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MPE. Ministério Público Eleitoral EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ AUXILIAR DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DA BAHIA

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Ministério Público Eleitoral na Bahia

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ AUXILIAR DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DA BAHIA

O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, por sua Procuradoria Regional, vem oferecer REPRESENTAÇÃO, com pedido de medida liminar, em face de JOÃO LUIZ CORREIA ARGÔLO DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, CI n. 0689103638 – SSP/BA, CPF n. 922.281.945-49, com endereço na Avenida 1, 130, Ed. Wilson Lins, gabinete 109, Centro Administrativo da Bahia, Salvador, Bahia, CEP: 41746900, pelos motivos adiante explicitados:

I) DOS FATOS

A partir de material colhido por esta Procuradoria Eleitoral, constatou-se a veiculação de propaganda eleitoral irregular a cargo do representado.

Com efeito, as fotos coligidas (anexas) revelam, à toda evidência, que o réu está a promover propaganda eleitoral irregular por meio de ônibus (Placa JLA 1625), estacionado em frente ao seu Comitê de Campanha Eleitoral, sito na Av. Otávio Mangabeira, Pituba, no calçamento em frente à ‘Boate Madrre’, pouco antes do ‘Restaurante Caranguejo do Sergipe’, contendo plotagem com foto, nome e número do candidato, cujas dimensões são manifestamente superiores ao limite de 4m², o que configura ofensa direta ao art. 37, § 2º, da Lei 9.504/97.

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II) DA ESPÉCIE DE PROPAGANDA VEICULADA – EFEITO OUTDOOR

No particular, o que se percebe é que o veículo em comento, finda por se transmudar em verdadeira propaganda eleitoral irregular “ambulante”, o que viola frontalmente a legislação eleitoral1

, porquanto logra produzir o indesejável efeito de outdoor, consubstanciando, assim, flagrante prejuízo ao equilíbrio do pleito.

Ressalte-se que o poder de persuasão de um outdoor contendo simplesmente a fotografia ou o nome de um político não se apresenta menor. E não se afigura essencial que carregue expressa alusão para que o consumidor/eleitor deva nele votar. Basta, tão somente, que passe ao universo de eleitores (público-alvo) uma determinada mensagem subliminar, qual seja, a de que naquele político se pode confiar.

Nas palavras do Ministro Carlos Ayres Britto: “ao menos de um ponto de vista semântico, outdoor é toda propaganda veiculada ao ar livre, exposta em via pública de intenso fluxo ou de pontos de boa visibilidade humana, com forte apelo visual e amplo poder de comunicação” 2

. (grifou-se).

Apelo visual e amplo poder de comunicação difundido entre os eleitores é justamente o que se vislumbra do conteúdo do indigitado veículo, abrangido, portanto, pelo conceito de outdoor definido pela Corte Superior Eleitoral, quando da Consulta n. 1274/DF.

Atualmente, tem-se em vigor a Resolução TSE 23.191/2009 (que dispõe sobre a propaganda eleitoral e as condutas vedadas em campanha na campanha eleitoral de 2010), a qual igualmente reproduz muitos dos dizeres da Lei 9.504/97, que veda, da mesma forma, a veiculação, em bens de uso particular, de engenhos publicitários superiores a 4m², além de estabelecer expressa proibição quanto propaganda eleitoral por meio de outdoors,

1¹ Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder Público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados. (Redação dada pela Lei nº 11.300, de 2006).

§ 1º A veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no caput deste artigo sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil reais). (Redação dada pela Lei nº 11.300, de 2006). § 2 Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral por meio da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, desde que não excedam a 4m² (quatro metros quadrados) e que não contrariem a legislação eleitoral, sujeitando-se o infrator às penalidades previstas no § 1o. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009).

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tudo sob pena de multa:

Art. 11. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados (Lei n. 9.504/97, art. 37, caput).

§ 1º Quem veicular propaganda em desacordo com o disposto no caput

será notificado para, no prazo de 48 horas, removê-la e restaurar o bem, sob pena de multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$

8.000,00 (oito mil reais), ou defender-se (Lei n. 9.504/97, art. 37, § 1º).

[...]

Art. 12. Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral por meio da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, desde que não excedam a 4m2 (quatro metros

quadrados) e não contrariem a legislação eleitoral, sujeitando-se o

infrator às penalidades previstas no § 1º do art. anterior (Lei n. 9.504/97, art. 37, § 2º).

Art. 18. É vedada a propaganda eleitoral por meio de outdoors, sujeitando-se a empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos à imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$ 5.320,50 (cinco mil trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) a R$ 15. 961,50 (quinze mil novecentos e sessenta

e um reais e cinquenta centavos) (Lei nº 9.504/97, art. 39, § 8º).

No que tange ao caso em testilha, concernente a propaganda em veículo automotor, vale ressaltar que o tamanho da plotagem aplicada ao ônibus claramente excede as dimensões estipuladas pelo normativo eleitoral. Nesse sentido é o entendimento firmado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, com decisão assim ementada:

EMENTA. RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO.

PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. CARACTERIZAÇÃO.

BEM MÓVEL PARTICULAR. PLOTAGEM EM VAN QUE EXCEDE METRAGEM DE 4M². EFEITO VISUAL ANÁLOGO AO DE OUTDOOR. RECURSO DESPROVIDO.

1. É permitida a afixação de propaganda eleitoral em bens particulares, desde que a metragem total não exceda o limite de 4m², nos moldes do artigo 37, § 2º, da Lei nº 9.504/97 c/c artigo 14, da Resolução nº 22.718/08, do Tribunal Superior Eleitoral - TSE.

2. A afixação de propaganda eleitoral em van possui efeito visual

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eleitoral. (TRE-PR. RE n. 7214. Relator(a) MUNIR ABAGGE, DJ

26/11/2008). (grifou-se).

Outra não é a orientação do Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso, consoante se depreende do seguinte aresto:

RECURSO - PROPAGANDA ELEITORAL - PINTURA EM

CAMINHÃO "TRIO ELÉTRICO" CONTENDO FOTOGRAFIA, NOME, NÚMERO E COLIGAÇÃO DE CANDIDATO

PROPAGANDA ELEITORAL EM BEM PARTICULAR

-EXTRAPOLAMENTO DO TAMANHO MÁXIMO PERMITIDO

NO ART. 14 DA RESOLUÇÃO TSE N. 22.718/2008 MULTA -DESPROVIMENTO.

A fixação de propaganda eleitoral em bem particular está limitada ao

tamanho máximo de quatro metros quadrados, nos termos do art. 14

da Resolução TSE nº 22.718/2008.

Recurso a que se nega provimento, para que seja mantida a penalidade

de multa imposta aos Recorrentes. Decisão:

Acordam os Excelentíssimos Senhores Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, em sessão do dia 09/07/2009, à unanimidade, negar provimento ao recurso interposto por Eraldo Fortes e Coligação "Primavera Para Todos I,II e III", nos termos do voto da Relatora e das Notas Taquigráficas, em apenso, que ficam fazendo parte integrante da decisão. (TRE-MT, RE n. 1120. Relator(a) Relator(a) MARIA ABADIA PEREIRA DE SOUZA AGUIAR, DJ 09/07/2009). (grifou-se).

III) DO CONHECIMENTO PRÉVIO

À vista das dimensões da propaganda e o local de sua afixação (automóvel com circulação em vias de grande movimentação de pessoas e veículos), é de se presumir que o candidato tinha conhecimento do ilícito ou, ulteriormente, dele se cientificou.

De todo modo, não se pode negar que referida propaganda beneficiou o representado, foi veiculada após o registro de sua candidatura e segue o seu padrão de publicidade.

Destarte, impõe-se reconhecer que, uma vez configurada a propaganda eleitoral irregular realizada em bem de propriedade particular – irrelevante, advirta-se, a

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não a imediata determinação para que o veículo seja impedido de circular e a imposição da correspondente penalidade. Interpretação contrária enseja o esvaziamento de norma imperativa e a consequente e desautorizada remoção de importante proteção a bem jurídico consubstanciado na vontade soberana do eleitor.

IV) DO PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR

Ante a relevância dos fundamentos invocados na presente demanda, todos associados à higidez do processo eleitoral, necessário que a ilicitude das condutas perpetradas pelo réu, seja interrompida, em caráter urgente, sobretudo, não se olvide, por se tratar de iniciativa que se constitui em verdadeira burla à legislação e, via de regra, quebra do princípio isonômico.

Desta forma, requer a Procuradoria Regional Eleitoral a concessão de medida liminar para que seja determinada, no prazo máximo de 48 horas, a apreensão do veículo, ou, subsidiariamente, a remoção da plotagem ou sua adequação ao limite de 4m², sob pena de multa diária em valor a ser fixado pelo Juízo por descumprimento.

V) DO PEDIDO PRINCIPAL E REQUERIMENTOS FINAIS

Diante de todo o exposto, confirmada a medida liminar com a consequente retirada do engenho publicitário, a Procuradoria Regional Eleitoral requer a condenação do réu ao pagamento da multa prevista no art. 37, §§ 1º e 2º, da Lei 9.504/97.

Requer, ademais, a notificação do representado para oferecimento de Defesa.

Pugna, ainda, seja conferida oportunidade para produção de prova testemunhal e documental, se necessário.

Atribui-se à causa o valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).

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SIDNEY PESSOA MADRUGA Procurador Regional Eleitoral

Referências

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