• Nenhum resultado encontrado

Levantamento de dados sobre o perfil de intoxicação por medicamentos no estado de Goiás registrados pelo Ciatox entre 2017-2022

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "Levantamento de dados sobre o perfil de intoxicação por medicamentos no estado de Goiás registrados pelo Ciatox entre 2017-2022"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

1 Levantamento de dados sobre o perfil de

intoxicação por medicamentos no estado de Goiás registrados pelo Ciatox entre 2017-2022.

________________________________________________________________

Instituto Metropolitano de Educação e Cultura LTDA F.A.M.A. - Faculdade Metropolitana Anápolis

Curso: FARMÁCIA

Acadêmicos autores: Érica Costa Santana Gabriel Siqueira Orientador: Prof. Dr. Marcelo do Nascimento Gomes RESUMO: A intoxicação por medicamento compreende o fato de alguém ingerir algum fármaco que pode trazer algum risco a saúde. Este tipo de ocorrência tem sido cada vez mais comum nos espaços de saúde, levantando a atenção sobre a importância do tema. Nessa linha, este trabalho teve como objetivo estudar os dados de ocorrências de intoxicação por medicamentos no estado de Goiás entre os anos de 2017 e 2021 através. A metodologia utilizada consiste em uma análise dos dados disponíveis em um repositório governamental online, possibilitando uma análise gráfica e tabular das informações sobre gênero, idade, desfecho e causas da intoxicação. Como resultados observou-se um aumento no número de notificações entre 2017 e 2021. A extensa maioria dos casos diz respeito à tentativas de suicídio realizadas por mulheres. O segundo maior número de ocorrências diz respeito à intoxicação por medicamento de forma acidental. Nesse tipo de ocorrências, as crianças representam praticamente toda população intoxicada de forma acidental. A grande maioria com idade entre 1 e 4 anos. Em relação às manifestações, em sua maioria são leves, contudo, no período analisado foram relatados 177 obtidos ocorridos a partir da intoxicação por fármacos, trazendo um destaque para a necessidade de se olhar para o tema com mais cuidado e atenção.

Palavras-chave: Intoxicação, medicamento, ocorrências.

1. Introdução

Um tóxico é qualquer substância sólida, líquida ou gasosa que em determinada concentração pode prejudicar os seres vivos. Os tóxicos podem ser muito variados. É os encontramos em plantas, animais, cobras, peixes, insetos, micróbios, em gases naturais e artificiais, em substâncias químicas e até mesmo em medicamentos que, de acordo com a dose, podem atuar de forma tóxica. (MORAES et al., 2021).

A intoxicação medicamentosa dependerá principalmente da pessoa, seja ela criança ou adulto, da quantidade de medicamento ingerido -intoxicação leve, moderada ou grave- e do tempo decorrido desde então. Há sintomas que aparecem imediatamente e outros, depois de um tempo (DUARTE et al., 2021)

(2)

2 A intoxicação por medicamentos, seja acidental ou intencional, é frequente e de gravidade variável. Em todas as casas existem medicamentos, suas cores e formas são atraentes, especialmente para as crianças, é por isso que o envenenamento com medicamentos é um acidente doméstico recorrente (SERENO; SILVA; SILVA, 2020).

A manifestação dos sintomas será variável e pode-se suspeitar que uma pessoa que não está se sentindo bem pode ter ingerido medicamentos de forma inadequada e como consequência ter intoxicação se algum dos seguintes sintomas aparecer: Tonturas, náuseas e vômitos; dor de cabeça; palpitações, dor no peito, síncope ou frequência cardíaca elevada;

sonolência ou hiperatividade; respiração alterada, sensação de asfixia; mudanças na visão, mudanças nas pupilas e diarréia, dor abdominal (DUARTE et al., 2021)

Para evitar o sofrimento de envenenamento com medicação, a recomendação principal é manter em lugares inacessíveis às crianças medicamentos, porque estas substâncias são potencialmente muito perigosas tanto as crianças, quanto para que as consomem. Além do risco da ingestão infantil, destaca-se o risco do uso incorreto das medicações por partes dos adultos, de modo que estes passam a apresentar quando de intoxicação por medicamentos (NÓBREGA et al., 2015).

Muitas vezes, descobrir a intoxicação por medicamento não acontece imediatamente, pois os sintomas podem levar tempo para se manifestar, dependendo da medicação e da quantidade que foi ingerida. É por isso que se deve perceber os sintomas o quanto antes, de modo que se possa prestar o devido socorro, uma vez que muitas das drogas possuem efeitos severos, como os antidepressivos. Entre os medicamentos mais comuns tem-se os benzodiazepínicos geralmente não causam intoxicação grave (SILVA et al., 2021).

Desde o ano de 2010, houve uma evolução significativa no manejo clínico do paciente intoxicado. As intervenções que no início foram a pedra angular do tratamento estão sendo intensamente avaliadas. O advento da medicina baseada em evidências fortaleceu a ciência clínica para a reavaliação de terapias consideradas padrão. A descontaminação gastrintestinal com esvaziamento gástrico com qualquer um dos métodos (vômito induzido ou lavagem gástrica) foi o tratamento inicial da maioria dos pacientes. A literatura publicada mostra que nenhum desses dois procedimentos altera a evolução clínica do paciente intoxicado e a maioria dos centros de saúde, tais como hospitais, abandonou seu uso (MENDES; PEREIRA, 2017).

O objetivo deste trabalho consiste em analisar os dados do Ciatox-Go, que apresentam dados referentes à intoxicação medicamentosa no contexto do estado de Goiás, entre os anos de 2017 a 2022.

(3)

3 3. Material e métodos

Este trabalho compreende um estudo explorativo, descritivo e qualitativo, realizado a partir do levantamento de dados do Ciatox-Go por intoxicação medicamentosa. Os dados foram importados diretamente do sítio (https://indicadores.saude.go.gov.br/public/scorpion.htm).

Foram levantados dados publicados em um período de cinco anos (2017 a 2022). Sendo 2022 os dados até o mês de disponibilidade de informações que corresponde a junho de 2022.

Os dados coletados levaram em consideração a incidência de notificações por intoxicação por medicamentos, as circunstâncias de intoxicação por medicamentos, a faixa etária mais prevalente da intoxicação por medicamentos, o desfecho das intoxicações por medicamento notificadas.

Foram excluídos os casos de tentativa de suicídio com uso de medicamentos, já que o dado sobre óbito, já foi incluído na informação sobre o desfecho de intoxicações por medicamentos.

4. Resultados e discussão

A partir dos resultados obtidos a partir dos dados estudados, apresenta-se primeiramente a evolução dos casos de intoxicação por medicamentos que foram notificados entre os anos de 2017 e 2021 no estado de Goiás, possibilitado observar se houve um aumento ou redução nesses números. Essas informações podem ser observadas no Figura 1.

Figura 1 - Representação do número de casos notificados de intoxicações por medicamentos entre 2017 a 2022.

Fonte: Ciatox, 2022.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2017 2018 2019 2020 2021 2022

(4)

4 A partir da Figura 1, extraída diretamente do portal Scorpion, nota-se que 2019 e 2021 foram os anos em que mais notificou sobre intoxicação por medicamentos. Em ambos os anos, o mês em que se teve um maior pico de notificações foi em setembro.

Setembro, como aponta Oliveira et al., (2020), é o mês conhecido com mês amarelo, que trata justamente de questões como o suicídio. No ano de 2020, em que o Brasil decretou o estado de pandemia e lockdown, foram notificados 600 casos em janeiro e esse número caiu ao longo do ano, chegando ao seu menor número em julho, com 273 casos notificados. Em 2017 e 2018 apresentam os menores índices de forma geral, supondo-se que, a partir do período pandêmico, houve um aumento no uso de medicamentos, como destaca Melo et al., (2021) e, consequentemente, dos números de notificações.

Outro aspecto importante sobre a intoxicação por medicamentos é compreender quais são as circunstâncias que levam a estes eventos. Nessa linha, Silva e Álvares (2019) e Rangel e Francelino (2018) destacam que a intoxicação pode-se dar por diversas razões, como fazer uso em doses erradas, usar medicamentos com data de validade vencida, medicamentos afetados por condições de armazenamento inadequadas, entre outras. Em relação â análise realizada nesse estudo, na Tabela 1 são descritas as circunstâncias que estão correlacionadas com a intoxicação por medicamentos no estado de Goiás.

Tabela 1 - Representação dos dados sobre as circunstâncias de intoxicação por medicamentos entre os anos de 2017 a 2022 no estado de Goiás.

Circunstância da intoxicação por medicamento 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Outra - - 12 14 -

Reação adversa: medicamento 7 15 25 29 36 -

Erro de medicação - via 9 - - - - -

Erro de medicação - troca de embalagem 11 10 20 3

Erro de medicação - dose 50 40 47 46 48 3

Ocupacional - - - 11 - -

Abuso 22 17 26 12 31 3

Violência/maus tratos/homicidio - - - 12 - 5

Tentativa de abortamento - 26 - - 14 -

Uso terapêutico 93 92 91 56 25 5

Erro de medciação - outra 26 23 37 8 21 5

Uso indevido 16 11 22 - 25 6

Automedicação - indicação d epessoa não autorizada 12 - - 10 - 6

Não preenchido - 18 34 18 30 9

Automedicação - iniciativa do próprio paciente e/ou cuidador 145 131 179 59 69 3

Acidental 819 788 865 800 942 179

Tentativa de suícidio 2738 3297 5215 3774 4315 578

Total de registros 3948 4468 6573 4835 5570 805

Fonte: Adaptado de Ciatox, 2022.

(5)

5 É possível notar que são várias circunstâncias que pode levar a intoxicação por medicação. Alguns dessas circunstâncias aparecem em anos específicos, como é o caso da tentativa de abortamento que tem casos registados em 2018 (26 casos) e em 2021 (14 casos) e também da variável Ocupacional, que aparece apenas em um ano, sendo 2020. De forma geral, os maiores indicies de intoxicação por medicamentos são: tentativa de suicídio, acidental e automedicação pelo próprio paciente ou cuidados.

É possível notar alguns pontos de atenção mais importantes através da Tabela 1. A quantidade de pessoas que tentaram suicídio através do uso de medicamentos é crescente. Em 2017 esse número era de 2738 e em 2020 é 4315, sendo 36,5% a mais. Contudo, no ano de 2019 há um pico nesse índice, com um total de 5215 pessoas que tentaram tirar sua vida usando medicamentos.

Essa informação tem relevâncias extrema uma vez que é o farmacêutico o responsável pela dispensação dos medicamentos, seja na farmácia hospitalar ou popular, logo, este profissional pode atuar na identificação de sintomas e assim acolher o paciente e tentar uma outra abordagem quando possível, dentro de sua possibilidade enquanto farmacêutico.

Um número expressivo, mas menor que a tentativa de suicídio, é a intoxicação por acidente. Essa ocorrência se mantém, de certa forma, estável ao longo do tempo, apontando que as pessoas ainda têm dificuldade em usar os medicamentos de forma correta o que negligenciam algum cuidado especifico.

A outra causa que leva à maiores índices de intoxicação por fármacos é a automedicação, seja pela própria pessoa ou pelo cuidado de terceiros. Apesar de apresentarem números menores, a automedicação é extensivamente utilizada pela população de firam geral.

Sell et al., (2019) falam ainda que a automedicação casa inúmeros problemas que não são notificados ou que não são associados à esta ação, como por exemplo, a interação medicamentosa entre dois medicamentos, um indicado pelo médico, e outro usado por conta própria. Essa situação pode trazer uma condição de maior risco para a saúde do paciente, demandando que, mesmo com menores taxas de notificação, se dê atenção a isso.

As outras condições que levam as pessoas ao quadro de intoxicação medicamento descritos na Tabela 2 não são menos importantes que as mais discutidas, mas são condições especificais e com números de relatos expressivamente menor, mas é essencial que se identifique onde cada notificação é mais frequente a fim de se desenvolver metodologias para bordar essa parcela da população.

Uma vez que se compreendeu as causas que levam as pessoas ao quadro de intoxicação, também é importante compreender o perfil de idade desses sujeitos ao longo do tempo. A base

(6)

6 de dados fez levantamento apenas da idade daqueles pacientes que tiveram intoxicação acidental, sendo o perfil desses pacientes apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 – Representação da faixa etária para os casos de intoxicação por medicamentos notificados 2017-2022.

Faixa etária de intoxicação acidental 2017 2018 2019 2020 2021 2022

1-4 604 591 648 593 673 108

5-9 139 103 111 112 155 57

10-14 23 23 23 13 18

15-19 5 8 13 6 4

20-29 12 7 9 7 14 1

30-39 3 11 6 14 17 1

40-49 5 11 12 11 9 5

50-59 1 2 11 5

60-69 7 1 5 3 6 2

70-79 6 3 2

80 anos ou mais 3 1 3 3

Não informado 17 26 30 30 34 5

Fonte: Adaptado de Ciatox, 2022.

O primeiro ponto a ser observado na Tabela 2 que é a maioria das pessoas são crianças.

A extensa maioria com idade um e quatro anos, seguido de crianças com idade entre cinco e nove anos. Nessa mesma linha, o outro grupo de apresenta maior notificação são os adolescentes com idade entre 10 e 15 anos. Logo, de uma forma geral, nota-se que as crianças são as mais afetadas pelo uso de medicamentos, independente de qual seja a circunstância envolvida em sua ingestão.

Moraes et al., (2021) apontam que algumas das drogas que mais frequentemente causam ingestões fatais são hipoglicemiantes orais, betabloqueadores, antagonistas de entrada de cálcio, agonistas alfa-2 adrenérgicos, antidepressivos tricíclicos e opioides.

Bebês e crianças pequenas apresentam um desafio especial na prevenção de envenenamento devido ao rápido crescimento e tendências exploratórias orais, pois colocam tudo na boca. O risco é refletido em duas frases comumente reconhecidas: "O veneno está na dose" para o potencial impacto letal de uma dose terapêutica de um adulto em uma criança pequena.

É possível notar também que conforme a idade aumenta, os números vão reduzindo, indicando que os problemas com os medicamentos se dão em pessoas mais jovens. É importante apontar que os dados não mostram quais foram os medicamentos envolvidos, logo, não é possível apontar uma associação entre o tipo fármaco ingerido e a faixa etária, contudo, é

(7)

7 necessário que se tenha maior atenção com as crianças, uma vez que Moraes et al., (2021) sugere que são as mais propensas a ingerir medicamentos de forma acidental.

Outro ponto, agora em relação à adolescentes e adultos que sob a pressão diária da vida acadêmica, profissional, família, relacionamentos, entre outros fatores, estes estão mais propensos ao uso de fármacos para relaxar, para dormir melhor, ou para tratar de sintomas de doenças psicológicas, como depressão e ansiedade, fazendo com que haja um grande número de usuários destes tipos de medicamentos, que também representam riscos na intoxicação, uma vez que podem causar dependência, como aponta Freitas, Sebben e Arbo (2022).

Uma vez analisados as varáveis que levam a intoxicação medicamentosa em diferentes tipos de pessoas, desde crianças à adultos, a base de dados Scorpion traz informações sobre o desfecho dos casos. Desfechos representam a condição do paciente após constatada a intoxicação.

Na Tabela 3 é possível verificar os desfechos descritos na plataforma estudada, bem como relacionar números de pacientes com manifestações mais leves, ou ainda, com desfechos mais graves, como a ocorrência do óbito. Destaca-se ainda que na Tabela 3 são apresentados os seis mais relatados, que vão desde sintomas leves até óbito.

Tabela 3 – Representação para o desfecho de intoxicação por medicamento 2017-2022.

Desfecho de intoxicações por medicamentos 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Manifestações clinicas leves 2895 3162 4721 3289 3734 361

Manifestações clínicas moderadas 475 570 932 765 780 50

Sem manifestações clínicas 390 448 483 551 698 9

Manifestações clínicas graves 94 137 229 107 153 14

Ignorado 74 96 162 77 115 170

Óbito 31 66 58 36 105 3

Não preenchido - - - - - 206

Fonte: Adaptado de Ciatox, 2022.

Em linhas gerais, o desfecho mais relatado são manifestações clínicas leves, tendo quase 5.000 pessoas com esse desfecho, o que pode indicar ingestão de fármacos menos agressivos ao corpo (mesmo sem ser descrito quais são os medicamentos) ou ainda, uma quantidade menos agressiva desse medicamento. O segundo desfecho relatado são as manifestações clínicas moderadas. Em 2019 esse tipo de desfecho teve seu maior pico com aproximadamente mil pacientes nessas condições.

Na sequência, tem-se um tipo de desfecho que aponta que não há manifestações clínicas, o que mostra que mesmo notificando a intoxicação e essa sendo registrada através de algum

(8)

8 órgão de coleta, como unidades básicas de saúde (UBS) ou unidades de pronto atendimento (UPA), não houve sintomas ou maiores danos à condição de saúde do paciente.

Em seguida tem-se um desfecho considerado ignorado e óbito. O óbito é um dado importante, visto que ele foi crescente ao longo dos anos e indica condições de intoxicação por medicamentos graves. Em 2017 esse número era de 31 pessoas, enquanto em 2021 foi de 105 pessoas. Essa variação indica um aumento de 70% nos casos de óbitos por intoxicação por fármacos apenas no estado de Goiás.

Considerando o grande número de tentativas de suicídio registrado pela plataforma Scorpion no estado de Goiás, a organização levantou a faixa etária desses pacientes, se forma a óbito ou não e seu respectivo sexo. A tabela 4 traz a relação de dados associando sexo, tentativa de suicídio e óbito a partir da tentativa de suicídio.

Tabela 4 – Informações referentes às pessoas que tentaram suicídio através do uso de medicamentos entre 2017-2021 no estado de Goiás.

Dados para suicídio

2017 2018 2019 2020 2021

Tentativa Óbito Tentativa Óbito Tentativa Óbito Tentativa Óbito Tentativa Óbito

F 2147 11 2630 36 4215 37 3087 19 3416 25

M 591 17 667 17 0 4 687 1 0 10

Fonte: Adaptado de Ciatox, 2022.

O primeiro ponto a ser notado é a grande parte da parcela dos pacientes são do sexo feminino. Esse fator é ainda expressivo em anos 2019 e 2021 onde há apenas o sexo feminino nas tentativas de suicídio, enquanto o sexo masculino aprece como óbito, também em números inferiores.

Com o aumento dos índices de intoxicação, houve também o aumento nos números de óbitos causados por intoxicação medicamentosa. Em 2017 foram registrados 28 óbitos, apenas um ano depois, em 2018 esse número saltou para 53. Um aumento de quase 100% no número de mortes. Esse crescente se mantém nos anos seguintes com exceção de 2020 onde foram registrados 20 óbitos, sendo 19 mulheres.

Nesse contexto, Gerheim, Ferreira, Santos (2022) relatam que a overdose de drogas psicotrópicas é um método frequente e comum usado em suicídios tanto para causar a morte diretamente quanto para facilitar o uso da pessoa de outros meios mais letais, como pular de um penhasco, afogar-se ou enforcar-se.

Costa et al., (2021) destacam que a intoxicação medicamentosa em tentativas de suicídio é o método mais utilizado tanto em homens quanto em mulheres. O acesso aos medicamentos

(9)

9 pela atenção primária ou de venda livre é, sem dúvida, um fator importante que pode ajudar a explicar a preferência por esse método. As drogas mais utilizadas para este fim são os hipnóticos e os tranquilizantes, embora os analgésicos também desempenhem um papel importante.

Em alguns países, os tamanhos dos recipientes foram limitados para não poder ter dose suficiente em um único recipiente para ser letal. Como farmacêutico, você pode ajudar a prevenir o uso indevido de medicamentos sendo vigilante e perguntando ao paciente se ele solicita uma grande quantidade de medicamento. Especialmente, deve-se ter cuidado nos casos em que um paciente recebe medicamentos com alta letalidade em baixas doses (por exemplo, tricíclicos ou lítio).

Por fim, do ponto de vista farmacêutico, conhecer os mecanismos de ação, metabolismo, toxicidade e interações dos medicamentos permite compreender a fisiopatologia da intoxicação por essas substâncias. A avaliação clínica detalhada também facilita a detecção dos sintomas e sinais que compõem o tipo de toxídrome, reconhecê-lo ajudará a suspeitar qual classe de medicamento está causando e a gravidade da intoxicação, tratá-la precocemente ou determinar quem deve ser observado ou encaminhado centros de alta complexidade.

Um esquema básico de manejo inicial para todos os tipos de intoxicação medicamentosa é a principal forma de evitar complicações graves. Isso deve ser conhecido e aplicado pela equipe de saúde que realiza o primeiro atendimento. Além disso, é preciso decidir quais pacientes necessitarão de internação, em quem será necessário aplicar medidas específicas antes do encaminhamento e em que condições a transferência será realizada.

Logo, o papel do farmacêutico é de grande importância no atendimento às vítimas. Mas antes disso, sua influência e formação podem contribuir na promoção da disseminação de informações sobre o risco da automedicação ou ainda direcionar pessoa que precisam de suporte psicológico para centros de apoio com o principal objetivo de reduzir os números de suicídios, por exemplo.

5. Considerações finais

A intoxicação por medicamentos tem sido um desafio ao longo do tempo. A cada ano as pessoas passam a usar diversos tipos de fármacos para diversas finalidades. Os fatores que levam a esse número crescente de pessoas com quadro de intoxicação também são diversos, onde suicídio e ingestão acidental, por exemplo, são situações comumente relatadas associadas à ingestão de fármacos que causam algum tipo de efeito negativo ao corpo.

No que diz respeito a esse estudo, os mesmos fatores citados anteriormente se comprovaram para os dados do Estado de Goiás coletados entre 2017 e 2021. A extensa maioria

(10)

10 dos casos diz respeito à suicídio e em seguida à ingestão acidental de medicamentos. Outro ponto de atenção é que as mulheres representam a grande maioria desses pacientes que dão entrada nos serviços de saúde.

A extensa maioria dos casos também resultam em manifestações clínicas leves, como indica a fonte dos dados. Contudo, entre 2017 e 2021 foram relatados 177 óbitos decorrentes de intoxicação por medicamento apenas no estado de Goiás. Outra característica importante é o número de casos notificados caiu em 2021, chamando a atenção para o levantamento correto dos dados por parte dos órgãos de saúde para que se possa compreender o real cenário do estado.

Por fim, considerando que a maior parte dos casos vem de suicídio, o farmacêutico pode desempenhar um papel importante na abordagem à população, levando informações, esclarecendo dúvidas, prestando suporte emocional dentro de suas possibilidades e orientando a população a buscar ajuda psicológicas, entre outros fatores que visem diminuir esses índices tanto no estado quanto à nível nacional.

6. Referências bibliográficas

COSTA, Aline De Oliveira; ALONZO, Herling Gregorio Aguilar. Casos de exposições e Intoxicações por medicamentos registrados em um Centro de Controle de intoxicações do interior do Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde/Brazilian Journal of Health Research, v. 17, n. 2, p. 52-60, 2015.

COSTA, Rayssa Hellen Ferreira et al. Tentativas de suicídio associadas ao uso de medicamentos. Revista de Casos e Consultoria, v. 12, n. 1, p. e23942-e23942, 2021.

DUARTE, Fernanda Gross et al. Óbitos e internações decorrentes de intoxicações por medicamentos com prescrição e isentos de prescrição, no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 55, 2021.

FREITAS, Pedro Henrique Olmedo; SEBBEN, Viviane Cristina; ARBO, Marcelo Dutra.

Intoxicações agudas por medicamentos e drogas de abuso no estado do Rio Grande do Sul entre os anos de 2016 a 2020. VITTALLE-Revista de Ciências da Saúde, v. 34, n. 1, p. 51- 60, 2022.

GERHEIM, Pamela Souza Almeida Silva; FERREIRA, Maira Leon; SANTOS

GRINCENKOV, Fabiane Rossi. O suicídio no Brasil: uma análise das intoxicações por medicamentos nos últimos 10 anos. HU Revista, v. 48, p. 1-7, 2022.

MELO, José Romério Rabelo et al. Automedicação e uso indiscriminado de medicamentos durante a pandemia da COVID-19. Cadernos de Saúde Pública, v. 37, 2021.

(11)

11 MENDES, Lucas Alves; PEREIRA, Boscolli Barbosa. Intoxicações por medicamentos no Brasil registradas pelo SINITOX entre 2007 e 2011. Journal of Health & Biological Sciences, v. 5, n. 2, p. 165-170, 2017.

MONTE, Bruno Soares et al. Estudo Epidemiológico das intoxicações por medicamentos registradas pelo Centro de Informação Toxicológica do Piauí-CITOX. Revista

interdisciplinar, v. 9, n. 3, p. 96-104, 2016.

MORAES, Danilo Queiroz et al. Intoxicação por medicamentos em crianças no ambiente doméstico: Revisão sistemática. Brazilian Applied Science Review, v. 5, n. 3, p. 1404-1418, 2021.

MORAES, Danilo Queiroz et al. Intoxicação por medicamentos em crianças no ambiente doméstico: Revisão sistemática. Brazilian Applied Science Review, v. 5, n. 3, p. 1404-1418, 2021.

NÓBREGA, Hayanne Oliveira Da Silva et al. Intoxicações por medicamentos: uma revisão sistemática com abordagem nas síndromes tóxicas. REVISTA SAÚDE & CIÊNCIA, v. 4, n.

2, p. 109-119, 2015.

OLIVEIRA, Milena Edite Casé et al. Série temporal do suicídio no Brasil: o que mudou após o Setembro Amarelo?. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 48, p. e3191-e3191, 2020.

RANGEL, Nayara Landim; FRANCELINO, Eudiana Vale. Caracterização do Perfil das Intoxicações Medicamentosas no Brasil, durante 2013 a 2016. ID on line. Revista de psicologia, v. 12, n. 42, p. 121-135, 2018.

SELL, Vanize Priebe et al. Indicativos dos índices de prevalência em tentativas de suicídio por intoxicação de medicamentos. Uma questão de saúde pública. In: Congresso

Internacional em Saúde. 2019.

SERENO, Victória Maria Bezerra; SILVA, Aline Santos; SILVA, Gabriela Cavalcante. Perfil epidemiológico das intoxicações por medicamentos no Brasil entre os anos de 2013 a

2017. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 6, p. 33892-33903, 2020.

SILVA, Elany Rodrigues; ÁLVARES, Alice da Cunha Morales. Intoxicação medicamentosa relacionada à tentativa de autoextermínio. Revista de Iniciação Científica e Extensão, v. 2, n. 2, p. 102-108, 2019.

SILVA, Victória Toledo et al. Intoxicação por medicamentos: uma revisão de literatura com abordagem no tratamento. Revista Eletrônica Acervo Científico, v. 23, p. e6781-e6781, 2021.

WITTER, Álvaro . Intoxicação medicamentosa em crianças: uma revisão de literatura.

Revinter, v. 9, n. 3, 2016.

Referências

Documentos relacionados

A tem á tica dos jornais mudou com o progresso social e é cada vez maior a variação de assuntos con- sumidos pelo homem, o que conduz também à especialização dos jor- nais,

2 - OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é avaliar o tratamento biológico anaeróbio de substrato sintético contendo feno!, sob condições mesofilicas, em um Reator

O objetivo desse trabalho ´e a construc¸ ˜ao de um dispositivo embarcado que pode ser acoplado entre a fonte de alimentac¸ ˜ao e a carga de teste (monof ´asica) capaz de calcular

Com o presente projeto de investimento denominado "Nexxpro Speed (Qualificação) - Reforço do Posicionamento Competitivo Internacional", a empresa pretende

Para tanto, é necessário que a Atenção Básica tenha alta resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas

Os instrutores tiveram oportunidade de interagir com os vídeos, e a apreciação que recolhemos foi sobretudo sobre a percepção da utilidade que estes atribuem aos vídeos, bem como

Em que pese ausência de perícia médica judicial, cabe frisar que o julgador não está adstrito apenas à prova técnica para formar a sua convicção, podendo

dois gestores, pelo fato deles serem os mais indicados para avaliarem administrativamente a articulação entre o ensino médio e a educação profissional, bem como a estruturação