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Panorama da. Indústria. Série Cadernos da Indústria ABDI

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Brasília, 2009

Panorama da

Indústria

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Coordenadores do Estudo

Adriana Marques

Unicamp

Carlos Henrique

ABDI

Célio Hiratuka

Unicamp

Luiz Bahia

Ipea

Rogério Araújo

ABDI

Reginaldo Braga Arcuri

Presidente

Clayton Campanhola

Diretor

Maria Luisa Campos Machado Leal

Diretora

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Sumário

Lista de Tabelas e Gráficos ������������������������������������������������������������������������������������ 8

Panorama da Indústria ���������������������������������������������������������������������������������������� 12

1� Caracterização geral do crescimento econômico no período

recente antes da crise mundial ������������������������������������������������������������������������ 14

1.1 Desempenho da indústria antes da crise mundial... 19

1.2 Evolução do comércio exterior antes da crise mundial ... 27

2� Desafios para a indústria brasileira facea atual crise mundial ������������������������ 40

2.1 Reflexos da crise internacional sobre o desempenho da indústria

brasileira no final de 2008 ... 41

(8)

Lista de Tabelas

e Gráficos

(9)

Lista de T

abelas e Gráficos

TABELAS

Tabela 1.1 – Brasil: Taxa de Crescimento do PIB e dos Componentes da

Demanda 2004-07 (Em %) ...17

Tabela 1.2 – Evolução da Produção Física Industrial por setor 2006, 2007 e primeiro semestre de 2008 (Em %) ...21

Tabela 1.3 – Evolução da Criação de Emprego Formal na Indústria 2006 - 1º Semestre de 2008 – Em mil pessoas ...27

Tabela 1.4 – Exportações por Categoria de Uso, 1º semestre de 2008 Indicadores selecionados ...30

Tabela 1.5 – Exportações dos principais setores de atividade, 1º semestre de 2008 Indicadores Selecionados ...31

Tabela 1.6 – Importações por Categoria de Uso, 1º semestre de 2008 Indicadores Selecionados ...33

Tabela 1.7 – Importações dos principais setores de atividade, primeiro semestre de 2008 – Indicadores Selecionados...33

Tabela 1.8 – Market-Share de Brasil e China nas Importações de Manufaturados da Aladi e Mercosul (Em %) ...34

Tabela 2.1 – Taxa de Variação do PIB por Atividades e por Componentes da Demanda (III/2008 e IV/2008) (Em %) ...43

Tabela 2.2 – Taxa de Crescimento da Produção Industrial (IV/2007 a IV/2008) (Em %) ...45

Tabela 2.3 – Evolução da Admissão, do Desligamento e da Criação de Emprego Formal na Indústria (2007-2008) (Em mil pessoas)...48

Tabela 2.4 – Evolução da Massa de Salários da Indústria – admissão e desligamento (IV/2007 e IV/2008) (Em R$ milhões) ...50

Tabela 2.5 – Variação da Produção Física por Categoria de Uso (Em %) ...52

Tabela 2.6 – Variação das exportações e das importações no primeiro trimestre de 2009 (Em %) ...54

(10)

10

GRÁFICOS

Gráfico 1.1 – Brasil: Crescimento do PIB por componente 2004 a 2007 (Em %) ...17

Gráfico 1.2 – Taxa de crescimento trimestral do PIB e da Formação Bruta de Capital Fixo (Em %) ...18

Gráfico 1.3 – Taxa de crescimento da produção física industrial. Primeiro trimestre de 2006

a segundo trimestre de 2008 (Em %) ...19

Gráfico 1.4 – Taxa de crescimento da produção física industrial por categoria de uso.

Primeiro trimestre de 2006 a segundo trimestre de 2008 (Em %) ...20

Gráfico 1.5 – Taxa de Crescimento da Folha de Pagamentos Real da Indústria (Em %) ...25

Gráfico 1.6 – Evolução do Comércio Externo Brasileiro (valor acumulado nos últimos 12 meses

– jan./2002 a jul./2008) (Em US$ bilhões) ...28

Gráfico 1.7 – Taxa de Crescimento das Exportações e Importações: valor, preço e quantum

(em relação ao mesmo período do ano anterior – 2007 e 1o sem./2008) – Em% ...29 Gráfico 1.8 – Market-Share de Brasil e China nas importações de produtos manufaturados do

Mercosul por setor industrial, 2000 ...36

Gráfico 1.9 – Market-Share de Brasil e China nas importações de produtos manufaturados do

Mercosul por setor industrial, 2006 (Em %) ...37

Gráfico 1.10 – Market-Share de Brasil e China nas importações de produtos manufaturados da

Aladi por setor industrial, 2000 e 2006 (Em %) ...38

Gráfico 1.11 – Market-Share de Brasil e China nas importações de produtos manufaturados da

Aladi por setor industrial, 2000 e 2006 (Em %) ...39

Gráfico 2.1 – Evolução da Taxa de Investimento (I/2004 a IV/2008) ...44

Gráfico 2.2 – Evolução da Produção Industrial por Categorias de Uso (taxa de crescimento

em relação ao mesmo período do ano anterior – IV/2007 a IV/2008) ...46

Gráfico 2.3 – Composição da Perda do Emprego Formal por Setores Industriais

(4o trimestre de 2008) – (Em%) ...49

Gráfico 2.4 – Taxa de Variação das Exportações e das Importações: valor, preço

(11)
(12)

Panorama

da Indústria

(13)

Panorama da Indústria

Depois de um longo período de baixo crescimento, a economia brasileira

passou a apresentar sinais de crescimento mais elevado a partir de 2004. Em 2006 e especialmente em 2007, esse crescimento ganhou força. Não ap enas a taxa de crescimento apresentou sinais bastante positivos, mas também a composição do crescimento foi muito favorável no período em razão da recuperação da taxa de investimento e da liderança do setor de bens de capital. Esse cenário perdurou até o primeiro semestre de 2008. No entanto, com o agravamento da crise nos EUA, que rapidamente vem se transformou em uma crise global, a indústr ia brasileira enfrenta o desafio de consolidar os ganhos obtidos no período recente e garantir a permanên-cia de um padrão de crescimento mais sustentável, superando os ciclos de

stop and go recorrentes desde a década de 80 do século passado.

Como será argumentado ao longo deste capítulo, embora uma redução importante no ritmo de crescimento ocorreu ao longo do final de 2008 e início de 2009, a capacidade desenvolvimento no longo prazo da indús-tria brasileira depende da continuidade do padrão de crescimento, o que significa manter a formação bruta de capital fixo crescendo acima do PIB e sustentar a taxa de investimento em níveis elevados. Além disso, outro desafio importante é aumentar a capacidade de inovação e a elevação dos padrões tecnológicos nos vários setores industriais, de maneira a permitir o aumento da capacidade competitiva da estrutura industrial e enfrentar um cenário de concorrência internacional mais acirrado. Nesse sentido, diante deste contexto, este livro está organizado em dois capítulos. No primeiro capítulo, realiza-se uma caracterização do crescimento econômico recente antes da crise mundial, destacando o aumento da taxa de investimento, a importância da formação bruta de capital como elemento dinamizador do crescimento no período recente, o padrão do desempenho da indústria, e a evolução do comércio exterior antes da crise mundial. Por sua vez, o Capítulo 2 analisa os reflexos da crise internacional sobre o desempenho da indústria brasileira no final de 2008 e início de 2009.

(14)

1. Caracterização geral

do crescimento econômico

no período recente antes

(15)

1. Caracterização geral

do crescimento econômico no período recente antes da crise mundial

Considerando o longo período entre 1980 e 2003, a taxa média anual de crescimento da economia brasileira foi de apenas 2,3%. Esse de-sempenho pífio da economia brasileira com certeza foi conseqüência do conjunto de problemas e dificuldades macroeconômicas vividas pelo país, mas reflete também a perda de dinamismo da indústria, que cresceu a uma taxa de apenas 1,5% ao ano. Como o crescimento industrial, em razão de seus encadeamentos intra e intersetoriais, tem grande capacidade de induzir o crescimento da economia como um todo, é possível afirmar que ao longo desse período a indústria não foi capaz de exercer seus efeitos dinâmicos sobre os demais setores econômicos, nem sobre o próprio conjunto da estrutura industrial. Esse fato é mais grave quando se contrasta a estagnação brasileira com o dinamismo apresentado por alguns países em desenvolvimen-to, em especial os países asiáticos. De acordo com dados da United

Nations Industrial Development Organization (UNIDO), em termos

globais, o produto industrial ainda tem apresentado maior dinamismo que o produto total. A taxa de crescimento do PIB mundial foi de 3,1% a.a. no período 1995-2000 e de 2,7% no período 2000-2005, en-quanto as taxas médias de crescimento do PIB industrial foram respec-tivamente de 3,3% e 3,0%. O desempenho do produto industrial nos países em desenvolvimento (PED) superou o dos países desenvolvidos, refletindo um intenso deslocamento da produção mundial para novas regiões. Enquanto os países desenvolvidos apresentaram crescimento anual do produto industrial de 2,8% entre 1995 e 2000 e de 1,7% entre 2000 e 2005, os PED apresentaram taxas de 3,9% e 5,1% para os respectivos períodos.

Entretanto, esta oportunidade foi capturada por um grupo seleto de países. Dentro do grupo de PED, as taxas de expansão industrial foram bastante assimétricas. O p roduto industrial dos países do Sul e Sudeste Asiático cresceu a uma taxa média de 6,6% entre 1995 e 2000 (4,8% excluindo China e Taiwan), e de 8% (6,8%) no período 2000-2005. A

(16)

16

título de comparação, o produto industrial na América Latina cresceu em média apenas 2,6% a.a. nesses mesmos sub-períodos.

No caso brasileiro, o ciclo de preços favorável à produção e expor-tação de commodities agrícolas e minerais e de produtos industriais intensivos em recursos naturais contribuiu para o bom desempenho de alguns setores, mas foi insuficiente para compensar a perda de participação do valor agregado industrial no restante da economia brasileira e na produção mundial. O produto industrial cresceu apenas 0,4% no período 1995-2000 e 3,4% no período 2000-05. Com isso, a participação brasileira no valor adicionado industrial dos PED reduziu-se de 12,4% em 1995 e para 8,5% em 2005.

É importante destacar, porém, que o desempenho negativo que a economia brasileira em geral e a indústria em particular vinha apresentando a um longo tempo contrasta com a evolução observada entre 2004 e 2007. Nesse período mais recente, as taxas médias de crescimento elevaram-se para 4,5% para o PIB total e 4,4% para o PIB da Indústria. Não apenas o ritmo de crescimento foi mais acelerado como é possível notar mudanças importantes no padrão de crescimento, principalmente em 2006 e 2007. Entre essas mudanças destaca-se a elevação dos níveis de investimento.

Em um primeiro momento esse dinamismo esteve associado ao aumento das exportações e da demanda doméstica por bens de consumo, sobretudo de bens duráveis. O aumento da demanda, por sua vez, foi fortemente impulsionado pelas políticas de valorização real do salário mínimo, pelas políticas de transferência de renda, pela expansão do emprego e pelo aumento da disponibilidade de crédito. Como pode ser observado na Tabela 1.1 e no Gráfico 1.1, o consumo das famílias tem superado o crescimento do PIB desde 2005 e tem sido o prin-cipal item de demanda em termos da contribuição para o crescimento.

(17)

Porém, mais recentemente, em especial a partir de meados de 2006, o vetor de dinamismo tem se concentrado na expansão generalizada dos investimentos. A taxa de crescimento da formação bruta de capital fixo (FBCF) foi mais que o dobro da taxa de crescimento do consumo e do PIB em 2006 e 2007. Em termos de contribuição para o crescimento do PIB, a expansão dos investimentos correspondeu a cerca de 40% do crescimento total nesses dois anos.

Tabela 1.1 – Brasil: Taxa de Crescimento do PIB e dos Componentes da Demanda 2004-07 (Em %)

2004 2005 2006 2007

PIB a preços de mercado 5,7 3,2 3,7 5,4

Consumo das Famílias 3,8 4,5 4,7 6,5

Consumo da Adm. Pública 4,1 2,3 2,8 3,1

Formação Bruta de Capital Fixo 9,1 3,6 10,0 13,4

Exportações 15,3 9,4 4,7 6,6

Importações 13,2 8,4 18,3 20,7

Fonte: IBGE. Contas Nacionais

Gráfico 1.1 – Brasil: Crescimento do PIB por componente 2004 a 2007 (Em %)

Fonte: IBGE. Contas Nacionais.

1. Caracterização geral

(18)

18

Por outro lado, o setor externo passou a apresentar contribuição negativa para o crescimento do PIB a partir de 2006, em razão do crescimento mais acelerado das importações em relação às exportações, dada a conjuntura de câmbio valorizado e demanda interna aquecida. Importante ressaltar que esse padrão de crescimento econômico e industrial sustentado na expansão dos investimentos diferencia-se do padrão dos breves ciclos de crescimento anteriores. Observando os dados trimestrais, é possível observar que a formação bruta de capital fixo apresentou crescimento desde o primeiro trimestre de 2004, ou seja, a 18 trimestres seguidos até o primeiro semestre de 2008. Mais importante ainda, o crescimento da formação bruta de capital fixo superou as taxas de crescimento do PIB desde o segundo trimestre de 2005, o que significa 13 trimestres seguidos até o primeiro semestre de 2008.

Finalmente, em uma perspectiva de mais longo prazo, é possível notar pelo Gráfico 1.2, que se tratou do mais longo período de crescimento, tanto em termos de crescimento do PIB trimestral quanto de crescimento da FBKF, desde o início da divulgação da série pelo IBGE no início da década de 90.

Gráfico 1.2 – Taxa de crescimento trimestral do PIB e da Formação Bruta de Capital Fixo (Em %)

(19)

1.1 Desempenho da indústria

antes da crise mundial

O padrão de crescimento liderado pelos investimentos e pelo consumo interno também se refletiu nas taxas de crescimento da produção física da indústria brasileira, divulgada pela Pesquisa Industrial Mensal do IBGE. Como mostra o Gráfico 1.3 especialmente a partir do segundo semestre de 2006, a evolução da produção física da indústria se acelerou continuamente até o último trimestre de 2007, quando atingiu 7,9%. No primeiro semestre de 2008, as taxas apresentaram uma pequena desaceleração, embora em patamares ainda bastante elevados.

Analisando por categoria de uso, é possível verificar que a produção de bens de capital cresceu a uma taxa bastante superior à verificada nas demais categorias. No último trimestre de 2007, a taxa chegou a

Gráfico 1.3 – Taxa de crescimento da produção física industrial. Primeiro trimestre de 2006 a segundo trimestre de 2008 (Em %)

Fonte: IBGE, PIM-PF

1. Caracterização geral

(20)

20

atingir 24%. Considerando todo o ano de 2007, a taxa de crescimento atingiu 19,5%. No primeiro semestre de 2008, a taxa apresentou pequena queda, reduzindo-se para 16,6% e 17,5% no primeiro e segundo trimestre, respectivamente.

A produção de bens de consumo duráveis, por usa vez, passou a apresentar taxas de crescimento mais expressivas a partir de segundo trimestre de 2007. Considerando a taxa acumulada em 2007, o segmento apresentou crescimento de 9,1%. Do terceiro trimestre de 2007 até o segundo trimestre de 2008, a taxa de crescimento dos bens de consumo duráveis foi de cerca de 14%.

Contrastando com o bom desempenho mostrado pelo setor de Bens de Capital e Bens de Consumo Duráveis, os Bens de Consumo Semiduráveis e Não-Duráveis apresentou taxas de crescimento bastante abaixo da média. Apesar de ter apresentado um crescimento razoável do segundo ao quarto trimestre de 2007, as taxas voltaram se reduzir no primeiro e segundo trimestre de 2008, atingindo 2% neste último período.

Gráfico 1.4 – Taxa de crescimento da produção física industrial por categoria de uso. Primeiro trimestre de 2006 a segundo trimestre de 2008 (Em %)

(21)

Quanto aos bens intermediários, seu desempenho não foi tão positivo quanto o do setor de Bens de Capital e de Bens Duráveis, porém foi superior ao dos Bens Semiduráveis e Não Duráveis. Para este segmento, a produção física acumulada em 2007 atingiu 4,9% e chegou a 6,8% no último trimestre do ano. Em 2008, os dois primeiros trimestres mostraram ligeira redução, chegando a 4,7% no segundo trimestre. Observando os dados por setor de atividade, é possível perceber como o padrão destacado anteriormente, de liderança do setor de bens de capital e bens de consumo duráveis, se expressa nos dados dos setores de atividades. Na tabela mostrada a seguir, os setores mais proximamente relacionados com esses dois segmentos foram agrupados no Grupo 1, os setores associados aos segmentos de bens intermediários foram agrupados no Grupo 2 e, finalmente, os bens de consumo não duráveis e semiduráveis foram alocados no Grupo 3.

Tabela 1.2 – Evolução da Produção Física Industrial por setor 2006, 2007 e primeiro semestre de 2008 (Em %)

Seções e Atividades de Indústria

Taxa de Crescimento

(%) Contribuição ao Crescimento (%) 2006 2007 Jan-Jun 2008 2006 2007 Jan-Jun 2008

Máquinas e equipamentos 4,0 17,7 9,4 7,2 17,4 9,5

Veículos automotores 1,3 15,0 18,4 3,5 21,0 25,2

Máquinas para escritório e informática 51,6 14,4 -5,6 18,2 4,0 -1,6

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 8,7 14,0 7,0 6,9 6,4 3,1

Outros equipamentos de transporte 2,1 13,9 33,1 0,9 3,4 8,1

Equipamentos. de instrumentos médico-hospitalar 9,4 3,8 12,1 2,3 0,5 1,6 Material eletrônico, equipamentos de comunicações 0,0 -1,1 7,4 0,0 -0,6 3,1

Grupo 2 (média) 2,1 4,9 6,7 24,3 30,2 34,9 Metalurgia básica 2,8 6,8 7,6 4,6 5,9 6,2 Borracha e plástico 2,1 5,9 9,0 2,3 3,3 4,5 Indústrias Extrativas 7,4 5,9 6,4 11,3 5,0 5,1 Continua

1. Caracterização geral

(22)

22

Dentro do primeiro grupo, a liderança coube ao setor de máquinas e equipamentos que apresentou crescimento de 17,7% em 2007, e respondeu por 17,4% do crescimento total da indústria no período, refletindo o aumento dos investimentos na economia. No primeiro semestre de 2008, a taxa de crescimento atingiu 9,4%. Já o setor de veículos automotores, que inclui tanto a produção de automóveis quanto a produção de caminhões e ônibus, teve crescimento de 15% em 2007 e foi responsável por cerca de 21% do crescimento da indústria. No primeiro semestre de 2008, o crescimento da produção física da indústria automotiva acelerou ainda mais, chegando a explicar ¼ do crescimento total da indústria. Em seguida, aparece o setor de Equipamentos de Informática. Vale destacar que esse setor teve um

Tabela 1.2 - Continuação

Produtos de metal -1,3 5,8 9,0 -1,2 3,0 4,1

Outros produtos químicos -0,9 5,7 5,4 -1,7 6,2 5,1

Minerais não metálicos 2,6 5,3 7,8 2,9 3,0 4,0

Refino de petróleo e álcool 1,6 3,1 2,2 3,5 3,4 2,1

Celulose, papel e produtos de papel 2,2 0,8 6,4 2,6 0,5 3,7

Grupo 3 (média) 1,2 1,3 -0,3 19,4 11,2 4,4

Mobiliário 8,4 7,4 5,2 2,6 1,2 0,9

Bebidas 7,1 5,4 0,3 6,4 2,6 0,1

Vestuário e acessórios -5,1 5,1 6,7 -2,0 1,1 1,1

Perfumaria, produtos de limpeza e higiene 2,0 5,1 -3,1 0,9 1,4 -0,9

Têxtil 1,5 3,8 0,1 1,2 1,7 0,0

Alimentos 1,8 2,6 2,5 6,4 4,7 3,8

Farmacêutica 4,4 1,9 4,7 4,3 1,1 2,1

Edição, impressão e reprodução de gravações 1,7 -0,2 1,1 2,3 -0,2 0,6

Diversos -1,3 -1,6 -0,6 -0,3 -0,2 -0,1

Calçados e artigos de couro -2,7 -2,2 -3,7 -1,2 -0,5 -0,7

Madeira -6,8 -2,9 -5,1 -2,3 -0,6 -0,7

Fumo 3,9 -8,1 -11,2 1,2 -1,2 -1,8

Indústria Geral 2,8 6,0 6,3 100,0 100,0 100,0

(23)

comportamento bastante particular, com um crescimento acelerado principalmente em 2006, resultado da política de estímulo à compra de produtos de informática. Nesse ano, a taxa de crescimento atingiu 51% e o setor foi respondeu por 18,2% do crescimento total da indústria. A taxa se desacelerou em 2007 e apresentou sinal negativo no primeiro semestre de 2008.

Os setores de Material Elétrico e Outros Equipamentos de transporte também tiveram taxas de crescimento expressivo em 2007 e em especial o setor de Ouros Equipamentos de Transporte apresentou grande aceleração no primeiro semestre de 2008, principalmente pelo aumento na produção de aeronaves. Já os setores de Material Eletrônico e de Comunicações e Equipamentos Médicos tiveram um desempenho não tão positivo em 2007, mas iniciaram 2008 com taxas de crescimento bastante expressivas.

Tomados em conjunto, esses setores apresentaram uma média de crescimento de pouco mais de 11% nos períodos analisados. Em termos de contribuição para o crescimento total da indústria, avançou de 39% em 2006 para 52,1% em 2007, reduzindo-se ligeiramente para 49,1%. Ou seja, nos períodos mais recentes, esses setores responderam por cerca de metade do crescimento da produção física industrial brasileira.

Já o Grupo 2, formado por setores associados aos bens intermediários, apresentou uma média de crescimento de 2,1% em 2006, 4,9% em 2007 e 6,7% no primeiro semestre de 2008. Esse grupo também vem apresentando contribuição crescente para o crescimento industrial, passando de 24,3% em 2006 para 30,2% em 2007 e 34,9% no primeiro semestre de 2008. Uma parte importante desses setores tem sua dinâmica atrelada ao mercado externo, como por exemplo o setor extrativo mineral e de papel e celulose. Vale ressaltar, no entanto, que esses setores também foram beneficiados pelo crescimento liderado

1. Caracterização geral

(24)

24

pelos investimentos e pelos bens duráveis, uma vez que todos eles, de alguma forma, estão dentro da cadeia de fornecimento desses setores. É importante destacar ainda, que o crescimento da indústria de construção civil também exerceu impactos significativos sobre esses setores, em especial metalurgia básica, produtos de metal e minerais não-metálicos.

Quanto ao terceiro grupo, formado pelos setores mais associados aos bens de consumo semiduráveis e não-duráveis, as taxas médias de crescimento foram bastante inferiores, e a contribuição para o crescimento foi decrescente ao longo do período. Em 2006, esses setores tinham sido responsáveis por 19,4% do crescimento total da indústria. Em 2007, essa contribuição se reduziu para 11,2% e para 4,4% no primeiro semestre de 2008. Dentro desse grupo, os dois únicos setores que apresentaram um comportamento de crescimento mais elevado foram os setores de mobiliário e vestuário. O setor de mobiliário, embora com taxas decrescentes, apresentou taxas elevadas ao longo de todo o período. Já o setor de vestuário, depois de uma redução acentuada em 2006, apresentou recuperação ao longo de 2007, quando fechou o ano com crescimento de 5,1% e chegou a 6,7% no primeiro semestre de 2008.

O setor de maior peso dentro do grupo, a industrial de alimentos, apresentou um desempenho pouco dinâmico, crescendo 2,6% em 2007 e se mantendo por volta desse patamar no primeiro semestre de 2008.

Também dentro desse grupo estão os setores que têm apresentado o pior desempenho dentro da indústria. Os setores de indústrias diversas, fumo, calçados e couro e produção de madeira tiveram desempenho bastante ruim, com queda de produção de maneira contínua em 2007 e 2008. Esses setores não conseguiram se beneficiar do aumento da demanda interna e, ao mesmo tempo, tiveram perdas no mercado

(25)

externo, sendo assim duplamente afetados pela valorização da taxa de câmbio.

O desempenho em geral positivo da produção industrial contribuiu para a manutenção do crescimento do emprego na indústria durante a fase de crescimento acelerado. Dados da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (PIMES/IBGE) mostram crescimento contínuo do pessoal ocupado assalariado na indústria até o final de 2007, com pequena desaceleração no primeiro semestre de 2008.

Constata-se também a elevação da Folha de Pagamentos Real, em especial a partir do final de 2006. No último trimestre de 2007, a taxa de crescimento atingiu 6,5%, mantendo-se nesse patamar no primeiro semestre de 2008.

Gráfico 1.5 – Taxa de Crescimento da Folha de Pagamentos Real da Indústria (Em %)

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da PIMES/IBGE

1. Caracterização geral

(26)

26

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTE)1, foram geradas aproximadamente 392 mil vagas na

indústria no ano passado (378 mil na indústria de transformação e 14 mil na indústria extrativa) (Tabela 1.3). Isto significou um aumento de 54,8% na criação de emprego formal na indústria geral e de 60,2% na indústria de transformação com relação ao ano de 2006, enquanto a indústria extrativa sofreu redução do número de vagas criadas (-17,6%).

Os setores que tiveram maior participação na geração de novas vagas na indústria no ano de 2007 foram: alimentos (14%), apesar de ter sofrido redução na participação no número total de vagas criadas com relação ao ano anterior; máquinas e equipamentos e veículos automotores (11% cada um); produtos de metal (10%); enquanto o setor de vestuário manteve praticamente a mesma participação no último biênio (cerca de 9%). Cabe lembrar que os setores de máquinas e equipamentos e de veículos também lideraram o crescimento da produção industrial e atingiram grande participação em sua composição, o que parece ter se refletido em seu desempenho positivo na criação de emprego formal no mesmo período. Segundo dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS/MTE), estes setores também são relevantes em termos de participação no estoque de empregados, sendo apenas superados pelos setores de alimentos e vestuário, tradicionalmente grandes empregadores.

Os únicos setores industriais que contribuíram negativamente para a criação de vagas no ano de 2007, acompanhando uma queda na produção física, foram: fumo (-4.279 vagas) e madeira (-2.353 vagas), acentuando um encolhimento do emprego nesses setores já percebido no ano anterior. O setor de calçados, apesar de ter reduzido sua produção, conseguiu ampliar a criação de vagas, que representou, contudo, apenas 2% do saldo positivo em 2007.

(27)

Por sua vez, a criação de vagas se manteve no primeiro semestre de 2008, atingindo o patamar de 321 mil vagas na indústria geral, sendo 311 mil na indústria de transformação e 10 mil na indústria extrativa (Tabela 3). Houve aumento de 7,9% na criação de emprego formal pela indústria geral com relação ao primeiro semestre do ano anterior (8,1% na indústria de transformação e 4,3% na indústria extrativa).

Mesmo considerando a redução no ritmo de crescimento de geração de novas vagas formais, é interessante observar que apenas no primeiro semestre, fora geradas o equivalente a à quase 83% da geração de novas vagas em todo o ano de 2007.

1.2 Evolução do comércio exterior

antes da crise mundial

A análise de dados do comércio externo brasileiro ao longo dos últimos anos mostra a tendência de elevação do superávit comercial acumulado em 12 meses desde outubro de 2002 até maio de 2007. Ou seja, até meados de 2007 o longo período de expansão da economia mundial traduziu-se em um aumento expressivo do superávit comercial, fato

Tabela 1.3 – Evolução da Criação de Emprego Formal na Indústria 2006 - 1º Semestre de 2008 – Em mil pessoas

Período Indústria Geral Indústria Extrativa TransformaçãoIndústria de

2006 253 17 236

2007 392 14 378

1o sem. 2007 297 9 288

1o sem. 2008 321 10 311

var. 2007/2006 (%) 54,9 -17,6 60,2

var. 1o. Sem. 2008/ 1o. Sem. 2007 (%) 7,9 4,3 8,1

Fonte: Elaboração própria NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados do CAGED/MTE.

1. Caracterização geral

(28)

28

que contribui bastante para reduzir o grau de vulnerabilidade externa da economia brasileira.

No entanto, no segundo semestre do ano passado, iniciou-se um processo de deterioração do saldo comercial. Este comportamento é explicado principalmente pela aceleração do crescimento dos valores importados em um ambiente de crescimento econômico e de valorização da moeda nacional, contribuindo para uma gradativa aproximação entre importações e exportações (Gráfico 1.6). Esse movimento teve continuidade no primeiro semestre de 2008. Segundo dados da FUNCEX, o saldo comercial positivo do primeiro semestre do ano corrente (US$ 11,3 bilhões) foi 45% menor do que o do mesmo período do ano passado (US$ 20,6 bilhões).

Gráfico 1.6 – Evolução do Comércio Externo Brasileiro (valor acumulado nos últimos 12 meses – jan./2002 a jul./2008) (Em US$ bilhões)

(29)

O comportamento das importações contribuiu de forma significativa para a redução do saldo comercial. Como pode ser observado pelo Gráfico 1.7, a diferença entre o crescimento das exportações e das importações tem aumentado desde 2006.

Além disso, a elevação das exportações dependeu em grande medida do aumento dos preços exportados, uma vez que o quantum das exportações apresentou crescimento modesto e até negativo, considerando o período de janeiro a julho de 2008. Nesse último período, o preço das exportações teve um crescimento acentuado, garantindo o crescimento do valor exportado em relação ao mesmo período de 2007.

Por outro lado, o crescimento das importações esteve mais associado ao crescimento das quantidades importadas em 2006 e 2007. No período

Gráfico 1.7 – Taxa de Crescimento das Exportações e Importações: valor, preço e quantum (em relação ao mesmo período do ano anterior – 2007 e 1o sem./2008) – Em%

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da FUNCEX

1. Caracterização geral

(30)

30

de janeiro a julho de 2008, além do crescimento das quantidades, os preços também tiveram um impacto importante, resultando em um crescimento de mais de 50% em relação ao mesmo período de 2007. Uma análise desagregada por categorias de uso e por setores mostra com mais clareza as principais contribuições ao movimento de elevação das importações e de redução das quantidades exportadas.

Considerando as exportações, é possível observar que a única categoria de uso que apresentou desempenho positivo em termos de quantidade tanto em 2007 quanto no período janeiro a julho de 2008, foi a dos bens de capital. As demais categorias experimentaram reversão na tendência, passando de uma variação de quantum positiva em 2007 para uma variação negativa no período janeiro-julho de 2008, caso dos bens intermediários, bens não duráveis e combustíveis, ou um aumento na tendência de queda, como nos bens duráveis. Ou seja, com exceção dos bens de capital, em todas as outras categorias, o aumento do valor exportado na primeira metade de 2008 dependeu da variação de preços. Em especial as categorias de combustíveis, bens intermediários e bens de consumo não-duráveis tiveram uma elevação fortemente baseada na expansão de preços no mercado internacional.

Tabela 1.4 – Exportações por Categoria de Uso, 1º semestre de 2008 Indicadores selecionados

2007 Jan/jul/2008

Categoria de uso Contr� ao Var� Valor Var� Preço

Var�

Quantum Contr� ao Var� Valor Var� Preço

Var� Quantum Cresc� (%) (%) (%) (%) Cresc� (%) (%) (%) Bens de Capital 13,7 19,1 4,8 13,7 9,4 22,6 12,0 9,4 Bens Intermediários 54,5 15,6 12,1 3,2 55,0 24,6 25,4 -0,6 B. C.. Duráveis 0,9 2,8 6,3 -3,3 1,0 5,6 12,0 -5,7 B. C. Não-Duráveis 19,7 20,1 11,2 8,0 17,2 27,7 29,5 -1,4 Combustíveis 11,2 20,9 9,2 10,7 16,8 49,9 66,9 -10,2

(31)

Vale notar ainda, que em termos de contribuição ao crescimento, os bens intermediários responderam pela maior parte do aumento das exportações, tanto em 2007 quanto em 2008, em razão da elevada participação de insumos básicos dentro dessa categoria. Por sua vez a contribuição do setor de não duráveis esteve associada ao peso dos alimentos dentro dessa categoria, que também passaram por um ciclo de alta de preços no período observado.

Observando os setores de atividade que mais contribuíram para o crescimento das exportações no primeiro semestre de 2008, é possível confirmar a influência da alta das commodities agrícolas e dos alimentos em primeiro lugar, mas também do petróleo e das

commodities metálicas no desempenho exportador recente brasileiro.

Considerando os oito setores que mais contribuíram para o crescimento das exportações no semestre (responsáveis por cerca de 70% do valor e por 80% do crescimento observado), os seis primeiros foram setores fortemente influenciados pelo ciclo de alta de preços no mercado internacional. (Tabela 1.5).

Tabela 1.5 – Exportações dos principais setores de atividade, 1º semestre de 2008 Indicadores Selecionados

Setores Valor (US$ milhões) Part� Rel� (%) Contr� ao Cresc� (%) Var�

Preços (%) Var� Quantum (%)

Agricultura e pecuária 10.074 11,1 18,8 39,0 5,2

Produtos alimentícios e bebidas 15.391 17,0 18,0 28,0 -2,0

Extração de petróleo 5.478 6,0 11,4 80,4 -18,9

Extração de minerais metálicos 7.127 7,9 10,1 17,5 11,5

Metalurgia básica 9.665 10,7 5,7 20,5 -7,4

Refino de petróleo e combustíveis 3.586 4,0 5,6 40,9 -1,6

Veículos automotores 7.489 8,3 5,3 12,1 1,3

Outros equipamentos de transporte 3.680 4,1 5,0 9,0 20,1

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da FUNCEX

1. Caracterização geral

(32)

32

Esse fato era preocupante na época, uma vez que o ciclo de preços internacionais vinha mostrando sinais de reversão, tanto em razão da retração na economia mundial quanto em função da desmontagem de posições especulativas nas bolsas de mercadorias mundiais. Dado que a perspectiva é de que a desaceleração na economia mundial em 2009 seja bastante acentuada, é possível prever um cenário de maior dificuldade para a expansão das exportações tanto em termos de quantidade quanto em termos de preços.

No caso das importações, as variações de preços nos bens intermediários, bens não duráveis e nos combustíveis também foram importantes. Entretanto, como o país não é um grande importador de alimentos, a variação nos preços das importações de bens de consumo não-duráveis foi muito menor do que a observada nas exportações. Por outro lado, embora todos os segmentos tenham experimentado aumento nas quantidades importadas, o crescimento foi muito mais significativo nos bens de consumo duráveis e nos bens de capital, justamente as categorias que apresentaram maior aumento da demanda e da produção interna. No caso dos bens de capital, a quantidade importada apresentou crescimento de 32% em 2007 e de 38,9% no período janeiro-julho de 2008. Já os setores de bens duráveis tiveram aumento de 50,6% em 2007 e 69,2% de janeiro a julho de 2008.

No caso dos bens de consumo duráveis, embora o crescimento das importações tenha sido expressivo, a participação relativa e a contribuição à variação ainda são pouco importantes dentro do total importado. No caso dos bens de capital, o aumento as importações foi mais expressivo, mas esteve obviamente associado ao movimento de expansão dos investimentos. Em termos de contribuição ao crescimento das importações, as categorias bens intermediários e combustíveis foram as mais relevantes. Dentro da categoria bens intermediários, entretanto, o peso dos setores é diferente da observada nas exportações.

(33)

Observando os setores que mais contribuíram para o aumento das importações no primeiro semestre de 2008, é possível verificar que os três principais setores de acordo com esse critério tiveram um impacto importante em termos de preços, em especial em razão dos efeitos sobre a cadeia de petróleo e petroquímica. Já os demais setores, embora tenham tido variação de preços positiva, experimentaram crescimento principalmente em razão do aumento das quantidades importadas. São setores que envolvem bens de capital e insumos e componentes, e que, portanto, tiveram aumento no quantum importado principalmente em decorrência do aumento da demanda interna, em um contexto de câmbio valorizado.

Tabela 1.6 – Importações por Categoria de Uso, 1º semestre de 2008 Indicadores Selecionados

Categoria de uso 2007 Jan/jul/2008 Contr� ao Cresc� (%) Var� Valor (%) Var� Preço (%) Var� Quantum (%) Contr� ao Cresc� (%) ValorVar�

Var� Preço (%) Var� Quantum (%) Bens de Capital 15,2 35,9 2,9 32,1 13,9 52,3 9,6 38,9 Bens Intermediários 55,3 29,8 8,5 19,6 54,1 47,1 19,8 22,8 B. C. Duráveis 5,8 51,1 0,4 50,6 5,5 77,4 4,8 69,2 B. C. Não-Duráveis 6,5 31,0 14,9 14,1 3,3 25,1 11,8 11,9 Combustíveis 17,3 33,1 11,0 19,9 22,4 70,6 60,9 6,0

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da FUNCEX

Tabela 1.7 – Importações dos principais setores de atividade, primeiro semestre de 2008 – Indicadores Selecionados

Setores (US$ milhões)Valor Part� Rel� (%) Contr� ao

Cresc� (%) Var� Preços (%) Var� Quantum (%) Produtos químicos 15.307 19,3 19,1 29,6 15,1 Extração de petróleo 9.469 11,9 14,9 60,9 4,7

Refino de petróleo e combustíveis 6.000 7,6 10,8 52,6 25,6

Máquinas e equipamentos 8.040 10,1 9,7 9,4 35,1

Veículos automotores 6.401 8,1 9,3 8,6 49,9

Material eletrônico e de comunicações 6.138 7,7 6,9 10,8 26,1

Metalurgia básica 3.820 4,8 4,3 12,9 26,3

Máquinas, aparelhos e materiais

elétricos 2.895 3,6 3,2 9,3 30,9

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados da FUNCEX

1. Caracterização geral

(34)

34

Observa-se assim, um cenário em que a redução de preços das commodities deve ter um impacto importante sobre o valor das exportações e um impacto menos significativo sobre o valor das importações. Estas últimas, por sua vez, podem sofrer alguma redução no ritmo de crescimento como resposta tanto da redução no ritmo de crescimento da produção industrial quanto pela perspectiva de revalorização do dólar.

É importante destacar ainda, que o cenário internacional em 2009 deve revelar também um acirramento nas condições de concorrência interna-cional de produtos manufaturados. Como se sabe a emergência da China como grande exportadora de manufaturados nos últimos anos, teve como contrapartida o aumento da penetração das importações nos países desen-volvidos, em especial nos Estados Unidos. A retração desses mercados deve aumentar a agressividade dos exportadores chineses em outros mercados. No caso brasileiro, além da maior pressão no mercado interno, isso pode significar maior dificuldade nos principais destinos de produtos manufatu-rados, em especial na América do Sul, mercado aliás que exerceu forte influ-ência no aumento das exportações de manufaturados nos últimos anos. Como pode ser observado na Tabela 1.8, tanto o Market-Share do Bra-sil quanto da China tiveram crescimento expressivo entre 2000 e 2006, tanto na Associação Latino Americana de Integração (Aladi) quanto no Mercado Comum do Sul (Mercosul). No caso da Aladi, porém, a China já possui uma participação mais relevante do que do Brasil, en-quanto no Mercosul, a posição brasileira ainda é bastante superior, a despeito do vigoroso crescimento da China.

Tabela 1.8 – Market-Share de Brasil e China nas Importações de Manufaturados da Aladi e Mercosul (Em %)

Região Brasil China

2000 2003 2006 2000 2003 2006

Aladi 6,8 8,9 10,4 4,3 7,7 11,2

Mercosul 24,9 32,5 32,5 5,8 7,1 13,2

(35)

Analisando setorialmente, é possível verificar que para a China, a elevação do market-share entre 2000 e 2006 foi a regra para todos os setores analisados. Ou seja, a China aumentou sua participação nas importações dos países do Mercosul em todos os setores, o que confirma a generalização do aumento das exportações chinesas. No caso do Brasil, embora a maior parte dos setores tenha apresentado aumento, o market-share reduziu-se em 5 setores (Couro e Calçados, Madeira e Móveis, Produtos de Metal, Eletrônica e Telecomunicações e Equip. de Instrumentação Científica). Em todos esses setores, mas em especial, nos setores de Couro e Calçados e Eletrônica e Telecomunicações, a penetração chinesa foi bastante acentuada, como pode ser observado nos Gráficos 1.8 e 1.9. Nesses setores, pode-se inferir que grande parte dessa perda de market-share se deve à competição chinesa. Além disso, vale lembrar que nesses setores os chineses são líderes mundiais nas exportações.

No caso dos calçados, enquanto em 2000, a participação chinesa era de 25,2% e a do Brasil de 41,5%, em 2006, o maket-share chinês aumentou para 32,8%, ao passo que a do Brasil reduziu-se para 38,4%. No caso dos produtos eletrônicos e de telecomunicações, a participação brasileira sofreu uma ligeira redução, de 20% para 19,2%, enquanto a participação chinesa aumentou de 9% para 34,9%. Vale observar ainda que enquanto nos calçados a participação no total exportado pelo Brasil para esses mercados representou apenas 1,6% do total dos manufaturados, no caso dos produtos eletrônicos representou 8,7%.

Entre outros setores importantes para o Brasil, como o automotivo, químico e de máquinas e equipamentos, também deve-se destacar o aumento da participação chinesa. Porém nesse caso, a participação brasileira ainda é bastante superior, em especial no complexo automotivo, onde a participação brasileira atingiu cerca de 57% do total em 2006.

1. Caracterização geral

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36

Observa-se, assim, que o esquema de preferência tarifária estabelecida pelo Mercosul tem mantido uma participação relevante do Brasil nas importações dos países da região. A maior penetração chinesa tem ocorrido em vários setores, mas ela é mais significativa em especial em setores onde a China vêm exercendo clara liderança mundial, como nos setores eletrônicos e de calçados.

Gráfico 1.8 – Market-Share de Brasil e China nas importações de produtos manufaturados do Mercosul por setor industrial, 2000

(37)

No caso da Aladi, o aumento da participação chinesa ocorreu de maneira mais intensa, resultando em uma situação menos favorável ao Brasil do que a verificada nos mercados do Mercosul. Vale destacar que em setores tradicionais e intensivos em mão de obra, como Couro e Calçados, Madeira e Móveis e Têxtil e Vestuário, a China já possuía uma inserção importante em 2000. Essa inserção se acentuou bastante no período e em 2006, a China respondia por 51,8% das importações de produtos de Couro e Calçados, 18,% de Madeira e Móveis e 34,7% das importações de Têxteis e Vestuário. A participação do Brasil, nesses setores, por sua vez, teve ligeiro aumento em Couro e Calçados (8,4% para 8,7%), um aumento expressivo em Madeira e Móveis (6,0% para 12,5%) e uma redução no setor têxtil e de Vestuário (5,7% para 5,2%).

Gráfico 1.9 – Market-Share de Brasil e China nas importações de produtos manufaturados do Mercosul por setor industrial, 2006 (Em %)

Fonte: Elaboração NEIT-IE-UNICAMP a partir de dados do Comtrade

1. Caracterização geral

(38)

38

Em outros setores, porém, onde a participação brasileira era maior no começo do período, o ritmo mais acelerado da expansão chinesa acabou por tornar o market-share da China mais elevado do que o do Brasil em 2006. Isso ocorreu nos setores de Produtos de minerais não-metálicos, Produtos de Metal, Eletrônica e Equipamentos de Telecomunicações, Equipamentos Elétricos e Produtos Ópticos e de Instrumentação Científica (Gráficos 1.10 e 1.11).

Deve-se destacar ainda, que em setores importantes na pauta brasileira de exportações para a região, como metalurgia e química, apesar da participação brasileira ainda ser superior ao da China, a taxa de crescimento chinesa foi bastante superior e a distância relativa reduziu-se bastante. Novamente, no caso do setor automotivo, que representou em 2006 20% do total exportado para a região, a ameaça chinesa parece ser menos intensa, na medida em que a participação chinesa era de apenas 3,5% em 2006.

Gráfico 1.10 – Market-Share de Brasil e China nas importações de produtos manufaturados da Aladi por setor industrial, 2000 e 2006 (Em %)

(39)

Portanto, os dados analisados indicam que a concorrência com produtos manufaturados chineses nos países da América do Sul que já vem se intensificando desde 2000, deve se tornar ainda mais forte em decorrência da retração dos mercados dos países desenvolvidos, fato que torna o desafio da indústria para os próximos períodos ainda maior.

Gráfico 1.11 – Market-Share de Brasil e China nas importações de produtos manufaturados da Aladi por setor industrial, 2000 e 2006 (Em %)

Fonte: Elaboração NEIT-IE-UNICAMP a partir de dados do Comtrade

NOTAS

1 Ao contrário da PIMES/IBGE com cobertura amostral, incluindo empresas com 5 funcionários ou mais, o CAGED/MTE apresenta

os resultados de todas as empresas que realizaram contratação/demissão de empregados formais no período pesquisado, tendo, portanto, cobertura censitária. Em setores onde predominam pequenas e médias empresas, é possível encontrar tendências divergentes nas duas fontes de dados utilizadas.

1. Caracterização geral

(40)

2. Desafios para a

indústria brasileira face

(41)

2. Desafios para a indústria brasileira face

a atual crise mundial

2.1 Reflexos da crise internacional

sobre o desempenho da indústria

brasileira no final de 2008

O agravamento da crise internacional e a entrada em sua fase mais aguda, a partir de setembro de 2008, tiveram um impacto bastante forte sobre a economia e a indústria brasileira. Em um primeiro momento, o mecanismo de transmissão principal da crise internacional para a economia doméstica foi a interrupção dos fluxos de crédito, dificultando as operações normais de rolagem de dívida e obtenção de capital de giro. Ao mesmo tempo, a percepção de que a crise internacional iria se aprofundar e se prolongar provocou um movimento extremamente rápido de reversão de expectativas, fato que se traduziu em estratégias de redução acentuada da atividade produtiva de maneira a evitar a formação de estoques indesejados. Como será analisado, o ajuste implementado pelo setor produtivo passou também pela redução nos custos de mão de obra e aumento de demissões, reforçando o cenário negativo. Finalmente, o último vetor de transmissão foi a queda acentuada nos preços e na quantidade demandada no mercado externo.

O ritmo de crescimento da economia brasileira sofreu evidente desaceleração no último trimestre de 2008. Considerando o crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior, a taxa caiu de 6,8% no terceiro trimestre para 1,3% no último trimestre de 2008. Por sua vez, a variação em relação ao trimestre imediatamente anterior passou de um crescimento de 1,8% no terceiro trimestre para uma queda de 3,6% no último trimestre do ano passado, a maior redução trimestral da série de dados iniciada em 1996 (Tabela 2.1).

Do ponto de vista das atividades econômicas, chama atenção o desempenho negativo da indústria, em especial da indústria de

(42)

42

transformação. De fato, considerando a variação em relação ao mesmo período do ano anterior, foi o desempenho negativo da indústria de transformação (-4,9%) que levou à queda na taxa de crescimento da indústria como um todo (-2,1%). Em relação ao trimestre anterior, a queda na indústria foi de 7,4%, desempenho bastante inferior ao das demais atividades da economia.

Considerando os componentes da demanda, deve-se destacar a perda de dinamismo da demanda interna, que havia sustentado o ciclo de expansão, drasticamente interrompido a partir do último trimestre de 2008. Isso pode ser observado pela desaceleração do crescimento das despesas de consumo das famílias, da formação bruta de capital fixo e das importações de bens e serviços no último trimestre de 2008 na comparação com o mesmo período de 2007 (Tabela 1). A deterioração da demanda interna torna-se mais evidente ao se observar a redução dos componentes da demanda no quarto trimestre do ano passado com relação ao trimestre imediatamente anterior: despesas de consumo das famílias (-2,0%), formação bruta de capital fixo (-9,8%) e importações de bens e serviços (-8,2%). O consumo do governo, que havia assumido um papel menos significativo no ciclo de expansão anterior, apresentou uma taxa mais vigorosa no quarto trimestre do ano passado com relação a igual trimestre do ano anterior (de 5,5%). Mesmo assim, o consumo do governo apresentou tímido crescimento na comparação do último trimestre com o imediatamente anterior (0,5%).

No que se refere à demanda externa, representada pelo comportamento das exportações, observa-se que passou a atuar de forma negativa sobre o crescimento econômico no final do ano passado (-7,0%). Também na comparação com o terceiro trimestre, houve redução das exportações no último trimestre de 2008 (-2,9).

(43)

Outro aspecto importante do arrefecimento do desempenho da economia brasileira no último trimestre do ano passado foi a desaceleração do vigoroso crescimento da taxa de investimento. Essa taxa, que havia atingido 20,4% no terceiro trimestre de 2008, o maior patamar desde o ano 2000, sofreu redução para 18,5% no último trimestre do ano (Gráfico 2.1). Destaca-se, portanto, a preocupante desaceleração do crescimento da taxa de investimento no final do ano passado, refletindo-se sobre a deterioração do desempenho da economia brasileira. Mesmo assim, observa-se a manutenção de uma trajetória de crescimento da taxa de investimento média anual ao

Tabela 2.1 – Taxa de Variação do PIB por Atividades e por Componentes da Demanda (III/2008 e IV/2008) (Em %)

Taxa trimestral contra mesmo trimestre do ano anterior

Taxa trimestral contra trimestre imediatamente anterior(*)

III/2008 IV/2008 III/2008 IV/2008

Agropecuária 6,4 2,2 1,3 (0,5) Indústria 7,1 (2,1) 3,6 (7,4) Extrativa Mineral 7,8 0,2 - -Transformação 5,9 (4,9) - -Construção Civil 11,7 2,1 - -Eletricidade, gás e água 5,7 3,2 - -Serviços 5,9 2,5 0,8 (0,4)

PIB a preço básico 6,3 1,0 1,5 (2,7)

PIB a preços de mercado 6,8 1,3 1,8 (3,6)

Despesa de consumo das famílias 7,3 2,2 2,7 (2,0)

Despesa de consumo da administração pública 6,4 5,5 0,6 0,5

Formação bruta de capital fixo 19,7 3,8 3,8 (9,8)

Exportação de bens e serviços 2,0 (7,0) 6,1 (2,9)

Importação de bens e serviços (-) 22,8 7,6 5,5 (8,2)

(*) Com ajuste sazonal.

Nota: Os dados incorporam a revisão dos números anteriormente divulgados pelo IBGE, que foram recalculados com base nas mudanças de ponderação realizadas pela instituição. Por esse motivo, existem diferenças com relação aos dados contidos nos boletins de conjuntura industrial anteriores.

Fonte: Sistema de Contas Nacionais (SCN)/IBGE.

2. Desafios para a indústria brasileira face

(44)

44

longo dos últimos anos, que deve servir de fundamento e de estímulo para um significativo reforço da promoção dos investimentos ao longo dos próximos anos.

Os dados de produção física da Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF/IBGE) confirmam a drástica mudança nos indicadores de desempenho. Comparando os resultados do quarto trimestre de 2008 com os do mesmo período de 2007, observam-se quedas generalizadas da produção física da indústria geral e da indústria de transformação (-6,3%) e da indústria extrativa (-6,5%), revertendo o desempenho altamente positivo observado nos trimestres anteriores. Ainda assim, as taxas de crescimento acumulado no ano de 2008 atingiram 3,1% para a indústria geral e para a indústria de transformação e 3,8% para a indústria extrativa, patamares equivalentes à quase metade do que

Gráfico 2.1 – Evolução da Taxa de Investimento (I/2004 a IV/2008)

(45)

havia sido observado no acumulado de 12 meses terminados nos primeiros trimestres do ano (Tabela 2.2).

Os dados de produção industrial, organizados por categoria de uso mostram que os bens de consumo duráveis amargaram uma queda substancial de sua produção no último trimestre do ano (-19,4%), certamente a maior dentre aquelas observadas para as demais categorias de uso. Vale destacar que essa categoria vinha apresentando um desempenho positivo de sua produção física em 2008, estimulada pela significativa expansão do crédito e da produção automotiva, como ressaltado na primeira seção deste artigo. A comparação com os dados de produção física do trimestre imediatamente anterior (considerando-se o ajuste sazonal) revela uma redução ainda maior (-25,1%).

A categoria de bens de capital, que vinha liderando o crescimento industrial nos primeiros trimestres de 2008, apresentou crescimento de apenas 2,5% no quarto trimestre de 2008 em relação ao mesmo período do ano anterior, contrastando com a vigorosa elevação observada nos trimestres anteriores (Gráfico 2.2). Mesmo assim, os bens de capital formaram a única categoria de uso que apresentou um comportamento positivo em termos de produção física no último

Tabela 2.2 – Taxa de Crescimento da Produção Industrial (IV/2007 a IV/2008) (Em %)

Atividades IV2007 I2008 II2008 III2008 IV2008

Taxa de crescimento trimestral em relação ao mesmo trimestre do ano anterior

Indústria Geral 7,9 6,4 6,2 6,7 -6,3

Indústria Extrativa 6,1 6,8 6,3 8,9 -6,5

Indústria de Transformação 8,0 6,4 6,2 6,6 -6,3

Taxa de crescimento acumulada ao longo dos últimos 4 trimestres

Indústria Geral 6,0 6,6 6,7 6,8 3,1

Indústria Extrativa 5,9 6,2 6,3 7,0 3,8

Indústria de Transformação 6,0 6,7 6,7 6,8 3,1

Fonte: Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF)/IBGE

2. Desafios para a indústria brasileira face

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46

trimestre do ano passado. Considerando-se o crescimento da produção no acumulado do ano de 2008, revela-se um patamar ainda elevado para os bens de capital (14,3%), porém inferior às taxas de crescimento acumuladas em 12 meses terminados nos primeiros trimestres de 2008 (mantidas em torno de 20,0%).

Os bens intermediários também seguiram a tendência de redução da produção no último trimestre do ano passado (-9,2%), revertendo o desempenho positivo apresentado nos trimestres anteriores. Nesse caso, a redução da demanda externa com certeza teve um peso importante sobre alguns segmentos com elevada orientação exportadora. Quanto aos bens de consumo semiduráveis e não-duráveis, que vinham apresentando uma trajetória de crescimento suave ao longo do ano passado, também se observou uma queda, ainda que de forma mais tímida (-1,2%).

Gráfico 2.2 – Evolução da Produção Industrial por Categorias de Uso (taxa de crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior – IV/2007 a IV/2008)

(47)

A observação dos dados de produção por atividade industrial permite destacar a desaceleração do crescimento de diversos setores relacionados a bens de capital ou a bens de consumo durável no acumulado do ano passado, especialmente provocada pela queda da produção localizada no último trimestre de 2008. Alguns dos setores que estavam sustentando as significativas taxas de crescimento acumulado da produção industrial nos primeiros trimestres de 2008 sofreram com a redução de sua produção no último trimestre do ano comparada ao trimestre imediatamente anterior (levando-se em conta o ajuste sazonal), como os veículos automotores (-26,2%); material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-21,1%); máquinas e equipamentos (-13,3%); e máquinas para escritório e equipamentos de informática (-13,1%). Cumpre destacar que os setores citados são altamente dependentes da sustentação do movimento de expansão do crédito. Portanto, a suspensão do crédito decorrente da crise mundial acabou afetando-os de forma mais contundente. Além disso, é importante lembrar que esses setores também utilizam uma parcela importante de insumos importados, o que dificulta a tomada de decisões sobre o nível de produção e de reposição de estoques em uma situação de incerteza sobre a demanda futura e sobre o nível da taxa de câmbio.

Os únicos setores anteriormente líderes que ampliaram as taxas de crescimento no acumulado de 2008 foram: outros equipamentos de transporte (42,2%), puxados pelo extraordinário desempenho da construção e montagem de aeronaves (58,2%) e de vagões ferroviários (54,7%), e farmacêutica (12,7%). Os equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros praticamente mantiveram sua trajetória de crescimento (16%).

A análise do comportamento recente da produção industrial revela, portanto, um rápido e forte ajuste negativo nas expectativas do sistema empresarial, motivado inicialmente pela escassez de crédito,

2. Desafios para a indústria brasileira face

(48)

48

o que resultou em queda drástica e generalizada da produção física da indústria. Esse efeito foi amplificado pelo ajuste desproporcional ocorrido nos níveis de emprego.

O movimento de criação de vagas na indústria brasileira nos primeiros trimestres de 2008, foi drasticamente interrompido no último trimestre do ano, quando houve significativa perda de emprego formal: redução de 344,7 mil vagas na indústria de transformação e de 3,6 mil na indústria extrativa, levando a uma perda total de 348,3 mil vagas na indústria brasileira. A redução do emprego formal na indústria brasileira no último trimestre do ano passado (2008) foi aproximadamente 4 vezes maior do que aquela observada no mesmo período do ano anterior (2007). Como resultado, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTE) mostram que a criação de emprego formal pela indústria brasileira em todo o ano de 2008 foi significativamente inferior àquela observada no ano anterior, o que decorreu do superior e generalizado movimento de desligamento de trabalhadores com relação ao de admissão localizado no último trimestre do ano passado. Foram criadas aproximadamente 166,2 mil vagas na indústria brasileira em 2008, o que significou uma redução de 57% em relação ao ano de 2007 (Tabela 2.3).

A generalização da perda de vagas na indústria no último trimestre de 2008 confirma-se com a observação do comportamento do saldo da admissão e do desligamento de trabalhadores formais para os distintos

Tabela 2.3 – Evolução da Admissão, do Desligamento e da Criação de Emprego Formal na Indústria (2007-2008) (Em mil pessoas)

IV

2007 Ano 2007 I2008 II2008 III2008 IV2008 Ano2008 Variação 2008/2007(%)

Admissão 641,8 3.027,8 894,4 924,8 964,7 598,1 3.382,0 11,7

Desligamento 728,3 2.641,2 741,4 757,1 770,9 946,4 3.215,7 21,8

Criação Líquida de Vagas (86,5) 386,6 153,1 167,7 193,9 (348,3) 166,3 (57,0)

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setores industriais. Todos eles apresentaram perda de vagas no último trimestre do ano, com a única exceção do setor de bebidas. Os setores industriais que lideraram a composição da perda do emprego formal no quarto trimestre de 2008 foram: alimentos (25,2%); calçados e artigos de couro (14%); refino de petróleo e álcool (10,2%); veículos automotores (7,1%); artigos de borracha e plástico (5,8%); vestuário e acessórios (5,4%) e máquinas e equipamentos (5,2%) (Gráfico 2.3). Setores que mantêm um peso tradicionalmente elevado no estoque de emprego e dependentes da evolução da renda, como alimentos e vestuário, foram responsáveis conjuntamente por quase 30% da perda de vagas no quarto trimestre de 2008. Cumpre lembrar que alguns dos setores citados haviam liderado o crescimento da produção industrial e do emprego formal nos trimestres anteriores, como o setor de máquinas e equipamentos e o de veículos automotores, o que revela uma clara reversão do comportamento virtuoso até então apresentado pelos setores citados.

Gráfico 2.3 – Composição da Perda do Emprego Formal por Setores Industriais (4o trimestre de 2008) – (Em%)

Fonte: Elaboração própria NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados do CAGED/MTE.

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Com base nos dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS/ MTE), pode-se afirmar que, na média, os setores industriais perderam, somente no quarto trimestre de 2008, por volta de 5% do estoque de empregados formais existente em dezembro de 2007. Para alguns setores, a perda de emprego formal no último trimestre de 2008 foi ainda mais significativa quando comparada ao estoque de dezembro de 2007: refino de petróleo e álcool (-26,8%); calçados e artigos de couro (-12,2%); alimentos (-6,8%) e veículos automotores (-6,0%). Outros setores podem não ter se destacado na composição da perda de vagas no último trimestre do ano passado, mas perderam parcela importante de seu estoque de empregados formais, como o setor de máquinas para escritório e equipamentos de informática (-11,5%) e de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações (-8,6%). Outro aspecto preocupante da movimentação recente no mercado de tra-balho formal da indústria é sua possível contribuição para o prolongamento dos efeitos da crise por meio da redução da massa salarial. A perda líquida de massa salarial da indústria brasileira atingiu R$ 337,2 milhões no último tri-mestre de 2008. Esse resultado foi conseqüência tanto da redução da massa dos admitidos, quanto do aumento da massa salarial dos desligados. Com-parando com o mesmo período de 2007, a massa salarial dos admitidos se reduziu em 2,2% enquanto a massa dos desligados aumentou 38,8% (Tabe-la 2.4). O resultado no último trimestre do ano acabou por tornar negativo o resultado acumulado de todo o ano de 2008 (queda de R$ 155 milhões).

Tabela 2.4 – Evolução da Massa de Salários da Indústria – admissão e desligamento (IV/2007 e IV/2008) (Em R$ milhões)

Massa Salarial de Admissão Massa Salarial de Desligamento Variação da Massa de Salário (%) IV

2007 2008IV Variação (%) 2007IV 2008IV Variação (%) 2007 2008

Indústria Geral 480,3 469,9 (2,2) 581,5 807,2 38,8 25,1 (155,7)

Indústria Extrativa 13,8 15,5 12,3 11,5 21,7 88,7 13,7 9,5

Indústria de Transformação 466,5 454,4 (2,6) 570,0 785,5 37,8 11,4 (165,2) Nota: Valores deflacionados pelo IPCA – a preços de dezembro de 2008.

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Considerando os dados do comércio exterior brasileiro para o quarto trimestre de 2008, observa-se um saldo positivo de aproximadamente US$ 5 bilhões (FUNCEX). Contudo, houve forte redução (-38,6%) na comparação com o saldo positivo do trimestre imediatamente anterior. Verificou-se queda das exportações (-22,1%), para o patamar de US$ 47 bilhões, e das importações (-19,5%), para o patamar de US$ 42 bilhões, no quarto trimestre compara-do ao terceiro trimestre de 2008 (Gráfico 2.4). É possível constatar que a re-dução nos valores importados e exportados foi resultado da combinação das quedas de preço e de quantum, embora a redução do quantum tenha tido maior importância tanto para as exportações quanto para as importações. A comparação do último trimestre do ano passado com o mesmo período do ano anterior também mostra queda acentuada do superávit comer-cial (-43,7%). Neste caso, a queda resultou do aumento de 20,1% das importações brasileiras na comparação dos dois períodos. Por sua vez, as exportações brasileiras apresentaram uma pequena elevação de 6,9% no último trimestre de 2008 em relação ao mesmo período de 2007. O au-mento dos preços dos produtos exportados (17,2%) foi o único responsá-vel pelo movimento ascendente das exportações, levando-se em conta a forte redução das quantidades exportadas (-8,7%) no período analisado.

Gráfico 2.4 – Taxa de Variação das Exportações e das Importações: valor, preço e quantum (IV-2008/III-2008) (Em %)

Fonte: elaboração NEIT/Unicamp a partir de dados da FUNCEX

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Portanto, a eclosão da crise mundial se traduziu na queda da produção industrial, do pessoal ocupado assalariado e na perda líquida da massa salarial industrial, bem como em redução do superávit comercial brasileiro no último trimestre de 2008.

Finalmente, vale analisar de maneira breve os últimos dados disponíveis sobre a evolução da indústria. Os dados divulgados pelo IBGE apontam que a atividade industrial continuou refletindo os efeitos da crise, embora também seja possível verificar que a tendência de redução na atividade industrial tem mostrado sinais de reversão.

Observando os dados de crescimento em relação ao mês anterior, é possível observar que o total da indústria vem apresentando números positivos desde janeiro de 2009. No entanto, na comparação com o mesmo período do ano anterior, as taxas mostram que a produção no ano corrente ainda continua em nível bastante inferior em relação a 2008.

Considerando o último mês disponível (abril/09), observa-se uma produção 14,8% menor do que de abril/08. Em janeiro de 2009, esse indicador apontava uma produção 17,5% menor do que no ano anterior.

Tabela 2.5. Variação da Produção Física por Categoria de Uso (Em %)

Categoria de Uso Variação em relação ao mês anterior

out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09

Indústria geral (1,4) (7,1) (12,7) 2,1 1,9 0,7 1,1

Bens de capital (0,9) (3,8) (23,4) 5,6 (7,1) (6,3) 2,6

Bens intermediários (3,1) (3,9) (12,4) 1,0 1,5 0,3 1,1

Bens de consumo duráveis (3,9) (20,8) (32,8) 35,8 10,9 1,7 2,7

Semi-duráveis e não duráveis (2,1) (0,9) (4,2) (0,9) 2,6 0,7 0,3

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A tabela acima mostra que a indústria vem tentando se recuperar de for-ma gradual. Os quatro primeiro meses de 2009 mostraram ufor-ma taxa de crescimento positiva nos indicadores em relação ao mês anterior. Em abril de 2009 a indústria cresceu 1,1% em relação a março de 2009. Cabe des-tacar o setor de bens duráveis, que embora tenha sofrido um forte impac-to no final de 2008, vêem apresentando uma recuperação importante, em grande medida devido às medidas de política econômicas adotadas, em especial o programa de redução de IPI para automóveis, que surtiu um forte efeito sobre o setor. As variações observadas em relação ao mês anterior são positivas nos quatro primeiros meses do ano.

Entretanto, quando se compara com o mesmo do ano anterior, os indi-cadores ainda estão desfavoráveis, já que o primeiro semestre de 2008 foi de forte crescimento. Comparando o mês de abril de 2009 em relação a abril de 2008, a indústria apresentou uma queda de 14,8%. Vale ob-servar que em termos de categoria de uso, o setor de bens de capital passou a ser o segmento mais afetado, dado a paralisação e adiamento de vários projetos de investimento. Depois de uma pequena recuperação em janeiro, a categoria continuou apresentando queda em fevereiro e março do ano corrente. Neste último mês, a produção registrada foi 29,3% menor do que no mesmo mês do ano passado. De outro lado, os setores de bens de consumo, tanto duráveis quanto não duráveis, são os setores que vêm apresentando uma recuperação maior.

Tabela 2.5 – Continuação

Variação em relação ao mesmo período do ano anterior

out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09

Indústria geral 1,1 (6,4) (14,7) (17,5) (16,8) (10,0) (14,8)

Bens de capital 16,3 3,7 (14,4) (14,5) (24,4) (23,0) (29,3)

Bens intermediários (2,5) (7,8) (18,5) (20,4) (20,9) (13,3) (15,5)

Bens de consumo duráveis (0,5) (22,2) (41,7) (30,9) (24,3) (13,4) (21,6)

Semi-duráveis e não duráveis 1,1 (3,0) (1,9) (8,6) (3,0) 2,9 (4,2)

Fonte: PIM-PF, IBGE

2. Desafios para a indústria brasileira face

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