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Abordagem ao doente com dor abdominal no serviço de urgência do HGSA no ano de 2008, um estudo descritivo envolvendo 8004 doentes

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I

NSTITUTO DE 

C

IÊNCIAS 

B

IOMÉDICAS 

A

BEL 

S

ALAZAR DA 

U

NIVERSIDADE DO 

P

ORTO

  

   

 

 

 

 

 

ABORDAGEM AO DOENTE COM DOR ABDOMINAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA 

DO HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO NO ANO DE 2008   

UM ESTUDO DESCRITIVO ENVOLVENDO 8004 DOENTES.  

             

 

 

Luís Carlos Sá e Castelo 

RUA VASCO DA GAMA Nº 33, 1º , 4585‐027 BALTAR  LUIS.CASTELO@SAPO.PT 

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ABORDAGEM AO DOENTE COM DOR ABDOMINAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA DO HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO EM 2008  UM ESTUDO DESCRITIVO ENVOLVENDO 8004 DOENTES    RESUMO    Introdução: No ano de 2008, no Serviço de Urgência do Hospital Geral de Santo António, de  entre  os  fluxogramas  possíveis  na  triagem  de  Manchester,  a  queixa  “Dor  Abdominal”  foi  responsável  por  6%  dos  atendimentos,  distribuídos  pelas  cinco  categorias  de  prioridade  existentes, totalizando os  8004 doentes que  constituem a população em  estudo. Objectivos:  Pretendeu‐se realizar um estudo descritivo que tivesse em conta vários parâmetros relevantes  e  comuns  entre  os  registos,  contribuindo  assim  para  aprofundar  conhecimentos  sobre  o  percurso  do  doente  com  dor  abdominal  no  serviço  de  urgência.  Com  isso,  colaborar  na  elaboração  de  estudos  posteriores  e  constituir  uma  base  que  permita  a  monitorização  da  evolução  do  serviço.  Métodos:  Foram  extraídos  do  programa  informático  em  uso  no  Serviço  de Urgência do Hospital Geral de Santo António, os dados relativos ao número de doentes, os  tempos  de  espera,  exames  auxiliares  de  diagnóstico,  procedimentos,  terapêuticas  farmacológicas,  pedidos  de  parecer  e  destino  dos  doentes  triados  com  a  queixa  “Dor  Abdominal”  no  ano  de  2008.  Estes  dados  foram  depois  trabalhados  de  forma  a  reflectirem  valores anuais e a relacionarem‐se com as categorias de prioridade em que os doentes haviam  sido triados. Resultados e Conclusões: Os doentes distribuíram‐se como “Urgente” (81,18%),  “Pouco  Urgentes”  (13,58%),  “Muito  Urgente”  (4,92%),  “  Não  Urgente”  (0,30%)  e  “Imediato”  (0,01%).  Os  tempos  registados  no  sistema,  de  acesso  ao  médico  em  função  da  gravidade  presumida  pela  triagem,  aproximaram‐se  do  tempo  alvo  definido  pelo  grupo  de  triagem  de  Manchester.  Só  os  doentes  triados  como  “Muito  Urgente”  e  o  único  doente  triado  como  “Imediato”  tiveram  registado  um  tempo  médio  acima  do  tempo  alvo,  o  que  pode  ser  justificado pela prática comum nestes doentes de, face à gravidade sugerida, protelar o registo  para  o  final  da  observação.  Entre  os  doentes,  61,72%  receberam  alta  para  o  domicílio  sem  referenciação.  Os  restantes  distribuíram‐se  sobretudo  por  serviços  de  internamento,  referenciação a centros de saúde e referenciação a consultas externas. Todos os outros dados  tenderam  a  reflectir  a  relação  de  maior  ou  menor  gravidade  das  categorias  atribuídas  pela  triagem.     PALAVRAS‐CHAVE  Dor abdominal; Serviço de Urgência; Triagem Manchester; Avaliação;     INTRODUÇÃO  Estima‐se que o Serviço de Urgência do Hospital de Santo António (SU) receba, por dia, cerca  de vinte doentes estratificados pela triagem de Manchester com a queixa “Dor Abdominal”.  

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De entre os cinquenta e dois fluxogramas possíveis na triagem, a dor abdominal está entre os  cinco  mais  comuns,  tendo  sido  em  2008  responsável  por  6%  dos  atendimentos  do  SU,  num  total de 8004 doentes.  

A  dor  abdominal  pode  ter  várias  origens  e  necessitar  de  várias  abordagens,  sendo  sintoma  comum  a  múltiplas  patologias.  Contudo,  não  se  conhece  em  nenhum  serviço  de  urgência  português  a  caracterização  da  população  que  a  ele  recorre  por  dor  abdominal.  Esta  é  uma  queixa  frequente,  sendo  referida  por  cerca  de  metade  dos  adultos  quando  questionados2  e,  apesar de ser uma queixa habitualmente benigna, pode ser a manifestação de uma patologia  grave a necessitar de intervenção urgente. 

Ao  dirigirem‐se  ao  SU  os  doentes  são  registados  na  Admissão  e  reencaminhados,  após  uma  espera que se quer curta, para uma triagem de prioridades clínicas.  

O  SU  adoptou  como  sistema  de  triagem,  desde  Outubro  de  2000,  a  triagem  de  Manchester.  Esta  triagem  atribui  aos  doentes  uma  cor:  vermelho  (imediato),  laranja  (muito  urgente),  amarelo (urgente), verde (pouco urgente) e azul (não urgente); em função da gravidade e da  urgência  de  intervenção  esperadas  em  cada  caso.  A  triagem  é  feita  por  um  grupo  de  enfermeiros treinados nesta área, que seguem um conjunto de procedimentos e diagramas de  decisão estandardizados. A identificação do problema constitui o primeiro passo e vai permitir  a  selecção  adequada  de  um  dos  fluxogramas  possíveis.  Segue‐se  a  colheita  e  análise  de  informação que permita a identificação de discriminadores capazes de alocar o doente numa  das cinco categorias de prioridade clínica.  

No caso da queixa identificada ser “Dor Abdominal” (Figura 1), os primeiros discriminadores a  pesquisar  são  o  “Compromisso  da  via  aérea”,  a  “Ineficácia  da  respiração”  e  o  “Choque”  .  A  presença de um deles implica a triagem com a cor vermelha, para observação imediata. Na sua  ausência,  são  pesquisados  novos  discriminadores:    “Dor  severa?”,  “Dor  irradiando  para  a  região  dorsal?”,  “Hematemeses?”,  “Hematoquésias?”  ,  “Hematoquésias,  melenas  ou  rectorragias?”.  A  presença  de  um  destes  discriminadores  leva  à  triagem  com  a  cor  laranja  (muito urgente) . Na sua ausência, são pesquisados novos discriminadores:  “Dor moderada?”,  “Dor  com  irradiação  ao  ombro?”,  “Possível  gravidez?”,  “História  de  fezes  pretas  ou  ensanguentadas?”,  “Vómitos  persistentes?”.  A  resposta  afirmativa  a  um  destes  discriminadores  leva  à  triagem  com  a  cor  amarela  (urgente)  .  Uma  resposta  negativa  leva  à  pesquisa de novos discriminadores: “ Dor”, “Vómitos?” , “Problema recente?”. A presença de  um destes discriminadores leva à triagem com a cor verde (pouco urgente). A sua ausência tria  o doente com a cor azul (não urgente)1. 

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O HOSPITAL GERAL D STUDO DESCRITIVO E

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DE SANTO ANTÓNIO  ENVOLVENDO 8004

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Com  o  auxílio  do  serviço  de  informática  do  HGSA  extraímos  do  programa  ALERT®  os  dados  correspondentes a:  o Número absoluto de doentes triados com a queixa “Dor Abdominal”.  o Mediana dos tempos desde a admissão no SU até ao inicio da Triagem.  o Mediana dos tempos desde a Triagem até à 1ª observação médica.  o Mediana dos tempos desde a Triagem e desde a 1º observação médica até à alta.  o Número absoluto dos vários exames de imagiologia registados: Raio X, TAC, Ecografia,  Ressonância Magnética.  o Mediana dos tempos desde a requisição do exame de imagiologia até à disponibilidade  do resultado, para cada um dos exames.  o Número absoluto dos vários exames de bioquímica registados, segundo nomenclatura  do sistema.  o Número absoluto de procedimentos médicos realizados no SU, segundo nomenclatura  do sistema. 

o Número  absoluto  de  terapêuticas  farmacológicas  realizadas  no  SU,  segundo  nomenclatura do sistema.  

o Número absoluto de pedidos de parecer, discriminando a origem do pedido.  o Número absoluto de pedidos de parecer, discriminando o destino do pedido. 

o Mediana  dos  tempos  de  resposta  a  um  pedido  de  parecer,  discriminando  por  especialidade. 

o Número  absoluto  de  altas  atribuídas,  distribuídas  pelas  várias  categorias  segundo  a  nomenclatura do sistema. 

Os  resultados  foram  extraídos  para  um  ficheiro  do  programa  Microsoft  Excel®,  ficando  organizados em oito tabelas, discriminados por mês do ano e em função de cada categoria de  prioridade.    Manipulação de dados  A manipulação dos dados foi feita no programa Microsoft Excel®.   Todos os valores foram transformados de forma a representarem valores anuais e compilados  e transformados em tabelas de leitura simples.  Foram criadas dez tabelas que relacionam as várias variáveis pesquisadas em cada categoria de  prioridade, com valores absolutos, distribuições percentuais e medianas do tempo dispendido.       

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ABORDAGEM AO DOENTE COM DOR ABDOMINAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA DO HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO EM 2008  UM ESTUDO DESCRITIVO ENVOLVENDO 8004 DOENTES 

 

RESULTADOS 

No ano de 2008, deram entrada no SU 8004 doentes triados com a queixa “ Dor Abdominal”,  estando  distribuídos  pelas  diferentes  categorias  de  prioridade  de  acordo  com  a  tabela  I,  predominando a triagem com a cor Amarelo, que inclui 81,18% dos doentes.  N % Vermelho 1 0,01 Laranja 394 4,92 Amarelo 6498 81,18 Verde 1087 13,58 Azul 24 0,30 Total: 8004 Tabela I Doentes triados com a queixa "Dor Abdominal" em 2008, distribuídos pelas diferentes categorias de  prioridade   

Os  tempos  médios  da  admissão  até  à  triagem  dos  doentes  variaram  dos  13  segundos  nos  doentes triados com a cor “Vermelho” aos 0:9:23s nos doentes triados com a cor “Azul”, sendo  inversamente proporcionais à gravidade posteriormente atribuída na triagem. (Tabela II)  O  tempo  médio  de  triagem  variou  entre  os  0:01:23s  e  os  0:01:01s,  com  excepção  do  caso  triado com a cor vermelha cuja triagem foi registada como durando 0:04:32s. (Tabela II)  O tempo médio de espera desde a triagem até à observação médica variou entre os 0:20:11s e  os 1:39:15s. ( Tabela II)  O tempo até à alta após a primeira observação médica variou das 5:27:48s nos doentes triados  com a cor “Laranja” aos 0:38:13s nos doentes triados com a cor “Azul” . (Tabela II)    Admissão – Triagem Duração triagem Triagem- obs médica Obs Médica - Alta Final Vermelho 0:00:13 0:04:32 0:23:42 2:16:28 Laranja 0:04:34 0:01:23 0:20:11 5:27:48 Amarelo 0:07:28 0:01:21 0:48:36 4:27:45 Verde 0:09:20 0:01:19 1:36:18 2:04:25 Azul 0:09:23 0:01:01 1:39:15 0:38:13 Tabela II Medianas dos Tempos Admissão‐Triagem, da Duração da Triagem, da Triagem até à primeira observação  médica e da primeira observação médica até à Alta do SU    Entre os exames de imagem requisitados, há um predomínio do raio‐x, pedido em 69,89% dos  doentes,  e  da  ecografia,  pedida  em  49,11%.  O  recurso  à  TAC  e  à  RM  foi  limitado  a  9,88%  e  0,05%  respectivamente.  Existem  também  variações  consideráveis  no  recurso  aos  exames  de  imagem entre as várias categorias de prioridade.(Tabela III) 

 O tempo médio desde a requisição do exame de imagem até à sua disponibilização é também  exposto na Tabela III. 

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  Exame N % T.Requisição – Imagem Vermelho 0 Laranja TAC 61 15,48 1:07:26 Ecografia 317 80,46 1:17:34 Rx 437 110,91 0:35:04 Amarelo TAC 693 10,66 1:28:31 Ecografia 3398 52,29 1:28:10 RM 3 0,05 0:20:19 Rx 4751 73,11 0:36:47 Verde TAC 35 3,22 2:00:18 Ecografia 213 19,60 1:28:42 RM 1 0,09 5:32:15 RX 401 36,89 0:28:58 Azul TAC 2 8,33 1:37:17 Ecografia 3 12,50 1:15:46 Rx 5 20,83 0:29:29 Total TAC 791 9,88 1:32:54 Ecografia 3931 49,11 1:22:52 RM 4 0,05 2:56:17 Rx 5594 69,89 0:32:16 Tabela III Exames de imagem realizados e tempo médio desde a requisição do exame até à sua disponibilização   

Foram  realizados  sessenta  e  oito  exames  auxiliares  de  diagnóstico  (EAD)  bioquímicos,  mas  apenas  vinte  e  quatro  foram  realizados  em  mais  de  1%  dos  doentes.  Aqui  predominam  o  Hemograma  (60,01%),  Glucose,  Ureia,  Creatinina  (57,77%),  Ionograma(57,15%),  Proteína  C  Reactiva  (50,06%),  TGO,  TGP,  Bilirrub.  Total  e  Bilirrub.  Directa  (46,49%),  Amilase  Pancreática  (36,32%),  Desidrogenase  do  Lactato  (36,36%),  Lipase  (  34,36%),  Exame  Sumário  da  Urina  (  19,67%)  e  o  Estudo  da  Coagulação  (14,38%).  Alguns  destes  pedidos  apresentam  variações  significativas quando comparadas as diferentes categorias de prioridade (Tabela IV).   

Foram  registados  quarenta  e  cinco  procedimentos  diferentes  realizados  aos  doentes  em  estudo. No entanto, apenas oito desses procedimentos foram realizados em mais de 1% dos  doentes, sendo que predominaram as Injecções por via Iv (73,85%) e a Soroterapia (37,16%).  Mantêm‐se aqui as diferenças entre as várias categorias de prioridade. (Tabela V)  

Os  doentes  foram  submetidos  a  trinta  e  sete  categorias  diferentes  de  terapêutica  farmacológica, onde apenas onze foram aplicados a mais de 1% dos doentes (Tabela VI). Aqui  destacam‐se os correctivos do Equilíbrio Ácido‐Base (38,03%), os Gastrocinéticos (27,52%), os  Antiácidos e Antiulcerosos (26,05%) e os Analgésicos e Antipiréticos (18,99%).  

 

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ABORDAGEM AO DOENTE COM DOR ABDOMINAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA DO HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO EM 2008  UM ESTUDO DESCRITIVO ENVOLVENDO 8004 DOENTES              Tabela IV Pedidos de EAD bioquímicos, número absoluto e distribuição dentro de cada categoria de prioridade.  Excluídos os exames com pedidos inferiores a 1%.    

  Laranja % Amarelo % Verde Azul  Total %

Colocacao De Sonda Nasogastrica  24 6,09% 184 2,83% 5 0,46%  0  0,00% 213 2,66% Determinacao Glicemia Capilar  6 1,52% 139 2,14% 28 2,58%  2  8,33% 175 2,19% Ecg Simples De 12 Derivacoes Com Interpretacao E  Relatorio  28 7,11% 175 2,69% 10 0,92%  0  0,00% 213 2,66% Ecografia Vaginal  5 1,27% 84 1,29% 23 2,12%  0  0,00% 112 1,40% Enema De Limpeza  14 3,55% 245 3,77% 23 2,12%  0  0,00% 282 3,52% Injeccao Por Via Iv  615 156,09% 4853 74,68% 440 40,48%  3  12,50% 5911 73,85% Injeccoes Por Via Im  135 34,26% 500 7,69% 60 5,52%  1  4,17% 696 8,70% Soroterapia  234 59,39% 2534 39,00% 204 18,77%  2  8,33% 2974 37,16% Tabela V Procedimentos realizados nas diferentes categorias de prioridade. Excluídos procedimentos realizados  em menos de 1% dos doentes     

  Laranja    Amarelo Verde Azul    Totais

  N  % N % N % N  %  N % Albumina (Sangue)  35  8,88% 410 6,31% 27 2,48%  1  4,17% 473 5,91% ALT/TGP (Sangue)  7  1,78% 85 1,31% 5 0,46%  0  0,00% 97 1,21% Amilase Pancreática (Sangue)  242  61,42% 2518 38,75% 145 13,34%  2  8,33% 2907 36,32% AST/TGO (Sangue)  9  2,28% 101 1,55% 8 0,74%  0  0,00% 118 1,47% Bilirrubina Directa (Sangue)  9  2,28% 119 1,83% 8 0,74%  0  0,00% 136 1,70% Ck Mb (Sangue)  16  4,06% 110 1,69% 10 0,92%  0  0,00% 136 1,70% CK Total (Sangue)  53  13,45% 432 6,65% 23 2,12%  2  8,33% 510 6,37% Creatinina (Sangue)  11  2,79% 122 1,88% 10 0,92%  0  0,00% 143 1,79% Cultura (Urina) ‐ com suspeita pertinente  14  3,55% 141 2,17% 4 0,37%  0  0,00% 159 1,99% Desidrogenase Do Lactato (Sangue)  227  57,61% 2559 39,38% 121 11,13%  3  12,50% 2910 36,36% Estudo da Coagulação (PT, APTT, INR)  (Sangue)  126  31,98% 969 14,91% 55 5,06%  1  4,17% 1151 14,38% Exame Do Sedimento (Urina)  10  2,54% 142 2,19% 15 1,38%  0  0,00% 167 2,09% Exame Sumário (Urina)  149  37,82% 1358 20,90% 66 6,07%  1  4,17% 1574 19,67% Fosfatase Alcalina, Gama‐GT (Sangue)  61  15,48% 595 9,16% 36 3,31%  1  4,17% 693 8,66% Glucose, Ureia, Creatinina (Sangue)  344  87,31% 4015 61,79% 262 24,10%  3  12,50% 4624 57,77% Hemocultura (Sangue) ‐ com quadro  pertinente  23  5,84% 186 2,86% 6 0,55%  0  0,00% 215 2,69% Hemograma (Sangue)  349  88,58% 4163 64,07% 288 26,49%  3  12,50% 4803 60,01% Ionograma (Sangue)  343  87,06% 3982 61,28% 246 22,63%  3  12,50% 4574 57,15% Lipase (Sangue)  234  59,39% 2372 36,50% 134 12,33%  2  8,33% 2742 34,26% Proteína C Reactiva (Sangue)  303  76,90% 3510 54,02% 191 17,57%  3  12,50% 4007 50,06% Proteínas (total) (Sangue)  33  8,38% 406 6,25% 32 2,94%  1  4,17% 472 5,90% Teste Imunológico Da Gravidez (Urina)  1  0,25% 80 1,23% 16 1,47%  0  0,00% 97 1,21% TGO, TGP, Bilirrub. Total e Bilirrub. Directa  (Sangue)  277  70,30% 3239 49,85% 202 18,58%  3  12,50% 3721 46,49% Troponina l (Sangue)  15  3,81% 78 1,20% 4 0,37%  0  0,00% 97 1,21%

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    Laranja  % Amarelo % Verde % Azul  Total % Analgesicos e Antipireticos  137  34,77% 1306 20,10% 77 7,08% 0  0,00%  1520 18,99% Analgesicos e Estupefacientes 173  43,91% 548 8,43% 30 2,76% 1  4,17%  752 9,40% Antiacidos e Antiulcerosos  137  34,77% 1760 27,09% 186 17,11% 2  8,33%  2085 26,05% Antibacterianos  16  4,06% 160 2,46% 4 0,37% 0  0,00%  180 2,25% Anti‐Hipertensores  15  3,81% 242 3,72% 14 1,29% 0  0,00%  271 3,39% Anti‐Inflamatorios nao  Esteroides  121  30,71% 419 6,45% 43 3,96% 0  0,00%  583 7,28% Correctivos do Equilibrio Acido‐ Base  240  60,91% 2603 40,06% 199 18,31% 2  8,33%  3044 38,03% Gastrocineticos  230  58,38% 1799 27,69% 173 15,92% 1  4,17%  2203 27,52% Laxantes  2  0,51% 82 1,26% 6 0,55% 0  0,00%  90 1,12% Parassimpaticoliticos  52  13,20% 563 8,66% 89 8,19% 0  0,00%  704 8,80% Psicofarmacos  28  7,11% 178 2,74% 30 2,76% 1  4,17%  237 2,96% Tabela VI Categorias de terapêutica farmacológica nas diferentes categorias de prioridade. Excluídas classes  terapêuticas realizadas em menos de 1% dos doentes   

 Foram  pedidos  um  total  de  1192  pareceres,  correspondendo  a  14,89%  dos  doentes,  com  variações significativas entre a percentagem de pareceres pedidos nas diferentes categorias de  prioridade. 

Os  pareceres  foram  dirigidos  a  dezassete  especialidades  diferentes.  Entre  estas  predomina  a  Ginecologia, que recebeu 14,93% dos pedidos de parecer, a Urologia com 13,84% e a Cirurgia  Geral com 10,40%. Houve, no entanto, 503 pedidos de parecer correspondentes a 42,20% do  total de pedidos, cuja resposta ao pedido de parecer não foi assumido pelo médico de origem,  não ficando registado o seu destino.   Os tempos de resposta ao pedido de parecer e os tempos até à leitura da resposta variam de  forma significativa entre algumas das especialidades (Tabela VII).   A maioria dos doentes, 61,72%, recebeu alta para o domicílio sem referenciação. Os restantes  receberam  alta  com  referenciação  a  um  serviço  de  internamento  do  HGSA  (13,19%),  a  um  centro de saúde (11,69%), a uma consulta externa do HGSA (7,93%), a outro Hospital (0,66%)  ou  ao  Hospital  de  dia  (0,14%).  Há  ainda  os  doentes  que  tiveram  alta  por  abandono,  não  resposta à chamada, alta administrativa e alta contra parecer médico.   

Os doentes referenciados a um internamento foram distribuídos por vinte e quatro serviços,  sendo os doze mais significativos expostos na tabela VIII. Os internamentos na Cirurgia 2, OBS,  Cirurgia 1 e Ginecologia são os mais frequentes.  

Os  doentes  referenciados  a  uma  consulta  externa,  foram  distribuídos  por  vinte  e  nove  consultas, estando as quinze mais significativas expostas na tabela VIII. As consultas de Cirurgia  1, Cirurgia 2b, Ginecologia, Cirurgia de Ambulatório, Gastroenterologia e Transplantação renal,  foram as predominantes. Nesta série de doentes, houve um óbito no SU, de um doente triado  com a cor “Laranja”.   

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ABORDAGEM AO DOENTE COM DOR ABDOMINAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA DO HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO EM 2008  UM ESTUDO DESCRITIVO ENVOLVENDO 8004 DOENTES 

   

 

Destino Pedido  Laranja  Amarelo  Verde Azul Total  Pedido‐

Resposta   Resposta ‐ Leitura     N % N % N   Cardiologia  1  0,25%  16  0,25% 0 0,00% 0 0,00% 17  1,43%  1:31:20 0:29:12 Cirurgia Geral  8  2,03%  99  1,52% 17 1,56% 0 0,00% 124  10,40%  2:09:00 0:22:21 Cirurgia Vascular  0  0,00%  17  0,26% 3 0,28% 0 0,00% 20  1,68%  0:44:23 0:11:38 Clinica Geral  0  0,00%  4  0,06% 3 0,28% 0 0,00% 0,59%  1:36:14 0:07:45 Gastroenterologia  2  0,51%  11  0,17% 2 0,18% 0 0,00% 15  1,26%  1:33:13 0:33:25 Ginecologia  3  0,76%  154  2,37% 21 1,93% 0 0,00% 178  14,93%  1:02:26 0:13:49 Hematologia  0  0,00%  4  0,06% 0 0,00% 0 0,00% 0,34%  1:01:17 0:02:44 Interno Geral  0  0,00%  1  0,02% 0 0,00% 0 0,00% 0,08%  1:18:26 0:03:34 Medicina Interna  1  0,25%  51  0,78% 0 0,00% 0 0,00% 52  4,36%  1:46:03 0:11:53 N/A  42  10,66%  410  6,31% 50 4,60% 1 4,17% 503  42,20%    Nefrologia  3  0,76%  15  0,23% 2 0,18% 0 0,00% 20  1,68%  1:10:52 0:28:28 Neurocirurgia  2  0,51%  8  0,12% 0,00% 0 0,00% 10  0,84%  1:37:35 0:04:24 Neurologia  0  0,00%  12  0,18% 2 0,18% 0 0,00% 14  1,17%  1:18:10 1:28:40 O.R.L.  1  0,25%  21  0,32% 5 0,46% 0 0,00% 27  2,27%  0:37:07 0:10:47 Obstetrícia  1  0,25%  10  0,15% 3 0,28% 0 0,00% 14  1,17%  0:43:53 0:14:21 Oftalmologia  0  0,00%  5  0,08% 0 0,00% 0 0,00% 0,42%  0:47:24 0:08:50 Ortopedia  3  0,76%  12  0,18% 1 0,09% 0 0,00% 16  1,34%  0:43:34 0:07:09 Urologia  28  7,11%  134  2,06% 3 0,28% 0 0,00% 165  13,84%  1:12:02 0:18:59 TOTAL  95  24,11%  984  15,14% 112 10,30% 1 4,17% 1192  100,00%    Tabela VII Destino dos pedidos de parecer e distribuição entre as categorias de prioridade. Mediana dos tempos  desde o pedido até à resposta e desde a resposta até à leitura      Vermelho   

Laranja (%) Amarelo (%) Verde (%) Azul  (%)  Total (%)

Alta  Destino         N    N N N   N    N Alta para o  Domicílio  Exterior Não  Referenciado  1    200 50,76 3976 61,19 748 68,81  15  62,50 4940 61,72   Servico  Domiciliario    1 0,25 45 0,69 8 0,74  0  0,00 54 0,67 Alta para outra  Instituição  Outro Hospital    2 0,51 50 0,77 1 0,09  0  0,00 53 0,66 ARS / Centro de  Saúde      54 13,71 747 11,50 135 12,42  0  0,00 936 11,69 Consulta Externa  Cirurgia 1    8 2,03 104 1,60 7 0,64  1  4,17 120 1,50   Cirurgia 2ª    1 0,25 32 0,49 5 0,46  0  0,00 38 0,47   Cirurgia 2b    4 1,02 100 1,54 15 1,38  1  4,17 120 1,50   Cirurgia  Ambulatório    4 1,02 32 0,49 5 0,46  1  4,17 42 0,52   D.P.C.A.    8 2,03 25 0,38 2 0,18  0  0,00 35 0,44   Gastroenterologia    1 0,25 39 0,60 1 0,09  0  0,00 41 0,51   Ginecologia    0 0,00 33 0,51 11 1,01  1  4,17 45 0,56   Medicina 1ª    0 0,00 13 0,20 0 0,00  0  0,00 13 0,16   Medicina 1d    0  0,00 8 0,12 1 0,09  0  0,00 9 0,11

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    Medicina 2b    1 0,25 8 0,12 2 0,18  0  0,00 11 0,14   Nefrologia    0 0,00 9 0,14 1 0,09  0  0,00 10 0,12   Obstetricia    0 0,00 18 0,28 9 0,83  0  0,00 27 0,34   Oncologia Medica    2 0,51 14 0,22 0 0,00  1  4,17 17 0,21   Transplantes  Renais    3 0,76 34 0,52 3 0,28  0  0,00 40 0,50   Urologia    6 1,52 20 0,31 1 0,09  0  0,00 27 0,34

      Total 10,41 Total 8,03 Total 6,16  Total  20,83 Total 7,93

            Hospital de Dia      0 0,00 11 0,06 0 0,00  0  0,00 11 0,14 Abandono      4 1,02 86 1,32 26 2,39  0  0,00 116 1,45 Alta  Administrativa      0 0,00 12 0,18 2 0,18  0  0,00 14 0,17 Não Respondeu à  Chamada      0 0,00 56 0,86 52 4,78  3  12,50 111 1,39 Saida Contra  Parecer Do  Medico      2 0,51 64 0,98 7 0,64  0  0,00 73 0,91         Serviço de  Internamento              Cirurgia 1    7 1,78 126 1,94 1 0,09  0  0,00 134 1,67   Cirurgia 2    17 4,31 303 4,66 13 1,20  1  4,17 334 4,17   Gastroenterologia    2 0,51 34 0,52 0 0,00  0  0,00 36 0,45   Ginecologia    11 2,79 63 0,97 7 0,64  0  0,00 81 1,01   Medicina 1    3 0,76 18 0,28 2 0,18  0  0,00 23 0,29   Medicina 2    1 0,25 14 0,22 0 0,00  0  0,00 15 0,19   Nefrologia    2 0,51 15 0,23 0 0,00  0  0,00 17 0,21   O.B.S.    29 7,36 230 3,54 12 1,10  0  0,00 271 3,39   O.R.L.    2 0,51 6 0,09 0 0,00  0  0,00 8 0,10   Obstetrícia    3 0,76 17 0,26 1 0,09  0  0,00 21 0,26   Pediatria    0 0,00 8 0,12 0 0,00  0  0,00 8 0,10   Urologia    8 2,03 63 0,97 3 0,28  0  0,00 74 0,92

      Total 22,84 Total 14,24 Total 3,68  Total  4,17 Total 13,19

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ABORDAGEM AO DOENTE COM DOR ABDOMINAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA DO HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO EM 2008  UM ESTUDO DESCRITIVO ENVOLVENDO 8004 DOENTES 

 

DISCUSSÃO 

A  distribuição  dos  doentes  entre  as  diferentes  categorias  de  prioridade  demonstra  um  predomínio  de  doentes  de  prioridade  3  (triados  com  a  cor  “Amarelo”),  correspondendo  a  81,18%  dos  recursos  ao  SU.  Tal  é  sugestivo  da  actual  capacidade  do  serviço  em  atrair  fundamentalmente  verdadeiras  urgências,  associado  à  boa  resposta  dos  cuidados  de  saúde  primários.  Os doentes triados com a cor “Verde”, doentes pouco urgentes, que poderiam ser tratados em  serviços de urgência menos diferenciados, constituem ainda assim 13,58% dos recursos ao SU  por dor abdominal, sendo a segunda categoria de prioridade. Este valor, não sendo excessivo,  motiva à preocupação por uma melhor informação e oferta de soluções fora do SU para estes  doentes. 

Os  doentes  não  urgentes,  triados  com  a  cor  “Azul”  foram  em  número  absoluto  apenas  24,  correspondendo a 0,30% dos recursos ao SU, podendo ser considerados residuais. (Tabela I)  Os tempos de acesso ao médico durante um recurso ao serviço de urgência são um parâmetro  de fácil medição, que constitui um dado fiável na definição da qualidade de um serviço3,4,5.   No casos dos doentes triados com dor abdominal no SU do HGSA em 2008, o tempo de espera  até  ao  inicio  da  triagem  não  ultrapassou  os  10  minutos,  sendo  curiosamente  inferior  nos  doentes triados a posteriori com categorias indiciadoras de patologia de maior gravidade; os  doentes  triados  com  a  cor  “Laranja”,  triados  após  4  minutos  e  34  segundos  de  espera  e  os  doentes triados com a cor “Amarelo”, triados após 7 minutos e 28 segundos de espera.  

Quando  comparados  com  os  tempos  alvo  de  acesso  ao  médico  estabelecidos  pelo  grupo  de  triagem  de  Manchester1  (Tabela  IX),  verificamos  que,  na  população  em  estudo,  os  doentes  triados como Urgente, Pouco Urgente e Não Urgente (que correspondem a 95% dos recursos  ao SU) cumprem os objectivos estabelecidos. Um doente triado com a cor “Amarelo” esperou  até  à  primeira  observação  médica  desde  a  admissão,  um  tempo  médio  de  48  minutos  e  36  segundos, quando o tempo alvo era de 60 minutos  e um doente triado com  a cor verde  um  tempo médio de 96 minutos e 16 segundos, quando o tempo alvo era de 120 minutos.  

Os  doentes  triados  com  a  cor  “Laranja”,  que  tinham  como  tempo  alvo  os  10  minutos  até  à  recepção pelo médico, têm um tempo de espera registado de 20 minutos e 11 segundos, 10  minutos a mais que o tempo alvo. No entanto, sabe‐se da prática do SU, que em doentes de  prioridade  1  e  2  (Vermelho  e  Laranja),  a  gravidade  sugerida  obriga  à  observação  prévia  ao  registo,  aumentado  os  tempos  registados.  O  mesmo  se  passa  com  o  único  doente  que  se  apresentou  triado  com  a  cor  “Vermelho”,  onde  os  tempos  registados  muito  provavelmente  não  correspondem  à  realidade,  tendo  a  urgência  do  caso  deixado  os  registos  para  segundo 

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plano. Essa é uma explicação possível para o tempo alargado da duração da triagem, mais de 4  minutos, e para um tempo registado até à observação médica de 23 minutos.  

 

Prioridade   Nome  Cor  Tempo Alvo 

Imediato  Vermelho  0 

Muito Urgente  Laranja  10 min 

Urgente  Amarelo  60 min 

Pouco Urgente  Verde  120 min 

Não Urgente  Azul  240 min 

Tabela IX – Tempos Alvo estabelecidos pelo Manchester Triage Group 

 

Os  dados  referentes  aos  exames  de  imagem  realizados  (Tabela  III)  demonstram  o  recurso  alargado  ao  Raio‐x  e  à  Ecografia.  Tal  seria  de  esperar,  uma  vez  que  a  exclusão  de  patologia  urgente  associada  à  dor  abdominal  recomenda  muitas  vezes  o  recurso  a  estes  exames  em  função  da  sua  relação  custo‐benefício6,7.  Os  exames  de  TAC  foram  realizados  em  9,88%  dos  doentes, mas a sua utilização foi sobretudo com os doentes triados com as cores “Laranja” e  “Amarelo”.  Os  exames  de  TAC  realizados  em  doentes  triados  com  as  cores  “Verde”  e  “Azul”  foram  37,  correspondendo  a  4,67%  do  total  de  TACs  realizadas,  quando  estes  doentes  correspondem a 13,88% da população em estudo.  

É ainda possível constatar que a percentagem de doentes que necessitou de EAD de imagem  dentro de cada categoria de prioridade foi tanto maior quanto maior a gravidade presumida  pela categoria atribuída na triagem. 

Os tempos médios até à disponibilização do resultado de um EAD de imagem variaram entre  os  32  minutos  para  os  exames  de  Raio‐x  e  as  2  horas  e  56  minutos  para  as  RM,  tendo  as  Ecografias e as TACs tempos de 1hora e 23 minutos e 1 hora e 33 minutos respectivamente. Os  resultados  obtidos  a  partir  do  programa  informático  em  uso  não  permitem  tirar  conclusões  quanto ao factor limitante nos maiores tempos de espera para as RM, TACs e Ecografias; se é o  tempo de espera efectivo para a realização do exame, a duração do exame, a elaboração do  relatório ou o tempo de disponibilização do resultado. 

De  entre  os  exames  bioquímicos  realizados  (TabelaIV)  predominam  os  relacionados  com  as  principais patologias causadoras de dor abdominal8,9.  Destacam‐se os pedidos que pretendem  descartar anemia, desequilíbrios hidroelectroliticos e estados inflamatórios, bem como avaliar  a  função  renal,  a  função  hepática,  quadros  de  colestase  biliar  e  pancreatite.  Também  aqui  é  notório  o  maior  recurso  aos  EAD  por  parte  dos  doentes  triados  nas  categorias  de  maior  gravidade. 

A  terapêutica  farmacológica  utilizada  (Tabela  VI)  recorreu  principalmente  a  “Correctivos  do  equilíbrio  ácido‐base”,  “Gastrocinéticos”,  “Antiácidos  e  Antiulcerosos”,  “Analgésicos  e 

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ABORDAGEM AO DOENTE COM DOR ABDOMINAL NO SERVIÇO DE URGÊNCIA DO HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO EM 2008  UM ESTUDO DESCRITIVO ENVOLVENDO 8004 DOENTES 

 

antipiréticos”,  “Analgésicos  e  estupefacientes”,  “Parassimpaticoliticos”,  evidenciando  o  recurso  principal  a  categorias  de  fármacos  utilizados  no  tratamento  de  distúrbios  gastrointestinais.  Dentro  de  cada  categoria  de  prioridade,  mais  uma  vez,  o  recurso  à  terapêutica farmacológica foi tanto maior quanto maior a gravidade presumida pela triagem.   Os pedidos de parecer (Tabela VII) predominaram também nas categorias de prioridade onde a  gravidade presumida era maior, tendo sido pedidos pareceres em 24,11% dos doentes “Muito  Urgentes”  contra  15,14%  dos  doentes  “Urgentes”,  10,30%  dos  doentes  “Pouco  Urgentes”  e  4,17% dos doentes “Não Urgentes”.  

Entre  as  especialidades  a  que  foram  dirigidos  pedidos  de  parecer  (Tabela  VII)  evidenciam‐se  aquelas  com  patologia  prevalente  que  se  apresenta  como  dor  abdominal,  mas  que  não  recebem  directamente  os  doentes  vindos  após  triagem,  a  Ginecologia  (14,93%)  e  a  Urologia  (13,84%). Os tempos de resposta a um pedido de Parecer foram, para muitas especialidades,  superiores a 1h, podendo contribuir decisivamente para aumentar a permanência do doente  no SU.  

O destino dos doentes após Alta do SU (Tabela VIII) permite estabelecer uma relação entre o  destino do doente e a gravidade sugerida pela sua triagem. De facto, é possível constatar, por  exemplo,  que  50,76%  dos  doentes  “Muito  Urgentes”  tiveram  alta  para  o  domicílio  sem  referenciamento,  quando  61,19%  dos  doentes  “  Urgentes  “  e  68,81%  dos  doentes  “Pouco  Urgentes” tiveram o mesmo destino. Da mesma forma, 22,84% dos doentes “Urgentes” foram  referenciados  a  um  internamento,  quando  só  14,24%  dos  doentes  “Urgentes”  e  3,68%  dos  doentes “Pouco Urgentes” tiveram o mesmo destino.  

O destino dos doentes, sobretudo na referenciação a consultas externas e óbitos, pode não ser  exacto,  na  medida  em  que  13,19%  dos  doentes  têm  como  destino  um  serviço  de  internamento,  não  sendo  contabilizado  nesses  estudo  o  destino  desses  doentes  após  internamento. 

Uma  vez  que  o  objectivo  do  trabalho  passou  sobretudo  por  caracterizar  e  não  por  formular  hipóteses,  associado  à  inexistência  de  dados  publicados  em  outros  serviços  de  urgência  que  permitam a comparação dos resultados, a discussão esteve limitada à evidência dos resultados  e considerações mais relevantes.  

  

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REFERÊNCIAS   

1. Mackway‐Jones  K  (1997)  Emergency  triage:  Manchester  Triage  Group.  London:  BMJ  Publishing Group. 

2. Heading,  RC  (1999)  Prevalence  of  upper  gastrointestinal  symptoms  in  the  general  population: a systematic review. Scand J Gastroenterol Suppl; 231:3. 

3. Sibbritt  D  et  al.  (2006)  Emergency  Department  Performance  Indicators  That  Encompass the Patient Journey. Source Quality Management in Health Care. 15(1):27‐ 38. 

4. MacFarlane  C,  Benn  C  (2003)  Evaluation  of  emergency  medical  services  systems:  a  classification to assist in determination of indicators , Emerg Med J. arch; 20(2): 188– 191.doi: 10.1136/emj.20.2.188 

5. S.Goodacre  (2008)  Critical  appraisal  for  emergency  medicine:  Evaluation of  service organisation and delivery Emerg. Med. J.; 25: 762 ‐ 63. 

6. Nagurney  JT,  Brown  DF,  Novelline  RA,  et  al.  (1999)  Plain  abdominal  radiographs  and  abdominal  CT  scans  for  nontraumatic  abdominal  pain‐‐added  value?  Am  J  Emerg;  17:668. 

7. Hustey  FM,  Meldon  SW,  Banet  GA,  et  al.  (2005)  The  use  of  abdominal  computed  tomography in older ED patients with acute abdominal pain. Am J Emerg Med; 23:259.  8. Brewer  BJ,  Golden  GT,  Hitch  DC,  et  al.  (1976)  Abdominal  pain.  An  analysis  of  1,000 

consecutive cases in a University Hospital emergency room. Am J Surg; 131:219.  9. Marco  CA,  Schoenfeld  CN,  Keyl  PM,  et  al.  (1998)  Abdominal  pain  in  geriatric 

emergency  patients:variables  associated  with  adverse  outcomes.  Acad  Emerg  Med;  5:1163.    AGRADECIMENTOS  Ao Dr. Humberto Machado, pela inspiração, orientação e disponibilidade absoluta.    À Eng. ª Alexandra Ferreira, pela indispensável assistência na extracção de dados do sistema  informático, fundamentais á realização do estudo.    

Imagem

Tabela VIII Altas e destino dos doentes, distribuído entre as categorias de prioridade
Tabela IX – Tempos Alvo estabelecidos pelo Manchester Triage Group 

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