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02/02/2013. Para onde correr?

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02/02/2013

Para onde correr?

Juros historicamente baixos, crescimento modesto, inflação elevada e um ambiente menos hostil, mas ainda cheio de incertezas. Decidir onde aplicar, num cenário desses, é um desafio. A boa noticia é que nunca houve tantas alternativas à disposição do investioor

GIULIANA NAPOLITANO

“É assim que mercados maduros funcionam. O brasileiro não precisa se desesperar, mas terá de mudar a forma de investir”, diz Gustavo Murgel, diretor executivo da gestora do banco Itaú. Um americano tem, em geral, apenas 5% de seu dinheiro aplicado em títulos públicos. Em torno de 20% estão em papéis de empresas e quase todo o resto em fundos de hedge e na bolsa — sendo que 12% estão investidos em ações de mercados emergentes. Aqui, 62% dos recursos ficam na renda fixa, e boa parte desse dinheiro está aplicada em títulos públicos. Há alguns anos, esse comportamento ultraconservador fazia sentido: um levantamento do banco HSBC”.

DIFÍCIL QUE ALGUÉM COM ALGUM DINHEIRO PARA APUCAR NÃO TENHA feito apergunta acima ao menos uma vez nos últimos meses. A rentabilidade de investimentos tradicionais, como a bolsa e a renda fixa, tem deixado muito, mas muito a desejar. O cenário econômico não promete tanto. Houve uma trégua nas notícias catastróficas sobre os Estados Unidos e a Europa recentemente, mas continuam as dúvidas sobre o fôlego da recuperação mundial — e é difícil encontrar alguém (fora do governo, claro) que espere um ano brilhante para o Brasil. A previsão (novamente, fora do governo) é de um crescimento ao redor de 3%, metade do desempenho de outros países emergentes. Já a inflação está alta, perto de 6% ao ano. Não é um ambiente propício para a bolsa, e as aplicações de renda fixa, que sempre foram um porto seguro para momentos assim, rendem pouco, algumas até menos que a inflação, em razão dos juros historicamente baixos. É mesmo motivo para se perguntar: para onde correr?

A boa notícia é que, se está difícil ganhar dinheiro do mesmo jeito de sempre, nunca houve tantas alternativas à disposição de quem quer, ou precisa, diversificar seus investimentos. Todas têm risco, algumas exigem que o investidor deixe o dinheiro parado por alguns anos e outras, que ele gaste algumas horas entendendo suas características, mostra que, do início do Plano Real até 2012, a rentabilidade

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bruta dos fundos Dl foi de 11% ao ano em termos reais; hoje, e de 1,5% — e, descontados os impostos e a taxa de administração, pode ser negativa.

As reportagens das 32 páginas a seguir trazem os principais investimentos indicados por quase 90 profissionais de mercado — entre assessores financeiros, gestores de fundos e analistas, ouvidos por EXAME nas últimas três semanas — e os conselhos de como aproveitar melhor as características de cada um deles. Hoje, planejar melhor o futuro pode fazer uma grande diferença na rentabilidade. Quem está guardando dinheiro para usar só quando se aposentar pode colocar parte dele em títulos públicos ou privados que vencem em décadas ou em fundos que limitam os prazos de resgate, como os que aplicam em projetos de infraestrutura. Já que o dinheiro não vai ser usado tão cedo, não faz sentido deixá-lo em aplicações com liquidez diária. No passado, era difícil que a rentabilidade desses investimentos sem liquidez fosse tão superior que compensasse o risco de deixar os recursos presos. Hoje, pode valer a pena. Um exemplo: os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que são lastreados em imóveis e isentos de imposto de renda, renderam, em média, 10% em 2012. Mas quem compra um CRI sabe que não poderá vender a qualquer hora — não, ao menos, sem dar um bom desconto.

Nem todos esses novos investimentos estão disponíveis nos bancos — e poucos, bem poucos, vão ser corretamente explicados pelo seu gerente. A saída para quem quer, ou precisa, diversificar seus recursos é buscar ajuda especializada. Alguns bancos têm equipes de assessoria de investimento. Vale a pena testar. Se não der certo, há dezenas de consultorias independentes cujo trabalho é montar um

planejamento financeiro para seus clientes. É um ramo comum nos Estados Unidos, e está crescendo por aqui. O dinheiro não fica na conta dos consultores: eles

indicam investimentos e o cliente decide onde aplicar. Mas é bom ficar atento. Algumas dessas empresas cobram 0,5% ao ano para prestar consultoria — e, aí, é preciso fazer a conta para ver se a taxa não está comendo uma parte importante do rendimento. Outras não cobram nada: seus profissionais são remunerados pelos gestores dos fundos que indicam. Nesse caso, a dúvida é: os consultores estão indicando os melhores fundos ou os que pagam melhor — para eles? O conselho de grandes investidores que costumam usar as assessorias é acompanhar sua carteira de perto. Alguns meses de retornos ruins podem acontecer. Mas um ano de rendimentos inferiores à média do mercado pode indicar que há problemas. E o que dizer da bolsa? O cenário não parece dos melhores. A maioria dos profissionais de mercado ouvidos por EXAME acha que o que é bom — as ações de empresas que crescem apoiadas no até agora inabalável aumento do consumo interno, como as de varejo e bens de consumo — já subiu demais. E as ações que estão baratas, por sua vez, não são bons investimentos. Fazem parte desse segundo grupo os papéis de setores que já sofreram ou podem sofrer intervenções do

governo — ou puxões de orelha da presidente Dilma Roussef, como o que foi dado nos banqueiros no ano passado. Em 2012, o valor de mercado das empresas de energia elétrica e da Petrobras diminuiu cerca de 70 bilhões de reais, depois das canetadas do Planalto. Agora, executivos de mercado acreditam que as companhias de gás natural, telecomunicações, saúde e concessões rodoviárias estão na mira. O ministro Guido Mantega chegou a dizer que, depois da redução das tarifas de energia elétrica, “o próximo passo é trabalhar para baratear o gás” (leia na pág. 56).

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Também estão baratas as ações de exportadoras e as produtoras de commodities. Por enquanto, o cenário para essas companhias é melhor que o de 2012. Em razão dos dados econômicos positivos divulgados nos últimos meses, a expectativa é que os Estados Unidos mantenham a trajetória de recuperação e a China cresça mais de 8% neste e no próximo ano, o que aumenta a demanda por esses produtos (leia mais na entrevista ao lado). A tonelada do minério de ferro, por exemplo, subiu 80% nos últimos quatro meses. Mas o risco desses papéis é alto — qualquer tropeço da China e dos Estados Unidos e uma nova deterioração da situação fiscal dos países da zona do euro podem reduzir a demanda por commodities, derrubar o preço dos produtos e prejudicar companhias como Vale e Petrobras.

Mas há investidores que aproveitam justamente momentos como esse para comprar — especialmente os que não estão olhando para os próximos meses, mas dez ou 20 anos à frente. É aquele pessoal que gosta de citar frases como a do banqueiro Nathan Rothschild, que, no século 19, quando a Europa estava afogada em guerras, disse que “a melhor hora para comprar ações é quando o sangue corre nas ruas”. É o que vem fazendo o paulistano Luiz Brasil, que tem 1 bilhão de reais aplicados na Bovespa e, hoje, diz estar comprando “adoida-do” os papéis de empresas de energia elétrica (leia entrevista 11a pág. 52). “Há diferenças entre setores da economia, regiões do país e, claro, empresas. Olhando no detalhe, dá para achar boas oportunidades”, diz Paulo Bilyk, um dos fundadores da gestora Rio Bravo, que é otimista com os setores de educação e saúde.

Algumas dessas oportunidades podem estar no exterior. Há cada vez mais fundos de gestores brasileiros que aplicam parte do patrimônio nos mercados americano, europeu ou mexicano. Alguns profissionais buscam ações de empresas que tem operações em países emergentes — e, portanto, ganham com o aumento da renda e do consumo nesses locais —, mas, por ser listadas em bolsas de países

desenvolvidos, estão mais baratas em razão da crise (leia mais na pág. 58), ‘"Estamos otimistas com a China, que deve crescer mais do que se esperava. Também acreditamos na bolsa da Rússia, onde as ações estão muito baratas, o que compensa o risco político e o crescimento comparativamente menor”, afirma Masha Gordon, vice-presidente responsável pelos fundos de ações de países

emergentes da gestora americana Pimco, que administra quase 2 trilhões de dólares. Vale a pena procurar investimentos fora do Brasil? Quais são as melhores

alternativas para quem pretende ganhar dinheiro por aqui? Veja as sugestões dos especialistas nas próximas páginas.

Com reportagem de Maria Luiza Filgueiras e Thiago 10 TRILHÕES DE DÓLARES A ESPERA

ESSA É A FORTUNA PARADA NOS BANCOS AMERICANOS. PARA O MAIOR INVESTIDOR DO MUNDO, ESSE DINHEIRO SÓ VOLTARÁ A MOVIMENTAR A ECONOMIA QUANDO A INCERTEZA PASSAR

Não falta dinheiro para reaquecer a economia americana, segundo o americano Rob Kapito, presidente do BlackRock, o maior gestor de recursos do mundo, com 3,8 trilhões de dólares sob sua administração. Para ele, basta que as incertezas diminuam e o volume recorde de 10 trilhões de dólares parados em depósitos

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bancários voltará a movimentar o país. Em Nova York, Kapito falou a EXAME. O senhor é otimista em relação ao caos fiscal americano?

No longo prazo, sim. O acordo fechado em janeiro adiou decisões prementes. Ainda não temos definição sobre a elevação do teto da dívida e um pacote de corte de gastos públicos. Mas esperamos uma solução no primeiro semestre. A economia deve acelerar na segunda metade do ano — e vai crescer 2% em 2013.

Qual tem sido o efeito de tanta incerteza na economia?

Há 10 trilhões de dólares parados em depósitos bancários no país. Muita gente só está esperando haver menos incertezas para voltar a comprar e a investir.

Como o mercado de ações deve se comportar neste ano?

Ainda vejo um vento a favor no mercado. Como as empresas americanas têm muito dinheiro em caixa e não estão investindo, elas estão recomprando as próprias ações e distribuindo dividendos. Assim, as ações devem valorizai’ mesmo se a economia real estiver mal.

Qual será a marca do segundo mandato de Barack Obama?

Deveria ser a execução de um plano para o futuro das contas públicas. A emergência do abismo fiscal desviou a atenção de grandes problemas. A previdência é um deles. O número de aposentados cresce muito mais do que o número de trabalhadores.

E ninguém planejou até agora o que fazer a respeito. A crise na Europa o preocupa?

O pior já passou.

Qual sua estimativa para o crescimento global em 2013?

Há um consenso de que o mundo crescerá 1,5%, uma taxa baixa. Leva algum tempo até que as pessoas retomem a confiança. Muitos acreditam que passaremos por um longo período de expansão lenta. E eu concordo com essa visão.

Existe algum lugar seguro para investidores neste contexto?

Os títulos públicos americanos sempre são um porto seguro, mesmo com taxas de juro bem perto de zero.

Qual sua perspectiva para os mercados emergentes?

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tendência positiva. Na América Latina, estou otimista sobretudo com o México. Como o Brasil se compara aos demais países?

O Brasil é rico em commodities. Se houver aumento de demanda de matéria-prima no mundo — e acredito que haverá —, o Brasil deve retomar o crescimento. Quais são seus setores preferidos no país?

Com a retomada em sua economia, a China precisará das commodities brasileiras. Os setores de infraestrutura, construção e consumo também são promissores.

Referências

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