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Abordagem Sindrômica das DST'S e sua Aplicabilidade pelo Enfermeiro da Estratégia da Saúde da Família em Goiânia

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 243-254, out. 2014. 243

DÉBORA DA SILVA DE ARAÚJO, FERNANDA GUILARDUCCI

PEREIRA, MAYCON DOUGLAS FERREIRA MARINHO

ABORDAGEM SINDRÔMICA DAS

DST’S E SUA APLICABILIDADE

PELO ENFERMEIRO DA

ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA

FAMÍLIA EM GOIÂNIA*

Resumo: as DST’s atualmente são consideradas como um grande

pro-blema de saúde pública que atinge todas as faixas etárias e ambos os sexos. Este estudo teve como objetivo descrever a aplicabilidade da Abordagem Sin-drômica pelo enfermeiro da ESF do município de Goiânia e conhecer as prá-ticas educativas desenvolvidas pelo enfermeiro que atua nas ESF. Pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, desenvolvidas em unidades da ESF, no município de Goiânia, Goiás. Concluímos que os enfermeiros da ESF em questão conhecem a Abordagem Sindrômica das DST’s e aplicam em sua prática quando necessário.

Palavras-chave: Enfermagem. DST’s. Diagnóstico. Prevenção. Atenção

básica.

A

s Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST's) são todas as in-fecções transmitidas pelo ato sexual sem proteção. A falta de diag-nóstico e tratamento pode gerar consequências graves, como por exemplo, a infertilidade (BRASIL, 2006).

As DST's são causadas por diferentes microorganismos que podem carac-terizar um número limitado de síndromes. Para Moherdaui (2000), a síndrome pode ser conceituada como um conjunto de sintomas e sinais apresentados pelo paciente no momento da consulta. As principais síndromes abordadas são: corrimento vaginal, corrimento uretral, úlcera genital e desconforto ou dor pélvica na mulher (BRASIL, 2006).

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Devido à demora em diagnosticar as DST's pelo meio convencional foi criada a Abordagem Sindrômica. Essa metodologia permite realizar o diagnóstico pelos sinais e sintomas apresentados pelo cliente (ARAÚJO; LEITÃO, 2005).

A Abordagem Sindrômica é uma estratégia importante e eficaz para o diagnósti-co, tratamento e para interromper o ciclo de transmissão das doenças. Desta forma, a referida metodologia deve ser desenvolvida dentro da Estratégia da Saúde da Família (ESF), pois a atenção básica é responsável pelas ações de promoção e prevenção da saúde, aconselhamento, diagnostico precoce, tratamento e pelo encaminhamento dos casos que não podem ser resolvidos neste nível de atenção (BRASIL, 2006).

A alta incidência das DST's ocorre em decorrência do desconhecimento da po-pulação quanto à forma de transmissão, profissionais sem qualificação para realizar o diagnóstico clínico, o alto custo dos exames e também a demora em iniciar o tratamento (NADAL; CARVALHO, 2004).

Diante do exposto, é de extrema importância a atuação do enfermeiro na abordagem sindrômica das DST’s, pois o primeiro contato do indivíduo na ESF é com o referido profis-sional. Desta forma, o enfermeiro deve estar preparado para implementar a citada estratégia. Este estudo tem como objetivos descrever a aplicabilidade da Abordagem Sindrô-mica pelo enfermeiro da ESF do município de Goiânia e conhecer as práticas educativas desenvolvidas pelo enfermeiro que atua nas referidas unidades.

METODOLOGIA

Estudo descritivo com abordagem quantitativa, desenvolvido em nove unidades da ESF do Distrito Sanitário Leste, no município de Goiânia, Goiás.

Participaram do estudo 20 enfermeiros que tinham o curso introdutório para atuação na ESF e com mais de 6 meses de experiência, pois 2 estavam de férias, 3 de licença e 3 não aceitaram participar da pesquisa.

A coleta de dados ocorreu no mês de abril de 2014, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Utilizou-se como instrumento um ques-tionário estruturado com perguntas abertas e fechadas que foi aplicado pelos próprios pesquisadores, por meio de entrevista agendada de acordo com a disponibilidade do enfermeiro em sua unidade de trabalho. O referido instrumento foi validado por Pereira, Silva e Souza em 2008.

Foi realizada uma análise descritiva da amostra, com frequências e porcentagens dos itens contemplados pelo estudo, utilizando o programa estatístico Statistical

Packa-ge for the Social Sciences (SPSS) versão 22.0 e apresentados sob a forma de tabelas. Posteriormente, os resultados foram discutidos de acordo com a literatura.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Doenças Tropicais (HDT), sob o parecer favorável nº 559.893 em 26 de março de 2014.

RESULTADOS

Na tabela 1, verificou-se que 100% (n=20) dos enfermeiros possuem graduação em enfermagem há mais de cinco anos. Desse total 35% (n=7) graduaram-se na

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Uni-estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 243-254, out. 2014. 245 versidade Federal de Goiás (UFG) e 65% (n=13) na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).

Ainda analisando, a citada tabela identificou-se que 90% (n=18) dos enfermeiros possuem especialização e 10% (n=2) não realizaram a mesma. Dos profissionais que relataram especialização, 44,4% (n=8) são da área de Saúde da Família, 16,7% (n=3) de Saúde Pública, 11,1% (n=2) em Cardiologia, 5,6% (n=1) em Enfermagem do Trabalho, 5,6% (n=1) em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e 16,7% (n=3) não responderam (Tabela 1).

Quanto ao tempo de trabalho na ESF verificou-se que 100% (n=20) exercem suas atividades a mais de cinco anos. Ao indagar o tempo de trabalho na ESF na região do Distrito Leste, identificou-se que 70% (n=15) estão a mais de cinco anos, 15% (n=3) dois a três anos, 10% (n=2) quatro a cinco anos e 5% (n=1) atua de um a dois anos (Tabela 1).

Tabela 1: Descrição percentual da formação profissional e tempo de trabalho dos en-fermeiros que atuam na ESF do Distrito Leste, Goiânia – Goiás, 2014

Variável N %

Tempo de graduação em enfermagem:

> 5 anos 20 100,0

Universidade que se graduou: UFG UCG 7 13 35,0 65,0 Possui especialização: Sim Não 18 2 90,0 10,0 Se sim, qual área:

Saúde da família Saúde pública Enfermagem do trabalho UTI Cardiologia Não respondeu 8 3 1 1 2 3 44,4 16,7 5,6 5,6 11,0 16,7 Tempo de trabalho na ESF:

> 5 anos 20 100,0

Tempo de trabalho nesta unidade da ESF 1 a 2 anos 2 a 3 anos 4 a 5 anos > 5 anos 1 3 2 14 5,0 15,0 10,0 70,0 n – frequência; % - porcentagem

Ao avaliar o conhecimento dos profissionais sobre a Abordagem Sindrômica das DST’s 100% (n=20) confirmaram conhecer a mesma. Destes 80% (n=16) adquiriram

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esse conhecimento através de cursos oferecidos pelo Município, 25% (n=5) em cursos oferecidos pelo Estado, 25% (n=5) na pós-graduação, 20% (n=4) na graduação e 5% (n=1) através de outras fontes (Tabela 2).

Quando questionados sobre o conceito de Abordagem Sindrômica das DST’s 50% (n=10) informaram que é uma abordagem clínica baseada em sinais e sintomas, 20% (n=5) consulta, pesquisa e orientação, 10% (n=2) a avaliação da vulnerabilidade e tratamento de sinais e sintomas, 10% (n=2) uma estratégia de controle das DST’s, 5% (n=1) são normas e medidas adotadas pelo Ministério da Saúde e 5% (n=1) é prescrição de medidas para a mulher (Tabela 2).

Tabela 2: Descrição do conhecimento dos enfermeiros que atuam na ESF sobre Abor-dagem Sindrômica das DST’s no Distrito Leste, Goiânia – Goiás, 2014

Variável N %

Conhece a Abordagem Sindrômica das DST’s?

Sim 20 100,0

Onde teve conhecimento da Abordagem Sindrômica das DST’s Graduação

Pós-graduação

Cursos oferecidos pelo município Cursos oferecidos pelo estado Outros 4 5 16 5 1 20,0 25,0 80,0 25,0 5,0

O que é Abordagem Sindrômica das DST’s?

Avaliação da vulnerabilidade e tratamento de sinais e sintomas 2 10,0 Estratégia de controle das DST’s 2 10,0 Normas e medidas adotadas pelo M.S. 1 5,0 Consulta, pesquisa e orientação 4 20,0 Abordagem clínica baseada em sinais e sintomas 10 50,0 Prescrição de medidas para a mulher 1 5,0 n – frequência; % - porcentagem

Em relação a aplicabilidade da Abordagem Sindrômica das DST’s 100% (n=20) dos enfermeiros confirmaram aplicá-la no atendimento prestado. Quanto a forma de aplicar, 95% (n=19) informaram fazer notificação, 90% (n=18) faz aconselhamento, 85% (n=17) realizam coleta citopatológico, 80% (n=16) faz diagnóstico e tratamento e 70% (n=14) utilizam fluxograma (Tabela 3).

Quando perguntados sobre as dificuldades para realizar a Abordagem Sindrômi-ca na consulta, 80% (n=16) afirmaram não possuir nenhuma dificuldade, 15% (n=3) parcialmente e 5% (n=1) afirmam ter dificuldade, porém não justificou. Em relação a facilidade 75% (n=15) diz ter facilidade de aplicá-la durante a consulta, 20% (n=4) não responderam e 5% (n=1) parcialmente (Tabela 3).

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 243-254, out. 2014. 247 Tabela 3 – Descrição da aplicabilidade da Abordagem Sindrômica das DST’s pelos enfermeiros que atuam no Distrito Leste, Goiânia – Goiás, 2014

Variável N %

Aplica a Abordagem Sindrômica na unidade de saúde que trabalha?

Sim 20 100,0

Como você aplica: Utiliza fluxograma Faz aconselhamento

Faz diagnóstico e tratamento Faz notificação Coleta de citopatológico 14 18 16 19 17 70,0 90,0 80,0 95,0 85,0 Tem dificuldade em realizar a Abordagem Sindrômica na consulta

Sim Não Parcialmente 1 16 3 5,0 80,0 15,0 Tem facilidade de aplicar a Abordagem Sindrômica na consulta

Sim Parcialmente Não respondeu 15 4 1 75,0 20,0 5,0 n – frequência; % - porcentagem

Na tabela 4, verificou-se que 95% (n=19) dos enfermeiros que atuam na ESF do Distrito Sanitário Leste desenvolvem práticas educativas com a comunidade para pre-venção das DST/HIV/AIDS e 5% (n=1) não desenvolvem. Observou-se que a orientação individual é desenvolvida por 89,5% (n=17) dos profissionais, 68,4% fazem palestras e 10,5% (n=2) utilizam oficinas como estratégia. Em relação à periodicidade, 42,1% (n=8) realizam semanalmente, 36,8% (n=7) ocasionalmente, 26,3% (n=5) mensalmente e 10,5% (n=2) trimestralmente (Tabela 4).

Tabela 4: Descrição das práticas educativas para prevenção das DST/HIV/AIDS rea-lizadas pelos enfermeiros que atuam na ESF do Distrito Leste, Goiânia – Goiás, 2014

Variável n %

Desenvolve praticas educativas no campo das DST/HIV/AIDS com a comunidade? Sim Não 19 1 95,0 5,0 Se sim, de que tipo (n=19)

Palestras Oficinas Orientação individual 13 2 17 68,4 10,5 89,5 continua...

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 243-254, out. 2014. 248 Qual a periodicidade (n=19) Semanalmente Mensalmente Trimestralmente Ocasionalmente 8 5 2 7 42,1 26,3 10,5 36,8 conclusão n – frequência; % - porcentagem

Na tabela 5, averiguou-se que 80% (n=16) dos enfermeiros fazem encaminha-mentos para diagnóstico e/ou tratamento dos casos suspeitos e confirmados de HIV/ AIDS para a unidade de referência, 10% (n=2) não encaminham e 10% (n=2) não responderam. Quanto a busca de contatos para o diagnóstico e/ou tratamento, 85% (n=17) dos enfermeiros utilizam essa estratégia, 5% (n=1) não faz e 10% (n=2) não respondeu (Tabela 5).

Quanto a identificação de casos de HIV/AIDS por mês, 95% (n=19) informaram não identificar nenhum um caso e 5% (n=1) fazem diagnósticos de 1 a 4 casos em sua unidade. Em relação aos casos de DST’s identificados por mês, 80% (n=16) identificam de 1 a 4 casos, 10% (n=2) de 5 a 8 casos e 10% (n=2) nenhum caso (Tabela 5).

Ainda analisando a tabela 5, verificou-se que 80% (n=16) dos profissionais fazem notificação compulsória dos casos suspeitos e confirmados de HIV/AIDS e 20% (n=2) não realizam. Quanto à notificação compulsória dos casos suspeitos e confirmados de DST 85% (n=17) realizam a notificação e 15% (n=3) não fazem.

Tabela 5: Descrição do encaminhamento, diagnóstico, tratamento e da notificação dos casos de DST/HIV/AIDS identificados pelos enfermeiros que atuam na ESF do Distrito Leste, Goiânia – Goiás, 2014

Dados avaliados n %

Encaminha para diagnóstico e/ou tratamento em Unidade de Referência os casos suspeitos e confirmados de HIV/AIDS:

Sim Não Não respondeu 16 2 2 80,0 10,0 10,0 Faz busca de contatos para diagnóstico e/ou tratamento e orientação:

Sim Não Não respondeu 17 1 2 85,0 5,0 10,0 Quantos casos de HIV/AIDS identifica por mês aproximadamente:

Nenhum caso 1 a 4 casos 19 1 95,0 5,0 Quantos casos de DST’s identifica por mês aproximadamente:

Nenhum caso 1 a 4 casos 5 a 8 casos 2 16 2 10,0 80,0 10,0 continua...

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 243-254, out. 2014. 249 Faz notificação compulsória dos casos suspeitos e confirmados de

HIV/AIDS? Sim Não 16 4 80,0 20,0 Faz notificação compulsória dos casos suspeitos e confirmados de

DST? Sim Não respondeu 17 3 85,0 15,0 conclusão n – frequência; % - porcentagem DISCUSSÃO

Em linhas gerais, os resultados obtidos nesse estudo descrevem a aplicabilidade da Abordagem Sindrômica das DST’s apenas dos enfermeiros que atuam nas ESF do Distrito Leste do município de Goiânia e que participaram como sujeitos desta pes-quisa. Desta forma, buscou-se na literatura pesquisas que evidenciam as respostas dos profissionais para contextualização das mesmas.

Os enfermeiros majoritariamente possuem especialização na área de saúde da famí-lia. Os dados encontrados corroboram com os resultados de Rocha et al (2009), em que, 77,65% dos enfermeiros da capital de Goiânia possuempós-graduação. Os citados autores enfatizam que desde 2000, os enfermeiros estão buscando qualificação profissional quando comparado com estudo realizado pelo Ministério da Saúde (MS) na Região Centro-Oeste. Esta variável elucida que os sujeitos deste estudo estão engajados na busca de novos conhecimentos. Essa atitude pode esta atrelada ao novo perfil do mercado de trabalho que está buscando profissionais com novos saberes, maior embasamento educacional e conhecimento técnico-científico atualizado com saber ético, social, político e cultural. Na pesquisa realizada por Gil (2005), observa-se que os (as) Enfermeiros (as) possuem Especialização em Saúde Pública ou Saúde Coletiva. Esta também foi uma revelação neste estudo. De acordo com Machado (2003) existem diferentes perfis de formação e de qualificação, como o dos (as) Enfermeiros (as) mais voltados à Saúde Pública, reafirmando a prevalência para a atenção básica.

Santos et al. ( 2008) descrevem que a formação acadêmica em enfermagem abre portas para atuar em várias áreas no campo da saúde. Por tanto, o enfermeiro deve buscar o aperfeiçoamento através de cursos de especialização por meio de teorias ativas e de acordo com a sua prática atual.

Em relação ao tempo de trabalho na ESF verificou-se que os enfermeiros em sua grande maioria atuam há mais de cinco anos. Este resultado é importante, pois o mesmo deve desenvolver um vínculo com as famílias sobre sua área de responsabilidade o que é impossível construir em um tempo curto de convivência profissional.Dados semelhantes são encontrados no estudo realizado por Rocha et al. (2009), no município de Goiânia.

Para Schimith e Lima (2004) a criação de vínculo com os clientes das regiões adstritas fazem com que as ações planejadas pela equipe tenham maior impacto sobre a saúde da população, proporcionando cuidados resolutivos.

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Quanto ao conhecimento sobre a Abordagem Sindrômica das DST’s todos os pro-fissionais entrevistados confirmaram o mesmo. No entanto, poucos propro-fissionais tiveram contato com essa temática na graduação ou pós-graduação. A grande maioria recebeu treinamento em cursos oferecidos pelo município, ou seja, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Estes resultados permitem traçar três pensamentos sobre a formação destes profis-sionais. O primeiro, voltado para a graduação como unidade formadora para o mercado de trabalho. Neste caso, percebe-se uma lacuna na grade curricular das instituições que estes enfermeiros se formaram. O segundo é em relação às pós-graduações que foram responsáveis pelo aperfeiçoamento técnico-científico destes profissionais, uma vez que a grande maioria realizou especialização na área da Saúde da Família. Em terceiro, percebe-se que a SMS vem cumprindo a proposta inserida no Pacto pela Saúde em 2006 em sua vertente na área de educação permanente.

Para Zampier (2008) é fundamental a inclusão desta temática nas diretrizes cur-riculares e nas políticas de saúde. O citado autor ressalta ainda, que a capacitação na Abordagem Sindrômica das DST’s deve ser incluída como pré-requisito para atuação dos mesmos na ESF, pois essa estratégia deve ser aplicada durante a consulta de enfermagem na atenção primária para realizar o diagnóstico precoce e tratamento das DST’s através da sintomatologia e sinais apresentados pelo cliente (MARTINS; FERRAZ, 2010).

Os profissionais afirmaram utilizar a Abordagem Sindrômica das DST’s durante a consulta e a grande maioria não apresenta problema para aplicá-la. No entanto 20% relataram ter dificuldade parcialmente para utilização desta metodologia.

Certamente, os profissionais que utilizam essa metodologia estão amparados le-galmente por legislação, pois os enfermeiros podem utilizar a Abordagem Sindrômica para prescrever tratamentos, desde que sejam padronizados por protocolos com as bases conceituais fundamentadas nas normativas propostas pelo MS.

As principais características da Abordagem Sindrômica são: classificar os agentes etiológicos, utilizar os fluxogramas, fazer a indicação do tratamento, orientar e aconselhar o parceiro, assim como o cliente portador da síndrome e também pedir a sorologia para sífilis, hepatites e para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (BRASIL, 2006).

A aplicabilidade da Abordagem Sindrômica é importante, pois permite que o profissio-nal realize o atendimento mesmo em locais com poucos recursos laboratoriais, permitindo que seja realizado o tratamento na primeira consulta, contribuindo assim para prevenção de sequelas e de disseminação das DST’s (CALCANTE, 2010; BRASIL, 2006).

A grande parte dos enfermeiros utiliza os fluxogramas preconizados pelo MS. Segundo Moherdaui (2000) os fluxogramas são fundamentais na Abordagem Sindrô-mica das DST’s, pois permitem os profissionais realizarem o diagnóstico e tratamento durante a primeira consulta. Para usá-lo o profissional deve primeiro conhecer todas as síndromes para poder verificar qual fluxograma seguir, podendo tomar decisões guiados pelo mesmo de acordo com os achados clínicos (BRASIL, 2006).

O resultado permite inferir, que os enfermeiros utilizam o aconselhamento quando relatam a orientação individualizada no momento da consulta. Essa ferramenta deve ser bastante explorada pelos profissionais de saúde, pois favorece a reflexão dos pacientes sobre sua vulnerabilidade e risco em relação a DST/AIDS.

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 243-254, out. 2014. 251 Neste sentido, fica clara a necessidade de capacitar os profissionais, principalmente, os que diretamente trabalham ESF para que possam desenvolver o aconselhamento de maneira clara e objetiva para atender a demanda atual dos usuários.

Segundo o MS (2006) o aconselhamento pode ser definido como um diálogo base-ado em uma relação de confiança que proporcione ao cliente condições para que este resolva seus problemas relacionados às DST/HIV/AIDS.

Realizar o aconselhamento na consulta ás vezes é muito difícil para os profissionais que não possuem treinamento para esta abordagem, pois envolvem questões reverentes a sexualidade e intimidade do cliente. Certamente não existe um método considerado único ou ideal para realizá-lo. Portanto, cabe ao enfermeiro procurar estabelecer um vínculo de confiança com a clientela para desenvolver o diálogo relacionado a essa problemática (BRASIL, 2006).

O aconselhamento é uma ferramenta fundamental para controle da disseminação das DST’s, pois permite orientações individualizadas, promove a melhora na adesão ao tratamento e estimula o retorno para reavaliações quando necessário (ARAÚJO; BUCHER; BELLO, 2004).

Quando perguntados sobre a busca dos contatos sexuais de clientes com DST’s 85% dos profissionais relatam fazê-la. Este resultado permite deduzir que os enfermeiros entrevistados utilizam a busca ativa como estratégia para prevenção de novos casos e para quebra da cadeia de transmissão das DST’s.

Cordeiro (2008) refere que o diagnóstico e tratamento precoce incluem também a avaliação do parceiro sexual, no entanto, apesar de eficaz a busca ativa é pouco conhe-cida e implantada pelo sistema de saúde. Ainda sobre esse aspecto, salientamos que este trabalho exige do enfermeiro ações planejadas para abordar o parceiro sexual do cliente acometido pela DST, já que o mesmo raramente está presente no momento da consulta.

Nesta pesquisa, a notificação compulsória para DST e para HIV/AIDS aparecem como atividade executada pelos enfermeiros. No entanto, essa estratégia é obrigatória apenas para a AIDS e os casos de DST, atualmente, são notificados apenas nos municípios que estabele-ceram as mesmas como prioridade para o fortalecimento do sistema municipal de vigilância epidemiológica.Certamente, este é o caso do município de Goiânia, pois essa atividade é importante para mostrar a incidência dos casos e traçar estratégias para o controle das DST’s.

O fato dos enfermeiros realizarem a notificação compulsória das DST’s facilita a análise da situação real destas doenças e auxilia no planejamento de ações eficientes para enfrentamento deste sério problema de saúde pública (BRASIL, 2006).

O profissional enfermeiro que atende utilizando a Abordagem Sindrômica deve está ciente de seu papel buscando sempre o aperfeiçoamento na prática clínica para melhor atender a comunidade que busca o seu serviço. Constatamos neste estudo que os profissio-nais participantes da pesquisa possuem qualificação profissional para atender sua clientela. CONSIDERAÇÕES

Ao desenvolver esta pesquisa, buscou-se verificar de forma refinada o conhecimento dos enfermeiros que atuam no Distrito Sanitário Leste do município de Goiânia sobre a aplicabilidade da Abordagem Sindrômica das DST’s.

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De maneira geral, ficou evidente que os enfermeiros da ESF em questão conhecem a Abordagem Sindrômica das DST’s e aplicam em sua pratica quando necessário. Os resultados dessa pesquisa mostraram que às ações educativas, aconselhamento e noti-ficação compulsória são executadas pelos enfermeiros, conforme as orientações do MS e pelos protocolos municipais na região foco deste estudo.

Quanto ás práticas educativas constatou-se que os profissionais realizam as mesmas de forma individualizada, ou seja, por meio do aconselhamento. A educação em saúde é realizada através de palestras e oficinas semanalmente pela grande parte dos enfermeiros.

A maioria dos sujeitos possui qualificação profissional para atuar nas ESF e também foram capacitados pela SMS para aplicar a Abordagem Sindrômica das DST’s. Porém, existe uma lacuna na grade curricular quanto a abordagem dessa temática nos cursos de graduação e pós-graduação, principalmente, nas instituições responsáveis pela formação dos profissionais que participaram deste estudo.

Considerando que o papel do enfermeiro é promover a saúde proporcionando condições para o cliente, avaliar seus riscos e tomar decisões as instituições de ensino devem preparar a referia categoria profissional para executar projetos de promoção à saúde com a temática proposta.

Concluímos que o presente estudo tem relevância para os profissionais de enfer-magem por proporcionar o conhecimento técnico - cientifico mais apurado sobre o assunto. Por outro lado, os resultados, de certa forma, poderão contribuir na definição de estratégias e implementação de políticas que favoreçam o trabalho de educação em saúde e a estruturação do acesso aos serviços de prevenção, diagnóstico e assistência, além de abrir caminhos para novas pesquisas.

APPROACH SYDROMIC STD’S BY NURSES AND IT’S APPLICABILITY OF FAMILY HEALTH STRATEGY IN GOIÂNIA

Abstract: STIs are currently considered as a major public health problem that affects

all age groups and both sexes. This study aimed to describe the applicability of the Syndromic Approach by nurses FHS the municipality of Goiânia and meet the educa-tional practices developed by nurses who work in the ESF. Descriptive research with quantitative approach, developed in FHS units, in Goiânia, Goiás conclude that nurses FHS concerned know the Syndromic Approach of STDs and apply in their practice when necessary.

Keywords: Nursing. STDs. Diagnosis. Prevention. Primary care. Referências

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 243-254, out. 2014. 253 ARAÚJO, M. A. L.; LEITÃO, G. C. M. Acesso à consulta de portadores de doenças sexualmente transmissíveis: experiência de homens em unidade de saúde de Fortaleza, Ceará – BRASIL. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 02, p. 396-403, mar./abr. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n2/06.pdf > Acesso em: 28 out. 2013.

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estudos , Goiânia, v . 41, especial, p . 243-254, out. 2014. 254

* Recebido em: 15.10.2014 Aprovado em: 25.10.2014 DÉBORA DA SILVA DE ARAÚJO

Graduanda do Curso de Enferma gem do 9º Ciclo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). E-mail: debora-silvaaraujo@hotmail.com.

FERNANDA GUILARDUCCI PEREIRA

Enfermeira. Mestre em Enferma gem pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da PUC Goiás. Orientadora do Estudo. E-mail: guilarduccif@hotmail.com.

MAYCON DOUGLAS FERREIRA MARINHO.

Acadêmico do 6° Ciclo do Curso de Enfermagem da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). Participou como monitor na pesquisa. E-mail: mayconmari-nhoenf@gmail.com.

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Tabela 1: Descrição percentual da formação profissional e tempo de trabalho dos en- en-fermeiros que atuam na ESF do Distrito Leste, Goiânia – Goiás, 2014
Tabela 2: Descrição do conhecimento dos enfermeiros que atuam na ESF sobre Abor- Abor-dagem Sindrômica das DST’s no Distrito Leste, Goiânia – Goiás, 2014
Tabela 4: Descrição das práticas educativas para prevenção das DST/HIV/AIDS rea- rea-lizadas pelos enfermeiros que atuam na ESF do Distrito Leste, Goiânia – Goiás, 2014
Tabela 5: Descrição do encaminhamento, diagnóstico, tratamento e da notificação dos  casos de DST/HIV/AIDS identificados pelos enfermeiros que atuam na ESF do Distrito  Leste, Goiânia – Goiás, 2014

Referências

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