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Rev. Col. Bras. Cir. vol.38 número2

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P e t r o i a n u P e t r o i a n u P e t r o i a n u P e t r o i a n u P e t r o i a n u

Elogio à cirurgia 81

Rev. Col. Bras. Cir. 2011; 38(2): 081-082

Editorial Editorial Editorial Editorial Editorial

Elogio à cirurgia

Elogio à cirurgia

Elogio à cirurgia

Elogio à cirurgia

Elogio à cirurgia

Compliment to surgery

Compliment to surgery

Compliment to surgery

Compliment to surgery

Compliment to surgery

TCBC-MG ANDY PETROIANU

A

principal característica do cirurgião é ser humano, em toda a sua concepção. É provável que o ato cirúrgico tenha sido a primeira manifestação a diferenciar-nos dos outros animais. A agregação para acasalamento, alimen-tação do grupo, defesa e construção de abrigos é observa-da na maioria observa-das espécies, inclusive nos insetos, há mi-lhões de anos. Entretanto, a vontade e a capacidade de cuidar das feridas do semelhante, estancar um sangramento e retirar objetos que penetraram em seu corpo não fazem parte do comportamento de outros animais e constituem o primeiro ato característico de nossa espécie. Não é fora de propósito presumir que os humanos se diferenciaram de todos os outros animais quando começaram a operar.

Esse comportamento já era evidenciado na soci-edade primitiva milhares de anos antes de ela conscientizar-se das doenças. Portanto, a Cirurgia constitui o início da Medicina e estabeleceu-se como um instinto superior de preservação da espécie humana. Com a evolução do raci-ocínio, percebeu-se que as feridas bem cuidadas saravam e esse conhecimento passou a ser transmitido aos mem-bros mais evoluídos das comunidades primitivas, com inte-resse em ajudar os demais. Dessa maneira, surgiu não apenas a arte de cuidar, mas também a educação para cuidar. Até essa época, a transmissão cultural restringia-se aos ensinamentos instintivos de sobrevivência, da forma como são vistos nos animais. Assim sendo, os cirurgiões foram também os responsáveis pela formação da civilida-de, constituindo os primórdios escolares.

Milhares de anos mais tarde, os sábios gregos reconheceram, em suas lendas, essa evolução da Cirurgia para a Medicina. Conta-se que havia no monte Pelion um mestre muito habilidoso, denominado Quirão, cujo maior talento era a capacidade de sarar os ferimentos de quem o procurava. Seu zelo não era apenas com os feridos, pois também se dedicava ao ensinamento de sua arte. Entre seus discípulos, destacou-se Asclépio, por seu interesse pelo doente como um todo e não somente por suas lesões. Tanto Quirão quanto Asclépio foram imortalizados na Mitologia, um como o sábio centauro, patrono dos cirurgiões, e o seu discípulo como o deus da Medicina.

A Medicina Cirúrgica evoluiu extraordinariamente em várias civilizações, abrangendo chineses, indianos, maias, sumérios, babilônios, egípcios e romanos. No en-tanto, a escola médica da ilha de Cós, alicerce da Medici-na Ocidental, restringiu o conhecimento médico aos cuida-dos, ao diagnóstico e à prevenção das doenças. Os vários Hipócrates que dirigiram esse núcleo médico tinham

gran-de percepção da natureza humana e discerniam muitas drogas, mas, certamente, não tinham habilidade manual, por isso menosprezaram a Cirurgia. Essa conduta provo-cou a dicotomia entre Medicina e Cirurgia, que perdurou até o início do século XX.

Os médicos e os sacerdotes adquiriram desta-que social, como sábios e cultos, mas sua atuação profissi-onal durante dois milênios restringiu-se aos conceitos e às orientações da Escola de Cós, mesmo após o surgimento das universidades, no terceiro período da Idade Média. Em contrapartida, os cirurgiões, considerados cidadãos de se-gunda e terceira categoria, eram os que cuidavam dos guerreiros nas batalhas, dos gladiadores nas arenas e das chagas de toda a população. A eles menos importava se-rem escravos, como Claudius Galenus, ou barbeiros, como Ambroise Paré, do que a regalia de exercerem a sua arte e serem úteis a quem sofria.

Afinal, os cirurgiões eram artesãos e sua vida era motivada pela arte de operar, mesmo sem recebe-rem o valor social que eles sabiam lhes ser devido. En-quanto os médicos das camadas sociais superiores os tratavam com arrogância e desprezo, não os admitindo em seu meio, aos cirurgiões bastava a consciência do dever cumprido com os doentes, cuja gratidão era, por vezes, externada aos médicos, que nada haviam feito por eles. Esse comportamento deselegante foi revelado por escritores e encenado nas peças de teatro dos gran-des William Shakespeare e Jean-Baptiste Poquelin (Molière).

Mesmo com o avanço médico a eles devido, os cirurgiões não tiveram realce. Até os insuperáveis John Hunter, cirurgião escocês pioneiro da Fisiologia e dos trans-plantes de órgãos, Dominique Jean Larrey, grande cirur-gião e cientista da França napoleônica, e Ignaz Philipp Semmelweis, cirurgião húngaro que iniciou os cuidados de antissepsia, não foram bem aceitos pela classe médica. Somente no final do século XIX, com o progresso médico extraordinário proporcionado por cirurgiões, como Lister e Moynihan, na Inglaterra, Billroth e Wölfler, na Áustria, Péan e o Nobel Carrel, na França, Roux e o Nobel Kocher, na Suíça, Halsted e Mayo, nos Estados Unidos, entre muitos outros, os cirurgiões conseguiram o respeito das socieda-des médicas.

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farmacológicos, o tratamento tornou-se mais racional e menos adverso. Mesmo assim, a Cirurgia permanecerá insubstituível no trauma, em distúrbios mecânicos do cor-po e em doenças desconhecidas. A terapêutica cirúrgica passou a ser pouco agressiva, conduzida por meio de

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