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ESTUDO DA CAPACIDADE RESISTENTE DE PILARES PREENCHIDOS VIA INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL (1)

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(1)

“ESTUDO DA CAPACIDADE RESISTENTE DE

PILARES PREENCHIDOS VIA INVESTIGAÇÃO

EXPERIMENTAL”

(1)

Silvana De Nardin (2) Ana Lúcia H. de C. El Debs (3)

Resumo

A crescente utilização de pilares preenchidos tem impulsionado pesquisas que abrangem os diversos aspectos que interferem no comportamento estrutural deste elemento. Neste trabalho, são apresentados alguns resultados obtidos da experimentação física de modelos de pilares preenchidos submetidos à flexão normal composta. A partir de seções retangulares e quadradas, preenchidas com concreto C50 e submetidas a uma relação excentricidade/lado constante, são realizados ensaios com controle de deslocamento. A instrumentação dos modelos permite conhecer valores de deslocamentos e deformações de aço e concreto para diversas etapas de carregamento. No concreto, são utilizados extensômetros especiais encapsulados, introduzidos no modelo durante a concretagem e que permitem conhecer a deformação axial do núcleo de concreto em diversos pontos da seção transversal. Na experimentação física são obtidos os valores de força última (Fu) e é possível acompanhar o comportamento dos materiais aço e concreto através de suas deformações axiais. A análise dos resultados encontrados permite conhecer o comportamento de pilares preenchidos flexo-comprimidos.

Palavras-chave:

pilar misto aço-concreto, pilar preenchido, flexo-compressão, concreto de alta resistência.

Abstract:

The use of composite columns it has been impelling researches that embrace the several aspects that interfere in the structural behavior of the element. In this work, some results of the tests on composite columns eccentrically loaded are presented. The rectangular and square cross section filled with concrete C50 are submitted to e/b (eccentricity/breadth) constant. The tests are accomplished with displacement control. The strain gages allows measure displacements and strain of steel and concrete values for several stages of load. Special strain gages encapsulated are used to measure axial strain of the concrete nucleus in several points of the cross section. In tests are obtained the values of ultimate load (Fu) and it is also possible to accompany the behavior of steel and concrete materials through the axial strains registered. The analysis of tests results allow to know the behavior of the composite columns eccentrically loaded.

Key-words:

composite columns, concrete filled steel tubes, beam-column.

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- Contribuição Técnica a ser apresentada no “II Congresso Internacional da Construção

Metálica – II CICOM” - novembro, 2002 – São Paulo, SP, Brasil.

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- Doutorado – Escola de Engenharia de São Carlos - USP - São Carlos, São Paulo, Brasil. (snardin@sc.usp.br)

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1 - INTRODUÇÃO

A utilização de elementos mistos na composição de sistemas estruturais vem apresentando crescimento significativo nas últimas décadas. Tal crescimento, sobretudo quanto à utilização de pilares mistos, justifica-se por vantagens econômicas, construtivas e estruturais inerentes a estes elementos. No que se refere aos pilares preenchidos, pode-se destacar vantagens como: redução das dimensões dos elementos estruturais, com conseqüente economia de materiais, mão-de-obra e maior área livre por pavimento; grande resistência, rigidez e ductilidade, especialmente com o advento dos aços e concretos de alta resistência. Em relação aos aspectos construtivos, destaca-se a ausência de formas e armaduras e conseqüente economia de materiais e mão-de-obra, redução do desperdício de materiais e maior limpeza nos canteiros de obra.

Em função disso, os pilares preenchidos tendem a fazer parte do cotidiano de um engenheiro projetista; daí a necessidade do desenvolvimento e conhecimento de procedimentos simples e ao mesmo tempo confiáveis, de dimensionamento e verificação da segurança. Isso tem levado o meio técnico a estudar os diversos aspectos inerentes ao comportamento dos pilares preenchidos.

Alguns estudos foram realizados no Brasil com pilares preenchidos submetidos a compressão simples e foi constatada boa correlação entre valores de força última experimentais e os previstos pelas normas existentes (De Nardin 1999). Quanto aos pilares preenchidos flexo-comprimidos, diversos pontos referentes ao comportamento merecem estudo.

No Brasil o que se verifica é um certo desconhecimento, por parte dos profissionais de engenharia, da existência e características dos pilares preenchidos. Alguns trabalhos surgiram no final do século XX, mais precisamente na década de 90 e representam os primeiros esforços no sentido de introduzir este importante elemento na composição de sistemas estruturais. Um passo importante foi dado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que, ao elaborar a NBR 14.323 que trata do dimensionamento de elementos de aço e mistos aço-concreto, incorporou em um de seus anexos, o dimensionamento de pilares preenchidos.

O primeiro trabalho brasileiro abordando os pilares preenchidos foi desenvolvido na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e traz resultados teóricos e experimentais de seções preenchidas quanto à aderência, retração e deformação lenta e também, o primeiro levantamento bibliográfico realizado no Brasil sobre o assunto. Vale destacar que foram estudadas seções preenchidas submetidas à compressão simples (Gomes 1994).

Grande contribuição para o desenvolvimento e a aplicação dos pilares preenchidos vem sendo dada pelo Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos -USP, através dos trabalhos desenvolvidos nessa linha. Nos últimos anos este assunto tem sido tratado por diversos trabalhos de mestrado que, de forma ampla ou específica, contribuem para a amplificação do conhecimento e quiçá, a popularização do uso dos pilares preenchidos em sistemas estruturais diversos no Brasil (Malite 1995; Figueiredo 1998; De Nardin 1999; Alva 2000).

Com o objetivo de conhecer o comportamento de pilares preenchidos curtos flexo-comprimidos, foi iniciada uma experimentação física de caráter exploratório cujos resultados dos dois primeiros são apresentados aqui. Para tal, foram utilizados dois pilares preenchidos; um deles de seção retangular (CFTR-3) e outro de seção quadrada (CFTS-3), de extremidades rotuladas e submetidos a forças de pequena excentricidade. Estes modelos de pilares preenchidos foram devidamente instrumentados e ensaiados com equipamentos que permitem a aplicação de forças com controle de deslocamento.

A seguir, são descritos os detalhes da experimentação física tais como materiais e equipamentos utilizados, metodologia e resultados obtidos.

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2 - PROGRAMA EXPERIMENTAL

O programa experimental completo consiste na investigação experimental de oito modelos de pilares preenchidos flexo-comprimidos, entretanto são apresentados neste artigo apenas os resultados de dois modelos: CFTR-3 e CFTS-3. A nomenclatura utilizada é a seguinte:

CFT: Concrete Filled Tube R: seção retangular

S: seção quadrada

O número seguinte corresponde à espessura do perfil tubular em mm.

2.1- Características Gerais

Os modelos de pilares preenchidos tem como material de preenchimento do perfil tubular o concreto C50 que, de acordo com a normatização brasileira é classificado como concreto de alta resistência. Os modelos em questão tem 120 cm de altura.

Na Tabela I são dadas algumas características dos modelos CFT's tais como: nomenclatura, tipo de seção transversal, dimensões, relação lado/espessura, excentricidade do carregamento aplicado e relação excentricidade/lado.

As seções retangulares e quadradas são obtidas a partir de chapas de aço tipo SAE 1020, cortadas e dobradas formando perfis tipo U, os quais são soldados aos pares a fim de obter a seção fechada.

Tabela I: Algumas características dos modelos de pilares preenchidos

Elemento Seção (b x h x t) mm b/t e (mm) e/b

CFTS-3 Quadrada 150x150x3 50 30

CFTR-3 Retangular 100x200x3 33,3 20 0,2

Para eliminar a possibilidade de ruptura prematura do modelo devido à concentração de tensões na região de introdução das forças, são colocados no interior das duas extremidades do perfil, blocos de armadura de fretagem, com 20 cm de altura. Cada bloco é formado por quatro barras longitudinais de 8mm e estribos transversais de 6,3mm espaçados de 1,5cm. Mais detalhes destes blocos podem ser vistos na Figura 1, que ilustra os blocos de fretagem utilizados no modelo CFTR-3.

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Na base do perfil tubular foi colocada uma chapa de aço com 3mm de espessura e dimensões que variam em função das dimensões do modelo, parafusada ao perfil. Esta chapa impede a saída do concreto fresco e após seu endurecimento, pode ser facilmente removida.

Os ensaios dos elementos isolados foram realizados na Máquina de Ensaios INSTRON 8506, que permite controle de deslocamentos e tem capacidade para aplicar até 2500 kN de força estática. A velocidade de ensaio foi de 0,005 mm/segundo, já utilizada em outros ensaios de pilares preenchidos.

2.2- Caracterização Dos Materiais

Para determinar as características mecânicas do concreto foram realizados ensaios de resistência à compressão simples, resistência à tração por compressão diametral e determinação do módulo de elasticidade, todos por meio de corpos de prova de (10 x 20) cm. Para cada modelo ensaiado foram moldados treze corpos de prova, os quais são utilizados para os fins especificados na Tabela II. Nesta mesma tabela são apresentados os valores médios resultantes da caracterização mecânica do concreto de preenchimento dos modelos CFTR-3 e CFTS-3.

Tabela II: Caracterização do concreto de preenchimento utilizando corpos de prova 10x20

Resistência (MPa) Tipo de ensaio Idade (dias)

CFTR-3 CFTS-3 Compressão 3 53,35 44,4 Compressão 56,93 47,8 Tração 4,77 3,86 Módulo de elasticidade 7 32200 31150

A caracterização mecânica do aço do perfil tubular é feita através de ensaio de tração, com amostras extraídas conforme as especificações da ASTM A370/92. Os corpos de prova são ensaiados numa Máquina Universal de Ensaios Instron e instrumentados com um extensômetro removível. Este ensaio permite a obtenção da curva Força x Deformação axial, a partir da qual é possível determinar a resistência escoamento (fy) e a resistência última (fu) do aço. Para módulo de elasticidade (Es) foi assumido o valor de 20.500 kN/cm2.

Na Figura 2 são mostrados alguns detalhes dos ensaios de caracterização do aço.

Vista da máquina de ensaios detalhe da instrumentação com extensômetro removível

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2.3- Instrumentação Dos Modelos

A instrumentação do modelo tem como objetivo conhecer valores de deslocamentos e deformações, correspondentes à força aplicada pela máquina de ensaios. Em função disso, o concreto do núcleo e o aço do perfil tubular foram instrumentados com extensômetros elétricos de resistência. Para o concreto, foram utilizados extensômetros especiais do tipo encapsulado, introduzidos no modelo durante a concretagem. Tais extensômetros foram colados num dispositivo rígido de papel, que tem a forma da seção transversal. Este dispositivo, assim como os extensômetros mencionados podem ser vistos na Figura 3.

Figura 3 - Dispositivo utilizado para instrumentação do concreto de preenchimento

Os extensômetros elétricos utilizados para medir as deformações no aço do perfil tubular foram distribuídos na seção média, isto é, a 60 cm da base. Os pontos instrumentados por tais extensômetros são mostrados nas Figuras 4 e 5, bem como aqueles pontos em que foram colocados os extensômetros encapsulados, para medir a deformação axial do concreto do núcleo. 4 150 mm 150 mm 75 40 75 75 40 3 2 5 6 35 1 16 17 18 12 11 10 40 40 40 40 40 10 40 linha de solda solda linha de 40 10 40 15 14 13 9 8 7

a) pontos de leitura de deformação axial no concreto do núcleo

b) pontos de leitura de deformação axial no aço do perfil tubular

Figura 4 - Instrumentação dos pilares preenchidos quadrados CFTS-3 - pontos de medida de deformação

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20 0 m m 1 100 mm 50 50 3 4 100 100 2 100 100 linha de 30 40 30 6 5 40 solda linha de 50 50 50 14 13 solda 50 12 50 7 8 50 9 11 10

a) pontos de leitura de deformação axial no concreto do núcleo

b) pontos de leitura de deformação axial no aço do perfil tubular

Figura 5 - Instrumentação dos pilares preenchidos retangulares CFTR-3 - pontos de medida de deformação

Os deslocamentos laterais foram medidos por transdutores de deslocamento, posicionados em diversos pontos, distribuídos ao longo do comprimento do pilar. Estes pontos podem ser vistos na Figura 6. 10 10 20 30 30 20 10 10 20 10 30 30 20 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 5 5

Figura 6 - Pontos instrumentados com transdutores de deslocamento

2.4- Procedimento De Ensaio

O concreto fresco foi introduzido no perfil tubular até uma altura de, aproximadamente, 58 cm. O dispositivo de papel onde estão fixados os extensômetros encapsulados mostrado na Figura 3 foi introduzido no perfil tubular, apoiado em fios de aço recozido, a fim de evitar que

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se deslocassem durante o adensamento. Feito isso, a concretagem continuou, adicionando concreto e adensando o mesmo, com a mesa vibratória. Quando o concreto no interior do perfil tubular atingiu uma altura de aproximadamente 98 cm, foi introduzido o bloco superior de armadura de fretagem, que também foi apoiado sobre fios de arame recozido. Por fim, o perfil tubular foi preenchido com concreto até sua extremidade superior.

Na Figura 7 é apresentado o esquema de ensaio do pilar preenchido submetido à flexão normal composta. O carregamento excêntrico foi aplicado por meio de duas chapas de aço posicionadas no topo e na base de cada um dos modelos. Desta forma, o pilar preenchido é submetido à flexão uniaxial com curvatura simples e flexão em torno do eixo de menor inércia. e b h x y x ey

Figura 7 - Esquema de ensaio e eixo de flexão

3 - RESULTADOS

Neste item são apresentados os principais resultados provenientes da experimentação física de dois pilares preenchidos flexo-comprimidos.

3.1- Comportamento Do Deslocamento Lateral No Meio Do Vão

Nas Figuras 8 e 9 são apresentados os deslocamentos laterais no meio do vão em função da evolução da força aplicada. Junto às curvas experimentais são apresentados os resultados obtidos via aplicação do programa computacional CFT, desenvolvido para prever a capacidade resistente de pilares preenchidos flexo-comprimidos e cujos resultados mostraram boa correlação com aqueles experimentais (De Nardin & El Debs & Marques 2001).

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0 -150 -300 -450 -600 -750 -900 0,0 -1,5 -3,0 -4,5 -6,0 -7,5 -9,0 -10,5 CFTR-3P 829 kN 841 kN Experimental Teórico Flecha (mm) F o rça ap li cada ( k N)

Figura 8 – Comportamento Força aplicada x Flecha para o pilar preenchido CFTR-3

Para o pilar CFTR-3 a curva teórica apresenta maior rigidez que a experimental, entretanto, o valor da força última prevista difere do experimental em apenas 1,4%. Quanto ao valor da flecha máxima tem-se: flecha máxima experimental = 7,57 mm e flecha máxima teórica = 6,81 mm resultando numa diferença percentual de 10%. Portanto, embora o programa CFT não consiga representar de forma muito satisfatória o comportamento do elemento CFTR-3, os valores de força última e flecha correspondente são muito próximos dos experimentais.

0 -200 -400 -600 -800 -1000 -1200 0,0 -1,5 -3,0 -4,5 -6,0 -7,5 -9,0 -10,5 CFTS-3B 1078 kN 1041 kN Experimental Teórico Flecha (mm) For ça ap li cada ( k N )

Figura 9 – Comportamento Força aplicada x Flecha para o pilar preenchido CFTS-3

Quanto ao pilar CFTS-3, a diferença entre a força última prevista e a experimental foi de 3,5%. Os valores de flecha correspondente à força última encontrados foram: flecha máxima teórica = 3,41 mm e flecha máxima experimental = 3,45 mm resultando numa diferença de 1,2%. Neste caso, o programa CFT representa de forma satisfatória o comportamento do elemento CFTS-3 e prevê, com grande precisão, os valores de força última e flecha correspondente.

Para ambos os pilares, verifica-se alta ductilidade e um comportamento que tende ao elasto-plástico perfeito.

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3.2- Comportamento Das Deformações Axiais No Aço Do Perfil Tubular

As Figuras 10 e 11 apresentam a variação das deformações axiais no perfil tubular em diversos pontos da seção transversal e para diversos níveis de carregamento.

0 -150 -300 -450 -600 -750 -900 1000 0 -1000 -2000 -3000 -4000 -5000 -6000 -7000 CFTR-3P A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14

Deformação Axial no Aço (µεµεµεµε)

Fo rça A p li c a da, k N 6 5 14 13 7 8 12 11 9 10

Figura 10 - Variação das deformações axiais no perfil tubular do modelo CFTR-3

A variação das deformações axiais em diversos pontos da seção transversal média do modelo CFTR-3 confirma a ocorrência de flexo-compressão. A face oposta à aplicação do carregamento apresenta deformações de tração.

0 -200 -400 -600 -800 -1000 -1200 1500 0 -1500 -3000 -4500 -6000 -7500 -9000 CFTS-3B A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15 A16 A17 A18

Deformação axial no aço (µεµεµεµε)

Forç a a p li c a da ( k N) 16 17 18 11 da 15 14 13 9 8 7

Figura 11 - Variação das deformações axiais no perfil tubular do modelo CFTS-3

No caso do modelo CFTS-3 também verifica-se a ocorrência de flexo-compressão e a existência de uma face levemente tracionada, posicionada no lado oposto ao de aplicação da força excêntrica.

3.3- Deformações Axiais No Núcleo De Concreto Do Pilar Preenchido

O comportamento das deformações axiais no núcleo de concreto dos pilares preenchidos CFTR-3 e CFTS-3 é ilustrado nas Figuras 12 e 13.

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Nas deformações registradas e ilustradas graficamente na Figura 12 se verifica o comportamento irregular das leituras no extensômetro C3, paralelo ao eixo X. Tais irregularidades podem ser decorrentes do seu posicionamento incorreto durante a concretagem ou de danos ocorridos no dispositivo de leitura durante a realização do ensaio. Além disso, os registros de deformação axial no concreto confirmam a ocorrência de valores maiores de deformação de compressão na face C2 e menores na face C4, coerentes com a posição de aplicação da força excêntrica na seção transversal preenchida.

0 -200 -400 -600 -800 -1000 0 -400 -800 -1200 -1600 -2000 -2400 -2800 CFTR-3P C1 C2 C3 C4

Deformação axial no concreto (µεµεµεµε)

Fo rça A p li c a d a, kN 1 4 2 3

Figura 12 - Variação das deformações axiais no núcleo de concreto do modelo CFTR-3

Os registros de deformação axial no núcleo de concreto do modelo CFTS-3 apresentam comportamento mais regular que aquele verificado para o modelo CFTR-3. As deformações registradas nos pontos C2 e C3 chegam a atingir valores de tração quando a força aplicada está próxima de seu valor máximo. As leituras de deformação registradas para o extensômetro C5 são incoerentes com os resultados esperados, pois deveriam ser semelhantes àquelas registradas no extensômetro C6, já que se encontram na face mais comprimida. Isto pode ser ocasionado por problemas de posicionamento ou de funcionamento do extensômetro durante a realização do ensaio.

Em ambos os modelos, os valores de deformação axial registrados indicam o esmagamento do núcleo de concreto e, associando estes valores àqueles registrados no perfil tubular, conclui-se que a ruína do pilar preenchido flexo-comprimido ocorre por esmagamento do concreto e posterior escoamento do aço do perfil.

0 200 400 600 800 1000 1200 0 -1500 -3000 -4500 -6000 -7500 CFTS-3B C1 C2 C3 C4 C5 C6

Deformação axial no concreto (µεµεµεµε)

For ç a a p li cada (k N) 1 4 3 2 5 6

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Outro aspecto importante em relação às deformações do concreto é o ganho de ductilidade conferido a este pela presença do perfil tubular. Sabe-se que o concreto de alta resistência, tem ruptura à compressão do tipo frágil entretanto, ao ser confinado pelo perfil tubular passa a comportar-se como material elásto-plástico.

3-4 Deslocamento Lateral Dos Pilares Preenchidos

Nas Figuras 14 e 15 é apresentada a variação do deslocamento lateral do pilar preenchido em diversos pontos distribuídos ao longo de sua altura, para diversos estágios de carregamento. Tais deslocamentos foram registrados pelos transdutores de deslocamento posicionados nas duas direções da seção transversal dos pilares preenchidos estudados. Aqui são apresentados apenas os deslocamentos registrados no plano de flexão dos pilares preenchidos. Na outra direção os deslocamentos foram ínfimos.

Os valores de deslocamento registrados indicam boa simetria no comportamento das rótulas posicionadas no topo e na base do pilar preenchido.

0 20 40 60 80 100 120 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 CFTR-3P 5% F 10% F 20% F 30% F 40% F 50% F 60% F 70% F 80% F 90% F F Deslocamento (mm) A ltu ra d o p ilar (c m )

Figura 14 - Variação do deslocamento lateral em função da força aplicada: modelo CFTR-3

0 20 40 60 80 100 120 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 CFTS-3B 0 F 10% F 20% F 30% F 40% F 50% F 60% F 70% F 80% F 90% F F Deslocamento (mm) A lt u ra do pi la r ( c m )

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Os modelos CFTR-3 e CFTS-3 apresentaram comportamento similar em relação à variação do deslocamento lateral. Verifica-se que para valores de força relativamente pequenos, os deslocamentos laterais são insignificantes e sua variação é aproximadamente linear. Entretanto, quando a força aplicada atinge cerca de 80% de seu valor máximo ocorre um crescimento significativo nos valores de deslocamento lateral.

Como era de se esperar, o modelo CFTS-3 apresenta deslocamentos laterais máximos inferiores àqueles registrados para o modelo CFTR-3. Isto ocorre porque o modelo de seção quadrada apresenta rigidez maior e, por isso, é menos deslocável.

3-5 Configurações De Ruína

Na figura 16 são apresentadas as configurações de ruína para os modelos CFTR-3 e CFTS-3, ensaiados à flexo-compressão.

a) CFTR-3 b) CFTS-3

Figura 16 - Configuração de ruína

A configuração de ruína é caraterizada pela instabilidade local da chapa na porção média da face mais comprimida.

4 - CONCLUSÕES

Tendo em vista os resultados encontrados na experimentação física de pilares curtos preenchidos flexo-comprimido conclui-se que:

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! o esquema de ensaio inicialmente proposto funciona de forma satisfatória e permite ensaiar pilares preenchidos submetidos à flexo-compressão;

! de fato, os pilares preenchidos idealizados com extremidades rotuladas comportam-se como tal, indicando que as rótulas utilizadas têm bom comportamento;

! os valores de deformação axial registrados pelos extensômetros posicionados no aço e no concreto confirmam que os elementos investigados estavam submetidos à flexo-compressão. Este fato também foi confirmado pelos deslocamentos laterais registrados;

! A aplicação do programa CFT na previsão da força última e da flecha correspondente mostrou-se adequada e as diferenças encontradas foram inferiores a 8%;

! o concreto de alta resistência quando confinado pelo perfil tubular ganha ductilidade e comporta-se como um material elasto-plástico ao passo que, sem este confinamento, comporta-se como material elasto-frágil;

! a configuração de ruína dos modelos ensaiados é caracterizada pela ocorrência de instabilidade local na superfície externa do perfil tubular, na porção central deste e na face mais comprimida.

5 - AGRADECIMENTOS

Este trabalho vem sendo realizado com o apoio da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, através de bolsa de doutorado.

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVA, G. M. S. (2000). Sobre o projeto de edifícios em estrutura mista aço-concreto. São Carlos. 275 p. Dissertação (mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

DE NARDIN, S. 1999. Estudo teórico-experimental de pilares mistos compostos por tubos de aço preenchidos com concreto de alta resistência. São Carlos. 148p. Dissertação (mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

DE NARDIN, S. & EL DEBS, A. L. H. C. & MARQUES, S. 2001. Comportamento de pilares preenchidos submetidos à flexão normal composta. In: I CICOM Congresso Internacional da Construção Metálica, São Paulo-SP, Brasil.

FIGUEIREDO, L. M. B. 1998. Projeto e construção de pilares mistos aço-concreto. São Carlos. 142p. Dissertação (mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

GOMES, N. S. 1994. Pilares mistos tubulares de aço e concreto. São Paulo. Tese (doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

MALITE, M. & SÁLES, J. J. & TAKEYA, T. 1995. Contribuição ao dimensionamento de colunas mistas aço-concreto. In: Jornadas Sudamericanas de Ingeniería Estructural, 27. Tucumán, Argentina, 18-22 septiembre. Memórias. Tucumán, ASAIE/ Laboratório de Estructuras - FCET-UNT, 1: p483-494.

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