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Arq. Bras. Cardiol. vol.88 número6

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Academic year: 2018

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Correlação Clínico-Radiográica

Caso 3/2007 – Lactente de Três Meses com

Criss-Cross Heart

,

Discordância Atrioventricular e Dupla Via de Saída de Ventrículo

Direito, sem Estenose Pulmonar

Case 3/2007 – A Three-Month-Old Male Infant with Criss-Cross Heart, Atrioventricular Discordance, and

Double-Outlet Right Ventricle, without Pulmonary Stenosis

Edmar Atik

Instituto do Coração do Hospital das Clínicas - FMUSP - São Paulo, SP - Brasil

Correspondência: Edmar Atik •

InCor - Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 44 - 05403-000 - São Paulo, SP - Brasil

E-mail: conatik@incor.usp.br

Palavras-chave

Cardiopatias congênitas, lactente, coração entrecruzado, dupla via de saída do ventrículo direito.

Dados clínicos

Lactente de três meses de idade, do sexo masculino e de cor branca, apresentava cansaço às mamadas desde o nascimento, com acentuação nos últimos 60 dias, acompanhado de inquietude e de diiculdade em ganhar peso, com aumento de apenas 240 g no último mês. Tosse seca ocorria por vezes. Ao exame físico estava dispnéico ++, acianótico, com pulsos normais e peso de 4.440 g. A aorta não foi palpada. No precórdio, havia impulsões discretas na borda esternal esquerda, o ictus cordis situava-se no 4o espaço

intercostal esquerdo, e o músculo-valvar +/++, limitado por duas polpas digitais. As bulhas eram acentuadas, mais intensas na área tricúspide em relação aos outros focos. A 3a bulha

era presente na área mitral. Auscultava-se sopro sistólico +, ejeção, rude, no 3o e 4o espaços intercostais esquerdos,

irradiado ao bordo direito. O fígado foi palpado a 4 cm do rebordo costal direito e do apêndice xifóide.

O eletrocardiograma demonstrou ritmo sinusal com sinais de sobrecarga ventricular indeterminada em face de ondas S predominantes desde V3. Havia possível bloqueio da divisão ântero-superior do ramo esquerdo com eixo de QRS desviado para cima e à direita a -120o. SÂP: +40o, SÂQRS:

-120o, SÂT: +80o.

Imagem radiográfica

Imagem demonstrando área cardíaca aumentada, às custas do arco ventricular esquerdo longo e do átrio direito, conigurando morfologia ovalada. O arco médio é retiicado e a trama vascular pulmonar está aumentada (ig. 1).

Impressão diagnóstica

Esta imagem sugere a de cardiopatia congênita com hiperluxo pulmonar tipo transposição das grandes artérias

em face da morfologia ovalada.

Diagnóstico diferencial

Outras cardiopatias com hiperluxo pulmonar com essa morfologia e que apresentem aumento do átrio direito e do ventrículo esquerdo devem ser lembradas, como dupla via de saída de ventrículo direito, atresia tricúspide sem estenose pulmonar, atresia mitral sem estenose pulmonar, tronco arterial comum e ventrículo único.

Confirmação diagnóstica

Os elementos clínicos levam ao diagnóstico de cardiopatia com hiperluxo pulmonar com comunicação interventricular associada, em decorrência de sopro sistólico baixo na borda esternal esquerda. A orientação do eixo elétrico de QRS para a direita e para cima (possível hemibloqueio anterior esquerdo) e com sobrecarga ventricular indeterminada suscita dúvidas e acrescenta elementos à suspeita da existência de cardiopatia mais complexa. O ecocardiograma (fig. 2) demonstrou criss-cross heart com discordância atrioventricular e dupla via de saída de ventrículo direito, saindo a aorta à direita e a artéria pulmonar à esquerda com duplo infundíbulo, sem estenose pulmonar. A comunicação interatrial era restritiva. A comunicação interventricular de via de entrada não era relacionada aos vasos arteriais, permitindo que a valva tricúspide se relacionasse ao ventrículo esquerdo e a valva mitral, ao ventrículo direito. O ventrículo direito se posicionava à direita e superiormente, era hipertróico e com cavidade de tamanho normal. O ventrículo esquerdo estava em posição inferior e à esquerda e era dilatado. A hipertensão pulmonar era acentuada, com pressão média calculada de 68 mmHg.

Conduta

Em face da insuficiência cardíaca e da dificuldade em ganhar peso em cardiopatia de difícil correção cirúrgica, foi realizada bandagem pulmonar, com boa evolução. Houve controle da insuficiência cardíaca, após alguns meses. Na evolução posterior, tornou-se discretamente cianótico apenas com 10 anos de idade e em presença de sopro sistólico ++, no 2o e no 1o espaços intercostais esquerdos e na fúrcula.

O eletrocardiograma manteve, nesse período, as mesmas características e o ecocardiograma demonstrou bandagem

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Correlação Clínico-Radiográica

Edmar Atik

Arq Bras Cardiol 2007; 88(6) : 693-695

Fig. 1 - Radiograia de tórax salienta os sinais habitualmente encontrados na transposição das grandes artérias, como forma cardíaca ovalada e trama vascular pulmonar aumentada.

Fig. 2 - Imagens ecocardiográicas demonstram os sinais clássicos do criss-cross através de comunicação do átrio direito com o ventrículo esquerdo (setas) em C e do átrio esquerdo com o ventrículo direito (setas) em B, em cortes longitudinais, caracterizando ainda a discordância atrioventricular, com o ventrículo esquerdo à esquerda e o ventrículo direito à direita. A dupla via de saída do ventrículo direito com duplo infundíbulo é nítida em B e A, com a aorta à direita. A comunicação interventricular era de via de entrada, vista em C, e a bandagem pulmonar está claramente demonstrada em A (seta). O ventrículo esquerdo se posiciona inferiormente e o ventrículo direito, superiormente (B e C). TP - tronco pulmonar; VAo - valva aórtica.

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Correlação Clínico-Radiográica

Edmar Atik

Arq Bras Cardiol 2007; 88(6) : 693-695

pulmonar efetiva, com 94 mmHg de gradiente de pressão. Radiograia de tórax na evolução demonstrou arco arredondado à esquerda, com ponta elevada e ainda preservando discreto

aumento da trama vascular pulmonar. Não se considerou, ainda, a operação tipo Fontan diante da evolução favorável, mesmo 10 anos após a bandagem pulmonar.

Editor da Seção de fotograias Artísticas: Carlos Vicente Serrano Jr.

Correspondência - InCor • Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 44 - 05403-000 - São Paulo, SP E-mail: carlos.serrano@incor.usp.br

Teia de Aranha e Orvalho

Luiza Guglielmi

Imagem

Fig. 1 - Radiograia de tórax salienta os sinais habitualmente encontrados na transposição das grandes artérias, como forma cardíaca ovalada e trama vascular pulmonar  aumentada.

Referências

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