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NEUROCIÊNCIA E O COMPORTAMENTO CRIMINOSO: IMPLICAÇÕES PARA O DIREITO PENAL

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Academic year: 2021

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NEUROCIÊNCIA E O COMPORTAMENTO CRIMINOSO:

IMPLICAÇÕES PARA O DIREITO PENAL

Haroldo Lima dos Santos

Mestrando em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas Instituto de Educação Superior Santa Cecília – UNISANTA – Santos/SP

haroldomocls@yahoo.com.br

Marcelito Lopes Fialho

Advogado Autônomo Docente

Mestrando em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas Instituto de Educação Superior Santa Cecília – UNISANTA – Santos/SP

marcelito.fialho@bol.com.br

Karina Pregnolato Reis

Advogada Autônoma e Executivo Público I Departamento Regional de Saúde de Bauru/SP – DRS VI Mestranda em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas Instituto de Educação Superior Santa Cecília – UNISANTA – Santos/SP

Especializanda em Saúde Pública: política, planejamento e gestão UNIDERP – Educação à distância. Graduanda em Ciências Sociais

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – Faculdade de Filosofia e Ciências – Marília/SP

kpr.adv2010@gmail.com

Márcia Villar Franco

Advogada Autônoma

Mestranda em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas Instituto de Educação Superior Santa Cecília – UNISANTA – Santos/SP

mvillarf62@gmail.com

Ricardo Bezerra de Oliveira

Advogado Autônomo Docente

Mestrando em Direito da Saúde: dimensões individuais e coletivas Instituto de Educação Superior Santa Cecília – UNISANTA – Santos/SP

ricardo.oliveira@ifma.edu.br

Resumo: Este trabalho visa a contribuir para uma visão mais ampla e profunda sobre a influência dos novos conhecimentos sobre as neurociências e a capacidade do sistema neuronal e sua influência nas condutas humanas, assim como sua capacidade de adaptação e evolução. Nesta pesquisa bibliográfica, procurou-se conceituar as neurociências e sua relação com a culpabilidade, como enfrentar o direito penal da saúde e o livre-arbítrio condicionado às mutações cerebrais. Esse artigo propõe uma reflexão sobre tutela penal da saúde, enquanto relacionada às descobertas das neurociências, que exige atuação protetiva estatal como direito social, prevenção específica e prevenção geral.

Palavras-chave: Direito Penal da Saúde, Neurociências e Culpabilidade, Neurociências e Livre-Arbítrio, Sistema Punitivo.

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2 1. Introdução

Uma reflexão é necessária, a partir das novas percepções, à luz das neurociências, sobre sua influência nas condutas humanas e até que ponto pode-se falar em decisão e vontade, em casos de lesões, alterações ou funções cerebrais e doenças mentais.

Sob esse aspecto, a punição específica, cujo objetivo é reeducar e ressocializar, poderia ficar prejudicada, dependendo do estado físico e psicológico do agente e até levar em consideração o aspecto irreversível de tais alterações.

No que concerne à prevenção geral, se as neurociências trazem um novo olhar à punição, devendo ser considerada caso a caso, como aplicar a pena ou, até mesmo, a adoção de medida de segurança apropriada para cada caso e, por meio de sua aplicação, resgatar a confiança, a segurança e os valores sociais.

Atualmente, há necessidade que a doutrina atualize a noção de responsabilidade e culpabilidade, pela ótica das neurociências. O pensamento moderno fundava-se em mente, conceito e mundo. As neurociências alteram essa percepção para cérebro, corpo e ambiente, considerando as mutações biológicas, químicas e psicológicas. Estudos e pesquisas neurocientíficas contemporâneos vêm demonstrando as possíveis implicações dessas descobertas no direito penal, principalmente no que tange ao livre arbítrio e à culpabilidade.

A discussão sobre se o indivíduo possuiria, ou não, livre-arbítrio, à luz das neurociências, não foi trazida ao Direito Penal somente pela evolução da técnica ou pela imprescindibilidade de tal posição. Surge, porque que se faz necessário forçar uma revisão do conceito de culpabilidade, colocando a ciência penal em consonância com as eventuais conclusões das neurociências, sob esse aspecto.

2. Objetivo

O objetivo dessa pesquisa é, essencialmente, o de investigar e firmar conceitos, no que diz respeito às neurociências, às doenças neurológicas e mentais, seus aspectos epidemiológicos e impactos econômicos, à tutela penal da saúde, da liberdade e da culpabilidade e suas implicações com as neurociências.

3. Metodologia

A metodologia utilizada para a pesquisa bibliográfica, com consulta a autores especializados no tema, dera-se a partir dos métodos histórico-descritivo, hermenêutico e positivista, para fins de método de abordagem; além do bibliográfico, para fins de método de coleta; e o emprego da análise do discurso no que tange à análise qualitativa e de abordagem teórica para o desenvolvimento do presente artigo.

4. Desenvolvimento

4.1 A evolução histórica da violência

Cesare Lombroso foi um professor universitário e criminologista italiano, nascido a 6 de novembro de 1835, em Verona, foi um homem polifacético; médico, psiquiatra, antropólogo e político, sua extensa obra abarca temas médicos

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3 (“Medicina Legal”), psiquiátricos (“Os avanços da Psiquiatria”), psicológicos (“O gênio e a loucura”), demográficos (“Geografia Médica”), criminológicos (“L’Uomo delincuente). Tornou-se mundialmente famoso por seus estudos e teorias no campo da caracterologia, ou a relação entre características físicas e mentais. Em uma manhã de 1871, na costa Leste da Itália, Lombroso realizando uma necropsia de rotina, observou o crânio de um bandido Calabrês chamado Giuseppe Villella. Naquele momento, teve uma epifania que mudaria, drasticamente, o rumo da criminologia. Ele detectou uma indentação incomum na base do crânio, interpretando como a presença de um cerebelo menor. A teoria de Lombroso questionava duas hipóteses: Havia no cérebro uma base anatômica para o crime e os criminosos seriam um retrocesso evolutivo das espécies humanas primitivas.

4.2 Conceito de Imputabilidade Penal

Imputabilidade penal é a condição ou qualidade que possui o agente de sofrer a aplicação de pena. E, por sua vez, só sofrerá pena aquele que tinha ao tempo da ação ou da omissão capacidade de compreensão e de autodeterminação frente o fato. Assim, imputabilidade é a capacidade de o agente, no momento da ação ou da omissão, entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se frente tal fato. Somente o imputável sofrerá pena.

Para ser imputável o agente deve ter capacidade de: 1- entender o caráter

ilícito do fato (compreensão das coisas) e 2 – determinar-se de acordo com esse

entendimento (capacidade de dirigir sua conduta considerando a compreensão que anteriormente teve). A lei pressupõe a imputabilidade. Extraordinariamente, o legislador arrola as hipóteses de exclusão da imputabilidade. Assim, em princípio todos são imputáveis. De acordo com Fernando Capez, a imputabilidade apresenta um aspecto intelectivo, consistente na capacidade de entendimento, e outro volitivo, que a faculdade de controlar e comandar a própria vontade.

A imputabilidade é a condição legal para a imposição da sanção penal àquele que praticou um fato típico e antijurídico. Ela existirá quando o autor do fato for capaz, entenda-se mentalmente capaz, de compreender a ilicitude do ato praticado ou se determinar de acordo com tal compreensão. Faltando ao autor a inteira capacidade de compreensão da ilicitude de sua conduta, por uma doença mental ou um desenvolvimento mental incompleto ou retardado, a ele não poderá ser imposta sanção penal, sendo, então inimputável. Sua doença ou seu desenvolvimento mental incompleto ou retardado, contudo, devem ser a causa de sua total falta de compreensão da ilicitude dos fatos. A simples existência de doença mental, que, por seus sintomas, não atinge a capacidade de percepção do autor, não serve para o reconhecimento da inimputabilidade. Esta é a característica determinante da teoria

biopsicológica ou mista, adotada pelo código penal brasileiro.

A hipótese do parágrafo único do artigo 26 do Código Penal, por sua vez, trata de uma imputabilidade mitigada, diminuída, que advém de uma percepção reduzida da ilicitude penal, igualmente decorrente de uma perturbação mental ou um desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

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4 Indagação que sempre vem à mente daqueles que conhecem, ao menos en

passant, o artigo 26, caput e parágrafo único, do Código Penal Brasileiro, consiste

em saber: pessoas capazes de praticar delitos de anormal gravidade, crueldade e frieza, não seriam portadoras de doença mental, ou, ao menos, de perturbação mental que lhes retiraria, total ou parcialmente, a aptidão para compreender o caráter ilícito de sua conduta, ou de determinar-se de acordo com este entendimento?

A resposta a esta indagação possui importância concreta no destino que a legislação penal reserva a estes criminosos. Se considerado portador de doença ou perturbação mental, com nula ou reduzida capacidade de entendimento ou de autocontenção, o criminoso está sujeito não a uma pena, no sentido técnico, mas sim a uma medida de segurança. E isto porque, para os jurisconsultos em Direito Penal, os criminosos nesta condição não possuem imputabilidade penal, que é aquele juízo de reprovabilidade social que recai sobre a conduta do criminoso. Eles são, em verdade, considerados apenas indivíduos perigosos, mas que, por não terem a consciência ou o autocontrole próprio das pessoas sãs, não detêm a chamada “culpabilidade penal”. E, sem culpabilidade, não temos pena, e sim medida de segurança.

Condenados a cumprir medida de segurança, que via de regra impõe sua internação em instituição de tratamento psiquiátrico, o criminoso não está sujeito a um prazo para privação de sua liberdade, nos termos do artigo 97 do Código Penal. Assim, enquanto perdurar o quadro psicopatológico originador da prática criminosa, perdura a internação. Não existe um tempo de internação previamente definido na sentença, assim como ocorre com as penas aplicadas aos criminosos reconhecidos como sãos e, portanto, imputáveis.

Pois bem, estabelecida, em suma, a distinção de regime jurídico-penal para um e outro caso, percebe-se a importância de se determinar se aquele indivíduo, perpetrador de um delito cometido de forma assombrosamente cruel, denotando frieza e insensibilidade sobre humana à vida de outrem, deve ser considerado imputável ou inimputável sob a ótica do Direito Penal.

Guilherme de Souza Nucci, em sua obra Código Penal Comentado (Ed. Revista dos Tribunais, 3ª Edição, p.174), traça vários exemplos de doenças mentais que afastariam o criminoso de uma pena, no sentido técnico, e o sujeitariam ao regime da medida de segurança. São elas a esquizofrenia, epilepsia, histeria, neurastenia, paranoia, demência, senilidade, etc.

A questão é: e os portadores de psicopatia, carecedores que são, segundo especialistas, de um mecanismo interno (presente nos indivíduos sãos) que lhes permite sentir piedade, remorso, compaixão ou comiseração com a dor alheia - mormente quando esta dor provém de uma conduta por eles mesmos infligida? São eles portadores de uma doença ou perturbação mental que lhes retira ou atenua a capacidade de entendimento ou de autocontrole perante ações criminosas?

Em outros termos, uma pessoa que agride, humilha, vilipendia ou extermina outra, apresentando tamanha indiferença à sua dor ou à sua vida, deve ser considerada portadora de uma doença mental para fins penais, ficando sujeita à medida de segurança ao invés de uma pena, e sendo considerada apenas perigosa, ao invés de culpável?

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5 E é importante ter-se em mente que, na visão da literatura psiquiátrica, a psicopatia que atua como mola propulsora para a prática de crime não se restringe apenas à esfera dos crimes contra integridade física de outrem, mas também se desenvolve no campo da criminalidade financeira, ou de ludibrio da fé pública para fins de um enriquecimento ilícito.

Nesse diapasão de ideias, cotejando-se a literalidade do artigo 26 do Código Penal, que rege precisamente o tema atinente à inimputabilidade penal, e as características descortinadas pela literatura psiquiátrica acerca dos criminosos portadores de psicopatia, é de se concluir pela imputabilidade penal destes indivíduos, uma vez que o distúrbio de personalidade de que são portadores não afeta sua aptidão psicológica de entender a desconformidade de sua conduta com a ordem jurídica e social imperante, sendo eles, assim, não apenas indivíduos perigosos, mas, notadamente, culpáveis em relação a seus atos delituosos.

4.4 Medida de segurança e pena

Medida de segurança é toda a reação criminal, detentiva ou não detentiva, que se liga à prática, pelo agente, de um fato ilícito típico, tem como pressuposto e princípio de medida a sua periculosidade e visa finalidades de defesa social ligadas à prevenção especial, seja sob a forma de segurança, seja sob a forma de ressocialização.

A finalidade da medida de segurança seria a adequada reintegração social de um indivíduo considerado perigoso para a própria sociedade. O Código Penal Brasileiro de 1940 instituiu e sistematizou a aplicação da medida de segurança. No seu início, foi adotado o sistema duplo binário (pena e medida de segurança), onde a medida de segurança poderia ser aplicada em concomitância com a pena.

A finalidade da medida de segurança seria a adequada reintegração social de um indivíduo considerado perigoso para a própria sociedade. O Código Penal Brasileiro de 1940 instituiu e sistematizou a aplicação da medida de segurança. No seu início, foi adotado o sistema duplo binário (pena e medida de segurança), onde a medida de segurança poderia ser aplicada em concomitância com a pena. Conforme o Decreto-lei 1.004:

Em 1969, por meio do Decreto-lei 1.004, o anteprojeto criminal inicial de Nelson Hungria foi convertido em lei penal. O Código de 1969 classificou as medidas de segurança em detentivas e não detentivas, acrescentando a estas últimas a interdição do exercício da profissão e a cassação de licença para direção de veículos motorizados (art. 87).

No entanto, o mais importante deste Código foi a adoção do sistema vicariante com respeito à aplicação da medida de segurança, proibindo-se a cumulação das sanções detentivas (pena e medida de segurança). Se, na análise do caso concreto, restasse comprovada a imputabilidade do agente, aplicar-se-ia a pena, como sanção. Caso o mesmo fosse considerado absolutamente inimputável, seria aplicada a medida de segurança. Configurado semi-imputável, o juiz optaria entre a aplicação da pena ou da medida de segurança, de acordo com o caso. Portanto, enquanto o fundamento para a aplicação da pena é a culpabilidade, a medida de

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6 segurança encontra embasamento na periculosidade aliada à inimputabilidade (ou semi-imputabilidade) do indivíduo.

A medida de segurança constitui uma espécie de sanção penal imposta pelo Estado. Sendo o Brasil um Estado Constitucional Democrático de Direito, devem ser observadas na aplicação da medida de segurança as mesmas garantias e princípios constitucionais que fundamentam a aplicação da sanção pena. A medida de segurança e a pena privativa de liberdade constituem duas formas semelhantes de controle social e, substancialmente, não apresentam diferenças dignas de nota. Consubstanciam formas de invasão da liberdade do indivíduo pelo Estado, e, por isso, todos os princípios fundamentais e constitucionais aplicáveis à pena e regem também as medidas de segurança.

4.5 O Papel da pena no Estado Democrático de Direito

Aristóteles, Locke e Montesquieu na busca pelos fins do Estado, além da separação dos três poderes e suas respectivas funções. Far-se-á uma breve diferenciação entre o Direito Penal substantivo e o Direito Penal adjetivo a fim de contemplar maiores aspectos do tema proposto. Adentrar-se-á no Direito Penal a procura de sua finalidade e causa de sua tutela, assim como a função da sanção penal. Até finalmente penetrar a finalidade em si da pena no Estado democrático de Direito. Ao Estado foi atribuído papel de seguir e aplicar corretamente as leis

estabelecidas, sem se afastar da vontade comum do povo. Porém, a vida em

sociedade exige um complexo de normas disciplinadoras e ao conjunto dessas regras se denomina direito positivo, que deve ser obedecido e cumprido por todos os integrantes do grupo social, prevê as consequências e sanções aos que violarem seus preceitos.

Para a reunião das normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, posto ainda os princípios gerais e os desígnios para a aplicação das penas e das medidas de segurança, nomeia-se de Direito Penal, este, embutidamente dividido em Direito Penal substantivo e Direito Penal adjetivo.

Teria o Direito Penal função ético- social pela proteção dos valores fundamentais da vida social concretizando-se na proteção de bens jurídicos, ou seja, bens vitais da sociedade e do indivíduo, que fazem jus a proteção em razão de sua função social. A soma desses bens jurídicos constitui a ordem social e baseada na função ético-social surge a função preventiva como consequência desta.

A fim de tudo que neste trabalho será proposto, verificar-se-á legitimo o conceito de prevenção geral positiva, desde que compreendido que uma razoável afirmação do Direito Penal em um Estado social democrático de Direito exige respeito as limitações que serão verificadas nesta proposta. A pena sob este sistema estatal, a prevenção geral e especial seria reconhecida.

Para a reunião das normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, estabelecendo ainda os princípios gerais e os pressupostos para a aplicação das penas e das medidas de segurança, dá-se o nome de Direito Penal.

É designado pelo sistema de interpretação da legislação penal, ou seja, a Ciência do Direito Penal, a expressão Direito Penal. Das necessidades humanas

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7 decorrentes da vida em sociedade surge o Direito, que visa garantir as condições indispensáveis à convivência dos elementos que compõem o grupo social.

Como o Estado não pode aplicar as sanções penais arbitrariamente, na legislação penal são definidos esses fatos graves, que passam a ser ilícitos penais (crimes e contravenções), estabelecendo-se as penas e as medidas de segurança aplicáveis aos infratores dessas normas. O imputável que comete ato ilícito caberá uma Pena, já o inimputável que comete um ilícito penal será submetido a uma medida de segurança, ao chamado semi-imputável poder-se-á aplicar uma pena ou submetê-lo a uma medida de segurança.

4.6 Neuroimagem funcional e evolução no entendimento do cérebro e comportamento humano

Nas últimas décadas a medicina tem experimentado notáveis avanços metodológicos e científicos, evidenciando um importante progresso nos principais indicadores de saúde. Especialidades como a cirurgia, a cardiologia, a radiologia, entre outras, tem experimentado revolucionárias transformações em seus métodos diagnósticos e terapêuticos, incrementando dessa forma a confiabilidade da prática médica e o bem-estar de nossos pacientes. A psiquiatria também tem sido favorecida por este desenvolvimento, aumentando sua objetividade, sua estabilidade diagnóstica e sua eficiência terapêutica. A natureza multidimensional da psiquiatria e seu principal objeto de estudo a conduta humana, fazem com que seus procedimentos diagnósticos e terapêuticos sejam especialmente complexos, heterogêneas, variáveis e, segundo alguns autores, pouco confiáveis.

No âmbito diagnóstico, as ciências naturais estão trazendo valiosos conhecimentos acerca do funcionamento do cérebro e da conduta normal e anormal, graças ao desenvolvimento a neuroimagem da medicina molecular, da psicofarmacologia, da análise de tecido post-mortem e dos estudos genéticos das principais enfermidades. Entretanto, o diagnóstico psiquiátrico não prescindirá o conhecimento proveniente da psicopatologia e das ciências sociais porque o diagnóstico psiquiátrico é essencial, longitudinal e deve se apoiar na literatura. Exercer a psiquiatria sem considerar a psicopatologia do paciente é como praticar cirurgia sem conhecer anatomia. Hoje em dia, o impacto de novas tecnologias em medicina é medido por fatores bem definidos que influenciam a gerência do doente e de sua doença.

Novas técnicas de neuroimagem têm revolvido antigos conceitos. Pacientes que pareciam inconscientes surpreendem com seu padrão de ativação cerebral, revelando que o que se passa em suas mentes vai muito além daquilo que conseguimos perceber e julgar.

A neuroimagem está, na atualidade, totalmente incorporada ao diagnóstico e diagnóstico diferencial dos transtornos neuropsiquiátricos. São diversas as técnicas utilizadas pela neuroradiologia que contribuem para o esclarecimento das possíveis causas etiopatogênicas dos transtornos mentais. Dessa forma a neuroimagem tem sido um instrumento importante na busca das alterações cerebrais que possam estar relacionadas à etiologia das patologias mentais.

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8 Uma pessoa normal jamais cometeria uma violência, crime ou teria comportamento violento. Esses seriam cometidos em pacientes portadores de alterações antissociais da personalidade (AAP), condição caracterizada por desonestidade, impulsividade, agressividade e falta de remorso ou culpa. Àqueles acometidos por tal condição faltaria esse mecanismo inibitório ou de veto, usualmente associado a uma disfunção dos lobos frontais do cérebro, importante para o desempenho normal do comportamento social. Assim, sem o funcionamento do lobo frontal, existiria um prejuízo na capacidade de utilizar as não decisões ou veto contra as más decisões e escolhas, como ocorreria no caso do cérebro de criminosos ou assassinos em série, incapazes de inibir seus impulsos violentos em função de lesões envolvendo a porção orbital ventromedial e inferior de seus lobos frontais.

O substrato anatômico e neurofisiológico no cérebro desperto que estabelece anormalidade ou o patológico de nossos atos, escolhas, decisões, resolução de dilemas éticos, caráter, emoções e consciência moral, os quais dependem de sistemas e áreas específicas. Para isso, utiliza pesquisas da moderna neuroimagem e testes neuropsicológicos que mapeiam as áreas cerebrais. Dentre essas, os lobos frontais, o sistema límbico, o giro cíngulo, a amígdala temporal e o hipocampo, cuja análise neurofisiológica demonstra que regulam o controle da normalidade psíquica, o autocontrole e, também, o controle da agressividade, violência, livre-arbítrio, responsabilidade e doença mental. Conclui que, se lesadas, essas áreas produzirão respostas anormais ou patológicas nos âmbitos da cognição, julgamento moral e pensamento ético.

Não se pode deixar de mencionar que em 2006 foi fundada a Neuroethics Society, presidida pelo professor Steven Hyman, um dos diretores da Universidade de Harvard. Essa recém instituída sociedade vem publicando seus suplementos no The American Journal of Bioethics (Ajob) e sua missão, segundo o atual presidente, é a de promover o desenvolvimento e a aplicação responsável das neurociências e de seu progresso sem precedentes, alcançados nas últimas décadas nas ciências básicas do cérebro e da mente. Assim, espera-se contribuir no tratamento das desordens psiquiátricas e neurológicas, por intermédio da participação de pesquisadores acadêmicos, cientistas e clínicos interessados nas implicações sociais, legais, éticas e políticas produzidas pelos avanços das neurociências.

4.8 Neurociência e o Direito Penal da Saúde

Para entender como surge o comportamento violento, o psiquiatra britânico Adrian Raine² esteve em cadeias de segurança máxima, onde analisou o cérebro de criminosos perigosos e psicopatas. Professor de psiquiatria e criminologia na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde realiza estudos em áreas tão variadas quanto neurociência, genética e saúde pública para dar origem a um novo ramo da ciência: a neurocriminologia. Adrian Raine autor do livro The Anatomy of Violence (A Anatomia da Violência, inédito em português), no qual descreve como funciona o cérebro de um indivíduo violento e como uma série de tratamentos pode prevenir esse tipo de comportamento. Assuntos delicados, como livre-arbítrio, maioridade penal, sistema prisional, o cientista acredita que um dia será possível prever quem tem maiores chances de cometer um crime apenas por meio de imagens de seu cérebro. Mas adverte que esse cenário exigirá cautela.

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9 A neurocriminologia pode ajudar a explicar os casos extremos de violência, pois é uma nova disciplina que está começando a se desenvolver nos Estados Unidos e que envolve a aplicação de técnicas da neurociência para entender as causas do crime. Para isso é importante juntar tudo o que foi aprendido nos últimos

anos – na genética, técnicas de imagem cerebral, neuroquímica, psicofisiologia e

neurocognição – para explicar porque algumas pessoas crescem para se tornar

criminosos violentos, não só dos criminosos comuns, mas também o de psicopatas, criminosos de colarinho branco e homens que batem em suas esposas. Observa se que o comportamento antissocial, não importa a forma, existe uma base biológica para todos eles.

As formas diferentes de violência não têm a mesma base cerebral, conforme evidenciou estudos com psicopatas em que os criminosos não têm empatia nem remorso. Já sabíamos que eles têm um baixo funcionamento da amígdala (IMAGEM 1), o centro emocional do cérebro. A pesquisa mostrou ainda mais: que nesses indivíduos a estrutura física dessa área é 18% menor do que no resto da sociedade. Com o centro emocional reduzido e sem funcionar direito, os psicopatas passam a

não sentir medo. É por isso que eles quebram as regras da sociedade – pois não

têm medo da punição. Quando estudamos homens que batem em suas esposas, no entanto, descobrimos que suas amígdalas são muito ativas, mas o córtex pré-frontal não funciona direito. O córtex pré-frontal (IMAGEM 2) é a área que regula as emoções. Nossa conclusão é que a alta atividade da amígdala resulta em reações exageradas a estímulos leves, como receber críticas da esposa, o que os deixa mais agressivos. Esses homens que respondem exageradamente aos estímulos não possuem os recursos cognitivos para controlar essa emoção. São formas diferentes de comportamentos antissociais, com tipos diferentes de predisposições biológicas.

Problemas em áreas cerebrais específicas podem levar a comportamentos diferentes, pois quando temos de tomar uma decisão moral e pensamos em quebrar a lei (e todos nós já pensamos em fazer algo errado), ficamos ansiosos, com um pouco de medo. Esse é o freio de emergência que nos impede de quebrar as regras da sociedade. Mas esse freio não funciona direito nos psicopatas. Eles sabem o que é certo e errado, mas não têm o sentimento correspondente e é esse sentimento, e não o conhecimento, que nos faz frear nosso impulso. Isso traz uma questão que me fascinante. Como os psicopatas têm o motor emocional quebrado, e eles não têm culpa de possuírem essa disfunção, será correto culpá-los e castigá-los por seu comportamento? Essa é uma questão que teremos que discutir no futuro. Porém nem todo o comportamento violento pode ser explicado por disfunções no cérebro, devido a causas multifatoriais, pois na verdade, encontrar as causas da violência é muito mais complexo do que isso. Só agora estamos começando a identificar com segurança quais as áreas cerebrais que, se prejudicadas, aumentam as taxas de violência. Mas esse é um quebra-cabeça com muitas peças.

A amígdala é uma peça, o córtex pré-frontal é outra peça, e certamente há outras áreas cerebrais envolvidas. Mas também há outros tipos de peças, não é só a biologia e fatores sociais também são importantes. Desemprego, pobreza, preconceito racial, maus tratos paternos e más condições de habitação e educação têm seu papel nisso e, inclusive, podem afetar o desenvolvimento cerebral. Acontece que por décadas os pesquisadores têm estudado só essas peças sociais, mas agora estamos descobrindo as peças biológicas do quebra-cabeça e o próximo desafio será colocar essas peças juntas.

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10 Existe uma predisposição genética para a violência e já sabemos é que cerca de 50% da variação nas taxas de violência podem ser atribuídas a fatores genéticos. Conforme Galeno Alvarenga, psiquiatra, neurocientista e pesquisador, “os estudos acerca da personalidade do estuprador têm mostrado aspectos de interesse relevante para o entendimento de sua conduta sob o ângulo da psiquiatria”. Segundo o especialista, a maioria, senão a totalidade dos estupradores são, ou podem ser diagnosticados como portadores de algum transtorno de personalidade antissocial. Este profissional refere em sua pesquisa que a bioquímica cerebral de indivíduos analisados demonstra, dentre outros, um déficit no neurotransmissor serotonina (IMAGEM 4). A diminuição dessa substância no cérebro tem sido associada a atos impulsivos, impensados, agressivos e suicidas. Este médico está convencido de que o padrão criminoso incorporado na infância desses indivíduos não será extinto com punições carcerárias, pois a reclusão não puniria o padrão aprendido, mas somente o indivíduo que praticou o crime.

Nesse contexto, a partir do aporte trazido por pesquisadores como Alvarenga, questiona se se os crimes sexuais deveriam ser objeto de políticas criminais diferenciadas, de modo que, para além da pena de reclusão, pudessem ser aplicadas ou viabilizadas medidas voltadas à saúde mental do réu como meio eficaz na busca de melhores resultados. A discussão é extremamente pertinente, sobretudo no momento em que se discute no Congresso Nacional a perspectiva de um novo Código Penal. Deixando de lado o preconceito e a revolta, típicos em relação a este tipo de crime e a quem o pratica, é fundamental que comecemos a discutir o assunto sob novos ângulos, a fim de que se possa caminhar a soluções que sejam, mais do que justas, mas especialmente mais humanitárias.

4.9 A pena e o comportamento criminoso patológico

A pena surge a partir do momento em que o homem necessita de regulamentações com relação as suas atitudes e as relações sociais, caracterizando assim se a conduta deve ou não, ser punida ou não dentro destas relações. Estudos abordam exatamente a questão das penas, partindo desde sua origem e conceito, passando pela sua evolução chegando ao objetivo principal que é confrontar estes aspectos com a reflexão de que as penas mais rígidas não resolvem, ao contrário tornam o sistema penal cada vez mais frágil. É necessário que ocorra a conscientização da sociedade de que é preciso fazer mais do que apenas presídios, é de fundamental importância parar e refletir sobre formas de tornar realmente aplicável e efetiva as penas, atingindo-se assim a conduta ilícita do criminoso e também repercutindo a prevenção de novos delitos.

Michel Foucault (1998, p. 70) em "Vigiar e Punir descreve a nova consideração da época sobre pena-castigo:

Pode-se compreender o caráter de obviedade que a prisão-castigo muito cedo assumiu. Desde os primeiros anos do século XIX, ter-se-á ainda consciência de sua novidade; e, entretanto, ela surgiu tão ligada, e em profundidade, com o próprio funcionamento da sociedade, que relegou ao esquecimento todas as outras punições que os reformadores do século XVIII haviam imaginado.

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11 Tal afirmativa de Foucault refere-se à segunda metade do século XVIII com o nascimento do iluminismo. Tratava-se de um movimento intelectual, que defendia o uso da razão contra o antigo regime e pregava maior liberdade econômica e política.

Os pensadores iluministas tinham como ideal a extensão dos princípios do conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano. Supunham poder contribuir para o progresso da humanidade e para a superação dos resíduos de tirania e superstição que atribuíam ao legado da Idade Média. A maior parte dos iluministas associavam o ideal de conhecimento crítico à tarefa do melhoramento do Estado e da sociedade.

No período iluminista ocorreu o marco inicial para uma mudança de mentalidade no que diz respeito à pena criminal. Surgiram na época, figuras que marcariam a história da humanização das penas, como: Cesare Bonesana, mais conhecido como Marquês de Beccaria, em sua obra intitulada “Dos Delitos e das Penas”, publicada em 1764 que combateu veemente a violência e o vexame das penas, pugnando pela atenuação, além de exigir o princípio da reserva legal e garantias processuais ao acusado. Segundo Beccaria:

As penas têm por único objetivo fazer com que o culpado não volte a cometer o crime, e evitar que outros cidadãos cometam o mesmo crime no futuro. Ou seja, os castigos servem tanto para reparar o culpado quanto para inibir os inocentes, fazendo com que estes não se tornem criminosos por medo da pena que cairá sobre eles. No entanto, as penas não devem ser arbitrárias e nem excessivamente cruéis, pois extrapolariam seu objetivo e deixariam de cumprir seu propósito inicial.

Para analisar as funções da pena é relevante observar a Política Criminal do Estado, que no caso do Brasil exclui políticas públicas de emprego, salário, moradia, escolarização, dentre outras medidas complementares, como programas oficiais capazes de alterar ou reduzir as condições adversas da população marginalizada, do mercado de trabalho e dos direitos de cidadania, definíveis como determinações estruturais do crime e da criminalidade.

O artigo 59 do Código Penal aduz: O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

Segundo leciona Rogério Grecco (2010, p. 530):

Se a pena é um mal necessário, devemos, num Estado Social e Democrático de Direito, buscar aquela que seja suficientemente forte para a proteção dos bens jurídicos essenciais, mas que, por outro lado, não atinja de forma brutal a dignidade da pessoa humana.

A pena, portanto, tem como funções reprovar o mal produzido pela conduta praticada pelo agente bem como prevenir futuras infrações penais.

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12 5. Considerações Finais

Esse trabalho se propôs a conceituar as neurociências, investigar as doenças neurológicas e seu impacto socioeconômico, e sua relação com a culpabilidade, a liberdade e a tutela penal da saúde. É impossível manter qualquer ciência de forma isolada, sem a constante interação com as demais áreas do saber. Tal conexão deve ser feita com respeito aos princípios básicos de cada uma delas, sob pena de desnaturá-las e afrontar garantias fundamentais conquistadas, em tantos séculos de civilização, principalmente em matéria penal. Embora a maioria dos doutrinadores da área jurídico-penal entenda que os avanços da neurociência não comprometem a estrutura da responsabilidade criminal, não se pode negar que os avanços da neurociência cognitiva devem interessar ao Direito Penal e influenciar toda a estrutura da responsabilidade criminal, para que se ressignifiquem. Portanto não tem sentido fingir que todos os cidadãos maiores de idade e sem retardo mental são iguais, porque eles não são. Com genes e experiências distintos, as pessoas podem ser tão diferentes por dentro como são por fora.

À medida que a neurociência se aprimorar, teremos uma capacidade melhor de compreender as pessoas ao longo de um espectro, em vez de usar categorias binárias e rudimentares. E isto permitirá criar sentenças e reabilitação para o indivíduo em vez de manter a fantasia de que todos os cérebros reagem aos mesmos incentivos e merecem as mesmas punições. É necessário refletir até que ponto a neurociência, demonstrando as cadeias causais inseridas no cérebro humano e revelando que tudo se inicia no plano do inconsciente, influencia, ou não, a liberdade, as ações, a conduta, o comportamento humano.

Não há sentido em pretender que todos os cidadãos maiores de idade e sem retardo mental aparente são iguais. Com genes e experiências distintos, os indivíduos podem ser tão diferentes por dentro como são por fora. À medida que a neurociência se aprimore, será possível ter-se uma capacidade maior de compreender o indivíduo, em vez de usar categorias binárias e rudimentares. Isto permitirá a prolatação de sentenças que visem à reabilitação, em vez de manter a fantasia de que todos os cérebros reagem da mesma maneira aos mesmos incentivos e merecem as mesmas punições. Ainda deve haver a preocupação com a prevenção geral, que consiste no impacto para a sociedade que a punição, ou a não punição do criminoso causa, e que, caso haja, deva resultar na inibição do comportamento infrator coletivo.

Robert Hare1 é um dos psicólogos mais respeitados do mundo. Para o mesmo

os psicopatas têm plena consciência de seus atos. É certo que determinadas áreas de seu cérebro apresentam carências, disfunções. No entanto isso não os torna doentes mentais, mas sim portadores de transtornos de personalidade. A psicopatia não provoca qualquer alteração na capacidade psíquica do agente.

Diante do que foi explicitado ficou evidenciado que os psicopatas não são considerados doentes mentais e por esse motivo não são inimputáveis e, por isso, inúmeras críticas têm sido feitas. Elas decorrem principalmente do fato dos mesmos cumprirem penas privativas de liberdade e não medidas de segurança. Além disso,

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Psicólogo Canadense, especialista em psicologia criminal e psicopatia. Publicou, entre outras obras, "Psychology of Criminal Investigations", "International Handbook on Psychopathic Disorders and the Law" e "Snakes in Suits".

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13 as penas são cumpridas nos mesmos estabelecimentos prisionais dos presos comuns.

Sabe-se que a principal função da pena, principalmente o encarceramento, é a ressocialização, porém tem-se visto que são altos os índices de reincidência delituosa dos psicopatas. Isso só comprova a falta de compaixão que eles têm pelos demais seres humanos e o quanto a prisão não é capaz de ressocializá-los. O raciocínio estende se as outras psicopatias de forma análoga, sendo que, a maioria, não têm cura, as penas ou medidas de segurança são ineficazes e, portanto, não cumprem o seu papel. Devido às alterações Neuroanatômicas e funcionais que estes indivíduos apresentam, não apresentam o “freio social” tornando ineficaz o caráter repressivo, didático ou de ressocialização da pena, mesmo apresentando capacidade psíquica apropriada. Por isso há necessidade de um tratamento médico especializado e adequado para que, além de uma assistência médica apropriada, possa afasta lós da sociedade protegendo a, até a sua ressocialização, caso se cure. Assim a pena cumpre seu papel e a sociedade fica protegida.

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AMÍGDALA: SISTEMA LÍMBICO

Corbac40/Shutterstock IMAGEM 2

CÓRTEX PRÉ-FRONTAL: RESPONSÁVEL PELOS IMPULSOS E

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14 Psicopedagogia.blogspot.com

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NEUROIMAGEM FUNCIONAL: ÁREAS COLORIDAS ESTAM ATIVAS

LOPES, 2004.

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15 LOPES, 2004.

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NEUROTRANSMISSORES: ESTIMULAM, MODULAM E EXCITAM OS IMPULSOS NERVOSOS

6. Referências

CAMARGO, Edwaldo E. Experiência inicial com PET/CT. Radiol Bras, jan./fev. 2005, vol.38, no.1, p.0-0. ISSN 0100-3984.

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16 COSTA, Durval C, OLIVEIRA, José Manuel AP e BRESSAN, Rodrigo A. PET e SPECT em neurologia e psiquiatria: do básico às aplicações clínicas. Rev. Bras. Psiquiatr., maio 2001, vol.23 supl.1, p.4-5.

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SANTOS, M. J. M. (2013). Sob o véu da psicopatia. Dissertação de mestrado. Departamento de psicologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

NEUROSCIENCE AND CRIMINAL BEHAVIOR: IMPLICATIONS FOR CRIMINAL LAW

Abstract

This work aims to contribute to a broader and deeper insight into the influence of new knowledge on neurosciences and the capacity of the neuronal system and its influence on human behaviors, as well as their capacity for adaptation and evolution. In this bibliographical research, we tried to conceptualize the neurosciences and their relation with the culpability, as to face the criminal law of health and the free-will conditioned to the cerebral mutations. This article proposes a reflection on the criminal protection of health, as related to the discoveries of the neurosciences, that requires state protective action as social right, specific prevention and general prevention.

Keywords: Health Criminal Law, Neuroscience and Guilt, Neuroscience and Free Will, Punitive System.

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17 Knowledge Area: Humanities.

Referências

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