• Nenhum resultado encontrado

Relicário. Joel Uchôa Teixeira

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relicário. Joel Uchôa Teixeira"

Copied!
18
0
0

Texto

(1)

R

elicário

J

oel Uchôa Teixeira

(2)

J

OEL UCHÔA TEIXEIRA

Nasceu na cidade dos ventos – Rio Grande, Rio Grande do Sul, em 27 de março de 1938. Filho do poeta Alberto Pereira Teixeira (Al Teixeira) e Liège Uchôa Teixeira. Foi comerciário, telegrafista do ex DCT, e após encerrou sua carreira funcional como Supervisor do Tráfego Telegráfico, aposentando-se por tempo de serviço. Casou com Tânia Mara Gautério Pantoja em 24 de dezembro de 1960, tendo o casal dois filhos: Liège Nair Pantoja Teixeira e Walter Alberto Pantoja Teixeira.

Um eterno apaixonado pela Poesia, pelo ritimo do Bolero e do Tango.

Joel viveu a vida na sua mais profunda intensidade, sempre cercado de amigos... de marcantes amigos.

Deixou-nos na triste tarde de 16 de agosto de 2016. Saudades... silenciosas saudades!

(3)

VÔ PANTOJA

Hoje eu fui te visitar chorando, Em teu frio e sepulcral jazigo,

E a saudade à tristeza se irmanando, Te reviveu em mim, meu sogro amigo. Se mais não fiz, não foi que me faltasse Forças capazes para transferir-te, Carne, sangue, músculos que bastasse, Para a VIDA de novo conferir-te.

Lembrei saudoso o chimarrão amargo, Dos relógios que compunhas informal,

E a família em comum que assumo o encargo... Descansa em paz, Pantoja, sê bendito!

Reencontrar-nos-emos no infinito, Quando eu deixar o jugo material. Março/1975

(4)

AI DOS VENCIDOS

Lutei comigo mesmo pra esquecer-te, Privei-me dos vícios que te lembravam, E, como um louco quis aborrecer-te,

Porém teus lábios, muito mais me amavam. Busquei por toda a parte a fim de ver-te, Horas amargas... e como custavam... Seria crível tanto assim querer-te,

Quando os nossos desígnios... separavam. Noites infindas, sonho que me abraça, Corpo de arminho, alma de pecado, Ébrio de amor, desperto, mas não passa. Oh Deus, por que é tão grande este castigo? Pois tendo o coração despedaçado,

Como um pária, a seus pés caí vencido. Agosto/1977

(5)

O TEU RETRATO SEM RETOQUES

Quando te vejo velho meu, querido, Junto de mim teu braço se apoiando, Saudoso lembro aquele tempo ido,

Doces quimeras que se me hão findando. Velho Cacique, assim tu és chamado, Bouquê feito de amor, perdão, ternura, Bom pai, bom filho, irmão, esposo amado, Marmóreo pedestal de fé, cordura.

Que cruz pesada velho, e eu contudo, Carregarei por ti, sereno, mudo, Dos lábios meus jamais terás um ai... Perpetua Arquiteto do Universo, As sagradas palavras do meu verso, Ao bendizer-te, velho amigo: Meu Pai! Agosto/1977

(6)

PENSANDO NELA

À minha mulher.

Ergo-me impoluto ante o amor, donzela, Dos braços teus, com glórias me hei erguido, Errei julgar-te fosses tu gazela,

Em cujo dorso me quedei vencido. Cansei do amor que dediquei... perdido, Como se fosse ele para aquela,

De quem há vinte anos sou querido,

E, entre as mulheres, em tudo, é a mais bela. Beleza de amor, pureza e encanto,

Minha musa e flor, ninfa singela, A quem a homenagem do meu canto. Amei-te sim mulher, tal como os ventos, Peregrinos... apenas por momentos, Esqueci-me de ti, pensando nela! (Casa do Poeta)

(7)

NO MEU OUTONO

Hoje chorei, chorei por ter nascido, Por todos males que outrora pratiquei, Por minha mãe santa que há sofrido, Pelo meu pai, cujos cabelos branqueei. Chorei por minha mulher, sou seu querido, Pelo meu lar que num quase desmanchei, Pelos meus filhos, a quem sou tanto amigo, Pelas migalhas de amor que lhes doei. Pelos mortos que aos poucos me deixaram, Na luta inglória de cruel existência,

Meu Deus! Estou tão perto da demência. Hoje, liberto dos vícios e paixões,

Procuro semear em todos os corações, Sementes do amor que ainda me restaram. Março/1979

(8)

QUEM É ESTA MULHER?

Sinto aos poucos ela se aproximando, Como se fosse uma gentil guarida, Iludo-me suas mãos me descarnando, Deixam à mostra, tão atroz ferida. Sinto no ombro a força já vencida, Na dor que lentamente vai matando, Tudo que tenho, aos poucos desta vida, Pouco a pouco de mim, está tirando. Foi tarde Pai, quando me apresentas-te, Tão impoluta, tão sutil donzela,

De cujo limbo, em moço me afastaste... E sei por fim, o mundo é um constraste, Ante ao espelho no qual me defrontaste, Já fiz de tudo e não me livro dela!

(9)

AL TEIXEIRA

Com orgulho, meu Pai!

Chuvoso o funeral das tuas quimeras, Marmóreo pedestal, tanto bendigo, Irmãos, amigos de quem tu tanto eras, Chorando estão teu gélido jazigo. Como mortalha doei-te pai amigo, O triste coração que tu me deras, O meu remorso e a tua dor comigo, Ferem-me o peito, abrindo crateras. Velho poeta, és eterno venerado, Pois entre vates, foste o iluminado, Calíope... coroa teu filho esteta. Angelicais musas que d'outro lado, Possuem meu pai, liriem seu reinado, Eis que chorando, choramos o poeta! Teu filho Joel.

(10)

INACABADA

Morreu-me a inspiração com tua ausência, Liríaca ternura...minha, Em vão nas cinzas fui sugar a essência, Tentei em versos...tinha!

Pai:

Tão cedo morta a musa.

Contigo se foi o meu sonho de poeta! Adeus.

(11)

PEDRINHO

Ao meu neto.

Para saudar-te, teu Vô queria,

Tanger da lira a corda que lhe chora, Bendito foste, até que em fim um dia, Cantou-lhe ao peito um'alma tão canora. Nasceste tu, meu anjo e vejo agora, No breu da noite, a luz que me alumia, Flor do meu sangue, a vida que reflora, Lançada ao mundo, que em hoje agonia. São rimas tristes que teu Vô em prosas, Pediu Calíope... tão calma dormia, Ousar fazer-te um colar de rosas. Murcham as flores, pétalas fenecem, Exceto aquelas que de ti merecem,

Símbolos da paz, do amor que o Vô queria. 07/04/1984

(12)

IL HOMO CANE

Gélidas noites em meu peito sinto,

Descarnas mãos sufocam-me a garganta, Exaspero, em vão, doido labirinto,

Procuro a luz, é tarde, ela me espanta. A par no leito, o expectro faminto, Fosse miragem, não... pois se agiganta, Ímpetos tive de fugir não minto,

Mas qual? Se por covarde mero adianta. Encaro-a pois, senhora rogo digas,

Se d'alvas vestes, foice à mão... procuras, Levar-me pr'onde, estupefato sigas? Sou eu a Parca, a noite dos teus dias, Que'm meio a sonhos tantos e loucuras, Roubar-te vem nas últimas porfias. Outubro/1985

(13)

LÁGRIMAS OCULTAS

A dor no peito, a dor atroz que esmaga, Duvidem pois do mal que me apavora, É fato sinto, a luz que se me apaga,

O breu, o tédio, a ira e o amor que chora! Abril/1990

(14)

NO TEU NATAL

Ao meu neto Frederico.

Tão calma, angelical ela dormia, Num ímpeto de amor fui despertá-la, Da lira então, sonora eu tangeria, Os mais suaves acordes d'uma escala. Intercalai oh Musa em tua harmonia, Sinos uníssonos em grande gala, Nasceu meu neto, choro, aleluia,

Quando um soluço audaz toilheu-me a fala. Frederico, o teu avô queria em rimas,

Tanger bordões e dedilhar as primas, E render-te as palavras do seu verso. Aí... o velho vate ergueu-se das ruínas, Recomendou-te sem máculas ou sinas, Ao Supremo Arquiteto do Universo! 07/08/1998

(15)

TESTAMENTO DE POETA

Já se me vão findando os poucos dias que sinto restar, talvez de vida... e a minha consciência esclarecida, vai justiçando as últimas porfias!... Bom filho, irmão, esposo, pai, amigo, procurei sê-lo como Deus me aprouve;

sempre espargi o BEM que o AMOR me houve, nunca fui rico e nunca fui mendigo!...

Se não deixo saudade neste mundo, certo é verdade não levar remorsos!

Aos bons dediquei sempre os meus esforços e aos maus votei desdém, assaz profundo!... Não tive ódios, nem vivi de amores...

dos erros materiais, por mim puni-me... do jugo das paixões liberto vi-me

e deixo aqui meus últimos penhores!...

(16)

SINOS

Sinos, quando eu morrer, tocai muito baixinho, espiritualizai a minha longa estrada;

eu vou deixar na tumba um coração velhinho, que só soube sofrer, chorar, amar, mais nada... Sinos, quando eu morrer, quando esta alma cansada ascender ao azul, tangei devagarinho,

jamais tive no mundo o encanto da alvorada, jamais provei da glória o capitoso vinho... Dobrai sentidamente, oh sinos, quando a morte um dia me levar para a região etérea,

lá onde não existe sul, não existe norte... Sinos, quando este peito exalar o último ai, quando eui deixar no leito o jugo da matéria, batei, tocai, tangei, dobrai, gemei... chorai!

Antonio Gomes de Freitas (do Livro Fogueira - 1935)

(17)

ÚLTIMA PÁGINA

À

todos quantos eu amei, todos quantos amo,

todos quantos hei de amar...

homenageio-os com estas desprentenciosas rimas, portadoras que são do meu RELICÁRIO, do meu amor, do meu respeito

e da minha gratidão.

Joel Uchôa Teixeira Rio Grande – RS, 1999

(18)

Walter Alberto Pantoja Teixeira Rio Grande – Rio Grande do Sul 2 0 1 8

www.walterpantojateixeira.recantodasletras.com.br

Referências

Documentos relacionados

A amamentação exclusiva desde o nascimento e até os seis meses de vida de um bebê é indispensável e contribui para a diminuição da morbimortalidade infantil,

No dia do batismo, quando Ele recebeu o Espírito Santo no dia em que João batizou, João disse: “Eu observei e vi o Espírito de Deus descendo como uma pomba do céu, e uma Voz

Semelhante ao grau de hidrólise (Figura 1a), o teor de aminoácidos aromáticos livres para Novo Pro D ® foram maiores que para reação catalisada por Alcalase ® (Figura

Um dos resultados mais significativo foi a criação e alimentação de um Banco de Imagens organizado e com acervo representativo de imagens produzidas durante o

Por outro lado, nos libertamos de amarras que podem retardar (frear, conduzir para uma só direção) a produção de conhecimento, já que a postura teórico-informal

Em relação à faixa etária, os jovens realizam mais a variante semáforo enquanto os idosos preferem sinaleiro, mantendo o mesmo direcionamento dos demais estados

O Climate Policy Initiative/ Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio trabalha para aprimorar políticas públicas de energia e uso da terra gerando evidências para

23.1. Aquele que, convocado dentro do prazo de validade de sua proposta, não assinar o contrato ou ata de registro de preços, deixar de entregar documentação exigida no