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Coletânea Cezar Taurion - Cloud Computing

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Academic year: 2021

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Prefácio

Todas as industrias sofrem transformações ao longo do tempo. Sejam por mudanças na maneira como as pessoas interagem, sejam pela invenção de uma nova tecnologia, sejam pela descoberta de novos recursos ou pressões pela falta deles.

A industria de Tecnologia da Informação não é diferente. Ao longo de sua existência, ela passou por uma série delas, notadamente a criação do Mainframe, onde na década de 50 iniciou-se a computação comercial, a criação e disseminação dos PCs na década de 80 que estabeleceu a computação distribuída ou client-server e o advento da Internet na década de 90, que gerou o que chamamos da Era da Informação ou Era Digital, fazendo com que os indivíduos do nosso planeta pudessem acessar e compartilhar os mais variados tipo de informação.

Estamos novamente presenciando uma outra grande mudança na industria da Tecnologia da Informação. Agora relacionada com a gerência para a entrega e o consumo de serviços de tecnologia, conhecida como Computação em Nuvem. Essa transformação terá um impacto muito grande não só para a industria de Informação, mas tambem para a sociedade em geral, fazendo com que os recursos sejam rapidamente otimizados, provisonados e acessados e desta forma acelerem não só o desenvolvimento intelectual, mas tragam benefícios ambientais e tambem diminuam as desigualdades que existem entre as diversas geografias.

Como cada transformação que ocorre traz junto uma serie de questões e duvidas sobre quais reflexos ela vai ter, existem indivíduos que se propõe a nos ajudar para traduzir os impactos no nosso dia-a-dia.

Em meus quase 30 anos de dedicação a Tecnologia da Informação, não conheço alguém melhor que o Cezar Taurion para fazer esse papel. A maneira como ele aborda um assunto e consegue fazer o paralelo entre o nosso conhecimento atual e o novo conceito é notável. Acompanho a trajetória de Cezar desde a década de 80 e a cada interação me surpreendo com a vastidão do seu conhecimento e principalmente sua capacidade de assimilar e demonstrar novos conceitos de maneira didática.

O que temos aqui é um material riquíssimo, de experiências e ponderações de Cezar ao longo dos últimos 2 anos, acompanhando o estabelecimento deste novo modelo computacional e analisando os reflexos que isso esta gerando para as empresas.

Convido você a participar junto com o Cezar, desta experiência maravilhosa, em desvendar o próximo marco na História da Computação.

Jose Luis Spagnuolo

Director, Cloud Computing Brazil IBM Distinguished Engineer Outubro 2011

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Introdução

Em outubro de 2009 publiquei um livro sobre Cloud Computing.

O assunto vinha e vem despertando muito interesse, como vocês mesmo podem

comprovar simplesmente acessando o Google Insights

(http://www.google.com/insights/search/# ) e pesquisando pelo termo “Cloud Computing”. Vejam que o interesse vem crescendo de 2009 até hoje. Uma pesquisa feita em fins de 2010 pela comunidade MydeveloperWorks, entre 2.000 desenvolvedores mostrou que 91% deles acreditam que cloud computing sobrepujará o tradicional modelo de “on-premise computing” como principal modelo computacional para as empresas adquirirem tecnologias por volta de 2015.

No livro de 2009 procurei mostrar que a computação em nuvem não é apenas hype. Na minha opinião, a computação em nuvem vai transformar o modelo econômico da TI, tanto do lado consumidor de TI, quanto do lado dos fornecedores de tecnologias e serviços. Claro que estamos dando os primeiros passos e vemos ainda muita incertezas e indefinições. Basta ver o imenso número de definições, às vezes conflitantes entre si, que existem. Na pesquisa para o livro identifiquei dezenas delas!

No livro procurei fugir de definições e me concentrei em focar nos conceitos e nas carateristicas que fazem a computação em nuvem ser disruptiva. Se olharmos as nuvens pelos modelos de serviços vemos três modelos que são IaaS (Infrastructure as a Service), PaaS (Platform as a Service) e SaaS (Software as a Serice). Esta classificação de modelos é a mais comumente adotada, e inclusive, o NIST (US National Institute of Standards and

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Technology), que define padrões para o governo americano, liberou documentação onde se baseia nestes modelos para classificar as nuvens computacionais. Vejam o documento em http://csrc.nist.gov/publications/drafts/800-145/Draft-SP-800-145_cloud-definition.pdf .

Olhando pelo prisma da entrega ou deployment (deployment models) podemos classificar as nuvens em privadas (operada dentro do firewall da empresa), comunitária (compartilhada por determinadas empresas), públicas (abertas a todos, via Internet) e híbridas, que é a composição de duas ou mais destas nuvens. Esta classificação é a mesma, que basicamente adotei no livro.

A proposta deste blogbook é coletar os pricnipais posts que publiquei no blog www.computingonclouds.wordpress.com , que criei na época de lançamento do livro. Esta coletânea que vai mostrar a evolução do conceito ao longo destes dois anos. E dois anos em tempos de Internet é muito tempo! O blogbook se propõe a compartilhar com vocês as idéias e comentários que refeletiram a evolução de cloud computing e colaborar para o debate de como e quando adotar a Computação em Nuvem nas empresas. Nem todos os posts publicados originalmente no blog foram incluidos neste blogbook, mas apenas os mais importantes. Para oferecer uma visão cronológica e histórica da rapida e contínua evolução do Cloud Computing, os posts foram divididos em blocos, cada um deles cobrindo um ano, de setembro de 2009 até outubro de 2011. Procurei manter estes posts, na medida do possivel iguais aos publicados originalmente. Corrigi alguns crassos erros ortográficos, que passaram em branco quando foram inicialmente levantados. Lembro também que as opiniões expressas neste blogbook e como foram os posts publicados no blog original, www.computingonclouds.wordpress.com, são fruto de estudos, análises e experiências pessoais, não devendo em absoluto serem consideradas como opiniões, visões e idéias de meu empregador, a IBM, nem de seus funcionários. Em nenhum momento, no blog e aqui, falo em nome da IBM, mas apenas e exclusivamente em meu nome.

Finlamente tenho que agradecer aos diversos colegas e amigos que me incentivaram a criar o blogbook e em especial ao Brunno Campos que se aventurou e criou uma capa muito bonita.

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2009

Em 2009 a Computação em Nuvem era vista como curiosidade. Muita gente falava mas pouca ação estava realmente acontecendo. Foi um ano em que participei de inúmeros eventos e as dúvidas eram sempre as mesmas: segurança, segurança, segurança e no final se Cloud era viável ou apenas hype...os posts do ano refletem este momento, que podemos considerar como a infância, quando aprendíamos ainda a dar os primeiros passos. Mas ainda engatinhavamos na maior parte do tempo...

Algumas dúvidas comuns sobre Computação em Nuvem Setembro 1, 2009

Desde o ano passado venho apresentando e debatendo o assunto Cloud Computing ou Computação em Nuvem, tanto em eventos como em reuniões e conversas com clientes. Aliás, está ficando dificil participar de qualquer conversa sobre TI sem que este tema não apareça.

Mas, ainda sinto que o desconhecimento é grande. Muita curiosidade, mas pouca ação. Bem, nestas conversas coletei um questionamento sempre recorrente, que vou compartilhar com vocês aqui no blog.

Uma pergunta é “O que posso colocar (operar) em um nuvem?”. Na prática um ambiente de nuvem não vai resolver todos os problemas de TI de uma empresa. Vão existir aplicações que irão funcionar muito bem em nuvens e outras que não. Um exemplo típico de aplicações que podem ser deslocadas para nuvens são aplicações Web 2.0, ambientes de colaboração (como emails, webconferencing, wikis e blogs), e-learning, simulações, sistemas de computação analíticas e ambientes de desenvolvimento e teste. Além disso, uma nuvem pode ser usada para as aplicações que demandem os chamados “cloud burstings”, que são ocasiões especáficas nas quais a demanda computacional cresce muito. Um exemplo: uma aplicação de comércio eletrônico que ofereça promoções “imperdíveis” por curtos periodos de tempo.

Outras, principalmente as que demandam um nível de integração grande com sistemas legados ou que tenham limites rigidos de desempenho ficarão melhor nos servidores operados de forma tradicional.

Entretanto, quando falamos em nuvem não estamos falando apenas de nuvens públicas, mas também de nuvens privadas ou internas ao firewall da empresa. Uma nuvem interna é, portanto, uma nuvem computacional confinada ao data center da companhia. Algumas aplicações podem ficar em nuvens publicas como mashups que fazem uso intenso de plataformas externas como Facebook. Mas, outras, que demandam maior necessidade de controle e estrita aderência à restrições regulatórias ou de compliance devem ficar dentro do firewal, em nuvens privadas.

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Quando se usa uma nuvem pública, transferimos a responsabilidade da operação para o provedor da nuvem. Para empresas de pequeno porte, com procedimentos de segurança e recuperação frágeis (o que é bastante comum), pode ser uma alternativa bastante atraente. Mas, para empresas de maior porte, com regras e procedimentos de controle, o uso de nuvens publicas é mais restrito. Para estas empresas, o uso de nuvens privadas ou hibridas, em que apenas parte dos serviços está em nuvens publicas é a estratégia mais adequada.

Aliás, a questão da segurança e privacidade sempre aparece nas conversas sobre cloud computing. Usar uma nuvem publica ou externa é bem diferente de se usar um serviço de hosting tradicional. Neste último você sabe exatamente onde estão seus servidores e o que você compartilha e o que você não compartilha com outras empresas. Em uma nuvem externa isso não acontece. Voce não sabe em que data center do provedor e muito menos em que servidores, seus arquivos e aplicações vão rodar. Nem mesmo se eles se encontram no seu próprio país. Outra dúvida é quanto a atividade de auditoria. Auditores começam a questionar como auditar aplicações e serviços em nuvens públicas. Alguns provedores de nuvens públicas não gostarão de abrir seus procedimentos operacionais, considerados “segredos de estado” para auditores externos ou investigações forenses. Outro aspecto importante que deve ser considerado: a capacidade do provedor de nuvem em oferecer serviços adequados em termos de segurança e privacidade. Como o assunto Computação em Nuvem ainda é novidade, nada impede que muitos provedores de serviços de hosting se auto-rotulem provedores de nuvens. Cabe aos usuários ter certeza que ele podem ser confiáveis, questionando e analisando as suas técnicas de proteção de dados, procedimentos de controle e autenticação, segregação de dados entre os usuários, e se possuem documentação adequada para os processos de auditoria.

Compliance é outro fator a ser considerado na questão de se usar nuvens públicas ou privadas. Algumas restrições regulatórias e jurídicas podem impedir uma empresa de usar nuvens publicas para determinadas aplicações ou serviços. E os aspectos legais dos contratos com as nuvens publicas devem ser bem avaliados. Por exemplo, o que acontecerá caso voce não continue usar determinado provedor? Em quanto tempo ele vai disponibilizar os dados de sua empresa para voce rodar em outra provedor e se existem garantias que as cópias armazenadas nos seus data centers serão destruídas. Como vemos, muitas vezes torna-se necessário que o jurídico deve ser envolvido.

Enfim, estamos dando os primeiros passos em direção a um ambiente de computação en nuvem. E temos ainda muita estrada pela frente.

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Bate papo sobre Cloud Computing Setembro 4, 2009

Bate papo animado sobre cloud computing… Aliás, hoje quase não vemos conversas entre profissionais de TI que não envolvam o assunto cloud computing.

O que saiu de bom da conversa? Alguns insights interessantes! O primeiro insight, óbvio, é que cloud computing ou computação em nuvem, é um estilo de computação. Um novo paradigma computacional, como antes foram o modelo centralizado e o cliente-servidor. É também um novo modelo econômico de TI.

Depois, rascunhamos nos guardanapos alguns atributos ou características que expressam o que é cloud computing.

São eles:

a) Recursos de TI ofertados como serviços. O usuário se abstrai das questões mundanas das platformas tecnológicas. A infraestrutura na retaguarda não precisa e nem deve ser conhecida pelos usuários.

b) Elasticidade. Um atributo quente, melhor até que escalabilidade, pois este último nos remete a um crescimento eterno. Elasticidade é a própria essência da computação on demand. Elasticidade significa que os serviços podem adicionar ou remover recursos, de forma automática, à medida do necessário.

c) Compartilhamento de recursos. Os serviços compartilham recursos para obter economias de escala. A infraestrutura é compartilhada pelos usuários, sem que estes precisem saber disso.

d) Pagamento por uso. Os usuários pagam apenas pelo que usarem da nuvem. Similar à energia elétrica, só que em vez de Kw/hora, o usuário paga por ciclo de CPU, bytes transferidos, etc…

e) Uso da Internet como meio de comunicação entre o usuário e a nuvem.

Claro que existem variações sobre o tema, como por exemplo, a classificação em modelos de serviços, como nuvens públicas e nuvens privadas. Uma nuvem privada fica dentro do firewall e tem algumas características próprias, como restringir acesso apenas aos usuários (e parceiros de negócio) da empresa, e esta tem o controle dos niveis de serviço, aderência a regras e procedimentos de segurança. Claro que uma nuvem privada tem elasticidade mais restrita, pois fica sujeita ao parque tecnológico da empresa. E também existe a opção de nuvem híbrida, que permite expandir para determinadas situações e serviços a nuvem privada para acessar uma nuvem publica, expandindo assim a escalabilidade.

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De maneira geral, uma nuvem privada é criada quando é necessário ter controle explícito da disponibilidade da aplicação (não ficar dependente da Internet), niveis mais rigorosos de segurança e privacidade (compliance com exigências regulatórias) e performance (não pode ter o inevitáveis delays de acesso via Internet).

Bem, lá se vai outro guardanapo: uma lista de tipos de aplicações adequadas para nuvens públicas. São ambientes de desenvolvimento, teste e pré-produção de sistemas, email e demais ferramentas de colaboração, aplicações batch sem maiores restrições de segurança, aplicações isoladas onde latências não impactam os usuários, backup/restore as a service, anti-spam as a service, e assim por diante. Por outro lado, aplicações com dados altamente sensíveis à regras de segurança e privacidade, ou que sejam sujeitas à regulamentos como Sarbanes-Oxley ainda estão fora das nuvens públicas.

Comentário final: acessem o texto do New York Times (IBM to help clients fight cost and complexity) em http://www.nytimes.com/2009/06/15/technology/business-computing/15blue.html , que aborda a entrada da IBM em cloud computing. O artigo lembra de como a IBM transformou o Linux de sistema de nicho a sistema usado amplamente pelas empresas, como antes já tinha tornado o PC também ferramenta empresarial, saindo do uso exclusivo do mercado de usuários finais. Tem um comentário interessante de Frank Gens, analista chefe do IDC que disse o seguinte sobre a estratégia da IBM em cloud: “Its strategy is all about making cloud computiung safe for enterprise customers”.

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Cloud Computing no IBM Forum 2009 Setembro 8, 2009

Em 2 e 3 de setembro aconteceu o IBM Forum 2009. Foram dois dias de densas atividades e um tema quente foi, indiscutivelmente Cloud Computing. Ministrei uma palestra, com mais de 160 pessoas presentes, o que demonstra o grande interesse pelo assunto.

Uma das coisas boas de qualquer grande evento são as conversas de corredor, as trocas de idéias e opiniões. No IBM Forum não foi diferente. Mantive várias conversas sobre o tema. E vou compartilhar com vocês um resumo destas trocas de idéias.

Interessante que computação em nuvem é visto por ângulos bem diversos. Para uns é a panacéia que vai resolver todos os problemas de TI. Esta corrente é incrementada pela mídia popular, onde o assunto já foi inclusive capa de revistas semanais como a Veja. Do outro extremo, vemos os céticos, que dizem que nada de novo vem com a computação em nuvem e que ela é apenas uma nova faceta dos velhos birôs de serviços dos anos 60 e 70.

Na minha opinião não é a panacéia universal, e muito menos os birôs maquiados. Na minha opinião, a computação em nuvem vai transformar o modelo econômico da TI, tanto do lado consumidor, quanto do lado dos fornecedores de tecnologias e serviços. Entretanto, devemos extirpar preconceitos e tentar entender o que será esta mudança. Primeiro, Cloud Computing não é uma inovação tecnológica, pois se baseia em diversas tecnologias já existentes, como SOA, virtualização e grid computing, mas é uma verdadeira disrupção na maneira de se gerenciar e entregar TI! Existe todo um novo ecossistema sendo construído em cima destes novos modelos. As relações entre provedores de tecnologias e serviços e seus clientes, bem como as relações dos fabricantes com seus distribuidores e VARs deverá mudar ao longo dos próximos anos, à medida que a computação em nuvem se dissemine.

Uma mudança significativa no modelo é a constatação que o modelo econômico atual, onde o consumidor de TI tem que dispender previamente elevados custos de capital (capex ou capital expenditure) começa a ser substituído por um modelo de opex (operational expenditure). Você pode, como já vemos acontecer na nuvem da Amazon, criar startups com capacidade computacional elástica, sem investir em ativos. Tem um case interessante de uma inovadora empresa para criação de vídeos, chamada Animoto (http://animoto.com/ que começou sua operação com 50 instâncias na Amazon. Ao lançarem o serviço também via Facebook o sucesso foi estrondoso. Em três dias tiverem que aumentar o numero de instâncias para 3.500! Podemos imaginar, no modelo atual, uma empresa precisando pular de 50 para 3500 servidores em apenas três dias? Existe possibilidade de você contactar um fornecedor, negociar e contratar estes servidores, instalá-los e os colocar em operação neste curto espaço de tempo? Não é um novo paradigma?

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Na computação em nuvem não precisamos mais discutir GHz de processadores, porque não me interessa mais saber onde meus aplicativos vão rodar. A escolha da plataforma de execução vai se deslocar de caraterísticas técnicas para variáveis como custo, nivel de segurança, disponibilidade, confiabilidade e privacidade, e, importante, a brand do provedor. E tudo isso feito por self-service, através de um portal. Eu posso provisionar e operar um servidor na Amazon sem falar absolutamente com ninguém e pagar o que consumi de recursos computacionais com meu cartão de crédito.

Sintomático deste quadro foi a interessante conversa com um CIO que me disse que começava a ficar assustado com cloud computing, pois poderia ser “bypassado” pelos usuários. Estes poderiam reservar uma máquina virtual na Amazon e contratar algum desenvolvedor externo para criar uma aplicação, usando softwares open source, sem mesmo pagar licenças de uso. Sim, é verdade. A “desintermediação” da área de TI pode ocorrer, desde, e enfatizei a ele, desde que o CIO se abstenha de entender a computação em nuvem. Por outro lado, se ele desenhar uma estratégia de cloud computing, com um road map adequado, ele não irá mais manter o controle absoluto e centralizado dos recursos computacionais como faz hoje, mas vai assumir um novo papel, o de coordenar e orquestrar estes recursos, sejam eles obtidos de nuvens públicas ou de nuvens privadas. Falando em nuvens privadas, a idéia é que a empresa crie uma infraestrutura dinâmica, com os usuáros internos alocando seus recursos computacionais da mesma forma que os provisionariam em uma nuvem pública, através de portais. Não precisariam mais solicitar servidores e esperar anuência dos administradores de sistemas. TI passa a ser um fornecedor de serviços, que seriam alocados de acordo com um “manual de políticas de uso de serviços computacionais”. Bem diferente do que vemos hoje!

Outro aspecto que discuti em algumas conversas foi por onde cloud computing vai começar a se disseminar nas empreas. É bem provavel que em muitas o movimento começará pelos usuários, que usando nuvens computacionais públicas ou contratando aplicativos pelo modelo SaaS forçarão a área de TI a aceitar o modelo de computação em nuvem…

Um questionamento que me chamou a atenção foi de um amigo meu que perguntou por onde e como começar a usar cloud computing. Na minha opinião as melhores chances de sucesso de introduzir novos paradigmas é não começar batendo de frente com as práticas arriagadas. Começar pelos ambiente de desenvolvimento e testes, ou mesmo por novos serviços como aplicações colaborativas (wikis e blogs) é um caminho que não substitui sistemas tradicionais e diminui-se drasticamente o risco de encontrarmos resistências, sejam culturais ou das politicas e hábitos já entranhados na organização.

E vejam bem…foram apenas dois dias de debates e conversas. Imginem o que não teremos pelos próximos meses!

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Discutindo segurança em Cloud Computing Setembro 11, 2009

Indiscutivelmente que a computação em nuvem veio para ficar. Seus apelos (elasticidade dos recursos, que são pagos pelo modelo “pay-as-you-go” e facilidade de acessar serviços de dados e aplicações de qualquer dispositivo e de qualquer lugar) são bastante atrativos. Entretanto, nos traz novos desafios em termos de segurança, privacidade e resiliência. Um provedor de nuvem pública, por questões estratégicas, não abre sua tecnologia, organização e processos. Alguém sabe como funciona em detalhes a nuvem do Google ou da Amazon? Além disso, por concentrarem milhares de clientes e seus valiosos dados, tendem a atrair os indesejáveis crackers.

Só para lembrar, uma nuvem pública é uma nuvem computacional oferecida por provedor externo, que provê recursos acessados via Internet. Como todo processo de outsourcing (computação em nuvens públicas é também um modelo de outsourcing), embora coloquemos nas mãos do provedor a responsabilidade pela segurança dos nossos dados, ainda somos os responsáveis pelo cumprimento das normas de auditoria e aderência as normas regulatórias. Assim questões práticas como por exemplo garantia de privacidade de informações pessoais, períodos de retenção de dados históricos para propósitos legais, possibilidade de revisão de processos pelas áreas de auditoria e investigações forenses em sistemas devem estar claramente definidas nas contratações externas de computação em nuvem.

Em muitas situações, principalmente quando falamos em empresas de pequeno e médio porte, com restrições orçamentárias e carência de skills especializados, é bem provável que o provedor ofereça um nível de segurança e resiliência muito superior ao do data center interno. Mas, nenhum sistema é 100% seguro. Devemos estar atentos quanto à qualidade dos serviços em nuvem oferecidos pelo provedor. Uma nuvem computacional, embora seja um conceito, é criada em cima de estruturas físicas como data centers e seus servidores. A qualidade desta infraestrutura e dos processos do provedor é que desenharão o nivel de segurança, disponibilidade e resiliência da nuvem contratada. Muitos dos provedores de nuvens públicas enfrentam, vez ou outra, problemas de disponibilidade. O Google AppEngine por exemplo, como podemos ver em http://www.datacenterknowledge.com/archives/2009/07/02/google-app-engine-hit-by-outage/ já teve problemas de desempenho. O mesmo já aconteceu com a Amazon, em seu serviço EC2 (http://www.datacenterknowledge.com/archives/2009/06/11/lightning-strike-triggers-amazon-ec2-outage/).

A possibilidade de acesso indevido é real. Recentemente o blog TechCrunch postou um texto abordando a violação das bases de dados do Twitter por um hacker. No post, que pode ser acessado em http://www.techcrunch.com/2009/07/19/the-anatomy-of-the-twitter-attack/ é descrito em detalhes como foi feito o ataque, a partir de entrevista com o próprio hacker.

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Incrível que o hacker não usou nada sofisticado. Mostrou que com paciência e um pouco de conhecimento de comportamento social consegue-se descobrir muita coisa. O que ele fez? Primeiro usando motores de busca como o Google e acesso a redes sociais, criou um banco de dados sobre a empresa alvo (no caso a Twitter) pesquisando informações públicas disponiveis na Web. Neste banco de dados coletou informações sobre os funcionários, endereços de email, funções na empresa e dados diversos como datas de nascimento e nomes dos animais de estimação.

O passo seguinte seria obter um ponto de entrada no Twitter. Sabia que se conseguisse entrar no email de um funcionário, teria, a partir daí, acesso aos demais. O Twitter usa Gmail como seu sistema de correio eletrônico. Conseguiu a conta Gmail de um funcionário, embora sem senha. Mas como muitos sistemas, o Gmail busca ajudar o usuário que perdeu a senha enviando uma nova para um email alternativo. Assim o fêz e este email era o Hotmail. No Hotmail ele descobriu que o userid já estava desativado, mas que ele poderia recriá-lo com mesmo ID. Ele registrou novamente o ID (era o mesmo ID do Gmail, hábito que nós geralmente adotamos) e pode receber então o email do Gmail com nova senha. Entrou no Gmail do funcionário e pesquisou algum serviço que ele houvesse contratado e que tivesse enviado a senha em texto aberto. Muitos sistemas fazem isso: enviam a senha em texto aberto para o usuário da conta. Ele precisava retornar a senha original do Gmail para que o seu dono não soubesse que sua conta havia sido invadida, o que aconteceria quando o dono da conta fizesse login no Gmail! Achou alguns serviços e como geralmente usamos a mesma senha para todos os serviços online que assinamos (contas de email alternadas, Amazon, newsletters, etc) ele conseguiu restaurar senha original do Gmail. Estava dentro da rede do Twitter.

Com acesso a este email, ele conseguiu fazer downloads de dezenas de arquivos e usando a mesma senha acessou o Google Apps, ferramental de escritório usado pelo Twitter, conseguindo outras valiosas informações.

Lições aprendidas? Novas tecnologias nos trazem muitos benefícios, mas não devemos desprezar as questões de segurança. Computação em nuvem é uma mudança no modelo computacional, mas o uso de nuvens públicas deve ser visto com atenção. Não que as nuvens públicas sejam inerentemente inseguras, geralmente não o são, mas nossos hábitos muitas vezes facilitam os acessos indevidos. Uma alternativa? Usarmos nuvens privadas (nuvens computacionais internas ao “firewall”, quando podemos ter controle das normas e procedimentos de segurança) ou mesmo usarmos nuvens híbridas, onde temos nuvens privadas para aplicações e dados críticos, mas também usamos alguns serviços providos por nuvens externas.

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Cloud Computing no CIAB Setembro 13, 2009

Participei algumas semanas atrás de um painel sobre Cloud Computing ou Computação em Nuvem no CIAB. E um dos itens que foram abordados no debate foi “por onde começar minha caminhada em direção à Computação em Nuvem?”.

Bem, de maneira geral, quando se fala em Computação em Nuvem lembramos logo das nuvens públicas como a do Google ou a oferecida pela Amazon, a EC2 (Elastic Compute Cloud).

Mas, com as atuais soluções de virtualização e algumas tecnologias de software como o Tivoli Service Automation Manager da IBM (http://www-01.ibm.com/software/tivoli/products/tsam-facts.html) é perfeitamente possivel construir um ambiente de Computação em Nuvem dentro do data center de uma empresa. Claro que ainda existem peças faltantes no jogo, mas com a tecnologia disponivel já dá para começar a fazer muita coisa interessante.

Inclusive existe, desde que sua empresa tenha tempo e expertise suficiente, tecnologia Open Source para construir uma nuvem privada. É o projeto Eucalyptus, que simula o ambiente EC2 da Amazon. Começou como um projeto criado para fins acadêmicos e agora é uma empresa à parte (http://www.eucalyptus.com/), que além de ser um distribuidor para o software, busca gerar receita para serviços de implementação da nuvem. Mas, como a empresa começou agora e não tem ramificação no Brasil, caso você opte por usar o Eucalyptus, ainda vai assumir toda a responsabilidade por mantê-lo em seu data center.

Uma nuvem interna ou privada, operando dentro do firewall, entrega alguns dos beneficios das nuvens publicas, como melhor aproveitamento dos ativos computacionais e menor time-to-market para novas aplicações, ao mesmo tempo que mantém os processos e procedimentos internos de padrões, segurança, compliance e niveis de serviço.

Mas, por onde começar a jornada em direção à Computação em Nuvem? Uma sugestão é começar pela “nuvenização” do ambiente de desenvolvimento e teste.

Imagine os desenvolvedores tendo à sua disposição um ambiente de auto-serviço, onde através de um portal ele requisita uma determinada capacidade computacional e a obtém em minutos e não em dias ou semanas, sem precisar passar pela área de produção e operação. E sem a necessidade de esperar a compra e instalação de um novo servidor para testar novas aplicações…Aliás, estes ambientes geralmente recebem a menor prioridade da produção. O resultado será uma maior produtividade do desenvolvimento de sistemas.

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Para a produção, o ambiente de desenvolvimento e teste ocupa cerca de 20% dos recursos computacionais, mas dá 80% das dores de cabeça. Para ela, não ter mais que se ocupar desta questão é um grande ganho. Em resumo: os dois lados saem ganhando! Como os ambientes de desenvolvimento e teste geralmente são isolados do ambiente de produção, são risk-free para o processo de aprendizado de criação e operação de uma nuvem interna.

A computação em nuvem chegou para ficar, assim, é melhor começar a aprender como criar e usar este modelo computacional. Taí um bom primeiro passo.

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Como cloud computing vai afetar as suites de escritório Setembro 16, 2009

Um dias destes, em mais uma das minhas apresentações sobre Cloud Computing, surgiu uma pergunta bem interessante. Me foi indagado se eu achava se no futuro ainda haveria espaço para suites de escritório nos moldes tradiconais, a lá PC…

Bem, embora a suite Office tenha se tornado padrão de fato do ambiente de produtividade de escritórios, o surgimento de alternativas baseadas em cloud, como o Google Applications e o Zoho abre uma nova e viável alternativa em contraponto ao modelo tradicional de suites de escritório.

A principal mudança é a mudança de conceitos. O modelo tradicional de suites de escritório surgiu no contexto do computador pessoal, onde o trabalho era individualizado e as trocas de documentos efetuadas por email. Aliás, no início a troca de arquivos era por disquetes…lembram?

O PC era o centro do universo e as premissas de criação da suite de escritório eram que elas poderiam (e geralmente era o caso) funcionar de forma independente, em offline, sem necessidade de conexão à Internet. O modelo de computação pessoal não foi criado com colaboração em mente e portanto tarefas como sincronismo de versões de documentos nunca foram seu forte.

O modelo de cloud, por outro lado, está alinhado com a visão do trabalho colaborativo. Este modelo demanda uma intensa troca de idéias entre os envolvidos na criação e atualização dos documentos, o que não era enfatizado no modelo anterior. O compartilhamento dos documentos está no cerne de sua proposta.

Claro que uma comparação direta entre as ofertas de suites em cloud com o Office vai mostrar que o Office tem mais funções, embora a maioria delas seja dispensável para a imensa maioria dos seus usuários. As alternativas em cloud são, por sua vez, “good enough”, o que significa, na prática, que atendem a maior parte das necessidades de um usuário típico. O modelo em cloud também cria uma maior independência de equipamentos. O acesso ao documento pode ser feito por qualquer dispositivo, via browser. Ou seja, posso criá-lo no meu notebook e acessá-lo via um smartphone, um thin-client PC ou por qualquer outro notebook. O documento não reside no disco rígido do computador onde foi criado. E o documento acessado é sempre a ultima versão. Não exisem problemas de sincronismos e conciliação de versões, como no modelo de PCs. As proposições de valor são diferentes. O modelo atual tem como proposta de valor sua riqueza funcional, que permite criar documentos sofisticadíssimos. Claro que existe um preço para isso! Entretanto, na minha opinião, esta riqueza funcional caracteriza fundamentalmente um excesso de capacidade, ou seja, extrapola a necessidade da maioria dos seus usuários.

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O modelo de suites em cloud (nuvem) oferecem uma proposta diferente, baseada em menos funcionalidades (pelo menos por enquanto…) e concentrada em colaboração e compartilhamento de documentos.

E voltando a pergunta inicial… Na minha opinião, ao longo dos próximos anos veremos a convivência de ambos o modelos, mas também assistiremos a um lento declínio do modelo tradicional de suites, ampliando-se o uso das alternativas em cloud.

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Alguém tem uma boa definição para Cloud Computing? Setembro 18, 2009

Quando pesquisando para escrever o livro sobre Cloud Computing descobri que existem dezenas de definições diferentes. É um paradigma ainda em evolução e portanto nada mais natural que suas definições ainda não estejam bem claras. Aliás, na computação em nuvem, suas definições, atributos e características, bem como as suas tecnologias de sustentação ainda vão evoluir muito e se modificar com o tempo.

Já vivemos isso antes. Basta olhar para a Internet em 1999, dez anos atrás. Alguém imaginava que ela seria como hoje? Tivemos a fase de empolgação, o estouro da bolha, a descrença e agora vemos que ela é a base das comunicações do planeta. Mas, ninguém imagina mais um mundo sem a Internet.

Mas, voltando a Cloud Computing. Aliás, o termo em português que eu adoto é Computação em Nuvem, embora também vejamos outros termos como Computação nas Nuvens ou Computação na Nuvem…De qualquer maneira, é um ecossistema que compreende vários modelos de negócio, centenas de fonecedores e diferentes nichos de mercado. É um paradigma bem abrangente e muito mais amplo que simplesmente infraestrutura como serviços.

Querem um exemplo? Bem, como modelos de serviços, além de infraestrutura como serviços (IaaS), podemos ter também Platform-as-a-Service (PaaS) e Software-as-a-Service (SaaS). Além disso, se olharmos pelo prisma dos modelos de entrega, as nuvens podem ser públicas (as mais conhecidas, como a nuvem do Google ou Amazon), mas também privadas (operada por uma única empresa), comunitárias (compartilhadas por um conjunto de empresas) ou híbridas (um mix de nuvens públicas e privadas).

Indo mais além…Uma “cloud” ou “nuvem” é um conceito abstrato e portanto não se compra como um produto. É construída. E para construí-la precisamos de muito mais esforços em serviços que só adqurindo tecnologias. Como o ecossistema que envolve Cloud Computing é amplo, surgem diversos fornecedores com definições diferentes e muitas vezes discrepantes entre si. Rotular seus produtos e serviços como Cloud é hoje uma ação comum de marketing. Qualquer produto ou serviço hoje é “cloud”…Um simples hosting de servidores passa a ser chamado de oferta de Cloud Computing!

Enfim, hoje ainda temos muito mais interesse que ações ocorrendo no mundo da Computação em Nuvem. Mas, à medida que os conceitos forem se firmando, as tecnologias evoluindo e os casos de sucesso se disseminando, mais e mais veremos as ações se concretizando.

Adotar o conceito de nuvem é uma trilha a ser perecorrida passo a passo. É uma evolução gradual, não se acorda em “nuvem” de um dia para o outro. O primeiro passo?

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Entender os conceitos e separar o que é puro hype da realidade. Cloud Computing não é hype, tem substância.

Algumas dicas de papers sobre Cloud Computing Setembro 23, 2009

Escrever um livro é um trabalho que demanda muita leitura e pesquisa. E, para escrever meu livro, sobre Cloud Computing, garimpando na Internet consegui encontrar textos muito bons.

Um paper que recomendo a todos interessados em estudar o assunto Computação em Nuvem é “Above the Clouds: a Berkeley View of Cloud Computing”, que pode ser acessado em http://www.eecs.berkeley.edu/Pubs/TechRpts/2009/EECS-2009-28.pdf . O paper foi escrito por diversos pesquisadores da Universidade da California, Berkeley, e procura responder a varias questões como o que é Computação em Nuvem, por que surgiu e porque está se disseminando pelo mercado, quais as oportunidades de exploração deste conceito, quais os novos modelos de negócio que poderão advir do seu uso e assim por diante. Vale a pena ler.

Também recomendo ouvir uma série de palestras apresentadas no Workshop “Computing in the Cloud”, realizado na Princeton University. Vejam http://citp.princeton.edu/cloud-workshop/#panel1.

Enfim, o assunto Cloud Computing merece atenção. Jornais de negócios como o New York Times (http://www.nytimes.com/2007/10/08/technology/08cloud.html? _r=4&ref=technology&oref=slogin&oref=slogin&oref=slogin&oref=slogin), Wall Street Journal (http://online.wsj.com/public/article/SB119180611310551864-55slpWwDncT1vmG_6OJJdxxeF4E_20071107.html?mod=tff_main_tff_top) e Business Week

(http://www.businessweek.com/print/magazine/content/07_52/b4064048925836.htm) também escreveram sobre o assunto.

O que concluímos? No mínimo devemos acompanhar com atenção a evolução do conceito e das tecnologias de Cloud Computing para não sermos surpreendidos com o CEO indagando “qual é mesmo nossa estratégia para Cloud Computing?”. E não termos resposta.

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Cloud computing e mainframes: tudo a ver! Setembro 28, 2009

Um dia destes estive envolvido em um animado debate sobre Cloud Computing e mainframes. Um profissional de uma outra empresa alegou que com a computação em nuvem os mainframes não teriam mais espaço.

Minha opinião é totalmente contrária. E aqui estão meus argumentos…Na verdade quando se fala em nuvens computacionais, uma primeira percepção que vem à mente de muitos são os imensos data centers tipo Google, onde centenas de milhares de servidores de baixo custo, baseados em Intel, constituem a sua plataforma de hardware.

Mas, será que todas as empresas podem ter estes data centers? Para mim fica claro que não. Mesmo um grande banco não pode criar e manter diversos data centers com mais de 500.000 servidores distribuídos. Estes data centers corporativos atuam de forma diferente das nuvens públicas, pois precisam manter determinados processos e controles internos, sejam por questões regulatórias, sejam por obediência à normas de auditoria. Por outro lado precisam construir uma infra-estrutura dinâmica, baseada nos conceitos de cloud computing. São as nuvens privadas, que oferecem muitas das facilidades das nuvens computacionais publicas, mas que operam internamente ao firewall da empresa. São nuvens disponibilizadas e acessadas apenas internamente.

E em quais plataformas de hardware deveriam construir suas nuvens? As grandes corporações, como grandes bancos já usam mainframes. E porque não usá-los também como plataforma para suas nuvens? Vamos pensar um pouco sobre o assunto.

Os novos mainframes não apenas rodam aplicações legadas baseadas em Cobol, mas processam com eficiência programas Java e sistemas Linux. Um exemplo prático são as facilidades CMMA (collaborative memory management assist) e DCSS (discontinuous shared segments). O CMMA expande a coordenação da paginação entre o Linux e o z/VM ao nível das páginas individuais, otimizando o uso da memória. Com o DCSS, porções da memória podem ser compartilhadas por várias máquinas virtuais. Desta forma, programas que sejam usados por muitos ou todas máquinas virtuais Linux podem ser colocadas em DCSS, de modo que todas compartilhem as mesmas páginas. Outra questão interessante que afeta as nuvens construídas em servidores distribuídos é a latência que ocorre quando os programas estão em máquinas distantes umas das outras. Em um único mainframe podemos ter milhares de servidores virtuais, conectados por comunicação memória a memória, eliminando este problema.

Ok, e tenho outros argumentos? Sim…vamos lá. Os mainframes incorporam naturalmente muitos dos atributos que são necessários a uma nuvem, como capacidade escalonável, elasticidade (você pode criar e desligar máquinas virtuais sem necessidade de adquirir hadware), resiliência e segurança. E sem falar em virtualização, que faz parte dos mainframes desde 1967!

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A gestão automática de recursos já está incorporada há muito nos softwares do mainframe. Aliás, o System z Integrated Systems Management Firmware gerencia de forma integrada recursos, workloads, disponibilidade, imagens virtuais e consumo de energia entre diversos mainframes.

Vamos olhar agora a distribuição de carga. Um mainframe consegue processar muitos mais servidores virtuais por metro quadrado que em um ambiente de servidores Intel. Em média o espaço ocupado por um mainframe para uma nuvem de milhares de servidores pode ser 1/25 do que seria necessário com servidores Intel. Alem disso, por cada processador de mainframes conseguimos colocar, dependendo da carga, dezenas de servidores virtuais. Outra consequencia é que o consumo de energia pode ficar em torno de 1/20 do que seria consumido pelos milhares de servidores fisicos.

Um exemplo prático: a nuvem criada pelo Marist College nos EUA, que em um mainframe de quatro processadores opera mais de 600 máquinas virtuais.

No aspecto econômico, o zEconomics, ou economia do mainframe (System z) pode apresentar um custo de propriedade extremamente vantajoso. As aplicações Java (que executam em um processador específico chamado zAAP) e os sistemas Linux (que rodam em processadores IFL) usam processadores que custam muito menos que os processadores tradicionais que rodam os sistemas z/Os e as aplicações legadas.

Um último argumento, como controles automaticos já estão inseridos no mainframe e porque existem muito menos elementos físicos para gerenciar, a demanda de profissionais de administração da nuvem pode se situar em torno de 1/5 do que seria necessário em sistemas distribuidos fisicamente.

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Open Cloud Manifesto Setembro 30, 2009

O assunto Cloud Computing ou Computação em Nuvem é extremamente fascinante. Na minha opinião o mundo da tecnologia está às portas de uma transformação profunda e no cerne desta transfomação está exatamente este conceito. Com o movimento em direção à Computação em Nuvem a Internet passa a ser o repositório de arquivos digitais e o usuário pode criar documentos, planilhas e apresentações sem precisar instalar nenhum software em sua máquina. A proposta da Computação em Nuvem é permitir que um mesmo arquivo possa ser acessado independentemente do equipamento, sejam estes PCs, notebooks, netbooks ou celulares, pois todos os arquivos estarão guardados em servidores na Web.

Porém, a Computação em Nuvem ainda tem muito que evoluir e amadurecer. As nuvens públicas ainda precisam oferecer mais garantias de segurança e disponibilidade. Além disso é problemático a falta de padrões de interoperabilidade. A tentação dos grandes fornecedores é criar sistemas fechados que na prática impedem seus clientes trocar de provedor de nuvem, dada a complexidade e os riscos envolvidos. A criação destes padrões abertos de interoperabilidade são, portanto, essenciais para o uso corporativo da Computação em Nuvem.

Até o momento, as ofertas mais conhecidas de nuvem, como o Amazon Web Services, Salesforce, o Google Docs são proprietárias. Isto significa que só podemos usar o Google Docs na nuvem do Google e não em nenhuma outra nuvem. Esta limitação à tecnologias proprietárias gera aprisionamento do usuário, restringindo sua liberdade de migrar de uma nuvem para outra.

Entretanto, recentemente começaram a surgir alguns movimentos em direção a um padrão aberto para interoperabilidade entre nuvens e foi, inclusive, criado um manifesto, chamado “OpenCloud Manifesto” (www.opencloudmanifesto.org) que se propõe a aglutinar empresas em torno da especificação de um padrão aberto para a Computação em Nuvem.

O manifesto estabelece um conjunto de princípios, denominados princípios para nuvens abertas, que asseguram que as organizações que usarem nuvens computacionais não ficarão restritas a padrões fechados, mas terão liberdade de escolha, flexibilidade e abertura para não ficarem aprisionadas a nenhuma nuvem. Embora a Computação em Nuvem traga claros benefícios, existe o potencial (como hoje acontece) de aprisionamento e perda de flexibilidade, caso padrões abertos não sejam adotados.

Diversas empresas já fazem parte deste manifesto, como a IBM, Sun Microsystems e EMC, mas algumas outras, como Microsoft, Google e Amazon não haviam acordado nenhum compromisso com esta proposta. Pena, pois padrões abertos são garantia de interoperabilidade entre nuvens.

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Cloud Computing e Open Source: pura sinergia! outubro 1, 2009

Em uma das minhas várias palestras sobre computação em nuvem, me fizeram uma pergunta interessante, que gerou um bom debate e gostaria de compartilhar minha opinião pessoal sobre o assunto com vocês. A pergunta foi “com a crescente popularização do modelo SaaS (leia-se Cloud Computing) como fica Open Source?”. Na minha opinião, o modelo SaaS já está saindo do “se” para “como”, impulsionado até pela crise de crédito, quando as empresas procuram trocar capex (capital expenses) por opex (operating expenses).

Na prática, SaaS e Open Source compartilham o mesmo modelo econômico, de baixo custo de capital e custos operacionais variáveis. Isto gera sinergia entre ambos os modelos e um impulsiona o outro. Os mesmos argumentos que atraem os usuarios para o Open Source são usados pelos provedores de softwares como serviços. Que argumentos são esses? Simplesmente não haver necessidade de aquisição prévia de licenças de uso antes de usar o software. No SaaS voce paga pelo que consumiu de recursos. No Open Source, o software também é visto como serviços e as receitas das empresas envolvidas neste setor são obtidas por serviços prestados, como por exemplo, empacotamento e distribuição de um conjunto de softwares, como uma distribuição Linux.

A computação em nuvem é um acelerador do Open Source. A combinação de uma infra-estrutura “pay-per-use” associado com uso de softwares abertos vai reduzir significativamente as necessidades de capital e os custos de desenvolvimento de aplicações, e acelerar o time to market. É um cenário que vai permitir às pequenas e médias empresas entrarem mais rapidamente no mundo da Tecnologia da Informação. Portanto, para mim, acho que Open Source e Cloud Computing vão criar um interrelacionamento e gerar sinergias, um impulsionando o outro. O resultado final será um outro modelo computacional, que vai mudar em muito o atual cenário da indústria de TI.

Após o debate, aproveitei para reler alguns pedaços do livro “A Cauda Longa” de Chris Anderson e comecei a pensar na relação deste conceito com a atual transformação da indústria de TI, com o crescente interesse pelo Open Source, SaaS e Cloud Computing. O conceito de Cauda Longa propõe que determinados negócios podem obter uma parcela significativa de sua receita pela venda cumulativa de grande numero de itens, cada um dos quais vendidos em pequenas quantidades. Isto é possível porque a Internet abre oportunidades de acesso que antes não existiam. É um modelo diferente do mercado de massa, onde poucos artigos são vendidos em quantidades muito grandes. Na indústria de livros, música e de mídia faz todo o sentido. Por exemplo, a Amazon reporta que parcela

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signficativa de sua receita vem de produtos da Cauda Longa que não estão disponíveis (e jamais estariam) nas livrarias tradicionais, limitadas pelos caros espaços físicos das lojas. E como Open Source, SaaS e Cloud Computing vão afetar a indústria de TI? Nestes modelos, o custo de capital é substituído por custos operacionais.

Softwares que tem seu projeto de desenvolvimento cerceado pelo pequeno tamanho do seu mercado potencial (seu custo de produção não gerava retorno financeiro suficiente) podem agora, se desenvolvidos em Open Source e operados em nuvens computacionais, entrar no mercado. Os custos de comercialização destes softwares também tendem a zero, pois não é necessário hordas de vendedores, mas simples downloads e marketing viral (blogs e outros meios de disseminação de informação). A receita dos desenvolvedores dos softwares Open Source será obtida pelo seu uso (pay-as-you-use), típico do modleo SaaS. A imensa maioria das empresas não vai investir tempo e dinheiro modificando código, a não ser quando absolutamente necessário. Aliás, situação raríssima.

Será muito mais pragmático e lucrativo para qualquer empresa pagar pelo uso de um sofware que esteja hospedado em uma nuvem computacional. Afinal, não queremos uma máquina de lavar e sim, a roupa lavada…

Temos, portanto, um vasto campo para explorar o mercado da Cauda Longa no software.

Então, isto tudo significa que o mercado de software tradicional, baseado em licenças vai morrer? Na minha opinião, não! Pelo menos no horizonte visível…Acredito que conviveremos em um contexto onde os modelos de vendas de licença e software como serviços vão compartilhar os palcos por algum tempo ainda…

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Segurança em Cloud Computing outubro 5, 2009

Nesta terça feira estarei em Brasília, participando do painel “Computação em Nuvem: Desafios para a Segurança Cibernética”, no SicGov2009, evento organizado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Segurança cibernética é um assunto muito interessante e desafiador. É um verdadeiro paradoxo da sociedade digital que a tecnologia da informação nos abre inúmeras oportunidades de melhorar a própria sociedade, ao mesmo tempo que pode se tornar uma ameaça à esta mesma sociedade. E Cloud Computing, conceito ainda bem recente, que para empresas e governos traz diversos benefícios, por outro lado abre novos desafios no tocante à segurança e privacidade.

Alguns dos questionamentos sobre Computação em Nuvem que mais ouvimos abordam a localização dos dados (onde os dados das nuvens distribuídos geograficamente são hospedados?), segurança (um data center que hospeda nuvens, pela concentração de empresas que compartilham a mesma infraestrutura, pode atrair ataques concentrados), recuperação de dados (os provedores de nuvens conseguem assegurar que os dados são replicados geograficamente e que em caso de perda de um data center, os dados podem ser recuperados?), arquivamento de dados (por quanto tempo os dados poderão ser armazenados para fins legais?), possibilidade de permitir auditagem externa a processos, possibilidade de investigações forenses diante de atos ilegais, e até mesmo os riscos de aprisionamento forçado por parte de nuvens proprietárias (quão fácil ou difícil é sair de uma nuvem e migrar para outra?).

Neste contexto observamos que grande parte destes questionamentos referem-se a nuvens públicas. Uma nuvem pública é uma caixa preta onde a eventual falta de transparência sobre a sua tecnologia, seus processos e organização podem tornar muito dificil a uma empresa avaliar com o grau de detalhamento necessário o nível de segurança e privacidade que o provedor é capaz de oferecer. Ou seja, os impulsionadores para adoção de nuvens são ao mesmo tempo os seus principais fatores de preocupação.

Quando se usa uma nuvem publica, transferimos a responsabilidade da operação da infraestrutura e aplicações para o provedor da nuvem. Mas, as responsabilidades legais continuam conosco. Para empresas de pequeno porte, com procedimentos de segurança e recuperação frágeis (o que é bastante comum), pode ser uma alternativa bastante atraente. Mas, para empresas de maior porte e órgãos de governo, com rígidas regras e procedimentos de controle, o uso de nuvens publicas será bem mais restrito. Para estas empresas, o uso de nuvens privadas geralmente é a estratégia mais adequada. E o que é uma nuvem privada? É uma nuvem que opera dentro do firewall da empresa, entregando alguns dos beneficios das nuvens publicas, como melhor aproveitamento dos ativos computacionais e menor time-to-market para novas aplicações, mas ao mesmo tempo que

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mantém os processos e procedimentos internos de padrões, segurança, compliance e niveis de serviço.

O uso dos modelos de Computação em Nuvem exige novos cuidados de governança, principalmente nos quesitos de segurança, privacidade e disponibilidade. Eventualmente novos processos deverão ser definidos, novos tipos de contratos deverão ser implementados e eventualmente novos tipos de relacionamentos com os provedores terão que ser construídos. E como estamos nos estágios iniciais de uso de Cloud Computing ainda teremos muito o que aprender!

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SicGov2009: bate papo animado! outubro 7, 2009

Como em todos eventos, o SicGov2009 abriu boas oportunidades para conversas de corredor. Como o tema de minha apresentação foi Cloud Computing e as questões de segurança e privacidade, o intervalo para o café reuniu diversas pessoas em um animado bate papo…Da conversa extraí alguns insights que quero compartilhar com vocês:

a) Embora se fale muito nos riscos de segurança em nuvens, existem alguns aspectos positivos que merecem atenção. Um deles é que no modelo de computação em nuvem, o valor dos desktops e notebooks estará na nuvem e não em seus HDs. Ora, como as estatísticas apontam que 1/3 dos problemas de violação de segurança devem-se ao uso de informações obtidas em laptops roubados, o fato das informações estarem nas nuvens e não mais nos HDs é bastante positivo. Outros aspectos positivos (sob a ótica de segurança), decorrentes de uso de nuvens são que os upgrades de software que corrigem brechas de segurança são feitas automaticamente (no modelo atual uma grande parcela dos usuários não atualiza seus softwares adequadamente, deixando os bugs que permitem vulnerabilidades ainda ativos), e a uniformidade dos padrões de segurança, pois todos passam a ter os mesmos padrões, ao contrário do modelo atual, quando os usuários podem ter mais ou menos recursos de segurança ativos em seus PCs e laptops.

b) Também lembrou-se que muitos data centers de empresas de pequeno a médio porte não tem bons procedimentos de segurança implementados e que nuvens ofertadas por provedores de alto nivel possuem, não só procedimentos e recursos sofisticados e auditados, mas também um staff técnico com uma expertise acumulada que nenhuma empresa de pequeno porte teria.

c) Mas, claro que os desafios de adoção de nuvens, principalmente nuvens públicas são muito grandes. Por exemplo, citou-se questões ainda não resolvidas de segurança e privacidade como a problemática da jurisdição (quando os dados são processados e armazenados em nuvens, que extrapolam territórios nacionais, que leis de proteção e privacidade destes dados se aplicam?), uma vez que uma nuvem pode residir em data centers localizados em diferentes países, com legislações diferenciadas.

d) A segurança foi um tópico bem debatido. Afinal, embora os dados estejm nas nuvens, a responsabilidade final ainda é da empresa contratante. Algumas legislações como as da União Européia são enfáticas em apontar a empresa contratante como responsável.

e) Outro debate interessante ocorreu por conta das dificuldades de se proceder a investigações forenses quando não se tem controle de onde os programas são executados. A tecnologia das nuvens públicas é uma caixa preta e os programas e dados podem estar sendo processados em servidores espalhados pelo mundo todo.

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Enfim, foi um debate bem animado e mostrou que ainda estamos começando a entender que “negócio de Computação em Nuvem é este”?

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Selecionando um provedor de Cloud outubro 9, 2009

Após o evento SicGov2009 recebi diversos emails, sendo que um dos quais, me questionando como selecionar um provedor de cloud, gerou um texto que será interessante compartilhar aqui.

Selecionar um provedor de serviços computacionais externos como uma nuvem passa por alguns itens já conhecidos como a competência e reputação do provedor, acrescido de outros específicos como:

a) Custos de troca do provedor. Sim, as nuvens públicas ainda são proprietárias e nem sempre será fácil migrar de uma nuvem para outra, embora os custos possam variar de acordo com o tipo de serviço contratado no modelo de cloud. Por exemplo, trocar um serviço de SaaS é muito mais complicado que trocar de fornecedor de storage-as-a-service.

b) Politica de preços. Uma das vantagens do modelo de cloud é pagar apenas pelos recursos utilizados. Assim é importante validar o nivel de transparência da politica de preços do provedor e sua aderência a este modelo.

c) Desempenho e disponibilidade da nuvem. Usar serviços computacionais em nuvem fazem com que o seu desempenho seja resultante de diversos fatores, alguns deles externos ao provedor. Um bom contrato de SLA, com penalidades para situações de não cumprimento das cláusulas contratuais é sempre bem vindo!

d) Transparência da cadeia de valor da nuvem. Um provedor de SaaS pode estar usando ele mesmo uma nuvem de terceiro para sua infraestrutura como base computacional para sua oferta. Saber disso e ter uma avaliação da qualidade deste subcontratante é importante para validar o seu provedor do SaaS.

Um item que mereceu atenção especial foi a questão da segurança. Como avalair segurança do provedor de nuvem? Bem, existem diversos itens que devem ser analisados. Vamos por exemplo considerar uma nuvem no qual usaremos serviços de infraestrutura (como as ofertadas pela Amazon). O que devemos analisar antes de fechar contrato? a) O provedor tem certificações externas de segurança e governança?

b) Quais os recursos e procedimentos de segurança física? Lembre-se que um provedor de cloud concentra muitas empresas clientes e portanto é um alvo e tanto para hackers. c) Segurança dos servidores virtuais. Neste caso avalie a segurança do sistema host bem como dos sistemas operacionais guest. Na Amazon, os sistemas guests são controlados pelos clientes e portanto devem implementar eles mesmos os procedimentos

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de segurança. Este modelo tenderá a ser usado por muitos provedores de nuvens de IaaS (infrastructure-as-a-Service) públicas.

d) Segurança da rede e dos firewalls. Por exemplo, o provedor está protegido por mecanismos de mitigação de ataques DoS (Denial of service) ou impedimento de IP spoofing?

e) Backups. Quem é responsável por eles? Na Amazon o cliente é que é responsável pelos backups de seus servidores virtuais.

Estamos dando os primeiros passos na direção ao mundo da computação em nuvem, com seus grandes benefícios, mas também muitos desafios. Como os provedores de nuvens não são iguais e que seu nivel de maturidade é bem diferenciado, devemos definir critérios bem detalhados de avaliação. E ir em frente!

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O CFO e a Computação em Nuvem outubro 13, 2009

Há algumas semanas debati o assunto Cloud Computing com executivos de uma multinacional do setor automotivo.

Preparando o material para a reunião, coletei diversas definições, algumas das quais valem a pena compartilhar aqui. Por exemplo, o Gartner Group define Cloud Computing como “a style of computing in which massively scalable IT-enabled capabilities are provided “as a service” to external customers over the Internet”. E vai mais, estimando seu impacto nos data centers: “Cloud Computing is a natural outcome of next-generation data centers. Infrastructure and operation organizations are striving toward service-orientation, a more variable pay-per-use chargeback model, and more virtualized and automated architecture”.

O Forrester tem definição parecida: “a pool of highly scalable, abstracted infrastructure, capable of hosting end-customer applications, that is billed by consumption”. Segundo o Forrester “Cloud Computing is a massive, abstracted and scalable infrastructure where the provider decides what components that infrastructure needs…not the user. In fact, users don’t have to worry about hardware or software at all. The operating system and applications are independent of one another and applications are dynamically allocated, scaled and moved within the infrastructure to optimize the performance of those applications. For the user, there are no long term commitments and you pay only for what you use”.

Pesquisando na Web achei um blog muito interessante sobre clouds, o de John Willis (www.johnmwillis.com/groundwork/cloud-vendors-a-to-z-revised/, que inclui uma lista de empresas que fornecem soluções de Cloud Computing. O blog tem posts muito legais e uma seção de podcasts sobre Cloud Computing que vale a pena ouvir.

Vale a pena também visitar o site da 3Tera (www.3tera.com), que é um bom e inovador exemplo de Cloud Computing. Esta empresa, aliás, foi apontada como a “Top company to watch in 2008” pela Linux Magazine.

Mas, voltando à nossa conversa com os executivos do cliente em Hortolândia, uma das perguntas que surgiram é se “a crise econômica não acelerou a adoção de Cloud Computing”? Bem, para chegar a uma resposta vesti a camisa de um CFO. Todo CFO fica vivamente interessado em soluções como Cloud Computing e seu modelo “pay-as-you-go” porque este modelo troca investimento em capital (capex ou capital expenditure) por opex (operating expense). O resultado é um cash flow muito melhor que no modelo tradicional, principalmente em tempos de crédito escasso. O CFO não precisa assinar nenhum cheque antes de poder dispor da capacidade computacional. Pelo contrário, ele assina os cheques à medida que consome os recursos computacionais. O risco financeiro também é bem menor, pois no modelo tradicional ele gasta antecipadamente o dinheiro

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em tecnologia sem saber se o resultado obtido será mesmo o esperado. No modelo Cloud Computing o risco financeiro é mensal (usa e paga) e ele pode acompanhar mais de perto como o dinheiro está sendo gasto. Enfim, do ponto de vista do CFO, Cloud Computing é o modelo dos seus sonhos…e a crise acelerou o interesse pelo modelo Cloud Computing. Mas, é claro que não são apenas os aspectos financeiros que contam (embora sejam cada vez mais importantes…). Ponto positivo: o modelo Cloud Computing retira da empresa todo o trabalho e custo de administrar toda a parafernália tecnológica, que geralmente não é o seu “core business”. Por outro lado é um modelo ainda em suas fases iniciais de evolução. Existem ainda poucas experiências concretas e o mercado ainda está tentando entender melhor o conceito e as tecnologias embutidas nele.

Entretanto, quando vemos empresas como a IBM e outros grandes players da indústria adotando o modelo e implementando soluções, e analistas de indústria como o Gartner prevendo que “80% of Fortune 1000 companies will leverage some applications of cloud computing by 2012; 30% will use cloud infrastructures services”, no mínimo temos que prestar atenção no assunto.

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A longa estrada para SaaS outubro 16, 2009

Outro dia tive uma animada conversa sobre SaaS com um CEO de uma empresa de software brasileira. Ele está pensando seriamente em adotar este modelo de negócios em sua empresa e queria trocar idéias sobre o assunto. Bem, o tema é quente, não existem verdades definitivas e acho que vale a pena compartilharmos o que debatemos aqui. Para mim, SaaS implica em uma mudança fundamental na indústria de software e seus modelos de receita (e mesmo sobrevivência) e não é a toa que meu amigo está bem preocupado com o assunto. Pode ser um risco para empresas de software estabelecidas, mas também abre amplas oportunidades, pois usuários de menor porte podem usufruir de aplicações antes inacessiveis. SaaS permite implementar o conceito de cauda longa para a base de clientes. Abrem-se também oportunidades para novos entrantes, com modelos de negócio e estratégias de marketing diferentes dos modelos tradicionais.

Bom, vamos aos principais pontos da conversa. SaaS não é um produto por si, mas uma combinação de um produto (software) com um mecanismo de distribuição e receita. O ecossistema SaaS inclui os produtores dos softwares, os implementadores e os fornecedores das plataformas. Em alguns casos o provedor da platforma tecnológica é o mesmo do software, mas na minha opinião um bom desenvolvedor de software não necessariamente é um bom gestor de infraestrutura. São skills diferentes. Na minha opinião, é melhor que o ISV desenvolva uma boa parceria com quem sabe gerenciar de forma eficiente uma infraestrutura tecnológica que assumir para si esta tarefa. Foi minha primeira sugestão para ele. Deixe infraestrutura em nuvem com quem sabe e concentre-se no seu core business, que é desenvolver e entregar o aplicativo.

Outra sugestão foi de de alavancar parcerias com integradores e implementadores. Como o ciclo de vendas torna-se bem menor, existem mais oportunidades de negócio em menor espaço de tempo. Isto implica que mais integradores e implementadores serão necessários. Tentar fazer tudo em casa, com equipe própria pode resolver quando são poucas as implementações. Mas quando o seu número aumenta, é melhor ter um ecossistema disponível. Não esqueça que projetos SaaS, quando comparados com projetos de implementações de software tradicionais, tendem a ser em maior número, mas de menor porte. Bem, e a terceira sugestão foi de não esquecer de desenhar um modelo adequado de distribuição de receita entre todos os participantes do ecossistema. Outro ponto a considerar. Não é necessário ser tudo ou nada. A empresa pode ofertar software no modelo tradicional, por licença, como também pelo modelo SaaS e/ou mesmo como appliance, um meio termo, onde empacota e gerencia o software (como no SaaS), mas que este vai rodar em uma máquina dentro do firewall do cliente. Aqui entra uma parceria com um fornecedor de hardware.

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Outra sugestão: se for adotar diferentes modelos, não esqueça que a força de vendas deverá atuar de forma diferente. O SaaS é altamente transacional e muitas vezes pode ser acionado por telemarketing. Nem sempre os pontos de contato serão os profissionais de TI. Comprar software pelo modelo SaaS vai ser cada vez mais uma atividade conduzida pelos próprios usuários.

O modelo de remuneração dos vendedores é diferente. Não existem (salvo rarissimas exceções) comissões monstruosas. Como a receita vem de “seats” (usuários) por mês, o mecanismo de comissionamento é diferente do modelo de vendas de licenças. Espelhe-se, por exemplo, no modelo de remuneração de assinaturas de revistas.

Entrar no mercado SaaS não é apenas disponibilizar o mesmo software de forma diferenciada. Pode ser necessário reescrever toda a aplicação para explorar de maneira adequada o ambiente Web, inclusive tornando o software o mais possível auto-gerenciável! Adotar o modelo SOA será um plus! Os ganhos em termos de flexibilidade e facilidade para incorporar novas funcionalidades vai aparecer rapidamente.

Sugestões adicionais: incentive uma maior participação dos usuários envolvendo-os em comunidades e obtendo idéias e sugestões para melhorias e inovações. Acelere o processo de inovação, pois ao contrário do modelo tradicional, não serão mais necessárias longas implementações para o usuário incorporar estas inovações. Elas podem entrar in-flight, com o sistema no ar.

Além disso existem alguns custos adicionais como recrutar e treinar uma nova rede de canais e parcerias, e uma nova força de vendas.

Uma outra e importante sugestão: repense o business model. O cash flow é diferente e a retenção de clientes é mais dificil. A barreiras de saída são mais baixas. Termos e siglas como “churn rate”, ARPU e custo de aquisição de clientes, comuns no meio das operadoras de celulares, passam a fazer parte da terminologia dos ISVs envolvidos com SaaS.

O que retém um cliente SaaS? Funcionalidade, é claro, mas também agilidade, suporte, serviços adicionais, qualidade de atendimento, nivel de serviço…Enfim, imagine-se como uma empresa de serviços onde o software está escondido no serviço. Você deixa de ser um vendedor de software para ser um vendedor de serviços.

E uma recomendação final: estudar alguns cases de sucesso como salesforce.com, Intacct (que atua em sinergia com o salesforce), cujo site pode ser visitado em http://us.intacct.com/, Open-Xchange (http://www.open-xchange.com/), Projity (www.projity.com) e Zoho (http://www.zoho.com/). Recomendei também dar uma olhada no Etelos (www.etelos.com) e no OpSource (http://www.opsource.net/) que se propõem a serem plataformas paras ISVs disponibilizarem seus aplicativos no modelo SaaS. E, claro, desejei boa sorte a ele!

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