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FONTE POLUENTE - Trânsito em Calcutá (Índia): frota movida por derivados de petróleo (prêmio no World Press Photo)

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Academic year: 2021

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Matriz de energia

Aumentar a fonte

Diminuir a fonte

Ricardo Prado

FONTE POLUENTE - Trânsito em Calcutá (Índia): frota movida por derivados de petróleo (prêmio no World Press Photo)

Crédito: MARTIN ROEMERS/WPP

O grave acidente na usina nuclear de Fukushima, no Japão, provocado pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março de 2011, pôs o mundo em estado de alerta e preocupação quanto à segurança desse tipo de usina. Foi o pior acidente do gênero desde a explosão do reator da usina de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Na Alemanha, o governo anunciou em junho a intenção de desligar todos os seus 17 reatores nucleares até 2022, que fornecem quase 22% da energia do país, e substituí-los por outras fontes de energia. Trata-se de uma mudança radical e significativa, numa época em que construir mais reatores nucleares era uma possibilidade indicada, dentro das discussões do aquecimento global, como uma solução de energia limpa para países como Índia e China, que precisarão produzir muito mais energia do que agora.

No mundo todo, existem mais de 440 usinas nucleares (duas delas no Brasil), e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) se apressou em responder ao desastre de Fukushima, convocando uma reunião extraordinária em junho, em Viena, na Áustria, para tornar mais rígidos os controles de segurança das usinas pelo mundo afora. Ao mesmo tempo, pipocaram manifestações populares em vários países, inclusive na Alemanha e no Japão, contrárias

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ao uso da força atômica.

A busca da energia

O suprimento de energia em um país é uma prioridade de todos os governos, pois sem ela nenhum setor

econômico e social funciona. A busca por recursos permanentes e renováveis de energia é histórica e transformou em áreas de interesse geopolítico as regiões em que há grandes jazidas de petróleo e gás, especialmente o Oriente Médio.

O consumo de energia não para de crescer, puxado pela economia industrial, pela urbanização crescente e pelo aumento da população. No século XXI, o imenso desafio enfrentado por todos os países é aumentar sua produção de energia e, ao mesmo tempo, procurar equilibrar o uso dos combustíveis fósseis (como gás e petróleo), que poluem o ambiente, fazem mal à saúde humana e emitem gases que pioram o efeito estufa, e as fontes renováveis, de preferência não poluentes, como a energia hídrica, eólica ou solar.

Na maioria dos países, as possibilidades de construção de represas para usinas hidrelétricas são limitadas ou se esgotaram. Ampliar a produção de energia nuclear é uma alternativa, mas, além de não ser renovável, pois a maioria dos países não possui jazidas de urânio radiativo, ela acaba de se mostrar, de novo, perigosamente poluente em caso de acidentes como foi o de Fukushima.

Conceitos

O uso que fazemos da energia para viver é uma ampliação da necessidade que o nosso corpo tem de energia, absorvendo-a dos alimentos. Desde que aprendeu a dominar o fogo e, com ele, a cozinhar, iluminar e se aquecer, o ser humano retira a energia de todos os materiais que têm à mão. A maior parte de toda a energia que utilizamos vem do sol diretamente, como a dos ventos e da água (que têm ciclos ligados ao calor) ou de materiais que a armazenaram na forma de carbono (madeira, carvão mineral, gás e petróleo). A energia nuclear e a geotérmica (calor subterrâneo) são exceções.

A maneira mais primária, fácil e barata de produzir energia é a ígnea: queimar um material para conseguir calor e luz, seja o carvão vegetal para o churrasco, o combustível no motor do automóvel ou o carvão mineral para produzir aço nas siderúrgicas.

No decorrer da história, o ser humano aprendeu a usar diferentes formas de energia, como utilizar o vento nas velas de um barco (na Antiguidade) ou usar a força da água e do vento para girar pás de moinhos (na Idade Média). A invenção da máquina a vapor impulsionou a industrialização no século XVIII, com a queima do carvão mineral e a exploração de petróleo. A partir do fim do século XIX, alavancou a economia mundial no século XX. O petróleo é a fonte primária de energia mais empregada no mundo por ter a melhor relação de custo-benefício e a maior

rentabilidade, pois se gasta em média o valor de um barril para cada 30 explorados. Ele concentra grande -quantidade de calorias (energia) em cadeias de carbono, capazes de gerar dezenas de produtos em série, como gasolina, óleo diesel e óleo -lubrificante, nafta, gás liquefeito, polímeros e plásticos.

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Os recursos energéticos de um país, as formas como são usados e os setores que os utilizam são chamados de matriz -energética. A matriz é permanentemente medida e analisada pelos governos. Eles são divididos em dois grupos básicos: as fontes renováveis (que em princípio não se esgotam, como o sol e ventos) e as não renováveis (como petróleo e gás). Também são subclassificados em -fontes primárias (petróleo, carvão mineral, água, lenha, cana-de-açúcar), secundárias (são os derivados: gasolina e óleo diesel, -eletricidade, carvão vegetal, álcool e bagaço) e os setores de consumo (transporte, indústria, agricultura, comércio e doméstico). No século XXI, são aspectos importantes de cada matriz a quantidade utilizada de recursos renováveis e, de preferência, não poluentes.

O petróleo é o energético mais usado no mundo, mas não é renovável (vai se esgotar) e é poluente. A partir de 1973, a matriz mundial de energia sofreu grande abalo quando houve o primeiro choque de elevação do preço do petróleo, comandado pelos principais países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), devido à Guerra do Yom Kippur entre árabes e israelenses. Na década de 1990, a preocupação passou a ser as emissões de carbono dos combustíveis de petróleo, especialmente o dióxido de carbono (CO2), também chamado de gás carbônico. Nessa década, cresceu o uso de gás natural, inclusive aqui, com a construção do gasoduto Bolívia-Brasil. Nos anos seguintes, passou a aumentar o uso das energias eólica (dos ventos) e solar para gerar

eletricidade, que ainda se revela uma aposta de longo prazo para a maioria dos países. Pesam nessa preocupação fatores como os males à saúde humana, a poluição nas grandes cidades e a preservação ambiental. Dela derivam dois outros conceitos:

Energia limpa - É aquela que não polui ou polui menos, na produção e no consumo, como a energia hídrica, a

eólica (dos ventos) e a solar. É um objetivo a ser constantemente buscado e pesquisado. No Brasil, grandes represas hidrelétricas foram construídas sem retirar antes as matas nativas, que, por isso, estão em decomposição e liberarão gases do efeito estufa por dezenas de anos, como acontece com Itaipu, Balbina e Tucuruí. Assim, estão poluindo o ambiente. O conceito de energia limpa também é aplicado na comparação entre os materiais: o gás natural e o etanol são considerados mais limpos do que a gasolina, porque liberam menos gases do efeito estufa.

Energia sustentável - É a que dá sustentação à produção e ao consumo porque está disponível para o uso no

decorrer do tempo. Leva em conta a preservação do equilíbrio ambiental (suprir necessidades sem esgotar o recurso), mas não significa necessariamente que seja limpa. A lenha, por exemplo, é um recurso sustentável, mas é um dos piores poluentes, e a fumaça é danosa à saúde; portanto, não é limpa. Uma matriz energética pode ser considerada sustentável se combinar, por exemplo, pequenas centrais hidrelétricas e termelétricas com óleo e biomassa.

Equilíbrio brasileiro

Manter uma oferta crescente de energia na matriz e mudá-la quando necessário é um desafio. É importante conseguir os recursos energéticos, levá-los até locais de produção, como usinas e refinarias, e construir redes de distribuição, como as de eletricidade e gasodutos. Os investimentos em infraestrutura são muito elevados e demorados, e, por isso, uma característica das matrizes de energia é que elas mudam lentamente.

O Brasil tem a matriz energética mais equilibrada entre as grandes nações. Em 2009, de acordo com o Balanço Energético Nacional 2010, 47,3% da energia utilizada veio de fontes renováveis, como a água e a cana-de-açúcar, e o restante, 52,7%, de fontes não renováveis, principalmente petróleo e gás natural. A média mundial de uso de energias renováveis, segundo relatório da Agência Internacional de Energia, de 2010, é de apenas 12,9%, e a média cai para 6,7% entre os 30 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico

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(OCDE), que agrupa as nações mais ricas do planeta. Nos Estados Unidos, por exemplo, 84% da energia atual é não renovável. Na União Europeia, esse percentual é de 92%.

Mas o histórico de nossa matriz é bem diverso. Durante 400 anos, da descoberta do país à década de 1940, utilizamos principalmente a lenha (80% da energia), e também o bagaço de cana e a gordura de baleia, queimada em lamparinas públicas. Nas décadas de 1910 e 1920, começou a eletrificação do país, e, a partir da década de 1940, com o governo de Getúlio Vargas e de seus sucessores, foi sendo montada a infraestrutura de base da indústria, com empresas estatais criadas para explorar carvão (Companhia Siderúrgica Nacional), petróleo (Petrobras) e para construir um grande sistema hidrelétrico (Eletrobrás).

Nos anos 1970, após a primeira crise do petróleo, cujo preço disparou mundialmente, o país começou a diversificar a matriz de energia, investindo no álcool combustível (programa Pró-Álcool) e na energia nuclear (usinas de Angra dos Reis). Nos anos de 1990, foi a vez do gás natural, com a exploração de jazidas e a construção do gasoduto Bolívia-Brasil.

Na última década, o Brasil alcançou autonomia em petróleo e está aumentando suas reservas com as jazidas na camada pré-sal do fundo do mar. O país também conseguiu ampliar a produção e o consumo de sua energia renovável, com uma mudança importante: aumentou sua produção de álcool combustível (etanol) e a partir de 2003 passou a produzir em larga escala carros flex, que funcionam com etanol e gasolina. Em 2007, apenas cinco anos depois, pela primeira vez o etanol ocupou a segunda posição como energético mais usado em nossa matriz, suplantando a água (hidreletricidade).

Matéria publicada em agosto/2011

Saiu na imprensa

Japão não abandonará energia nuclear, afirma premier

A energia nuclear continuará sendo chave na política energética do Japão, afirmou nesta quarta-feira o primeiro-ministro Naoto Kan, que no entanto admitiu que o governo revisará as normas após o acidente em Fukushima, o mais grave desde Chernobyl. O premier anunciou que uma comissão especial investigará o acidente na central nuclear de Fukushima Daiichi, provocado pelo terremoto e tsunami de 11 de março.

— A comissão de investigação do acidente, que se reunirá em breve, deverá analisar a forma como o Japão administra sua política nuclear — disse Kan, antes de precisar que espera estabelecer as bases para uma profunda reforma. No entanto, Kan apoiou o uso da energia nuclear.

— Se conseguirmos outras maneiras para usar a energia atômica de maneira mais segura claro que continuaremos utilizando. Em um primeiro momento é necessária uma revisão profunda — completou. Quase 30% da energia elétrica produzida na terceira maior economia mundial procede das centrais nucleares.

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DEFINIÇÃO

A energia é essencial ao corpo humano e à sociedade. A maioria absoluta da energia que utilizamos provém do sol. As exceções são a energia nuclear e a geotérmica.

MATRIZ ENERGÉTICA

É o conjunto dos recursos de energia de uma sociedade ou região e as formas como são utilizados. Uma matriz de energia divide-se principalmente em energia renovável (que podemos repor) e não renovável (que se esgota). Os energéticos são as fontes primárias, como petróleo, carvão mineral, água, lenha, cana-de-açúcar, ventos, e fontes secundárias, derivadas das primárias, como gasolina e óleo diesel, eletricidade e álcool. Os setores de consumo são transporte, indústria, agricultura, comércio e residências.

ENERGIA E AMBIENTE

A preocupação com o esgotamento dos recursos naturais e os impactos ambientais deu origem a dois conceitos bastante valorizados: o de energias sustentáveis, aquelas com reposição sempre garantida, e o de energias limpas, as de fontes que fazem menos mal à saúde e ao ambiente.

MATRIZ BRASILEIRA

A eletrificação no Brasil começou por volta de 1900, mas até 1940 a queima de lenha forneceu 80% da energia. Os recursos priorizados depois foram o carvão mineral e a hidreletricidade (a partir da década de 1940), o petróleo (anos 1950), as grandes hidrelétricas (1960), hidrelétricas gigantes, energia nuclear e álcool (anos de 1970 e 1980), gás natural (anos 1990) e atualmente os combustíveis vegetais, a biomassa de cana e a energia eólica, fontes de energia limpa.

EQUILÍBRIO DAS MATRIZES

É o balanço entre a diversidade de fontes renováveis e não renováveis. O Brasil tem a matriz mais equilibrada entre as grandes nações, com a divisão desses dois tipos de recurso em volumes próximos de 50% cada um. A média de recursos renováveis é de 6,7% entre as nações mais ricas.

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