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Neuroquímica e o gerenciamento das emoções: os potencializadores da aprendizagem

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Academic year: 2023

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FLUMINENSE CAMPUS CAMPOS CENTRO

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA ÁREA: CIÊNCIAS E QUÍMICA

DAYANNA ALMEIDA GOMES MANHÃES ILCE HELENA PINTO VASCONCELOS

NEUROQUÍMICA E O GERENCIAMENTO DAS EMOÇÕES: OS POTENCIALIZADORES DA APRENDIZAGEM

Campos dos Goytacazes/ RJ 2021.2

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FLUMINENSE CAMPUS CAMPOS CENTRO

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA ÁREA: CIÊNCIAS E QUÍMICA

DAYANNA ALMEIDA GOMES MANHÃES ILCE HELENA PINTO VASCONCELOS

NEUROQUÍMICA E O GERENCIAMENTO DAS EMOÇÕES: OS POTENCIALIZADORES DA APRENDIZAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia FluminenseCampusCampos Centro, como requisito parcial para conclusão do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza: Ciências e Química.

Orientadora: Dra., Bianca Isabela Acampora e Silva Ferreira

Campos dos Goytacazes/RJ 2021.2

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Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Biblioteca Anton Dakitsch do IFF com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

M277n

Manhães, Dayanna Almeida Gomes

NEUROQUÍMICA E O GERENCIAMENTO DAS EMOÇÕES: OS POTENCIALIZADORES DA APRENDIZAGEM / Dayanna Almeida Gomes Manhães, Ilce Helena Pinto Vasconcelos - 2022.

80 f.: il. color.

Orientadora: Bianca Isabela Acampora e Silva Ferreira

Trabalho de conclusão de curso (graduação) -- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus Campos Centro, Curso de Licenciatura em Química, Campos dos Goytacazes, RJ, 2022.

Referências: f. 52 a 54.

1. Neurociências. 2. Inteligência Emocional. 3. Ensino de Química. I.

Vasconcelos, Ilce Helena Pinto. II. Ferreira, Bianca Isabela Acampora e Silva, orient. III. Título.

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NEUROQUÍMICA E O GERENCIAMENTO DAS EMOÇÕES: OS POTENCIALIZADORES DA APRENDIZAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos Centro como requisito parcial para conclusão do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza: Ciências e Química.

Aprovada em 08 de junho de 2022.

Banca Examinadora:

Ana Paula Dias Pazzaglinni Roldi (Examinador) Mestre em Educação - UFES

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos Centro

Érika Soares Bull De Nadai (Examinador) Doutora em Ciências Naturais- UENF

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos Centro

Bianca Isabela Acampora e Silva Ferreira (Orientador) Doutora em Ciência da Educação – UA/PY – Rec. Pela UNIAN/SP

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos Centro

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Primeiramente agradecemos a Deus, por ter nos ajudado a ultrapassar os obstáculos encontrados durante a realização deste curso e ter nos permitido chegar ao final.

À nossa orientadora, Bianca Acampora, agradecemos a orientação e a disponibilidade, pelas excelentes reflexões e por ter guiado nosso aprendizado com suas correções e ensinamentos.

Aos professores da Licenciatura em Ciências da Natureza, pelos ensinamentos que nos permitiram apresentar um melhor desempenho no processo de formação profissional.

Aos nossos pais e familiares, por todo incentivo nos momentos difíceis e por terem compreendido a nossa ausência enquanto estávamos nos dedicando às tarefas acadêmicas.

Aos amigos, que sempre estiveram ao nosso lado, pela amizade incondicional e pelo apoio demonstrado ao longo de todos esses anos de estudo.

Por fim, agradecemos a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, nos ajudaram na realização deste trabalho.

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(Howard Gardner)

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As neurociências têm avançado em suas pesquisas e ampliado suas áreas de aplicação nas últimas décadas, especialmente as neurociências cognitivas. Pesquisas revelam que o cérebro é responsável por como o ser humano processa as informações, armazena o conhecimento e seleciona o comportamento. Esta pesquisa busca investigar como o processo de neuroquímica influencia as emoções e o comportamento do estudante. Sabendo que emoções como o medo e a raiva podem causar o estresse e a ansiedade e impactar, de forma negativa, o processo de ensino-aprendizagem, é relevante investigar se os conhecimentos da neuroquímica, no que tange ao estresse e a ansiedade, e o possível gerenciamento das emoções podem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem de Química. Os sentimentos são um dos elementos que constituem o ser humano, podendo ser estimulados por meio das habilidades e competências. Uma educação de qualidade deve desenvolver as capacidades inter-relacionais, possibilitando a potencialização da percepção, atenção e memória, consideradas funções cognitivas superiores criando alternativas para o gerenciamento do estresse e da ansiedade na sala de aula. A metodologia da pesquisa foi aplicada com os docentes da área de Química do IFFluminense doCampus Campos Centro, estado do Rio de Janeiro, que atuam nas turmas do Ensino Médio e Superior, por meio de um questionário sobre o uso, por parte dos docentes, dos conhecimentos da neuroquímica e sua utilização no processo de ensino-aprendizagem. A análise de dados foi quantitativa e descritiva, sendo um estudo de caso. As etapas da pesquisa foram: 1. Busca de trabalhos e artigos sobre o tema; 2.

Seleção de textos; 3. Revisão de literatura; 4. Levantamento do estado da arte; 5.

Planejamento da pesquisa; 6. Elaboração do questionário; 7. Coleta de dados – aplicação do questionário aos docentes e 8. Análise dos dados. Como resultado desta pesquisa tem-se que poucos docentes conhecem ou utilizam técnicas que estimulem uma neuroquímica e em detrimento disso, foi elaborada e encaminhada aos docentes de Química uma cartilha para auxiliá-los na utilização de atividades pedagógicas que estimulem uma neuroquímica que auxilie na aprendizagem e no gerenciamento do estresse.

Palavras-chave:Neurociências. Inteligência Emocional. Ensino de Química.

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Neurosciences have advanced in their research and expanded their areas of application in recent decades, especially as cognitive neurosciences. Research revealed that the brain is responsible for how humans process information, store knowledge and select behavior. This research investigates how the neurochemical process influences how emotions and student behavior. Knowing that emotions such as fear and anger can cause stress and anxiety and have a negative impact on the teaching-learning process, it is relevant to investigate the knowledge of neurochemistry, regarding stress and anxiety, the possible management of emotions can help in the teaching-learning process of Chemistry. The express feelings are an element that forms the human being, and can be stimulated through skills and competences. Develop a capacity for inter relational education, develop a potentiation of attention, attention, develop cognitive functions of alternative education for the management of superior stress and memory in the classroom. The research methodology was applied with the professors of the Chemistry area of the IFFluminense of Campus Campos Centro, state of Rio de Janeiro, who work in the High School and Higher Education classes, through a questionnaire on the use, by the professors, of knowledge of neurochemistry and its use in the teaching-learning process.

Data analysis was quantitative and descriptive, being a case study. The research stages were:

1. Search for works and articles on the topic; 2. Text selection; 3. Literature review; 4. Survey of the state of the art; 5. Research planning; 6. Elaboration of the questionnaire; 7. Data collection – application of the questionnaire to teachers and 8. Data analysis. As a result of this research, few professors know or use techniques that stimulate a neurochemistry and, to the detriment of that, a booklet was prepared and sent to the professors of Chemistry to help them in the use of pedagogical activities that stimulate a neurochemistry that helps in the learning and stress management.

Keywords:Neurosciences. Emotional intelligence. Chemistry teaching.

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Figura 1- Estrutura química da Dopamina………...20

Figura 2- Estrutura química da Serotonina...21

Figura 3- Estrutura química da Ocitocina…...21

Figura 4- Estrutura química da Endorfina………...22

Figura 5- Estrutura química da Adrenalina……...23

Figura 6- Estrutura química da Noradrenalina…...23

Figura 7- Estrutura química do Cortisol…………...24

Figura 8-Estrutura química da Acetilcolina……...24

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Gráfico 1- Gênero dos docentes de Química...32

Gráfico 2- Idade dos docentes de Química ...32

Gráfico 3- Nível de escolaridade em que docentes de Química atuam no IFFluminense...33

Gráfico 4- Turno em que docentes de Química atuam no IFFluminense...33

Gráfico 5- Tempo de atuação como docente de Química...34

Gráfico 6- Qualidade da rotina docente no modelo de ensino presencial...34

Gráfico 7- Qualidade da rotina docente no modelo de ensino remoto…...35

Gráfico 8- Interferência de situações externas na prática docente...36

Gráfico 9- Vertente gestão e salário - situações de estresse e ansiedade………...37

Gráfico 10- Vertente gestão da sala de aula - situações de estresse e ansiedade...37

Gráfico 11- Relação com os pais/responsáveis - situações de estresse e ansiedade...38

Gráfico 12- Planejamento pedagógico - situações de estresse e ansiedade……...39

Gráfico 13- Prática de atividade física………...40

Gráfico 14- Prática de atividades físicas como redução da ansiedade e/ou estresse...40

Gráfico 15- Prática de outras atividades para diminuição do estresse e da ansiedade……...41

Gráfico 16- Conhecimento acerca do estresse/ansiedade, sua relação com a neuroquímica e aprendizagem………...42

Gráfico 17- Frequência de agitação/estresse dos alunos………...43

Gráfico 18- Nível de estresse/ansiedade dos estudantes durante uma atividade avaliativa….44 Gráfico 19- Frequência de ansiedade/estresse no ensino presencial………...44

Gráfico 20- Frequência de ansiedade/estresse no ensino remoto...45

Gráfico 21- Percepção do nível de ansiedade/estresse e a relação com a neuroquímica………...45

Gráfico 22- Situações do processo de ensino-aprendizagem com percepção de aumento do nível de prazer e participação e a relação com a neuroquímica...46

Gráfico 23- Influência do comportamento docente no comportamento da turma (agitação, estresse e ansiedade)...47

Gráfico 24- Como o docente lida com o estresse e a ansiedade dos estudantes na sala de aula………47

Gráfico 25- Atividades que estimulam a inteligência emocional utilizadas pelo docente em sala de aula………...48

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1 INTRODUÇÃO………..12

2 REFERENCIAL TEÓRICO………..15

2.1 Neurociências, neuroquímica e o gerenciamento das emoções para a potencialização da Aprendizagem………15

2.1.1 Neurociências e Neuroquímica………20

2.1.2 Inteligências Múltiplas e Inteligência Emocional - a influência no processo de ensino-aprendizagem………25

3 METODOLOGIA………...……29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO………..………31

5 CONCLUSÃO……….……….50

REFERÊNCIAS……….……...…..…52

APÊNDICES……….…...……55

APÊNDICE A– Questionário ansiedade/estresse no ensino de Química……….…..56

APÊNDICE B– Texto introdutório……….61

APÊNDICE C– Cartilha Pedagógica……….….62

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1 INTRODUÇÃO

A neurociência constitui-se de estudos do sistema nervoso, em que é responsável pelo funcionamento do cérebro, tanto da experiência subjetiva emocional, como de suas manifestações fisiológicas e comportamentais. Um dos favorecimentos do estudo da neurociência é através da aprendizagem e a educação, que estão interligadas intimamente ao desenvolvimento do cérebro, o qual é moldável aos estímulos do ambiente, principalmente ao ambiente escolar. Conhecer o funcionamento do cérebro, permite aprender e explorar as emoções que se desenvolvem no ser humano, tendo-a como uma ferramenta imprescindível para lidar com o processo de aprendizagem (FISCHER; ROSE, 1998).

Em uma nova informação, a memória se torna mais eficaz principalmente quando é associada a acontecimentos sociais de rotina, ou seja, o ambiente, e nesse caso podemos mencionar o próprio ambiente escolar, deve proporcionar condições para que o processo de aprendizagem seja potencializado em cada sujeito, pois nossas memórias são moduladas pelas emoções, pelo nível de consciência e pelo estado de ânimo de cada indivíduo (IZQUIERDO, 2011).

Dentro deste contexto, a neuroquímica é relevante, visto que, segundo Kolb e Whishaw (2003), as funções intelectuais como a memória, linguagem, atenção, emoções, assim como ensinar e aprender, são produzidas pela atividade dos neurônios no nosso encéfalo. O estudo dos neurotransmissores pode contribuir para o aprimoramento da prática docente e desenvolvimento da habilidade para lidar com as dificuldades e potencialidades dos alunos, viabilizando uma educação de qualidade.

Diante deste cenário, tem-se o seguinte problema: Como os conhecimentos da neuroquímica, no que tange ao estresse e a ansiedade, podem auxiliar o docente no processo de ensino-aprendizagem de Química, por meio da utilização de estratégias que contribuam para o gerenciamento das emoções em suas aulas?

A hipótese é: A utilização de estratégias tais como treinamento de mindfulness1, técnicas e exercícios de meditação, músicas com frequências em hertz2, entre outros, contribuem para o gerenciamento das emoções. Neste sentido, os conhecimentos da

2Unidade de frequência no sistema internacional de unidades (SI), equivalente à frequência de um fenômeno periódico cujo período tem a duração de um segundo [símb.:Hz].

1Significa“atenção plena”, é a prática de se concentrar completamente no presente. Em atenção plena, as preocupações com passado e futuro dão lugar à uma consciência avançada do “agora”, que inclui percepção de sentimentos, sensações e ambiente.

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neuroquímica, no que tange ao estresse e a ansiedade, podem auxiliar o docente no processo de ensino-aprendizagem de Química.

Esta pesquisa se justifica pelo fato dos índices de estresse e ansiedade estarem crescendo consideravelmente na sociedade contemporânea. De acordo Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) e o relatório de Bem-Estar dos estudantes, elaborado com dados obtidos a partir dos questionários do Programa de Avaliação Internacional dos Estudantes (BRASIL, 2019) o índice de ansiedade tem aumentado no Brasil nos últimos anos na população estudantil com idade de aproximadamente 15 anos.

O objetivo geral é investigar como o conhecimento dos processos neuroquímicos relacionados ao estresse e a ansiedade e a utilização de determinadas estratégias que visam o gerenciamento das emoções, podem auxiliar o docente no processo de ensino-aprendizagem de Química.

Os objetivos específicos são: 1. apresentar os conceitos de neurociência e os processos neuroquímicos; 2. analisar o estresse e a ansiedade, sua relação com a neuroquímica e com o processo de ensino aprendizagem; 3. investigar, por meio de questionário, como os docentes de Química lidam com o estresse e a ansiedade na sala de aula e quais as estratégias de gerenciamento das emoções são utilizadas, analisando os resultados obtidos.

O referencial teórico utilizado na pesquisa se pauta nas pesquisas da OMS, no relatório do PISA de 2018 e nos seguintes autores: Howard Gardner (2002), Daniel Goleman (1997), Augusto Cury (2015), Deepak Chopra (2013), Marta Pires Relvas (2011), Izquierdo (2011), Kolb e Wishaw (2003), Fischer e Rose (1998).

A metodologia da pesquisa foi aplicada com os docentes da área de Química do IFFluminense doCampusCampos Centro, estado do Rio de Janeiro, que atuam nas turmas do Ensino Médio e Superior. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário elaborado no Google Forms e enviado aos docentes via email. O questionário constou de perguntas para analisar o estresse e a ansiedade do docente de Química e também como ele lida com os estudantes que apresentam-se ansiosos e estressados na sala de aula, quais as estratégias de gerenciamento das emoções que são utilizadas e, por último, foram analisados os resultados obtidos.

Os docentes responderam ao questionário e enviaram pela mesma plataforma (Google Forms). Em seguida, foi feita uma análise de dados das respostas obtidas, de forma quantitativa, por meio de gráficos elaborados noMicrosoft Office Excel, analisando de forma comparativa as respostas obtidas.

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Esse trabalho dispõe de cinco capítulos. No segundo capítulo é trabalhado o referencial teórico utilizado para o desenvolvimento da pesquisa, abordando os temas nos seguintes subcapítulos: "Neurociências, neuroquímica e o gerenciamento das emoções para a potencialização da aprendizagem", incluindo a discussão sobre Inteligências Múltiplas e Inteligência Emocional, bem como a influência destas no processo de ensino-aprendizagem, e

"Contribuições da neurociência para o desenvolvimento de alunos com estresse/ansiedade".

No terceiro capítulo é descrita a metodologia utilizada para a realização da pesquisa, detalhando o contexto e as etapas da pesquisa, além dos instrumentos de coleta e análise dos dados.

O quarto capítulo demonstra os resultados esperados com a aplicação da pesquisa.

O capítulo final apresenta o cronograma da realização das atividades da pesquisa, seguido pelas referências, apêndices e anexos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico que orienta esse projeto de pesquisa abrange os seguintes autores:

Relvas (2011), Boni; Welter (2016), Pantano; Zorzi (2009), Pimenta (2018), Carpena;

Menezes (2018), Cury (2015), Estevinho; Fortunato (2000); Faria (2018), Kandel (2014), Varella (2016), Alves (2018), Caiusca (2019), Almeida (2009), Goleman (1997), Chabot;

Chabot (2005), Goleman; Boyatzis; McKee (2018) e Maturana (2002).

Tais autores estão relacionados ao conhecimento da neuroquímica, ao gerenciamento das emoções, do estresse e da ansiedade e estratégias correlacionadas e à potencialização da aprendizagem.

A revisão de literatura abrange a descrição da neurociência e neuroquímica, relacionando-as com a aprendizagem, além de apresentar o uso do gerenciamento das emoções como recurso potencializador da aprendizagem. Na sequência serão detalhadas as contribuições da neurociência para o desenvolvimento de alunos com estresse/ansiedade.

2.1 Neurociências, neuroquímica e o gerenciamento das emoções para a potencialização da Aprendizagem

A neurociência é um campo científico que compreende o estudo do Sistema Nervoso e suas ligações com toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre o cérebro e o comportamento, em outros termos, é a compreensão de como o fluxo de sinais elétricos através de circuitos neurais originam a mente, da forma como percebemos, agimos, pensamos, aprendemos e entre outros (RELVAS, 2011).

O controle neural tem a possibilidade de compreensão dos mecanismos das emoções, memória, pensamentos, raciocínio crítico, ações motoras, sensações, ideias e decisões, sendo assim, as atividades que exercemos são produtos que vem do nosso cérebro e que nos definem e constituem. A neurociência também estuda as ações cognitivas e o comportamento, que são resultantes da atividade dessas estruturas.

Dentre as subdivisões da neurociência, se tem a Neurociência Cognitiva, sendo um campo de pesquisa que tem como foco o estudo das capacidades mentais do ser humano, relacionadas à cognição, ou seja, como ocorrem os processos de percepção, inteligência, memória, pensamento e, principalmente, a aprendizagem. Um clássico exemplo dentro do âmbito escolar, é como os alunos adquirem o conhecimento a partir de experiências sensoriais

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as quais são submetidos, como uma música, aroma, contato pele a pele, e outras sensações capazes de captar os dados do ambiente e levá-las ao cérebro (BONI; WELTER, 2016).

A neurociência aplicada à Educação, tende a possibilitar resultados mais eficazes e de qualidade no processo de ensino-aprendizagem, de forma que estimule o estudante a refletir sobre o conteúdo através de ações aplicadas no cotidiano, tornando a aprendizagem mais significativa e prazerosa no processo escolar (RELVAS, 2012).

Devido à ascensão da tecnologia, a sociedade atual tem se avançado quanto ao acesso às informações, conhecimentos e técnicas, tendo a necessidade de uma educação que adote uma cultura de aprendizagem capaz de adequar a formação à nova realidade.

Na educação, a neurociência busca compreender o processo de aprendizagem no cérebro e quais os estímulos necessários para os mecanismos de absorção da atenção e memória, de forma a facilitar, com o estímulo correto e positivo, sendo a peça chave para o desenvolvimento cognitivo saudável (PANTANO; ZORZI, 2009).

É perceptível a importância do docente adquirir um conhecimento de como se processa a construção da aprendizagem no cérebro e como tais informações irão proporcionar estratégias e metodologias satisfatórias na aprendizagem.

Ao utilizar a neurociência cognitiva na sala de aula, deve-se levar em conta que existem ações geradas no dia a dia, conectadas às emoções. Estas podem tanto ajudar a aprendizagem através de uma relação professor-aluno positiva e aulas com metodologias adequadas que liberam neurotransmissores3, como também podem atrapalhar e desviar a atenção e o foco dentro de sala de aula.

O avanço da neurociência tem ampliado as pesquisas sobre o Sistema Nervoso, colaborando principalmente com os estudos sobre a neuroquímica e suas consequências no comportamento humano e na aprendizagem. A neuroquímica é a ciência que estuda a relação entre as moléculas e o Sistema Nervoso Central (SNC), incluindo o que são os neurotransmissores, suas estruturas e como estes atuam, além do papel que desempenham no organismo. Tais conceitos serão aprofundados no próximo tópico.

As emoções, também representadas pelo medo, estresse, euforia, tristeza, ansiedade, raiva, alegria, quando intensificadas excessivamente ou desativadas excessivamente, podem gerar gatilhos do ambiente, dos pensamentos, das memórias, que são as formas como interpretamos, tomando decisões e agimos durante o dia a dia, de uma forma incontrolável.

3 Neurotransmissores são mensageiros químicos responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos entre os neurônios e as células nervosas, atuam em conjunto com receptores específicos (PIMENTA, 2018).

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As emoções negativas drenam as energias, tornando o dia pesado e afastando-o do alcance de seu objetivo. Assim como na vida profissional e no âmbito escolar, se o professor não controlar seu emocional e apresentar sua aula de forma estressante, consecutivamente, também irá receber alunos estressados, confusos e agitados, sendo inviável a construção de seu conteúdo de forma eficaz.

Uma das formas de gerenciar essas emoções é através de meditações, atividades físicas, mindfulness, músicas com frequências emhertz e entre outros. Em uma pesquisa das autoras Marina Carpena e Carolina Menezes, no ano de 2018, do título “Efeito da meditação focada no estresse e mindfulness disposicional em universitários”, foi constatado que os treinos meditativos emindfulness produziram uma melhora do funcionamento do psicológico dos estudantes e contribui para redução de estresse.

Em particular, houve uma redução da presença de estresse na fase de resistência, quase exaustão e estresse geral, bem como um aumento das habilidades de mindfulness nas facetas descrever e não reagir, e no escore total. Além disso, os dados corroboram que o aumento demindfulnesspode estar relacionado à redução do estresse (CARPENA; MENEZES, 2018, p. 11).

O mindfulness auxilia no processo de autorregulação e o autogerenciamento do indivíduo, como gerenciar a ansiedade e melhorar o desenvolvimento pessoal e profissional.

A autorregulação depende do autocontrole e da gestão do pensamento, em que a mente depende diretamente da gestão de comportamentos. Cury (2015) defende que é necessário cuidar da mente, dos sentimentos, dos pensamentos, das ações cotidianas, pois estes elementos estão conectados e atuam diretamente na emoção e nos resultados comportamentais no dia-a-dia do indivíduo. “Só é eficiente quem aprende a ser líder de si próprio, ainda que intuitivamente: tropeçando, traumatizando-se, levantando-se, interiorizando-se, reciclando-se”

(CURY, 2015, p. 7).

No âmbito educacional, muitos docentes e estudantes lidam com o estresse e ansiedade cotidianamente, por isso, algumas escolas, em busca de uma melhor qualidade de vida e desempenho escolar, têm proposto estratégias diferentes às atividades tradicionalmente adotadas. Com o avanço da neurociência e o estudo sobre o Sistema Nervoso Central, têm sido utilizadas práticas meditativas, como as técnicas de meditação.

A meditação é uma técnica que permite conduzir a mente para um estado de relaxamento natural, com métodos que incluem postura e total foco para atingir a tranquilidade e paz interior. Através dessa técnica é possível que o aluno tenha mais atenção e

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concentração na atividade que está desempenhando, principalmente antes de uma prova, em que se mantém nervoso e agitado, além de uma maior concentração durante as aulas, e consequentemente, benefícios para redução do estresse e ansiedade, de forma que venha contribuir para uma maior atenção, foco e relacionamentos interpessoais.

Os aspectos cognitivos e socioemocional precisam ser contemplados na educação, em que é cada vez mais comum casos com jovens com depressão, ansiedade e estresse, trazendo grande interferência no processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, a introdução de práticas meditativas em ambientes escolares tem como objetivo principal, trazer mais consciência para a mente, de forma que o corpo experimente um contato maior consigo mesmo para alcançar o estado profundo de paz interna.

Além da meditação e de técnicas de respiração para desenvolver a autorregulação e o autocontrole, o docente pode utilizar alguns instrumentos de mediação na sala de aula, como a música ou sons que acalmam a mente e proporcionam o contato consigo mesmo. Um exemplo clássico para gerenciar a ansiedade é a musicoterapia.

A musicoterapia consiste em um conjunto de técnicas baseadas na música e empregadas no tratamento de problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos, capazes de promover a comunicação, expressão e aprendizado, além de relaxar o corpo, prevenindo a tensão muscular e combater a insônia, sendo uns dos sintomas causados pela ansiedade. No processo de aprendizagem é um instrumento facilitador, pois os estudantes aprendem a ouvir de maneira ativa e refletida, sendo maior a capacidade para o aluno desenvolver sua atenção e memória.

As músicas e sons têm o poder de alterar a neuroquímica do indivíduo. Um exemplo disso são os sons em hertz, que consiste em ondas sonoras, capazes de ser alteradas para diferentes fins. Cada frequência do som em hertz trará efeitos diferentes, como, aumentar o foco e a concentração, principalmente no âmbito escolar antes da aplicação de uma avaliação, trazer a reflexão e tranquilidade, estimular a prática de exercícios físicos e na hora de estudar.

É recomendado a utilização de fones de ouvido para que não ocorra a interferência de fatores externos, podendo aproveitar o som com mais eficiência e qualidade.

O som em uma determinada frequência em hertz pode contribuir para o relaxamento do corpo, a regulação do humor e a induzir emoções positivas, sendo uma ferramenta chave para reduzir o estresse, controlar a ansiedade e a promover uma sensação de bem-estar, graças à liberação da endorfina, um neurotransmissor capaz de melhorar o humor e até mesmo trazer uma sensação de felicidade.

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A recomendação é ouvir música calma e suave, que ajuda a relaxar e embalar o sono, músicas com frequência em 432 hertz, auxiliam na depressão e ansiedade, visto que tal frequência tem um poder “por ser o som mais sintonizado e mais consistente que existe na natureza, apresentando um poder curativo que se baseia na autorrecuperação do corpo e da mente humana” (DAMINI, 2022).

Já a frequência 528 Hz é “a frequência da natureza, que promove a cura do corpo humano e da mente, estimulando paz, tranquilidade e restauração das energias” ( DAMINI, 2022).

[...] A partir dela, cientistas conseguiram estimular a água a circundar as hélices do DNA, podendo reparar essa molécula. Além disso, verificou-se que as abelhas e as flores emitem sons nessa mesma frequência (DAMINI, 2022, n.p).

Também existem outras frequências hertz, que podem ser encontradas em sites específicos como o "eu sem fronteiras" que o docente pode utilizar em suas aulas, com auxílio do próprio celular ou aparelho de som, em diferentes momentos de sua aula (testes, provas, atividades, melhorar a atenção, entre outros), obtendo diferentes benefícios:

1) 396 Hz: com ela é possível se libertar do medo e da culpa, fazendo com que o sofrimento seja reinterpretado e transformado em alegria; 2) 417 Hz: se você já passou por experiências traumáticas e precisa de uma mudança na sua vida, essa é a frequência que vai te ajudar a enfrentar esse processo; 3) 639 Hz: para desenvolver a sua capacidade de se comunicar, de tolerar o próximo e de amar, você deve escolher essa frequência para ouvir; 4) 741 Hz: com o objetivo de desenvolver a autoexpressão e uma vida com estabilidade, você pode apostar nessa frequência para remover as toxinas do seu corpo (DAMINI, 2022, n.p).

Todas as informações sonoras escutadas diariamente, como uma música em diferentes frequências até os barulhos do trânsito, influenciam o desempenho do cérebro, de forma negativa ou positiva, sendo essencial para desenvolver o corpo e a mente. Ao introduzi-los em sala de aula antes da aplicação de um conteúdo, se garante uma maior atenção e foco devido ao relaxamento natural, maior interação professor-aluno, com músicas mais reflexivas e a transferência de uma aprendizagem eficaz e de qualidade.

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2.1.1 Neurociências e Neuroquímica

Através da neuroquímica, conseguimos compreender como é o funcionamento das emoções, buscando compreender como o ambiente e as ações do cotidiano podem influenciar nas atividades neurais do Sistema Nervoso. Neste sentido, as pesquisas recentes sobre os neurotransmissores colaboram com este estudo e, a seguir, são apresentados os neurotransmissores mais pesquisados e que interferem no comportamento humano, influenciando a aprendizagem.

A dopamina é um importante neurotransmissor envolvido em situações de motivação, atuando como estimulante na realização de tarefas. Essa substância atua no controle dos movimentos e desempenha um importante papel na regulação da atenção, memória e aprendizagem (ESTEVINHO; FORTUNATO, 2000).

Figura 1- Estrutura química da Dopamina

Fonte: Infoescola (©2022).

Neurotransmissor mediador do prazer, também conhecido como dopamina, costuma ser responsável por sentimentos como amor e luxúria, também relacionada com motivação e relação custo-benefício, ou seja, quando uma meta é alcançada, ao encontrar uma vaga livre para estacionar, elogio durante a aula, nota boa na prova e uma promoção no trabalho, há um aumento dos níveis de dopamina. Por ela atuar no controle do sistema motor, em caso de deficiência pode afetar os movimentos, um dos sintomas da crise de ansiedade e para aumentar os níveis de dopamina é necessário dormir bem, meditar, escutar uma música, se exercitar e entre outros.

A serotonina é um neurotransmissor que atua na regulação e modulação da ansiedade, apetite, sono e humor. Poucos neurônios são capazes de produzir e liberar serotonina, no entanto há um número elevado de células capazes de detectá-la. Transtornos afetivos e de humor, dentre eles a depressão e ansiedade, estão associados à diminuição da liberação de serotonina no Sistema Nervoso Central (FARIA, 2018).

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Figura 2- Estrutura química da Serotonina

Fonte: Infoescola (©2022).

Algumas atividades físicas do cotidiano, como, tomar sol, receber massagens e praticar exercícios aeróbicos liberam a serotonina, trazendo uma sensação de felicidade e de importância. A depressão é um grande exemplo de inibidor da serotonina, pois é capaz de esquecer sensações felizes, tendo como maior estratégia, alguns atos para liberação desse neurotransmissor, como, recordar bons momentos, rever fotos antigas e conversas com amigos, e quando se encontra em uma baixa concentração pode causar dificuldade para dormir, mau humor, ansiedade e depressão. Entre suas funções está a regulagem do ritmo cardíaco, do sono, do apetite, do humor, da memória e da temperatura do corpo.

A ocitocina é considerada um neuromodulador (neurotransmissor de modulação) que atua em situações relacionadas à cognição e ao comportamento social, além de estimular a formação de pares e o contribuir para o estabelecimento das relações afetivas (KANDEL, 2014).

Figura 3- Estrutura química da Ocitocina

Fonte: Estado de Minas (2016).

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A neuroquímica da ocitocina está interligada com vínculos emocionais e demonstração de afeto, como, um abraço, dar ou receber presente, um elogio durante a apresentação de um trabalho escolar e rever amigos na escola após o período de férias, ambas relações são capazes de construir confiança e vínculo emocional. Em baixo níveis de ocitocina, é perceptível o isolamento ou solidão, ansiedade, estresse crônico e deficiências nos hormônios sexuais, podendo ser diminuídos de acordo com a idade, devido às células produtores de ocitocina se tornarem menos sensíveis a estímulos.

A endorfina é um neurotransmissor que atua inibindo a transmissão dos sinais de dor e promovendo sentimentos de euforia e felicidade. A produção da endorfina acontece de forma natural como resposta à dor, habitualmente associada à prática de atividades físicas (PIMENTA, 2018).

Figura 4- Estrutura química da Endorfina

Fonte: O mundo da Química (©2022).

Um dos benefícios após a liberação da endorfina inclui a melhora da memória e do humor, por não ter sido desenvolvido de forma artificial depende da prática de atividades físicas, como musculação, corrida, natação, ciclismo e entre outros. Além dos exercícios físicos, também temos o sexo, que gasta calorias, acelera os batimentos sanguíneos e gera sensações de prazer e bem-estar e exposição ao sol, pois os raios ultravioletas estimulam a produção de endorfina pelo corpo. Os baixos níveis de endorfina no corpo podem causar irritação, tristeza ou irritabilidade, e podem aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde como depressão e ansiedade, por exemplo (BEZERRA, 2022).

A adrenalina e a noradrenalina, também conhecidos como epinefrina e norepinefrina, são definidos com hormônios e neurotransmissores, pertencendo à classe das catecolaminas.

Ao serem sintetizados e secretados pela medula - uma das glândulas adrenais do sistema endócrino - são capazes de atuar no cérebro, regulando o sistema nervoso diante de situações

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de perigo e estresse, gerindo funções importantes para a sobrevivência como a respiração e a frequência cardíaca (VARELLA, 2016).

A neuroquímica da adrenalina é liberada em situações de estresse ou excitação. Ela segue pela corrente sanguínea e se liga a receptores presentes em diferentes tipos celulares e estimula o aumento da frequência cardíaca. Uma das formas comuns e diárias de aumentar a adrenalina de forma natural é tomar café, um ato que tem se tornado comum até mesmo de forma excessiva na sociedade. A cafeína estimula as glândulas suprarrenais, criando uma sensação de perigo iminente e liberando a adrenalina, não é recomendado o excesso, pois poderá produzir um efeito contrário, como o cansaço. Com o aumento da produção da adrenalina, é perceptível situações de cansaço físico, nervosismo, alterações na glicemia, jejuns prolongados e entre outros.

Figura 5- Estrutura química da Adrenalina

Fonte: Infoescola (©2022).

A noradrenalina também relaciona-se com processos cognitivos de aprendizagem, criatividade e memória, é um neurotransmissor que afeta a atenção e as ações de resposta no cérebro. Quando há um estímulo, como situações de medo ou perigo, promove a liberação desse hormônio.

Figura 6- Estrutura química da Noradrenalina

Fonte: Infoescola (©2022).

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O cortisol é um neurotransmissor que, quando presente em níveis ideais, auxilia o organismo no controle do estresse, além de contribuir para a redução de inflamações e bom funcionamento do sistema imune (ALVES, 2018).

Figura 7- Estrutura química do Cortisol

Fonte: PNGWing ([s.d.]).

O cortisol alto no sangue pode originar sintomas como perda de massa muscular, aumento de peso ou diminuição de testosterona. Já o cortisol baixo pode originar sintomas de depressão, cansaço ou fraqueza. Ambos indicativos de problemas. Uma das formas de controlar esse neurotransmissor é se alimentar de forma equilibrada, beber muita água, rotina de exercícios, manter o sono regulado e etc (BEZERRA, 2020).

A acetilcolina exerce um importante papel nas funções cognitivas, sendo relacionada diretamente com a atenção, memória e aprendizado. Podem ser citados como efeito desse neurotransmissor no corpo humano a vasodilatação e a diminuição da frequência cardíaca (CAIUSCA, 2019).

Figura 8- Estrutura química da Acetilcolina

Fonte: Educa mais Brasil (2019).

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A neuroquímica da acetilcolina pode ser ativada de forma natural na alimentação, como, na ingestão de ovos, leites, carnes, fígado, peixes, camarão, brócolis, couve, dentre outros. Em casos de déficit no organismo, o funcionamento do cérebro pode ser comprometido, causando, hiperatividade, déficit de atenção, Mal de Alzheimer, etc. Algumas drogas são capazes de bloquear a produção desse neurotransmissor e causar déficits de cognição e até sintomas psicóticos.

De acordo com Almeida (2019), o indivíduo estando emocionalmente bem, tende a existir um equilíbrio entre as partes envolvidas no processo de ensino-aprendizagem, tornando-o um processo prazeroso e ocasionando o aumento da dopamina. Nesse sentido, as informações processadas de forma positiva e a sensação de bem-estar vivenciada colaboram para a elevação dos neurotransmissores, como dopamina, serotonina, endorfina, ocitocina, contribuindo para a melhoria da capacidade de aprendizagem.

Aprender coisas novas e realizar atividades capazes de aliviar o estresse como praticar exercícios de meditação e ouvir músicas com frequências em hertz, provocam o surgimento de novas células nervosas. Segundo Chopra (2013, p. 93-94), “o nascimento de novas células nervosas no hipocampo adulto ajuda a superar desequilíbrios neuroquímicos que provocam distúrbios de humor como a depressão”.

2.1.2 Inteligências Múltiplas e Inteligência Emocional - a influência no processo de ensino-aprendizagem

A teoria das inteligências múltiplas, segundo Gardner, é adversa a concepção tradicional da inteligência geral, em que cada indivíduo possui uma única habilidade cognitiva geral. Sendo assim, as inteligências múltiplas defendem que todas as pessoas são dotadas de inteligências pluralistas, sendo elas, linguística, espacial, interpessoal, intrapessoal e entre outros, formada por múltiplas capacidades intelectuais relativamente autônomas em vários domínios (GARDNER, 2002).

A meu ver, uma competência intelectual humana deve apresentar um conjunto de habilidades de resolução de problemas — capacitando o indivíduo a resolver problemas ou dificuldades genuínos que ele encontra e, quando adequado, a criar um produto eficaz — e deve também apresentar o potencial para encontrar ou criar problemas — por meio disso propiciando o lastro para a aquisição de conhecimento novo. Estes pré-requisitos representam meu esforço em focalizar as potências intelectuais que têm alguma importância dentro de um contexto cultural (GARDNER, 2002, p. 46).

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Neste sentido, Gardner (1994) considera que as inteligências emocionais são a interpessoal e a intrapessoal: elas são complementares entre si, ou seja, o indivíduo desenvolve estas duas inteligências à medida em que se relaciona com o outro e se compreende enquanto um sujeito diferente deste outro, com suas subjetividades, possibilidades e limites (GARDNER, 1994, p. 161apudFERRAZZA, 2015, p. 9).

As inteligências intrapessoal e interpessoal são, respectivamente, fundamentais para a compreensão do ser humano individual, bem como, do ser humano na sua relação com o outro. Para Gardner, a inteligência intrapessoal envolve a capacidade de “a pessoa se conhecer, de ter um modelo individual de trabalho eficiente – incluindo aí os próprios desejos, medos e capacidade – e de usar essas informações com eficiência para regular a própria vida”

(GARDNER, 2000, p. 58).

Complementarmente, Gardner (1994, p. 185 apudFERRAZZA, 2015, p. 10) defende que a inteligência interpessoal, está diretamente ligada à “capacidade de observar e fazer distinções entre outros indivíduos e, em particular, entre seus humores, temperamentos, motivações e intenções”. Assim, o indivíduo que possui inteligência interpessoal, sabe ouvir, sabe se relacionar com outro, trabalha bem em grupo, se coloca no lugar do outro, tem empatia e é cooperativo.

Gardner sugere uma educação que esteja preocupada com a individualidade de cada aluno. Acredita que o professor preocupado com as individualidades poderá, por meio da observação do dia-a-dia, conhecer as especificidades de cada estudante, tendo cuidado com os rótulos, poderá avaliar cada estudante em pontos fortes e fracos.

Dessa forma, a educação pode considerar as múltiplas inteligências, possibilitando alterações nas atividades pedagógicas, visando uma mudança de perspectiva sobre o modo como cada estudante estudará as disciplinas e, acima de tudo, como será avaliado. Portanto, a partir da teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, os docentes podem conhecer melhor seus estudantes, perceber quais as inteligências já tem desenvolvidas, quais precisam ser mais estimuladas e até utilizar uma inteligência já desenvolvida para iniciar um assunto, visando os interesse dos estudantes e, em seguida, trazer para as habilidades e competências da área em que necessita trabalhar, considerando as individualidades do estudante.

No âmbito escolar, a compreensão da existência de Inteligências Múltiplas deve ser utilizada pelos professores de forma a aprimorar e refletir a pluralidade de inteligências, visando em melhorar a formação do aluno, a prática docente e as formas de avaliação. São aplicadas atividades que vão além das matérias ofertadas, de forma a estimular o aluno a

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desenvolver suas diferentes inteligências e fazendo com que o mesmo venha conseguir solucionar problemas, ser um cidadão crítico reflexivo, obtendo uma melhora da vida social e emocional entre as pessoas.

De acordo com Goleman (1997), temos dois cérebros e duas mentes, resultando em dois tipos de inteligência, sendo elas: racional e emocional. Desta forma, o desempenho na vida, diferentemente do que é imposto pela sociedade, não está relacionado apenas com o Quociente de Inteligência (QI)4, mas com a inteligência emocional também.

A inteligência emocional designa o potencial do indivíduo para aprender fundamentos como: a capacidade de criar suas próprias motivações, de controlar seus impulsos e de impedir que sua capacidade de raciocinar seja afetada pelos sinais de fortes emoções (GOLEMAN, 1997).

Os sinais de fortes emoções, como a ansiedade e o estresse, são indicados por circuitos que perpassam o cérebro límbico chegando aos lobos pré-frontais e, ao criarem uma estática neural, são capazes de sabotar o lobo pré-frontal fazendo com que a memória funcional não seja mantida. Nesse sentido, Goleman diz:

[...] quando estamos emocionalmente perturbados, dizemos: “Simplesmente não consigo raciocinar” — por que a contínua perturbação emocional cria deficiências nas aptidões intelectuais da criança, mutilando a capacidade de aprender (GOLEMAN, 1997, p. 58).

Assim sendo, para que um indivíduo apresente determinadas competências, é preciso que pontos fundamentais da inteligência emocional - como a empatia e a autogestão - estejam conciliados com o desenvolvimento do intelecto bruto. A cultura educacional brasileira privilegia o QI e o desenvolvimento das aptidões acadêmicas, deixando de lado a inteligência emocional. No entanto, para o êxito no processo de ensino-aprendizagem é importante que o aluno tenha conhecimento de si mesmo e pratique o gerenciamento de suas emoções, visto que emoção e atenção relacionam-se na estrutura cerebral.

Para entendermos as emoções e sentimentos é preciso ter empatia, conhecer primeiramente as próprias emoções para então tentar compreender o outro. Além da empatia e do autoconhecimento, é necessário que estejamos atentos aos sinais oriundos de canais

4Quociente de Inteligência (QI) é o resultado obtido através de testes de avaliação da inteligência, criados nos primeiros anos do Século XX. Em resumo, representa a capacidade de domínio do raciocínio, por muito tempo considerado um padrão para o desempenho escolar (FERRARI, 2008).

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não-verbais como: os gestos, a expressão facial e o tom de voz, tendo em vista que não é frequente exprimir emoções através de palavras (GOLEMAN; BOYATZIS; MCKEE, 2018).

Na sala de aula, é possível que o professor aprimore suas aulas e a forma com que apresenta os assuntos ao conhecer melhor o aluno, fato este que transforma o aprendizado, pois os estímulos durante a aula estarão de acordo com a individualidade do estudante. Deste modo, Goleman (1997) defende que "buscar o fluxo através do aprendizado é uma maneira mais humana, natural e muito provavelmente mais eficaz de arregimentar as emoções a serviço da educação'' (GOLEMAN, 1997, p. 132).

Para Maturana (2002) são as emoções que estabelecem e tornam possíveis todas as ações humanas. Para entender tais ações não deve-se observar o ato de maneira isolada, mas as emoções que o viabilizaram.

Vivamos nosso educar de modo que a criança aprenda a aceitar-se e a respeitar-se, ao ser aceita e respeitada em seu ser, porque assim aprenderá a aceitar e a respeitar os outros. Para fazer isso, devemos reconhecer que não somos de nenhum modo transcendente, mas somos num devir, num contínuo ser variável ou estável, mas que não é absoluto nem necessariamente para sempre (MATURANA, 2002, p. 30).

A educação não deve se restringir ao ensino de conteúdos cognitivos, partindo da ideia que os problemas relacionados à aprendizagem também são influenciados pelo estado emocional do indivíduo. No campo das emoções, quando estas forem positivas geram interesse, motivação e criatividade. No entanto, ao se apresentarem de forma negativa propiciam conflitos pessoais, insegurança e procrastinação, situações que podem ocasionar a evasão escolar. Em suma, os processos mentais são influenciados pelas emoções e podem contribuir ou prejudicar o aprendizado (CHABOT; CHABOT, 2005).

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3 METODOLOGIA

A metodologia desta pesquisa quanto à sua abordagem é quantitativa, pois quantifica os fenômenos possibilitando uma análise objetiva. Este tipo de análise é defendida por Minayo e Sanches (1993, p. 3) “no âmbito dassoft sciencestem surgido a oportunidade de se usar a linguagem matemática para descrever, representar ou interpretar a multidiversidade de formas vivas e suas possíveis inter-relações”. Nesse sentido, a abordagem quantitativa auxilia na coleta de dados e no tratamento da informação.

Quanto à natureza, a pesquisa é aplicada, pois gera conhecimentos para aplicações práticas dirigidos à solução de problemas específicos. A pesquisa foi realizada com a aplicação de um instrumento no formato de um questionário com o seguinte público-alvo:

docentes da área de Química do IFFluminense doCampusCampos Centro, estado do Rio de Janeiro, que atuam nas turmas do Ensino Médio e/ou Ensino Superior, os quais responderam ao questionário e enviaram pela plataformaGoogle Forms.

Quanto ao objetivo da pesquisa, ela será descritiva, segundo Gil (2008), como aquela que descreve um fenômeno ou objeto de estudo (população, empresa, governo, situação- problema) e estabelece relações entre as suas variáveis. Triviños (1987, p. 110) afirma que “o estudo descritivo pretende descrever com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade”.

Quanto aos procedimentos, a pesquisa é um estudo de caso, tendo em vista que será aplicado com um determinado grupo, caracterizando-se pelas investigações realizadas por meio da coleta de dados junto aos docentes da área de Química. O estudo de caso é caracterizado pelo estudo exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado. Para a realização de um estudo de caso podem ser utilizadas diferentes fontes de investigação, como: entrevistas, questionários e observação (GIL, 1999; YIN, 2001).

Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário (Apêndice A) elaborado pelas pesquisadoras noGoogle Formse enviado aos docentes via email, anexo ao texto introdutório (Apêndice B), onde foram abordados conceitos da Neurociência e os processos neuroquímicos.

O questionário constou de perguntas com opções de respostas no formato de caixas de seleção e outras na escala de Likert. Segundo Oliveira (2001),

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A escala de Likert diz respeito a uma série de afirmações relacionadas com o objeto pesquisado, isto é, representam várias assertivas sobre um assunto. Os respondentes não apenas respondem se concordam ou não com as afirmações, mas também informam qual seu grau de concordância ou discordância (OLIVEIRA, 2001, p. 15).

As respostas obtidas foram utilizadas para analisar o estresse e a ansiedade do docente de Química, como ele lida com os estudantes que se apresentam ansiosos e estressados na sala de aula, além de investigar quais as estratégias de gerenciamento das emoções são utilizadas.

Esta pesquisa contemplou as seguintes etapas: 1. Busca de trabalhos e artigos sobre o tema; 2. Seleção de textos; 3. Revisão de literatura; 4. Levantamento do estado da arte; 5.

Planejamento da pesquisa; 6. Elaboração do questionário; 7. Coleta de dados – aplicação do questionário aos docentes; 8. Análise dos dados e 9. Elaboração de uma cartilha pedagógica para os docentes.

Foi realizada uma análise de dados das respostas obtidas, de forma quantitativa, por meio de gráficos elaborados no Microsoft Office Excel, analisando de forma comparativa as respostas obtidas.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da coleta de dados via questionário enviado pelo Google Forms e de sua respectiva análise, foram coletadas informações a respeito de como os docentes de Química do IFFluminense lidam com o estresse e a ansiedade na sala de aula, além de conhecer quais as estratégias de gerenciamento das emoções são utilizadas por eles.

Caso o nível de estresse e ansiedade dos docentes influencie negativamente a qualidade das aulas de Química, espera-se que a análise dos índices de estresse e ansiedade e a sua relação com a neuroquímica possa contribuir com o trabalho docente no que tange ao Ensino de Química. Dessa forma, como forma de feedback, foi elaborada uma cartilha (Apêndice C) com atividades pedagógicas, enviada aos docentes viaemail.

Esta pesquisa teve a finalidade de analisar o processo neuroquímico por meio da utilização de treinamento de mindfulness, técnicas e exercícios de meditação, músicas com frequências em hertz, entre outros, e como estes podem contribuir para o gerenciamento das emoções, tendo um efeito significativo no comportamento em sala de aula, nos níveis de estresse e ansiedade.

A pesquisa foi realizada com os professores de Química do Instituto Federal FluminenseCampus Campos Centro, em que foi enviado um questionário (Apêndice A), para quatorze docentes, totalizando em oito respostas. Assim sendo, este trabalho segue as diretrizes de vários autores que realizaram estudos da neuroquímica no processo de ensino-aprendizagem (Kolb; Whishaw, 2003; Relvas, 2011; Fischer; Rose, 1998; Almeida, 2009), a aplicação das práticas meditativas (Cury, 2015) e dentro da Universidade (Carpena;

Menezes, 2018).

Espera-se que os conhecimentos da neuroquímica, bem como a utilização de estratégias como treinamento de mindfulness, exercícios de meditação, músicas com frequências em hertz, prática de exercícios físicos, entre outros, possam contribuir positivamente para o gerenciamento das emoções e para o desenvolvimento de habilidades que possibilitem a melhoria do estresse e da ansiedade, desta forma auxiliando o docente no processo de ensino-aprendizagem de Química, por meio da utilização de uma cartilha com atividades pedagógicas desenvolvida pelas autoras deste estudo.

A seguir são apresentados os gráficos com as respostas dos docentes e suas respectivas análises ao questionário (Apêndice A) enviado aos mesmos viaemail.

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Gráfico 1- Gênero dos docentes de Química

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Gráfico 2- Idade dos docentes de Química

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Os Gráficos 1 e 2 referem-se às questões que tratam do gênero e a idade, respectivamente, dos docentes do Instituto Federal Fluminense doCampusCampos Centro do Ensino Médio e Ensino Superior, consistindo no total de 8 respostas, sendo 4 do gênero masculino e 4 do gênero feminino, conforme o Gráfico 1, em que 70% correspondem a idade de 31 a 40 anos e 25% entre 41 a 50 anos, demonstrado no Gráfico 2.

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Gráfico 3- Nível de escolaridade em que docentes de Química atuam no IFFluminense

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Gráfico 4- Turno em que docentes de Química atuam no IFFluminense

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

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Gráfico 5- Tempo de atuação como docente de Química

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Os Gráficos 3, 4 e 5 foram criados a partir de questões relacionadas ao trabalho docente. Ao serem perguntados sobre os níveis de escolaridade para os quais lecionam (Gráfico 3), 37,5 % do entrevistados responderam que lecionam para turmas do Ensino Superior, 12,5% para turmas do Ensino Médio e a maioria (50%) afirmou dar aula para ambos os níveis. Em relação ao turno de trabalho (Gráfico 4), todos trabalham no turno vespertino, porém também lecionam em outros turnos, 87,5% à noite e outros 12,5% pela manhã. Todos os professores participantes da pesquisa, ao serem questionados sobre o tempo de atuação como professor (Gráfico 5), afirmaram serem professores há mais de 10 anos.

Gráfico 6- Qualidade da rotina docente no modelo de ensino presencial

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

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Conforme o Gráfico 6, sobre o exercício da docência no modelo de ensino presencial tornar a rotina do docente cansativa, 62,5% concordam parcialmente, 25% discordam parcialmente e 12,5% discordam totalmente.

Gráfico 7- Qualidade da rotina docente no modelo de ensino remoto

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

O Gráfico 7 buscou investigar se o exercício da docência no modelo de ensino remoto torna a rotina cansativa. A maioria (75%) relatou concordar parcialmente, 12,5% concordam totalmente e somente 12,5% discordam parcialmente, trazendo uma oposição às demais respostas.

No ano de 2020, devido às restrições sanitárias decretadas pelo poder público, como forma de conter a disseminação do SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19, foi adotada, de maneira emergencial, a modalidade de ensino remoto. Ao serem perguntados se o exercício da docência no modelo de ensino remoto tornou a rotina cansativa, 75% dos docentes entrevistados relataram concordar parcialmente, 12,5% concordam totalmente e 12,5%

discordam parcialmente, deixando explícito as opiniões divergentes. Ao serem questionados sobre a realização de outras atividades, além da atividade física, que possam contribuir para a redução dos níveis de estresse e ansiedade, 50% afirmaram não praticar. Esses dados relacionam-se com a exaustão relatada pela maioria dos docentes, tendo em vista que, lecionar no ensino remoto exigiu de todos o autogerenciamento para controlar o estresse e ansiedade.

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Do mesmo modo que, ao adaptarem-se à modalidade de ensino remoto emergencial, professores e alunos precisaram gerenciar suas emoções, com o retorno à modalidade de ensino presencial - que vem acontecendo gradualmente desde o final do ano letivo de 2021 - será preciso, aos poucos, criar uma nova rotina e normalidade. Segundo Cury (2015) as habilidades intelectuais, pessoais e profissionais são desenvolvidas e treinadas a partir da gestão das emoções. Com o retorno, os docentes precisarão lidar com uma nova realidade, fato que exigirá o autogerenciamento das emoções, de forma a também auxiliar os estudantes a passarem por essa situação onde estão emocionalmente confusos, evitando novos danos.

Gráfico 8- Interferência de situações externas na prática docente

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Em relação à interferência das situações externas na prática docente e na organização, todos os participantes da pesquisa concordam que situações externas podem interferir na prática docente (50% concordam totalmente e 50% concordam parcialmente), dados estes que, ao serem confrontados com os estudos de Almeida (2019), permitem a associação da interferência das situações externas à prejuízos no processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista que, segundo a autora, quando não há auto-regulação, as emoções atingem as funções cognitivas, fazendo com que estes indivíduos sejam impulsivos em suas ações. Por interagirem socialmente e aprenderem um com o outro, o estado emocional de alunos e professores devem ser considerados e atitudes simples, como organizar o ambiente da sala de aula e planejar a aula, devem ser adotadas, pois contribuem para a criação de condições emocionais favoráveis à aprendizagem.

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Gráfico 9- Vertente gestão e salário - situações de estresse e ansiedade

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

No que diz a respeito à vertente gestão e salário no exercício da docência de como influenciam no estresse e a ansiedade dos docentes, 62,5% relatam a precariedade dos recursos para trabalho, 50% desvalorização profissional, 37,5% constam falta de apoio da gestão escolar e 12,5% em pouca autonomia para ministrar os conteúdos em sala e atraso no salário. As respostas estavam formadas em caixa de seleção, com a opção de outros, podendo ser acrescentada pelo próprio professor, como, excesso de carga horária de aulas e burocracia e falta de cooperação entre os setores da gestão, ambos respondidos por 12,5% dos participantes.

Gráfico 10- Vertente gestão da sala de aula - situações de estresse e ansiedade

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

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Em relação às quais situações dentro do âmbito escolar, relacionadas a gestão da sala de aula, podem influenciar no estresse e/ou ansiedade, 100% relataram o desinteresse dos estudantes, 62,5% violência/Bullying, 50% foi descrito em três alternativas, como, conversas dos estudantes durante o conteúdo, turma agitada e desrespeito dos estudantes.

Gráfico 11- Relação com os pais/responsáveis - situações de estresse e ansiedade

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

No Gráfico 11 são apresentadas algumas situações dentro do âmbito escolar, que deixam os docentes estressados e/ou ansiosos no que tange a sua relação com os pais ou responsáveis, em que 37,5% constataram o desrespeito dos pais/responsáveis, em seguida 25% reclamação dos pais/responsáveis e falta de acompanhamento dos pais/responsáveis na vida escolar do estudante e 12,5% Falta de participação nas reuniões agendadas e falta de diálogos com pais/responsáveis. As respostas estavam formadas em caixa de seleção, com a opção de outros, podendo ser acrescentada pelo próprio professor, como, não ter contato com os pais dos discentes e não ter percebido esse problema no Ensino Superior, ambos respondidos por 12,5% dos participantes.

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Gráfico 12- Planejamento pedagógico - situações de estresse e ansiedade

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Conforme o Gráfico 12, são apresentadas algumas situações dentro do âmbito escolar, que deixam os docentes estressados e/ou ansiosos relacionados ao planejamento escolar, em que 75% constataram a elaboração/correção de atividades avaliativas, em seguida 62,5%

participação em reuniões pedagógicas/planejamento, 37,5% elaboração/execução de projetos pedagógicos/interdisciplinares e 25% no cumprimento da grade curricular e o planejamento das atividades pedagógicas. As respostas estavam formadas em caixa de seleção, com a opção de outros, podendo ser acrescentada pelo próprio professor, como, a utilização do SUAP, seguido de 12,5%.

Na pesquisa tem-se o dado relevante de que todos os professores participantes desta pesquisa atuam há mais de dez anos na instituição de ensino e que as situações de estresse de forma geral, estão ligadas à situações pessoais e no ambiente de trabalho, às situações relacionada aos alunos, cobranças burocráticas, desvalorização salarial, o gerenciamento do tempo em relação ao cumprimento da ementa, etc. Tais fatores podem tornar a rotina do docente mais estressante com níveis de ansiedade variados.

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Gráfico 13- Prática de atividade física

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Em relação à prática de atividade física exercida pelos docentes, foi constatado que 37,5% realizam a prática muito frequentemente, 37,5% eventualmente e 25% frequentemente.

Em nenhuma resposta, foi constatado a ausência da prática de atividade física. Este gráfico será discutido junto ao Gráfico 14.

Gráfico 14- Prática de atividades físicas como redução da ansiedade e/ou estresse

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

A maioria dos entrevistados respondeu que concorda totalmente com a afirmativa de que a prática de atividades físicas pode reduzir a ansiedade e/ou estresse com total de 87,5%, seguidos de 12,5% que concordam parcialmente.

Todos os docentes realizam atividades físicas, mesmo que, eventualmente, e acreditam que a prática está interligada na redução do estresse e da ansiedade, na qual é liberado um hormônio da felicidade em maior quantidade, trazendo sensação de bem-estar. Este hormônio

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é conhecido como endorfina e de acordo com Pimenta (2018), sua produção ocorre de forma natural em resposta à dor.

Gráfico 15 -Prática de outras atividades para diminuição do estresse e da ansiedade.

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

No Gráfico 15 são apresentados alguns exemplos possíveis diferentes da prática de atividade física relatada no Gráfico 14, que também podem contribuir para a diminuição do estresse e da ansiedade, em que 50% constataram que não pratica outras atividades físicas, em seguida 37,5% utilizam a música e nenhum dos docentes realizaram práticas como, mindfulness e o uso de sons com frequências em hertz. As respostas estavam formadas em caixa de seleção, com a opção de outros, podendo ser acrescentada pelo próprio professor, como, contato com a natureza e Muay Thai, ambos seguidos de 12,5%. Este gráfico será discutido junto ao Gráfico 16.

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Gráfico 16 -Conhecimento acerca do estresse/ansiedade, sua relação com a neuroquímica e aprendizagem

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Ao serem questionados sobre o conhecimento acerca do estresse/ansiedade, da sua relação com a neuroquímica e com o processo de ensino-aprendizagem, 37,5% do entrevistados disseram possuir pouco conhecimento e outros 37,5% afirmaram possuir conhecimento regular, enquanto cerca de 25% dos entrevistados afirmaram possuir nenhum conhecimento sobre o assunto. Para compreender a si mesmo e o comportamento do educando, bem como promover o apoio necessário em determinadas situações, torna-se imprescindível que o docente tenha conhecimento sobre os neurotransmissores, visto que segundo Kolb e Whishaw (2003), as funções intelectuais, assim como ensinar e aprender, são produzidas pela atividade dos neurônios no nosso encéfalo.

Os resultados do Gráfico 16, constam que os docentes não possuem conhecimento sobre a neuroquímica e a sua relação com a aprendizagem, em que nenhum docente realiza a prática de mindfulness ou o uso de sons com frequência emhertz, demonstrados no Gráfico 15. A falta de conhecimento sobre as práticas podem inviabilizar uma aprendizagem eficaz, caso o professor não tenha conhecimento sobre a neuroquímica, o Sistema Nervoso e os neurotransmissores liberados na prática de atividade física ou com a ausência, dificilmente conseguirá entender a parte química do aluno e possibilitar que este construa o conhecimento de maneira satisfatória, em situações quando se obtém alunos agitados, por exemplo, após uma aula de educação física, desanimados após o recebimento de uma nota não satisfatória, inquietos após o intervalo e, principalmente, ansiosos antes da aplicação de uma prova. Ao adotar práticas meditativas, como, mindfulness ou um som em uma determinada frequência

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em hertz no início da aula, isso fará com que o sistema nervoso libere neurotransmissores como, a endorfina, dopamina, serotonina e inibindo os hormônios do estresse, como, adrenalina e cortisol, fazendo com que aluno entre em um equilíbrio profundo com si próprio, obtendo maior concentração, melhora no humor, foco e mantendo-se calmo para absorver o conteúdo.

Ao trabalhar com músicas em sala de aula, mindfulness e frequências em hertz, os professores possibilitam que, através de estímulos sensoriais, o educando se autorregule e se autogerencie auxiliando na redução do estresse/ansiedade.

Gráfico 17- Frequência de agitação/estresse dos alunos

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Quanto à percepção da agitação/estresse dos estudantes durante o ensino regular dos conteúdos, a maioria dos docentes (75%) relatou que eventualmente seus alunos têm esse comportamento e outros 25% dos entrevistados afirmaram presenciar com frequência a agitação/estresse dos estudantes. De acordo com Goleman (1997) a preocupação apresentada por indivíduos ansiosos é capaz de sabotar o desempenho acadêmico, independente do método de avaliação, pois a tensão apresentada interfere diretamente no raciocínio e memória do estudante, os quais são fundamentais para resolução de problemas. Por outro lado, o autor afirma que aqueles capazes de gerenciar suas emoções, são capazes de utilizar-se da antecipação proporcionada pela ansiedade para prepararem-se para as atividades acadêmicas.

Segundo Cosenza (2011) aprender depende, também, do estado de saúde em que o indivíduo se encontra. Praticar atividade física regularmente (corrida, dança, musculação, natação, lutas, etc), ter uma alimentação balanceada (incluindo proteínas, carboidratos, sais

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minerais e vitaminas), ter noites de sono tranquilo, ser otimista e manter a mente em funcionamento, sempre aprendendo novas coisas, são práticas que contribuem para a manutenção de um encéfalo saudável e terão impacto direto na aprendizagem.

Gráfico 18- Nível de estresse/ansiedade dos estudantes durante uma atividade avaliativa

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Quanto à mudança de comportamento dos discentes e à mudança nos níveis de estresse e ansiedade, durante a realização de atividades avaliativas, como observado no Gráfico 18, 87,5% dos docentes relataram perceber essa mudança com frequência em sala de aula.

Enquanto outros 12,5% afirmaram que essa mudança ocorre eventualmente com seus alunos.

Gráfico 19- Frequência de ansiedade/estresse no ensino presencial

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

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Quanto à modalidade de ensino adotada, de acordo com o Gráfico 19, a maioria dos docentes (62,5%) relatou que eventualmente os estudantes apresentam-se ansiosos/estressados na modalidade presencial. Outros 37,5% dos participantes afirmaram que os estudantes apresentam-se nessas condições com frequência.

Gráfico 20- Frequência de ansiedade/estresse no ensino remoto

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Ao serem perguntados sobre a percepção da ansiedade/estresse nos discentes durante o ensino remoto, conforme ilustrado no Gráfico 20, cerca de 37,5% dos docentes disseram ser muito frequente, 25% relataram ser frequente e outros 37,5% disseram que eventualmente os estudantes apresentam-se ansiosos/estressados.

Gráfico 21- Percepção do nível de ansiedade/estresse e a relação com a neuroquímica

Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Referências

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