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Tema: Suplementação de termogênicos

INTRODUÇÃO

Nota-se que há uma busca constante por melhora do rendimento, do desempenho e até mesmo mudança na composição corporal de atletas e desportistas. Alimentos ou componentes dos alimentos que aumentam o desempenho são denominados

substâncias ergogênicas e estão presentes nos suplementos alimentares. Dessa forma, o uso de suplementos é crescente no meio esportivo e pode agir no aumento do metabolismo energético, aumentar a massa muscular e melhorar a saúde em geral (MAUGHAN in TIRAPEGUI; CASTRO, 2009).

 Algumas substâncias ergogênicas são consideradas termogênicas, pois são coadjuvantes na redução de gordura corporal (COELHO et al, 2007; SMBE, 2009). Porém, muitas substâncias prometendo ação lipolítica, com perda de peso em pouco tempo e ocasionam diversas alterações na homeostase corporal (COELHO et al, 2009).

CAFEÍNA

 A cafeína é uma substância estimulante e componente comum na dieta na população em geral, assim como de muitos atletas, encontrada como ingrediente em alimentos, bebidas e outras preparações. Além do uso social, a cafeína tornou-se um suplemento utilizado no esporte após a remoção da lista proibida da Agência Mundial  Antidoping (Wada), porém, há um limite tolerado na urina para essa substância. No

Brasil, a cafeína foi recentemente liberada pela Agência de Vigilância Sanitária

(Anvisa) como alimento para atletas (ALTIMARI et al, 2006; MOREAU, 2009, ANVISA, 2010).

O café é a principal fonte de cafeína na dieta, mas essa substância também pode ser encontrada no guaraná, no chocolate, em “bebidas energéticas”, em

refrigerantes à base de cola e em fármacos (ALTIMARI et al, 2006; MOREAU, 2009).  As principais fontes e as quantidades de cafeína são demonstradas a seguir (TABELA

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Tabela 1: Principais fontes de cafeína

Fontes Quantidade de cafeína (mg)

1 xícara (150 ml) de café infusão 103

2 g de café em pó instantâneo 60

2 g de café descafeinado 3

1 colher (chá) de chá preto instantâneo 25 -50

1 lata (350 ml) de Pepsi® 38

1 lata (350 ml) de Coca-Cola® 45

1 barra (30 g) de chocolate meio amargo 5 a 35  Adaptado de ALVES, 2010

Metabolismo da cafeína

 A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal e atinge pico no plasma entre 40 minutos a 60 minutos. Por ser uma substância lipossolúvel, atravessa rapidamente as membranas celulares, além da barreira hematoencefálica e da placenta. Após a absorção, a cafeína é metabolizada pelo fígado, onde acontece a remoção dos grupos metila 1 e 7 através da ação do sistema enzimático citocromo P450 IA2, o que leva à formação de três grupos metilxantina: 84% paraxantina, 12% treonina e 4% teofilina, todos metabolicamente ativos. O cérebro e os rins desempenham uma importante função ao metabolismo da cafeína ao sintetizarem o citocromo P450 1A2, essencial no metabolismo da cafeína (MOUREAU, 2009; DAVIS; GREEN, 2009).

 A excreção da cafeína é via renal, porém, de 0,5% a 3% da dose administrada é eliminada sem ser absorvida pela urina. Diversos fatores podem influenciar o

metabolismo da cafeína e, consequentemente, alterar a quantidade excretada pela urina, dentre eles: idade, genética, exercício, doenças, dieta ou uso de alguns

fármacos, consumo habitual de cafeína, tabaco e álcool. Tanto a cafeína como seus metabólicos ativos estimulam o sistema nervoso central (SNC), agem sobre os rins como um diurético, estimulam o músculo cardíaco e relaxam a musculatura lisa. O efeito estimulante no SNC aumenta o estado de alerta, alivia o sono e a fadiga (MOREAU, 2009).

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Dosagem e efeito tóxico

 A ação da cafeína no SNC está relacionada com a dose; em um consumo considerado baixo de cafeína, variando 85 miligramas (mg) a 200 mg, há estimulação do córtex cerebral, produzindo efeitos como redução do sono e fadiga, dando

sensação de bem-estar, vigor e euforia, aumentando o alerta mental, a produtividade e a capacidade para manter um esforço intelectual por períodos prolongados. Doses de cafeína acima de 250 mg são consideradas altas, podendo ocorrer intoxicação, com efeitos leves que incluem nervosismo, irritabilidade, insônia e distúrbios

gastrointestinais. Quando a dose excede 400 mg, causa disforia e aumento da

ansiedade. Um consumo elevado de cafeína de 1,5 grama (g) (correspondente a 12 ou mais xícaras de café) pode causar efeitos mais intensos, como úlcera péptica, delírio, coma, convulsões e arritmias (MOREAU, 2009).

Efeito ergogênico da cafeína

Os primeiros estudos com uso da cafeína demonstraram que ela aumentava o desempenho em exercícios de longa duração, associado com um catabolismo

aumentado dos triglicérides e uma redução da glicogenólise muscular. Com base nesses achados, confirmados em outros estudos, sugere-se que o uso da cafeína promova uma melhora metabólica dos sistemas energéticos durante o esforço, contribuindo para melhora no desempenho físico (MOREAU, 2009). Entretanto, os efeitos ergogênicos da cafeína no desempenho físico em exercícios de alta

intensidade e curta duração (tais como força, velocidade e potência) são contraditórios e inconclusivos até o presente momento. Os resultados divergentes podem ser

influenciados por diferenças de metodologia aplicadas nos estudos (MOREAU, 2009; DAVIS; GREEN, 2009). Sugere-se que o efeito ergogênico da cafeína é mais

acentuado em indivíduos treinados (DAVIS; GREEN, 2009).

Em geral, os efeitos sobre o organismo se traduzem em aumentar o estado de alerta e diminuir a sensação de fadiga, podendo aumentar a capacidade para realizar determinadas tarefas. É importante salientar que os efeitos ergogênicos são mais evidentes em pessoas não acostumadas ao consumo de cafeína (< 50 mg) em comparação com pessoas com alto consumo constante (> 300 mg) – esse efeito provavelmente é decorrente de uma up-regulation de receptores de adenosina promovida pelo consumo regular (MOREAU, 2009; GUERRA et al, 1999). O efeito ergogênico da cafeína sobre o desempenho físico em exercícios aeróbios tem sido demonstrado após a ingestão aguda de doses de cafeína entre 3 miligramas/quilo

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(mg/kg) e 6 mg/kg de peso corporal (ALTIMARI et al, 2006). Doses de cafeína de 9 mg/kg também produzem efeito ergogênico, mas podem causar desconfortos sintomáticos, e doses maiores, entre 9 mg/kg e 15 mg/kg de peso não são recomendadas, pois podem aproximar os níveis plasmáticos do nível tóxico (MOREAU, 2009).

 Acredita-se que o efeito ergogênico pode estar comprometido em condições ambientais, como alto calor e umidade. Dessa forma, Ferreira e colaboradores (2006) avaliaram oito ciclistas com ingestão de 5 mg/kg e 9 mg/kg de cafeína em condições de alto risco térmico. Os resultados indicaram que as condições de calor e umidade podem ser suficientes para mascarar o benefício ergogênico da cafeína, entretanto, houve uma tendência dos dados a demonstrar que a cafeína pode levar à redução dos sinais de fadiga durante o exercício nas condições de alto risco térmico.

Brunetto e colaboradores (2010) avaliaram o efeito do consumo agudo de cafeína sobre a oxidação de lipídios e o desempenho durante o exercício aeróbico utilizando o quociente respiratório como marcador da oxidação lipídica. Os indivíduos foram divididos em grupos através de sorteio, sendo: café com adoçante, café com açúcar e café descafeinado. No fim do trabalho, os resultados demonstraram que a ingestão de 5 mg/kg de peso de cafeína, adicionada ou não de carboidrato e oferecida 30 minutos antes do exercício aeróbico, não aumentou a oxidação de lipídios nem o tempo em exercício. Vale lembrar que os indivíduos selecionados eram não treinados (finalidade competitiva) e apresentam consumo de cafeína inferior a 100 mg/dia.

Um trabalho com jogadores de golfe (n= 23) demonstrou que a suplementação com uma bebida preparada com carboidrato e cafeína aumentou a concentração (6,4 g e 16 mg/100 mL) e melhorou o estado de alerta dos jogadores, dessa forma,

melhorou o rendimento na partida (STEVENSON et al, 2010).

 A cafeína pode melhorar a performance por múltiplos mecanismos, podendo poupar glicogênio, por elevar as taxas de ácido graxos livre no sangue; estimular o sistema nervoso central, aumentando dessa forma o estado de alerta; facilitar a

liberação de cálcio dos locais de armazenamento no músculo esquelético, estimulando a contração muscular e induzindo um efeito termogênico, bem como aumento da

oxidação lipídica (ALVES, 2010). Alguns mecanismos de ação da cafeína são melhor elucidados a seguir (MOREAU, 2009; COELHO et al, 2009).

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Estímulo da lipólise e economia de glicogênio: não está relacionado com o

aumento de níveis plasmáticos de ácidos graxos livres, pois o aumento da oxidação de gorduras ocorre nos primeiros 15 minutos de exercício e provavelmente independente da liberação de epinefrina. A hipótese seria o papel da paraxitina (metabólico da cafeína) que mimetiza os efeitos com relação aos ácidos graxos livres.

Antagonismo de receptor de adenosina: a cafeína ultrapassa a barreira

hematoencefálica e pode rapidamente ter efeito no sistema nervoso central (SNC), principalmente bloqueando os receptores de adenosina (A1, A2A, A2B e A3). A adenosina é moduladora da neurotransmissão do SNC; ao interagir com o receptor  A1, inibe a enzima adenilciclase, resultando em redução do AMP cíclico. A cafeína

inibe essa ativação, por ser antagonista do A1 e, dessa forma, aumenta os níveis de  AMP cíclico e causa: liberação de catecolaminas, aumento da pressão sanguínea,

lipólise, aumento das secreções gástricas, aumento da diurese e ativação do sistema nervoso central.

Níveis de potássio extracelular : exerce efeito na bomba de Na+/K+ diminuindo os níveis de K+ extracelular, dessa forma, ajuda a manter a excitabilidade das

membranas celulares nos músculos contráteis.

Níveis de cálcio intracelulares: níveis aumentados de cálcio intracelulares facilitam a excitação-contração no músculo esquelético. Ao bloquear a ação da A1, facilita a

estimulação-contração do musculoesquelético aumentando a eficiência da contração pelo aumento dos níveis de cálcio nesses músculos.

Efeito no SNC: os neurotransmissores mais associados à ação da cafeína são dopamina, GABA e serotonina. A cafeína aumenta o estímulo dopaminérgico e a cafeína diminui a serotonina, diminuindo a relação triptofano/BCAA e diminuindo a fadiga. Além de doses altas de cafeína, pode diminuir o GABA, principal

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Como a cafeína estimula o SNC, o Comitê Olímpico Internacional (COI)

considerava como agente de doping, porém, essa substância é muito consumida pela dieta, dessa forma, a Wada retirou-a da lista de substâncias proibidas e reclassificou-a como substância monitorada. Assim, o COI estipulou um valor máximo permitido de até 12 microgramas (µg) de cafeína/mL de urina, enquanto a National Collegiate

 Athletic Association (NCAA) estipulou limite de até 15 µg de cafeína/mL de urina (ADA, 2009, MOREAU, 2009; COELHO et al, 2009).

Portanto, a melhora no desempenho do exercício de endurance com

administração de cafeína é claramente multifatorial. Também tem sido documentada redução na percepção da dor, e isso poderia permitir maior capacidade de suportar a fadiga da contração muscular. Por último, uma redução na sonolência, por manter o estado de alerta, é um efeito ergogênico de suma importância em exercício de ultra-endurance, em que os atletas competem em vários dias de evento, como corridas de aventura (TARNOPOLSKY, 2008).

CARNITINA

 A carnitina (L-3-hidroxi trimetil amino butanoato) é um composto que pode ser sintetizado no fígado e nos rins a partir dos aminoácidos lisina e metionina ou obtida via exógena (alimentação). As fontes de carnitina incluem produtos de origem animal, tais como carnes (principalmente vermelha) e laticínios. Independentemente de a fonte de carnitina estar sobre a isoforma L e ser carreada pelo sangue para os sítios de armazenamento (coração e musculoesquelético) (COELHO et al, 2009).

Quando há a necessidade de obter energia para o organismo a partir de lipídio, a carnitina possui papel fundamental no metabolismo de ácidos graxos, formando um complexo acetil-carnitina para o transporte do acetil-CoA (ácido graxo de cadeia longa com a acetil-CoA) ao interior da mitocôndria. Nesse processo de levar o ácido graxo para a matriz mitocondrial para a β-oxidação, envolve as enzimas carnitina palmitoil transferase I e II (CPT I e CPTII). Dessa forma, por ser de suma importância na oxidação dos ácidos graxos, tem-se sugerido que a suplementação de carnitina

poderia promover aumento no transporte e na oxidação de ácidos graxos (COELHO et al, 2009; GOMES; TIRAPEGUI, 2009).

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Nota-se uma propaganda sobre a carnitina com a promessa de “queima” de gordura, sendo comercializada como “fat burner”. Porém além desta promessa, há outras hipóteses sobre o efeito ergogênico deste suplemento foram propostas, tais como (COELHO et al, 2009; GOMES; TIRAPEGUI, 2009).

Aumento da oxidação de ácidos graxos: hipótese que poderia promover aumento no transporte e na oxidação de ácidos graxos, gerando assim mais ATP e promovendo diminuição na utilização de glicogênio. Essa hipótese seria mais benéfica para

exercícios de longa duração.

Poupador de glicogênio: diminuição das taxas de depleção dos estoques de glicogênio gerados pelo aumento da oxidação de lipídios, retardando a fadiga.

Diminuição da síntese de ácido lático: associado à diminuição dos níveis de CoA, ativando a enzima piruvato desidrogenase, a qual converte o piruvato a acetil-CoA desviando da síntese de ácido lático e facilitando a oxidação completa da glicose. Diminuição da incidência de dores bem como de lesões musculares causadas pelo exercício: provavelmente devido à vasodilatação tipicamente acompanhada da suplementação de L-carnitina.

Devido a esse efeito vasodilatador, a suplementação de L-carnitina foi associada a possíveis benefícios em condições clínicas específicas, tais como cardiopatias, doenças renais, AIDS e neuropatia diabética (COELHO et al, 2005).

Em grande parte dos estudos, a suplementação oral de carnitina é de 1 g a 6 g/dia, como a biodisponibilidade da carnitina é baixa, em torno de 5% a 15% e

administração de altas doses a maior parte é excretada pela urina (COELHO et al, 2009; GOMES; TIRAPEGUI, 2009). Sabe-se que a carnitina e a acetil-carnitina

possuem sistema de transporte saturáveis específicos para entrar na célula muscular.  Após a participação como transportadoras, são exportadas através de transportadores

específicos, também saturáveis, para a corrente sanguínea; após, ambas são filtradas pelos rins e reabsorvidas pelo túbulo renal (GOMES; TIRAPEGUI, 2009).

Coelho e colaboradores (2010) publicaram um estudo cego, randomizado, objetivando o efeito da suplementando de L-carnitina por quatro semanas sobre a taxa metabólica de repouso e a oxidação de ácidos graxos livres no estado de repouso e

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durante a prática de exercício físico aeróbico em indivíduos ativos com excesso de peso e obesidade. Foram utilizadas doses diárias de 1,8 g de L-carnitina via oral no grupo suplementado; já o grupo placebo recebia cápsulas de aspecto semelhante, porém com composto de amido. Ao fim do estudo, verificou-se que a suplementação oral de L-carnitina, por quatro semanas, não promoveu alterações sobre a composição corporal e a oxidação de ácidos graxos livres no estado de repouso e durante a prática de exercício físico aeróbico em indivíduos com excesso de peso e obesidade. Desse modo, concluiu-se que a suplementação de L-carnitina, nesse tipo de população, não é eficiente na perda de peso, no gasto energético, no uso diferenciado de substratos energéticos nem na potência aeróbia.

O uso da carnitina como suplemento ainda é muito controverso, sendo escassas as evidências positivas que comprovem os efeitos da alteração da

composição corporal bem como melhora no desempenho esportivo. Discute-se que concentrações normais de carnitina no músculo esquelético já parecem ser suficientes para a atividade máxima das enzimas CPT-I e CPT-II. Os pesquisadores defensores da suplementação alegam que no exercício intenso há uma redução dos níveis de carnitina no músculo esquelético, porém, como os aminoácidos precursores da carnitina são facilmente consumidos, dificilmente ocorre uma carência severa que  justifica a reposição (COELHO et al, 2009; GOMES; TIRAPEGUI, 2009).

EFEDRINA

Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro, a efedrina faz parte dos estimulantes proibidos da lista de substâncias e métodos proibidos em competição, dessa forma, é considerada doping  caso esteja com concentrações na urina bem como no sangue além do permitido (COB, 2010).

 A efedrina é agente simpatomimético que atua tanto como agonista adrenérgico quanto no aumento da liberação de norepinefrina pelos neurônios simpáticos. Por atravessar a barreia hematoencefálica, funciona como um potente estimulador do SNC. A estimulação simpática pode causar efeitos excitatórios em alguns tecidos e inibitórios em outros; estimula os receptores α no músculo vascular liso causando maior contração e vasoconstrição; estimula β1, no músculo cardíaco,

podendo levar ao aumento da frequência cardíaca e da força do miocárdio e estimula os receptores β2, encontrados na musculatura bronquial lisa, promovendo

broncodilatação e vasodilatação. A efedrina age de forma semelhante à anfetamina, porém com efeitos mais fracos. Atualmente, a efedrina não é mais utilizada em fármacos, mas a pseudoefedrina pode ser encontrada em formulações para o

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tratamento de congestão respiratória. Sua excreção é via urinária, em geral, três horas a seis horas após a ingestão (COELHO et al, 2009).

 A efedrina pode ser encontrada na forma pura, no extrato de Ma huang, rico em efedrina e outros alcaloides semelhantes à efedrina, tais como pseudoefedrina, metilefedrina, norefedrina, norpseudoefedrina e metil pseudoefedrina (COELHO et al, 2009).

Essas substâncias são comumente consumidas em suplementos nutricionais por atletas de diferentes modalidades esportivas que procuram rápida redução do peso e estímulo energético em vários países. Infelizmente, apesar de ser proibida a comercialização no Brasil, suplemento à base de efedrina pode ser encontrado de forma clandestina, por exemplo, através da internet (FORTE et al, 2006).

Forte e colaboradores (2006) relataram um caso de um jovem atleta de vale tudo, sem fatores de risco para doença cardiovascular, que apresentou infarto do miocárdio no período em que fez uso de suplemento rico em efedrina. O atleta fez o uso para uma perda de peso rápida durante o período de preparação para a luta e utilizou uma dosagem com o dobro do recomendado pelo fabricante. Esse relato mostra os riscos envolvidos no consumo de suplementos com substâncias

comercializadas ilegalmente e até mesmo o risco da autoprescrição.

Cafeína e efedrina

Essa combinação, bem perigosa, foi muito utilizada devido ao efeito ergogênico, pois promovia perda de peso, além de melhorar o desempenho. Os efeitos da efedrina no SNC ficam aumentados com o uso da cafeína associada. Em teoria, a combinação cafeína-efedrina, além de promover aumento da taxa de

metabolismo, pode suprir o apetite, ocorrendo a inibição da degradação do AMP cíclico induzido pela cafeína e o aumento da liberação de catecolaminas pelo sistema nervoso simpático, pela ação da efedrina. Apesar do efeito ergogênico, essa

combinação (efedrina-cafeína) não é recomendada, pois muitas mortes foram relacionadas à associação dessas substâncias. Mediante os riscos e os efeito adversos ao uso da efedrina, essa substância foi proibida pela Anvisa no Brasil (COELHO et al, 2009).

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Suplementos à base de alcaloides de efedra mostram efeitos adversos como hipertensão, arritmia, infarto do miocárdio, convulsão, acidente vascular cerebral e morte. A Food and Drug Administration (FDA) recomenda o limite de 24 mg/dia no máximo por sete dias. É importante ressaltar que os efeitos adversos podem ocorrer independentemente da dosagem utilizada (COELHO et al, 2009).

CONCLUSÃO

Observam-se muitos suplementos com promessa de termogênicos sem

comprovação científica que justifique o uso bem como a comercialização. Infelizmente, a busca constante por melhora no desempenho e no rendimento de atletas e até

mesmo por padrão de beleza faz o uso dessas substâncias existir através do mercado paralelo. É um fato muito preocupante, pois o uso indiscriminado ou incorreto, sem orientação de um profissional qualificado, pode trazer complicações à saúde do

usuário. Dessa forma, antes de incluir qualquer substância na alimentação, é de suma importância estudar se o uso é lícito ou não e se justifica a inclusão para melhorar o rendimento no esporte.

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Tema: Suplementação de termogênicos

1) Com relação aos suplementos termogênicos, sabe-se que:

A) são coadjuvantes na redução de gordura corporal. B) podem aumentar o desempenho.

C) podem aumentar o metabolismo energético. D) podem aumentar a massa muscular.

E) Todas as alternativas estão corretas.

2) Sobre a cafeína, assinale a alternativa incorreta:

A) É uma substância estimulante muito comum na dieta da população.

B) É encontrada no café, no guaraná, no chocolate, em “bebidas energéticas”, em

refrigerantes à base de cola e em fármacos. C) O uso como suplemento é proibido no Brasil. D) Doses altas de cafeína podem causar intoxicação.

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E) Causa redução do sono e fadiga, fornecendo sensação de bem-estar.

3) Considerando a carnitina, assinale:

A) Participa da oxidação de lipídios.

B) Possui sistema de transportador saturável.

C) É sintetizada a partir de aminoácidos (lisina e metionina). D) Seu uso como suplemento ainda não está bem elucidado. E) Todas as alternativas anteriores.

4) Sobre os suplementos ergogênicos, assinale:

A) Popularmente, a carnitina é considerada um suplemento promissor na “queima”

de gordura.

B) Pode melhorar o desempenho em exercícios de longa duração.

C) O uso de suplementos com efedrina pode ser danoso à saúde do atleta. D) A cafeína pode manter o atleta em estado de alerta.

E) Todas as anteriores estão corretas.

5) Com relação à efedrina, assinale:

A) Potente estimulador do sistema nervoso central.

B) Substância inclusa nas substâncias proibidas em competição. C) Pode causar infarto do miocárdio.

D) Associada ao consumo de cafeína, torna-se muito nociva à saúde. E) Todas as alternativas estão corretas.

Referências

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