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RELATÓRIO. O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal CÉSAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (Relator Convocado):

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APELREEX Nº 32329/PB (0001460-94.2015.4.05.9999) APELANTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE APELADO : GERALDO ROSADO DA SILVA

ADV/PROC : JOSE PAULO FILHO e outro

REMTE : JUÍZO DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE SANTANA DOS GARROTES- PB ORIGEM : VARA ÚNICA DA COMARCA DE SANTANA DOS GARROTES - PB

RELATOR : DES. FEDERAL CÉSAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (CONVOCADO) RELATÓRIO

O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal CÉSAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (Relator Convocado):

Trata-se de remessa oficial e apelação da autarquia previdenciária em face da sentença que a condenou à concessão do benefício de amparo social ao postulante, bem como ao pagamento das prestações em atraso, a partir da data da realização da perícia médica (01/08/2012), acrescidas de juros de mora de 0,5% (meio por cento) ao mês, a contar da citação, e correção monetária pelo INPC, além de honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) do valor da condenação, nos termos da Súmula nº 111 do Superior Tribunal de Justiça.

Em suas razões recursais, aduz a autarquia apelante a necessidade de concessão de efeito suspensivo, em consonância com o artigo 558, parágrafo único, do Código de Processo Civil, bem como o não preenchimento dos requisitos para a concessão do benefício pleiteado.

Alega restar descaracterizada a miserabilidade exigida pela legislação, posto que embora o autor não more com a mãe e que esta seja idosa, resta evidente que tem condições de prover a manutenção do filho, tendo em vista que recebe dois benefícios previdenciários.

Insurge ainda contra a fixação da verba honorária administrativa, dos juros e mora e da correção monetária, requerendo uma apreciação mais equitativa do valor a ser definido para aquela e a aplicação da Lei 11.960/2009 quanto a estes, até decisão final do STF no tocante à modulação dos efeitos da decisão, na Medida Cautela na Reclamação 16705/RS.

Pugna pela reforma da decisão, com a suspensão imediata da tutela antecipada.

Opina o ilustre membro do Parquet Federal, no sentido de ser mantida a sentença.

Contrarrazões às fls. 182/184. É o relatório.

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR

APELREEX Nº 32329/PB (0001460-94.2015.4.05.9999)

APELANTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE APELADO : GERALDO ROSADO DA SILVA

ADV/PROC : JOSE PAULO FILHO e outro

REMTE : JUÍZO DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE SANTANA DOS GARROTES- PB ORIGEM : VARA ÚNICA DA COMARCA DE SANTANA DOS GARROTES - PB

RELATOR : DES. FEDERAL CÉSAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (CONVOCADO) VOTO

O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal CÉSAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (Relator Convocado):

No que concerne ao pedido de efeito suspensivo ao recurso, tem-se que, havendo risco de irreversibilidade da execução definitiva, pode o apelante se valer de uma peculiar medida antecipatória, consoante os termos do artigo 558 do Código de Processo Civil, abaixo transcrito:

Art. 558 do CPC - O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

No mérito, o benefício de prestação continuada, previsto no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal/88, consiste no pagamento de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência física que comprovar sua incapacidade para prover a sua própria subsistência ou de tê-la provida por sua família.

Regula o benefício, no plano infraconstitucional, o artigo 20 da Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993.

Incontestável a incapacidade do postulante para manter a sua própria subsistência, visto que o laudo médico oficial (fls. 127/129) atesta que é portador de Retardo Mental Grave (CID 10 f 72), que o incapacita para toda e qualquer atividade laborativa, como também para a vida independente.

Logo, o cerne da questão gira apenas em torno da comprovação da condição de hipossuficiência do autor, que tenho por demonstrada diante do estudo social, realizado na sua residência por assistente social da Secretaria Municipal de Ação Social, em 13/06/2013, nos termos do Relatório Social acostado aos autos (fls. 142/143), no qual restou constatada a situação de fragilidade e vulnerabilidade em que vive seu grupo familiar, mas, sobretudo, em razão da irrelevância do argumento de que os genitores do apelado podem manter o seu sustento, por serem detentores de benefícios previdenciários (fls. 56 e 57), visto que o Plenário do Supremo

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Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários nºs 567.985/MT e 580.963/PR, declarou a inconstitucionalidade parcial, sem declaração de nulidade, do artigo 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 e concluiu que “a aposentadoria no valor de um salário mínimo percebida por idoso integrante do grupo familiar não pode ser incluída no cálculo da renda familiar per capita para fins de apuração da condição de miserabilidade, no tocante à concessão do benefício assistencial previsto na Lei Orgânica da Assistência Social”.

Além disso, no que tange ao critério de avaliação da miserabilidade, a Excelsa Corte, no julgamento dos mencionados recursos, reviu seu posicionamento quanto à aferição do requisito financeiro para a concessão do benefício assistencial pleiteado, consistente em renda mensal per capita de 1/4 (um quarto) do salário mínimo, pois, à vista da edição de leis que fixaram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, declarou incidenter tantum a inconstitucionalidade do artigo 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993.

Assim, comprovada a incapacidade total e definitiva do demandante e a sua condição de hipossuficiente, tem-se que faz jus à concessão do benefício de amparo social pleiteado.

Neste sentido, já decidiu esta egrégia Quarta Turma:

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE. LEI 8.742/93. INCAPACIDADE E HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADAS. APELAÇÃO IMPROVIDA.

1. O amparo assistencial é previsto no art. 20 da Lei 8.742/93 para a pessoa portadora de deficiência ou de idade mínima de 65 (sessenta e cinco) anos (após a vigência do art. 34 da Lei nº 10.741/2003), que comprove não possuir meios de prover sua manutenção e nem de tê-la provida por sua família.

2. De acordo com o laudo às fls. 83/83v., o perito médico concluiu ser a suplicante portadora de esquizofrenia paranóide (CID 10 F.20.0), encontrando-se incapacitada para o exercício de atividades laborativas. 3. A respeito da renda mensal per capita, o Supremo Tribunal Federal, recentemente, mudou seu posicionamento a respeito do tema (RE 567985MT), entendendo que o critério de um quarto do salário mínimo utilizado pelo LOAS está completamente defasado e inadequado para aferir a miserabilidade das famílias, motivo pelo qual declarou, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do parágrafo 3º do artigo 20 da Lei nº 8.742/93.

4. Pela análise das informações trazidas pela assistente social, e pelo conjunto probatório dos autos, infere-se que a situação financeira vivenciada pelo grupo familiar do requerente é precária e instável. A renda familiar é composta apenas por 1 salário mínimo mensal oriundo da remuneração do genro da autora.

5. Apelação improvida.

[TRF5. AC Nº 578780/SE. DJe: 19/03/2015. Pág.: 247. Rel: Desembargador Federal ROGéRIO FIALHO MOREIRA. Quarta Turma. Decisão unânime].

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR

Quanto à verba honorária advocatícia, estabelecida em 10% (dez por cento) sobre quantum vencido, tenho que foi arbitrada em consonância com a norma do § 4º do artigo 20 do Estatuto Instrumental Civil, do artigo 85, § 3º, inciso I, do novo Código de Processo Civil, que, conquanto ainda não esteja em vigor, deve ser usado como parâmetro para a fixação equitativa dos honorários sucumbenciais, e da Súmula nº 111 do Superior Tribunal de Justiça, razão pela qual deve ser mantida.

No tocante aos juros de mora e à correção monetária, necessário se faz destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs nºs 4.357/DF e 4.425/DF, declarou a inconstitucionalidade por arrastamento do artigo 1º-F, da Lei nº 9.494/97, com a redação da Lei nº 11.960/2009, de forma que não se pode pretender a aplicação de norma extirpada do ordenamento jurídico.

Registre-se, ainda, que, na sessão do dia 25/03/2015, a Excelsa Corte modulou os efeitos do julgamento das ações diretas de inconstitucionalidade antes referidas, mas o fez apenas em relação aos precatórios. De modo que, nas ações de conhecimento, como neste caso, a declaração de inconstitucionalidade tem efeito imediato e eficácia erga omnes.

Afastada a aplicação do artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.920/2009, devem ser aplicados juros de mora no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês, conforme entendimento firmado pelo Plenário desta Corte, a partir da citação, nos termos da Súmula nº 204 do Superior Tribunal de Justiça e correção monetária de acordo com os índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, conforme restaram estabelecidos na douta sentença.

Ante essas considerações, nego provimento à apelação e à remessa oficial.

É como voto.

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APELREEX Nº 32329/PB (0001460-94.2015.4.05.9999) APELANTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE APELADO : GERALDO ROSADO DA SILVA

ADV/PROC : JOSE PAULO FILHO e outro

REMTE : JUÍZO DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE SANTANA DOS GARROTES- PB ORIGEM : VARA ÚNICA DA COMARCA DE SANTANA DOS GARROTES - PB

RELATOR : DES. FEDERAL CÉSAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (CONVOCADO) EMENTA

CONSTITUCIONAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL. LEI Nº 8.742/93. DOENçA MENTAL. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO. IMPOSSIBILIDADE. INAPTIDãO PARA O TRABALHO E VIDA INDEPENDENTE. HIPOSSUFICIÊNCIA. GENITORES APOSENTADOS. RENDA PER

CAPITA SUPERIOR AO LIMITE LEGAL. POSSIBILIDADE. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. A

VERBA HONORáRIA ADVOCATíCIA, JUROS MORA E CORREçãO MONETáRIA. MANTIDOS COMO FIXADOS. APELAçãO E REMESSA OFICIAL IMPROVIDA.

1. No que concerne ao pedido de efeito suspensivo ao recurso, tem-se que havendo risco de irreversibilidade da execução definitiva, pode o apelante se valer de uma peculiar medida antecipatória (art. 558 do CPC). Preliminar afastada.

2. Ao hipossuficiente com inaptidão laborativa e sem meio de prover a própria subsistência é assegurado o recebimento da renda mensal vitalícia, nos termos do art. 203, inc. V, da Carta Federal e do art. 20 da Lei nº 8.742/93.

3. Incontestável a incapacidade do postulante para manter a sua própria subsistência, visto que o laudo médico oficial atesta que é portador de Retardo Mental Grave (CID 10 f 72), que o incapacita para toda e qualquer atividade laborativa e para a vida independente. 4. A condição de hipossuficiência também restou demonstrada através do estudo social, realizado na residência do promovente por assistente social da Secretaria Municipal de Ação Social, em 13/06/2013, conforme Relatório Social acostado aos autos, no qual restou constatada a situação de fragilidade e vulnerabilidade em que vive seu grupo familiar, mas, sobretudo, em razão da irrelevância do argumento de que os genitores do apelado podem manter o seu sustento, por serem detentores de benefícios previdenciários, tendo em conta que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários nºs 567.985/MT e 580.963/PR, declarou a inconstitucionalidade parcial, sem declaração de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003 e concluiu que “a aposentadoria no valor de um salário mínimo percebida por idoso integrante do grupo familiar não pode ser incluída no cálculo da renda familiar per capita para fins de apuração da condição de miserabilidade, no tocante à concessão do benefício assistencial previsto na Lei Orgânica da Assistência Social”.

5. Além disso, no que tange ao critério de avaliação da miserabilidade, a Excelsa Corte, no julgamento dos mencionados recursos, reviu seu posicionamento quanto à aferição do requisito financeiro para a concessão do benefício assistencial pleiteado, consistente em renda mensal per capita de 1/4 (um quarto) do salário mínimo, pois, à vista da edição de leis que fixaram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, declarou incidenter tantum a inconstitucionalidade do artigo 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993.

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR 6. Logo, comprovada a incapacidade total e definitiva do postulante e a sua hipossuficiência, tem-se que faz jus à concessão do benefício de amparo social pleiteado. 7. A verba honorária advocatícia, fixada em 10% (dez por cento) do valor da condenação, foi arbitrada de acordo com a norma do § 4º do art. 20 do CPC, a Súmula 111 do STJ e o art. 85, § 3º, inc. I, do novo CPC, razão pela qual a mantenho.

8. Diante da declaração de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009 (ADIs 4.357/DF e 4.425/DF), devem ser aplicados juros de mora de 0,5% (meio por cento) ao mês, segundo entendimento firmado pelo Plenário desta Corte, a partir da citação (Súmula 204 do STJ) e correção monetária de acordo com os índices previstos no manual de cálculos da Justiça Federal, conforme estabelecidos na sentença.

9. Apelação e remessa oficial improvidas.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos do processo tombado sob o número em epígrafe, em que são partes as acima identificadas, acordam os Desembargadores Federais da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em sessão realizada nesta data, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas que integram o presente, por unanimidade, negar provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do voto do Relator.

Recife (PE), 21 de julho de 2015 (data do julgamento).

Desembargador Federal CÉSAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO Relator Convocado

Referências

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