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Monitoramento de Custo de Manutenção de Máquinas de Hemodiálise

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RESUMO

O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto do custo de manutenção corretiva, preventiva e preditiva em máquinas de HD num centro satélite, atendendo 220 pacientes, uma vez que informações sobre o custo de manutenção de máquinas de HD são inexistentes na literatura brasileira e inclusive latino-americana. Assim, foram avaliadas 48 máquinas de HD instaladas em diferentes períodos, desde 1997, e monitoradas até dezembro de 2003. Neste estudo, foram avaliados apenas os custos de materiais, não sendo incluídos os custos de mão-de-obra técnica. Além dos custos de manutenção, avaliou-se a quantidade de horas de funcionamento de cada máquina e o tempo médio entre falhas (MTBF – Mean Time Between Failure). Os custos são apresentados em dólares americanos pelo câmbio de R$ 2,89 de dezembro de 2003. Os resultados obtidos foram os seguintes: o tempo médio de funcionamento mensal por máquina foi de 270 horas, sendo que, naturalmente, as máquinas instaladas há mais tempo tiveram um tempo cumulativo de funcionamento maior (21.149 horas para as máquinas instaladas em 1997; 9.414 horas, para as instaladas em 2000; e 5.600 horas, para as instaladas em 2002). O custo mensal por máquina instalada em 1997 foi de US$ 73,37 ± 19,67; para as instaladas em 2000 foi de US$ 40,34 ± 26,99 e as instaladas em 2002 foi de US$ 15,51 ± 13,73. O custo de manutenção por sessão de hemodiálise foi de US$ 1,15 ± 0,30; US$ 0,65 ± 0,48 e US$ 0,24 ± 0,21 para as máquinas instaladas em 1997, 2000 e 2002, respectivamente, ou seja, uma média de US$ 0,74 ± 0,52 para cada sessão. Da avaliação do MTBF obtiveram-se os períodos de 2,1; 2,6 e 4,0 meobtiveram-ses entre falhas para as máquinas instaladas em 1997, 2000 e 2002, respectivamente. Conclui-se que os custos de manutenção aumentam progressivamente com o tempo de instalação e funcionamento das máquinas de HD, e estes fatores devem ser levados em consideração na composição do custo final de uma sessão de hemodiálise. (J Bras Nefrol 2005;27(2):63-69)

Descritores: Custo; Manutenção; Máquinas; Hemodiálise.

ABSTRACT

Monitoring Cost of Maintenance of Hemodialysis Machines. Information about maintenance cost of HD machines are inexistent in the Brazilian and Latin America literature. The present study was performed to evaluate the impact of cost of corrective, preventive and predictive maintenance in HD machines of a satellite center with 220 patients. There were 48 HD machines available for analysis and installed in different periods since 1997 and monitoring data was available until December 2003. Cost was calculated based on cost of spare parts and did not include labor cost. Total number of working hours per machine was obtained as well as mean time between failure (MTBF). Cost is presented in American dollars at the exchange rate of R$ 2.89 as of December 2003. Results: the average working time per machine per month was 270 hours and the cumulative number of hours according to the year of installation was: 21,149 hours for machines installed

Monitoramento de Custo de Manutenção de Máquinas de

Hemodiálise

Paulo Gil Siqueira de Faria

1

Roberto Pecoits Filho

2

Miguel Carlos Riella

2

1 Clínica de Doenças Renais; 2 Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Centro de Pesquisa RDH ( R i m , Diabete e Hipertensão) da Fundação Pró-Renal.

Recebido em 07/03/2005 Aprovado em 20/05/2005

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in 1997; 9,414 hors for those installed in 2000 and 5,600 hours for those installed in 2003. Monthly maintenance cost per machine installed in 1997 was US$ 73.37 ± 19.67; US$ 40.34 ± 26.99 for those installed in 2000 and US$ 15.51 ± 13.73 for 2002. The maintenance cost per session of HD was US$ 1.15 ± 0.30; 0.65 ± 0.48 and US$ 0.24 ± 0.21 for machines installed in 1997, 2000 and 2002, respectively. MTBF was of 2.1; 2.6 and 4.0 months between failures for machines installed in 1997, 2000 and 2002, respectively. It is concluded that maintenance costs of HD machines rise progressively with time since installation and working hours and these factors should be taken into account when calculating final cost of a session of HD. (J Bras Nefrol 2005;27(2):63-69) Keywords: Cost; Maintenance; machines; hemodialysis.

INTRODUÇÃO

De acordo com o censo de 2003/2004 da Socie-dade Brasileira de Nefrologia (SBN), 89,25% dos pacien-tes portadores de doença renal crônica em estágio 5 são tratados com Hemodiálise (HD), enquanto apenas 10,75% são tratados com Diálise Peritonial (PD)1. Desta forma,

atualmente 52.794 pacientes dependem das clínicas de HD para a substituição da função renal. As máquinas de HD representam grande parte dos equipamentos utiliza-dos em terapia substitutiva da função renal.

A terapia de HD é um procedimento de alto custo, reembolsado atualmente em aproximadamente R$ 109,27 (US$ 37,80) por sessão de HD, consolidado pelo Minis-tério da Saúde2. Entretanto, esta estimativa, na prática,

está defasada da realidade de uma clínica de diálise, que possui várias despesas (tabela 1), das quais muitas delas não são plenamente previsíveis e, conseqüentemente, não são mensuradas da melhor maneira. Todavia, é possível monitorar e até controlar um custo, mesmo que ele seja variável, gerando um potencial impacto positivo na economia das clínicas. Infelizmente, no Brasil, não exis-tem estudos que possam basear as medidas de moni-toramento e de manutenção de máquinas de HD.

A manutenção, palavra derivada do latim manus

tere, significa manter o que se tem, e visa “garantir a

disponibilidade da função dos equipamentos e instala-ções, de modo a atender a um processo de produção ou de serviço, com confiabilidade, segurança, preservação do meio ambiente e custo adequado”3.

Na cultura brasileira, e especificamente na área de HD, o serviço de manutenção ainda é visto por muitas pessoas como uma técnica secundária, que somente seria necessária para corrigir as falhas e as fadigas ocorridas pelo uso constante, ou seja, apenas retornar um equi-pamento ao funcionamento. Graças ao desenvolvimento tecnológico, este conceito vem se modificando, pois não bastam apenas reparos corretivos de um equipamento,

Tabela 1. Despesas por sessão de diálise, estimadas pelo MS e segundo a ABCDT.

CONSOLIDADO MS CONSOLIDADO REVISADO

Custo Pessoal Direto1 R$ 32,17 Custo Pessoal Direto1 R$ 42,88

(US$ 11,13) (US$ 14,84)

Material de Consumo2 R$ 37,99 Material de Consumo2 R$ 37,99

(US$ 13,15) (US$ 13,15)

Custos de Capital Imobilizado3 R$ 9,98 Custos de Capital Imobilizado3 R$ 14,65

(US$ 3,45) (US$ 5,07)

Máquinas de HD representam 65% do Máquinas de HD representam 59% do

imobilizado (US$ 2,25). imobilizado (US$ 2,89).

Custos Administrativos4 R$ 27,80 Custos Administrativos4 R$ 24,43

(US$ 9,62) (US$ 8,45)

Manutenção de máquinas de HD: Manutenção de máquinas de HD:

1,17% dos custos administrativos 1,76% dos custos administrativos

(US$ 0,11). (US$ 0,15).

Remuneração Capital R$ 1,33 Remuneração Capital R$ 15,47

(US$ 0,46) (US$ 5,35)

Impostos s/ Faturamento R$ 16,48

(US$ 5,70)

TOTAL R$ 109,27 TOTAL R$ 151,90

(US$ 37,80) (US$ 52,56)

1Equipe médica, equipe de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas. 2Agulha de fístula, dialisador, luvas, glicose, soro fisiológico, solução de HD, seringas etc.

3Edificação e instalações, sistema de tratamento de água, máquinas de HD e outros equipamentos, exaustão de reuso etc. 4Equipe administrativa, equipe de limpeza, manutenção predial e de equipamentos, luz, telefone etc.

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sendo importante antever a falha, de modo a dirimir os custos, além de evitar acidentes oriundos de um meca-nismo inadequado.

Os processos de manutenção mais conhecidos e adotados pela clínica são as gerências tradicionais, deno-minadas por manutenção preventiva (MP) e manutenção corretiva (MC). Uma terceira gerência, conhecida como manutenção preditiva, está sendo estudada para implan-tação em breve.

A MC é a atuação para correção da falha ou do desempenho menor que o esperado. A MP é a atuação realizada de forma a reduzir ou evitar a falha, ou queda no desempenho, obedecendo a um plano previamente ela-borado, baseado em intervalos definidos por tempo. A manutenção preditiva é a atuação realizada com base em modificação de parâmetros de condição ou desempenho, cujo acompanhamento obedece a uma sistemática4-6.

Os três componentes principais do custo direto com manutenção são as despesas com mão-de-obra, recursos materiais e serviços terceirizados. Dentre eles, este monitoramento visa avaliar apenas o segundo item, que se refere ao custo com peças e componentes reque-ridos durante uma manutenção. Isto porque essa é uma variável importante, mas que nem sempre é mensurada em relatórios ou avaliações de despesas em sessões de diálise. Na literatura brasileira e latino-americana não existem estudos referenciais sobre o impacto nos custos de uma sessão de diálise gerado pela manutenção de máquinas de HD.

O presente estudo é uma tentativa pioneira de se avaliar os custos com manutenção e preservação de má-quinas de HD, bem como de estabelecer parâmetros que possam determinar a vida útil do equipamento, aliado ao custo-benefício de uma manutenção. Este trabalho deverá auxiliar futuros estudos e avaliações dessas despesas, bem como responder a questionamentos quanto à qualidade de manutenção, aliada à durabilidade e à viabilidade econô-mica de um equipamento de HD.

MATERIAIS E MÉTODOS

A avaliação da despesa com materiais de manu-tenção de máquinas de Hemodiálise foi realizada em 48 equipamentos Baxter 1550 – modelo 5M5538 – pertencentes à Clínica de Doenças Renais S/C Ltda. de Curitiba. Nesse centro satélite, são atendidos cerca de 220 pacientes em três turnos diários, de segunda-feira a sábado, em sessões de diálise que variam de 3,5h a 4h.

As instalações destes equipamentos ocorreram em três períodos distintos: em 1997 foram instaladas 19 máquinas (grupo 1); em 2000 foram acrescentados mais 16 equipamentos (grupo 2); e em 2002 foram adicionadas mais 13 máquinas de hemodiálise (grupo 3). Estas má-quinas possuem um registro de manutenção indivi-dualizado, no qual são anotadas todas as informações pertinentes ao equipamento, cujo objetivo é dar uma visão do estado em que se encontra a máquina, e possibilitar a

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realização das atividades de manutenção, fundamentada no histórico do equipamento. A partir desse registro foi possível identificar as peças que foram substituídas por cada técnico, a quantidade de horas de funcionamento e os reparos realizados em cada máquina de HD.

Conhecendo-se as peças utilizadas, pôde-se avaliar o impacto gerado pela MP e MC, determinar os principais motivos que originaram as chamadas que produziram manutenção e os custos gerados pelas médias: mensal e por sessão de quatro horas de HD. Conhecendo-se as falhas e a origem dos reparos de cada máquina, pôde-se avaliar o tempo médio entre falhas ou Mean Time

Between Failure (MTBF), dos três grupos de

equi-pamentos. O MTBF é um índice muito usado em manu-tenção e visa a avaliar o comportamento das máquinas segundo as ações mantenedoras. Ele indica o tempo mé-dio de bom funcionamento, e é calculado pelo quociente entre o total de falhas e pelo tempo de trabalho.7,8. Neste

caso, o tempo de estudo e acompanhamento de falhas foi de 12 meses, avaliados entre janeiro e dezembro de 2003. Devido à dificuldade de se obter o preço real de cada peça na época de uso, optou-se por relacionar todas elas, independentemente do ano e do custo durante pro-cedimento de manutenção, e utilizar o orçamento forne-cido pelo Serviço Técnico da Baxter Hospitalar Ltda., São

Tabela 2. Período médio de funcionamento das máquinas de HD. Ano de Instalação Total Meses de Uso Horas por Mês

1997 (Grupo 1) 19 83 256 ± 19

2000 (Grupo 2) 16 37 257 ± 29

2002 (Grupo 3) 13 21 267 ± 47

Tabela 3. Distribuição das peças e custos de manutenção de máquinas de HD, desde instalação até dezembro de 2003.

Máquinas Peças Custo

n (%) US$ (%)

Grupo 1 1368 76 115.353,38 81

Grupo 2 297 16 23.024,47 16

Grupo 3 141 8 4.233,70 3

Tabela 4. Distribuição do total de peças empregadas na manutenção das 48 máquinas de HD, desde de 1997.

Manutenção Peças n % Corretiva* 1166 65 Preventiva 640 35 Total 1806 100 * Ultrafiltração 383 32,8 * Condutividade 346 29,7 * Operacional 254 21,8 * Desinfecção 127 10,9 * Eletrônico 56 4,8 * Total 1166 100

* Referente à manutenção corretiva MC.

Paulo, SP, de julho de 2003. A partir desse referencial de custo atualizado, converteu-se o valor obtido para dólar americano, pelo câmbio de R$ 2,89, de dezembro de 2003.

As peças utilizadas na MC têm origem em pelo menos três situações distintas, denominadas por: i) pro-blemas hidráulicos, que envolvem propro-blemas com condu-tividade, ultrafiltração e desinfecção; ii) problemas elétri-cos, que envolvem placas de circuito impressos e disposi-tivos de acionamentos e de condutividade; iii) problemas operacionais, que se originam do uso diário, tanto da equipe de enfermagem como da equipe de manutenção.

RESULTADOS

O tempo cumulativo de funcionamento das 48 máquinas de HD foi de 21.149 horas para as máquinas instaladas em 1997; 9.414 horas, para as instaladas em 2000; e 5.600 horas, para as instaladas em 2002 (figura 1). O tempo médio mensal de funcionamento (tabela 2) foi de 256 ± 19 horas para as máquinas instaladas em 1997 (grupo 1); 257 ± 29 horas para as máquinas instaladas em 2000 (grupo 2) e 267 ± 47 horas para as máquinas insta-ladas em 2002 (grupo 3). As máquinas do grupo 1 absor-veram 76% do total das peças que foram trocadas no pe-ríodo de estudo, o que representa 81% do custo com manutenção de máquinas de HD (tabela 3). Desse total, observa-se que 65% das peças foram empregadas na MC (tabela 4), assumindo 93% do custo total com manuten-ção (tabela 5). Os outros 35% de peças foram empregados em MP (tabela 4), gerando um custo de apenas 7% do orçamento total (tabela 5).

Os problemas com ultrafiltração e condutividade representaram o maior motivo de reincidência, tanto para as peças quanto para o custo gerado. Foram 32,8% da peças (tabela 4) e 34,9% (tabela 5) do custo empregado no reparo de problemas associados à ultrafiltração. Para

Tabela 5. Distribuição do total de custo com peças empregadas na manutenção das 48 máquinas de HD, desde de 1997.

Manutenção Peças US$ % Corretiva* 132.287,05 93 Preventiva 10.324,49 7 Total 142.611,54 100 * Ultrafiltração 46.192,06 34,9 * Condutividade 30.187,44 22,8 * Desinfecção 25.919,19 19,6 * Eletrônico 19.275,05 14,6 * Operacional 10.719,32 8,1 * Total 132.287,05 100

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Conhecendo-se as peças e as despesas por elas geradas, foi possível estabelecer duas médias de custos, definidas pelo custo médio mensal e o custo médio por sessão de quatro horas de diálise (tabela 6). Desta forma, as máquinas do grupo 1 apresentaram um gasto mensal médio de US$ 73,37 ± 19,67 e por sessão de US$ 1,15 ± 0,30. Já as máquinas do grupo 2 representaram uma despesa mensal de US$ 40,34 ± 26,99 e US$ 0,65 ± 0,48 por sessão. E as máquinas do grupo 3 apresentaram US$ 15,51 ± 13,73 e US$ 0,24 ± 0,21 por mês e por sessão, respectivamente. A média dos custos por sessão foi determinada para a clínica em US$ 0,74 ± 0,52. Já o valor determinado pelo Ministério da Saúde (MS) é de US$ 0,11 e a estimativa, recalculada pela Associação Brasi-leira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), é de US$ 0,15 (tabela 1).

Nas figuras 2 e 3 estão representadas as variações dos custos: médio mensal e por sessão de quatro horas de diálise, respectivamente. Nelas, pode-se observar mais claramente os custos gerados a cada mês ou sessão. Tanto na figura 2 quanto na figura 3, o menor custo com máqui-nas instaladas em 1997 é superior à maior despesa com manutenção das máquinas instaladas em 2002.

Como a avaliação das despesas, durante todo o período de funcionamento, apresenta um resultado em função de tempos diferentes, optou-se por representar uma comparação entre os custos com manutenção, desde cada instalação até dezembro de 2003, e no intervalo de um ano, entre janeiro e dezembro de 2003 (figuras 4 e 5). Considerando o planejamento de manutenção preventiva trimestral adotado pela clínica, o custo anual estimado para MP seria de US$ 114,97, considerando as peças requeridas na lista de verificação fornecidas pelo fabricante9, ou seja, US$ 0,13 por sessão de diálise. Na

figura 4, verifica-se que o investimento em MP, no ano de 2003, foi superior à média apresentada durante a vida útil de cada equipamento. Isso significa que houve maior manutenção de falhas com condutividade, este

percen-tual foi de 29,7% (tabela 4) e 22,8% (tabela 5) para peças e custo, respectivamente. As falhas de operação representam 21,8% das peças com MC (tabela 4); no entanto, o custo gerado é o menor dentre a classificação, sendo 8,1% (tabela 5). As falhas associadas a problemas com desinfecção e componentes eletrônicos foram 10,9% e 4,8%, respectivamente (tabela 4). Os problemas com desinfecção representaram 19,6% do orçamento (tabela 5), ou seja, a terceira maior despesa em MC. O custo com componentes eletrônicos, embora de menor incidência, representa 14,6% do orçamento com MC (tabela 5).

Figura 2. Custo médio mensal com manutenção por máquina de HD.

Figura 3. Custo médio por sessão de quatro horas de diálise com manutenção por máquina de HD.

Figura 4. Comparação entre a média de custo com MP em 2003 e a média de custo com MP durante toda a vida do equipamento. Tabela 6. Custo médio mensal e por sessão de quatro horas de

hemodiálise.

Máquinas Custo Mensal Custo por sessão

(US$) (US$)

Grupo 1 73,37 ± 19,67 1,15 ± 0,30

Grupo 2 40,34 ± 26,99 0,65 ± 0,48

Grupo 3 15,51 ± 13,73 0,24 ± 0,21

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preocupação em prevenção em 2003 que nos anos an-teriores. A figura 5 representa a comparação entre o custo com MC durante todos os anos de uso e o custo com MC no ano de 2003. Observa-se que a variação de custo é mais homogênea com manutenção corretiva em 2003 que durante todo o período de vida do equipamento. No en-tanto, esse custo mostra-se maior, obviamente devido ao tempo de uso dos equipamentos.

O tempo médio entre falhas (MTBF) no ano de 2003 está representado na figura 6. Neste gráfico, verifica-se um intervalo de meses entre falhas maior para as máquinas instaladas em 2002; em média são quatro meses entre um defeito e outro. As máquinas mais anti-gas, instaladas em 1997, apresentam um intervalo menor, são 2,1 meses entre cada falha. Já os equipamentos insta-lados em 2000 levam 2,6 meses, em média, para apre-sentar um problema.

DISCUSSÃO

O monitoramento do custo com manutenção de máquinas de HD favorece a compreensão das despesas geradas e proporciona uma visão estratégica do tempo adequado de seu uso. No presente estudo, verifica-se que a principal fonte de custo de manutenção de máquinas é a reposição de peças em caráter corretivo, o que poderia ser evitado desde que a manutenção preventiva seja utilizada, potencialmente diminuindo de forma significativa tanto os custos quanto a possibilidade de acidentes que repre-sentam riscos ao paciente.

É evidente que as máquinas mais antigas tiveram um tempo cumulativo de funcionamento maior que as máquinas mais novas. Entretanto, a média mensal é bem parecida para os três grupos de equipamentos. A análise mais minuciosa dos três resultados faz perceber que existe um pequeno acréscimo de horas nas máquinas instaladas

em 2002 (grupo 3), fato evidente pelo aumento constante na demanda de pacientes que procuram a clínica, a qual passou rapidamente de dois para três turnos diários de atendimento.

Já era esperado que o custo com MC fosse maior para as máquinas mais antigas; no entanto, a porcentagem de despesas e peças nas máquinas instaladas em 1997 superou as expectativas. Isso leva a uma reflexão sobre a vida útil do equipamento e também sobre a análise de depreciação do mesmo. A distribuição dos custos revelou que a manutenção dos componentes pertencentes ao cir-cuito hidráulico das máquinas é mais comum que outros reparos. Isso se explica pela alta incidência de falhas associadas à ultrafiltração, à condutividade e à desinfec-ção. O fato de a clínica utilizar produtos corrosivos para desinfecção das máquinas, como o hipoclorito de sódio a 5% e o ácido acético a 5%, influenciou certamente nesse resultado. Existem produtos específicos para desinfecção de máquinas de HD, que são biodegradáveis e não afetam negativamente o equipamento; entretanto, esses produtos não são utilizados pela clínica porque são onerosos.

As médias de custo mensal e por sessão de diálise confirmaram a evidência de que as máquinas mais antigas sofrem mais reparos que as mais novas. Esses gráficos são idênticos no formato, mudando obviamente apenas nos valores em dólar. Como não há uma preferência signi-ficativa por uma determinada máquina, o que é bastante plausível pelo fato de todas pertencerem ao mesmo modelo, os custos por sessão e por mês são diretamente proporcionais. Caso houvesse uma preferência, o custo mensal apresentaria uma proporção menor ao custo por sessão em algumas máquinas, visto que as mesmas foram menos utilizadas durante um mesmo período de um mês. Pôde-se observar que o custo com manutenção de máquinas de HD, determinado pelo MS, para cada sessão de diálise é muito inferior ao da realidade da clínica. Mesmo o recálculo feito pela ABCDT, no intuito de

Figura 5. Comparação entre a média de custo com MC em 2003 e a média de custo com MP durante toda a vida do equipamento.

Figura 6. Tempo médio entre falhas (MTBF) no período entre janeiro e dezembro de 2003.

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reconsiderar o reembolso do MS, ainda não satisfaz essa despesa. Somente o custo obtido com peças de manuten-ção na clínica chega a ser 6,7 vezes maior que o estimado pelo MS. Não obstante, incluindo-se os encargos com mão-de-obra técnica, essa despesa aumentaria para 8,8 vezes ao proposto. Nem as máquinas do grupo 3, com menos de dois anos de uso, apresentaram despesa semelhante. Considerando-se a possibilidade de a clínica realizar apenas a MP recomendada pelo fabricante, levando-se em consideração somente as peças que o mesmo indica, o custo com manutenção seria ainda su-perior ao determinado pelo MS, mas se enquadraria no recálculo da ABCDT. Isso considerando unicamente o custo com material de manutenção, sem a inclusão da mão-de-obra, que neste caso superaria também o custo estimado pela ABCDT. Na clínica, a MP foi bem empre-gada na maioria das máquinas durante o ano de 2003. No entanto, nos anos anteriores, a média de MP não atingiu 50% do proposto. Ou seja, houve uma preocupação maior em manter as máquinas por mais tempo em funciona-mento nos últimos anos.

Outra comparação importante é a representação gráfica que expressa a diferença entre os custos mensais com MC em 2003 e ao longo dos anos de uso. Nela pode-se obpode-servar que espode-se custo vem aumentando a cada ano que passa. Mesmo para as máquinas mais novas, do grupo 3, nota-se um resultado maior em 2003 que no período completo de uso, que foi de 21 meses.

Além do aumento do custo de MC, outro índice problemático é a baixa média de tempo entre falhas (MTBF). Com exceção das máquinas do grupo 3, instala-das em 2002, o MTBF apresentou-se inferior a três meses em várias máquinas, ou seja, um tempo menor que o intervalo mínimo entre a rotina de MP adotada pela clínica. Este resultado deverá melhorar nos próximos anos, executando-se procedimentos de manutenção predi-tiva que visam monitorar os equipamentos constan-temente. Essa avaliação deverá ser gerenciada pela equipe de manutenção, de modo a se alcançar um diferencial positivo para o controle de custos de manutenção.

CONCLUSÃO

O custo de manutenção não deve ser visto como uma despesa extra e inesperada. Ele deve ser constan-temente monitorado, pois o impacto gerado pelo mesmo é significativo e, com o decorrer do tempo de uso, este

impacto tende a se acentuar. Negligenciar essa variável pode gerar inconvenientes e conclusões premeditadas sobre os equipamentos.

Não obstante, deixar de executar um reparo, para evitar um custo, pode provocar conseqüências ainda mais graves e onerosas. A manutenção de equipamentos é ine-vitável; porém, ela pode ser controlada e monitorada de maneira a otimizar o processo de reparo.

Não basta executar apenas um bom reparo, é necessário antever a falha, programar os reparos corre-tivos, de modo a garantir uma diálise mais segura e sem interrupções inesperadas. A vida útil do equipamento de-pende diretamente do custo de manutenção gerado, aliado à segurança que ele pode disponibilizar ao paciente.

REFERÊNCIAS

1. SBN – Sociedade Brasileira de Nefrologia. Disponível em: http://www.sbn.org.br. Acessado em 23 janeiro 2005. 2. ABCDT – Associação Brasileira dos Centros de Diálise e

Transplante. Disponível em: http://www.abcdt.org.br/artigo/ anexo3plancustohemo.pdf. Acessado em 23 janeiro 2005. 3. Pinto AK, Xavier JAN. Manutenção: função estratégica.

Gestão Estratégica da Manutenção. Rio de Janeiro: Q u a l i m a r k: ABRAMAN (Associação Brasileira de Manutenção), 2001. p 9-34.

4. Pinto AK, Xavier JAN. Manutenção: função estratégica. Tipos de Manutenção. Rio de Janeiro: Qualimark: ABRAMAN (Associação Brasileira de Manutenção), 2001. p 35-44. 5. Pinto AK. Gerenciamento moderno da manutenção. Rio de

Janeiro: Qualimark: ABRAMAN, 1995.

6. Calil SJ, Teixeira MS. Gerenciamento de manutenção de equipamentos hospitalares, volume 11. São Paulo: Fundação Peirópolis Ltda., 1998.

7. Viana HRG. PCM, Planejamento e controle de manutenção: Qualimark: ABRAMAN, 2002.

8. Pinto AK, Lafraia JR. Gestão estratégica e confiabilidade. Rio de Janeiro: Qualimark: ABRAMAN, 2002.

9. French B. Hardware Calibration Preventative Maintenance/ Installation of Equipment Procedure. Tampa Bay: Baxter, 2001.

Endereço para correspondência: Miguel Carlos Riella

Rua Bruno Filgueira 369, 17º andar 80240-220 Curitiba, PR

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