Fontes de energia dos cursos
de água
Fontes autóctones (produção autotrófica dentro do rio) Macrófitas: raramente consumidas quando vivas Diatomáceas Biofilme Perifíton Apenas significativasonde existe suficiente luz no leito do rio Fontes alóctones (matéria orgânica proveniente da vegetação ripícola) CPOM – matéria orgânica particulada grossa FPOM – matéria orgânica particulada fina DOM – matéria orgânica dissolvida
Onde exista vegetação ripícola (CPOM) ou para jusante (FPOM)
Cadeias
alimentares
baseadas em
detritos: CPOM
Cadeias alimentares baseadas em
detritos: CPOM
Grupos funcionais de macroinvertebrados
Definem o tipo de alimento e o modo como o alimento é consumido
Grupo funcional Alimento Mecanismo de
alimentação Exemplos Triturador (shredder) CPOM (folhas/troncos) e microrganismos associados (fungos) Trituram/ mastigam CPOM Trichoptera, Plecoptera Filtrador (filterer-collector) FPOM e microrganismos (bactérias e perifíton) Filtram a água recolhendo FPOM em suspensão Trichoptera com redes, Simuliidae Colector (collector-gatherer) FPOM e microrganismos (bactérias) e microcamada orgânica Recolhem FPOM depositada Ephemeroptera, Chironomidae Raspador (grazer) Perifíton (diatomáceas) e microcamada orgânica Raspam as superfícies Ephemeroptera, Coleoptera Predador (predator) Animais Perfuram ou mordem as presas Odonata, Plecoptera, Trichoptera, Diptera
Exemplos de trituradores
(CPOM)
Trichoptera com casulo Diptera (Família Tipulidae) Plecoptera Crustacea Família AthyidaeExemplos de filtradores
(FPOM em suspensão)
Trichoptera (Família Hydropsychidae) Bivalves Diptera (Família Simuliidae)Exemplos de colectores
(FPOM depositada)
Diptera (Família Chironomidae) Trichoptera com casulo OligochaetaExemplos de raspadores
(biofilme/perifíton)
Ephemeroptera
Exemplos de predadores
(outros animais)
Sanguessugas (Hirudinea)
Imagos de Coleoptera e.g. Família Dytiscidae
Hemiptera
Ninfas de libelinha (Odonata)
O Conceito do Rio Contínuo
(1)
As folhas e outra matéria orgânica particulada (CPOM) proveniente da vegetação ripícola podem ser muito
importantes num ribeiro pequeno de floresta, enquanto as algas podem ser mais importantes em segmentos onde o leito do rio recebe elevada intensidade
luminosa
O Conceito do Rio Contínuo é um modelo publicado em 1980 que foi desenvolvido por investigadores americanos
Descreve as alterações que ocorrem
longitudinalmente num rio, nas características físico-químicas e morfológicas, ecologia - alteração das principais fontes de energia e consequente alteração das comunidades de organismos e dos principais grupos funcionais de macroinvertebrados
(1) VANNOTE, R.L., MINSHALL, G.W., CUMMINS, K.W., SEDELL, J.R. & CUSHING, C.E. (1980).
Troços altos (ordem 1-3)
Próximo da nascente
Morfologia: leito estreito, declive acentuado
Físico-química: corrente forte, substrato grosseiro, temperatura baixa, oxigénio dissolvido elevado;
sombreados pela vegetação ripícola, mais oligotróficos
Fontes autotróficas de energia: fotossíntese dento de água limitada às diatomáceas do perifíton, razão baixa fotossíntese/respiração (F/R<1)
Fontes alóctones de energia: CPOM proveniente da vegetação ripícola é a principal fonte de energia; consumo e decomposição de CPOM origina FPOM
Grupos funcionais de macroinvertebrados: proporção elevada de trituradores (CPOM) e filtradores (FPOM em suspensão)
Outros organismos: peixes de águas frias e bem oxigenadas, como salmonídeos
Troços médios (ordem 4-7)
Morfologia: leito mais largo; declive menos acentuado Físico-química: corrente menos forte, substrato menos grosseiro, menos sombreados, temperatura mais variável
Fontes autotróficas de energia: maior entrada de luz
suporta uma produção significativa de perifíton (algas) e de macrófitas na margem, razão elevada
fotossíntese/respiração (F/R>1)
Fontes alóctones de energia: menor contribuição de
CPOM mas maior quantidade de FPOM proveniente das fezes/decomposição da CPOM de montante
Grupos funcionais: proporção elevada de raspadores (perifíton) e filtradores (FPOM em suspensão)
Outros organismos: peixes toleram temperaturas mais elevadas e menor concentração de oxigénio - barbos, lúcios e enguias
Troços baixos (ordem ≥8)
Próximo da foz
Morfologia: vales muito abertos, leito mais largo, declive muito baixo, podem ter meandros
Físico-química: corrente fraca, substrato fino, temperatura mais elevada, oxigénio dissolvido diminui, água turva, profundidade 2-3 m
Fontes autotróficas de energia: turbidez da água limita a penetração da luz, pouca fotossíntese (pode haver algum fitoplâncton e macrófitas nas margens, razão
fotossíntese/respiração baixa (F/R<1)
Fontes alóctones de energia: FPOM proveniente das zonas a montante é a principal fonte de energia
Grupos funcionais: principalmente colectores (FPOM depositada)
Outros organismos: macroinvertebrados menos abundantes que nas zonas a montante, pode existir zooplâncton (consumidores de fitoplâncton), peixes que toleram baixas concentrações de oxigénio, como ciprinídeos
NASCENTE (montante) Troços altos Troços médios Troços baixos FOZ (jusante)