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Mudanças tecnológicas e sociais e suas interferências nos processos de gestão de grupos de comunicação s

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESENVOLVIMENTO GESTÃO EMPRESARIAL

FELIPE RIGON DORNELES

MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS E SUAS INTERFERÊNCIAS NOS PROCESSOS DE GESTÃO DE GRUPOS DE COMUNICAÇÃO

IJUÍ 2014

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FELIPE RIGON DORNELES

MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS E SUAS INTERFERÊNCIAS NOS PROCESSOS DE GESTÃO DE GRUPOS DE COMUNICAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento, na linha de pesquisa Gestão Empresarial, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento.

Orientadora: Profa. Dra. Lurdes Marlene Froemming

IJUÍ 2014

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D713m Dorneles, Felipe Rigon.

Mudanças tecnológicas e sociais e suas interferências nos processos de gestão de grupos de comunicação / Felipe Rigon Dorneles. – Ijuí, 2014. –

112 f. : il. ; 29 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientador: Lurdes Marlene Seide Froemming”.

1. Tecnologia. 2. Gerações etárias. 3. Comunicação. 4. Estratégia.

I. Froemming, Lurdes Marlene Seide. II. Título. CDU: 316.454.5:004 Catalogação na Publicação Frederico Teixeira CRB10/2098

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS E SUAS INTERFERÊNCIAS NOS

PROCESSOS DE GESTÃO DE GRUPOS DE COMUNICAÇÃO

elaborada por

FELIPE RIGON DORNELES

como requisito parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Lurdes Marlene Seide Froemming (UNIJUÍ): _____________________________

Profa. Dra. Bibiana de Paula Friderichs (UPF): _____________________________________

Prof. Dr. Jorge Oneide Sausen (UNIJUÍ): _________________________________________

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“O meio é digital. A vida, ainda é analógica” (C.S.).

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha esposa Renata, aos meus pais, Antonio Cesar e Cléia, e a meus amigos e familiares que me apoiaram nesta caminhada.

Também, a todos os profissionais da área do jornalismo, que há décadas lutam por uma valorização profissional, mediante a um mundo de mudanças.

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AGRADECIMENTOS

O processo de desenvolvimento de uma dissertação só é possível a partir de uma pré-determinação de seu autor. Porém, ele não consegue passar por todas as dificuldades e superar todas as barreiras sozinho. Desta forma, meus agradecimentos também são estendidos às mesmas pessoas às quais eu dedico este estudo:

Minha esposa Renata, que acompanhou todos os processosdo Mestrado, ao qual ela também experimenta atualmente, no desenvolvimento de sua dissertação, no mesmo Programa de Pós-Graduação. Agradeço pela atenção, troca de experiência e ajuda mútua que tornou o processo menos desgastante.

Aos meus pais, que desde a infância incentivaram e destacaram a importância em estudar. Minha mãe, Cléia, que me fez vivenciar um desconhecido Mestrado, quando ela passava por esta experiência, e a trazer-me o gosto pela docência. Meu pai, Cesar, que sempre deixou transparente seu orgulho, admiração e apoio, quando, antes de entrar no Mestrado, acompanhou-me nas experiências como aluno especial. Agradeço também aos meus familiares, meu irmão Vinicius, e amigos, que de uma forma ou outra viveram um pouco desta experiência.

Um agradecimento especial para minha orientadora Lurdes Froemming, que desde o primeiro contato nas aulas de Marketing já demonstrava sua humildade e carisma, compatíveis com seu conhecimento e paixão por ensinar. O respeito pelos meus desejos de investigação e a orientação para uma qualificação detalhada deste trabalho foram fundamentais para este resultado final. Da mesma forma, agradeço os aprendizados sobre estratégia do professor Sausen, e as contribuições da minha formação base, jornalismo, da professora Bibiana, banca de defesa da dissertação.

Agradeço aos demais professores do Programa e aos inesquecíveis colegas Betina, Benísio, Marise e Andréia, que deixaram o Mestrado ainda mais interessante edivertido. Também, à Universidade que, quando comecei os estudos, abriu-me as portas para iniciar minha carreira no magistério superior. É quando também agradeço aos colegas do DACEC e aos meus alunos, pela troca de experiências e incentivo à permanência nesta carreira.

A participação dos jornalistas, sujeitos desta pesquisa, foi fundamental. Agradeço aos meus colegas do Correio do Povo e aos colegas de profissão, da Zero Hora, em destinar parte de seu tempo para conversar sobre tecnologias e gerações. Foi uma semana de muita troca de experiências e aprendizagem sobre os processos de produção de conteúdo em grupos de comunicação.

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RESUMO

As revoluções tecnológicas e a evolução das gerações têm ocasionado mudanças significativas nos processos de produção em organizações. As mudanças ocorrem em uma velocidade cada vez mais rápida e, por isso, exigem ações por parte das organizações que, muitas vezes, não conseguem executá-las de forma estratégica ou planejada. O tema deste estudo compreende o impacto das revoluções tecnológicas e das gerações nas organizações, relacionado à formulação de estratégias e mudanças organizacionais. A pesquisa de campo exploratória desenvolve-se através de um estudo de caso múltiplo, com abordagem qualitativa. Busca-se analisar os cenários de mudança nos processos de produção de veículos impressos eonline do Grupo RBS e do Grupo Record-RS, objetos deste estudo. A partir de entrevistas em profundidade com colaboradores que participam dos processos de produção, observa-se que as mudanças têm impactado não apenas nos processos, mas também nos produtos resultados dos mesmos. Os equipamentos tecnológicos, as gerações etárias e a participação do consumidor no processo de produção apresentaram-se como importantes fatores de mudanças nos processos de produção. As organizações não conseguem formular estratégias deliberadas que, em grande parte, são emergentes, já que ocorrem depois que as mudanças chegaram. Nenhuma estratégia é puramente deliberada ou puramente emergente, o importante é que as organizações de comunicação entendem a importância de sua formulação, mediante a um cenário instável e precisam estar aptas à mudança.

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ABSTRACT

The technological revolutions and the evolution of the generations have caused significant changes in production processes in organizations. The changes occur in an increasingly fast speed and therefore require some actions by organizations which they often can’t run strategically or planned. The subject of this study includes the impact of technological revolution and of the generations in the organizations, regarding the formulation of strategies and organizational changes. The exploratory fieldwork is developed by a multiple case study with a qualitative approach. It aims at analyzing the changing scenarios in production processes of printed and on-line vehicles of the RBS Group and the Record Group RS, both objects of this study. From in-depth interviews with employees, who participate in the production process, it is observed that the changes have impacted not only on process, but also on products resulting from them. The technological equipment, the generations age and the consumers’ involvement in the production process were presented as important factors of changes in production processes. Organizations cannot formulate deliberate strategies which, in large part, are emerging since they started after the changes. No strategy is purely deliberate or purely emergent, the important thing is media organizations understand the importance of its formulation on an unstable scenario, and they need to be able to change.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Grupos de Gerações...29

Quadro 2 – Classificação dos sujeitos...53

Quadro 3 – A percepção das mudanças tecnológicas em cada grupo de comunicação...69

Quadro 4 – A percepção das mudanças tecnológicas em cada plataforma de informação...71

Quadro 5 – A percepção das mudanças tecnológicas em cada ocupação nas redações...72

Quadro 6 – A percepção das mudanças tecnológicas por cada grupo de gerações...73

Quadro 7 – As gerações em cada grupo de comunicação...84

Quadro 8 – As gerações em cada plataforma de informação...85

Quadro 9 – As gerações e as ocupações nas redações...85

Quadro 10 – As manifestações dos grupos de gerações sobre as próprias e as demais gerações...86

Quadro 11 – Osprosumers em cada grupo de comunicação...93

Quadro 12 – Os prosumers e as plataformas de informação...93

Quadro 13 – Os prosumers e as ocupações nas redações...94

Quadro 14 – Os prosumers e as gerações...94

Quadro 15 – O futuro em cada grupo de comunicação...99

Quadro 16 – O futuro e as plataformas de informação...100

Quadro 17 – O futuro e as ocupações nas redações...100

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Perspectivas genéricas sobre estratégias...38

Figura 2 – Tipos de Estratégias...39

Figura 3 – Tipologia associada à adaptação organizacional...44

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...13

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO...15

1.1 APRESENTAÇÃO E DELIMITAÇÃO DO TEMA... 15

1.2 PROBLEMA...15 1.3 OBJETIVOS...16 1.3.1 Objetivo geral...16 1.3.2 Objetivos específicos...16 1.4 JUSTIFICATIVA...17 2 REFERENCIAL TEÓRICO...19

2.1 REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS, GERAÇÕES E SOCIEDADE...19

2.1.1 As revoluções tecnológicas...19

2.1.2 As tecnologias da comunicação...23

2.1.3O desenvolvimento das gerações...26

2.1.4A colaboração em massa...33

2.2 ESTRATÉGIA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL... 37

2.2.1 Conceitos de estratégia...37 2.2.2 A estratégia na comunicação...45 3 METODOLOGIA...48 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA...48 3.2 OBJETO DE ESTUDO...49 3.3 SUJEITOS DA PESQUISA...50 3.4 COLETA DE DADOS...50 3.5 APRESENTAÇÃODOS DADOS...51

4 OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO NO GRUPO RBS E GRUPO RECORD RS...55 4.1 TECNOLOGIAS...55 4.1.1 Grupos de comunicação...69 4.1.2 Plataformas...70 4.1.3Ocupações...71 4.1.4 Grupos de gerações...72 4.2 GERAÇÕES...73 4.2.1 Grupos de comunicação...84

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4.2.2 Plataformas...85 4.2.3Ocupações...85 4.2.4 Grupos de gerações...86 4.3 PROSUMERS...87 4.3.1 Grupos de comunicação...92 4.3.2 Plataformas...93 4.3.3Ocupações...94 4.3.4 Grupos de gerações...94 4.4 FUTURO... 95 4.4.1 Grupos de comunicação...98 4.4.2 Plataformas...99 4.4.3Ocupações...100 4.4.4 Grupos de gerações...101 CONSIDERAÇÕES FINAIS...105 REFERÊNCIAS...107 APÊNDICES...110

Apêndice A – Carta de Apresentação...111

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INTRODUÇÃO

A tecnologia faz parte da vida da população. A população sempre foi classificada a partir de grupos. A tecnologia e os grupos de pessoas têm se transformado em uma velocidade cada vez mais rápida, trazendo mudanças na sociedade e nas organizações. A sociedade e as organizações buscam, de forma planejada ou não, encontrar estratégias para conviver neste cenário de instabilidade.

O foco deste trabalho é identificar estas transformações nos processos de produção de conteúdo1 em grupos de comunicação2, mais especificamente, nos jornais impressos e sites de notícias Zero Hora e Correio do Povo. Com estes objetos de estudo possibilita-se a identificação do comportamento das organizações mediante as mudanças, a partir de um olhar da gestão estratégica.

As mudanças tecnológicas e de perfis de gerações de pessoas modificam os processos nestes grupos. Esta mudança nos processos traz consequências positivas e negativas. Os grupos de comunicação precisam minimizar o impacto negativo e potencializar os positivos. A estratégia surge como forma de minimizar as dificuldades de adaptação às mudanças no ambiente, já que emerge da resposta a uma oportunidade do mesmo.

O estudo compreende a investigação do impacto das revoluções tecnológicas e das gerações nas organizações, relacionada à formulação de estratégias e mudanças organizacionais. A partir deste contexto, busca-se analisar o cenário e proporcionar sugestões para que as organizações se desenvolvam neste ambiente.

A estrutura da presente dissertação compreende quatro partes partindo desta introdução. A primeira parte compreende a contextualização do estudo. É apresentado e delimitado o tema, o problema, os objetivos e a justificativa em realizar tal abordagem.

A segunda apresenta o referencial teórico em dois subcapítulos: o primeiro apresenta uma análise histórica das revoluções tecnológicas, das tecnologias da informação e da evolução do perfil das gerações; o segundo traz um diálogo entre os principais teóricos que estudam os processos de formulação de estratégias em organizações. Também se realiza uma

1

Este estudo definirá conteúdo a partir da conceituação de Mazzoni e Torres (2004), que entendem conteúdo como uma informação apresentada na forma digitalizada - que é como ocorre hoje nos grupos de comunicação - e organizada para transmitir informação e/ou conhecimento. Conteúdo são notícias, reportagens ou ainda matérias jornalísticas, porém, produzidas em texto, fotografia, áudio ou vídeo e disponibilizadas na Internet.

2

São empresas na área da comunicação que produzem e distribuem informação e/ou conhecimento através de veículos de comunicação: emissora de televisão, rádio, jornal impresso, revista, site de notícias ou, ainda, dispositivos móveis.

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reflexão acerca das estratégias especificamente na área da comunicação, já que os objetos deste estudo são dois grupos de comunicação. A metodologia adotada para este estudo é apresentada na terceira parte.

A quarta parte aborda os processos de produção de conteúdo em jornais e sites de notícias dos dois maiores grupos de comunicação do Estado do Rio Grande do Sul: Grupo RBS e Grupo Record-RS, mais especificamente nos jornais e sites de notícias: Zero Hora e Correio do Povo, analisando as mudanças e estratégias adotadas diante de um cenário de instabilidade causado pelas tecnologias e pelas gerações. O estudo apresenta também as considerações finais sugerindo novas abordagens acerca deste tema.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Este capítulo da Dissertação apresenta e delimita o tema escolhido para pesquisa. Também são apresentados: a problemática, os objetivos e a justificativa da investigação proposta.

1.1 APRESENTAÇÃO E DELIMITAÇÃO DO TEMA

As revoluções tecnológicas e a evolução das gerações de pessoas têm ocasionado mudanças na sociedade e na gestão das organizações. Um novo cenário torna-se desafiador para as organizações, que precisam repensar seus processos produtivos frente a estas evoluções. Os meios de comunicação, que têm responsabilidade no desenvolvimento das sociedades, também passam por estas mudanças e percebem os consumidores como agentes nos sistemas de produção, os quais têm sido denominados de prosumers.

Peter Drucker, precursor no estudo dos processos de revolução tecnológica oferece alguns antecedentes históricos para explicar seus impactos na sociedade e nas organizações. Drucker (2001) afirma que o comportamento das sociedades e a atuação das organizações ocorrem a partir de revoluções tecnológicas. O autor apresenta dois marcos para esta discussão: a revolução industrial, com a mecanização da produção de mercadorias, e a revolução da informação, com a colaboração em massa e as transformações dos modos de produção. No que se refere às gerações, autores como Lombardía (2009) e Tapscott (2010) apontam que o avanço tecnológico foi acompanhado de uma série de mudanças no comportamento das gerações.

Para verificar o comportamento desses dois conjuntos, define-se o tema deste estudo como: o avanço tecnológico no setor de comunicação e suas relações com as novas gerações.

1.2 PROBLEMA

Como em qualquer processo produtivo, a produção de conteúdo em grupos de comunicação também é suscetível a mudanças. Dizard (2000) apresenta uma nova mídia3, crescentemente e interativa. Esta nova mídia é resultado de revoluções tecnológicas e da consequente mudança nos perfis de gerações. Hoje, os consumidores escolhem quais recursos

3

O estudo classifica nova mídia a partir do entendimento de Dizard (2000), que entende a mesma como uma nova plataforma para produção e distribuição de informação a partir do surgimento da Internet.

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da informação e entretenimentos desejam, quando os querem e sob qual forma. Este cenário traz dificuldades no sistema de produção dos grupos de comunicação, que mantêm jornais impressos e digitais e ainda precisam se adequar às mudanças, que são constantes.

Os grupos de comunicação investigados neste estudo são Grupo RBS e Grupo Record- RS, ambos com atuação no Estado do Rio Grande do Sul. Os grupos possuem marcos históricos que revelam suas adaptações a partir de revoluções tecnológicas e evolução das gerações.

As duas organizações são responsáveis pela maior parte do conteúdo gerado no Estado do Rio Grande do Sul. A tradição da atuação se dá através dos jornais impressos Zero Hora e Correio do Povo, que hoje transferem suas plataformas para o meio digital. Os grupos possuem forte inserção em todas as regiões do Estado, levando informações para as comunidades, o que contribui com os processos de desenvolvimento regional.

A transição da atuação dos grupos do meio impresso ao meio digital, só foi possível a partir de revoluções tecnológicas e das gerações, as quais acompanham as mudanças na sociedade e nos próprios grupos e comunicação. Ao referir-se ao desenvolvimento, a transição possibilitou que as informações chegassem de forma mais rápida, envolvendo a população nos processos de produção de conteúdo, que traz benefícios a elas próprias.

Assim, este estudo busca identificar de que forma as organizações na área da comunicação – Grupo RBS e Record-RS, estão formulando estratégias de produção de conteúdo, levando em consideração as revoluções tecnológicas e evolução das gerações de pessoas.

1.3. OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

O estudo investiga como as revoluções tecnológicas e as novas gerações etárias estão influenciando os modos de produção de conteúdo em grupos de comunicação - Grupo RBS e Grupo Record-RS - nos meios impressos e online.

1.3.2 Objetivos específicos

a) Identificar os novos recursos ofertados pelas revoluções tecnológicas e as mudanças consequentes nos processos de gestão e produção dos grupos de comunicação;

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b) Identificar as mudanças de comportamento das gerações de pessoas – de

baby-bommers à geração Z – e sua atuação nos grupos de comunicação, na visão das

empresas;

c) Investigar o processo de formulação de estratégia de produção de conteúdo adotada pelas empresas, a partir das mudanças causadas pelo ambiente (tecnologias e evolução do perfil das gerações);

d) Investigar a interferência dos prosumers nos grupos de comunicação;

e) Identificar como as organizações estão se preparando para as próximas mudanças, a partir do contexto do ambiente.

1.4 JUSTIFICATIVA

O avanço tecnológico, desde a Revolução Industrial, tem revolucionado o comportamento da sociedade atual. O surgimento do computador, da Internet e das novas mídias, fez com que a sociedade transformasse seus modos de pensar, de agir e comunicar-se. Uma nova cultura aliada ao uso da Internet, da nova mídia, facilitou o acesso das pessoas às informações. Segundo Dizard (2000), uma nova mídia, a Internet, é crescente e interativa, permitindo aos consumidores escolher quais recursos da informação e entretenimentos desejam, quando os querem e sob qual forma. Para o autor, a nova mídia afetou diretamente outras mídias recentes como a televisão e o rádio. Há diversas razões para essa mudança, mas o mais importante é que a televisão e os demais veículos clássicos de comunicação estão sendo desafiados pela Internet e por outras tecnologias que oferecem opções mais amplas de serviço de informação e entretenimento.

Os veículos de comunicação são organizações que produzem conteúdo e apresentam mudanças significativas em seu processo de produção, consequente do avanço tecnológico e das gerações etárias. Devido a este cenário que se busca identificar como ocorrem e quais são estas mudanças nas organizações atuais.

A investigação torna-se relevante no momento em que se faz necessário registrar o atual cenário composto pelo momento tecnológico, das gerações e da atuação das organizações no que se refereà produção de conteúdo. As mudanças seguem, e de forma mais acelerada, possibilitando novas investigações.

No momento em que os meios de comunicação possuem participação no processo de desenvolvimento das regiões, percebe-se a pertinência de um Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento - que também busca, através de uma reflexão crítica, alternativas que possam contribuir para um processo de desenvolvimento sustentável - propor um estudo que

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investigue como, mediante as revoluções tecnológicas e as novas gerações que chegam, os meios de comunicação produzem seus processos de desenvolvimento em um contexto macro.

A pertinência torna-se clara quando a academia busca resgatar a história dos meios de comunicação, apresentando as mudanças nos processos de produção a partir das tecnologias e das gerações, para então, aplicar técnicas de produção de conteúdo para futuros profissionais. Também, em um momento onde se percebe a aplicação das teorias, estratégias em organizações de diversos segmentos.

Para as organizações, o estudo torna-se importante no momento em que se sente a dificuldade em se manter em um ambiente de mudanças rápidas e frequentes. O cenário dificulta a formulação de estratégias e, por isso, apresentam-se neste estudo dois casos, para então, apresentar sugestões de formulação de estratégia.

Este tema busca instigar pesquisadores em estudos nesta área, uma vez que se entende que as mudanças são permanentes e, a cada evolução tecnológica e de gerações, novos desafios surgem para as organizações. Percebe-se ainda, que a academia tem o papel de investigar situações reais e contrapô-las com concepções teóricas.

O estudo está inserido em uma linha de pesquisa voltada à Gestão de Organizações e Desenvolvimento, o que torna pertinente a investigação das estratégias e mudanças organizacionais. Como pesquisador da área da comunicação, marketing e gestão, identifica-se a oportunidade de investigar os processos de mudanças na área da comunicação, a partir de um olhar estratégico de gestão.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta um histórico das duas grandes revoluções que guiam este estudo: a tecnológica e das gerações. Apresenta também as principais discussões teóricas sobre o impacto das mesmas na sociedade e organizações, identificando um novo processo de produção, fundamentado na colaboração. Em um segundo momento, discute-se conceitos de estratégias, buscando identificar de que forma elas são possíveis mediante a um cenário de instabilidade.

2.1 REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS, GERAÇÕES E ORGANIZAÇÕES

Sabe-se que as revoluções tecnológicas e a evolução das gerações trouxeram e trazem consequências para a sociedade e para as organizações. Além de analisar estes processos de evolução e suas consequências, este estudo deve identificar este cenário na área da comunicação.

Resgatam-se os equipamentos utilizados na produção de conteúdo desde o surgimento do primeiro veículo de comunicação, o jornal impresso. Novos veículos surgiram, sempre intensificando a participação do consumidor nos processos de produção. Esta prática resultou em uma nova forma de produção, baseada na colaboração e no prosumer, o consumidor produtor.

2.1.1 As revoluções tecnológicas

O comportamento das sociedades e a atuação das organizações ocorrem, tradicionalmente, a partir de revoluções tecnológicas. Drucker (2001) traz como marcos para esta discussão, a Revolução Industrial, com a mecanização da produção de mercadorias, e a Revolução da Informação, com a colaboração em massa e as transformações dos modos de produção.

Estas duas revoluções têm como principal diferença o veículo, que proporcionou as mudanças na sociedade e nas organizações. Drucker, ao estudar os emergentes processos de revolução tecnológica, na época já identificava que, o que a ferrovia foi para a Revolução Industrial, o computador foi para a Revolução da Informação.

A ferrovia foi o elemento realmente revolucionário da revolução industrial. Não só criou uma nova dimensão econômica, como também mudou rapidamente o que eu chamaria de geografia mental. Pela primeira vez na história os seres humanos realmente tinham mobilidade. Pela primeira vez os horizontes das pessoas comuns se expandiam. Os contemporâneos imediatamente perceberam que ocorrera uma mudança fundamental de mentalidade (DRUCKER, 2001, p.90).

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A Revolução da Informação é considerada como uma Revolução do Conhecimento. Drucker (2001) identifica já no início da configuração da nova tecnologia, que o impacto da Revolução da Informação estava apenas começando. Mas o precursor nos estudos das revoluções tecnológicas destacou que a força motriz desse impacto não era a informática, a inteligência artificial, o efeito dos computadores sobre a tomada de decisões ou sobre a elaboração de políticas e estratégias. É algo que praticamente, em 2001, ninguém previu nem mesmo se comentava há 10 ou 15 anos: o comércio eletrônico – o aparecimento explosivo da Internet como um canal importante, talvez principal, de distribuição mundial de produtos, serviços e, surpreendentemente, de empregos de nível gerencial.

O autor acreditava que a Revolução da Informação estava no início do século XX ,no ponto em que a Revolução Industrial estava no início da década de 1820, cerca de 40 anos depois da primeira aplicação da máquina a vapor. Uma das principais diferenças é o tempo que as mudanças levam para ocorrer.

Essa nova realidade está modificando profundamente economias, mercados, e estruturas setoriais; os produtos e serviços e seu fluxo; a segmentação, os valores e o comportamento dos consumidores; o mercado de trabalho. O impacto, porém, pode ser ainda maior nas sociedades e nas políticas empresariais e, acima de tudo, na maneira como encaramos o mundo e nós mesmos dentro dele (DRUCKER, 2001, p.86).

Araújo e Sachuk (2007) apresentam implicações das revoluções tecnológicas nos sentidos do trabalho, que para os indivíduos inseridos nas organizações contemporâneas e suas implicações na constituição do sujeito, é um desafio importante, bem como, para os administradores. Mas, também para todos aqueles que direta ou indiretamente estão ligados às organizações de trabalho, principalmente quando se verifica que as transformações no mundo do trabalho são paradoxais.

Os autores destacam a aceleração e a diversidade das transformações do mundo do trabalho, sobretudo, aquelas concernentes à introdução de novas tecnologias de produção, tais como: a informatização, a automação, os novos modelos de gestão e as novas possibilidades de produtividade. É o que ocorre nos grupos de comunicação que, a partir de novas tecnologias de produção, precisam adequar-se a estes processos e, ainda, adequar-se ao trabalho junto de gerações distintas à sua, que possuem habilidades mais compatíveis aos novos recursos.

As reflexões dos pesquisadores concentram-se na importância dessas transformações para uma mudança acentuada na forma de conceber o trabalho, que caracterizaria o

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surgimento de novos paradigmas, redefinindo o lugar do trabalho na vida da sociedade e de cada indivíduo e, alternando, sobremaneira, os sentidos atribuídos ao trabalho e a forma de geri-lo no interior das organizações contemporâneas.

Na mesma linha de pensamento, Toffler (1980), explica que a humanidade passou por três grandes ondas de mudanças, cada uma obliterando extensamente culturas ou civilizações e substituindo-as por modos de vida inconcebíveis para os que vieram antes. Em 1980, o autor já identificava uma nova onda de mudanças: “uma fase agrícola, a Primeira Onda; uma fase industrial, a Segunda Onda; e a fase que começa agora, a Terceira Onda” (TOFFLER, 1980, p.18).

Toffler (1980) faz uma crítica ao modo de como o futuro era percebido pela maioria das pessoas. O autor entendia que as pessoas tinham dificuldades em imaginar um modo de vida diferente do que se tem hoje.

Acham difícil imaginar um modo de vida verdadeiramente diferente para eles, quanto mais uma civilização totalmente nova. Naturalmente, reconhecem que as coisas estão mudando. Mas acham que as mudanças de hoje passarão de algum modo e nada abalará a estrutura econômica familiar e a estrutura política. Esperam confiantes que o futuro continuará o presente (TOFFLER, 1980, p. 25).

Araújo e Sachuk (2007) fazem menção ao feudalismo, onde o servo era taxado duplamente: de um lado, quando obrigado a trabalhar alguns dias da semana para o senhor e, de outro, quando, ao trabalhar para o seu sustento, era obrigado a lhe dar parte da produção. O servo pagava uma série de ‘impostos’ como pelo uso do moinho, pelo casamento, etc. Desta forma, surge o conceito de cooperação, de colaboração, o que, no contexto tecnológico atual, conceitua-se de prosumers. Este conceito é um novo fator que passa a interferir nos processos de produção das organizações.

A cooperação surge, então, quando se tem a união de vários trabalhadores num mesmo local de trabalho. Do ponto de vista do capital, é mais barato construir uma oficina que agrupa vinte trabalhadores do que construir dez oficinas para dois trabalhadores. Esses trabalhadores coletivos, numa ação combinada, demonstram, atuando em grupo, mais habilidade, mais força, mais destreza, mais rapidez, enfim, num esforço coletivo, “[...] num mesmo processo de produção ou em processos de produção diferentes, mas conexos” (Marx, 1982:374) (ARAÚJO E SACHUK, 2007, p.59).

Para Tapscott (2010), o conceito deprosumers não é novo. Surgiu por volta da década de 1970, quando Marshall McLuhan apresentou a ideia. Na década de 1980, Alvin Tofller cunhou o termo, que mais tarde, em 1995, foi refinado pelo próprio Don Tapscott, no livro: a Economia Digital.

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Esse conceito se tornou tão forte que Anthony Williams e eu dedicamos um capítulo inteiro em Wikinomics. Em cada caso, a mensagem nas entrelinhas era a mesma: os avanços tecnológicos possibilitaram, no futuro, que o produtor e consumidor se fundissem. Mas essas eram ideias à espera de uma nova geração de consumidores que tivessem a inclinação e a habilidade para colocá-las em prática (TAPSCOTT, 2010, p. 251).

O autor destaca que a juventude dos dias atuais trata o mundo como um lugar de criação, e não apenas de consumo. O conceito de prosumers foi redefinido com o surgimento do canal internet e, a partir do comportamento das novas gerações que cresce e se desenvolve com esta nova mídia. Como este estudo busca identificar o impacto desta mudança e como as organizações beneficiam-se desta prática, mediante as revoluções tecnológicas e desenvolvimento das gerações, mais definições de prosumers serão abordadas ainda neste capítulo da dissertação.

Castells (2003) apresenta a ideia de que, como com nossos antepassados, que tiveram suas vidas transformadas pela Revolução Industrial, também hoje, o sentimento, muitas vezes, é o de estar à deriva em um mundo tornado imprevisível e surpreendente por outra Revolução, agora a digital, e pela nova organização social dela decorrente, a sociedade em rede.

Redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura. Embora a forma de organização social em redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo paradigma de tecnologia da informação fornece a base material para sua expansão penetrante em toda a estrutura social (CASTELLS, 2003, p.565).

Nicolaci-da-Costa (2002) traz a concepção sobre o antes e o depois das revoluções tecnológicas. A autora diz que um contato com o antes de determinada tecnologia, torna fácil perceber as transformações por ela geradas no depois.

Quem não sabe, antes da energia elétrica, a família se reunia ao redor do piano? Quem desconhece que, depois da energia elétrica, o piano foi substituído pelo rádio e, ainda mais recentemente, pela televisão? ... Não parece haver dúvidas de que nossos comportamentos e hábitos podem sofrer alterações em função do desenvolvimento de novas tecnologias (NICOLACI-DA-COSTA, 2002, p.193).

Nesta perspectiva, Castells (2003) define duas revoluções industriais: a desencadeada no final do século XVIII pela descoberta da energia a vapor e, aquela gerada na segunda metade do século XIX, pela invenção da energia elétrica. Segundo ele, entre as duas há muitas diferenças que, pelo próprio fato de serem cruciais, ressaltam os aspectos que ambas têm em comum. O conceito de Nicolaci-da-Costa é similar a este, apresentado por Castells (2003).

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Todas têm em comum a aceleração sem antecedentes históricos, o fato de atuar no processo central de todos os processos (a energia, no caso das Revoluções Industriais, e a informação, no caso da Revolução das Tecnologias da Informação), a difusão por todo o sistema econômico e a penetração em todo o tecido social. Somente a segunda Revolução Industrial e a Revolução das Tecnologias da Informação, no entanto, tem em comum o fato de se basear em conhecimentos científicos. E somente a primeira Revolução Industrial e a Revolução das Tecnologias da Informação têm em comum o fato de gerar descontinuidades profundas mais variadas em setores da vida em sociedade (NICOLACI-DA-COSTA, 2002, p.194).

Castells (2003) instiga que as revoluções trazem novos espaços de vida, estilos de agir, viver, formas de vida de relacionamentos. Nicolaci-da-Costa (2002) acredita que ainda exista certo ceticismo em relação ao potencial transformador das novas tecnologias digitais e, principalmente, da Internet. Grande parte da população parece ver os novos desenvolvimentos tecnológicos como semelhantes a tantos outros que se presenciou ao longo do século XX. Não creem, portanto, que as novas tecnologias venham a ter consequências mais radicais do que aqueles que já fizeram parte do nosso dia a dia.

...diferentemente do que aconteceu com a Internet, mesmo as tecnologias de maior penetração no século XX (como o automóvel, o rádio, a televisão, os aviões, o cinema) não tiveram o poder de criar um espaço de vida no qual se desenrolam as mais variadas intenções e dramas humanos (NICOLACI-DA-COSTA, 2002, p.200).

Este cenário de instabilidade, decorrente de revoluções tecnológicas que acarretaram em mudanças nos modos de vida da população e das organizações, interferiu também no desenvolvimento e no comportamento das organizações da área da comunicação.

2.1.2 As tecnologias da comunicação

Assim como as novidades tecnológicas interferiram na economia, na sociedade e na cultura, trouxeram mudanças drásticas nos modos de produção de comunicação de massa. O mercado tem se tornado instável, com oportunidade e ameaças à vista.

Dizard (2000) menciona que as atuais mudanças são a terceira grande transformação nas tecnologias da mídia de massa nos tempos modernos. Segundo o autor, a primeira aconteceu no século XIX, coma introdução das impressoras a vapor e do papel de jornal mais barato; a segunda transformação ocorreu com a introdução da transmissão por ondas eletromagnéticas – com o rádio e a televisão; e a terceira transformação na mídia de massa envolve uma transição para a produção, armazenagem e distribuição de informação e entretenimento estruturadas em computadores.

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O jornal impresso, veículo tradicional de comunicação, pode-se afirmar que foi o que mais sofreu mudanças decorrentes de inovações tecnológicas. Como recurso básico e fundamental de produção de textos, as máquinas de escrever eram as companheiras dos jornalistas. Em meados da década de 1980,os computadores começaram a ser usados na produção.

Os jornais tomaram a dianteira ao introduzirem terminais de processadores de texto nas salas de redação, substituindo as máquinas de escrever. As matérias podiam ser escritas e editadas mais depressa e então enviadas eletronicamente para as oficinas de produção como parte de um processo contínuo acionado pelo computador. A computação nas salas de redação tornou-se mais sofisticada, com o correio eletrônico e recuperação de dados via Internet, acrescentados às capacidades convencionais de processamento de texto (DIZARD, 2000, p. 58).

Castells (2003) resgata que na década de 1980 os jornais impressos começaram a ser escritos e editados a distância, permitindo edições simultâneas, com a chegada dos computadores. E, as mudanças e facilidades nos modos de produção se replicavam para o rádio, televisão e fotografia. O consumidor, cada vez mais, participa do processo de produção de conteúdo.

O telefone foi o grande instrumento de conectividade que beneficiou os modos de produção de conteúdo em organizações de comunicação. Entrevistas e apuração passaram a ser realizadas de forma mais rápida, levando a informação ao consumidor também com mais agilidade.

Os jornais de antes da era moderna enviavam repórteres para as docas para coletar informações com os passageiros que desembarcavam dos grandes navios. Confiavam na correspondência trazida por esses navios, largura de banda ultramarina medida não em bits por segundo, mas em bits por semana. Se as notícias fossem atualizadas diariamente, eram rápidas (GLEICK, 2000, p. 72).

O fax foi outro equipamento que se tornou comum. Além de ser usado no envio de mensagens entre pessoas, servia como instrumento de distribuição de informação. Logo, substituído pelo scanner.

Mas, a Internet surge como um segundo grande marco tecnológico para os processos de produção de conteúdo em organizações de comunicação. Desde a década de 1970, a Internet era uma tecnologia em construção, até que, na década de 1990, surgiram os navegadores, mecanismos de busca e, consequentemente, a popularização da Internet. Castells (2001) afirma que os avanços tecnológicos que desencadearam na criação da Internet foram resultado do trabalho de instituições governamentais, universidades e centros de investigação. Aos poucos, o acesso era facilitado e agilizado.

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A mídia tradicional enfrenta mudanças dolorosas à medida que se adapta às tecnologias de ponta, às mudanças no público e os desafios da Internet e outros novos canais informatizados (DIZARD, 2000, p. 254).

Depois do surgimento do computador e da Internet, o surgimento de tecnologias posteriores a esta se tornou mais frequente. Os softwares de gerenciamento e produção de conteúdo, gráficos, infográficos, medição de audiência em tempo real, redes sociais e canais de interatividade resultam não apenas em novos processos de produção, mas, também, de novos produtos.

A mídia tradicional é o elo constante na transição para um novo ambiente de comunicação de massa. Como as vemos em nossa pesquisa, a indústria da mídia está enfrentando a necessidade de mudança nos modos de produção e distribuição de seus produtos. Não se trata apenas de uma questão de comercializar produtos antigos de maneiras novas; o conteúdo e as funções dos próprios produtos estão mudando (DIZARD, 2000, p. 257).

Há 14 anos Gleick (2000) alertava quanto à velocidade do mundo moderno. O autor apresenta um diálogo entre duas pessoas: ele e um indivíduo. Ele questiona se o indivíduo está com pressa. Mediante a uma resposta positiva, conclui que o indivíduo vive no mundo ocidental, movido pela tecnologia. O autor relaciona a tecnologia com a aceleração da vida. Este cenário é transposto para as mídias, mediante a uma enxurrada de informações. O entendimento é compartilhado por Dizard (2000).

As mudanças vêm ocorrendo, intermitentemente há décadas. A diferença, agora, é que o ritmo está se acelerando. As pressões impostas à mídia pelos computadores e por outras tecnologias de ponta deixaram de ser fenômenos periféricos; são a força dominante que está remodelando o futuro das indústrias de mídia. Por sua vez, essas transformações da mídia estão alteando a forma e a direção da sociedade americana: como vemos a nós mesmos, o que julgamos ser importante e onde obtemos a informação que afeta nossas decisões e nossas atividades diárias (DIZARD, 2000, p. 254).

Observa-se que os processos de surgimento e implantação de tecnologias tradicionais, como o jornal impresso, o rádio e a TV, foram mais planejados, justamente devido à menor velocidade em que eram desenvolvidas. Havia tempo de maturação entre uma tecnologia e outra. Hoje, não há tempo para avaliação.

A velocidade do advento das tecnologias e as mudanças que elas ocasionam na sociedade também são vistas nas pessoas. Os perfis das gerações também têm apresentado mudanças significativas - fruto da sociedade que viveu - que também trazem consequências para a sociedade e para os processos em organizações.

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2.1.3 O desenvolvimento das gerações

O debate atual sobre gerações limita-se a estabelecer nomes a grupos de gerações, a partir de faixas etárias e características pertencentes a cada um destes grupos. É pertinente esta discussão, desde o momento em que é preciso conhecer a fundo estes perfis de pessoas para qualificar processos nas organizações – seja de pessoas que atuam como colaboradores, clientes, ou ainda, stakeholders. Porém, antes disto, é preciso também entender as raízes do conceito de geração, que tipo de estudos o conceito gerou e o que se pode refletir partindo dos conceitos usados na atualidade.

O estudo das gerações é parte do conjunto das Sociologias especializadas, desdobradas em trabalhos considerados clássicos da Sociologia, ou presentes em reflexões teóricas de cientistas sociais que, em momentos de sua produção, discutem as questões sociais a partir do conceito de gerações (SOUSA, 2006. p. 09).

Na década de 1920, o sociólogo judeu Karl Mannheim escreveu o artigo “O Problema das Gerações”, até hoje sem tradução no Brasil. Ele é considerado um precursor destes estudos. Pesquisadores brasileiros como Wivian Weller buscam entender o conceito de gerações proposto por Mannheim, muito antes de se falar em geração baby boom, X, Y ou Z.

Os estudos tiveram início quando se tentava criar um novo modelo de sociedade, para desmistificar alguns problemas concretos da época. O sociólogo buscava entender de que forma se poderia realizar um reajustamento social. Então, partiu de uma análise individual para uma análise coletiva, pois, a partir da Psicanálise, entendeu que, o modo individual não leva em conta os antecedentes sociais e culturais. “Sinto-me mais inclinado a pensar que nos aproximamos de uma era em que certas formas de ajustamento coletivo se tornarão tão importante quanto o ajustamento individual” (MANNHEIM, 1961, p.100).

Os estudos de Mannheim ocorreram no começo do século XX, porém, as primeiras duas obras traduzidas pelo mundo foram publicadas apenas na segunda metade do século. Neste período, busca identificar grupos na sociedade para analisá-los, e procurar entender seus comportamentos e ações sociais.

A missão do futuro, portanto, é distinguir claramente entre as inúmeras formas de integração de grupos e saber exatamente como elas reagem sobre os espíritos de seus membros. Experiências valiosas foram feitas nos Estados Unidos, na Rússia e em outros países, que mostram, por exemplo, como o trabalho em grupo reage sobre as realizações do indivíduo (MANNHEIM, 1961. p. 107).

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Para realizar suas primeiras análises, o autor propõe-se a classificar grupos. Um dos primeiros conceitos foram os grupos concretos. Para ele, eram unidades sociais cujos contornos são claramente definidos no espaço e tempo. “Não há, habitualmente, qualquer dúvida quanto a sua existência: seus nomes, funções e membros são conhecidos” (MANNHEIM, 1962, p. 299).

Segundo Weller (2010), Mannheim explora duas correntes para definir um conceito de geração, que trazem influências do modo em que as gerações estão compostas hoje: positivista e histórico-romântica. Os positivistas possuem uma abordagem quantitativa, levando em consideração o fator biológico, de duração de vida e idade limitada do ser humano. Mannheim criticou a abordagem.

Encontrar o tempo médio no qual uma geração anterior é substituída por uma nova na vida pública e, sobretudo, encontrar o ponto de início natural no qual se procede a um corte na história, a partir do qual se deve começar a contar. A duração da geração é determinada de forma diversa a cada momento (MANNHEIM apud WELLER, 2010, p. 208).

A corrente histórico-romântica apresenta uma abordagem qualitativa, que leva em consideração a vivência político-social das pessoas. Mannheim se posiciona a favor desta corrente – apesar de preferir um ‘meio-termo’ entre as duas - já que defende que os grupos etários vivenciam tempos históricos diferenciados, em um mesmo período cronológico, fator que interfere na classificação das gerações.

Ao invés de associar as gerações a um conceito de tempo externalizado e mecanicista, pautado por um princípio de linearidade, o pensamento histórico-romântico alemão se esforça por buscar no problema geracional contrapropostas diante da linearidade do fluxo temporal da história, ou seja, esse tempo interior só pode ser apreendido subjetivamente e não objetivamente (WELLER, 2010, p. 209).

Resolvido o conceito, unindo a abordagem quantitativa e qualitativa, Mannheim buscou identificar um problema sociológico das gerações. Dividiu o conceito de geração em categorias: posição geracional, conexão geracional e unidade geracional.

Caracterizando a posição geracional Mannheim menciona cinco aspectos de uma sociedade que passa por mudanças geracionais: constante irrupção de novos portadores de cultura; saída constante dos antigos portadores de cultura; limitação temporal da participação de uma conexão geracional no processo histórico; a necessidade de transmissão constante dos bens culturais acumulados; e caráter contínuo das mudanças geracionais. “Esses elementos caracterizam as gerações como processos dinâmicos e interativos e apresentam características

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relevantes da teoria mannheimiana sobre as gerações” (SCHÄFFER apud WELLER, 2010, p.211). O aspecto leva em consideração a possibilidade das gerações adquirirem experiências.

A conexão geracional permite uma espécie de interação, algo mais intenso e concreto do que a posição geracional. Ainda, a unidade geracional consiste em alas de pensamentos distintos dentro de uma mesma conexão geracional. O sociólogo entende que as categorias de gerações não podem se deter a uma classificação racional, deve considerar a subjetividade de cada sujeito integrante de uma geração.

Mannheim compreende as gerações apartir de duas relações com o meio social (milieu), os sexos, a faixa etária, dentre outros. Tal perspectiva é ainda mais evidente quando uma geração passa a ser concebida não somente em distinção às outras gerações ou às posições geracionais – como sugeridos por alguns estudiosos -, mas também em relação aos aspectos em comum existentes entre os membros de uma conexão geracional (WELLER, 2010, p. 219).

Weller (2010) defende que o que caracteriza uma posição comum daqueles nascidos em um mesmo tempo cronológico é a potencialidade ou possibilidade de presenciar os mesmos acontecimentos, de vivenciar e processar experiências de forma semelhante.

A partir deste contexto sociológico de constituição do conceito de gerações e reflexões acerca de sua composição, no contexto atual, estudiosos (Cereta e Froemming; Veloso, Dutra e Nakata; Lombardía) classificam as gerações a partir de faixas etárias e características em comum. Talvez, uma ação similar proposta por Mannheim, unindo corrente positivista e histórico-romântico.

Veloso; Dutra; Nakata (2006) destacam que, atualmente, as organizações enfrentam o desafio de lidar com grupos heterogêneos, que se formam em decorrência das diversas características das pessoas atuantes no mercado de trabalho. Uma dessas diversidades costuma ser a idade, que gera comportamentos peculiares a cada faixa etária. Então, sugerem que, a partir das diferenças de atitudes perante a vida e o trabalho, pode-se apresentar uma classificação de gerações de profissionais ativos.

Segundo Cereta e Froemming (2011) hoje estão estabelecidas cinco gerações, conforme destacado no Quadro 1, a partir de faixas etárias e características de perfis: Silver

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Quadro 1 – Grupos de Gerações

Grupo de Gerações Datas de Nascimento Idade em 2014

Geração Z 1989-20104 0-25

Geração Y 1977-1988 25-36

Geração X 1965-1976 37-48

Baby Boomers 1946-1964 49-67

Silver Streakers Antes de 1946 68 ou mais

Fonte: adaptado de Levy e Weitz (2000, p. 102).

Cereta e Froemming (2011) definem que a Geração Baby Bomm é composta por pessoas nascidas entre 1946 e 1964, após a Segunda Guerra Mundial. Após a Guerra, soldados americanos retornaram às suas casas, aumentando os índices de natalidade no País. Replica-se então este conceito ao restante da população mundial. Para Veloso; Dutra; Nakata (2006) os baby boomers estão mais motivados e otimistas. Eles têm um senso de procura por oportunidades de inserção no mercado de trabalho. “Aplicaram seus esforços escolares em carreiras que prometiam facilidades na busca de posições garantidas no universo empresarial” (VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2006, p.07).

A Geração X, segundo Lombardía (2009), é composta por pessoas nascidas entre meados dos anos 1960 até início dos 1970:

Essa geração viveu momentos importantes na política: a Guerra Fria, o ataque dos Estados Unidos à Líbia, a perestróica precipitando a queda do Muro de Berlim. Foi a época dos últimos grandes estadistas, como Mikhail Gorbatchov, Ronald Reagan, Margareth Thatcher. As pessoas X não veem o êxito da mesma forma que seus pais. Ao contrário, nutrem certo cinismo e desilusão em relação aos valores deles. São mais céticas, mais difíceis de atingir pelos meios de comunicação e marketing convencionais. É a geração da MTV, do Nirvana, das Tartarugas Ninjas e da junkyfood (LOMBARDÍA, 2009).

Veloso; Dutra; Nakata (2006) enfatizam que os integrantes da Geração X adotam postura de ceticismo e defendem ambiente de trabalho mais informal e hierarquia menos rigorosa. Buscam desenvolver habilidades que melhorem seu desempenho nas empresas em que atuam.

Surge então, a geração da televisão. A Geração Y abrange os nascidos nos anos 1980 e 1990. Os mais velhos estão chegando aos 35 anos; os mais jovens acabam de sair da

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A partir de 2010 novas correntes teóricas estão utilizando outras nomenclaturas para definir grupos de gerações, mas, se mantém o quadro na forma original pois as novas definições não trazem maiores implicações para a pesquisa.

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adolescência. “Trata-se de uma geração de filhos desejados e protegidos por uma sociedade preocupada com sua segurança”, destaca Lombardia (2009). As crianças Y são alegres, seguras de si e cheias de energia. É a geração que cresceu com o surgimento da internet e dos demais avanços tecnológicos. “A Geração Y é formada por mais de 72 milhões de americanos e por mais de 16 milhões de brasileiros (IBGE, 2007). Se essa geração pudesse ser resumida em uma única palavra, esta seria diversidade” (CERETA e FROEMMING, 2011).

Veloso; Dutra; Nakata (2006) afirmam que os integrantes da Geração Y cresceram com as tecnologias de informação e são mais individualistas. Defendem suas opiniões e priorizam o lado pessoal em relação às questões profissionais.

E a mais nova geração é a Z, a geração do século XXI. Para Cereta e Froemming (2013), a geração ainda está em fase de consolidação. A geração é assim conhecida ao compará-la com o verbo zapear, que significa, por exemplo, mudar constantemente o canal na televisão, geralmente através de um controle remoto, caracterizando o que a geração tem em comum, o ato de fazer várias coisas ao mesmo tempo.

Eles querem estar conectados com amigos e parentes o tempo todo, e usam a tecnologia – de telefones a redes sociais – para fazer isso. Então quando a tevê está ligada, eles não ficam sentados assistindo a ela, como seus pais faziam. A tevê é uma música de fundo para eles, que a ouvem enquanto procuram informações ou conversam com amigos on-line ou por meio de mensagens de texto. Seus telefones celulares não são apenas aparelhos de comunicação úteis, são uma conexão vital com os amigos (TAPSCOTT, 2010, p. 53).

Cereta e Froemming (2011) apresentam ainda a geração silverstreakers (conforme apresentado no Quadro 1), anterior a geração dos baby bommers, conservadora, principalmente, em relação as suas economias. Porém, este estudo se deterá as quatro últimas gerações.

Lancaster (2011), apesar de concentrar seus estudos na Geração Y, traz uma nova geração, antecessora dos babybommers: os tradicionalistas, que se assemelham à definição de

silverstreakers de Cereta e Froemming (2011). Ele argumenta que os tradicionalistas criaram

suas reputações como contribuintes, servindo ao bem maior da instituição e fazendo tudo o que fosse necessário. Define os babyboomers como competidores, dando tudo para se destacar entre os 80 milhões de pessoas da mesma faixa etária, deixando as empresas maiores e melhores. Já a Geração X é a controladora. O autor apresenta a ideia que os integrantes desta geração acreditam que só podem confiar em si mesmas, e usou seu talento individual e

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empreendedorismo para inventar e realizar. E, a Geração Y será a grande colaboradora, e já demonstra esta característica, pelo menos, no ambiente de trabalho.

É uma geração criada à base de cooperação, em casa e nos trabalhos coletivos escolares, e que fazia quase tudo – inclusive ir ao baile de formatura – em grupo. Eles veem os pais e colegas como parceiros, não como rivais. E criaram uma desenvoltura com as mídias sociais que lhes permitirá colaborar com todo o mundo. A Geração Y está levando para o trabalho essa capacidade e característica, renovando as fronteiras de como as gerações trabalham juntas e como as administramos (LANCASTER, 2011, p. 216).

Tapscott (2010) apresentou um novo conceito de geração, a Geração Internet. Esta definição abrange as novas gerações que, segundo ele, estão ávidos para contribuir com a marca – algo que não teria ocorrido à maioria dos baby bommers. Em sua maioria jovens, que têm como hobby customizar novos produtos, mesmo que isso signifique alterá-los. O autor traz o exemplo de um lançamento da Apple, o iPod. Usuários amadores do aparelho haviam criado o ‘Podzilla’, um software que permite aos usuários fazer gravações com uma qualidade muito mais alta do que a de um dispositivo de gravação vendido separadamente a US$ 50. A Geração Internet pode ser entendida como equivalente à geração Z.

As novas gerações estão invadindo as organizações e se colocando como consumidores exigentes. Eles esperam que as empresas façam o que prometem e satisfaçam as expectativas dos usuários. Tapscott (2010) traz o exemplo do agregador de notícias Digg.com. A empresa enfrentou uma revolta dos usuários depois de ter obedecido uma determinação legal de remover do seu site uma matéria sobre a chave de um software que podia quebrar o código de criptografia de DVDs de alta definição. Nesse caso, os usuários do Digg, aparentemente, acharam que integridade significava dar mais importância à liberdade de expressão do que à lei, e quiseram que o Digg agisse de acordo com as suas expectativas.

Quase sete em cada dez jovens querem trabalhar junto com as empresas para criar bens e serviços melhores. Provavelmente nem passava pela cabeça de seus pais ajudar uma empresa grande e impessoal a fazer algo melhor. Eles simplesmente consumiam o que estava no mercado. De qualquer forma, essa possibilidade não existia para eles. Naquela época, as empresas concebiam novos produtos em segredo. A internet, os fóruns de suporte empresarial, os grupos de usuários e o e-mail não existiam. Ligações de longa distância eram caras e os números 0800 não eram muito comuns, além do fato de que as empresas não eram estruturadas para receber um volume substancial de contribuições dos clientes (TAPSCOTT, 2010, p. 229).

O significado de ser o escolhido por último nas aulas de Educação Física é trazido por Lancaster (2011), para definir os babybommers. Ele afirma que a Geração X escapou disso participando da criação de uma empresa na garagem, a Geração Y percebeu que, para

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colaborar, é preciso montar e desmontar equipes com eficácia. É uma geração que rompeu as barreiras comunicativas, que mistura profissional e pessoal, admitem o que não sabem e conseguem delegar. “Essa geração ficou conhecida por pegar um trabalho passado pelo chefe e entregá-lo toda contente a outra pessoa, sem compreender que o chefe queria que ela o fizesse. Se alguém pode fazer melhor, por que não repassar” (LANCASTER; STILLMAN, 2011, p. 227).

Coimbra e Schikmann (2001) também trazem definições contemporâneas de gerações. Além do grupo composto pelos babyboomers, apresentam os baby busters e os echobommers. Justificam as expressões explicando a etimologia das palavras de origem inglesa. Para as autoras,boom, explosão, remete ao período em que houve acentuado aumento da natalidade nos Estados Unidos; e a palavras bust significa declínio, período em que houve uma queda na natalidade; ainda, eco é o período de eco do baby boom. Assim, as autoras reclassificam as gerações, com os babyboomers, os próprios, os baby busters, como a Geração X e os echoboomers, da geração Y.

Os echoboomers tem relações profundas com o meio digital. “(...) consideramos um nome adequado, já que se trata de uma geração contemporânea ao crescimento da utilização da Internet” (COIMBRA; SCHIKMANN, 2001, p. 03).Os jovens destageração são mais instruídos que seus pais em relação à tecnologia da informação, além de serem mais bem informados que qualquer geração anterior.

(...) eles estão começando a manifestar uma gama maior de hábitos sociais positivos, incluindo um novo foco no trabalho em equipe, realização, modéstia e boa conduta. Ainda segundo os autores, ao longo da próxima década esta geração vai remodelar inteiramente a imagem da juventude, do pessimismo e alienação para otimismo e compromisso (COIMBRA; SCHIKMANN, 2001, p. 04).

Pode-se destacar que o avanço tecnológico foi acompanhado de uma série de mudanças no comportamento das gerações. Rifkin (2001), ao explorar o nascimento da economia de serviços, já destacava a influência das novas gerações sobre as antigas, o que ocorre quando se trata do uso da internet.

Os americanos da primeira geração, ansiosos para se tornar parte do sonho americano, cobiçavam bens comprados em loja e ficavam constrangidos diante da insistência de seus pais em produzir bens em casa. Havia uma cisão clara entre as gerações. Uma era a ‘antiquada’, e a outra, ‘moderna’ (RIFKIN, 2001, p.68).

A influência que as novas gerações exercem sobre as antecessoras é outro gargalo deste tema. Tapscott (2010) afirma que esses jovens exercem uma influência enorme sobre

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seus pais baby bommers e sobre seu dinheiro – cerca de US$ 2 trilhões gastos por ano. Os jovens da Geração Internet com até 21 anos de idade influenciam 81% das compras de roupas da família e 52% das escolhas de carros. Até crianças mais novas têm uma influência forte; crianças entre cinco e 14 anos influenciam 78% da compra total de mantimentos. Outro dado apresentado pelo autor mostra que 5% dos jovens da Geração Internet influenciam cerca de 30% de seus iguais.

Nos anos 60 as grandes diferenças entre pais e filhos eram os valores e a ideologia. Hoje o abismo entre pais e filhos não é ideológico, mas tecnológico. Os jovens agora sabem mais sobre tecnologia da informação do que qualquer outra geração anterior. Conforme relata D. L. Coutu (2000), os Babyboomers encaram a Geração Net como arrogante, que falta com o respeito, não fala a mesma língua e não tem os mesmos valores. Esta visão é provocada pelo medo da perda de controle que os Babyboomers têm ao verificar que o caminho na direção do mundo digital não tem volta e que isso é uma ameaça à estabilidade dos que viveram e trabalharam até agora em outra realidade (COIMBRA; SCHIKMANN, 2001, p. 07).

Por isto, os autores defendem que as pessoas e as empresas deverão não só assimilar as mudanças com o uso de novas tecnologias, mas, também mudar a forma de pensar e trabalhar. Sousa (2006) cita Mannheim para destacar que ser jovem é viver um “contato original” com a herança social e cultural, constituído não apenas por uma mudança social, mas por fatores biológicos. O sociólogo diz que este é um fator importante a ser considerado. Ele acreditava que a mudança de atitude ocorre diferentemente em cada um, fazendo com que a atitudeem relação à herança transmitida por seus predecessores sejacompletamente nova.

Os jovens portam, então, o peso e a ambiguidade de não terem como absorver, voluntária e completamente, o conjunto de conteúdos acumulados de sua cultura, que são o suporte para a estabilidade das gerações anteriores. Por outro lado, levam a vantagem de poder avaliar o “inventário cultural” disponível, que pode tanto ajudar a esquecer o que já não é mais útil quanto desejar o que ainda não foi conquistado (SOUSA, 2006, p.10).

Apesar das inúmeras classificações e definições de gerações, neste estudo optou-se por seguir uma linha similar a proposta por Cereta e Froemming (2011). Será utilizada neste estudo, a classificação das gerações: Baby Bomm, Geração X, Geração Y e Geração Z.

Cientes das revoluções tecnológicas e do desenvolvimento das gerações, o estudo parte para uma abordagem de um novo método de produção, constituído a partir das revoluções tecnológicas e da evolução das gerações de pessoas: a colaboração em massa.

2.1.4 A colaboração em massa

A configuração de um novo tipo de empresa, na atualidade, foi identificada por Tapscott e Williams (2007):

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...uma empresa que abre as suas portas para o mundo inova em conjunto com todos (sobretudo os clientes), compartilha recursos que antes eram guardados a sete chaves, utiliza o poder da colaboração em massa e se comporta não como uma multinacional, mas como algo novo: uma firma verdadeiramente global (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2007, p.31).

O autor traz conceitos novos no campo organizacional. Ele defende a ciência de colaboração, que chama de wikinomics, onde as empresas devem colaborar com informações, para um desenvolvimento global. Destaca que os consumidores também são atores importantes neste processo de colaboração, por isso traz o termo prosumers - são consumidores que não consomem apenas o produto final, mas contribuem na criação de bens e serviços, um exemplo é o que ocorre nos veículos de comunicação.

A rebelião que ocorre neste momento na mídia e na indústria do entretenimento nos fornece um exemplo inicial de como a colaboração em massa está virando a economia de cabeça para baixo. Produtores credenciados de conhecimento, antigamente um baluarte do ‘profissionalismo’ dividem o palco com criadores ‘amadores’ que estão rompendo todas as atividades em que põem as mãos. Dezenas de milhões de pessoas compartilham notícias, informações e opiniões na blogosfera, uma rede autoorganizada com mais de cinquenta milhões de sites de comentários pessoais atualizados a cada segundo (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2007, p.22).

Há três décadas, Toffler (1980), já apresentava um conceito similar: prossumidor. Ele definiu como uma atração voluntária do consumidor pela produção, e que tem implicações desconcertantes. O autor destacou a preocupação com um novo papel, acentuadamente alterado, para o mercado.

O acesso do prossumidor, acionado pelo custo ascendente de muitos serviços pagos, pelo colapso das burocracias de serviço da Segunda Onda, pela disponibilidade das tecnologias da Terceira Onda, pelos problemas de desemprego estrutural e por muitos fatores convergentes, leva a novos estilos de trabalho e arranjos de vida (TOFFLER, 1980, p.277).

Nas organizações de mídia, atualmente, novos conceitos como jornalismo cidadão – o que no campo organizacional chama-se de prosumers – estão auxiliando na produção de conteúdo e na criação de estratégias de produção de conteúdo e circulação de informação.

As organizações de mídia que não conseguirem enxergar esse aviso serão superadas por uma nova geração de prosumers conhecedores de mídia que cada vez acreditam nas opiniões de seus colaboradores (peers) em detrimento da autoridade da CNN ou do Wall Street Journal (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2007, p.182).

A geração que tem demonstrado mais alinhada à prática do compartilhamento é a Geração Y. Segundo Lancaster (2011), ela está procurando um estilo de liderança mais colaborativo no qual as equipes tenham algo a dizer, o que pode ser um desafio para as outras gerações. Ele compara as gerações destacando que os babybommers e a Geração X

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