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COMPARAÇÃO DE DOIS PROTOCOLOS DE TREINAMENTO FÍSICO AERÓBIO PARA INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS E SEDENTÁRIOS POR MEIO DA ERGOESPIROMETRIA

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NÚBIA AMÂNCIO LOPES e PATRÍCIA CRISTINA LOPES CARNEIRO

RA:001200401214 e 001200400227

COMPARAÇÃO DE DOIS PROTOCOLOS DE

TREINAMENTO FÍSICO AERÓBIO PARA INDIVÍDUOS

SAUDÁVEIS E SEDENTÁRIOS POR MEIO DA

ERGOESPIROMETRIA

Bragança Paulista

2007

(2)

NÚBIA AMÂNCIO LOPES e PATRÍCIA CRISTINA LOPES CARNEIRO

RA:001200401214 e 001200400227

COMPARAÇÃO DE DOIS PROTOCOLOS DE TREINAMENTO FÍSICO

AERÓBIO PARA INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS E SEDENTÁRIOS POR

MEIO DA

ERGOESPIROMETRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC de 2007, do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

Bragança Paulista

2007

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FOLHA DE APROVAÇÃO

CARNEIRO, P. C. L., LOPES, N. A. Comparação de dois protocolos de

treinamento físico aeróbio para indivíduos saudáveis e sedentários por meio

da ergoespirometria. Monografia defendida e aprovada na Universidade São

Francisco em Dezembro de 2007 pela banca examinadora constituída pelos

professores:

__________________________________________________

Profª. Drª Rosimeire Simprini Padula

USF – orientadora

_____________________________________________

Prof

o.

Ms. Fabiano Pinheiro Peres

USF - examinador

____________________________________________________

Profª. Ms. Milena Pelosi Rizr Sperling

(4)

DEDICATÓRIA

Dedicamos de forma muito especial a nossos pais, que tanto batalharam conosco para esta realização. Foram eles as pessoas que mais nos encorajaram durante todos estes dias. Choraram e riram conosco a cada momento de angústia e felicidade e não nos deixaram desanimar nenhum momento desta caminhada. A eles o nosso eterno obrigado.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecemos a Deus, pois sem ele não teríamos ultrapassado este obstáculo e alcançado esta vitória em nossas vidas. Ele nos ofereceu força para vencermos a batalha todos os dias, um após o outro e, quando desanimávamos era a Ele que recorríamos.

Agradecemos a todos os nossos professores, tanto àqueles mais próximos como os mais distantes de nós, pois, todos, sem discriminação fizeram parte da nossa conquista. De cada um deles sugamos a maior essência e com cada um aprendemos um pouco. Obrigado pela dedicação e pela paciência que tiveram conosco.

Em especial, agradecemos a professora Juliana Terra, pois foi ela que nos inseriu na realização deste trabalho, mas infelizmente não pode dar procedência nele conosco. A ela o nosso muito obrigado.

Agradecemos também a todos os nossos colegas, pessoas estas que mais estiveram próximas de nós durante esta fase de nossas vidas. As festas, as bagunças, as brincadeiras e até mesmo o dia-a-dia de cada setor ficará eternamente guardado em nossas mentes.

Aos nossos namorados, Juliano e Daniel, agradecemos por todo o companheirismo, paciência e dedicação que tiveram em todos os dias, inclusive finais de semana. Tudo que nos fizeram para nos ajudar será sempre lembrado com muito carinho. A vocês o nosso eterno agradecimento.

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EPÍGRAFE

Que acalentamos a vontade de ser grande, mesmo sabendo que nossa parcela de contribuição no mundo é pequena.

Que todos nós fazemos partes desta maravilhosa teia chamada Vida, criada por Alguém bem superior a todos nós!

E que grandes mudanças não ocorrem por grandes feitos de alguns, e, sim, nas pequenas parcelas cotidianas de todos nós! (Chico Xavier).

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RESUMO

CARNEIRO, P. C. L., LOPES, N. A. Comparação de dois protocolos de treinamento físico aeorbio para indivíduos saudáveis e sedentários por meio da ergoespirometria 2007 51f. Monografia – Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, Bragança Paulista.

Este estudo teve como objetivo avaliar e comparar a eficácia do treinamento aeróbio bi-semanal, durante oito semanas em bicicleta e esteira ergométrica. Foram estudados 15 voluntários, sendo dez do gênero feminino e cinco do gênero masculino, com 35,9 ± 10,6 anos, fisicamente saudáveis e sedentários, divididos de forma randomizada, treinando sete indivíduos em esteira ergométrica e oito indivíduos em bicicleta ergométrica. Foi realizada uma avaliação e re-avaliação dos voluntários utilizando o teste ergoespiromético com protocolo de Bruce. O treinamento foi realizado durante oito semanas com sessões bi-semanais e duração máxima de trinta minutos cada (sendo reservados dez minutos para aquecimento e recuperação). Observaram-se ao final das oito semanas de treinamento a freqüência cardíaca (FC) de repouso, FC de esforço, consumo de oxigênio (VO2) máximo

extrapolado e o Déficit Aeróbio Funcional (FAI). Para medir a FC, foi utilizado um cardiofreqüencímetro Polar (a3) e as demais variáveis foram obtidas por meio da ventilometria e interpretadas pelo software Galileu. Os resultados foram submetidos à análise multivariada –Anova e para a pós-análise foi usado o teste de Ducan (p<0,05) para verificar a existência de diferença significativa. Pode-se observar por meio destas ferramentas que os resultados esperados com o treinamento aeróbio não foram atingidos com o protocolo utilizado, pois não houve diferença significativa entre nenhuma das variáveis. No entanto, notou-se uma melhora cardiorrespiratória no grupo treinado em bicicleta ergométrica comparado ao grupo treinado em esteira, contudo, os resultados obtidos foram capazes de atingir os objetivos deste estudo. Conclui-se que para obter um condicionamento cardiorrespiratório eficaz, levando à adaptações neste sistema, é preciso que a intensidade e a duração de cada sessão de treinamento sejam maiores do que os utilizados neste estudo.

Palavras-chaves: TREINAMENTO AERÓBIO, FREQÜÊNCIA CARDÍACA, CONSUMO MÁXIMO de OXIGÊNIO.

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ABSTRACT

This study aimed to assess and compare the effectiveness of aerobic training

bi-weekly, for eight weeks in cycling and ergometric wake. Were studied 15

volunteers, and ten of the female gender, five the male gender, with 35.9 ± 10.6

years, physically healthy and sedentary, divided in groups, training seven individuals

in wake ergometric and eight individuals in ergometric bicycle. It was conducted an

evaluation and re-evaluation of volunteers using the test ergoespirometic with

protocol of Bruce. The training was carried out for eight weeks with bi-weekly

meetings and maximum of thirty minutes each (being reserved ten minutes to heat

and recovery). There was the end of the eight weeks of training in heart rate (HR)

from home, HR of effort, oxygen consumption (VO 2) and the maximum extrapolated

and Funcional Aerobic Deficit (FAI). To measure HR, was used a heart rate Polar

(a3) and the other variables were obtained through ventilomety and interpreted by

the software Galileo. The results were submitted to multivariate analysis-Anova and

for the post-analysis was used to test Ducan (p <0.05) to verify the existence of

significant difference. You can look through these tools that the expected results with

aerobic training have not been achieved with the protocol used, because there was

no significant difference between any of the variables. However, it is noted an

improvement in cardiorespiratory group trained in bicycle ergometric compared to the

group trained in wake, however, the results have not been able to achieve the

objectives of this study. It follows that for a conditioning cardiorrespiratório effective,

leading to changes in this system, it is necessary that the intensity and duration of

each session of training are larger than those used in this study.

Keywords: AEROBIC TRAINING, HEART RATE, MAXIMUM OXYGEN

CONSUMPTION

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÂO ...13

1.1 O Músculo Esquelético ...14

1.2 Tipo de Fibras Musculares ...15

1.3 Bioenergética ...16

1.4 Exercício Aeróbio & Anaeróbio ...18

1.5 Ajustes e Adaptações do Exercício Aeróbio e Anaeróbio ...19

1.6 Consumo de Oxigênio ...21 1.7 Ergoespirometria ...23 2.0 JUSTIFICATIVA ...24 3.0 OBJETIVOS ...25 3.1 Objetivo Geral ...25 3.2 Objetivos Específicos ...25 4.0 MÉTODO ...26 4.1 Sujeitos ...26 4.2 Equipamentos ...26 4.3 Procedimentos ...28 5.0 RESULTADOS ...31 6.0 DISCUSSÃO ...34 7.0 CONCLUSÂO ...39 8.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...40 9.0 REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...41 ANEXOS ...43

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Esteira Ergométrica...26

FIGURA 1a – Visor da esteira ...26

FIGURA 2 – Bicicleta Ergométrica ...27

FIGURA 3 – Freqüencímetro...27

FIGURA 4 – Aparelho de Ventilometria ...27

FIGURA 4a – Bucal e fios de conexão ...27

FIGURA 5 - Estetoscópio ...27

FIGURA 6 – Esfigmomanômetro ...27

FIGURA 7 – Oxímetro de pulso ...28

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Características Gerais dos Voluntários ...29 TABELA 2 - FC de repouso durante oito semanas de treinamento ...33

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Análise da FC pré e pós-treinamento ...31 GRÁFICO 2 – Análise do déficit aeróbio funcional pré e pós-treinamento ...31 GRÁFICO 3 – Comparação do FAI pré e pós-treinamento aeróbio em esteira e bicicleta ergométrica ...32 GRÁFICO 4 – Comparação do VO2 máx Extrapolado em esteira e bicicleta ergométrica ....33

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1.0

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da existência humana, o exercício físico faz parte do cotidiano. Segundo McArdle et al., (2003) a atividade física consiste em qualquer movimento corporal produzido pelos músculos e que resulta em maior gasto de energia, já o exercício pode ser definido como um subgrupo da atividade física que é planejada, estruturada, repetitiva e proposital.

O exercício físico resulta em interações complexas de efeitos psicológicos e fisiológicos. Além disso, salienta a diminuição do estresse, melhora da função cardiorrespiratória e remoção de fatores de risco. Tem como objetivo principal facilitar as adaptações biológicas que aprimoram o desempenho em tarefas específicas (BENTTI, 2000 apud BOSCO et al., 2000).

É amplamente aceito que a aplicação sistemática de estímulos funcionais são capazes de promoverem adaptações crônicas dos aparelhos e sistemas mobilizados durante um programa de condicionamento físico. Os efeitos benéficos derivados da prática regular do exercício físico são importantes por prevenirem algumas enfermidades degenerativas e influírem sobre a saúde do indivíduo, proporcionando maior tolerância aos esforços de caráter laborioso e/ou recreativo (CARDOSO, 1986).

A execução de um exercício exige o ajuste de numerosas funções orgânicas, cuja solicitação depende da intensidade, duração e freqüência do exercício e das características específicas da atividade praticada. O aumento do rendimento orgânico é dependente da forma e da função dos órgãos submetidos ao estresse fisiológico, introduzindo-os a manutenção do equilíbrio dinâmico até os limites da potencialidade biológica (CARDOSO, 1986).

Especificidade, sobrecarga, reversibilidade e resposta individual são os principais itens de um treinamento físico. A especificidade indica os músculos envolvidos no treinamento de resistência ou de força. A sobrecarga é a intensidade, duração ou freqüência em que o exercício será executado, sendo necessária para que haja um efeito do treinamento, uma vez que é preciso que um sistema ou tecido seja imposto a uma sobrecarga ao qual o organismo não está acostumado para que com o decorrer do tempo haja a adaptação dos sistemas orgânicos (POWERS et al., 2000; MAUGHAN et al., 2000; MCARDLE et al., 2003).

A reversibilidade está relacionada ao destreinamento, isto é, quando uma pessoa deixa de participar de um programa de exercícios, ocorrem reduções significativas na capacidade tanto metabólica quanto de trabalho e muito das adaptações resultantes do

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exercício são perdidos dentro de poucas semanas. A resposta individual está relacionada ao treinamento inicial desenvolvido e às limitações genéticas, embora sejam fatores determinantes a quantidade e qualidade dos movimentos, a plasticidade do tecido muscular permite que o treinamento produza alterações consideráveis em suas características funcionais, morfológicas e em sua capacidade metabólica (POWERS et al., 2000; MAUGHAN et al., 2000; MCARDLE et al., 2003).

1.1. O Músculo Esquelético

O tecido muscular constitui um sistema funcional especializado que se encarrega das atividades que caracterizam o comportamento motor do organismo. O músculo esquelético tem a capacidade de se contrair ao ser estimulado pelo sistema nervoso, provocando deslocamento dos diferentes segmentos corporais (MCARDLE et al., 2003).

Em geral, o músculo esquelético é denominado por uma série de feixes musculares de tecido conjuntivo, no qual, cada feixe é composto por milhares de células ou fibras musculares, e cada uma dessas fibras contém miofibrilas que constituem 80% de seu volume. As miofibrilas são pequenos filamentos dispostos em séries repetidas ao longo da fibra. Cada miofibrila divide-se longitudinalmente em sarcômeros, que são as unidades funcionais do sistema contrátil, estes contêm dois tipos de filamentos: os filamentos grossos, compostos pela proteína contrátil miosina; e os filamentos finos, constituídos pela proteína contrátil actina (MCARDLE et al., 2003).

A unidade motora é composta por um nervo motor (motoneurônio) e pelas fibras inervadas por esse nervo. Sua principal função é a contração muscular. Há três tipos de unidades motoras: unidade motora tipo S, inerva as fibras musculares tipo I; unidade motora tipo FF, que inerva as fibras musculares do tipo IIA; e a unidade motora tipo FR, inerva as fibras musculares do tipo IIB (MCARDLE et al., 2003).

A contração muscular é o resultado de uma seqüência de fenômenos: chegada de um impulso nervoso até a junção neuromuscular ou placa motora (estrutura pela qual se transmite a ordem de contração do nervo até o músculo), liberação da mensagem (pacote de acetilcolina), que chega até a membrana da fibra muscular, o sarcolema; alteração da permeabilidade do sarcolema para diferentes íons e despolarização, produzindo a excitação da fibra muscular; liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático e das cisternas para o sarcoplama, seguida do acoplamento entre os filamentos de actina e miosina; deslizamento da actina sobre a miosina e contração muscular; e recaptação de cálcio para seus locais de depósito, desacoplamento dos filamentos e relaxamento muscular (POWERS et al., 2000).

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1.2. Tipo de Fibras Musculares

As fibras musculares são extremamente plásticas, ou seja, possui considerável capacidade para se adaptar à resposta de diferentes formas de atividades ou descanso. A adaptação pode tomar a forma de alteração no tamanho do músculo, na composição das fibras, na capacidade metabólica e na densidade capilar (POWERS et al., 2000).

O tipo de distribuição das fibras é geneticamente determinado e não facilmente alterado. Estas são dividas em três tipos maiores: tipo I, IIa e IIb. A classificação se estabelece conforme as propriedades funcionais determinadas pela contração lenta, resistência à fadiga, pela contração rápida e as fibras deterioráveis pela rápida contração (POWERS et al., 2000).

As fibras do tipo I são células vermelhas com contração lenta. A cor vermelha se deve à presença de mioglobina, um pigmento intracelular respiratório capaz de reter oxigênio (O2) e liberá-lo em pressões parciais baixas. Possuem numerosas mitocôndrias,

sendo a maior parte destas localizadas próximo à periferia da fibra e aos capilares sanguíneos, os quais fornecem um amplo suprimento de O2 e nutrientes. Estas fibras

possuem alta capacidade para o metabolismo oxidativo, resistem à fadiga e são especializadas no desempenho de ações intensas e repetidas por períodos prolongados (MCARDLE et al., 2003).

As fibras do tipo II são pálidas, pois possuem poucas mioglobinas e são maiores em diâmetro. Seu tempo de relaxamento e contração é muito rápido, conseqüentemente, as fibras do tipo II possuem saída máxima de energia (cerca de três vezes maior que as das fibras do tipo I). Há poucas mitocôndrias e pequeno suprimento sanguíneo, mas há maior estoque de glicogênio e fosfocreatina (MAUGHAN et al., 2000).

A alta atividade das enzinas glicogenolíticas e glicolíticas supre as fibras tipo IIb com alta capacidade para produção rápida de ATP quando a energia tem de ser liberada em taxas excessivas da fosforilação oxidativa disponível, ou seja, possuem alta capacidade anaeróbia. Esta respiração anaeróbia ocorre sem o uso de O2, mas não necessariamente na

ausência de O2 (anóxia) ou na baixa disponibilidade de O2 (hipóxia). Embora sejam as mais

adequadas para a atuação rápida e as ações intensas por breves períodos, as fibras do tipo II sofrem rápida fadiga (MAUGHAN et al., 2000).

Associada às diferenças na velocidade de contração e no perfil metabólico na maioria dos tipos de fibras, estão as diferenças dos neurônios motores que formam as inervações das fibras. As fibras do tipo I são supridas por neurônios de pequeno diâmetro, que possuem baixa velocidade de condução e baixo nível de atuação, enquanto as fibras do

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tipo II são inervadas por neurônios de diâmetro maiores, de rápida condução e nível de ativação relativamente alto. Logo, esta diferença determina a ordem em que as fibras são recrutadas durante o exercício que, por sua vez, determinam a resposta metabólica ao exercício (MCARDLE et al., 2003).

Durante a maioria dos movimentos, ocorre uma ordem hierárquica por tamanho de recrutamento da unidade motora, correspondendo a uma progressão do tipo I para o tipo II e para o tipo IIb. Isso significa que durante exercícios leves a maior parte das fibras do tipo I serão recrutadas; durante exercícios moderados, comparecem tanto o tipo I quanto o tipo IIa; e durante exercícios mais pesados, todos os tipos de fibras contribuem para a produção de energia (POWERS et al., 2000).

Com isso, o músculo esquelético pode realizar três tipos de ação: os músculos que trabalham concentricamente tornam-se mais curtos e mais espessos na medida que suas ligações se aproximam, produzindo um movimento articular. O custo energético deste tipo de trabalho é alto, pois apenas cerca de um quarto de energia liberada durante a contração é usada como trabalho mecânico. Uma parte dela é empregada para vencer a inércia inicial, e parte é convertida em calor. O trabalho concêntrico é utilizado para produzir força muscular (MACEDO, 1999).

Os músculos que trabalham excentricamente tornam-se mais longos e mais delgados na medida em que se contraem e permitem que suas ligações se separem pela força que produz o movimento. O custo fisiológico deste tipo de exercício é baixo. No trabalho muscular estático ou isométrico o comprimento do músculo permanece o mesmo durante todo o trabalho muscular; nenhum movimento resulta deste trabalho. O trabalho estático é o de menor gasto energético, mas é fatigante quando demorado, devido a diminuição da circulação local pelo aumento da pressão muscular (MACEDO, 1999).

1.3. Bioenergética

No corpo humano, a energia alimentar é utilizada para produzir ATP – composto químico que quando degradado, fornece energia para contração muscular e outros processos biológicos (MACEDO, 1999).

O exercício físico requer um suprimento constante de adenosina-tri-fosfato (ATP) para fornecer energia necessária à contração. De fato, as células musculares podem produzir ATP através de três vias metabólicas: degradação da creatina fosfato (CP), degradação da glicose ou glicogênio (denominado glicólise) e formação oxidativa de ATP, podendo as células musculares produzir ATP por qualquer uma dessas vias ou pela

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combinação das três vias metabólicas. A formação da ATP pela degradação da CP e da glicólise não envolve a utilização de O2, assim é denominada via anaeróbia, enquanto que a

formação oxidativa da ATP com a utilização de O2 é denominada metabolismo aeróbio

(MAUGHAN et al., 2000).

O método mais simples e rápido de produção de ATP envolve a doação de um grupo de fosfato e de sua ligação energética da CP para a adenosina-di-fosfato (ADP), formando ATP. Essa reação é catalisada pela enzima creatina quinase (CK). As células musculares armazenam pequenas quantidades de CP, portanto, a quantidade total de ATP que pode ser formado por essa via é limitada, pois provê a energia para contração muscular no início do exercício. Esta reação é denominada sistema ATP-CP (MAUGHAN et al., 2000).

Os fosfogênios (ATP-CP) são armazenados dentro dos mecanismos contráteis dos músculos e constituem a fonte de ATP mais rapidamente disponível para ser utilizada por ele. Esse sistema energético é usado para a produção de ATP durante exercícios de alta intensidade e curta duração (menos que cinco segundos) (MACEDO, 1999).

Quantidades pequenas de CP podem limitar o desempenho durante a realização de um exercício por reduzir a produção de ATP pelo sistema ATP-CP. Assim, a ingestão de grandes quantidades de creatina resulta no aumento dos estoques de CP nos músculos. Essa suplementação auxilia na melhora do desempenho durante a prática desse tipo de exercício (MAUGHAN et al., 2000).

Uma segunda via anaeróbia capaz de produzir rapidamente ATP é a denominada glicólise, através dessa via ocorre a desintegração parcial dos carboidratos (glicogênio e glicose) para ácido lático. Este último induz a fadiga quando acumulado no sangue e na musculatura (MACEDO, 1999).

Esta via é utilizada para transferir energia de ligações de glicose para unir o fosfato ao ADP, este processo ocorre no sarcoplasma e envolve uma série de reações que são catalisadas enzimaticamente e produz um ganho de duas moléculas de ATP e duas de ácido láctico por molécula de glicose ou três moléculas de ATP se o substrato for o glicogênio. A glicólise, além de ser uma via anaeróbia capaz de produzir ATP sem O2,

também pode ser considerada o primeiro passo da degradação aeróbia dos carboidratos, pois, com a presença de O2 nas mitocôndrias, esta via é capaz de produzir ATP

aerobiamente (WILMORE et al., 2001).

A produção aeróbia de ATP ocorre nas mitocôndrias e envolve a interação de duas vias metabólicas cooperativas: o ciclo de Krebs e a cadeia de transportes de elétrons. A função principal do ciclo de Krebs é o término da oxidação dos carboidratos, das gorduras ou proteínas com a utilização “de moléculas transportadoras de hidrogênio” conhecidas

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como NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e FAD (flavina adenina dinucleotídeo) (WILMORE et al., 2001).

A importância da remoção é que os hidrogênios, em virtude dos elétrons que eles possuem, contêm a energia potencial das moléculas dos alimentos. Essa energia será utilizada na cadeia de transporte de elétrons a fim de combinar a ADP com o fosfato para ressintetizar a ATP. O O2 não participa das reações do ciclo de Krebs, mas é o aceptor final

de hidrogênio no fim da cadeia de transportes de elétrons. O processo da produção aeróbia de ATP é denominado fosforilação oxidativa. As enzimas que catalisam essas reações estão localizadas no interior das mitocôndrias (WILMORE et al., 2001).

A fosforilação oxidativa, ou produção aeróbia de ATP ocorre nas mitocôndrias com resultado de uma interação complexa entre o ciclo de Krebs e a cadeia de transporte de elétrons. O principal papel do ciclo de Krebs é completar a oxidação de substratos para entrar na cadeia de transporte de elétrons. O resultado final da cadeia de transporte de elétrons é a formação de ATP e água. A água é formada pelo O2, aceptor de elétrons. O

metabolismo aeróbio de uma molécula de glicose acarreta a produção de trinta e oito moléculas de ATP, enquanto que a produção aeróbia de ATP a partir do glicogênio é de trinta e nove moléculas de ATP, isso ocorre porque a produção glicolítica de ATP pelo glicogênio é maior do que a da glicose (WILMORE et al., 2001).

O metabolismo é regulado pela atividade enzimática, a enzima que regula essa atividade é denominada “enzima limitadora de velocidade”. A enzima limitadora de velocidade da glicólise é a fosfofrutoquinase, enquanto as enzimas limitadoras de velocidade do ciclo de Krebs e da cadeia de transporte de elétrons são a isocitrato desidrogenase e a citocromo oxidase, respectivamente. Em geral, os níveis celulares de ATP, de ADP e fosfato regulam a velocidade das vias metabólicas envolvidas na produção de ATP. Níveis elevados de ATP inibem o aumento de sua produção, enquanto que níveis baixos de ATP e elevados de ADP e fosfato estimulam sua produção (MAUGHAN et al., 2000).

É importante enfatizar a interação das vias metabólicas aeróbias e anaeróbias na produção de ATP durante o exercício. Para realizar a maioria dos tipos de exercício há uma combinação destas vias, mas vale lembrar que a contribuição anaeróbia de ATP é maior em atividades curtas e de alta intensidade, enquanto o metabolismo aeróbio predomina em atividades mais longas (MAUGHAN et al., 2000).

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1.4. Exercício Aeróbio & Anaeróbio

O exercício anaeróbio é aquele que está relacionado à alta intensidade e curta duração, ou seja, trabalha com a força, velocidade e potência muscular. Os músculos têm a capacidade de gerar força na ausência de O2. Isso se dá a habilidade de gerar energia

anaeróbia através das vias de degradação da CP e degradação da glicose ou glicogênio (MAUGHAN et al., 2000).

Já os exercícios aeróbios consistem em atividades de longa duração e baixa intensidade envolvendo principalmente os músculos esqueléticos, o sistema cardiorrespiratório e a função neuromuscular. Em geral, a maioria das atividades de endurance depende maciçamente dos sistemas energéticos aeróbios descritos acima (FOX

et al., 2000).

A endurance muscular compreende esforços de longa duração que vão de vinte segundos até seis horas ou mais. A maioria dos autores expressam em comum o conceito de capacidade psicofísica para resistir à fadiga. A resistência é a capacidade física e psíquica de suportar a fadiga ante esforços relativamente longos e/ou a capacidade de recuperação rápida dos esforços (HARRE, 1987; GROSSER, 1992; WEINICK, 1998).

Esta resistência depende de vários fatores, tais como força muscular, velocidade, capacidades técnicas para executar um movimento de modo eficiente; capacidade para utilizar economicamente os potenciais funcionais, estado psicológico durante o treinamento, entre outras (HARRE, 1987; GROSSER, 1992; WEINICK, 1998).

1.5. Ajustes e Adaptações do Exercício Aeróbio e Anaeróbio

No início e até antes do exercício principiam-se ajustes cardiovasculares e respiratórios. Durante o exercício, nosso organismo responde ao aumento das demandas musculares com um aumento acentuado da demanda de O2. Uma maior quantidade de

nutrientes é utilizada, os processos metabólicos aceleram e, conseqüentemente ocorre uma maior produção de detritos metabólicos (WILMORE et al., 2001).

Os ajustes cardiovasculares são para permitir que o sistema muscular realize as demandas aumentadas impostas a ele e que realize suas funções com máxima eficiência. Os ajustes mais significativos neste sistema são: o aumento da freqüência cardíaca (FC), aumento do volume de ejeção (VE), aumento do débito cardíaco (DC), aumento da pressão arterial sistólica (PAS) e redução ou pouca variação da pressão arterial diastólica (PAD). Isso ocorre devido a uma dilatação adicional da vasculatura muscular e concomitante

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constrição da vasculatura nos tecidos inativos para manter uma pressão de perfusão adequada por todo o sistema arterial. Os vasos venosos tornam rígidos reduzindo sua capacidade, facilitando o retorno venoso (RV) e mantêm o volume sangüíneo central (WILMORE et al., 2001).

Os fatores que afetam o fluxo sanguíneo são tão importantes quanto os que regulam. A ação das bombas musculares ventilatórias e a crescente rigidez das próprias veias aumentam imediatamente o retorno sangüíneo ao ventrículo direito. Ao aumentar o DC o tônus venoso também aumenta proporcionalmente, tanto nos músculos que trabalham como nos que não trabalham. Com esses ajustes, mantém-se equilibrado o DC e o RV (MAUGHAN et al., 2000).

Já o sistema respiratório supre a demanda crucial de O2 e é responsável pela

eliminação do dióxido de carbono (CO2) dos nossos músculos. O inicio da atividade física é

acompanhado por um momento bifásico da ventilação, ou seja, ocorre um aumento acentuado e quase imediato, seguido para uma elevação mais gradual e contínua da profundidade e da freqüência respiratória (FR). Esse ajuste bifásico sugere que o aumento inicial da ventilação é produzido para mecânica do movimento corporal. A segunda fase é produzida por alterações da temperatura e da condição química do sangue arterial. No final do exercício, a demanda energética dos músculos retorna quase imediatamente ao nível de repouso, porém a ventilação pulmonar se normaliza numa velocidade relativamente lenta. A todas esses ajustes do corpo em relação ao exercício podemos denominar respostas agudas (WILMORE et al., 2001; POWERS et al., 2000).

Segundo McArdle (2003) o treinamento físico freqüente leva às adaptações na função aeróbia e anaeróbia. Para que ocorram adaptações anaeróbias é preciso que haja uma sobrecarga significativa no sistema muscular, ou seja, no sistema de transferência de energia. Dentre as alterações temos maiores níveis de substrato anaeróbios (ATP, CP, creatinina e glicogênio) e melhora na força muscular, maior quantidade e atividade das enzimas que controlam a fase anaeróbia do catabolismo da glicose, levando a uma hipertrofia das fibras musculares de contração rápida (fibras tipo II) e maior capacidade de gerar altos níveis de lactato sanguíneo durante o exercício explosivo.

Treinamento com sobrecarga aeróbia induz as adaptações relacionadas ao transporte e a utilização de O2. O músculo esquelético treinado em endurance contém

mitocôndrias maiores e mais numerosas aumentando assim a capacidade de gerar ATP aerobiamente, melhorando sua capacidade durante o exercício prolongado, sem o acúmulo de lactato sanguíneo. Tem-se também uma melhora na capacidade de mobilizar, transportar e oxidar ácidos graxos para obtenção de energia, maior fluxo sanguíneo para os músculos

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treinados, maior metabolismo de gorduras, maior capacidade de oxidar carboidratos durante o exercício e menor utilização de glicogênio; com isso há uma hipertrofia das fibras musculares de contração lenta (fibras tipo I) (POWERS et al., 2000).

As adaptações cardiovasculares são muito importantes e evidentes, uma vez que há íntima relação deste sistema com os processos aeróbios. A massa e o volume do coração sofrem aumento em longo prazo, havendo um maior fluxo sanguíneo para os músculos ativos, otimização do fluxo periférico e maior eficiência da distribuição do DC. Há também um aumento do DC máximo, volume sistólico máximo, fração de ejeção, volume diastólico terminal, complacência ventricular, dimensões ventriculares internas, retorno venoso, contratilidade miocárdica, volume sanguíneo total, volume plasmático e quantidade de hemácias (POWERS et al., 2000).

O aumento na diferença arterio-venosa de O2, resultante da distribuição mais efetiva

do DC para os músculos ativos, associada a uma maior capacidade das fibras musculares treinadas de extraírem e processarem o O2 disponível com o treinamento aeróbio regular

haverá redução nas PAS e PAD no repouso e no exercício submáximo. Durante o exercício submáximo e repouso ocorre bradicardia, tanto em atletas altamente condicionados como em indivíduos sedentários. A redução da FC reflete no aumento do volume sistólico máximo e do DC. (MAUGHAN et al., 2000).

As adaptações pulmonares são atingidas com a realização do exercício aeróbio, no qual, a ventilação aumenta à medida que aumenta o consumo máximo de O2, o volume

corrente (VT) aumenta enquanto que a FR diminui, assim o ar permanece nos pulmões por um período de tempo mais longo entre as incursões respiratórias, aumentando a extração de O2 do ar inspirado (MCARDLE et al., 2003).

1.6. Consumo de oxigênio

A capacidade do ser humano para realizar exercícios de longa e média duração, depende principalmente do seu metabolismo aeróbio. Deste modo, um dos índices mais utilizados para avaliar esta capacidade, é o consumo de oxigênio (VO2). Embora o VO2 seja

muito similar entre indivíduos sedentários e treinados, durante o esforço máximo os indivíduos treinados possuem valores de VO2 máximos duas vezes maior que os

apresentados pelos sedentários. O aumento da intensidade do exercício é acompanhado por um aumento de VO2 (MACEDO, 1999).

Maior potência muscular demanda mais energia e conseqüentemente mais O2. Dois

(22)

VO2 aumenta de forma linear com o aumento da intensidade de esforço. Hill & Lupton (1923)

propuseram que momentos antes do indivíduo atingir sua capacidade máxima de trabalho o VO2 atinge um platô e não aumenta mais. Embora ele consiga exercitar-se de modo um

pouco mais intenso, o VO2 não se modifica mais. Neste ponto é dito que o indivíduo atingiu

seu VO2 máximo. Assim o conceito de VO2 máximo utilizado primeiramente por Hill & Lupton

(1923), desenvolvida por Astrand em 1952, define como sendo a maior capitação de O2 por

um indivíduo, respirando ar atmosférico a nível do mar (MACEDO, 1999).

O VO2 máximo pode ser expresso em valores absolutos (L/min) ou em valores

relativos ao peso corporal (ml.Kg-1. Min-1). Como a necessidade de energia varia de acordo com o tamanho corporal o VO2 máximo é comparado em valores relativos. Existem fatores

que determinam o VO2 máximo, entre eles: fator genético, idade, sexo e principalmente o

treinamento. Existem também fatores limitantes do VO2 máximo, como: ventilação pulmonar,

difusão alvéolo-capilar de oxigênio, sistema de transporte de oxigênio e diferença artério-venosa de oxigênio (MACEDO, 1999).

As adaptações do VO2 às cargas de trabalho requerem um funcionamento otimizado

do sistema cardiovascular, respiratório e metabólico periférico, com heterocronia de respostas entre eles. Os modelos matemáticos para expressar esses ajustes parecem ser dependentes da magnitude das modificações nesses sistemas, associadas à intensidade e às condições fisiológicas prévias (repouso vs exercício; treinados vs destreinados). Classicamente podem ser identificadas três fases fisiológicas distintas (I, II e III) no ajuste da relação VO2 – tempo de carga (SILVA et al., 2004):

• Fase I – os primeiros segundos do exercício, denominados “Fase I da resposta do VO2”, é caracterizada por um atraso temporário na

resposta do VO2, ocasionado pela dissociação entre o oxigênio

absorvido no pulmão e o consumido na musculatura esquelética, especialmente nos músculos responsáveis pela contração muscular. Esta fase tem duração aproximadamente de quinze a vinte segundos. • Fase II – após os vinte primeiros segundos há um aumento contínuo

no VO2, podendo ou não resultar em uma fase de equilíbrio. Essa fase

caracteriza-se pela utilização dos estoques de oxigênio pelos músculos esqueléticos, ocasionando uma redução no conteúdo de oxigênio do sangue venoso misto, uma redução da pressão de oxigênio (PO2) nas unidades contráteis e possivelmente uma menor

(23)

fibras musculares. Como conseqüência, ocorre um aumento na diferença do conteúdo de oxigênio arterio-venoso.

• Fase III – a terceira fase de resposta nem sempre é atingida. Quando o exercício é realizado em intensidades abaixo do primeiro limiar ventilatório (subL1), o VO2 estabiliza e permanece com pouca variação

até o final, representando um aparente equilíbrio metabólico. Porém, quando os exercícios são realizados em intensidades acima do subL1, o VO2 correspondente à carga encontra-se acima do predito pela

relação VO2 – carga das intensidades subL1 e muitas vezes pode não

chegar a estabilizar. Esse consumo de O2 “extra” é denominado

componente lento do consumo de oxigênio, sendo este dependente da intensidade do exercício.

1.7. Ergoespirometria

O teste ergoespirométrico por meio de ventilômetria é utilizado para a determinação de limiares ventilatórios 1 e 2 (intensidade mínima e máxima de esforço), através da aplicação do exercício físico com a utilização de ergômetros, no caso a esteira rolante, onde são utilizados protocolos com cargas progressivas, tendo como finalidade a elevação da taxa metabólica corporal e do trabalho do coração para que sejam analisadas as respostas clínicas, metabólicas, hemodinâmicas e eletrográficas do indivíduo (HESPANHA, 2005).

O ventilômetro Flowmet® consiste em um sistema estacionário de teste de esforço que

visa avaliar a performance física, através da utilização de um Sensor Diferencial de Pressão, que permite detectar as mudanças de resposta mais apropriadamente durante os exercícios, sendo conectado diretamente a um programa de computador que mostra os dados coletados na tela em tempo real, através da utilização dos softwares. Utiliza como parâmetros a resposta hemodinâmica (FC Mínima, Alvo e Máxima) e a reposta ventilatória (FR, VT, Ventilação Minuto), através dos limiares ventilatórios 1 e 2, onde o segundo corresponde o limiar anaeróbio (MICROMED, 2004).

(24)

2.0

JUSTIFICATIVA

Levando em consideração a importância da prática de atividade física na manutenção e promoção da saúde, viu-se a necessidade de se avaliar o exercício aeróbio na melhora da performance física de indivíduos sedentários e saudáveis.

(25)

3.0

OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar, a contribuição do treinamento físico aeróbio na melhora do desempenho físico e cardiorrespiratório em indivíduos sedentários saudáveis, durante período de oito semanas.

3.2 Objetivo Específico

Verificar a FC máxima prevista por meio da fórmula 220-Idade e compará-la com a FC máxima obtida.

Verificar quais adaptações cardiorrespiratórias foram atingidas com o treinamento aeróbio, bi-semanal, durante oito semanas.

Analisar o condicionamento cardiorespiratório pré e pós-treinamento.

(26)

4.0

MÉTODO

4.1 Sujeitos

Foram avaliados quarenta funcionários da zeladoria da Universidade São Francisco (USF) através de um questionário que avalia os fatores de risco para doença coronariana.

4.2 Equipamentos

Os equipamentos utilizados no estudo foram: a esteira ergométrica da marca

Imbramed Milenium Classic CI - Inbrasport®, cicloergômetro da marca Moviment Slim, freqüencímetro da marca Polar® modelo a3, ventilômetro Flowmet® Ventilatory Threshould Detection System (Micromed Biotecnologia Ltda), estetoscópio Littmanm Quality®, esfigmomanômetro Missouri® e oxímetro de pulso Nonix Ônix® (Fig. 1, 1a, 2, 3, 4, 4a, 5, 6 , 7 e 8 respectivamente).

(27)

Fig. 2 Cicloergômetro Fig. 3 Freqüencímetro

(28)

Fig. 5 Estetoscópio Fig. 6 Esfigmomanômetro

Fig. 7 Oxímetro de Pulso Fig. 8 Galileu (software)

4.3 Procedimentos

Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da USF, sendo aprovado por este (Anexo 1). Iniciamos o presente estudo aplicando um questionário sobre fatores de risco para doença coronariana (Anexo 1) em todos os quarenta voluntários. O questionário foi aplicado por duas estudantes do 4º ano do Curso de Fisioterapia da USF afim de minimizar a parcela de erros nas respostas devido à dificuldade de interpretação por parte dos voluntários.

Após terem respondido o questionário, vinte e cinco voluntários foram excluídos do programa de treinamento por apresentarem um ou mais fatores de exclusão (tabagismo, hipertensão, sopro cardíaco detectável, problemas cardiovasculares, hipercolesterolemia,

(29)

diabetes mellitus, história de morte súbita ou infarto na família, vertigens recorrentes, alterações vasculares como edema nos tornozelos, fadiga incomum com as atividades usuais, além de doenças pulmonares, osteomioarticulares e neurológicas que impediam a prática de atividade física). Também foi considerado fator de exclusão a prática regular de exercícios físicos pelos voluntários.

Assim, restaram quinze voluntários que se enquadraram no perfil adequado para o programa de treinamento físico do presente estudo, sendo estes divididos em dois grupos de treinamento (esteira e cicloergômetro) de forma randomizada (Anexo 2), As características dos voluntários selecionados encontram-se na tabela abaixo.

Tabela 1. Características gerais dos voluntários

Esteira Bicicleta Idade 40,57 31,75 Peso 59,33 66,18 Altura 1,59 1,58 IMC 23,58 24,72 Homens 2 3 Mulheres 5 5

Antes da aplicação do protocolo de treinamento, todos os voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 3), apresentaram o PAR – Q (Anexo 4) negativo e não faziam uso de nenhum medicamento que pudesse alterar o comportamento da FC. Após isso, foi aplicado a ergoespirometria seguindo o protocolo de Bruce (Anexo 5) como forma de avaliação dos voluntários. A ergoespirometria foi aplicada por três estudantes do 4º ano do Curso de Fisioterapia da USF, que permaneceram nas mesmas funções durante todo o período de aplicação (uma orientava sobre como seria a realização do teste e conectava o bucal ao voluntário e os cabos ao aparelho, a outra somente aferia a Pressão Arterial (PA) durante a realização do teste, enquanto que a terceira ficava verificando o registro dos dados no computador).

A aplicação da ergoespirometria foi feita logo após a aplicação do questionário sobre fatores de risco para doenças coronarianas (quando o voluntário não apresentava nenhum fator de exclusão, pois quando este apresentava um ou mais fatores de exclusão, a avaliação por meio de ergoespirometria não era aplicado, sendo o voluntário dispensado). Durante a realização do teste supracitado foi utilizado a oximetria visando acompanhar a resposta da saturação de O2 durante o período de esforço físico, observando se haveria

(30)

uma queda maior que 5% da saturação de O2, o que levaria a interrupção do teste. A coleta

das informações foram feitas em cinco dias seguidos, no período vespertino (das 14:00 às 18:00 horas) no laboratório de Fisiologia do Exercício, da USF.

Depois deste processo de seleção e avaliação, os voluntários foram divididos em dois grupos de forma randomizada (por meio de sorteio) e submetidos a dois protocolos de treinamento aeróbio distintos, sendo um deste somente treinamento em esteira ergométrica (Protocolo A) e o outro protocolo apenas treinamento em cicloergômetro (Protocolo B). No início e no final de cada sessão foram mensurados a PA e a FC de cada indivíduo e arquivado em uma ficha de treinamento individualizada (Anexo 6).

Na primeira semana o tempo de treinamento foi de vinte minutos, na segunda semana o tempo de treinamento foi de vinte e cinco minutos e, da terceira à oitava semana o tempo de treinamento foi de trinta minutos; sendo realizado o treinamento duas vezes por semana; com zona de treinamento de 65 a 85% da FC máxima obtida pela fórmula 220 – idade, sugerida pela literatura.

Dentro do programa de treinamento foi incluído o alongamento dos principais grupos musculares de membros superiores e membros inferiores (mantendo por trinta segundos para cada grupo muscular). Após o alongamento o voluntário se dirigia a esteira ou bicicleta onde, durante cinco minutos realizava caminhada ou pedaladas em baixa intensidade recomendados para elevar a temperatura muscular, acelerar o fluxo sanguíneo e reduzir a probabilidade de lesões dos músculos ou tecidos conjuntivos. A seguir, a velocidade era aumentada gradualmente até que se atingisse a zona de treinamento previamente calculada mantendo o treino durante o tempo pré-determinado. O período de esfriamento era realizado durante cinco minutos com caminhada ou pedaladas de baixa intensidade novamente, utilizada para prevenir a estagnação do sangue nas extremidades. Após o treino, era realizado novamente alongamento estático para prevenir o aparecimento de lesões musculares (mantendo trinta segundos o alongamento de cada grupo muscular).

Este protocolo foi aplicado durante oito semanas consecutivas, e, após esse período os voluntários foram reavaliados por meio de ergoespirometria nos mesmos métodos já descritos. Devemos lembrar que os indivíduos foram orientados a se vestirem com roupas apropriadas (calças de coton ou moleton, camiseta ou alguma outra blusa de tecido leve e uso de tênis) e a se alimentarem duas horas antes da execução da avaliação e reavaliação, e durante todo o período de treinamento.

Foi aplicada para verificar a existência de diferença significativa do déficit aeróbio funcional (FAI) e do VO2 pré e pós-treinamento em bicicleta e esteira ergométrica uma

(31)

significância utilizado foi de 5 %. O mesmo recurso foi utilizado para verificar os valores das variáveis hemodinâmicas FC repouso e FC esforço.

(32)

5.0

RESULTADOS

O gráfico 1 compara a FC máxima prevista com a FC máxima obtida no período pré e pós-treinamento aeróbio.

Gráfico 1. Análise da FC pré e pós-treinamento.

Pode ser observado no gráfico 1 que tanto na pré quanto na pós-avaliação que a FC máxima obtida não atingiu a FC máxima prevista pela fórmula 220-idade.

O Gráfico 2 compara o déficit aeróbio funcional (FAI) pré e pós-treinamento aeróbio.

FAI -20 -15 -10 -5 0 Pré Pós %

Gráfico 2. Análise do déficit aeróbio funcional pré e pós-treinamento.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Pré Pós FC máx bpm prevista obtida

(33)

O Gráfico 2 mostra que houve uma melhora no FAI após o período de treinamento de oito semanas. Uma deficiência aeróbica funcional entre 0% e -20% está associada a funcionalidade aeróbica normal, esse índice representa uma pessoa com capacidade aeróbica superior ao padrão.

O Gráfico 3 compara o FAI pré e pós-treinamento aeróbio em esteira e cicloergômetro.

FAI

-25 -20 -15 -10 -5 0 5 Avaliação Reavaliação

%

EsteiraBicicleta

Gráfico 3. Comparação do FAI pré e pós-treinamento aeróbio em esteira e cicloergômetro

No Gráfico 3 pode-se observar que com o treinamento aeróbio houve uma melhora no FAI dos voluntários treinados em cicloergômetro, uma vez que pode-se verificar que na avaliação os voluntários apresentaram uma capacidade aeróbia considerada ruim. Não foi observado o mesmo resultado nos voluntários treinados em esteira ergométrica. No entanto, estes resultados estatisticamente não foram significativos (os resultados do pré para o pós-treinamento em esteira foi (p = 0,872) e em cicloergômetro (p = 0,667)).

O Gráfico 4 compara o VO2 máx Obtido (atingido) pré e pós-treinamento aeróbio em esteira e cicloergômetro.

(34)

VO2 Máx Extrapolado

0

20

40

60

80

100

Esteira cicloergômetro

ml

/k

g

/mi

n

Pré-avaliação Pós-avaliação

Gráfico 4. Comparação do VO2 máx Extrapolado em esteira e cicloergômetro

Pode-se observar que houve uma melhora no VO2 máximo Extrapolado dos

voluntários treinados em cicloergômetro, porém essa melhora não ocorreu nos voluntários treinados em esteira ergométrica. No entanto, estatisticamente não houve significância dos resultados acima (p = 0,961).

A Tabela 2 mostra a FC de repouso dos voluntários durante o treinamento aeróbio por oito semanas.

Tabela 2. FC de repouso durante oito semanas de treinamento.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10 11 12 13 14 15

111 115 113 90 97 108 110 99 74 84 100 87 100 88 94 115 114 112 92 98 104 98 97 92 94 88 84 114 119 96 103 111 108 99 101 110 88 107 90 89 102 91 107 104 100 107 115 98 97 105 88 86 111 94 96 99 88 113 110 93 101 108 110 106 104 120 99 89 87 93 101 106 114 103 100 104 97 110 102 106 105 102 99 106 92 101 93 95 106 91 107 97 103 88 98 103 98 106 108 99 87 108 116 107 110 108 110 105 90 89 110 103 97 101 97 93 108 96 110 92 108 110 106 104 102 102 108 102 101 93 95 95 110 106 94 107 107 109 105 103 111 109 102 103 95 90 98 113 109 98 104 113 110 102 111 103 103 109 100 98 93 87 107 110 89 105 114 109 101 103 103 97 107 99 89 89 105 105 88 100 102 108 104 105 105 107 100 104 98 76 88 102 99 99 96 109 101 107 99 106 105 103 101 87 98 94 98 97 104 94 101 109 105 106 110 101 104 103 84 96 100 89 96 112 97 104 100 106 102 107 102 110 103 82 95 91 86 98 108 93

(35)

Através da análise estatística pode-se observar que os valores da FC repouso, para ambos os grupos (esteira e bicicleta ergométrica), diminuíram durante o período de treinamento, porém este resultado não foi estatisticamente significativo (p = 0,889).

(36)

6.0 DISCUSSÃO

Devido às características apresentadas pela população deste estudo, o Protocolo de Bruce foi escolhido para realização da avaliação e reavaliação do teste ergoespirométrico por meio de ventilometria e esteira ergométrica, pois é um protocolo de teste de esforço relativamente simples que consiste de aumentos de carga de trabalho em intervalos de três minutos, iniciando com uma velocidade de 1,7km/h e uma inclinação de dez graus na esteira ergométrica, com aumentos da velocidade e do grau de inclinação a cada três minutos, até a exaustão ou até que um ponto determinado seja alcançado (HESPANHA, 2005).

Neste trabalho foi usado como parâmetro de interrupção do teste a FC submáxima, sendo que no momento em que o indivíduo a atingisse, o teste era imediatamente interrompido. Este critério foi utilizado afim de promover uma maior segurança aos voluntários, uma vez que estes não possuíam o teste de esforço ergométrico previamente.

A aplicabilidade das equações de estimativa da FC máxima tornou-se um ponto de discussão nos últimos anos, sendo que, em vários estudos há o questionamento sobre a eficácia em determinar a freqüência supracitada para as diferentes idades. Na maioria dos estudos constatou-se uma tendência em superestimar a FC máxima de indivíduos jovens e de subestimar em indivíduos idosos. Em nosso estudo, teve como ponto de interrupção do teste ergoespirométrico por meio da ventilometria o alcance de 85% da FC máxima estimada pela fórmula 220 - idade. Embasado nos estudos de Fox, Naughton & Haskell como de Astrand & Rodahl referenciando a FC submáxima como sendo critério do “Comitê Escandinavo de Ergometria” como ponto de interrupção para testes cardiovasculares (POLICARPO et al., 2004).

Tomando como base esta referência no presente estudo, podemos observar que a FC máxima prevista foi maior que a FC máxima obtida, uma vez que usamos o critério supracitado para a interrupção do teste, assim, a FC máxima obtida não iria atingir a FC máxima prevista em nenhuma ocasião por medidas de segurança e pelo fato do teste aplicado ser de carga submáxima, tanto na avaliação pré e pós-treinamento. Houve uma diferença não significativa das variáveis no pós-treinamento, provavelmente devido a um dos voluntários ter completado mais um ano de vida durante o período de treinamento, influenciando, assim, na fórmula 220-idade. Se este fato não tivesse ocorrido, os resultados da avaliação pré e pós-treinamento para a FC máxima prevista seriam iguais.

O exercício físico aeróbio é um comportamento que provoca importantes modificações no funcionamento do sistema cardiovascular e em seus mecanismos de ajustes autonômicos. Alguns estudos com homens saudáveis relataram uma maior atividade

(37)

parassimpática entre aqueles que eram fisicamente treinados e saudáveis comparado àqueles que não eram. O exercício regular tem tanto efeitos indiretos quanto efeitos diretos no sistema cardiovascular, ambos os quais podem aumentar a capacidade funcional (SHEPHARD et al., 1999).

Os benefícios indiretos importantes do exercício incluem uma redução nos fatores de riscos cardiovasculares, fortalecimento dos músculos esqueléticos e uma redução em certos aspectos de estilo de vida, particularmente uma redução do estresse. Os benefícios cardiovasculares diretos do exercício físico regular incluem uma diminuição da FC repouso e uma diminuição da PA (SHEPHARD et al., 1999).

Os mecanismos responsáveis por esta variação são: a diminuição na resistência vascular periférica que está relacionada à vasodilatação provocada pelo exercício físico tanto na musculatura ativa quanto na inativa, isso se deve ao acúmulo de metabólitos musculares provocados pelo exercício físico (potássio, lactato e adenosina), ou à dissipação do calor produzido pelo mesmo exercício (FORJAZ e col., 1998; SHEPHARD et al., 1999).

Alternativamente ao aumento do fluxo sanguíneo que pode ser conseqüência da diminuição na atividade nervosa simpática periférica, que está relacionada ao aumento da secreção de opióides endógenos provocada pelo exercício físico, que possuem também efeito vasodilatador direto, incluindo um balanço autonômico alterado e um aumento de volume de ejeção. Há um aumento da atividade nervosa parassimpática, possivelmente refletindo uma restauração dos baroceptores arteriais (FORJAZ e col., 1998; SHEPHARD et

al., 1999).

Há redução na resposta vasoconstritora alfa-adrenérgica verificada no período de recuperação, em decorrência da down-regulation dos receptores alfa-adrenérgico podendo explicar o maior fluxo sanguíneo muscular pós exercício (FORJAZ e col., 1998).

Alguns dos mecanismos vasodilatadores citados, tais como, a produção e liberação de alguns metabólitos, a produção de calor, a secreção de opióides endógenos e a secreção de fatores humorais podem ser potencializadas pela maior duração do exercício físico. No estudo realizado por Forjaz e col., verificou-se que a maior duração do exercício físico poderia potencializar os mecanismos vasodilatadores explicando maior queda pressórica e cardíaca observada após a sessão de quarenta e cinco minutos de exercício (FORJAZ e col., 1998).

A sessão de treinamento realizado em nosso estudo variou de vinte a trinta minutos, sendo esse tempo aumentado progessivamente ao decorrer das semanas para que ocorresse uma adaptação sistêmica ao treinamento. Tendo em vista que o período máximo

(38)

de condicionamento durante a sessão foi de vinte minutos, sendo reservado o restante do tempo para aquecimento e desaquecimento.

Comparando ao estudo de Forjaz e col., que utilizaram como método comparativo um grupo de voluntários que realizou exercício físico aeróbio durante vinte e cinco minutos e outro grupo que realizou o mesmo treinamento por um período de quarenta e cinco minutos. Pode-se observar que o comportamento da FC repouso pós exercício não diferiu nos dois grupos, havendo então uma diminuição da FC repouso em ambos os grupos, porém os valores não foram significativos, indo de encontro ao nosso estudo que obteve uma diminuição da FC repouso com valores também não significativos (FORJAZ e col., 1998).

Esses resultados sugerem que o comportamento da FC repouso depende mais da intensidade do que da duração do exercício físico. Dados de laboratório demonstraram queda da FC após um exercício leve (30% do VO2 pico), manutenção após o exercício moderado (50% do VO2 pico) e aumento após o exercício mais intenso (80% do VO2 pico) (FORJAZ e col., 1998).

As alterações referentes à redução da FC repouso sugerem uma resposta de adaptação cardiovascular ao treinamento. O estudo de Marques et al., (1993) verificou uma redução na FC em decorrência de um treinamento de força, sugerindo uma melhora da eficiência do sistema cardiovascular. Dessa forma, podemos concluir que a alteração nessa variável não ocorre somente mediante o exercício aeróbio, como também no exercício de força, nos dando mais uma ferramenta para enriquecer o programa de treinamento visando a melhora cardiovascular e qualidade de vida (ANTONIAZI et al., 2001 apud MARQUES et

al.,1993).

A freqüência intrínseca de contração do átrio é também reduzida, e pode haver uma redução do impulso dos quimioceptores periféricos, secundário a um fortalecimento dos músculos esqueléticos. O treinamento pode aumentar o volume de ejeção cardíaco em 20% ou mais, tanto no repouso quanto durante o exercício vigoroso. Os mecanismos incluem um aumento da pré-carga (causado pelo tônus venoso periférico aumentado e pela expansão do volume plasmático) e uma redução da pós-carga (fortalecimento dos músculos esqueléticos e uma redução da PAS). Além disso, há um aumento da contratilidade miocárdica e uma hipertonia ventricular (se o treinamento for vigoroso e prolongado). O aumento do volume de ejeção leva a um aumento proporcional da capacidade funcional bruscamente (SHEPHARD et al., 1999).

Essas alterações não puderam ser observadas no presente estudo, uma vez que, a duração do treinamento foi por um período curto (oito semanas) e a intensidade não foi vigorosa (foi utilizado uma intensidade entre 65 – 85% da FC máxima prevista).

(39)

Um programa de treinamento objetivando a melhora cardiorrespiratória (potência aeróbia máxima) é constituído por três componentes básicos: freqüência (número de sessões semanais), volume (duração) e intensidade do exercício. A duração e a freqüência são variáveis relativamente fáceis de monitorar, existindo consenso na literatura sobre suas formas de aplicação. Por outro lado, existem várias maneiras de monitorar a intensidade do exercício e um balanço entre a validade, aplicabilidade e praticidade desses métodos devem ser considerados. Para o desenvolvimento da aptidão cardiorrespiratória de indivíduos aparentemente saudáveis, tem sido recomendada a prática regular de exercícios de três a cinco vezes por semana, envolvendo grandes grupos musculares, numa intensidade correspondente a 60 – 85% do VO2 máximo (CAPUTO et al., 2004).

Os critérios de treinamento utilizados neste estudo não correspondem ao sugerido por Caputo, porém, ao observar a prática do nosso estudo, sugere-se que para ocorrer um condicionamento cardiorrespiratório significativo é interessante seguir os parâmetros citados no estudo acima.

O FAI é avaliado com base no nível de atividade do indivíduo, que pode ser sedentário ou ativo. Uma deficiência aeróbica funcional de -20% está associada a funcionalidade aeróbia normal (não é encontrada nenhuma deficiência aeróbia funcional entre 0 e -20%), esse índice representa uma pessoa com capacidade aeróbica superior ao padrão. Enquanto que uma FAI de +70% representa uma pessoa que tem capacidade aeróbia bastante comprometida (RODRIGUES et al., 2006).

A identificação de valores populacionais do VO2 máximo auxilia nos estudos que se

propõem a relacionar a aptidão física ao risco cardiovascular. É importante destacar também que o VO2 máximo é uma medida utilizada para nortear a prescrição do exercício e a análise

do efeito dos programas de treinamento (RODRIGUES et al., 2006).

A capacidade aeróbia mensurada através do VO2 máximo depende dos componentes

cardiovasculares, respiratórios, hematológicos e de mecanismos oxidativos do músculo em exercício. É determinada através do teste cardiopulmonar, que permite uma avaliação simultânea da habilidade dos sistemas cardiovascular e respiratório para realizar suas principais funções, como a troca gasosa. As mensurações das trocas gasosas são fundamentais para a compreensão dos mecanismos de limitação ao exercício, porque este requer uma resposta cardiopulmonar integrada para atender ao aumento das necessidades metabólicas do músculo para realizá-la (RODRIGUES et al., 2006).

Segundo Caputo et al., (2003) em um estudo realizado para determinar o índice de força (potência) e a capacidade aeróbia obtida em cicloergômetro e corrida em esteira, comparando sedentários, corredores, ciclistas e triatletas sugerem que os baixos valores

(40)

obtidos no VO2 pico e na FC máxima no grupo de sedentários, corredores e triatletas para o

ciclismo comparado à corrida pode ser devido à diferenças biomecânicas entre as diferentes modalidades mesmo usando grupos musculares similares, a eficiência delta (∆) (dada pela fórmula ∆intensidade/ ∆VO2 x 100) para o ciclismo é muito menor do que para a corrida.

Assim como no estudo de Caputo, em nosso trabalho também obteve-se uma melhora da capacidade aeróbia, porém, ao se comparar os resultados obtidos na esteira ergométrica e cicloergômetro, diferentemente dos resultados obtidos por este autor, observou-se que na cicloergômetro os resultados foram mais satisfatórios, no entanto, estatisticamente, ambos os resultados não foram significativos. Esse resultado pode ser influenciado pelo número total de voluntários ser de ordem ímpar, treinando oito voluntários em bicicleta ergométrica e sete em esteira ergométrica.

Existe um consenso na literatura de que pessoas treinadas aerobiamente apresentam resposta de adaptação fisiológica mais rápida à carga do que pessoas destreinadas. Esse comportamento também acontece na cinética do VO2 no início do

exercício. Hagberg et al., compararam os efeitos do treinamento sobre a resposta do VO2,

FC, ventilação, volume de dióxido de carbono, déficit e débito de oxigênio. Os sujeitos do experimento foram submetidos a três sessões de treinamento intervalado por semana (seis séries de cinco minutos cada, na carga correspondente ao VO2 máximo expresso em W) e

três sessões de treinamento contínuo, com duração média de quarenta minutos cada (em esteira ou bicicleta, realizado até a exaustão). A resposta do VO2, ventilação, FC e volume

de dióxido de carbono era acelerada após o período de treinamento (SILVA et al., 2004). Em um estudo realizado por Petroski et al., para analisar o efeito de nove semanas de atividades físicas sobre o consumo máximo de O2 em universitários, pode-se observar

através dos resultados encontrados melhorias significantes no VO2 máximo nos grupos

experimentais. Pode-se inferir que as atividades físicas realizadas no período experimental pelos universitários nas modalidades de Judô, Condicionamento Físico e Basquetebol influenciaram positivamente para o aperfeiçoamento dessa variável.

Entre os grupos experimentais, diferenças expressivas no VO2 máximo foram

detectadas, os praticantes de Judô diferiram significativamente dos praticantes de Basquetebol e Condicionamento Físico, sendo este último significante aos do Basquetebol. Desta forma, pode-se atribuir às diferenças de melhorias do consumo de O2 em relação a

outros estudos, à intensidade e freqüência do treinamento, pois são critérios determinantes para elicitar as alterações cardiovasculares (Petroski et al., 1986).

Diferentemente, em nosso estudo a intensidade e freqüência do treinamento não foram suficientes para evidenciar melhorias na população escolhida. Comparando com o

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estudo citado acima, em que teve como período de treinamento nove semanas, com sessões bi-semanais e com duração de cinqüenta minutos cada, pode-se justificar que a intensidade do exercício teve maior influência. No entanto, pode-se averiguar que a intensidade utilizada no presente estudo foi insuficiente em promover alterações cardiorrespiratórias significantes.

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7.0 CONCLUSÃO

Pode-se concluir que com um período de oito semanas de treinamento, bi-semanal, com zona de treinamento de 65 – 85% da FC máxima prevista obtida pela fórmula 220-idade, com duração máxima de trinta minutos (incluindo o período de aquecimento e desaquecimento) é insuficiente para atingir as adaptações que ocorrem no organismo com este tipo de treinamento.

Por meio da realização deste trabalho não pode-se concluir que o treinamento físico aeróbio regular traz muitas adaptações ao nosso organismo, principalmente no sistema cardiorrespiratório. No entanto, a freqüência e a intensidade do treinamento são importantes determinantes na obtenção destas adaptações.

A intensidade, freqüência e a duração (de cada sessão) são determinantes na obtenção das adaptações cardiorrespiratórias, isso pode ser concluído comparando estudos que determinaram valores maiores para estas variáveis e obtiveram resultados significativos, mantendo um período total de treinamento semelhante ao período de nosso trabalho, ficando claro, desta forma, que a intensidade e o tempo de cada sessão é mais determinante do que o período total de treinamento para as adaptações que ocorrem perante o treinamento aeróbio regular.

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8.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sugere-se que mais pesquisas sejam realizadas neste campo, para enfim, podermos aplicar um treinamento aeróbio com a certeza de que adaptações cardiorrespiratórias serão obtidas.

Sugere-se que sejam realizados estudos futuros com tempo maior de cada sessão, mantendo-se a zona de treinamento não mais entre 65 – 85% da FC máxima obtida pela fórmula 220-idade, mas sim próximo à 85%.

Se mesmo assim as adaptações não forem alcançadas, maior intensidade terá de ser imposta ao treinamento, assim a fórmula supracitada terá que ser revisada ou então outros critérios deverão ser estudados e utilizados, a fim de ser obter uma zona de treinamento eficaz, porém dentro das margens de segurança.

Sendo assim, sugere-se que se aumente o tempo total de treinamento de cada sessão, e que a zona de treinamento permaneça em 85% da FC obtida pela fórmula 220-idade, a fim de manter uma zona de segurança durante o treinamento, uma vez que, se a intensidade for superior a este valor, comprometimentos poderão ocorrer ao organismo.

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9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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indivíduos com idades entre 50 e 70 anos, decorrente de um programa de treinamento com pesos. KINESIS, Santa Maria, nº 24, 2001.

BOSCO, R., DEMARCHI, A., REBELO, F. P. V., CARVALHO, T. O efeito de um programa

de exercício físico aeróbio combinado com exercícios de resistência muscular localizada na melhora da circulação sistêmica e local: um estudo de caso. Rev Bras

Med Esporte; Niterói, V. 10, N. 1, 2004.

CAPUTO, F., STELLA, S. G., MELLO, M. T., DENADAI, B. S. Indexes of power and

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Niterói, jul./ago. 2003.

CARDOSO, A. T. Efeito do condicionamento físico aeróbico sobre a reserva

miocárdica de oxigênio em sedentários. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, p.

109-122, 1986.

FORJAZ, C. L. M., SANTAALLA, D. F.,REZENDE, L. O., BARRETTO, A. C. P., NEGRÂO, C. E. A duração do exercício determinam a magnitude e a duração da hipotensão pós

exercício. São Paulo: Arq Bras Cardiol, v. 70 nº 2, 1998.

FOX, Edward L.; FOSS, Marlene L.; KETEYIAN, Steven J.; TARANTO, Giuseppe. Bases

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GROSSER, M.; Entrenamiento de la velocidad. Barcelona: Martinez Roca, 1992. HARRE, D.; Teoria del entrenamiento deportivo. Buenos Aires: Stadium, 1987.

HESPANHA, Raimundo; Ergometria. Bases Fisiológicas e Metodológicas para

Referências

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