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Direito Processual Penal

Prof. Marcelo Marcante

PROVA

1. Teoria Geral da Prova: 1.1 Princípios da prova:

§ Da comunhão da prova:a prova que vem para o processo é do processo. Independente-mente de quem juntou a documentação não é o “proprietário da prova”; no momento que a prova é aportado ao processo, ela é do processo.

o Art. 401, § 2º, CPP:“A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das teste-munhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código”. Não há ne-cessidade da concordância da parte contrária. Relativização do princípio da co-munhão da prova.

§ Identidade física do juiz: o juiz que presidiu a instrução é o juiz que vai julgar a causa. Pode implicar nulidade no processo.

o Art. 399, § 2º, CPP: “o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”. o Exceções: juiz que é convocado no Tribunal, juiz que está aposentado, o juiz em

férias, etc.

§ In dubio pro reo: na dúvida, absolve. Se não existem elementos de prova suficientes a ensejar condenação, deve absolver.

o Art. 386, VII, CPP: “o juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispo-sitiva, desde que reconheça não existir prova suficiente para a condenação”. § Inadmissibilidade das provas ilícitas:

o Art. 5º, LVI, CF: “São inadmissíveis no processo as provas obtidas por meio ilí-citos”.

o Art. 157, CPP: Teoria da árvore dos frutos envenenados (provas ilícitas por

de-rivação).

Ø Art. 157, CPP: “são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do pro-cesso, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a nor-mas constitucionais ou legais”.

Ø “§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras”.

Ø “§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução crimi-nal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova”.

Ø “§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada

i-nadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às par-tes acompanhar o incidente”.

o Prova ilícita ≠prova ilegítima: a ilícita abrange violação de direito material ou inconstitucional e a ilegítima é aquela que viola regra de direito processual. Ex: interceptação telefônica sem autorização judicial (prova ilícita). É proibida a lei-tura de documentos no plenário do Júri de documentos que não tenham sido jun-tados até três dias antes sem ser dada ciência à parte contrária (prova ilegítima). § Da especialidade:Significa que o ato judicial que autoriza a obtenção de informações

bancárias, fiscais ou telefônicas- com o sacrifício do respectivo direito fundamental- é plenamente vinculado e limitado sendo ilegal o uso da provadeferida judicialmente para apuração de um crime diverso. Ex: busca e apreensão; uso de informações de quebra de sigilo bancário para prova em relação à outra pessoa/fato.

1.2 Sistemas de apreciação da prova:

§ Livre convencimento motivado/ persuasão racional: Art. 155, CPP: “o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não poden-do fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhipoden-dos na in-vestigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”.

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§ Íntima convicção: o jurado, porque não precisa fundamentar sua decisão.

1.3 Ônus da prova (art. 156, CPP);

§ Quem alega deve provar.

§ Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:

Ø “I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida”;

Ø “II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realiza-ção de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante”.

1.4 Produção antecipada de provas:

§ Súmula nº 455, STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com ba-se no artigo 366, do CPP deve ba-ser concretamente fundamentada,não a justificando uni-camente o mero decurso do tempo”.

§ Art. 366, CPP: possibilidade de suspensão do processo e possibilidade de suspensão do prazo prescricional se o réu for citado por edital e não comparecer e não constituir advo-gado. Quer dizer que, para fins legais, não tem ciência da acusação então o processo sus-pende. Produção antecipada de provas consideradas urgentes.

§ Art. 156, I, CPP: “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipa-da de provas consideraantecipa-das urgentes e relevantes, observando a necessiantecipa-dade, adequação e proporcionalidade da medida”.

1.5 Prova emprestada:

§ É uma prova traslada de outro processo e ajuntada para outro a fim de ensejar algum tipo de percussão.

o Provas não sujeitas ao sigilo:

Ø Documentos públicos: Não há qualquer problema em um documento público ser trasladado.

Ø Prova testemunhal: Tem que observar se houver o cumprimento da am-pla defesa e do contraditório.

o Provas sujeitas ao sigilo-desvio de finalidade:

Ø Tem que preservar as condições que a ordem judicial decretou. Requisi-tos legais. Ex: mandado de busca e apreensão; lei de receptação telefô-nica.

1.6 Prova indiciária:

§ Determinada circunstância fática que, por indução, se faz chegar a uma determinada con-clusão.

§ Art. 239, CPP: “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo re-lação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou de outras cir-cunstâncias”.

2. Provas em espécie:

§ Exame pericial:

§ Art. 158, CPP: “Quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”.

o A confissão não supre a perícia.

o Exame de corpo de delito direto significa o exame no próprio corpo pelo perito. o Exame de corpo de delito indireto: a partir do vestígio se faz um auto de exame

de delito indireto.

§ Art. 159 e §§, CPP: “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior”.

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o “§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas i-dôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área es-pecífica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame”.

o “§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente de-sempenhar o encargo”.

o “§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao o-fendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de as-sistente técnico”.

o “§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a con-clusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão”.

o “§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perí-cia”:

Ø “I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para res-ponderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedên-cia mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar”;

Ø “II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência”.

o “§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de ba-se à perícia ba-será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação”.

o “§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhe-cimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito ofi-cial, e a parte indicar mais de um assistente técnico”.

§ Art. 167, CPP: “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desapare-cido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”. Relativização da materi-alidade.

§ Art. 168, CPP: “Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido in-completo, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acu-sado, ou de seu defensor”.

§ Art. 182, CPP: “O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte”.Não há prova previamente tarifada, livre convencimento do juiz. § Art. 184, do CPP:“Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade

po-licial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade”.

2.1 Interrogatório:

§ Arts. 185, “caput” e §§ 2º, 3º, 5º, CP: “O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado”.

o “§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a re-querimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e ima-gens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades”:

Ø “I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra ra-zão, possa fugir durante o deslocamento”;

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Ø “II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quan-do haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal”;

Ø “III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da víti-ma, desde que não seja possível colher o depoimento destas por video-conferência, nos termos do art. 217 deste Código”;

Ø “IV - responder à gravíssima questão de ordem pública”.

o “§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconfe-rência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência”.

o “§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconfe-rência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para co-municação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso”.

§ Art. 186, e parágrafo único: “Depois de devidamente qualificado e cientificado do in-teiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogató-rio, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem for-muladas”.

o “Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser in-terpretado em prejuízo da defesa”.

§ Art. 187, caput: “O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acu-sado e sobre os fatos”.

§ Art. 191: “Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente”. c/c art. 192 (interrogatório do mudo, do surdo e surdo-mudo).

§ Art. 196: “A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pe-dido fundamentado de qualquer das partes”.

§ Art. 57, lei de tóxicos X art. 400, CPP: Art.400 do CPP diz que o momento do interro-gatório é o último ato do processo. No entanto, na lei de tóxicos, após o interrointerro-gatório (é o primeiro ato) e a inquirição das testemunhas. Discussão em torno da lei anterior e lei posterior, lei geral e lei especial.

2.2 Confissão- arts. 197, 198 e 200, CPP :

§ Art. 197, CPP: “O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordân-cia”.

§ Art. 198, CPP: “O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz”. Esse dispositivo não foi recepcio-nado pela Constituição, pois o silêncio não pode importar em prejuízo ao réu.

§ Art. 200, CPP: “A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convenci-mento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto”.

2.3 Declaração do ofendido- art. 201, CPP :

§ Art. 201, CPP: “Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa in-dicar, tomando-se por termo as suas declarações”.

o “§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o o-fendido poderá ser conduzido à presença da autoridade”.

o “§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem”.

o “§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indi-cado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico”.

o “§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado es-paço separado para o ofendido”.

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o “§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendi-mento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurí-dica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado”.

o “§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vi-da privavi-da, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o se-gredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações cons-tantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunica-ção”.

2.4 Prova testemunhal:

§ Art. 204, parágrafo único, CPP: “Não será vedada à testemunha, entretanto, breve con-sulta a apontamentos”.

§ Art. 206, CPP: “A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, en-tretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônju-ge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias”.

§ Art. 207, CPP: “São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho”.

§ Art. 212, CPP: “As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida” (caso contrário, nulidade rela-tiva, tem que mostrar o prejuízo).

o “Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição”.

§ Art. 213, CPP: “O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pes-soais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato”.

§ Art. 214, CPP: “Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a teste-munha ou arguir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou in-digna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208”.

§ Art. 217, caput e parágrafo único, CPP: “Se o juiz verificar que a presença do réu po-derá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor”.

o “Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste ar-tigo deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram”. § Art. 222, CPP: “A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo

juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes”.

o A expedição de carta precatória não suspende a instrução criminal. Podendo-se, inclusive, inverter-se a ordem de oitiva das testemunhas.

o Súmula nº 155, STF:“É relativa a nulidade do processo criminal por falta de in-timação da expedição de precatória para inquirição de testemunha”.

o Súmula nº 273, STJ:“Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado”.

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2.5 Reconhecimento de coisas e pessoas –art. 226, CPP:

§ Art. 226, CPP: “Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:

o I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;

o Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;

o III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;

o IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.

2.6 Acareação-art. 229, CPP:

§ Quando há contradição entre dois elementos de prova no processo e se confrontam. Se confrontam duas testemunhas, réu com réu ou réu com testemunha.

§ “Art. 229 CPP: A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias re-levantes”.

o “Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação”.

2.7 Prova documental:

§ Art. 231, CPP: “Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documen-tos em qualquer fase do processo”.

o Art. 479, CPP: Até três dias antes, se não a prova é ilegítima.

§ Art.233 e § único, CPP: “As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios cri-minosos, não serão admitidas em juízo”.

o “Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário”.

§ Art. 234, CPP: “Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto rele-vante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível”.

2.8 Busca e apreensão:

a) Domiciliar: mandado judicial- arts. 240 a 243, CPP: Preserva-se a inviolabilidade do domicí-lio.

§ Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

o § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:

a) prender criminosos;

b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;

d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;

e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;

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f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;

g) apreender pessoas vítimas de crimes; h) colher qualquer elemento de convicção.

o § 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.

§ Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado. Esse dispositivo não foi recepcionado pela Constituição.

§ Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.

§ Art. 243. O mandado de busca deverá:

I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a dili-gência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem; II - mencionar o motivo e os fins da diligência;

III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir. § 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.

§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

b) Pessoal- art. 244, CPP: “A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de obje-tos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar”.

2.9 Interceptação telefônica (Lei nº 9.296/96):

§ Inclui também interceptações telemáticas, de e-mails, de sistemas de informática e de fluxos de comunicações. É medida excepcional.

§ Art. 2°:“Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses”:

Ø “I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal”; (não é cabível intercepção de pessoa não identificada)

Ø “II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis”; (último recurso) Ø “III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena

de detenção” (somente para a pena de reclusão).

Ø “Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investiga-dos, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada”.

§ Art. 4º: “O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados”.

§ Art. 5º: “A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova”. Se não houver essa fundamentação, a prova será ilícita porque violará direito fundamental. Prazo relati-vizado pela jurisprudência.

§ Art. 10: Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informá-tica ou telemáinformá-tica, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objeti-vos não autorizados em lei.Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

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3. Lei nº 12. 850/13: Trata das organizações criminosas

§ Colaboração premiada (delação premiada):

Ø “Art. 3o:Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de ou-tros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova”:

o “I - colaboração premiada”;

o “II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos”; o “III - ação controlada”;

o “IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadas-trais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações elei-torais ou comerciais”;

o “V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica”;

o “VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da le-gislação específica”;

o “VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;

o VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.

Ø Art. 4º:”O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos se-guintes resultados”: (voluntariedade da ação e resultados identificados na lei)

o “I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização crimino-sa e das infrações penais por eles praticadas”;

o “II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organiza-ção criminosa”;

o “III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organiza-ção criminosa”;

o “IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa”;

o V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada”. o “§ 1oEm qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personali-dade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravipersonali-dade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração” (critérios para a conces-são do benefício).

o “§ 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os re-quisitos objetivos”.

Ø Art. 5º- direito do colaborador:

o I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica; o II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais

preserva-dos;

o III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partíci-pes;

o IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados; o V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser

fo-tografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;

o VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados.

Ø Art. 7o : “o pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, conten-do apenas informações que não possam identificar o colaboraconten-dor e o seu objeto”.

o “§ 1oAs informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas direta-mente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (qua-renta e oito) horas”.

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o “§ 2o O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao de-legado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações, assegu-rando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos ele-mentos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devi-damente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às dili-gências em andamento”.

o “§ 3oO acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que rece-bida a denúncia, observado o disposto no art. 5º”.

§ Ação controlada: pode se assemelhar ao (possibilidade do policial quando visualiza a ocor-rência do fato, protelar ou diferir a sua atuação no sentido de efetuar sua prisão), no caso da ação controlada, ele deixa de atuar para o aprofundamento da ação. No flagrante diferido, o policial espera o melhor momento e atua. Na ação controlada, produz prova e não age e a par-tir disso se aprofunda a investigação. Na lei de drogas, havia necessidade de autorização. § Art. 8º:“Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa

relati-va à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob ob-servação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações”.

o “§ 1oO retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente co-municado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comu-nicará ao Ministério Público” (comunicação ≠ autorização).

o “§ 2oA comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informa-ções que possam indicar a operação a ser efetuada”.

o “§ 3oAté o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Mi-nistério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investi-gações”.

o “§ 4oAo término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação con-trolada”.

Ø ≠ flagrante diferido. Ex: policial espera que o traficante vá fazer a venda para efetuar o flagrante. Na ação controlada deixa de agir para coletar informações.

Ø Art. 53, II, lei nº 11.343/06: “Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante auto-rização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investiga-tórios:”

o “II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar mai-or número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível”.

o “Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores”.

§ Agente infiltrado: Pessoa que se infiltra na organização criminosa para coletar elementos de prova.

o ≠ provocador: provocador é o que provoca a ocorrência do fato. Ilícito.

o ≠encoberto: não se infiltra na organização, mas está à espreita. Fazendo levantamento sem participar.

o Art. 10: A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabele-cerá seus limites.

o Art. 13: O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados.

ü

Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.

Referências

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