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A gestão empresarial do conhecimento científico e tecnológico. Estudo de caso sobre o potencial de procura de competências em economia e gestão e tecnologia pelo sector empresarial em Portugal.

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i. 3. e. o.

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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO

MESTRADO EM: Economia e Gestão de Ciência e Tecnologia

A GESTÃO EMPRESARIAL DO

CONHECIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO Estudo de Caso sobre o Potencial de Procura de Competências em Economia e Gestão de Ciência e Tecnologia pelo Sector Empresarial em Portugal.

Jorge Manuel de Oliveira Cavaleiro

Orientação: Professor Dr. Fernando Miranda Borges Gonçalves

Júri :

Presidente: Professor Doutor João Manuel Gaspar Caraça Vogais: Professor Doutor José Manuel Lopes da Fonseca

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Para os meus filhos Nuno, Mariana e Mafalda

Para os meus Pais Fernanda e Armando

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Se na verdade são inegáveis as dimensões social e cultural das actividades científicas e tecnoló- gicas, também não é menos verdade que a gene- ralização da importância do saber só conheceu a dimensão que hoje lhe reconhecemos, através da dimensão económica que a respectiva utilização lhe empresta, bem como do impacto produzido ao nível da qualidade e nível de vida das popula- ções (Gonçalves, F., 19 9 8)

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CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO

Estudo de Caso sobre o Potencial de Procura de Competências em Economia e Gestão de Ciência e Tecnologia pelo Sector Empresarial em Portugal

Mestrado em: Economia e Gestão de Ciência e Tecnologia Provas concluídas em: 01/03/2000

RESUMO

As empresas «de topo de gama» apresentam comportamentos que estão longe de decepcionar quem pretenda conhecê-las mais em pormenor. São empresas que já ultrapassaram todas as suas fases de i maturidades estratégicas, têm um forte espírito de missão e decidiram ter uma posição cimeira no I&D. Investiram porque já não podem passar sem essa alaanca tecnológica.

Ao investir fortemente em I&D, as empresas reconhecem necessidades específicas na economia e gestão do seu perfil tecnológico. São, pois, potenciais candidatos para a oferta que o mestrado em Economia e Gestão de Ciência e Tecnologia (EGCT) tem para dar.

É um dado certo que os promotores do mestrado em EGCT ti- nham-no pensado para um alvo diferente, embora já estejam a utilizar o termo «produto» para o seu mestrado, conferindo- Ihe uma outra dimensão à que tinham para oferecer. Assumem que têm algo para acrescentar no mercado, fora da esfera institucional.

Ao satisfazer a curiosidade sobre este tema, o investigador tem a surpresa de se deparar com um ambiente de mágoa. As empresas já pensaram em termos de produtos, dos seus. Falaram com as instituições de ensino e os resultados não foram animadores.

Se o ISEG tem um produto para oferecer às empresas e se as empresas o querem, ou podem utilizar, são alguns dos objecti- vos deste trabalho. Saber como funcionam, em termos de I&D e o que gostariam de ter para optimizar as suas tarefas é o outro objectivo.

Para promover o eventual diálogo entre a procura e a oferta, este trabalho questiona sobre os travões existentes entre a empresa e os fornecedores de saber de que necessita. Esses fornecedores são as universidades.

Para atingir esse objectivo as empresas foram solicitadas para uma conversa informal, detectando as suas posições e anseios através da empatia gerada.

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A Gestão Empresarial do Conhecimento Tecnológico

Estudo do Caso do Potencial de Procura de Competências cm Economia e Gestão de C&T pelo Sector Empresarial em Portugal

índice

Agradecimentos 8 1 . Introdução 9

2. A Aplicação do Conhecimento Científico e Tecnológico pelo Tecido Empresarial ou a Dimensão Económica do Co- nhecimento 12

2.1. Ensino Superior versus Empresa 15

2.2. O Conhecimento como Base de Trabalho Funcional 26 2.3. A Necessidade da Informação no Acto de decisão 37 2.4. A Importância da Inovação no Ambiente da

Empresa 42

2.5. O factor Tempo no Ambiente da Empresa 47

2.6. O Novo Desafio Económico do Ambiente da Empresa 52 \ 3. Da Escassez à Optimização ou a Necessidade de Gerir o

Conhecimento 58

3.1. A Escassez pela Raridade 61

3.2. A Escassez pelo Desconhecimento 69 3.3. A Optimização dos Recursos 72

3.4. O Factor Tempo na Variação Dinâmica 75 3.5. A Escassez e a Optimização Dinâmica 78

4. A Experiência Portuguesa de Ensino Formal na Área da Economia e Gestão de Ciência e Tecnologia: origem e pers- pectivas 81

4.1. Os Estímulos e as Expectativas das Pessoas que Deci- diram Responder ao Desafio, ou as Origens do Mestrado em EGCT 82

4.2. Mestrado cm Economia c Gestão de Ciência c Tecnolo gia EGCT 97

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Estudo do Caso do Potencial de Procura de Competências em Economia e Gestão de C&T pelo Sector Empresarial em Portugal

T ecnologia 1 03

4.4. Mestrado em Gestão de Ciência e Tecnologia e Inovação 105

4.5. O Pragmatismo dos Construtores Difusores do Saber 107

5. A Procura de Competências em Economia e Gestão de Ci- ência e Tecnologia por parte do Sector Empresarial Portu- guês. Trajectória de evolução e potencial.

Estudo de caso das dez entidades empresariais que mais investem em I&D 108

5.1. Metodologia da Recolha de Informação 110

5.2.0 Ranking dos Maiores Investidores em I&D 112 5 . 3 . Caracterização das Empresas Respondentes 115 5.4. A Realidade da Procura de EGCT: As Origens e as

Razões da Posição de Destaque no Investimento em 1 & D 12 5

5.5. A Realidade da Procura de EGCT: A Percepção do

Conhecimento e as Fontes de Formação numa Dimensão Económica 134

5.6. A Realidade da Procura de EGCT: A Oferta de

Formação, a Percepção do Curso de EGCT e a Opinião sobre a Universidade 137

5.7. A Realidade da Procura de EGCT: As Externalidades que Deveriam ser Disponibilizadas às Empresas e as Sugestões dos Responsáveis Virtuais pela Oferta de Ensino 140

6. Conclusões 147

Bibliografia 155 Lista de Anexos 1 64

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A Gestão Empresarial do Conhecimento Tecnológico

Estudo do Caso do Potencial de Procura de Competências em Economia e Gestão de C&T pelo Sector Empresarial em Portugal

Lista de Figuras

Figura 1. Antecedentes e consequentes da orientação do mercado 57

Lista de Quadros:

Quadro 1. Teses de mestrado em EGCT por número de inscritos e ano lectivo 89

Quadro 2. Procura por formação base (licenciatura) do mestrado em EGCT 100

Quadro 3. Mestres em EGCT por formação de base (licenciatura) 101

Quadro 4. Assuntos abordados nas dissertações de mestrado em EGCT 102

Quadro 5. As dez maiores empresas investidoras em I&D (anos de 1984, 1988, 1990 e 1992) 1 1 4

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em Economia e

Agradecimentos

As primeiras e as mais sentidas palavras de agradecimento vão integralmente para o Professor Dr. Fernando Gonçalves. Nunca poderia ter sido apoiado por uma conjugação tão perfeita de qualidades humanas e de capacidade científica se o Professor Dr. Fernando Gonçalves não tivesse concordado em acompanhar-me na difícil tarefa da elaboração do presente trabalho, sempre com um conselho, uma orientação pertinente e uma crítica construtiva, mas também, quando foi necessário, com a disponibilidade para uma insubstituível palavra amiga. Um agradecimento muito especial à minha mulher Ana, aos meus filhos, Nuno, Mariana e Mafalda e aos meus Pais que suportaram estoicamente os momentos mais difíceis provoca- dos pela acumulação das actividades académicas, familiares e profissionais.

Aos meus alunos, que nunca deixaram de me dar força e moti- vação para querer alargar os horizontes do meu conhecimento, e aos meus parceiros de profissão, o Instituto de Electromecâ- nica e Energia e o Instituto de Soldadura e Qualidade, na pes- soa dos seus directores, Eng.0 Jorge Santos Martins e Dr.a

Rita Diogo, pelo suporte que me ofereceram.

Ao Professor Doutor João Caraça e ao Professor Doutor Ramos dos Santos por terem disponibilizado o seu tempo pre- cioso para fornecerem elementos importantes para a contextu- alização do trabalho.

Aos meus entrevistados e às suas empresas que, com um espí- rito de colaboração inexcedíve 1, aceitaram conceder muito do seu preciosíssimo tempo para a realização do inquérito, desi- gnadamente ao Dr. Peter Villax e à Hovione, Professor Patrício Soares Silva e à Bial, Dr. Lanção Nunes e à Tecnimede, Professor José Salcedo e à ENI, Eng.0 Luís

Cerqueira e à PDSL, Eng.0 Acácio Pereira e à Alcatel, Eng.0

Domingos Nunes e à EID, Eng.0 Vacas de Carvalho e à

Adtranz, Eng.0 Ribeiro e Sousa e Dr. Sassetti Paes e à EDP,

Dr. Carlos Teixeira e à Glaxo, Dr. Miguel Folgado e ao Metro, Eng.a Lusitana Fonseca e à PT Inovação, Eng.0

Gonçalves Ferreira e à Raiz e ao Eng.0 Dias Lopes e uma vez

mais ao ISQ e à D. Isabel Moura e à D. Sónia Sousa do Gabinete de Pós-Graduação do ISEG pela pesquisa de dados sobre o mestrado em EGCT.

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1. Introdução

O trabalho sobre Potencial de Procura em Economia e Gestão de Ciência e Tecnologia (EGCT) tem uma razão muito forte para existir; a da experiência que tem sido adquirida pelo autor ao longo de um percurso profissional, onde se têm mis- turado as ligações ao ensino e à empresa.

Se os alunos anseiam entrar numa carreira após a conclusão dos seus estudos, então é poique têm expectativas de que os conhecimentos que adquiriram são, pelo menos, suficientes para lhes reduzir a incerteza, quando forem solicitados na profissão que escolheram, ou que lhes foi oferecida.

Do outro lado, as empresas processam as suas admissões de pessoal quase pondo em prática um processo de garantia de qualidade. Se uma instituição lhes oferece garantias de reno- me e de qualidade académica, é meio caminho andado para a aceitação das pessoas que nela escolheram fazer os seus estu- dos e que, com segurança estarão melhor preparados. Se ne- cessitam de algo em determinada área, se têm conhecimento de que essa área é ensinada na instituição acreditada, então seiá a essa instituição que as empresas irão buscar os quadros de que necessitam.

A utilidade do mestrado cm EGCT passa a ser uma questão em aberto, quando ninguém questiona a qualidade do ISEG como instituição de Ensino Superior. Até que ponto as empresas sabem que têm necessidade dos mestres em EGCT, até que ponto estarão interessadas quando souberem que existe

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Estudo do Caso do Potencial de Procura de Competências cm Economia c Gestão dc C&T pelo Sector Empresarial cm Portugal

formação nessa área.

Para poder entrevistar um responsável de uma empresa será fundamental estar preparado para qualquer eventualidade, dentro dessas duas alternativas, e conseguir sintetizar num conjunto de questões, o que é fundamental para tirar uma con- clusão.

Foi este o papel da contextualização teórica. Esta provisão de conhecimentos permitiu satisfazer a curiosidade sobre os tra- balhos que têm sido desenvolvidos pelos diversos autores, as hipóteses que construíram e o que pensam sobre o assunto, as- sim como a noção da contribuição que poderia ser acrescenta- da a esta problemática.

Pesquisaram- se, pois, elementos sobre o conhecimento Cientí- fico e Tecnológico, qual a sua aplicabilidade sobre o tecido empresarial c qual a dimensão que esse conhecimento tem na economia em geral. De seguida averiguou-se sobre se o conhe- cimento está disponível para utilização e, se for o caso de ha- ver vontade, se existem ou não utilizadores para esse bem in- tangível.

Numa perspectiva não redutora, verificou-se a realidade da oferta de outros cursos e localizaram-se as razões da existên- cia dessa mesma oferta. O mestrado cm EGCT tem origens que. como qualquer realização importante, são baseadas e sur- gem da experiência de pessoas e instituições promotoras, com todo o seu saber acumulado. Foi neste desejo de esclareci- mento que se efectuaram as entrevistas ao Professor Doutor

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A Gestão Empresarial do Conhecimento Tecnológico

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João Caraça e ao Professor Doutor Américo Ramos dos Santos.

Os resultados aparecem animadores uma vez que as conclusões apontam para uma nítida necessidade de preenchimento de competências nucleares na EGCT. Ficou claro, no entanto, o déficit estratégico na aplicação deste potencial, uma vez que o alerta que foi surgindo ao longo do trabalho foi que as em- presas não estão muito motivadas para receber o que as uni- versidades têm para lhes oferecer e, mesmo que o estivessem, não teriam conhecimento da oferta.

Como afirma Salcedo (1 999), "o ingrediente científico parece ser necessário para que uma organização tenha sucesso no fu- turo; ser capaz de gerar e estimular a criatividade e inova- ção". Segundo o mesmo autor, a mais valia dos novos licenci- ados e dos novos pós graduados é o transporte da seriedade e flexibilidade através das ferramentas técnicas da sua compe- tência. Se são rebeldes e se questionam o pensamento insti- tuído, então são capazes de proporcionar esse valor acrescen- tado. Se as empresas pretendem ou não rebeldes ou se os mestres em EGCT estão enquadrados nesta envolvência inova- dora poderá ser uma das dúvidas que poderão ser elucidadas.

Dias Lopes (S.D), do Instituto de Soldadura e Qualidade, ins- tituição referencial no I&D nacional, afirma que o processo de transferência de tecnologia tem sido largamente promovido através da colaboração, em termos de pesquisa e de colabora- ção técnica, com outras instituições europeias. O objectivo deste trabalho será também o de saber se esta afirmação teria o mesmo impacto, se as instituições nacionais fossem conside-

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radas igualmente referenciais na promoção do processo de ge- neralização do acesso ao estado da arte, enraizado fora das fronteiras nacionais.

Numa abordagem exploratória, decidiu-se começar pelo topo de gama no investimento em I&D. Inicialmente previsto para 10 empresas o estudo acabou por contar com o valioso contri- buto de 14 empresas que, com este comportamento, justificam a esperança que lhes é depositada. Se as empresas nacionais estão receptivas a falar de inovação, querendo descobrir por- que são solicitadas a dar o seu contributo para a temática da Ciência e da Tecnologia, é porque tratam essa temática com a importância estratégica que dedicam à sua própria identidade e à actividade que desenvolvem no mercado.

2. A Aplicação do Conhecimento Científico e Tecnológico pelo Tecido Empresarial ou a Dimensão Económica do Conhecimento

O futuro não está escrito. Não é, pois, apenas por interesse académico que nos devemos preocupar com o ciência e com a t e c n o logia, b e m como com os seus contextos, c o m os seus pro- cedimentos e com os seus impactes sociais e morais. O futuro passa por assumir esta atitude (Caraça, 1 998).

A tentativa de fazer transbordar esta preocupação para um universo supra-académico é, por si só, uma caneta para arris- car escrever o futuro. Infelizmente, instantes após escrever sobre o futuro, se não houver mudança, merguiha-se irreversi- velmente no passado.

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A Gestão Empresarial do Conhecimento Tecnológico Estudo do Caso do Potencial de Procura de Competências Gestão de C&T pelo Sector Empresarial em Portugal

em Economia e

Como interface interactiva entre o passado e futuro, fonte inesgotável de transmissão de conhecimento e de registo ex- plícito, a estrutura educativa deve fazer uso fértil do mo- mento volátil que é o presente (Charan, 1991). A estrutura educativa não deve, por isto, fechar-se sobre ela própria, numa opção sistémica autista, sob pena de criar fantasmas passados e alucinações futuras.

A viragem para o exterior obriga a uma busca constante de ní- veis superiores de produtividade, e tem a vantagem de condu- zir inevitavelmente ao aumento da qualidade (Marrases, 1997). A produtividade assume-se como um suporte da quali- dade que, gerida com espírito de intercâmbio plural, constrói valor acrescentado aos intervenientes que se disponibilizam para esta fertilização cruzada.

Sabendo que a produtividade é um processo de transformação, que está na relação inversa dos meios consumidos e na pro- porção directa do volume produzido, também a produtividade académica estará relacionada com a capacidade das institui- ções de ensino em escrever o passado e o futuro, consoante a riqueza da sua história e a capacidade dos seus meios no pre- sente.

O conhecimento produzido pode ser declinado em novos arti- gos publicados, novos cursos ministrados, projectos com em- presas ou em outras actividades curriculares inovadoras. Os meios produtivos podem ser declinados em recursos humanos e recursos financeiros para produzir conhecimento. A historia resume-se a um acumulado de artigos publicados, de cursos

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ministrados e de projectos desenvolvidos com empresas.

Pressente-se, nesta definição, a importância das rotinas que cimentam os conhecimentos (Nelson e Winter, 1 982) que re- sultam na produtividade académica, das externalidades em activos marginais1, intangíveis e não explicitáveis, que perdu-

ram no tempo e consolidam a imagem de credibilidade das instituições (Dierickx e Cool, 1 989) e a sua história.

A afirmação de Polanyi ( 1 966), segundo o qual «podemos sa- ber sempre mais do que o que dizemos que podemos saber», indicia a existência de um majorante da tecnologia, isto é, da existência de um limite dinâmico do conhecimento que evolui, por excesso, para que haja constantemente um patamar, ob- jectivo a alcançar, que avança mais rápido do que o conheci-

mento.

Com esta cinética, a possibilidade de mutação^ tem viabilida- de, embora o caminho escolhido esteja dependente dos actores que criam procura e oferta de tecnologia quando optimizam a sua organização (Simões, 1 998), numa dimensão económica do conhecimento.

Gonçalves (1 998) confirma a dimensão económica do uso do saber com o nível de vida que resulta para as populações e à sociedade em geral, conferindo-lhe a importância universal de uma força conservativa, isto é, de uma força cujo trabalho nao

1 Recursos não materializáveis em contab . I.dade f. na

2 Palavra intencionalmente provocatória que Pode '^eccio-

dança súbita, em degrau discreto, ou a evolução incremental nada aleatoriamente.

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A GestSo Empresarial do Conhecimento Tecnológico

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depende do caminho e, por consequência, dos actores que o percorrem.

2.1. Ensino Superior versus Empresa

Segundo Santos Pereira ( 1 998), o modo como a sociedade in- filtra a técnica e o modo como a técnica infiltra a sociedade, são modos de um mesmo processo, onde se distinguem os Ac- tores-Rede (Latour, 1 987). O facto de existirem na realidade não é o mais importante porque, mesmo que a rede dos actores não esteja formada na sua plenitude, no mínimo, tem potencial para se afirmar logo que os intervenientes sejam confrontados com a oportunidade para o fazer, numa perspectiva sistémica de solução de problemas. Economicamente, na presença deste potencial, a não existência de entidades actuantes é impensá- vel, a menos que o encenador provoque o isolamento isentró- pico dos actores. Este cenário de isolamento não é tão inad- missível como se calcularia no "teatro" do Ensino Superior.

Numa primeira abordagem, o problema do Ensino Superior, um dos sectores de instituições executoras de I&D portuguesas com mais peso em C&T3, reside no receio de que um excesso

de funções novas resulte no comprometimento das funções principais, por sobrecarga. A tendência natural de busca de produtividade académica acontece internamente, isolando o sistema do meio exterior, da sociedade e das empresas. Neste quadro exploratório, o desenvolvimento no seio do Ensino Su- perior tem características endógenas associadas as caracterís- ticas de cada instituição e cada «endogcncidade», cada insti-

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tuição, pelas suas especificidades, vira as costas à outra adja- cente.

Numa segunda análise, mais aprofundada, a esperança de que apenas podem existir entidades actuantes surge com um novo fôlego num quadro que não se apresenta, felizmente, tão ne- gativo na prática como seria de esperar. É possível constatar uma realidade positiva nos resultados de trabalhos recentes sobre o assunto, referenciados de seguida.

Em 1 992 a OCDE publicou um trabalho segundo o qual muitas instituições de ensino superior têm o ensino e a investigação como funções principais. Estas funções podem ser alimentadas de diversas formas, permitindo que as universidades aprendam a fazer algumas coisas melhor do que fazem hoje. O receio do comprometimento traduz-se, afinal, na potenciação de sinergi- as.

Mais tarde, já com a dimensão do resultado da experiência de quase uma década de desenvolvimento, num estudo sobre o es- forço de inovação tecnológica e participação em programas comunitários (Programas Quadro) das empresas em Portugal, Moreno ( 1 998) verificou que o desenvolvimento experimental e a investigação aplicada são os objectivos principais das unidades participantes, onde se incluem as Empresas, Institui ções de Ensino Superior, Estado e Instituições Privadas Sem Fins Lucrativos (IPSFL) num total de 399 no 4.° Programa Quadro.

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A Gestão Empresarial do Conhecimento Tecnológico

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estudo, se us universidades e os politécnicos não se constitu- íssem como fontes de saber, implicados na inovação através do fornecimento de resultados de investigação básica, como também na disponibilização de soluções para problemas con- cretos. Esta oferta é dirigida preferencialmente às empresas com permeabilidade técnica suficiente para a transferência dos conhecimentos, que se dispõem a abrir as fronteiras para os outros intervenientes.

O esforço de difusão de conhecimentos direccionado para o desenvolvimento de projectos comuns, a fertilização cruzada já referida, nem sempre conduz ao desenvolvimento de novos produtos e protótipos. Apenas em 20% das empresas e 1PSFL está patente uma predisposição em formalizar essa investiga- ção, no meio-empresa, transformando o potencial tecnológico em inovação.

As empresas que assumem a postura activa, embora represen- tativas de uma raridade optimista (20% contra quatro vezes mais das que assumem a postura passiva) aproveitam estrate- gicamente a possibilidade de transformação de uma parte da incerteza associada ao lançamento de novos produtos em risco partilhado, que podem controlar facilmente. Esta possibilida- de é-lhes disponibilizada pela existência de fundos comunitá- rios.

Embora este estudo seja importante porque ilumina sobre a necessidade real da existência de facilidades para a imple- mentação de dois vectores de actuação das empresas, sendo o primeiro a estratégia económica favorável a existência da ri#*.

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Estudo do Caso do Potencial de Procura de Competências Gestão de C&T pelo Sector Empresarial em Portugal

inovação e o segundo o processo de troca animado pelo co- nhecimento adquirido, a atenção passa a estar focalizada na metodologia que estas adoptam para dar forma a este propó- sito. A pesquisa permite seleccionar e apresentar em seguida alguns estudos elucidativos que abrem caminhos sobre esta temática de motivação e partilha.

Do lado da oferta, os trabalhos de Cristina Gomes (1 998) classificam as operações relacionadas com o investimento Ci- entífico e Tecnológico e Investigação Industrialmente Orien- tada. como «actividades de criação e actividades de absorção e difusão», definindo o que se pode considerar um posiciona- mento vasto e abrangente para as empresas ou instituições que pretendem construir um suporte de desenvolvimento utilizá- vel.

Romer (1996) salienta a importância do que chama «produtos não rivais», resultado materializável das actividades da clas- sificação de Gomes. O acesso do meio empresarial a este tipo de produtos em fase de desenvolvimento experimental no meio académico, no estádio de criação ou apropriação do conheci- mento disponível em que se encontram, confere a um maior número de empresas que recorrem ás universidades a possibi- lidade de focalizarem a sua atenção e recursos nas suas neces- sidades específicas, poupando energias em I&D, sejam elas financeiras ou tecnológicas.

A adopção das alternativas metodológicas sugeridas pelos autores é facilitadora da difusão pela diminuição do tempo de acesso à inovação pelo consumidor. O investimento das em-

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presas nos seus produtos começa num ponto de partida num estádio mais avançado do ciclo do tempo tecnológico , canali- zando recursos para outras áreas prioritárias que, de outra forma, estariam dedicados à gestão conceptual mais afastada do mercado.

O uso dos "berços" de inovação dos autores citados tem como consequência imediata a diminuição dos custos da obrigação de protecção do conhecimento tecnológico, que transborda das empresas quando constituem e gerem os seus próprios depar tamentos de I&D. Estes custos arrecadados podem ser trans-

formados em poupanças canalizadas para a constituição de re- des de interesses económicos, com a protecção institucional do Estado, em que a consequência lógica apenas pode ser a criação de mais riqueza social.

Com efeito, as elevadas taxas de retorno sociais dos «produ- tos não rivais», que Romer (1996) estima em 30 a 50%, assim como a promoção imediata de inovação e dos efeitos de exter- nulidades, sem que seja necessário o recurso aos financia- mentos do estado, às garantias de empréstimos ou ao incre- mento dos impostos, contabilizam a importância das ligações entre actores económicos.

O estudo de Moreno indicia uma opção estratégica coincidente com os trabalhos de Romer, embora o primeiro adicione, fruto da realidade nacional em que se insere, a existência de fundos integrados para o desenvolvimento. A tendência e a de pnvi-

4 Período de tempo que medeia entre o aparecimento da invenção ou

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legiar os contactos entre instituições da mesma natureza, fre- quentemente supra-nacionais por via do espaço integrado.

No caso de Portugal o acesso aos fundos redutores de incerte- za estão facilitados com a constituição das IPSFL que, embora sendo basicamente empresas, integram essencialmente quadros universitários.

Esta definição, ou indefinição prática, do sector de actividade em que se inserem as IPSFL, tem como resultado imediato o incremento das ligações académico-empresariais, que se pas- sam a estender por um universo mais vasto, traduzido na prá- tica da investigação aplicada, ou meramente educacional, por via dos contactos entre as empresas, como um todo ou através dos seus departamentos especializados onde trabalham os seus quadros, e os departamentos das universidades que obrigatori- amente integram os docentes.

Estes contactos passam a dispor da facilidade de se estende- rem a espaços geográficos mais vastos do que os nacionais, especialmente pela via académica, como o espaço europeu e o americano, que disponibilizam, pelas duas vias de difusão, empresa e universidade, formas de intervenção no estado da arte.

Poder-se-ia pensar que a constituição das IPSFL poderia faci- litar a ponte entre a universidade e a empresa pelas caracte- rísticas comuns que poderiam apresentar. Apesar de cumpri- rem na íntegra as suas funções de ligação para o acesso aos fundos, em Portugal, as IPSFL estão menos ligadas ao tecido

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Estudo do Caso do Potencial de Procura de Competências cm Economia c Gestão dc C&T pelo Sector Empresarial cm Portugal

empresarial do que seria dc desejar.

Motivados por esta indefinição de dependência funcional, têm surgido alguns problemas na adopção generalizada da liberda- de dos contactos intersectoriais, mais ou menos formais e in- quanti ficáveis, tanto do lado do ensino como da empresa, cri- ando um muro com desagregação dificultada porque a sua constituição está longe de ser apenas material.

No lado da universidade, existem impedimentos legais a estes contactos que se relacionam com a acumulação de funções (OCDE, 1994) pelo f a c t o de, supostamente, c o n f e r i r e m im- pactos negativos indesejáveis. Este argumento não favorece o estabelecimento e a manutenção de eventuais embriões de tra- balho e limita a promoção generalizada dc contactos da uni- versidade com a empresa.

No lado da empresa criam-se barreiras à mudança e à inovação tecnológica pela própria envolvente empresarial (Godinho, 1998). Se em 1992 (Observatório do M.I.E., 1992), a empresa já c o n s i d e r a v a como travões a inovação a dificuldade de acesso ao financiamento e a íalta de qualificação dos trabalhadores, pouco terá mudado na promoção de contactos da empresa com a universidade.

Afinal, embora funcione na teoria, a partilha de risco é mais um problema. Deveria ser uma facilidade. A postura passiva da indústria em Portugal, ajudada pela agressividade autista da universidade, não tem facilitado a queda do muro, parti- cularmente no que respeita a vontade ou a possibilidade de

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criação, pela empresa, do seu próprio grau de autonomia rela- tivamente ao investimento em investigação.

O resultado destas trocas de acusações e de travões à interac- tividade conduzem inevitavelmente à questão da consciência que as empresas têm da oportunidade das opções estratégicas ao nível microeconómico, particularmente na capacidade de constituírem recursos financeiros e massa crítica com visão para a qualidade.

A capacidade de auto-financiamento e a vontade de auto- promover a qualidade do desempenho dos recursos humanos, são condicionantes endógenas de sobrevivência organizacional c do sucesso, face à diversidade c incerteza do ambiente de mudança e à evolução estrutural em que a empresa se vê obri- gada a operar.

Stacey (1992), que estudou esta problemática, sugere que a maioria dos gestores trabalham em ambiente determinístico. Com medo da incerteza, não sabendo manobrar o risco, tra- balham apenas com o que conhecem. Qasta-lhes acertar no roteiro para o objectivo estabelecido. O caminho a seguir está dependente da missão, isto é, do que a empresa quer fazer no

futuro, da «visão» que tem para o seu percurso.

No entanto, se esta «visão» for partilhada, os actores podem- se sintonizar, trabalhando interactivamente e não tendo neces- sidade de assumir no singular a responsabilidade das suas in- suficiências e gerindo o desenvolvimento com benefícios re- colhidos nas sinergias. Ao existir comunicação, ena-se um

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e m Economia e

código comum que estabelece ligações de cumplicidade. A ca- pacidade de troca confere-lhes poder negocial das participa- ções no processo de desenvolvimento de forma a que possam, como afirma Gonçalves (1990), demonstrar que podem contri- buir e não apenas receber.

Justificando as opções metodológicas correctas, as grandes empresas, que operam com elevados níveis de intensidade tec- nológica, dispõem de grandes capacidades de I&D na sua or- ganização, partilham-nas utilizando internamente os seus có- digos. Estas empresas saem dos seus feudos e abrem os seus horizontes, apreciando os contactos com a universidade atia- vés das chamadas «janelas de investigação» que lhes pei mitem uma actualização constante.

As visibilidades do exterior, as «janelas» referidas, constitu- em-se como extensões dos departamentos de l&D das empre- sas. através da difusão informal de conhecimento nas redes que se estabelecem motivadas pela proximidade c pela visão partilhada, indiciando a importância preponderante da dimen- são deste actor económico no processo de desenvolvimento.

Embora tenha, como se viu, uma importância que está longe de ser negligenciável, a dimensão empresarial não e o único factor com peso no intercâmbio de conhecimentos. Na sua in- vestigação, Fontes (1995 ) assinalou o papel das denominadas Empresas Baseadas em Novas Tecnologias (NTBF) no processo d e d cscn vo 1 v i men lo econó mico, ao introduzi rem no espaço na- cional novos produtos ou serviços, ou ao trazerem para o mer- cado nacional produtos já disponíveis noutros mercados mas

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de obtenção difícil, ou mesmo novos neste mercado.

Afirma-se neste estudo que estas empresas dispõem de uma característica essencial - o «dinamismo tecnológico» - que lhes permite identificar e explorar novas tecnologias com ele- vada potencialidade, conseguindo assumir uma dinâmica em- presarial para actuar com eficácia no mercado. Criam comuni- cação, e a sua visão desperta novas necessidades e novas oportunidades. A dimensão das empresas não é uma vantagem competitiva, antes um empecilho à sua capacidade de adapta- ção e reacção. A dimensão não e confundível, nem tão pouco prenúncio de flexibilidade.

A mobilidade, e a capacidade que assumem em tirar partido das periferias, de escolherem uma localização satélite dos centros (O.C.D.E. 1984), inserem estas empresas numa ver- tente pioneira de apropriação (Pavitt, 1 984) e difusão de co- nhecimento que permite a criação de empregos e desenvolvi- mento em zonas carenciadas, com potencialidades para ofere- cer vantagens de mercado ou proximidade com universidades.

Quaisquer que sejam os posicionamentos e as diferenciações adoptados pelas empresas, os padrões de sucesso estão identi- ficados (Moreno, 1998) como sendo a interiorização da inova- ção em toda a cadeia de valor, a atenção dispensada ao merca- do. quer a jusante, quer a montante, a colaboração com equi- pas nacionais e internacionais no desenvolvimento de activi- dades científicas e tecnológicas, a importância dada aos re- cursos humanos c a prática do planeamento estratégico.

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No entanto, a análise do estabelecimento dos primeiros con- tactos entre todos os parceiros, considerados de sucesso, apresenta uma percentagem elevada de 92.1% para o conheci- mento anterior existente no seio do Ensino Superior, contra 3,9% através de encontros ou congressos, contrastando com o comportamento das empresas ou do governo, que estabelecem ligações semelhantes utilizando o conhecimento prévio ou os contactos mais ou menos informais (Caraça et al, quadro 5.4, pag.34).

O estudo sobre o impacte dos programas tecnológicos de pes- quisa e desenvolvimento (Caraça et al, 1 993), concluiu que as equipas das empresas procuram preferencialmente métodos e conhecimentos básicos que aplicam cm fertilização cruzada e em desenvolvimento de recursos humanos. A empresa parece que apresenta maior capacidade em comercializar os seus ser- viços, interiorizada como vocação, ao contrário do que acon- tece com os restantes elementos do Sistema Científico e Tec- nológico Nacional.

Uma análise baseada nas vantagens da gestão dos recursos do saber (Griffits et al. 1998) afirma o reconhecimento crescente destas vantagens como fonte de competitividade tecnológica, confirmando o que já tinha sido discutido anteriormente por outros autores (Gonçalves e Caraça, 1986; Dosi et al, 1992; Freeman, 1 994; Teece, 1987, 1 994; Nonaka, 1991, 1995).

As r e d e s d e i n lo r mação e r e 1 a c i o n a mento, apesar dos contra- tempos enumerados, apresentam forte potencial, pelo grau elevado de dependência funcional das ligações entre a univer-

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sidade e a indústria, no universo vasto de oportunidades que é a economia, numa interligação com a tecnologia (Nelson e Winter, 1 982, Freeman, 1 982) onde as empresas são, afinal, "origens e destinos de um processo matricial interactivo (Ca- raça, 1 993).

Afigura-se agora evidente que a indústria tem diversas vanta- gens ao forçar a tentativa de novas formas de colaboração com as instituições de ensino superior, para que se possa pautar por padrões de sucesso, em função das expectativas criadas com o que é possível fazer, e da interactividade que hoje é possível desenvolver inter e intra sectores produtivos, face à disponibilidade da informação.

O poder de decisão sobre esta matéria está relacionado com os instrumentos disponíveis e com a competência para o assumir em situações que se podem considerar contrárias a esta- blishment s avessos à mudança.

2.2. O Conhecimento como Base de Trabalho Funcional

O conhecimento é o recurso fundamental da economia moderna em que o processo mais importante é a aprendizagem (Lundvall, 1992). A capacidade de aprendizagem apenas está limitada pelas capacidades inatas como o génio e o talento. O contacto com estes indivíduos, no seu papel de professores, incrementa a capacidade dos outros, nem que seja para apren- der como se aprende (Baptista, 1994).

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práticas, grandes doses de investimento, considerando que está disponível para uma recolha e difusão potencial no ambi- ente em que se movimentam os seus detentores tácitos. Como se verificou ao longo deste capítulo, a dimensão económica do conhecimento faz-se sentir, tanto ao nível nacional como fora das fronteiras, nos espaços integrados globalizantes que des- pontam na emergência do novo século.

A capacidade de exploração do potencial de conhecimentos ao nível da nação, ou do espaço integrado, a organização e a di- mensão desse conhecimento tácito são factores cruciais de su- cesso (Caraça, 1993), pelo que os detentores tácitos do saber existem por vontade colectiva (Drucker, 1992, Stalk et a 1,

1992).

A importância da consciência e do espírito colectivo no des- envolvimento das capacidades cognitivas nas competências de absorção de conhecimento, e na respectiva aplicação em cria- ção e difusão, está em correlação directa com a implementa- ção de estratégias correctas produtoras de efeitos sociais, económicos e culturais sustentados (Moreno, 1998) que pro- movem, com as mais valias visíveis, retroacções consolidantes da colaboração plural, iniciando novos ciclos de fertilização.

Confirmando o protagonismo do conhecimento sob a forma de ciência e de tecnologia, a validação de bens e serviços soci- almente aceites está na dependência da vontade colectiva do mercado (Gonçalves, 1998) legitimando éticas «politicamente correctas» e comportamentos controlados em tempo oportuno.

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Estas afirmações sugerem que a administração do saber de- pendente de uma ponderação elevada de retornos materiais em detrimento dos imateriais. O combate a esta realidade apre- senía-se como uma tarefa difícil, porque o saber fertilizante e embrionário de novos retornos materiais, não sendo directa- mente quantificável e porque não pode entrar em números no balanço anual, não confere visibilidade imediata aos seus proponentes.

Estes proponentes, apagados na realidade numérica do imedi- ato, esquecem-se que vale a pena investir porque a compo- nente imaterial do conhecimento faz-se sentir por aplicação do que pode ser materializável em inovação, e por isso, senti- do pelas pessoas «comuns», isto é, através do processo de di- fusão. A visibilidade desponta naturalmente na grande vanta- gem de conferir poder de referência consistente no tempo.

Segundo Godinho e Caraça (1988), os níveis da difusão estão condicionados pelas características da inovação, dos produto- res e dos utilizadores. Estes intervenientes desempenham o Papel fundamental para que existam fluxos de informação e, como consequência, procura e oferta desses produtos num de- terminado ambiente (Caraça, 199») de mercado.

A aprendizagem, que apropria o fluxo de informação, tem a capacidade de se potenciar em todos os locais e ocasiões onde o indivíduo interage com o meio. Esta energia flúi através dos sentidos, ou em locais onde possa existir contacto entre os indivíduos «i n f e c t a d o s » com experiências c saberes, que lhes foram transmitidas pela via somática. Se é verdade que a ex-

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periência valida a teoria, e esta dinâmica fomenta a crítica constante, então o conhecimento tem a consistência da sua aplicabilidade (Baptista, 1 994).

A razão da opção obscura e passiva da negação destes factos pelos que não apostam nas vantagens do germe imaterial por- que não sabem, ou não querem, transformar a incerteza do in- quantificável em risco de investimento, tem uma explicação no enunciado de algumas leis da Física como a que é conheci- da por «lei da acção c reacção».

A experiência cognitiva sugere que a actividade vital, como qualquer outra que exija o dispêndio de energia, está depen- dente das leis que regem a Física. Newton, no sec. XVII, já sabia que qualquer desequilíbrio provocado por uma acção de- sencadeia, irremediavelmente, uma reacção de sentido contrá- rio que tem por consequência o restabelecimento do equilíbrio Perdido.

Esta condicionante tem como resultado a inércia inata em Provocar situações de desequilíbrio que desencadeiem reac- ções. algumas de dimensão incontrolável para quem as origi-

na, ou exagerada para a finalidade a atingir. Não será, por- tanto, admissível pensar que se levem a cabo tarefas por um caminho, se existir a capacidade de as desenvolver por outra via que não necessite de tanta energia nem de tanto esforço.

El risco só se corre na medida do necessário c sempre numa Perspectiva de constante minimização. Mas, para que esta f r a -

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minimizáveis e, caso isso aconteça, sabem como proceder para tentar atingir esse estado de optimização.

A existência da capacidade de optimização, de atingir máxi- mos ou mínimos com restrições de compromisso, está relacio- nada com a possibilidade de criar alternativas de decisão para que a acção, a vontade para realizar e executar tarefas, não resulte numa reacção de esforço e tempo demasiado penosa e desnecessária, sob a forma de dificuldade e complexidade su- perior.

A capacidade de saber optar correctamente, de decidir bem, é obtida no contacto com as dificuldades. A necessidade inata de ultrapassar obstáculos motiva o esforço intelectual de cria- ção, estimulando, em suma, formas de aprendizagem de alter- nativas que conduzam a um resultado final por caminhos que necessitem de um valor mínimo de energia vital.

As formas mais importantes da aprendizagem podem ser con- sideradas como processos interactivos, resultantes da exposi- ção sistemática a estímulos que existem nas rotinas de produ- ção, distribuição e consumo de bens e serviços. Infelizmente,

0 ponto fraco destas rotinas está localizado na impossibilida-

de de quantificação dos defeitos e dos vícios, que tem como consequência o desconhecimento das funções de probabilidade

e da significância das suas variáveis.

Os processos de decisão estão colados a rotinas, que têm lu- gar em ambientes onde a percepção correcta do risco não pode ser interiorizado porque carece de elementos probabilísticos

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que o quantifiquem. As decisões são tomadas sem dispor de dados suficientes, transformando o dia-a-dia numa actividade pouco científica e muito arriscada (Beer et al, 1990, Baptista, 1 994).

A necessidade de limitar o ambiente de incerteza conduziu al- guns investigadores (Twiss, 1974, Dumbleíon, 1986, Coombs et al, 1987) a quantificar essa incerteza, transformando-a em risco. Os seus estudos incidiram nos projectos ligados à ino- vação, com o intuito de reduzir o risco material futuro, face à visibilidade inevitável dos resultados obtidos pelos actores que operam nos diversos sectores. Os resultados, quando aceites pela comunidade, têm que ser referenciais sem o que se transformam em armas sociais de destruição viradas para os Prevaricadores.

Sobre esta visibilidade, satisfação natural para as entidades que atingiram um nível mais elevado do que os seus pares em determinado domínio, Stacey (1992) comenta a ligação medi- ática do sucesso à estabilidade dos resultados obtidos pelos decisores, transformando numa quase impossibilidade a exis-

1 è n c i a de qualquer outra alternativa, no seio da opinião social

colectiva cada vez mais influente.

^ pressão criada pelo meio origina, naturalmente, um elevado grau de instabilidade, cujas variáveis influenciadoras estão 'denti ficadas como sendo a incompetência e a ignorância. Mi-

n i rn i z a n d o ou eliminando estes factores de instabilidade com acÇòes convincentes, o caminho da excelência e da estabili-

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Twiss ( 1 974) identifica os parâmetros para combater a igno- rância e a incompetência como sendo a avaliação focalizada na missão da empresa e nos critérios de marketing, I&D, fi- nanceiros, de produtividade e sócio/ ambientais ou ecológi- cos.

Caso estas soluções metodológicas sejam adoptadas, não have- rá receio nos «arriscadores» da mudança em transmitir as suas descobertas, pois terão que o fazer com segurança a uma audi- ência esclarecida.

Na generalidade das situações onde a decisão está dependente da capacidade de previsão sustentada pela capacidade e intui- ção individual, como aliás em todas os ambientes onde a in- certeza persiste sobre o erro, o recurso à informação apre- senta-se como o caminho mais seguro a percorrer, desde que seja possível ultrapassar as limitações estruturais que estão associadas à recolha e ao processamento dirigido de dados.

No entanto, em ambientes com elevado nível de conhecimento e onde a informação perfeita é muito onerosa, esta funciona como travão da implementação das opções preconizadas. A disponibilidade da informação nem sempre é total e imediata. Com frequência, requer selecção, recolha, tratamento e codi- Ncação de dados e, por conseguinte, o tratamento e difusão dos dados necessita obrigatoriamente de tempo.

Numa perspectiva de solução de compromisso marginal, a ne- cessidade de informação tem mais hipóteses de ser satisfeita

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sidade absoluta e a obtenção efectiva. A anuência racional a este diferencial instaura irremediavelmente um estado de es- cassez, que tem que ser gerida com prioridades, inevitavel- mente subjectivas, que requerem segurança e conhecimento. A solução de compromisso apenas tem viabilidade num ambiente de controlo de risco.

A informação imperfeita de que frequentemente se dispõe, uma preocupação patente nos investigadores, encerra erros que só podem ser atenuados com o recurso a mais informação (Nonaka, 1991, Argyris, 1991). Apesar de tudo, em muitas situações práticas permanece a incerteza sobre a dimensão do erro. A capacidade de recolha informação, embora demorada e onerosa, reduz aquela dimensão ao permitir que as decisões relacionadas com as alternativas disponíveis sejam mais fá- ceis de formalizar e confiar.

Variável independente, presente implícita ou explicitamente no discurso anterior, a estabilidade não é aceite universal- mente como factor de progresso sustentado.

S c. por um lado. Schumpeter (1939) aceita a instabilidade como razão de progresso, desde que conduza a um novo estado de equilíbrio, com processos de mutação a regular a evolução histórica (Louçã, 1998), numa visão evolucionista da economia como um todo orgânico, por outro, Fonseca ( 1 998) tem uma preocupação prospectiva em continuidade, chegando, numa visão crítica, a reflectir sobre a validade de um novo Paradoxo: "o de presumir o futuro como mera extensão do Passado".

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Parece pouco claro que o sucesso esteja relacionado em exclu- sivo com a estabilidade, com a monotonia ou com a desconti- nuidade. Os processos de imitação arrumam-se perfeitamente neste espaço fronteiriço, reiterando a sua importância elevada em qualquer das alternativas produtoras de sucesso.

O processo de imitação emerge, nesta indefinição, como uma capacidade de obter conhecimento, aproveitando a experiência alheia, reduzindo os riscos do pioneirismo ou aproveitando selectivamente a continuidade. Permite-se ainda o papel deci- sivo de catapulta de lançamento de descontinuidade, quando o saber adquirido consente, finalmente, a liberdade criativa.

No entanto, a circunstância do conhecimento se apresentar tá- cita ou explicitamente pode afectar a facilidade de imitação (Teece, 1987, Nonaka, 1991), a capacidade de aprender e, como tal, a capacidade de auto-suficiência criativa. A passa- gem de testemunho preconizada por Brocksmith (1998), pode ser uma das vias endógenas de desenvolvimento onde o saber circula implicitamente dentro da organização (Adler, 1993).

O caminho da inovação trará obrigatoriamente novas ideias que, ao saírem da fronteira da empresa, podem rapidamente ser copiadas, encetando o processo de desenvolvimento. Fre- quentemente a aplicação de uma nova tecnologia, importada do exterior da empresa, consegue melhorar ou substituir as existentes (Fontes, 1995), provocando, através do uso de ex- tern alidades apropriadas, a necessidade do investimento em novas competências (Pavi11, 1991).

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Gestão de C&T pelo Sector Empresarial em Portugal

Algumas empresas aproveitam o «entornar de conhecimento tecnológico» para o usarem fora do raio de apropriação e inte- resses da empresa «fornecedora». Em mercados de dimensão reduzida longe das prioridades dos grandes geradores de pro- gresso, existem oportunidades concretas de utilização imita- dora.

O facto de não existirem nesses mercados internos produtos ou serviços que já não são novidade nos mercados externos, conferem a essas empresas, oportunistas no bom sentido, for- mas de aplicação de tecnologias que apenas elas conseguiram reter ou copiar.

Mais fácil imitar com conhecimento explícito, o impedimento à apropriação desse conhecimento por terceiros possa ser um lactor de competitividade vital para quem o detém, transfor- mando em barreira uma ferramenta evolutiva.

Arriscando uma primeira conclusão em termos tecnológicos, poder-se-á afirmar que existem empresas de sucesso. Estas empresa não têm receio em aplicar conhecimento científico ou tecnológico utilizando um pragmatismo funcional de gestão racional e controlo do risco do seu negócio.

Para atingirem o objectivo de assumpção da amplitude da in- certeza, condição necessária para poderem quantificar o risco, recorrem às competências internas, valorizam-nas e optimi- zam-nas, promovendo, para tal, a interacção com os seus par- ceiros produtores e difusores de saber.

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Freeman (1982) resume as características de sucesso empresa- rial em dez pontos, numa tentativa de instauração de padrões de atitude ou de comportamento, com uma correlação que se poderia classificar de determinística, conforme segue:

1) Capacidade de l&D interna forte e profissional,

2) Desempenho em investigação fundamental ou com os que a conduzem;

3) Utilização de patentes para se protegerem ou como fonte negocial com os que as quiserem utilizar,

4) Capacidade para sustentar actividades de I&D durante pe- ríodos dilatados;

5) Capacidade de inovação em prazos mais reduzidos do que os concorrentes;

6) Prontidão para correr riscos;

7) Identificação atempada e imaginativa de mercados poten- ciais

8) Atenção cuidada ao mercado potencial com esforços para envolver, educar e acompanhar os utilizadores,

9) Capacidade empresarial suficientemente forte para coor- denar as actividades de I&D com a produção e com o ma- rketing;

10) Boa comunicação com o mundo científico, bem como com os seus clientes.

Seleccionadas as variáveis significativas do sucesso, a curio- sidade recai sobre a influência que cada uma delas pode ter na vivência empresarial, excepto no que respeita ao papel do re- lacionamento de Ensino Superior com a empresa, explicitado no item 10 da classificação de Freeman, já alvo de análise no

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§2.1. O roteiro começa na relação de dependência que existe entre a informação e o processo de decisão que é necessário para optar por um rumo determinado.

2.3. A Necessidade da Informação no Acto de Decisão

Um sistema atinge uma ordem determinada apenas quando tem possibilidade de assumir comportamentos caóticos, e a sensi- bilidade para as pequenas perturbações, com uma infinita va- riedade, para que seja possível dirigir a trajectória para um estado desejado (Prigogine et al, 1986, Stacey, 1 992).

Para poder dominar facilmente um sistema tem de se introdu- zir o caos (Baptista, 1994), introduzir-lhe, entre outras coisas diversidade e sensibilidade.

O problema que se pode colocar reside na responsabilização associada ao grau mais dilatado de capacidade de decisão na diversidade e no caos. A responsabilização, nestas condições, pode ser um factor de desmotivação pelo facto de incluir um risco de despromoção do indivíduo operante, associado à hi- pótese de insucesso, que insiste em estar presente quando a informação não é perfeita.

A dissimulação desta hipotética deficiência pode ser um fac- tor de conforto e segurança, tanto mais prejudicial para a or- ganização quanto maior o controlo exercido pelo não utiliza- dor deliberado da informação disponível. O que interessa não é o esforço mas sim os resultados (Mammer, 1994),

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Ora, como já se demonstrou, o investimento em ambientes «esclarecidos» tem um forte potencial de promoção, indivi- dual e colectivo, pelo poder de referência que confere. O ca- minho para o saber fazer está na alteração das atitudes e dos comportamentos através de experiências positivantes e moti- vadoras para os candidatos pro-activos.

Se a exposição a estímulos cognitivos conduz à experiência, que promove o conhecimento e desencadeia o aparecimento de novas alternativas de resolução de problemas, então também cria um processo cumulativo dirigido para a melhoria da efi- ciência das operações produtivas, learning-hy-doing5 (Arrow,

1962), optimizando a utilização de sistemas complexos, I e ar- n i n g. by - u s i n g6 (Rosenberg, 1982) ou envolvendo interactiva-

mente os utilizadores e os fabricantes para promover inova- ções de produto, learning-hy-interacíing1 {LunávaW, 1988).

Apesar desta aparente facilidade, a exposição aos estímulos não é suficiente, caso não se conheça a situação da empresa quanto à prática de rotinas e processos chave ou de indicado- res de desempenho, caracterizados por Laranja (1998) como d o i n g -ihe-righl-l li i n g8 e do i ng-t h i n gs - r ig h 19.

Por todas estas razões será tão importante incutir no espírito do fornecedor/facilitador de conhecimento a ideia de que a di- fusão do que tem para oferecer é um factor de promoção, por

" Aprender fazendo ' A p ren d e r n t i I i zando

Aprender interagindo Eazer o que é correcto 9 v fazer c o r r e c tam ente

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acréscimo do seu poder de referência na organização em que está inserido, permitindo o acesso a novas formas de compe- tência aos que estão na sua dependência (Hirschhorn et al,

1 992).

A aprendizagem intervém no espírito do gestor evoluído como uma necessidade inquestionável. No entanto, auto limita-se com o seu peso próprio quando todos os intervenientes sentem cjue a aprendizagem é lenta e dispendiosa, ávida de acompa- nhamento e dedicação, para que os resultados satisfaçam as expectativas do investimento em recursos que se canalizaram para os obter.

Na sua busca de soluções para o futuro das organizações, Kanter (1994) regista a discussão crescente sobre «competên- cia nuclear», a capacidade do indivíduo responder à insegu- rança profissional, «competição das capacidades», ou a mais valia do saber individual face à oferta do mercado de traba- lho, e da «organização com capacidade para aprender», ou a competência colectiva das competências nucleares. A aprendi- zagem conduz ao conhecimento que pode ser aplicado em en- sino. num processo de difusão e interacção que junta pelo me- nos dois intervenientes: o que sabe e o que quer saber.

No entanto, o discurso afasta-se da prática porque a contabi- lidade material demora a justificar o esforço financeiro apli- cado na criação de capital humano. O diferencial deve ser colmatado pelo convencimento dos cépticos através de mensa- gens fortes e de justificação pelos resultados. A comunicação

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comunicação depende do estímulo que lhe está associado, quer do ponto de vista relacional quer de conteúdo (Berlo, 1 972).

Importa que o emissor saiba dirigir a sua mensagem ao re- ceptor com a preocupação de reduzir o ruído ao mínimo, con- ferindo a qualidade máxima e prevenindo a perda de elemen- tos que possam reduzir os prazos e os custos da transmissão e difusão.

Os canais de comunicação e os activos que se disponibilizam para o efeito, desempenham aqui um papel de primeira linha na optimização da aprendizagem. O receptor deve constituir- se como cliente exigente, buscando satisfação de anseios e necessidades (Kotler, 1995).

Porque é difícil controlar este processo, os mecanismos soci- ais de monitorização e de avaliação apresentam-se como o principal problema a ultrapassar. No entanto, alguns indícios permitem encontrar o fio da meada.

Alguns autores sustentam que o conhecimento começa sempre no indivíduo (Nonaka, 1991), estimulado pelos desafios que enfrenta no seu quotidiano. Este conhecimento individual transforma-se em conhecimento organizacional válido para a empresa como um todo, ou para o grupo em que se insere esse indivíduo, rapidamente difundido e aplicado na melhoria do hem estar, não de um, mas de um conjunto de indivíduos, ma- terializado em produtos, serviços ou comportamentos que não existiam antes de terem sido inventados pelo indivíduo nucle-

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Neste contexto, o indivíduo encontra-se inserido num espaço envolvente colectivo, não só protagonizador da produção de bens e serviços generalistas, mas também indutor da produção de bens especializados, quer de cariz social ou cultural.

Esta envolvente organizacional permite a emergência de uma flexibilização, tanto profissional como da estrutura organiza- cional, processo que encerra em si um conjunto considerável de vantagens, de entre as quais valerá a pena referir a inova- ção de produtos e métodos, a identificação e resolução rápida de problemas imprevistos, a redução de tempos mortos e por esta via, a melhoria das competências técnicas e sociais dos indivíduos e das equipas (Kovács, 1992), criando condições necessárias (embora não suficientes) à inovação, quer de pro- duto, quer de processo.

Ne gar a importância da informação na empresa conduz à eli- minação da sua capacidade de intervir individual e colectiva- mente, numa negação da razão social que lhe deve ser reco- nhecida e, por conseguinte, do seu papel económico insubsti- t u í v e 1.

Embora importante, a informação tem uma complementaridade fulcral com as ligações mercadológicas entre os recursos da tecnologia e os produtos físicos oferecidos aos consumidores. Não qualquer consumidor, mas todo aquele que tem capaci- dade e quer satisfazer as suas necessidades de uma forma mais sofisticada e com graus de satisfação mais alargados. Aqui, a inovação Joga o seu trunfo competitivo.

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2.4. A Importância da Inovação no Ambiente Empresa

O Observatório M.I.E. (1992) afirma que, para as empresas portuguesas, a inovação surge em primeiro lugar com a com- pra de equipamento, em segundo com o desenvolvimento e a melhoria dos produtos, em terceiro como a adaptação ao con- sumo e, finalmente como resposta à pressão da concorrência.

Não deixam de ser curiosos os lugares a que são votados o factor humano e o conhecimento, embora se perceba que tal atitude está relacionada com opções concretas de criação de vantagens comparativas e não com as ambições de protago- nismo associado à criação de vantagens competitivas (Mateus,

19 9 2).

É sabido que uma máquina, por muito evoluída que seja, não consegue funcionar sem um operador ou sem um controlador. A procura determina a postura que se deve assumir no merca- do e a concorrência, por muito controlada que possa estar, nem sempre se dá ao luxo de permitir que outros captem ex- tern a I i d a d e s conducentes ao nivelamento tecnológico.

A concorrência pode estar bem mais avançada do que deixa transparecer, nas suas preocupações e acções exercidas no factor humano. O risco da postura passiva, face a estas reali- dades, será a dádiva ingénua de um trunfo à concorrência, que estará consciente, nesse instante preciso, que está a ganhar terreno.

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vantagem competitiva por monopólio temporário, seja a au- sência de qualificação dos trabalhadores. Estes indivíduos têm a responsabilidade de operar e controlar o ambiente produti- vo, mas observam ou vivem a realidade do mercado. Se as condições para o seu desenvolvimento estão vedadas, ou não apresentam atractividade instrumental, então esses trabalha- dores não adquirem motivação nem capacidade para o apro- veitamento das valências do mercado em que estão inseridos. O nível da pressão do mercado deve impedir este retrocesso, numa dinâmica impulsiva.

A afinidade entre os recursos humanos e a inovação foi con- firmada pelos autores que argumentam que a inovação tecno- lógica aparece através de estímulos provocados pela exigência do mercado e da procura, classificando este fenómeno como markeí-pull'0 (Godinho, 1 995). Ao servir de justificação ao

modelo linear conducente à inovação, estes autores não a dis- sociam do factor humano.

Não é apenas uma teoria com fraca visibilidade prática uma

vez que a evidência parece demonstrar o fenómeno de market-

Pull através das variações nos registos de patentes, um forte Indicador da existência de invenções, não necessáriamente eu- ''equeanus", que acompanham, de perto, variações do mesmo sinal em factores da procura (Schmookler, 1 966). Estes tra- balhos de investigação sugerem que a invenção, germe funda- mental do processo de lançamento de novos produtos, está

a 1 i m e n t a d a p e 1 a p r e s s ã o d o s c o n s u m i d o r e s, que p r e t e n d e m r e -

'0 Procura exigente de evoIuçâo

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Estudo do Caso do Potencial de Procura de Competências em Economia e Gestão de C&T pelo Sector Empresarial em Portugal

ceber mais e melhor pelo seu poder de compra.

Nem sempre o lucro máximo, provocado pelo monopólio pon- tual conferido à organização que descobre novos métodos, produtos ou mecanismos de actuação, fica em casa do inova- dor. Se nada for feito em termos estratégicos, esta constata- ção repressiva da inovação incrementa a sua importância.

A solução possível será a empresa fazer uso dos seus activos complementares (Teece, 1987, Barata, 1992), recursos que ul- trapassam a tecnologia. O marketing, a reputação, o pós-venda ou a produção (Baranano et al, 1 998) são alguns desses acti- vos que acompanham e suportam a inovação, com competência e saber, junto dos consumidores que aderem a uma novidade12.

Só assim os inovadores consolidam as vantagens comparativas e a sua razão de ser no mercado, abrindo caminho para os ou- tros consumidores ao longo do ciclo normal de vida do pro- duto até ao seu declínio natural.

Se existem inovadores que perdem, terão que existir seguido- res (imitadores) que ganham (Teece, 1987). Para a sua própria sobrevivência as empresas inovadoras devem optar por assegu- rar as vantagens competitivas através de mecanismos de apro- priação do conhecimento que as sustenta.

Apenas olhando para fora das suas fronteiras, com as dificul-

12 Kotlcr (19 95) classifica estes aderentes como inovadores, rcpresen-

^ndo 2.5% da totalidade dos consumidores do produto, na sua fase inicial (lançamento e crescimento). De seguida aderem os adoptantes iniciais, a maioria inicial e a tardia (produto na sua fase de maturida- de) e, por fim os retardatários, que se mantém até ao esgotamento dos stocks no fim de vida (declínio) do produto.

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A Gestão Empresarial do Conhecimento Tecnológico

Estudo do Caso do Potencial de Procura de Competências em Economia e Gestão de C&T pelo Sector Empresarial em Portugal

dades de apropriação que o mercado global e os sistemas de informação propiciam, segundo o mesmo autor, a inovação não é suficiente para se retirarem os dividendos que lhe estão as- sociados. Têm que olhar também para o interior, para a sua realidade doméstica.

A organização tem que dispor de uma estrutura envolvente que deve incluir os activos genéricos, os recursos estruturais que não têm que ser ajustados à inovação considerada mas que são imprescindíveis ao sucesso no mercado13, activos especializa-

dos, recursos tácticos que estão dependentes directamente e unilateralmente da inovação14, e co-especializados, recursos

operacionais que exercem uma relação de dependência bilate- ral com a inovação e que apenas conseguem subsistir conco- mitantemente à inovação15.

A existência ou a inexistência destes activos compromete, seja a apropriabilidade do conhecimento tecnológico quando confrontado com o mercado, seja a capacidade de sobrevivên- cia da empresa, pelo facto de não estar à altura para gerir a sua competitividade junto dos concorrentes que deixou nascer.

A capacidade de reacção, o tempo útil em que essa reacção tem de aparecer, sugere que a rapidez é um factor de compe- titividade face aos ataques da concorrência e dos imitadores, que se apropriam das externalidades disponibilizadas por ino-

15 Factores como a dimensão da empresa e do mercado, diferenciação e

Posicionamento de portfolio, capacidade financeira, ctc.

14 Defesas à entrada e à saída, poder negocial dos concorrentes e for-

necedores, etc..

Referências

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