À
ENAP- Escola Nacional de Administração Pública.
Att. Dra. Maria de Fátima Melão do Nascimento
M.D. Pregoeira.
Ref: Pregão Eletrônico nº. 44/2008.
MILLENNIUM CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA,
sociedade empresarial estabelecida no SAAN Quadra 01 Lote 660 – Distrito
Federal, inscrita no CNPJ sob o nº 047396480001-35, interessada em
participar do certame em referência, fazendo uso do que dispõe o subitem 4.1
do Instrumento Convocatório em referência, vem com o devido respeito
interpor IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA aos termos do Edital em
referência aduzindo, para tanto o seguinte:
O objeto da presente licitação é:
“a Contratação de empresa especializada na prestação de serviços de Limpeza, Asseio, Conservação e Jardinagem nas áreas da ENAP, sediada no Setor de Áreas Isoladas Sudoeste nº 02-A, com fornecimento de toda a mão-de-obra, materiais e equipamentos, com especificações conforme detalhamento constante no Termo de Referência – ANEXO I.”
Ao analisar o objeto da licitação em tela e as condições de
participação exigidas, a impugnante detectou vício que deverá ser sanado, sob
pena de restarem malferidos os dispositivos legais e princípios regedores dos
certames públicos insertos na Legislação específica, como será demonstrado a
seguir:
O objeto da licitação em discussão envolve a prestação de
serviços de jardinagem na área da ENAP, serviços estes que exigem, além de
pessoal preparado para tanto, a regularidade junto a Órgãos de classe
responsáveis pela perfeita execução e observância à legislação supletiva,
conforme prescrito na lei de licitações. Ou seja, a impugnante notou a
ausência de exigência de comprovação, por parte da licitante, de possuir em
seus quadros, profissional da área de agronomia com a respectiva inscrição
junto ao CREA-DF, e, logicamente, detentor de Acervo Ténico em tal área.
A assertiva está em sincronia com o que estatui o diploma legal
regedor das licitações públicas, tudo conformado com o disposto no inciso I, e
inciso I do parágrafo primeiro todos do artigo 30 da Lei nº. 8.666 de 1.993, a
seguir transcritos:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a: I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso.
§ 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do "caput" deste artigo,
no caso das licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes, limitadas as exigências a: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 8.6.94)
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 8.6.94)
A lei nº. 6.496 de 1.977, que institui a anotação de
responsabilidade técnica em seu artigo 1º prescreve:
Art.1º. Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia fica sujeito à “Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).”
O artigo 2º da referida lei, por sua vez, acrescenta:
Art. 2º - A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia.
Já o artigo 3º da lei em referência estatui:
Art. 3º. A falta de ART sujeitará o profissional ou a empresa à multa prevista na alínea “a” do art. 73 da Lei nº. 5.194 de 24 de dezembro de 1.966, e demais cominações legais.
O anexo I – Termo de referência do Edital em questão, em seu
item 11 trata dos serviços de jardinagem, além dos serviços corriqueiros
declinados no edital, trata dos seguintes misteres:
11 – ÁREAS DE JARDINAGEM
11.1 Além dos serviços necessários à manutenção e conservação das características e desempenho dos elementos objeto da proposta, a serem executados mediante plano de trabalho apresentado pela prestadora dos serviços contendo a programação e o método de execução, serão realizadas, entre outras, as seguintes atividades:
11.2 Irrigação – Programar e realizar a irrigação de todas as áreas, internas e externas, de forma a garantir o perfeito desenvolvimento e desempenho da ornamentação e sombreamento dos vegetais. Sempre que as condições climáticas – temperatura e umidade relativa do ar – exigirem, a irrigação será realizada diariamente. Tal exigência se aplicará especialmente nos meses de julho, agosto, setembro e outubro.
11.3 Adubação – Programar e realizar a adubação específica para cada espécie vegetal, de forma a garantir seu perfeito desenvolvimento e desempenho. Deverá ser realizada, no mínimo, uma adubação anual por espécie, a ser executada, preferencialmente, no período de chuvas intensas (de dezembro a fevereiro). Caso seja necessário, e a critério da fiscalização da ENAP, deverão ser realizadas outras adubações além das previstas na programação inicial.
11.4. Replantio – Caberá à empresa contratada o replantio de elementos que não estejam, a critério da fiscalização, com desempenho adequado. As novas mudas serão fornecidas pela ENAP.
11.5. Poda – Deverá ser feita a programação e execução de podas de limpeza e de conformação, com a utilização de técnicas adequadas a cada espécie vegetal. Sempre que necessário, e a critério da fiscalização da ENAP, deverão ser realizadas outras podas não previstas na programação inicial.
11.6 Reforma – Sempre que necessário serão feitas programação e execução de reformas nos jardins e vasos ornamentais, compreendendo remanejamento, reconstituição, modificação, retirada de espécimes (substituição), abertura e recomposição de valas e covas e demais atividades pertinentes.
11.7. Forração – Deverá ser realizada, no mínimo, uma cobertura anual de terra apropriada na área gramada, preferencialmente no período de início das chuvas (novembro a janeiro). Caso seja necessário, e a critério da ENAP, deverão ser realizadas outras coberturas.
11.8. Limpeza geral – A empresa contratada deverá executar, diariamente, a limpeza de todos os jardins, com varredura e retirada de folhas, flores e galhos secos, de ervas arrancadas nas capinas, de papéis e qualquer outro tipo de lixo ou entulho. O material recolhido deverá ser acondicionado em sacos apropriados, fornecidos pela empresa e depositado em local determinado pelo Serviço Autônomo de Limpeza Urbana da Secretaria de Serviços Públicos do Governo do Distrito Federal. O transporte do material recolhido será de responsabilidade da empresa contratada.
11.9. Capina – Deverão ser programadas e executadas capinas periódicas dos jardins para retirada de ervas daninhas, de forma a propiciar o perfeito
Os serviços descritos no item acima, sem dúvida alguma, se
mostram adstritos ao profissional abarcado pelo CREA, no caso, o engenheiro
agrônomo que deverá ser responsável técnico por sua implementação.
De tal assertiva é prudente e necessário concluir que nesse
aspecto, o edital é omisso, pois não contém exigência de inscrição, da
licitante, junto ao CREA bem como da obrigatória comprovação de possuir
em seus quadros o respectivo profissional detentor de nível superior que será o
responsável técnico pela implementação dos serviços solicitados.
Nesse diapasão, impende ainda destacar que a planilha de
custos relativa ao objeto da presente licitação, e qualquer quadro cujo objetivo
seja instruir a proponente na elaboração de sua proposta de preços não
estampa a categoria profissional de jardineiro, categoria esta, conforme CCT
cuja cópia se anexa, possui salário diferenciado bem como, exige, apetrechos e
equipamentos específicos, o que também não se vislumbra no Edital ora
impugnado.
O panorama traçado induz à hipótese prevista no parágrafo
quarto do artigo 21 da lei de licitações, in casu, a lei nº. 8.666 de 1.993, já
que, invariavelmente, influenciará na formulação da proposta. Verbis:
§ 4o Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inqüestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.
É necessária a alteração que será vindicada, para incluir nas
condições de habilitação a exigência de inscrição junto ao CREA-DF, bem
como a comprovação da licitante possuir em seu quadro profissional
engenheiro agrônomo ou equivalente que será responsável pelos serviços na
área de jardinagem. Necessário ainda se verifica, a inclusão dos trabalhadores
da área de jardinagem, no caso, de jardineiros, cuja remuneração é superior ao
do servente de limpeza, conforme CCT anexada.
O servente de limpeza não poderá exercer os misteres
destinados à função de jardineiro, sobretudo porque, como dito, tal função tem
previsão Convencional, com remuneração diferenciada.
Os serviços de jardinagem que compõem o objeto da
licitação em discussão deverão ter previsão no objeto social da empresa
licitante, e por via de conseqüência, que, por via de conseqüência deverá
comprovar sua inscrição na entidade fiscalizadora de tal atividade, no caso, o
CREA. A jurisprudência a seguir colacionada ilustra a necessária alteração
editalícia, ora proposta, verbis:
Processo: AMS 90.01.02214-6/GO; APELAÇÃO EM MANDADO DE
SEGURANÇA
Relator: JUIZ TOURINHO NETO
Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA
Publicação: 02/04/1991 DJ p.06118
Data da Decisão: 17/12/1990
Ementa: ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE
ENGENHARIA. REGISTRO.
CRITERIO. LEI N. 5.194, DE 24.12.66. LEI 6.839, DE 30.10.80. 1. ESTA OBRIGADA A REGISTRAR-SE NO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA (CREA) A EMPRESA QUE PARA O EXERCICIO DE SUA ATIVIDADE BASICA E COMPLEMENTAR, EMPREGA, NECESSARIA E FORÇOSAMENTE, A FIM DE ALCANÇAR A SUA FINALIDADE, ENGENHEIROS, ARQUITETOS OU ENGENHEIROS-AGRONOMOS. O REGISTRO TAMBEM E OBRIGATORIO PARA A EMPRESA QUE PRESTA TAIS SERVIÇOS PROFISSIONAIS A TERCEIROS.
2. O CRITERIO DE QUE SO AS EMPRESAS QUE TEM COMO ATIVIDADE-FIM O EXERCICIO PROFISSIONAL DA ENGENHARIA E QUE ESTÃO OBRIGADAS A SE
REGISTRAREM NO CREA ESTA SUPERADO.
3. APELAÇÃO DENEGADA.
LEG:FED LEI:006839 ANO:1980 ART:00001