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1º Ten Al LEONARDO LUIZ SANGALETTI. ESTERÓIDES ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS conhecer e prevenir

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ESTERÓIDES ANABOLIZANTES

ANDROGÊNICOS

conhecer e prevenir

1º Ten Al LEONARDO LUIZ SANGALETTI

RIO DE JANEIRO 2008

(2)

S225a Sangaletti, Leonardo Luiz.

Anabolizantes Esteróides Androgênicos: conhecer e prevenir /. – Leonardo Luiz Sangaletti. - Rio de Janeiro, 2008.

40 f. ; 30 cm.

Orientador: Antônio Fernando de Araújo Duarte

Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às Ciências Militares.)

Referências: f. 36-39.

1. Anabolizantes. 2. Esteróides. I. Duarte, Antônio Fernando de Araújo. II. Escola de Saúde do Exército. III. Título.

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1º Ten Al LEONARDO LUIZ SANGALETTI

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Saúde do Exército, como requisito parcial para aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço de Saúde, especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares.

ESTERÓIDES ANABOLIZANTES

ANDROGÊNICOS:

(4)

ORIENTADOR: MAJ. ANTÔNIO FERNANDO DE ARAÚJO DUARTE

Rio de Janeiro

2008

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RESUMO

Os hormônios esteróides anabólicos androgênicos (EAA) compreendem a testosterona e seus derivados. Eles são produzidos nos testículos e no córtex adrenal, e promovem as características sexuais secundárias associadas à masculinidade. Eles vêm sendo utilizados desde os tempos antigos para que aumentassem a força dos trabalhadores, assim como utilizado em guerras, para aumentar a agressividade dos soldados e ainda em alguns tratamentos como queimaduras, hipogonadismo primário masculino, deficiências nutricionais entres outras. O grande problema acerca dos anabolizantes são as vendas ilegais, as falsificações e o abuso de sua utilização de maneira indevida. Na nossa Legislação é proibido o uso de anabolizantes sem que haja um motivo terapêutico e é proibida a venda destes compostos sem fiscalização. Estudos recentes em diferentes países têm apontado o aumento do consumo de esteróides anabolizantes entre jovens, e os danos à saúde causados pelo seu uso indiscriminado. Os resultados indicam a necessidade de se desenvolver ações culturalmente apropriadas, voltadas para a prevenção do abuso de anabolizantes junto a essa população.

Palavras chaves: Esteróides Anabolizantes, Abuso de Substância, Androgênios, Esportes

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ABSTRACT

The anabolic androgenic steroids hormones (AAS), comprehend testosterone and its derivatives. They are produced in the testicles and in the adrenal cortex, and promote the secondary sexual characteristics associated to masculinity. They have been used since the old ages to increase workers’ strength, as well as used in wars to increase the soldiers’ aggressiveness, and also in some treatments such as in burns, primary male hypogonadism, nutritional deficiencies and others. The major problem concerning anabolic steroids is its illegal sales, forgeries and the abuse of its utilization in an improper way. In our Legislation it is prohibited the use of anabolic steroids without a therapeutic cause and it is also prohibited the sell of these compounds without supervision. Recent studies in different countries reveal an increase in the use of anabolic steroids among young people and the health damages caused by its indiscriminate use. The results indicate the need to develop culturally appropriated acts directed to the prevention against the misuse of anabolic steroids in this population.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 6

2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS... 8

2.1 PESQUISAS ENVOLVENDO OS ANABOLIZANTES... 8

2.2 USO DE ANABOLIZANTES NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL... 9

2.3 OLIMPÍADAS... 10

3 FUNÇÕES REPRODUTIVAS, SECREÇÃO E METABOLISMO DO HORMÔNIO SEXUAL MASCULINO... 12

3.1 TESTOSTERONA: O PRECURSOR DOA ANABOLIZANTES MODERNOS... 14

3.2 FUNÇÕES DA TESTOSTERONA... 16

3.3 MECANISMO DE AÇÃO DOS ANABOLIZANTES... 17

4 MÉTODOS E UTILIZAÇÃO DOS ESTERÓIDES E ANABÓLICOS... 19

4.1 CICLOS DOS ESTERÓIDES... 21

4.2 USO DE ANABOLIZANTES ESTERÓIDES NA MEDICINA... 22

4.3 ESTERÓIDES ANABÓLICOS MAIS UTILIZADOS... 23

5 EFEITOS ORGÂNICOS COLATERAIS DO USO DE ANABOLIZANTES... 26

5.1 EFEITOS COLATERAIS PSICOLÓGICOS... 28

6 FALSIFICAÇÕES DOS ESTERÓIDES... 29

6.1 VENDAS ILEGAIS... 29

6.2 LEGISLAÇÃO... 30

7 PREVENÇÃO AO USO DE ANABOLIZANTES... 32

8 CONCLUSÃO... 34

(8)

1 INTRODUÇÃO

A tentação de ganhar músculos rapidamente leva cada vez mais os jovens ao abuso dos esteróides sem orientação médica. Os efeitos colaterais, porém, podem ser devastadores. Depois das chamadas drogas ilícitas (maconha, cocaína, crack e tantas outras) e das lícitas (fumo, álcool, anorexígenos, sedativos), uma nova droga começa a preocupar autoridades e profissionais da saúde em todo o mundo, os esteróides anabolizantes. A mídia internacional sempre veicula escândalos envolvendo atletas, treinadores e esportistas em virtude do uso indevido de esteróides. No Brasil, a preocupação não é tanta com os atletas, mas com aquele jovem adolescente que quer ganhar massa e músculos rapidamente, um corpo atlético a curto prazo entregando-se aos anabolizantes, muitas vezes receitados por instrutores e professores de educação física, sem nenhum conhecimento na área, que indicam e vendem essas drogas, podendo estas ser compradas em farmácias, sem exigência de receita médica, apesar da tarja vermelha “venda sob prescrição médica” (RIBEIRO, 2000).

Existem dezenas de produtos a base de esteróides que entram clandestinamente no país e são vendidos em academias e farmácias. Muitas das substâncias vendidas como anabolizantes são falsificadas e acondicionadas em ampolas não esterilizadas ou misturadas a outras drogas. Alguns usuários chegam a utilizar produtos veterinários à base de esteróides, sobre os quais não se tem nenhuma idéia dos riscos prováveis em humanos (CONCEIÇÃO et al, 1999).

Atualmente o número de solicitação de informações sobre os esteróides anabólicos vêm crescendo gradativamente. No entanto, o uso abusivo e indiscriminado pode ocasionar efeitos colaterais graves, os quais são desconhecidos por muitos usuários (SANTOS, 2003).

É particularmente perturbador o aumento da freqüência do seu uso entre os adolescentes, conforme detectado em estudos internacionais (NIDA – NATIONAL INSTITUTE ON DRUG ABUSE, 2001).

Os hormônios esteróides são produzidos pelo córtex da supra-renal e pelas gônadas (ovário e testículo). Os esteróides anabolizantes ou esteróides anabólicos androgênicos (EAA) referem-se aos hormônios esteróides da classe dos hormônios

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sexuais masculinos, promotores e mantenedores das características sexuais associadas à masculinidade (incluindo o trato genital, as características sexuais secundárias e a fertilidade). Os esteróides anabólicos incluem a testosterona e seus derivados (GUYTON, 1992).

Este trabalho tem como objetivo informar sobre tais substâncias, seus efeitos colaterais, seus mecanismos de ação, a respeito das proibições, das falsificações e vendas ilegais, assim como colocar as principais formas de prevenção ao uso abusivo destas substâncias.

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2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS

Os esteróides anabólico-androgênicos são um grupo de compostos naturais e sintéticos formados pela testosterona e seus derivados (LISE et al, 1999).

A busca pela fonte da força humana é antiga. Centenas de anos antes do surgimento da palavra hormônio, a força e o poder foram atribuídos aos órgãos masculinos (SANTOS, 2003).

Na China, o Imperador Shen-Nung, cuja dinastia viveu cerca de 2.700 anos a.C., já conhecia os efeitos estimulantes da infusão de “machuang”, uma folha que contém altas concentrações de efedrina, e era rotineiramente utilizada para aumentar a capacidade de trabalho (COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO, 2004). De acordo com os relatos de Philostratus, já nos Jogos Olímpicos da Antigüidade, que foram iniciados no ano 800 A.C., os atletas bebiam chás de diversas ervas e comiam certos tipos de cogumelos buscando aumentar seu rendimento atlético nas competições (COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO, 2004).

Os povos primitivos comiam órgãos de animais, algumas vezes de humanos, na crença de assim aumentarem sua força, coragem ou função sexual. A prática da castração humana, provavelmente originada na Babilônia, evidenciou que a perda dos testículos significava para os machos não só a perda da fertilidade, mas também de sua força, seu poder e sua agressividade (SANTOS, 2003).

2.1 PESQUISAS ENVOLVENDO OS ANABOLIZANTES

Houve uma multiplicação nas pesquisas envolvendo os hormônios e o sistema endócrino com uma série de observações a respeito do controle hormonal, o que é feito e quais são os hormônios responsáveis por uma função especial (LISE et al, 1999).

Em 1849, um cientista alemão chamado Berthold fez uma experiência com pássaros. Mostrou que as mudanças nas penas, ocorridas quando eles foram castrados, poderiam ser prevenidas se os testículos removidos fossem

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transplantados para dentro da cavidade abdominal. Esse experimento tornou claro que a substância masculinizante ativa, estava na corrente sanguínea e não envolvia o sistema nervoso central (SANTOS, 2003).

No inicio da década de 50, os cientistas descobriram que a testosterona tinha duas qualidades distintas: anabólica e androgênica. Começou-se então a procurar uma maneira de separar essas características (YEASLIS, 1998 apud SILVA, 2002).

Nesta mesma época a testosterona foi utilizada sob forma oral e injetável no tratamento de alguns tipos de anemia, em doenças com perda muscular, bem como em pacientes pós-cirúrgicos para diminuir a atrofia muscular secundária (LISE et al, 1999).

Em 1889, um médico francês chamado Charles – Edouard Brown-Séquard desenvolveu uma série de experiências em que injetava extratos feitos de testículos de animais em cães e até em si mesmo (HAYES, 2000 e YESALIS, 1998 apud SANTOS, 2003).

O Dr. Charles Kochakian foi o cientista mais importante na pesquisa hormonal, sendo considerado o pai dos esteróides anabólicos (YESALIS, 1998 apud SANTOS, 2003). Ele demonstrou que o hormônio extraído da urina dos machos estimulava forte balanço nitrogenado positivo em cães castrados. Essa pesquisa estabelecia a propriedade anabólica e a construção de tecido pela testosterona (SANTOS, 2003).

Segundo YESALIS (1998) apud SILVA (2002) o nome esteróide vem de uma palavra grega que significa sólido. O corpo humano é capaz de produzir mais de seiscentos tipos diferentes de esteróides, incluindo a testosterona, e muitos deles manifestam as atividades do hormônio masculino.

2.2 USO DE ANABOLIZANTES NA SEGUNDA GUERRA

MUNDIAL

Cientistas alemães, trabalhando durante a Segunda Guerra Mundial, foram os primeiros a sintetizar os esteróides anabólicos. Alguns depoimentos pessoais sobre a Guerra revelaram que os alemães davam esteróides anabólicos às suas

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tropas com intenção de aumentar sua agressividade. Sabe-se, de fato, dos recordes físicos de Adolf Hitler, e que ele tomava esteróides anabólicos, especula-se que seu uso tenha ampliado sua personalidade agressiva (SANTOS, 2003).

O uso terapêutico da testosterona até esta época restringia-se ao tratamento de pacientes queimados, deprimidos ou em recuperação de grandes cirurgias. Já nos anos 50, passou a ser utilizada sob forma oral e injetável também no tratamento de alguns tipos de anemia, em doenças com perda muscular, bem como em pacientes pós-cirúrgicos para diminuir a atrofia muscular secundária (GHAPHERY, 1995 apud LISE et al, 1999).

Durante e imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, duas substâncias extremamente eficientes em aumentar de modo artificial a performance dos atletas surgem no mercado: a anfetamina e os anabólicos esteróides. A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de pilotos e comandos durante a guerra, eliminando a fome, a sede e a fadiga. Após o término desta guerra, os jovens soldados se converteram em atletas, e levaram aos estádios o seu conhecimento sobre este estimulante (COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO, 2004).

A partir disto, a testosterona começou a ser utilizada por atletas russos, europeus e americanos, esses atletas dominaram os esportes e os recordes mundiais precedentes. Uma década mais tarde, os esteróides estavam disponíveis no mercado (SILVA, 2002).

De acordo com SANTOS (2003) os esteróides anabólicos sintéticos foram criados por pequenas modificações na molécula da testosterona. As pequenas diferenças associadas a essas modificações resultaram em diferentes tipos de esteróides anabólicos, com diferentes propriedades.

2.3 OLIMPÍADAS

De 1936 a 1964, seis Jogos Olímpicos foram realizados. Nesta época, foi evidente o uso do esporte como um instrumento da luta pela supremacia política, de uma forma de promoção de raça, religião e formas de governo. As substâncias mais utilizadas neste período foram: a anfetamina, nos esportes de tipo aeróbico, e os

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anabólicos esteróides, depois de 1954, nos esportes de força e potência. O doping nos Jogos culminou com a morte de um ciclista finlandês por overdose de anfetamina em Roma (1960) e pelo uso massivo de esteróides anabolizantes em Tóquio (1964), que repercutiu de uma forma extremamente negativa para o Movimento Olímpico (COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO, 2004).

Durante as Olimpíadas de Sidney, em 2000, a nandrolona foi o esteróide anabólico que ganhou destaque após a revelação do exame de diversos atletas importantes de modalidades esportivas que geralmente não empregavam anabolizantes. Dentre eles, o de Linford Christie (medalha de ouro olímpica em Barcelona em 1992) revelou a presença desse esteróide. Este fato gerou grande discussão em relação aos níveis aceitáveis de seu metabólito (SILVA, 2002).

O controle antidoping foi implantado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) no ano de 1968, de lá para cá a lista de substâncias proibidas vem crescendo paulatinamente, impulsionada tanto a um avanço nas técnicas de síntese de medicamentos, quanto pelas técnicas analíticas utilizadas para coibir o uso de doping. As técnicas analíticas devem se desenvolver para possibilitar a detecção de novas substâncias e coibir o uso de doping, impedindo que este possa ocorrer sem que haja a possibilidade de detecção, como aconteceu recentemente com o escândalo da tetrahidrogestrinona (THG). O THG, que é um esteróide que foi recentemente modificado por químicos, tornando-o indetectável nos exames antidoping, foi utilizado por competidores norte-americanos durante a última olimpíada (COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO, 2004).

Além de uso médico, os esteróides têm propriedades capazes de aumentar a massa muscular, e por esse motivo são muito procurados por atletas ou pessoas que querem melhorar seu desempenho e sua aparência física (SANTOS, 2003 e SILVA, 2002).

No Brasil não se tem estimativa acerca do perfil do usuário, mas sabe-se que o consumidor preferencial está entre 18 e 34 anos e, em geral, é do sexo masculino (SANTOS, 2003).

(14)

3

FUNÇÕES

REPRODUTIVAS,

SECREÇÃO

E

METABOLISMO DO HORMÔNIO SEXUAL MASCULINO

As funções reprodutivas do homem podem ser divididas em três grupos principais: a espermatogênese, que se refere simplesmente à formação do esperma, o desempenho do ato sexual masculino e a regulação das funções reprodutivas masculinas pelos vários hormônios. Associados a essas funções reprodutivas estão os efeitos dos hormônios sexuais acessórios, metabolismo celular, crescimento e outras funções do organismo (GUYTON, 1992).

O testículo do adulto é um esferóide alongado com um volume médio de 18,6 ml (+ – 4,8 mL). Eles se localizam no escroto, que não apenas serve como envoltório protetor, mas também ajuda a manter a temperatura testicular aproximadamente 2°C abaixo da temperatura abdominal. Em cada testículo, há quase 200m de túbulos seminíferos. Os aproximadamente 350 milhões de células de Leydig produtoras de androgênio, assim como os vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e fibroblastos estão interpostos entre os túbulos seminíferos (BRAUNSTEIN, 2000).

Figura 1. Secção de um testículo. Vista Dorsal do testículo mostrando seu interior. (Fonte: VANDER 2001)

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Os testículos contêm dois componentes principais, estruturalmente distintos e com funções diferentes, sendo eles as células de Sertoli que tem como função estimular a produção de espermatozóides e as células de Leydig que produzem testosterona. As células de Leydig constituem o principal componente endócrino. O produto secretor primário destas células, a testosterona, é responsável pela diferenciação embrionária seguindo as linhas masculinas da genitália externa e interna, capacitação e diferenciação dos espermatozóides, pelo desenvolvimento sexual secundário masculino na puberdade, bem como pela manutenção da libido e da potência no homem adulto. Os túbulos seminíferos são responsáveis pela produção de espermatozóides, cerca de 30 milhões por dia, durante toda a vida reprodutiva masculina (NORMAN, 1997).

Figura 2. Corte transversal de um testículo. Observar as células em marrom estão dentro dos túbulos seminíferos, locais de produção de esperma. Os túbulos estão separados pelo espaço intersticial que contém células de Leydig e vasos sanguíneos. (Fonte: VANDER 2001)

(16)

Os testículos secretam diversos hormônios sexuais masculinos, coletivamente denominados androgênios, incluindo testosterona, diidrotestosterona e androstenediona. Neste trabalho, será abordado apenas o hormônio testosterona, todavia, a testosterona é muito mais abundante do que os demais hormônios, de modo que ela pode ser considerada como o hormônio testicular fundamental. Mais de 95% da testosterona são secretados pelas células de Leydig testiculares, o resto provém das supra-renais. (BRAUNSTEIN, 2000).

3.1

TESTOSTERONA:

O

PRECURSOR

DOS

ANABOLIZANTES MODERNOS

A testosterona é formada pelas células intersticiais de Leydig localizadas nos interstícios entre os túbulos seminíferos, constituindo cerca de 20% da massa dos testículos do adulto. As células de Leydig quase não existem durante a infância, quando o testículo praticamente não secreta testosterona, todavia, são numerosas no lactente do sexo masculino (GUYTON, 1992).

O hipotálamo sintetiza um decapeptídeo, hormônio de liberação da gonadotrofina (GnRH), e secreta-o em pulsos a cada 90-120 minutos para o sangue portal hipotalâmico-hipofisário. Após chegar a hipófise anterior, o GnRH liga-se aos gonadotrófos e estimula a liberação do hormônio luteinizante (LH) e, em menor extensão, o hormônio folículo estimulante (FSH), para a circulação geral. O LH é captado pelas células de Leydig, onde se liga a receptores específicos da membrana. A ligação de LH ao receptor leva à ativação da adenil ciclase e à geração de AMPc e outros mensageiros que resultam na secreção dos androgênios. Por sua vez, a elevação dos androgênios inibe a secreção de LH pela hipófise anterior através da ação direta sobre a hipófise e um efeito inibidor em nível hipotalâmico. Tanto a hipófise quanto hipotálamo possuem receptores para o androgênio e estrogênio. Já o hormônio FSH é necessário para o inicio da espermatogênese (BRAUNSTEIN, 2000).

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Figura 3. Padrão geral do controle reprodutivo. (Fonte: VANDER 2001)

A testosterona, após ser secretada pelos testículos, liga-se frouxamente à albumina plasmática ou mais fortemente a uma beta-globulina e circula na corrente sangüínea durante cerca de 30 minutos à 1 hora. Nesse período liga-se aos tecidos ou sofre degradação a produtos inativos que são subseqüentemente excretados (GUYTON, 1992).

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3.2 FUNÇÕES DA TESTOSTERONA

A testosterona é responsável pelas características peculiares do corpo masculino. Mesmo durante a vida fetal, os testículos são estimulados pela gonadotrofina coriônica proveniente da placenta, produzindo quantidades moderadas de testosterona durante todo o desenvolvimento fetal e durante três ou mais semanas após o nascimento (NORMAN, 1997).

A testosterona secretada inicialmente pelas cristas genitais e, mais tarde pelos testículos fetais é responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais masculinos incluindo formação do pênis e da bolsa escrotal em lugar da formação do clitóris e da vagina. Além disso, determina a formação da glândula prostática, das vesículas seminais e dutos genitais masculinos, suprimindo, ao mesmo tempo, a formação dos órgãos genitais femininos. Em geral, os testículos descem para a bolsa escrotal durante os dois últimos meses da gestação. Por conseguinte, o estímulo para a descida dos testículos é a testosterona, indicando ser um hormônio importante para o desenvolvimento sexual masculino durante a vida fetal. (GUYTON, 1992).

Após a puberdade, o reinicio da secreção da testosterona determina aumento de até oito vezes do tamanho do pênis, da bolsa escrotal e dos testículos antes dos 20 anos de idade. Além disso, a testosterona induz, ao mesmo tempo, o desenvolvimento dos caracteres secundários do homem, que começa na puberdade e termina na maturidade (GUYTON, 1992).

De acordo com BRAUSNTEIN (2000) e WILMORE (2001) a testosterona provoca crescimento de pêlos, sobre o púbis, na face, geralmente no peito, nas axilas e com menos freqüência em outras regiões do corpo, como as costas. Além disso, faz com que os pêlos da maior parte das outras regiões do corpo se tornem mais abundantes. Ela também diminui o crescimento de cabelos no alto da cabeça, isso em indivíduos que têm predisposição genética. Ela também provoca hipertrofia da mucosa da laringe e aumento desse órgão, determinando uma voz dissonante e rachada que gradualmente se transforma na voz grave típica do adulto do sexo masculino. Ela é responsável pelo aumento da espessura da pele em todo o corpo, bem como a consistência dos tecidos subcutâneos, ela também aumenta a

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velocidade de secreção de algumas glândulas sebáceas. Essa secreção excessiva na face pode causar acne, característica comum na adolescência.

Uma das características masculinas mais importantes consiste no desenvolvimento de maior musculatura após a puberdade resultando em aumento médio de cerca de 50% da massa muscular em relação à da mulher. Essa maior musculatura está associada a aumento de proteínas em outras partes do corpo.

Muitas das alterações cutâneas também decorrem da deposição de proteínas na pele e as alterações da voz provavelmente resultam dessa função anabólica protéica da testosterona (GUYTON, 1992).

No homem adulto normal, a concentração plasmática de testosterona varia de 300 a 1.000ng/dl e a taxa de produção diária está entre 2,5 e 11mg (GUYTON, 1992).

3.3 MECANISMO DE AÇÃO DOS ANABOLIZANTES

O mecanismo de ação mais comum para a maioria dos hormônios é o mecanismo AMP cíclico. AMP significa adenosina monofosfato, composto semelhante ao ATP (Adenosina Tri-Fosfato), e por atuar na maioria dos hormônios é denominado mensageiro para mediação hormonal. O AMP cíclico é o mensageiro mais estudado, pois no caso dos hormônios esteróides eles interagem diretamente com o receptor no citoplasma ou no núcleo (SANTOS, 2003 e WILMORE, 2001).

Os esteróides anabólicos utilizados pelos atletas são substâncias hormonais produzidas em laboratório e que acarretam efeito masculinizante, principalmente aumento na síntese de proteínas nas células. A biossíntese e o mecanismo do hormônio esteróide funcionam da seguinte forma (WILMORE, 2001):

a) O colesterol é o precursor de todos os esteróides (WILMORE, 2001) b) A testosterona presente no sangue atravessa com facilidade a parede da célula até chegar ao citoplasma. Exercendo sua influência sobre as células ou tecido-alvos específicos através da interação exclusiva entre o hormônio e os receptores específicos do hormônio localizados no interior da célula (WILMORE, 2001).

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c) Mesmo sendo um hormônio sintetizado, o anabolizante tem o mesmo formato do hormônio natural. No citoplasma da célula, essa substância liga-se aos receptores androgênicos, responsáveis exclusivos pelo transporte do hormônio masculino (WILMORE, 2001).

d) O complexo, formado pela testosterona e pelo receptor androgênico, entra no núcleo onde está o DNA da célula. Cada complexo combina-se com uma parte do DNA (ácido desoxirribonucléico) e forma o chamado RNA mensageiro (mRNA). O complexo esteróide-receptor acelera a produção de ácido ribonucléico (WILMORE, 2001).

e) O mRNA leva o código transmitido pelo DNA de volta ao citoplasma. A partir daí, inicia-se a fase efetiva de síntese protéica, pois os ribossomos (as estruturas plasmáticas onde são sintetizadas as proteínas) já podem transportar os formadores da proteína (WILMORE, 2001).

f) Cada ribossomo que carrega um aminoácido se fixa em uma parte do RNA. Toda a fita do RNA formada por combinações recebe os ribossomos, e os aminoácidos vão se juntando até formar uma enorme cadeia. Essa cadeia é a proteína (WILMORE, 2001).

g) Quando o individuo usa anabolizante, há muitas partículas de hormônio masculino no citoplasma. Isso acelera a atividade da célula e provoca a síntese de mais proteínas que o normalmente observado em um organismo sem as substâncias sintéticas. Algumas dessas proteínas musculares são a actina e a miosina, proteínas contráteis produtoras de energia (LAMB, 1996). Os esteróides anabólicos androgênicos são substâncias químicas de derivação sintética, similares à testosterona. Ao sintetizar essas substâncias, popularmente chamadas de anabolizantes, os químicos potencializaram seus efeitos anabólicos e reduziram os androgênicos. Ao usar uma substância cujas propriedades anabólicas foram reforçadas, o indivíduo tem a massa muscular e a força física significativamente aumentadas, com conseqüente aumento de rendimento esportivo (LIMA, 1999).

O mecanismo de ação dos esteróides anabolizantes inclui os efeitos: placebo, em nível psicológico; euforizante, diminuindo o cansaço; anticatabolizante, diminuindo a perda de massa muscular e aumento da utilização e da síntese protéica (RIBEIRO, 2000).

(21)

4

MÉTODOS

E

UTILIZAÇÃO

DOS

ESTERÓIDES

ANABÓLICOS

Em relação à forma de uso, os esteróides anabólicos são administrados em “ciclos” que duram de 4 a 12 semanas, freqüentemente envolvendo várias drogas simultaneamente ou doses que são gradualmente aumentadas e a seguir diminuída, administradas por via oral e via intramuscular associadamente, com períodos de abstinência que variam entre um mês e um ano (MANETTA, 2000).

Estudos têm descrito que as formas com que os esteróides anabólicos são utilizados obedecem, basicamente, a três metodologias: a primeira, conhecida como "ciclo", refere-se a qualquer período de utilização de tempos em tempos, que varia de quatro a 18 semanas; a segunda, denominada "pirâmide", começa com pequenas doses, aumentando-se progressivamente até o ápice e, após atingir esta dosagem máxima, existe a redução regressiva até o final do período; e a terceira, conhecida como "stacking" (uso alternado de esteróides de acordo com a toxicidade), refere-se à utilização de vários esteróides ao mesmo tempo (SILVA, 2002).

Conforme WU (1997) apud SILVA (2002) há também o hábito comum de utilizar a mistura dos três métodos descritos acima. Os esteróides são administrados, geralmente, em doses supra fisiológicas que poderão chegar a até 500mg por dia consumidas por várias semanas ou meses.

Estas doses usadas costumam ser 10 a 100 vezes maiores que as doses habitualmente preconizadas em tratamentos e estudos médicos (SANTOS, 2003).

Como no caso de alguns andrógenos injetáveis usados em terapias com os nomes genéricos Testoject-50® de uso intramuscular, com dosagem de 10 a 50 mg três vezes por semana, Testex, que se trata de uma solução oleosa para uso intramuscular, utilizado de 10 a 25 mg três vezes por semana, Delatestryl-solução oleosa® para uso intramuscular, de 50 a 400 mg a cada dois a quatro semanas e o Depo-Testosterona® que se trata também de uma solução oleosa de uso intramuscular, de 50 a 400 mg a cada dois a quatro semanas. Há também os andrógenos orais utilizados em terapia como o Danocrine® que são cápsulas de 200 a 800 mg diário, o Halotestin com tabletes de 2,5 a 20 mg diário, o Oreton®, Testred® e Virilon® sendo em tabletes e cápsulas de 10 a 50 mg diário e tabletes

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bucais de 5 a 25 mg diário. E o Oxandrin® com tabletes de 2,5 a 25 mg diário (SANTOS, 2003).

Os esteróides anabólicos sintéticos produzidos pela indústria farmacêutica são apresentados de diversas formas: creme, spray nasal, supositório, selo de fixação na pele e sublingual, porém os mais conhecidos são os orais, em forma de comprimidos e dependendo da dosagem, a droga é usualmente parcelada durante o dia, injetáveis, estes esteróides devem ser utilizados via intramuscular e não intravenosa ou subcutânea (RIBEIRO, 2000).

O uso ilícito de esteróides pode levar o usuário a utilizar centenas de doses a mais do que aquela recomendada pelo médico. Freqüentemente, combinam diferentes esteróides entre si para aumentar a sua efetividade. Outra forma de uso dessas drogas é tomá-las durante 6 a 12 semanas, ou mais e depois parar por várias semanas e recomeçar novamente (LISE et al, 1999).

Nos Estados Unidos, 50% dos usuários utilizam esteróides anabólicos por via intramuscular, sendo que 20% destes compartilham seringas, havendo grande risco de contraírem alguma doença infecto-contagiosa. RICH et al. (1999) relataram em seu estudo a incidência de infecções decorrentes da administração de esteróides anabólicos por via intramuscular em atletas de culturismo e levantamento de peso.

Foram encontrados três casos de infecção por HIV (heterossexuais que compartilharam seringas em várias ocasiões), um por hepatite B (conjuntamente com um dos casos de HIV), um por hepatite C, oito relatos de formação de abscessos (dois casos ocorreram depois do uso de um preparo de estanozolol veterinário contaminado, e os demais casos devido à falta de assepsia e pela procedência incerta das drogas), e outro de infecção por Cândida albicans (por imunossupressão secundária pelo uso de anabolizantes por dois anos).

A sobrevida de um esteróide é o período em que ele continua ativo no sistema. Com uma sobrevida curta, as drogas orais, precisam ser administradas com mais freqüência. Dependendo da qualidade e da potência da droga, bem como as condições físicas da pessoa, muitos esteróides orais têm sobrevida em torno de 3 a 4 horas. Devem, portanto, ser tomados várias vezes durante o ciclo do esteróide, acarretando enorme esforço ao fígado (LAMB, 1996).

Segundo SANTOS (2003) os esteróides injetáveis são considerados “seguros” pelos usuários, pois não precisam ser digeridos. Esteróides injetáveis têm

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geralmente sobrevida longa e é o escolhido pela grande maioria dos usuários experientes.

4.1 CICLOS DOS ESTERÓIDES

As doses dos esteróides anabólicos que os indivíduos atletas tomam durante os ciclos, períodos que se prolongam de 6 a 18 semanas ou mais, são freqüentemente cem vezes maior que a dose terapêutica (CEBRID – CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICÓTICAS, 1999).

De acordo com SANTOS (2003) a maneira mais eficaz de usar uma droga (com qualquer finalidade) é conseguir resultados máximos com uma dosagem mínima, e isso pode ser conseguido com os esteróides anabólicos, minimizando os efeitos colaterais a tal ponto que não cheguem de fato a ameaçar o individuo, desde que tanto órgãos (fígado, rim, coração) quanto funções do corpo permaneçam normais e saudáveis nesse período. O uso de esteróides pode acelerar uma resposta que o organismo daria em anos, ou até mesmo não o faria sem o seu uso, como tumores hepáticos, calvície e outros efeitos adversos.

Algumas medidas preventivas aos efeitos colaterais de esteróides anabólicos androgênicos começaram a ser adotadas pelos seus usuários. Como no caso dos esteróides orais, que por serem mais tóxicos ao fígado que os esteróides injetáveis, eles são evitados ou utilizados em menor quantidade (SANTOS, 2003).

São utilizadas drogas com efeito mais anabólico que androgênico, pois a qualidade anabólica está associada à qualidade de construir tecido muscular, enquanto a qualidade androgênica está associada ao efeito da feminilização nos homens e outros efeitos colaterais indesejáveis, e masculinizantes nas mulheres como voz profunda, pele grossa, pêlo facial e corporal, etc (SANTOS, 2003).

Segundo SANTOS (2003) as drogas mais androgênicas são: Hemogenin e Dianabol. E as mais anabólicas são: Winstrol®, Deca®, Oxandrolona® e Equifort®.

Todos que pretendem se tornar usuários ou experimentar os esteróides deveriam primeiro compreender os efeitos positivos e negativos associados a seu

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uso. Quanto mais informações houver acerca da droga a ser utilizada e seus efeitos, menos nociva ela será.

Nos ciclos, o mais popular é o decanoato de nandrolona, conhecido geralmente com o nome comercial de deca-durabolin. Considera-se este de melhor relação ao efeito colateral, porque é um esteróide anabólico e não tem nenhuma propriedade androgênica significativa, mas a longo prazo deixam resíduos detectáveis (CEBRID - CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICÓTICAS, 1999 E SANTOS, 2003).

Os ciclos não são fixos, mas sim fruto de trabalho especulativo e subjetivo. Sua variação é extensa, tanto em dosagem como em período (SANTOS, 2003).

4.2 USO DE ANABOLIZANTES ESTERÓIDES NA MEDICINA

Atualmente, para alguns tipos de doenças, são indicados medicamentos à base de anabolizantes esteróides, é o caso do hipogonadismo primário masculino, deficiência nutricional ou crônica, anemia refratária, edema angioneurótico hereditário e distrofias musculares (AIDS e doenças reumáticas). Mesmo assim, não deixam de ser observados os efeitos tóxicos causados pela administração desses medicamentos (DIRETRIZ DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE, 2003).

A testosterona é prescrita, normalmente, para o tratamento do câncer de mama na mulher, para a deficiência de androgênio, e para estimular crescimento, ganho de peso e produção de células vermelhas no sangue. São usados também para ajudar pacientes em recuperação de cirurgias e tratamentos de câncer que resultaram em danos ao tecido muscular. Até o momento, muitos médicos estão experimentando o uso de esteróides anabólicos para tratar a andropausa, também chamada menopausa masculina, que provoca sintomas desagradáveis no homem a partir dos 50 anos, sendo muitas vezes confundida com estresse. Por isso, existe a reposição química, que diminui o envelhecimento e a degeneração do sistema hormonal (LAMB, 1996 e SILVA, 2002).

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A FDA (FEDERAL DRUG ASSOCIATION) lista as seguintes indicações médicas aprovadas para o uso de EAA: ganho de peso por portadores de AIDS; diminuição da dor óssea na osteoporose; catabolismo induzido por corticosteróide; anemia grave; angioedema hereditário; câncer de mama metastático ou deficiência hormonal masculina (GIBSON, 1994 apud LISE et al, 1999).

Os esteróides anabólicos androgênicos são utilizados primariamente em indivíduos do sexo masculino com deficiência androgênica para o desenvolvimento e manutenção das características secundárias masculinas, em crianças com retardo de puberdade e adultos com insuficiência testicular. Quando há necessidade de reposição androgênica, as preparações parenterais (IM - INTRAMUSCULAR) são as mais efetivas. Também podem ser utilizados sob forma de filmes de testosterona aplicados sobre a pele do escroto, permitindo a manutenção da concentração plasmática em níveis normais (LISE et al, 1999 e SILVA, 2002).

Por outro lado, são contra-indicações ao uso de esteróides: homens portadores de cânceres sensíveis (dependentes) a andrógenos, como o câncer prostático e em mulheres gestantes, uma vez que estes fármacos cruzam a placenta e podem causar masculinização em fetos femininos (GIBSON, 1994 apud LISE et al, 1999).

4.3 ESTERÓIDES ANABÓLICOS MAIS UTILIZADOS

Os esteróides anabólicos androgênicos vêm despertando a atenção dos pesquisadores nas últimas décadas, devido ao seu envolvimento com esportes de alto nível (SANTOS, 2003).

O uso dos esteróides, compostos químicos que possuem mecanismo de ação semelhante à testosterona, em sua maioria, visam o aumento de massa muscular, com conseqüente incremento do metabolismo protéico (PERES, 1995).

Segundo o NIDA (NATIONAL INSTITUTE ON DRUG ABUSE) (2001) os esteróides anabólicos androgênicos mais consumidos são:

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Tabela – 1. Lista dos esteróides anabólicos androgênicos mais consumidos. Esteróides orais Esteróides injetáveis

Anadrol® (oximetolona) Deca-Durabolin® (decanoato de nandrolona)

Oxadrin® (oxandrolona) Durabolin® (feniilpropionato de nandrolona)

Dianabol® (metandrostenolona) Deposteron® (cipionato de testosterona) Winstrol® (estanozolol) Equipoise® (undecilenato de boldenona) Hemogenin® (oximetalona) Testosterona cipionato® (cipionato) Fonte: SILVA et al, 2002.

Anadrol® é uma versão estrangeira da Oximetalona, comercializada no Brasil como nome de Hemogenin®, que se trata de um esteróide oral, indicado em terapias para o tratamento de anemia causada pela produção deficiente de eritrócitos. Sua ação androgênica é semelhante à da testosterona, ou seja, muito alta. Proporciona ganho rápido de força e volume muscular (SANTOS, 2003).

Dianabol® foi desenvolvido em 1956, este foi o primeiro esteróide utilizado por atletas americanos, sendo o mais popular entre os atletas. Ele produz um efeito rápido e forte. De quatro a cinco comprimidos por dia são o suficiente para dar os resultados e o comportamento agressivo pode ser aumentado (SILVA, 1996).

Winstrol® é o nome comum para a droga estanozolol, este esteróide exibe baixo efeito colateral, e é indicado na terapia de algumas doenças. Este não é muito forte e pode ser combinado com outras drogas, é usado para reter água e gordura no organismo (LAMB, 1996).

Deca-durabolin® é indicado em terapias específicas e medidas dietéticas, sendo o favorito por muitos usuários e pesquisas revelam ser o mais disponível no mercado. A dosagem utilizada para os homens é de 200 a 400 mg por semana e, para as mulheres de 50 a 100 mg por semana. Esta droga apresenta alta retenção de nitrogênio, mas apresenta mínima toxidade ao fígado (RIBEIRO, 2000).

A deca-durabolin® se caracteriza como um esteróide anabólico que apresenta efeitos poupadores protéicos e anticatabólicos, além de efeitos favoráveis no metabolismo do cálcio. Sabe-se da literatura, que este anabólico não apresenta efeitos androgênicos. (CEBRID - CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICÓTICAS, 1999).

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A droga Durabolin® é quase idêntica a Deca-durabolin®, exceto pela velocidade de absorção. Ela age de maneira rápida no sistema e permanece ativa por menos de uma semana (SANTOS, 2003).

Deposteron® é um éster da testosterona, promovendo ganho rápido de força e volume muscular. Aumenta a retenção hídrica, promovendo, portanto, grande

elevação na pressão arterial (LAMB, 1996).

Equipoise® é uma droga de uso exclusivamente veterinário, mas há vários anos tem sido utilizada por fisiculturistas para aumento de força e volume. Possui efeito similar à Deca-durabolin (SANTOS, 2003).

A testosterona cipionato® é um éster em base oleosa de ação prolongada, promovendo aumento de força e tamanho (RIBEIRO, 2000).

Estudos mostram que os anabolizantes mais utilizados são Deca-durabolin® e Hemogenin®, sendo que a maioria dos usuários tem entre 18 e 26 anos de idade, em geral do sexo masculino, e os instrutores de academias os que mais indicam o uso dos anabolizantes (ARAÚJO et al, 2002).

Segundo SOUZA (2002) os anabolizantes vem sendo utilizados por adolescentes e pré–adolescentes, com fins de melhorar a aparência e melhor desempenho atlético.

No Brasil, CONCEIÇÃO et al., em 1999, realizaram estudo sobre o uso de EAA por praticantes de musculação das academias de Porto Alegre, demonstrando que 24,3% dos indivíduos usavam esteróides; em 34% dos casos as drogas eram utilizadas por vontade própria, em 34%, por indicação de outros atletas, em 19%, por indicação dos amigos, em 9%, por indicação de professores e, em 4% dos casos, sob prescrição médica. Os anabolizantes mais utilizados foram a nandrolona (37%), o estanozolol (21%) e a testosterona cristalizada (18%). Demonstrou-se, também, que 80% dos usuários de esteróides utilizam mais de um anabolizante e 35% experimentaram dependência física e psicológica; as principais motivações ao consumo dessas substâncias foram a aquisição de força (42,2%), aquisição de beleza (27,3%) e a melhora no desempenho (18,2%).

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5 EFEITOS ORGÂNICOS COLATERAIS DO USO DE

ANABOLIZANTE

Os anabolizantes agem no hipotálamo e na pituitária para suprimir a produção de GnRH, FSH e LH, causando uma diminuição na produção de testosterona natural nos testículos e também reduzindo ou cessando a produção de espermatozóides. Esse efeito não é sempre reversível, mesmo quando os andrógenos artificiais são suspensos. Cânceres da próstata são freqüentemente dependentes da testosterona (conseqüentemente, seu tratamento é feito por castração) e eles podem progredir rapidamente na presença de alto nível de andrógenos. Uma porcentagem de testosterona é convertida em estrogênio e alguns andrógenos artificiais possuem também efeitos de estrogênios, causando aumento do tecido dos seios por debaixo dos mamilos (ginecomastia). Isso é ocasionalmente visto, naturalmente, em garotos púberes e numa pequena porcentagem da população de homens adultos (RIBEIRO, 2000 e SILVA, 2002).

Os principais efeitos colaterais do uso abusivo de esteróides são tremores, acne grave, retenção de líquidos, dores nas juntas, aumento da pressão sangüínea, alteração do metabolismo do colesterol – diminuindo o HDL (high density = alta densidade a boa forma do colesterol) e aumentando o LDL (low density = baixa densidade o mau colesterol) com aumento do risco de doenças coronarianas, pois o uso dos esteróides eleva o nível do colesterol no sistema, causando engrossamento nas paredes das artérias e pode constituir ameaça à vida, alterações nos testes de função hepática, icterícia e tumores no fígado, exacerbação da apnéia do sono, estrias e maior tendência às lesões do aparelho locomotor, pois as articulações não estão aptas para o aumento de força muscular. Além desses, aqueles que fazem uso de injeções ainda correm o perigo de compartilhar seringas e contaminar-se com o vírus da AIDS ou hepatite C (KOZIRIS, 2000 e WILMORE, 2001)).

As drogas de uso oral estão mais associadas aos tumores do fígado, à icterícia obstrutiva, à formação de cistos hepáticos hemorrágicos, ao desencadeamento do diabetes e às doenças cardíacas coronarianas. Os mecanismos das doenças são: maior metabolismo hepático das drogas, aumento da resistência celular à insulina e depressão do HDL - colesterol. As drogas injetáveis

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produzem ginecomastia e maior tendência para a trombose cerebral e periférica, em virtude da maior formação metabólica de hormônios femininos (estrogênios) (SANTOS, 2003; PAGNANI, 2005; MANETTA, 2000 e WILMORE, 2001).

Ainda no homem ocorrem: diminuição ou atrofia do volume testicular, redução da contagem de espermatozóides, impotência, infertilidade, calvície, desenvolvimento de mamas, dificuldade ou dor para urinar, aumento da próstata, ginecomastia nem sempre reversível e estímulo sexual excessivo (RIBEIRO, 2000; SANTOS, 2003 e SILVA, 2002).

Na mulher ocorrem: crescimento de pêlos com distribuição masculina, alterações ou ausência de ciclo menstrual, aumento do clitóris, voz grossa e diminuição de seios (atrofia do tecido mamário) (RIBEIRO, 2000 e LISE et al, 1999).

No adolescente ocorrem: maturação esquelética precoce com fechamento prematuro das epífises ósseas, baixa estatura e puberdade acelerada, levando a um crescimento raquítico (SANTOS, 2003; SILVA, 2002 e KOZIRIS, 2000).

Durante o uso dos esteróides anabolizantes, geralmente em períodos de seis a oito semanas, ocorre acentuada diminuição da fertilidade, produzindo um efeito deletério na secreção gonadotrófica, interferindo na espermatogênese, aumentando a libido e tendo uma diminuição da testosterona endógena (TELOKEN, 2000 e KOSIRIS, 2000).

Muitos usuários ficam dependentes de esteróides por conta do mal-estar produzido pela supressão da droga, e é muito comum a necessidade de intervenção psiquiátrica. O retorno aos níveis normais de produção hormonal costumam ocorrer em cerca de três meses após o fim do ciclo, mas existem relatos de hipogonadismo permanente em conseqüência de muitos anos de utilização contínua de esteróides anabolizantes. A fertilidade normal pode tardar de seis meses a um ano, justificando a proposta de utilização dos esteróides androgênicos como anticoncepcionais masculinos (SANTOS, 2003; LISE et al, 1999 e MANETTA, 2000).

As mortes que têm sido associadas aos esteróides anabolizantes parecem ser decorrentes do uso contínuo prolongado ou doses abusivas. As causas dos óbitos foram infartos cardíacos, trombose cerebral, hemorragia hepática, sangramento de varizes do esôfago, miocardiopatia, metástases de tumores da próstata e do fígado, infecções por depressão da imunidade ou contaminação por medicamentos falsificados (RIBEIRO, 2000).

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5.1 EFEITOS COLATERAIS PSICOLÓGICOS

Nem todos os efeitos colaterais podem ser tratados e/ou evitados. Um efeito colateral muito evidente é o distúrbio mental de comportamento. Uma vez que um indivíduo experimentou o aumento da força e do peso associado com o uso dos esteróides, torna-se difícil parar. Percebendo que não pode manter todos os ganhos adquiridos, a dependência mental instala-se (WILMORE, 2001 e MANETTA, 2000).

O abuso de anabolizantes pode causar variação de humor, incluindo agressividade e raiva incontroláveis, levando a episódios violentos como suicídios e homicídios, principalmente conforme a freqüência e o volume usados. Usuários apresentam sintomas depressivos ao interromperem o uso e sintomas de síndrome de abstinência, o que pode contribuir para a dependência. Ainda podem experimentar um ciúme patológico, quadros maníacos e esquizofrenóides, extrema irritabilidade, ilusões, (podendo ter uma distorção de julgamento em relação a sentimentos de invencibilidade), distração, euforia, confusão mental e esquecimentos, além de alterações da libido e suas conseqüências (RIBEIRO, 2000 e CEBRID - CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICÓTICAS, 1999).

Segundo SANTOS (2003), com o uso de dosagens elevadas de esteróides anabólicos androgênicos, em um ciclo de longo prazo, homens e mulheres podem desenvolver extrema agressividade no comportamento ou “raiva do esteróide”. Na maioria das vezes essa raiva resulta em perda de amizades, destruição de relacionamentos e de ambientes, auto-destruição e incapacidade de controlar o comportamento. Outro efeito colateral psíquico negativo é o sentimento de depressão.

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6 FALSIFICAÇÕES DOS ESTERÓIDES

Além do perigo pelo uso dos esteróides, ainda existe outro fator negativo: as falsificações. Alguns casos de falsificações contêm apenas substâncias inertes ou droga não-ativa, sem efeito algum, a não ser o efeito placebo. As diferenças entre as drogas verdadeiras e as falsas são muitas, entre elas a bula, que nas falsas são ásperas e não simétricas e o impresso é desbotado, já nas legítimas são muitas vezes laminadas e protegidas contra raio UV, ou envernizadas para impedir que desbotem, nas falsas o número do lote e a data de vencimento são muitas vezes deslocados, enquanto nas legitimas o número é normalmente impresso com rolo de metal que deixa clara a identificação da data (SANTOS, 2003).

Como alguns anabolizantes têm uso terapêutico, eles estão à venda em farmácias que muitas vezes não exigem receita médica para vendê-los ou aplicá-los. Nos Estados Unidos o comércio de anabolizantes é absolutamente controlado, e a sua venda no mercado paralelo é crime. Lá a receita com a prescrição do anabolizante deve ser apresentada e é retida pelo farmacêutico. Por outro lado, esse controle rigoroso alimenta o mercado paralelo. No entanto, o mercado paralelo no Brasil conta com uma espécie de máfia nas academias (LIMA, 1999).

A maioria dos falsificadores está no mercado para fazer dinheiro rápido, e para isso precisa vender bem. Existem versões no mercado negro que não existem nas versões originais, portanto é necessário tomar cuidado com o que se adquire e saber sua procedência, pois a informação é a melhor arma para todos os fatores que envolvem o uso de esteróides (SANTOS, 2003 e RIBEIRO, 2000).

6.1 VENDAS ILEGAIS

No Brasil, tem-se o uso indevido de especialidades médicas vendidas livremente nas farmácias ou de fórmulas obtidas em farmácias de manipulação, que utilizam sais legalmente importados, como oxandrolona, estanozolol e testosterona.

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Também se encontra abuso de substâncias destinadas a uso veterinário, principalmente para eqüinos (LISE et al, 1999).

É preocupante a compra de produtos importados ilegalmente, alguns com bula em língua estrangeira ou sem bula. Alguns destes produtos são falsificados e vendidos em ampolas não esterilizadas. E também não há publicações por órgãos oficiais ou na literatura médica recente que tornem claro a real situação do uso indevido dos esteróides anabólicos no Brasil e suas conseqüências físicas e psíquicas.

O núcleo científico do Comitê de Adolescência desencadeou campanha por uma circular de alerta a todos os setores da Saúde, Educação e Esporte, encaminhando documento esclarecedor sobre os riscos do uso dos esteróides, principalmente a todas as academias de esportes do país e também aos políticos, para evitar o uso incontrolado de tais medicamentos (RIBEIRO, 2000).

A associação Brasileira de Combate ao Doping tem feito uma campanha educativa com manuais, guias, cartazes e até um disque denúncia, com o objetivo de ressocializar o dependente de esteróides anabolizantes (PAGNANI, 2005).

6.2 LEGISLAÇÃO

No ano de 2000, o Presidente da República Fernando Henrique Cardoso sancionou uma Lei em que se torna restrito a venda de esteróides ou peptídeos anabolizantes. Esta Lei n° 9.965 publicada em 27 de Abril de 2000 restringe a venda dos esteróides, sendo estes permitidos a venda somente com retenção e apresentação, pela farmácia ou drogaria, da cópia carbonada de receita emitida por médico ou dentista devidamente registrados nos respectivos conselhos profissionais. O desrespeito desta lei levará a uma infração sanitária, estando o infrator sujeito as penalidades previstas na Lei n°6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das demais sanções civis ou penais. Em 11 de Janeiro de 2002, o Presidente da República Fernando Henrique Cardoso sancionou a lei Antidrogas (Lei n° 10.409/02). Esta Lei diz respeito da prevenção, tratamento, fiscalização,

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controle e repressão à produção, ao uso e ao tráfico ilícitos de produtos, substâncias ou drogas ilícitas que causem dependência física ou psíquica.

Conforme a Portaria 344, de 12 de maio de 1998, o controle e a fiscalização da produção, comércio, manipulação e uso dessas substâncias serão executados em conjunto com as autoridades sanitárias dos Ministérios da Saúde, da Fazenda, da Justiça e seus congêneres nos Estados, municípios e Distrito Federal.

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7 PREVENSÃO AO USO DE ANABOLIZANTES

Nos últimos anos, o conceito de prevenção aplicado em medicina e em diversos outros ramos da atividade humana tem sido largamente utilizado, e os que o fazem têm chamado nossa atenção para o fato de que em muitas ocasiões é bem melhor nós evitarmos certos acontecimentos do que deixarmos que os mesmos ocorram para em seguida tratá-los.

Na atualidade, prefere-se falar em Educação Preventiva ao invés de prevenção tão somente. Nas primeiras formulações a idéia de prevenção estava centrada no princípio de que informando sobre o assunto estaríamos promovendo a prevenção ao uso de substâncias químicas como os anabolizantes. (SILVA)

Estas orientações pouco adiantaram no sentido de interferirem enfaticamente no processo individual e social de uso/abuso destas substâncias, isto é, estas idéias não mudaram as motivações e o comportamento das pessoas quanto à atração ao consumo das mesmas.

Porém, quando se fala em Educação Preventiva relacionada ao consumo de drogas, estamos nos referindo à possibilidade de adotarmos medidas que visem à formação da consciência dos indivíduos em seus contextos históricos e em suas relações sociais, estamos nos referindo à formação da personalidade, do caráter e da construção de diversos valores indispensáveis ao convívio pessoal e social (COSTA,1981).

Ao abordar o adolescente é importante estabelecer vínculo de confiança respeito e sigilo procurando entender que adolescência significa ruptura, auto-afirmação e questionamento e é nesta fase da vida que os adolescentes começam a experimentar drogas por curiosidade, por imitação aos pais e amigos para expressar independência, superar timidez e adquirir segurança.

Não se pode mais falar de prevenção ao abuso de drogas como uma intervenção que adote medidas verticalizadas. Daí porque ao falar-se em educação preventiva, tem que se falar em valorização da vida, em saúde, em direitos individuais e coletivos, em ecologia e em relações sociais. Hoje se sabe que prevenção é algo mais complexo, mais avaliável e mais exeqüível, daí porque as instituições formativas como a família e a escola se configuram como um dos

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instrumentos e ferramentas mais importantes ao nosso dispor para se implementar propostas preventivas. (SILVA)

Como nos informa o Dicionário Luft (2001), prevenir é tomar medidas com antecipação; preparar, avisar, aconselhar antecipadamente; preparar-se com antecedência; precatar-se, acautelar-se. É impedir que se realize ou que algo aconteça.

Dentro desta concepção, a informação ou estratégia inspiradas no modelo de informativos entram neste novo contexto como algo importante, porém sabe-se que isto não basta por si só. Sabe-se que realmente é importante que as pessoas, particularmente as crianças, adolescentes e adultos jovens, saibam muito e corretamente sobre este tema, porém o fundamental é que, além deste conhecimento indispensável à consciência sobre o problema, tenham autocrítica, responsabilidades bem definidas enquanto seres humanos, que se queiram bem e saibam valorizar e respeitar a si e aos outros (SILVA). Tendo isto, estaremos realmente falando de prevenção e de educação preventiva, que, a nosso ver, é o grande salto deste século.

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8 CONCLUSÃO

O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais de todos os Estados e sociedades.

Suas conseqüências infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos, independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade.

É surpreendente, o que acontece com as pessoas e principalmente os adolescentes que insistem em usar anabolizantes; sabe-se que seu uso pode trazer alguns benefícios, mas os malefícios também ocorrem e estão em maior número. De fato, muitos dos que fazem uso destas substâncias não estão cientes das conseqüências que pode trazer o uso ilícito destas drogas, é necessário ao menos que os usuários destas substâncias saibam como elas agem no organismo, para que assim possam compreender o porquê que elas fazem mal, pois pelo menos assim seria um uso consciente da droga e não como acontece na maioria dos casos em que os usuários utilizam tais substâncias porque algum amigo ou instrutor de academia disse que é bom utilizar e que isso deixa a pessoa mais forte, sem ter conhecimento algum do produto que será utilizado.

É importante que os profissionais da saúde estejam atentos ao fato e questionem durante a entrevista o uso de anabolizantes. Pais, educadores e profissionais da saúde devem sempre esclarecer sobre os riscos do uso dos esteróides, principalmente nas academias de esportes do país, para que o uso de esteróides anabolizantes seja desencorajado firmemente, sendo que a descoberta inicial pode determinar uma intervenção precoce diminuindo as chances de um prejuízo maior à saúde.

Parece claro que, atualmente, informações erradas ainda prevalecem sobre as informações farmacológicas corretas. É necessária uma Educação Preventiva de qualidade em todos os âmbitos sociais desde a família até as academias. Para isto é preciso que todos os que estão envolvidos com a formação de indivíduos desde a

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criança até o adulto, sejam fontes seguras e corretas da utilização destas substâncias, sabendo explicar os benefícios médicos e malefícios do uso indiscriminado.

Neste contexto cabe também ao Exército Brasileiro disponibilizar o debate deste assusto desde o ingresso do jovem na carreira militar até a formação de oficiais superiores, desencorajando o uso de esteróides anabolizantes e suprindo com as informações necessárias para se evitar os abusos destas substâncias.

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Referências

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