uma vez que foi

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demonstrado as características dos psicopatas e as possibilidades de ressocialização são quase nulas.

Por fim, o tópico estudado acerca do Movimento Antimanicomial, pode-se empreender que para haver mudanças no tratamento do doente mental, é necessário trabalhar tanto com o paciente, quanto com sociedade, em que consiste em essa sociedade construir uma nova atitude em relação aos indivíduos portadores de qualquer anomalia. Com isso, a reforma psiquiátrica passa a ser a resposta social ao problema da loucura, não sendo a asilar.

Ainda há muito que ser estudado acerca de um modelo ideal de tratamento a esses indivíduos, mas já é um grande passo em direção a projetos mais avançados que abordam cada vez mais o problema do paciente sem acabar com sua liberdade e ferir seus princípios.

Isto posto, a presente pesquisa, que em nenhum momento pretendeu esgotar todo o tema, sendo que ainda há muito a ser lido e estudado, concluiu que a figura do psicopata no ordenamento jurídico é quase nula. Deste modo, uma pesquisa séria e focada faz-se necessária para darmos um tratamento adequado e uma resposta eficiente a esses indivíduos.

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